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ITENS 1 a 11

ANALISTA DO BANCO CENTRAL DO BRASIL


PROFESSOR RENATO FENILI

Olá, amigo(a) concursando(a),

Espero que a semana de estudos tenha sido muito proveitosa.


Após havermos estudado a gestão de compras, ingressaremos
hoje no estudo das compras governamentais, mais especificamente as
licitações públicas.
Eis o conteúdo que cobriremos na aula de hoje:

AULA CONTEÚDO

1. Compras no setor público. 3. Licitações: conceito,


2 objeto, finalidades e princípios. 6. Modalidades. 7.
Procedimentos e fases.

Continuo na expectativa de uma participação ativa no fórum.

Tudo pronto? Então vamos ao trabalho!

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I. COMPRAS GOVERNAMENTAIS: NOÇÕES DE LICITAÇÕES

1. Conceitos e princípios

Uma ótima fonte de consulta sobre o tema Licitações e Contratos é


provida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por intermédio de sua
publicação Licitações e Contratos – Orientações Básicas, disponível para
download no seguinte link:
http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/comunidades/licitacoe
s_contratos/LICITACOES_CONTRATOS_3AED.pdf

Eis a definição que a referida obra nos oferece do conceito de licitação:

Licitação é o procedimento administrativo formal em que a Administração


Pública convoca, mediante condições estabelecidas em ato próprio (edital ou
convite), empresas interessadas na apresentação de propostas para o
oferecimento de bens e serviços.

Duas características da licitação, destacadas acima, merecem maior


aprofundamento:
 Licitação é um procedimento administrativo: trata-se de uma
sucessão de atos administrativos, diferentes entre si, mas relacionados
racionalmente, de forma a embasar um ato final almejado pela
Administração Pública.
 O procedimento administrativo é formal: isso se dá pela relevância
de um procedimento que culmina no dispêndio de recursos públicos.
A Constituição Federal de 1988, no inciso XXI do artigo 37, prevê para a
Administração Pública a obrigatoriedade de licitar:

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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte:
(...)
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienações serão contratados mediante processo de
licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual
somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Pelo caput do artigo 37 da CF/1988, vemos que a obrigatoriedade de


licitar é estendida à Administração Pública Indireta. Assim, além dos órgãos
integrantes da Administração Direta, as autarquias, as fundações públicas,
as sociedades de economia mista, as empresas públicas e demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
municípios devem cumprir o procedimento licitatório por ocasião da
aquisição/contratação de determinado objeto.
Bom, após a conceituação de Licitação, o próximo passo é nos
familiarizarmos com os princípios básicos que norteiam o procedimento
licitatório. Vamos dar uma olhada no artigo 3º da Lei nº 8.666/1993:

Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio


constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a
administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade,
da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.”

Além dos princípios acima destacados, chama-se a atenção para os


princípios implícitos da competitividade, do sigilo das propostas e da
adjudicação compulsória.

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Podemos dividir os princípios listados acima, apenas por razões didáticas,


em duas categorias:

Princípios licitatórios (gerais + específicos)


Administração busca: Observando-se:
Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Isonomia Igualdade
Seleção da proposta mais Publicidade
vantajosa
Probidade administrativa
Vinculação ao instrumento
Desenvolvimento nacional convocatório
sustentável
Julgamento objetivo
Competitividade
Sigilo das propostas
Adjudicação compulsória

Seguem algumas considerações:


