“A experiência é muito importante, mas a experiência
de cada um só se transforma em conhecimento através da análise sistemática das práticas. Uma análise que é a análise individual, mas que é também coletiva, ou seja, feita com os colegas, nas escolas e em situações de formação”. Antônio Novoa
“A análise das práticas é uma forma de investigação,
sem vítimas e sem suspeitos, que se esforça, como toda investigação para estabelecer os fatos, explorando e confrontando diversas interpretações.” Philippe Perrenoud “As mudanças educativas, entendidas como uma transformação ao nível das ideias e das práticas, não são repentinas nem lineares. A prática educativa não começa do zero: quem quiser modificá-la tem de apanhar o processo „em andamento‟. A inovação não é mais do que uma correção de trajetória”. J. Gimeno Sacristán. Discentes: O trabalho do professor precisa ser construído como um processo que articula, de forma indissociável, o pensar e o fazer. Para isso, as Práticas de Ensino se anunciam como lócus privilegiado para o profissional em educação conceber seu trabalho de forma historicamente contextualizada, buscando, sempre, processos qualitativos de aprendizagem. Sob essa premissa, trataremos aqui propostos devem atender às necessidades colocadas pela dinâmica do currículo do Curso e às da Instituição onde serão desenvolvidos, favorecendo o conhecimento e a integração do aluno com a realidade social, educacional e profissional da área da Prática de Ensino As Práticas de ensino têm como foco formativo o trabalho pedagógico que se realiza em instituições escolares e não escolares, ou seja, nos diversos espaços onde se exerçam práticas educativas. Nessa perspectiva, concebe-se um conjunto de atividades de natureza prático-teórica, que visa a propiciar ao aluno a formação de uma imagem, a partir das múltiplas realidades educacionais encontradas, que lhe sirva como referência para o desenvolvimento de sua prática profissional. Tal formação implica o estudo, a problematização, a reflexão e a proposição de caminhos para o processo de ensino. Busca-se, dessa forma, o desenvolvimento de competências para atuação no ensino, na organização e gestão de sistemas, unidades e projetos educacionais e na produção e difusão do conhecimento, em diversas áreas da educação, tendo à docência como base obrigatória de sua formação e identidade profissional. Ao formular uma proposta para as Práticas de ensino, considera-se um conjunto de competências e habilidades que devem compor o processo formativo do professor. Ressalta-se a importância do conhecimento e análise dos espaços institucionais e não institucionais onde ocorre o ensino e a aprendizagem, assim como das comunidades e culturas em que se inserem. Implica, ainda, a leitura das teorias e práticas pedagógicas presentes nestes espaços educacionais, bem como envolve o conhecimento, a utilização e a avaliação de objetivos, conteúdos, técnicas, métodos e procedimentos pedagógicos referentes ao processo de ensinar e aprender em situações distintas. Na formação de professores, segundo o modelo reflexivo, a Prática de Ensino assume papel de destaque, representando um espaço privilegiado não apenas de aprendizagem, mas de construção do pensamento prático do professor, pois o aluno-mestre tem a oportunidade de observar, analisar, atuar e refletir sobre a realidade com a qual interage. A Prática de Ensino é o eixo central do currículo da formação de professores, ao contrário do modelo da racionalidade técnica que situa a prática no final do currículo. Na perspectiva reflexiva e artística, a prática é o núcleo e a sua volta gira todo o currículo. Ela é mais do que um contexto de aplicação, representa um processo de investigação na ação, onde a complexidade do real direciona a compreensão, o questionamento, a experiência alternativa e a reconstrução da realidade escolar. As Práticas de Ensino têm como objetivos: Conhecimento e análise dos espaços institucionais e não institucionais onde ocorre o ensino e a aprendizagem; Leitura das teorias e práticas pedagógicas presentes nos espaços educacionais; Conhecimento, utilização e avaliação dos objetivos, conteúdos, técnicas, métodos e procedimentos pedagógicos referentes ao processo de ensino/aprendizagem em situações diversas; Tematização da prática pedagógica, a partir dos recursos teóricos e experiências, de forma a contemplar a complexidade e a singularidade da natureza da atuação do professor, favorecendo o desenvolvimento de um estilo pedagógico próprio, mediante a reflexão sobre vivências pessoais, sobre a implicação com o próprio trabalho, sobre as diferentes formas de sentir, sobre as relações estabelecidas na prática educativa; Prática de observação e análise com vistas à compreensão e atuação em situações contextualizadas; Construção de conhecimentos experiências contextualizados e de instrumentos para a intervenção pedagógica Desenvolvimento de parcerias com instituições não governamentais e governamentais em projetos integrados de estágio na formação inicial e na formação continuada; Integração e conhecimento do aluno com a realidade social, econômica e do trabalho de sua área/curso – interlocução com os referenciais teóricos do currículo / aproximação entre as ações propostas pelas disciplinas / áreas / atividades; Iniciação à pesquisa e ao ensino, articulando teoria e prática, na perspectiva de vincular a formação profissional à prática investigativa;
