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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
FVH
Nº 71009931742 (Nº CNJ: 0009724-03.2021.8.21.9000)
2021/CÍVEL

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR.


RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO
CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. AUTOR INSCRITO INDEVIDAMENTE
NAS PLATAFORMAS DE PROTEÇÃO AO
CRÉDITO. DANOS MORAIS CONFIGURADOS.
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. FIXAÇÃO
DE JUROS MORATÓRIOS A PARTIR DA
CITAÇÃO. QUANTUM INDENIZATÓRIO
MANTIDO. SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

1. Narra a parte autora que solicitou à ré a segunda


via dos boletos referente a uma compra de R$ 86,00,
mas que recebeu o boleto de uma compra que não teria
realizado. Alega que a empresa admite que houve um
erro no sistema. Aduz que recebeu uma carta do
Tabelionato de Protestos de Cerro Largo/RS e que isso
causou humilhação já que estava com uma cliente.
Informa que consultou o banco de dados do SERASA e
encontrou seu nome negativado. Pugna pela exclusão
de seu nome nos cadastros de proteção de crédito e
pela condenação do réu ao pagamento de R$ 10.000,00
a título de danos morais.

2. Sobreveio a sentença que julgou parcialmente


procedente a ação, condenando o réu ao pagamento de
1.045,00 (mil e quarenta e cinco reais) pela indenização
por danos morais e confirmando a tutela de urgência
para a retirada do nome da autora nos cadastros de
proteção de crédito.

3. Trata-se de relação de consumo em que a autora e o


réu enquadram-se em consumidora e fornecedor,
conforme os arts. 2° e 3° do CDC, respectivamente.
Assim, incide à parte ré o ônus probatório – fulcro no
art. 6°, VIII do CDC – o que não foi comprovado posto
que o réu foi declarado revel. Presume-se, portanto, a
veracidade dos fatos narrados pela autora.

4. Em que pese a modificação do marco inicial para a


incidência dos juros moratórios, razão não assiste à
recorrente. A sentença de primeiro grau majora a
correção a partir da data de citação. A condenação da
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@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
FVH
Nº 71009931742 (Nº CNJ: 0009724-03.2021.8.21.9000)
2021/CÍVEL

requerida foi por reparação de perdas e danos, sendo


nesse caso dano à personalidade da autora, portanto
os juros moratórios decorrentes de responsabilidade
contratuais – visto que as partes detinham um
contrato de compra e venda – serão contados a partir
da citação, como estipulado no art. 405 do código
civil.

5. Ainda, a título de majoração do quantum


indenizatório deferido, é entendimento desta Turma
Recursal a reanálise dos fatos apenas quando valor
for ínfimo ou exorbitante – fruindo-se do princípio da
imediatidade em que o julgador singular detém o
maior contato com as partes e as provas e, por isso,
sua decisão deve ser proeminente. Também, a
valoração arbitrada está de correto acordo com os
abalos extrapatrimoniais sofridos tendo em vista os
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, que
integram o ordenamento jurídico. Desse modo, não há
de se falar em reparos do quantum indenizatório.

6. Precedentes desta Turma Recursal Cível: Embargos


de Declaração Cível, nº 71009493776, Terceira Turma
Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Fabio
Vieira Heerdt, Julgado em: 30-07-2020; Recurso Cível,
nº 71009406364, Terceira Turma Recursal Cível,
Turmas Recursais, Relator: Fabio Vieira Heerdt,
Julgado em: 25-06-2020; Recurso Cível, nº 71009918087,
Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais,
Relator: Fabio Vieira Heerdt, Julgado em: 25-03-2021.

7. Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos,


nos termos do art. 46 da lei 9.099 de 1995.

RECURSO IMPROVIDO.

RECURSO INOMINADO TERCEIRA TURMA RECURSAL CÍVEL

Nº 71009931742 (Nº CNJ: 0009724- COMARCA DE CERRO LARGO


03.2021.8.21.9000)

ROSELI STELA FAVERO CHASSOT RECORRENTE

AVALLON COMERCIO DE RECORRIDO


COSMETICOS E SERVICOS LTDA
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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Juízes de Direito integrantes da Terceira Turma Recursal


Cível dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio Grande do Sul, à
unanimidade, negar provimento ao recurso.

Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes


Senhores DR. LUIS FRANCISCO FRANCO (PRESIDENTE) E DR. CLEBER
AUGUSTO TONIAL.

Porto Alegre, 14 de maio de 2021.

DR. FÁBIO VIEIRA HEERDT,


Relator.

RELATÓRIO

(Oral em Sessão.)

VOTOS

DR. FÁBIO VIEIRA HEERDT (RELATOR)

1. Trata-se de recurso inominado interposto por ROSELI STELA


FÁVERO CHASSOT, em face da sentença que julgou parcialmente procedente a
ação movida contra AVALLON COMÉRCIO DE COSMETICOS E SERVIÇOS
LTDA, objetivando a reforma da correção monetária e o aumento do quantum
indenizatório.
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2. Presente os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso


interposto, todavia, desacolho-o.

Com efeito, verifica-se que a decisão de origem apreciou


corretamente as razões que instruíram o feito, de modo a entregar ao julgado
decisão que, a esta Turma, parece também melhor atender à matéria fático-
probatória que restou consubstanciada nos autos. Nesse sentido, impende a
manutenção da sentença por seus próprios fundamentos, na forma do art. 46 da Lei
9.099/95:

Art. 46.  O julgamento em segunda instância constará


apenas da ata, com a indicação suficiente do processo,
fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for
confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do
julgamento servirá de acórdão.