 Grande parte dos princípios acima é aplicável a toda atividade
administrativa, e não somente aos procedimentos licitatórios. Só o
caput do artigo 37 de nossa Constituição Federal abrange os itens 1 a
5 da coluna da direita. Assim, os princípios específicos das licitações
foram destacados em vermelho;
 É possível identificar, na primeira coluna, o princípio da isonomia, ao
passo que na segunda vemos o princípio da igualdade. Na tentativa
de nos afastarmos de debates acadêmicos sobre a existência ou não de
distinções entre estes princípios, podemos dizer que há uma diferença
MUITO tênue entre eles, mas que foge do escopo usual de concursos.
Basta saber que se busca a isonomia nas licitações, bem como se
observa a igualdade no procedimento. Por fim, a isonomia aplicada aos
licitantes não implica necessariamente que todos sejam tratados da
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mesma forma. Na realidade, busca-se tratar de “maneira desigual os


desiguais”, na tentativa de se obter um procedimento capaz de ampliar
a competitividade. Dessa forma, é possível (e legal) o tratamento
diferenciado dispensado às microempresas e empresas de pequeno
porte, por exemplo (esse tratamento é conhecido como direito de
preferência, e foi implementado pela Lei Complementar nº 126/2006).
 O princípio da publicidade dos atos do procedimento licitatório visa a
permitir o acompanhamento e o controle de um procedimento
administrativo que acarretará o dispêndio de recursos públicos. Este
controle pode ser efetuado não só pelos participantes diretos, mas
também pelos cidadãos em geral. Vejamos o artigo 4º da Lei de
Licitações e Contratos:
Art. 4o Todos quantos participem de licitação promovida pelos órgãos ou entidades a que se
refere o art. 1º têm direito público subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento
estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o seu desenvolvimento,
desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos.

O direito de acompanhamento traz consigo, obviamente, o de


fiscalização de atos constantes do procedimento licitatório. Relembra-
se que o sigilo em uma licitação diz respeito apenas ao conteúdo das
propostas das empresas licitantes, apenas até o momento de sua
abertura.

É pertinente um correto entendimento sobre os princípios específicos aos


procedimentos licitatórios:

Princípios Licitatórios Específicos


Tanto a Administração quanto o licitante
devem observar as normas e condições
1. Vinculação ao estabelecidas no instrumento convocatório
instrumento (edital ou carta-convite). O instrumento
convocatório convocatório é a lei da licitação: nada pode
ser feito sem previsão expressa nele.

Esse princípio relaciona-se ao modo como


serão julgadas as propostas das empresas.
Visa-se a afastar a discricionariedade de
2. Julgamento objetivo quem conduz a licitação, estabelecendo-se

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critérios objetivos de julgamento: menor


preço, melhor técnica, técnica e preço ou
maior lance ou oferta (são os tipos de
licitação, a serem abordados
posteriormente nesta aula).

É o princípio da competitividade que


garante que a Administração irá obter a
proposta mais vantajosa para seus fins.
3. Competitividade
Objetiva-se a verdadeira competição entre
os licitantes, oferecendo-se preços e
condições cada vez mais favoráveis aos
órgãos públicos.

As propostas apresentadas para


determinada licitação permanecerão em
sigilo até o momento de sua abertura,
evitando qualquer possibilidade de
4. Sigilo das propostas
informação privilegiada entre os
participantes do certame.

Adjudicação é a garantia que possui o


vencedor da licitação que, quando a
Administração for celebrar o contrato
5. Adjudicação referente ao objeto licitado, ela o fará com
compulsória o vencedor. A adjudicação compulsória
obriga que a Administração dê esta
garantia apenas ao legítimo vencedor do
certame, sendo vedada a abertura de nova
licitação enquanto estiver válida a
adjudicação anterior.

É importante registrar que a adjudicação não implica a obrigatoriedade


da Administração Pública realmente efetuar o contrato – ou adquirir o bem,
se for o caso.

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Imagine que você é dono(a) de uma empresa que vende cadeiras, e


que tenha vencido uma licitação para fornecimento de cadeiras universitárias
para determinado órgão público. Na realidade, isso implica que quando este
órgão for realmente adquirir as referidas cadeiras, não será aberta nova
licitação, mas haverá uma contratação direta de sua empresa. Neste
intervalo de tempo entre a adjudicação e o fornecimento propriamente dito,
pode haver anulação do procedimento, bem como outras hipóteses nas quais
não haverá a aquisição. Arrisco-me a dizer que a regra geral é a adjudicação
acarretar o contrato, mas, logicamente, há exceções. Vejamos algumas
questões de concursos sobre os princípios licitatórios.