Iniciação profissional através da observação,
participação em projetos e regência como um saber-fazer orientado pelas teorias práticas pedagógicas;
Contribuição para o movimento ação-reflexão-
ação, na medida em que oferece elementos para serem discutidos nas disciplinas do currículo. CONTEXTUALIZAÇÃO DA PRÁTICA DE ENSINO
De modo geral, este conjunto de atividades visa
levá-lo a se perceber como indivíduo inserido em uma sociedade que compreende, entre outros aspectos, uma educação, que se configura como seu futuro ambiente de trabalho. Esta educação envolve vários elementos que serão aqui trabalhados. Você deverá percorrer uma trajetória durante o curso que possibilite a compreensão do papel que deverá exercer futuramente como professor, ajudando a formar ou transformar esta sociedade. Vejamos, então, como estas atividades se relacionam..... O conjunto de atividades de prática de ensino visa levá-lo a se perceber como indivíduo inserido em uma sociedade que compreende, entre outros aspectos, uma educação 1.1 Prática de Ensino: Introdução à Docência
Neste momento, quando, de modo ideal, inicia-se a
reflexão sobre a prática de ensino, pretende-se direcionar a sua atenção para perceber a educação (formal e informal) que acontece diariamente ao seu redor e, principalmente, para refletir sobre aspectos inerentes a ela que são de suma importância tanto para sua vida profissional, quanto para a prática da cidadania. Para isso, utiliza-se de textos de conhecimento popular e de autores renomados, e instiga-se o seu pensamento reflexivo. 1.2 Prática de Ensino: Observação e Projeto
A seguir, você deverá observar diferentes ambientes
educativos (escolares ou não) existentes em locais que fazem parte do seu cotidiano e, a partir disso, fazer uma relação pedagógica entre um dos ambientes não escolares e a sua área de atuação, culminando com a elaboração de um pequeno projeto que vise possibilitar sua utilização e integração pedagógica. Esta atividade leva você a observar diferentes ambientes educativos e relacionar um deles com a sua formação, possibilitando uma integração pedagógica 1.3 Prática de Ensino: Integração Escola – Comunidade Uma vez identificada a escola, você deverá dar início a uma caracterização, tanto dela quanto da comunidade por ela servida, visando identificar necessidades e expectativas da comunidade que possam ser supridas, no todo ou em parte, com a sua participação na unidade escolar ali localizada. Com base nos dados de caracterização, você deverá propor um projeto de integração entre escola e comunidade, no sentido de dar maior visibilidade para a escola, na comunidade onde se insere. 1.4 Prática de Ensino: Vivência no Ambiente Educativo
Durante o curso desta atividade, apoiado pelas
experiências vivenciadas nas práticas anteriores, você estará apto a dar início ao seu estágio curricular supervisionado obrigatório, a ser realizado em escola de educação básica, em conformidade com a legislação em vigor. Trata-se de um momento de orientação para a necessária articulação entre a teoria e a prática propriamente dita, no qual você passará a vivenciar o ambiente escolar, ou seja, seu futuro ambiente de trabalho. Prática de Ensino: Trajetória da Práxis
Prosseguindo o desenvolvimento das atividades,
você deverá completar a carga horária de estágio, iniciada no semestre anterior. Além disto, estão previstas atividades que enriqueçam sua formação e contribuam com a sua qualificação para o exercício da docência Prática de Ensino: Reflexões
Finalmente, você deverá redigir um relatório-síntese
do estágio, que incorporará todas as atividades vivenciadas no transcorrer da dimensão prática do curso. Você terá, também, a oportunidade de realizar uma atividade de microensino muito interessante: uma avaliação crítica de aula que lhe permitirá avaliar uma aula do ponto de vista do aluno e, deste modo, aprimorar a qualidade das suas aulas futuramente. ASPECTOS LEGAIS
A Prática de Ensino: Introdução à Docência, bem
como as demais atividades da dimensão prática do curso, apoiam-se em documentos normativos e legais, bem como em conceitos neles estabelecidos. Base Legal Os principais diplomas legais que dão base à prática de ensino são os seguintes: • Constituição da República Federativa do Brasil; • Lei Federal 9394/96: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; • Lei nº 11.788/08: Lei dos Estágios; • Resolução CNE/CP 001/02: Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena; • Resolução CNE/CP 002/02: Institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da Educação Básica em nível superior ASPECTOS CONCEITUAIS 3.1 Conceitos Importantes 3.1.1 Licenciatura