A título de complementação acrescento o entendimento firmado pela


Terceira Turma Recursal Cível:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO NO


JULGADO. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL.
FIXAÇÃO DOS JUROS MORATÓRIOS A PARTIR
DA CITAÇÃO. VIOLÇÃO AO PRINCÍPIO DA
REFORMATIO IN PEJUS. EMBARGOS ACOLHIDOS.
(Embargos de Declaração Cível, Nº 71009493776, Terceira
Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Fabio
Vieira Heerdt, Julgado em: 30-07-2020)

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR.


OBRIGACIONAL. EMPRÉSTIMO BANCÁRIO.
RETENÇÃO INDEVIDA DE SALÁRIO. RETENÇÃO
INTEGRAL. ABUSO DE DIREITO DA RÉ. VERBA
ALIMENTAR. RESTITUIÇÃO DEVIDA. SENTENÇA
MANTIDA. IMPOSSIBILIDADE DE MINORAR OS
ASTREINTES. MULTA COMINATÓRIA QUE NÃO SE
MOSTRA EXCESSIVA. JUROS MORATÓRIOS A
PARTIR DA CITAÇÃO. RESPONSABILIDADE
CONTRATUAL. SENTENÇA REFORMADA.
RECURSO PROVIDO EM PARTE. (Recurso Cível, Nº

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71009406364, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas


Recursais, Relator: Fabio Vieira Heerdt, Julgado em: 25-06-
2020)

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS. AVIAÇÃO CIVIL. ALTERAÇÃO
UNILATERAL DE VOO INTERNACIONAL. ATRASO
NO VOO EM RAZÃO DE READEQUAÇÃO DA
MALHA AÉREA. SITUAÇÃO QUE NÃO AFASTA A
RESPONSABILIDADE DA COMPANHIA AÉREA DE
PRESTAR A DEVIDA ASSISTÊNCIA AOS
PASSAGEIROS. FALHA NA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS. DANOS MORAIS CONFIGURADOS.
QUANTUM INDENITÁRIO MANTIDO. SENTENÇA
MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1.
Narra a parte autora ter adquirido passagens aéreas junto à
demandada, que partiriam de Lisboa/Portugal, no dia
27/12/2019 às 10h05min, com uma conexão em
Campinas/São Paulo, com previsão de chegada a Porto
Alegre às 22h05min. Alega que houve alteração do referido
voo, quando foi modificado o horário de partida, sendo
acrescida uma escala não programada, o que ensejou
aumento no percurso da viagem. Refere que o novo voo saiu
de Lisboa/Portugal às 13h10, realizou uma conexão em São
Paulo, bem como foi acrescida uma escala até a chegada a
Porto Alegre prevista para as 00h 35min. 2. Sentença que
julgou parcialmente procedente a ação, a fim de condenar a
ré ao pagamento da quantia de R$ 500,00 a cada autor,
importando no total de R$ 1.000,00, bem como ao
pagamento de R$ 1.000,00 a cada autor, totalizando o
quantum de R$ 2.000,00 a título de danos morais. 3. De
acordo com a prova carreada os autos, verifica-se que a parte
autora comprovou fato constitutivo de seu direito, consoante
documentos acostados às fls. 20/28, ônus que lhe incumbia,
nos termos do art. 373, I, do CPC. 4. Incontroverso o atraso
no voo da parte autora, em razão de readequação da malha
aérea, entretanto tal situação não afasta a responsabilidade
da companhia aérea de prestar a devida assistência aos
consumidores. E é exatamente este o cerne da lide. 5.
Cumpre ressaltar que a demandada não ofereceu a devolução
dos valores pagos ou a remarcação das passagens por outra
companhia em horários mais próximos aos bilhetes originais.
6. Desta forma, entende-se que a mudança do voo, alterou o
planejamento da viagem, e, ainda que tenham sido
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realocados pela ré, o novo percurso gerou desconfortos com a


variação de horários, do itinerário e a inclusão de escala não
prevista. 7. Com efeito, o cancelamento unilateral do voo,
ocasionou atraso para a chegada ao destino final, inclusive
com escala não prevista pela parte autora, com o que
caracteriza contratempo que extrapola o mero dissabor do
cotidiano. 8. Assim, o valor  de R$ 2.000,00 fixado a título
de dano moral deve ser mantido, sem configurar o
enriquecimento injusto à parte autora. Isso porque a
sua revisão só é possível nas hipóteses em que a
condenação se revelar irrisória ou exorbitante,
distanciando-se dos padrões de razoabilidade, o que
aqui não se vislumbra. 9. Quantum indenizatório
fixado em sentença que não merece reparos, pois,
considerando os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade, bem como os entendimentos desta
Turma Recursal, está de acordo com o caso concreto.
10. Destarte, a sentença atacada merece ser confirmada por
seus próprios fundamentos, nos termos do art. 46, da Lei nº
9.099/95. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível, Nº
71009918087, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas
Recursais, Relator: Fabio Vieira Heerdt, Julgado em: 25-03-
2021)

3. ISSO POSTO, voto por NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

Condeno a parte recorrente ao pagamento das custas processuais e


honorários advocatícios, arbitrados em 20% do valor da causa.

DR. CLEBER AUGUSTO TONIAL - De acordo com o(a) Relator(a).

DR. LUIS FRANCISCO FRANCO (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a).

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DR. LUIS FRANCISCO FRANCO - Presidente - Recurso Inominado nº 71009931742,


Comarca de Cerro Largo: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME."

Juízo de Origem: JUIZADO ESPECIAL CIVEL ADJUNTO CERRO LARGO - Comarca de


Cerro Largo

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