Q1. (CESPE / TRE – Analista Judiciário / 2007) Os princípios que


regem os procedimentos licitatórios, qualquer que seja a
modalidade, não incluem o princípio da:

a) proposta mais vantajosa;


b) vinculação ao edital;
c) publicidade na apresentação das propostas no momento da
entrega à administração;
d) legalidade;
e) isonomia dos licitantes.

Pelos dois quadros anteriormente expostos, podemos identificar que


apenas a assertiva C não encontra correspondência.
Vejamos o § 3º do artigo 3º da Lei de Licitações e Contratos:
§ 3o A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu
procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.

Se você é um licitante num certame relativo à aquisição de um


microcomputador e, em momento anterior ao envio de sua proposta, ficar
sabendo que uma determinada empresa está oferecendo o preço unitário de
R$ 1.300,00, isso dará uma vantagem à sua estratégia no certame. Assim, a
busca por sigilo na proposta visa a resguardar a isonomia dos licitantes.
A alternativa C está correta.

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Q2. (CESPE / UNIPAMPA / 2009) Não viola o princípio da igualdade


entre os licitantes o estabelecimento de requisitos mínimos que
tenham por finalidade exclusiva garantir a adequada execução do
contrato.

O princípio da igualdade implica tratar, sem distinções, todos os


concorrentes em uma licitação, evitando julgamentos tendenciosos no
julgamento de propostas, por exemplo.
No entanto, a igualdade de tratamento aplica-se somente àqueles que
tenham plenas condições de assegurar o futuro cumprimento do contrato a
ser firmado com a Administração. Afinal, a Administração Pública busca a
aplicação racional dos recursos, visando sempre à proposta mais vantajosa.
Há, então, requisitos gerais e “requisitos mínimos” ou “específicos”. Os
primeiros são aplicados em todos os procedimentos licitatórios, ao passo que
os últimos referem-se apenas àqueles nos quais o objeto implica a
necessidade de comprovação de competência própria aos licitantes. Vejamos
o quadro abaixo:

Requisitos
Requisitos Gerais
"Específicos"
• regularidade fiscal; • atestados de capacidade técnica ou
certificados ISO;
• declaração que não emprega menor
de 18 anos; • comprovação de o licitante possuir
em seu quadro de pessoal um
• comprovação de que o objeto da
determinado perfil profissional (por
licitação é contemplado pelo ato
constitutivo da empresa (uma
exemplo, um engenheiro mecânico,
para um serviço de engenharia
padaria não pode vender um
específico);
tomógrafo!).
• etc.

Dessa maneira, a assertiva está certa.

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2. Modalidades de licitação

Modalidade de licitação é a maneira específica de conduzir o


procedimento licitatório, a partir de critérios definidos em lei (de acordo
com o Princípio da Legalidade).
O artigo 22 da Lei no 8.666/1993 lista as modalidades de licitação
previstas:

Art. 22. São modalidades de licitação:


I – concorrência;
II – tomada de preços;
III – convite;
IV – concurso;
V – leilão.

No entanto, com a publicação da Lei no 10.520/2002, houve o advento


da modalidade Pregão. Vejam o artigo 1º desta Lei:

Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a


licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.

Desta maneira, existem hoje 6 (seis) modalidades em vigor em nosso


ordenamento jurídico, compiladas no quadro abaixo:

MODALIDADES DE
LICITAÇÃO
1. Convite
2. Tomada de Preços
3. Concorrência
4. Leilão
5. Concurso
6. Pregão

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É bastante importante que saibamos as definições das modalidades


licitatórias, conforme registrado em lei. Vamos estudar, preliminarmente, a
seguinte tabela, referente às modalidades empregadas para a aquisição de
um bem ou contratação de um serviço que constam da Lei nº 8.666/1993:

FAIXA DE VALORES ESTIMADOS

MODALIDADE DEFINIÇÃO OBRAS E COMPRAS E


(Lei nº 8.666/1993) SERVIÇOS DE OUTROS
ENGENHARIA SERVIÇOS

Modalidade realizada entre


interessados do ramo de
que trata o objeto da
licitação, cadastrados ou Até R$ 150 Até R$ 80
Convite
não, escolhidos e mil mil
convidados em número
mínimo de três pela
Administração.