Trata-se de uma licença, autorização, permissão ou
concessão dada por uma autoridade pública competente para o exercício de uma atividade profissional, em conformidade com a legislação. É um título acadêmico, obtido em curso superior, que faculta ao seu portador o exercício do magistério na educação básica dos sistemas de ensino. A licenciatura visa a formar cidadãos preocupados em se qualificar para intervir de forma significativa na formação de outros cidadãos. Seu diferencial em relação aos outros cursos de graduação reside na duplicidade da formação pessoal e profissional do graduando e na simultânea instrumentalização deste para a formação de seus futuros alunos. Docência 3.1.2 Prática de Ensino Momento pelo qual se busca fazer algo, produzir algo, e que a teoria procura conceituar, significar e com isto administrar o campo e o sentido desta atuação. Contempla todas as atividades desenvolvidas com alunos e professores na escola ou em outros ambientes educativos, sob o acompanhamento e supervisão da instituição formadora. Em articulação intrínseca com o estágio curricular supervisionado e com as atividades de trabalho acadêmico, ela concorre conjuntamente para a formação da identidade do professor como educador. 3.1.3 Estágio Curricular Supervisionado Tempo de aprendizagem que supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é um profissional, reconhecido em um ambiente institucional de trabalho, e um aluno – o estagiário. O estágio oferece ao futuro professor um conhecimento da realidade em situação de trabalho, ou seja, um modo especial de capacitação em serviço. Em contato com o mundo do trabalho, proporciona a aquisição de habilidades e competências para o exercício da docência, estimulando o futuro professor a pensar e propor soluções para problemas concretos, inerentes ao ambiente escolar. É o momento de efetivar, sob a supervisão de um profissional experiente, um processo de ensino-aprendizagem que se tornará concreto e autônomo quando da profissionalização deste estagiário. Não é uma atividade facultativa, mas obrigatória, já que se trata de uma das condições para a obtenção do diploma. 3.1.4 Competências: São associadas à conjugação dos diversos saberes mobilizados pelo indivíduo (saber, saber-fazer e saber-ser) na realização de uma atividade. Não se referem apenas aos conhecimentos formais, mas a toda a gama de aprendizagens interiorizadas nas experiências vividas, que constituem nossa subjetividade (RAMOS, 2001). De acordo com Cruz (2002), “é a prática de determinadas habilidades que constrói a competência”. Uma pessoa é competente quando tem os recursos para realizar bem uma determinada tarefa, mesmo que seja uma situação complexa. Este sujeito deverá ter disponíveis os recursos necessários para serem mobilizados (conhecimentos). 3.1.5 Habilidades
Expressam competências. São representadas pelos
componentes da competência expressos na ação. Configuram-se na dimensão mais explicita da competência e, assim, servem como indicadores de desempenho com vistas à avaliação do desenvolvimento da competência prevista (RAMOS, 2001). Identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar, sintetizar, julgar, correlacionar ou manipular são exemplos de habilidades 4 COMENTÁRIOS
A prática profissional do professor-aluno se
desenvolve com a Prática de Ensino, numa perspectiva de gradativa problematização do trabalho educativo que leve em conta a sua complexidade. As atividades previstas na dimensão prática do curso são planejadas com a intenção de desenvolver competências que possibilitem reflexão e organização do trabalho em equipes, na tentativa de abranger e, eventualmente, superar as condições do cotidiano das unidades escolares, muitas vezes caracterizadas por “mesmices” de ações pragmáticas. As atividades práticas devem criar oportunidades para que você se defronte com problemas concretos do processo ensino-aprendizagem e da dinâmica própria do espaço escolar, como resultado de estudos, propostas pedagógicas e pesquisas desenvolvidas ao longo de cada semestre. Isso deve impulsioná-lo a um processo de reflexão sobre questões ligadas às políticas educacionais do país, ao projeto político-pedagógico da escola e às ações político-pedagógicas desenvolvidas no cotidiano das salas de aula. A Prática de Ensino deve articular a teoria e a prática (enquanto Estágio Curricular Supervisionado), de maneira que, até o final do curso, você tenha aliado aos conhecimentos teóricos, práticas e saberes que o auxiliarão no exercício profissional da docência, adquirindo subsídios para questionamentos e reflexões sobre o objetivo, conteúdo e formas que envolvam o processo ensino-aprendizagem, bem como problematizações e reflexões sobre a