Modalidade de licitação
entre interessados
devidamente cadastrados
ou que atendam a todas as
Tomada condições exigidas para Até R$ 1,5 Até R$ 650
de Preços cadastramento até o milhão mil
terceiro dia anterior à data
do recebimento das
propostas, observada a
necessária qualificação.

Modalidade de licitação
entre quaisquer
Até valores Até valores
interessados que, na fase
Concorrência acima de R$ acima de R$
inicial de habilitação
1,5 milhão 650 mil
preliminar, comprovem
possuir os requisitos
mínimos de qualificação
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FAIXA DE VALORES ESTIMADOS

MODALIDADE DEFINIÇÃO OBRAS E COMPRAS E


(Lei nº 8.666/1993) SERVIÇOS DE OUTROS
ENGENHARIA SERVIÇOS

exigidos no edital para


execução de seu objeto (a
concorrência é utilizada
tanto na compra como na
alienação de bens imóveis).

A ordem das modalidades na tabela acima (de cima para baixo)


corresponde à complexidade crescente dos procedimentos licitatórios. Assim,
as exigências legais e burocráticas para se licitar uma obra de R$ 4 milhões
através da modalidade concorrência, por exemplo, são logicamente maiores
do que para se adquirirem mesas de escritório no valor total de R$ 12 mil,
por convite.
Após o reforço teórico sobre o conceito de modalidade de licitação, bem
como sobre as especificidades das modalidades convite, tomada de preços e
concorrência há ainda de se possuir um correto entendimento a respeito de
em quais situações podemos aplicar cada uma das três modalidades citadas.
Vejamos o § 4º do artigo 23 da Lei de Licitações e Contratos:

§ 4o Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a


tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.

O esquema a seguir ilustra o entendimento do citado parágrafo. Os


valores, em reais, que servem para balizar a faixa de aplicação das
modalidades, são aqueles já apresentados na tabela acima:

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R$ 80 ou 150 mil R$ 650 mil ou 1,5 milhão

CONVITE

TOMADA DE PREÇOS

CONCORRÊNCIA

Dessa forma, nos casos em que for cabível a modalidade convite, as


modalidades tomada de preços e concorrência também são passíveis de
serem utilizadas. Em geral, elas não são empregadas pois implicam maiores
prazos (são menos céleres) e maiores custos (derivados da publicação no
Diário Oficial, por exemplo).
As três modalidades discutidas acima (convite – tomada de preços –
concorrência) são as que constam da Lei de Licitações e Contratos como
opções para a Administração Pública adquirir um bem ou contratar um
serviço (a ressalva é a concorrência, que é empregada também na alienação
de bens imóveis). Com propósitos distintos, temos as duas outras
modalidades previstas na Lei nº 8.666/1993: o concurso e o leilão.
Tanto o leilão quanto o concurso não servem para a aquisição de um
bem ou para a contratação de um serviço. Vejamos suas definições:

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DEFINIÇÃO
MODALIDADE
(Lei nº 8.666/1993)

Modalidade de licitação entre quaisquer interessados


para escolha de trabalho técnico, científico ou
Concurso artístico, mediante a instituição de prêmios ou
remuneração aos vencedores, conforme critérios
constantes de edital publicado na imprensa oficial
com antecedência mínima de 45 (quarenta e
cinco) dias.

Modalidade de licitação entre quaisquer interessados


para a venda de bens móveis inservíveis para a
Leilão administração, ou de produtos legalmente
apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de
bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o
maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

Vemos, então, que o concurso refere-se à escolha de trabalho técnico,


científico e artístico, ao passo que o leilão é empregado quando a
Administração deseja desfazer-se de um bem inservível, vendendo-o, ou
ainda, alienando um bem imóvel cuja aquisição pela Administração Pública
tenha derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento
(artigo 19 da Lei nº 8.666/1993). Lembre-se que para alienar um bem
imóvel, podemos empregar a concorrência ou o leilão.
É usual que as bancas cobrem a letra da lei no que se refere às
definições das modalidades licitatórias. Recomenda-se, se possível, a
memorização destes conceitos.
Seguem alguns exemplos de questões que versam sobre modalidades
de licitação.

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Q3. (FCC / UFT / 2005) De acordo com a Lei nº 8.666/1993, a


modalidade de licitação entre interessados devidamente
cadastrados, ou que atenderem a todas as condições exigidas para
cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das
propostas, observada a necessária qualificação, é:
a) o concurso;
b) o leilão;
c) a tomada de preço;
d) a concorrência;
e) o convite.

O enunciado da questão refere-se à modalidade tomada de preços. A


alternativa C está correta.

Q4. (FCC / MPE – SE / 2009) Utiliza-se a modalidade licitatória


concorrência:

a) apenas para alienação de bens imóveis e móveis acima de R$


650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais), sendo incabível para
obras, compras e serviços;
b) para compras e serviços acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e
cinquenta mil reais), obras acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil reais) e para alienação de bens imóveis;
c) apenas para obras acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil reais), sendo incabível para compras e serviços;
d) apenas para compras e serviços acima de R$ 650.000,00
(seiscentos e cinquenta mil reais), sendo incabível para obras;
e) apenas para obras acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil reais), para compras e serviços acima de R$
650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais), sendo incabível para
alienação de bens de qualquer espécie.

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A questão exige o conhecimento


sobre os limites e a aplicabilidade da
modalidade concorrência. No que tange
aos limites, a concorrência é aplicável a
licitações com valores acima de R$ 1,5
milhão (para obras e serviços de
engenharia) e acima de R$ 650 mil
(para compras e outros serviços).
Ademais, a concorrência é também
adotada para a alienação de bens
imóveis, em consonância com o estatuído
no artigo 17 da Lei nº 8.666/1993.
Das alternativas acima, vemos que apenas a B espelha a correção de
acordo com os preceitos legais. Note que esta alternativa não está dizendo
que a concorrência é utilizada apenas para compras e serviços acima de R$
650 mil e para obras acima de R$ 1,5 milhão, mas, inclusive. Devemos
lembrar do preconizado pelo § 4º do artigo 23 da Lei nº 8.666/1993:
§ 4o Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada de
preços e, em qualquer caso, a concorrência.

Não constando da relação de modalidades apresentada pela Lei de


Licitações e Contratos, temos o pregão, introduzido em nosso ordenamento
pela Lei nº 10.520/2002. A grande novidade trazida por esta modalidade foi
a inversão das duas etapas básicas da fase externa da licitação: abertura de
propostas e habilitação.
A habilitação refere-se aos exames dos documentos apresentados
pelas licitantes e exigidos no instrumento convocatório, a fim de verificar se
estão aptas a fornecerem o objeto do certame (são os requisitos gerais e
específicos, já apresentados nesta aula).
A abertura das propostas é a etapa em que se dá publicidade aos
valores ofertados pelos competidores, seguindo-se, no pregão, a fase
competitiva.
A proposta do pregão é analisar os documentos, na fase de habilitação,
apenas da empresa vencedora, sendo, teoricamente, um procedimento mais
célere que os demais. Há, assim, a chamada inversão das fases, quando
falamos da modalidade pregão. Vejam os esquemas abaixo:

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CONVITE, TOMADA DE PREÇOS, CONCORRÊNCIA

Abertura das
Habilitação
propostas

PREGÃO

Abertura das
Habilitação
propostas

Contudo, não é todo e qualquer tipo de bem e serviço que pode ser
licitado através da modalidade pregão. Veja só o que diz o artigo 1º da Lei
nº 10.520/2002:
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na
modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.