organização administrativo-pedagógica da escola. O Estágio Curricular Supervisionado, inserido em momento adequado do curso, constitui a fase de treinamento que permite a você, por meio da vivência prática das atividades docentes, complementar sua formação acadêmica nos aspectos cultural, científico e humano. É o espaço de consolidação dos conteúdos teóricos das disciplinas pedagógicas e de fundamentos da educação. É um período de permanência em ambiente real de trabalho em escolas da comunidade e em outros espaços educacionais, possibilitando a você vivências concretas como professor, de modo a prepará-lo a assumir, no futuro, a liderança de uma sala de aula, assim como trocar experiências com outros profissionais da educação. O Estágio Curricular Supervisionado é realizado considerando- se a formação pessoal, vivência profissional e cidadania. É atividade de ensino-aprendizagem e não deve ser confundido com simples preparação para o mercado de trabalho Quanto às competências e habilidades, Bordoni (2010) afirma que “tanto o ensino fundamental quanto o médio têm tradição conteudista. Na hora de falar de competência, mais ampla, carrega no conteúdo”. Assim, a escola tende a trazer para os alunos respostas para perguntas que eles não fizeram e o resultado é manifestado pelo desinteresse. A explicação é simples: neste contexto, as perguntas são mais importantes do que as respostas. Em lugar de continuar a decorar conteúdos, os alunos devem ser ensinados a exercitar habilidades e, por meio delas, adquirir competências. Você, futuro educador, deve ser formado para preparar as melhores condições para o desenvolvimento de competências. Não deve se restringir apenas a transmitir informações isoladas, mas deve apresentar conhecimentos contextualizados, usar estratégias para desenvolver habilidades específicas em seus futuros alunos. O processo de ensinar deve proporcionar a aquisição de recursos que possam ser mobilizados no momento em que os problemas se apresentarem. Deste modo, imprimindo significado e relevância para os conteúdos escolares, você estará favorecendo uma ruptura com as práticas escolares tradicionais e proporcionando um avanço em direção a práticas mais pluralistas e harmônicas para seus futuros alunos. Habilidades expressam competências, as quais se constituem na prática. Concepção de Prática como Componente Curricular Dimensão do conhecimento que está presente tanto nos cursos de formação, nos momentos em que se trabalha na reflexão sobre a atividade profissional, como durante o estágio, nos momentos em que se exercita a atividade profissional. Relação entre o saber e o fazer Não basta ao profissional ter conhecimentos sobre o seu trabalho. É fundamental que saiba mobilizar esses conhecimentos, transformando-os em ação.
Particularmente no caso do professor profissional,
esta discussão é muito interessante. São muito comuns casos em que ótimos profissionais técnicos são contratados para lecionar e não obtêm o êxito que deles se espera.
Isto se explica de modo muito simples: o melhor
engenheiro do país pode ser um professor medíocre. Por outro lado, um engenheiro medíocre pode se tornar um bom professor. Isso ocorre pois são profissões diferentes. Para ser professor não basta conhecer, é necessário aplicar este conhecimento sobre o seu objeto de trabalho, que, no melhor sentido da palavra, é o aluno. Caso a aprendizagem não ocorra, não houve êxito
Ser professor exige técnicas especiais de transmissão do
conhecimento que são inerentes à profissão. De nada adiantará o conhecimento profundo do tema a ser lecionado se isto não for acompanhado de uma didática que permita ao professor explicar convincentemente o tema Importância das atividades coletivas dos docentes em formação É fundamental promover atividades constantes de aprendizagem colaborativa e de interação, de comunicação entre os professores em formação e deles com os formadores, uma vez que tais aprendizagens necessitam de práticas sistemáticas (...) a escola de formação deverá criar dispositivos de organização curricular e institucional que favoreçam sua realização, empregando, inclusive, recursos de tecnologia de informação que possibilitem a convivência interativa dentro da instituição e entre esta e o ambiente educacional. ATIVIDADES PARA AVALIAÇÃO
Esta disciplina será avaliada com base nas atividades
propostas a seguir. Leia os textos referentes aos itens 7.1 a 7.13 e reflita sobre as inúmeras verdades que cada um deles encerra em suas entrelinhas, em relação à educação. Na sequência de cada texto, já são apresentadas algumas questões para reflexão. Reflita sobre essas questões e procure apontar, para cada texto, novas reflexões. A atividade em si consiste em elaborar um relatório que contemple as principais reflexões que todos estes textos induziram no grupo de alunos, ou seja, mencionar o título de cada um dos textos e as principais reflexões que o grupo teve sobre cada um deles.