Assim, apenas os bens e serviços comuns podem ser licitados por


pregão. O parágrafo único do mesmo artigo nos traz uma definição desse
tipo de objeto:
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste
artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente
definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.

Ainda, é essencial enfatizar-se que, ao contrário do convite e da tomada


de preços, o pregão não possui restrição quanto ao valor de
contratação. Podemos comprar, por pregão, desde uma única resma de
papel A4 até licenças de softwares de milhões de reais. Basta que os objetos
sejam considerados comuns.
A aplicabilidade do pregão se dá em todas as esferas da Federação. A Lei
nº 10.520/2002 institui no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e
serviços comuns, e dá outras providências.
O pregão pode assumir duas formas.

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Primeiramente, temos o pregão presencial, regido pelo Decreto nº


3.555/2000, que exige a presença do licitante ou de seu representante legal,
devidamente credenciado, para o oferecimento de lances verbais. Essa forma
está caindo em desuso. Há até mesmo certos órgãos públicos que não usam
mais essa forma de pregão (a Câmara dos Deputados, por exemplo).
Em franca expansão encontra-se a outra forma de pregão – o pregão
eletrônico, regulamentado pelo Decreto nº 5.450/2005.
São merecedoras de destaque duas características do Decreto nº
5.450/2005, relativo ao pregão eletrônico:
 veja a força e a inovação que o artigo 4º deste Decreto trouxe ao
âmbito das licitações:
Art. 4o Nas licitações para aquisição de bens e serviços comuns será obrigatória a
modalidade pregão, sendo preferencial a utilização da sua forma eletrônica.

§ 1o O pregão deve ser utilizado na forma eletrônica, salvo nos casos de comprovada
inviabilidade, a ser justificada pela autoridade competente.

Repare que quando o objeto é comum, o pregão é obrigatório,


preferindo-se, ainda, sua forma eletrônica.
 o referido Decreto é aplicado, diretamente, apenas ao âmbito da União,
diferentemente do que vimos com relação à Lei nº 10.520/2002.
Depois de abordarmos os princípios e as modalidades de licitação, creio que
está na hora de falarmos um pouco dos critérios que são levados em
consideração no julgamento de uma licitação – estamos nos referindo aos
tipos de licitação, abordados da próxima seção.

3. Tipos de licitação

O tipo de licitação não se confunde com a modalidade de licitação.


Como vimos, a modalidade refere-se ao procedimento. Já o tipo de licitação
é o critério de julgamento utilizado pela administração para seleção
da proposta mais vantajosa.
A tabela abaixo apresenta uma síntese dos tipos de licitação previstos
na Lei de Licitações e Contratos:

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TIPO DE
DEFINIÇÃO
LICITAÇÃO

A proposta mais vantajosa para a Administração é a


Menor de menor preço.
Preço

A proposta mais vantajosa, neste caso, é escolhida


com base em fatores de ordem técnica. É usado
Melhor
exclusivamente para serviços de natureza
Técnica
predominantemente intelectual (elaboração de
estudos, projetos etc.).

Técnica e A proposta mais vantajosa é a que obtiver maior


Preço média ponderada entre os fatores preço e técnica.

Maior Lance Aplicável somente nos casos de alienação de bens ou


ou Oferta de concessão de direito real de uso.

Os tipos de licitação acima são apresentados no § 1º do artigo 45 da


Lei de Licitações e Contratos. Veja, abaixo, que há uma ressalva quanto à
modalidade concurso:

§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto


na modalidade concurso:

A ressalva é justificada pela diferença entre concurso e as demais


modalidades de licitação. Nestas últimas a execução do objeto licitado ocorre
depois da seleção da proposta mais vantajosa pela Administração, ao passo
que no concurso a execução do objeto ocorrerá antes, ou seja, ele será
entregue pronto e acabado, e o preço a ser pago ao vencedor – prêmio ou
remuneração – será previamente definido no edital pelo órgão.
Em síntese: os tipos de licitação listados no § 1º do artigo 45 da Lei de
Licitações e Contratos (menor preço, melhor técnica, técnica e preço e maior
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lance ou oferta) não se aplicam à modalidade concurso. Esta particularidade


já foi cobrada em concursos:

Q5. (CESPE / TCU – Analista de Controle Externo / 2007) O


critério de julgamento aplicável a uma licitação vincula-se ao
tipo de licitação. Os tipos de licitação aplicáveis a todas as
modalidades de licitação são os de menor preço, melhor
técnica, técnica e preço e maior lance ou oferta.

O equívoco da questão está justamente por não distinguir a


modalidade concurso do grupo de modalidades ao qual os tipos de licitação
citados são aplicáveis. O enunciado está errado.

Em continuidade à exposição sobre os tipos de licitação, cabe a


discussão sobre o critério de julgamento de propostas utilizado para a
modalidade pregão. Para tanto, vejamos a próxima questão.

Q6. (CESPE / TSE / 2006) Na licitação realizada na modalidade


pregão, é inviável a opção pelo tipo técnica e preço. Essa
afirmação é:

a) correta;
b) errada, pois o pregão não é uma modalidade de licitação e
sim uma espécie de tomada de preços;
c) errada, pois o pregão não é uma modalidade licitatória e sim
uma espécie de leilão;
d) errada, pois a opção pelo tipo técnica e preço é viável
sempre que se tratar de pregão para a contratação de serviços
de natureza predominantemente intelectual.

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O uso de um critério de julgamento de propostas por técnica e preço


implica, necessariamente, a avaliação de um serviço de natureza intelectual,
ainda que essa natureza não seja predominante, como no caso do tipo
melhor técnica.
Contudo, já sabemos que a modalidade pregão é utilizada apenas para
bens e serviços comuns – aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade
possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações
usuais no mercado.
Ora, não é possível definir, por meio de especificações usuais no
mercado, um serviço de natureza intelectual. Em geral, este serviço é
singular, customizado e não comum. Dessa forma, o pregão somente se
propõe a julgar propostas utilizando o critério de menor preço.
Resposta: A

4. O Sistema de Registro de Preços

O Sistema de Registro de Preços (SRP) é um procedimento que a


Administração utiliza para racionalizar a atividade de compras. É
regulamentado pelo Decreto nº 7.892/2013, o qual, no inciso I de seu artigo
2º, traz a seguinte definição:
I – Sistema de Registro de Preços – conjunto de procedimentos para registro formal de
preços relativos à prestação de serviços e aquisição de bens, para contratações futuras.

Mesmo com essa definição um pouco indigesta, veremos que o Sistema


de Registro de Preços é um modo simples e administrativamente eficiente de
se conduzir as compras em órgãos públicos.
No âmbito da Administração de Recursos Materiais, há uma política de
gestão de estoques denominada just in time. Trata-se de uma política de
minimização dos níveis de estoques, garantindo, ao mesmo tempo, que as
entregas dos fornecedores externos se deem com frequências diferenciadas
e com pontualidade.
Essa política é especialmente interessante quando há certa
imprevisibilidade da demanda do item dentro da organização. Afinal, como

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ITENS 1 a 11
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podemos calcular um nível de estoque adequado para certo item se não


podemos prever sua demanda?
Bom, implementar uma política de just-in-time seria bem mais fácil se
não estivéssemos falando de uma organização pública, que tem a obrigação
de fazer suas aquisições através de uma licitação.
Para você ter uma ideia do tempo necessário para concluir um
procedimento licitatório, contado desde a solicitação de um setor interno até
a assinatura do contrato (ou emissão da nota de empenho), é de 45 dias a
média obtida pelos Correios, referência nacional pela celeridade de suas
aquisições. Há órgãos em que as médias ultrapassam 100 dias!! Nessa
realidade, o just-in-time ficaria simplesmente inviável.
Mas há uma solução. Imagine que um órgão público quer comprar
computadores, mas não tem a noção exata da demanda interna, bem como
não tem capacidade em estoque para sua armazenagem. Ainda, as
demandas, apesar de incertas, podem ser frequentes (todo o mês, ou
semana, está sendo pedido um computador). A opção é fazer
antecipadamente um procedimento licitatório, durante o qual é selecionado
um determinado fornecedor com a proposta mais vantajosa.
OK... Fizemos um pregão para registro de preços, e sagrou-se
vencedora a empresa A, com preço registrado de R$ 1.000,00 por
computador, para um total de 500 computadores. Após o
final da licitação (a homologação), é assinada uma ata
de registro de preços (uma espécie de contrato) entre
esta empresa e o órgão público. Sempre que o órgão
público necessitar de computadores, a partir de agora,
basta enviar à empresa A uma Requisição de Entrega de
Material, e aguardar o prazo definido previamente (no
edital do pregão), para entrega.
Quer outra vantagem? Não precisamos adquirir os 500 computadores
registrados na ata de registro de preços. Aliás, o órgão público não é
obrigado a adquirir um único computador. Mas, quando fizer a compra, será
pelo preço registrado (R$ 1.000,00).

Em síntese, eis as condições nas quais utilizamos o Sistema de


Registro de Preços:

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REGISTRO DE PREÇOS
• contratações frequentes
• impossibilidade de definição prévia do quantitativo a
ser demandado pela Administração
• conveniência de entregas parceladas

Pelas vantagens listadas, a Lei de Licitações e Contratos coloca como


diretriz a busca pelo processamento da compra pelo sistema de registro de
preços:

Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:

(...)

II – ser processadas através de sistema de registro de preços;

A licitação para registro de preços pode ser realizada por concorrência


(nos tipos menor preço ou técnica e preço) ou pregão (menor preço).

 A dinâmica do Sistema de Registro de Preços (SRP)

A um órgão central, denominado gerenciador, cabe a prática de todos os


atos de controle e administração do SRP. Como existe a possibilidade,
expressa no Decreto nº 7.892/2013, de outros órgãos integrarem uma
mesma ata de registro de preços, este órgão gerenciador, em momento
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ITENS 1 a 11
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anterior à realização de licitação para o registro de preços, consolida a


demanda dos órgãos participantes. Em seguida, o órgão gerenciador
procede às tarefas inerentes às fases interna e externa da licitação,
culminando com a assinatura da ata de registro de preços, cuja vigência não
poderá ser superior a 12 (doze meses), computadas neste período as
eventuais prorrogações (artigo 12 do Decreto nº 7.892/2013).
Uma das polêmicas que envolve o SRP é a possibilidade de, mesmo após
realizada a licitação, outros órgãos aderirem à ata de registro de preços, em
um procedimento usualmente conhecido como “carona”, exequível a partir
do artigo 22 do Decreto nº 7.892/2013, sendo o quantitativo “limitado” por
seus §§ 3º e 4º:
Art. 22. Desde que devidamente justificada a vantagem, a ata de registro de preços,
durante sua vigência, poderá ser utilizada por qualquer órgão ou entidade da administração
pública federal que não tenha participado do certame licitatório, mediante anuência do órgão
gerenciador.

[...]
§ 3º As aquisições ou contratações adicionais a que se refere este artigo não poderão
exceder, por órgão ou entidade, a cem por cento dos quantitativos dos itens do instrumento
convocatório e registrados na ata de registro de preços para o órgão gerenciador e órgãos
participantes.

§ 4º O instrumento convocatório deverá prever que o quantitativo decorrente das


adesões à ata de registro de preços não poderá exceder, na totalidade, ao quíntuplo do
quantitativo de cada item registrado na ata de registro de preços para o órgão gerenciador e
órgãos participantes, independente do número de órgãos não participantes que aderirem.

A “carona” ocorre quando um órgão não participante originariamente do


registro de preços efetua contratações com base na ata assinada. O limite a
ser respeitado é a observância, pelos órgãos que aderem à ata de registro de
preços, de 100% dos quantitativos registrados, por órgão ou entidade, bem
como o máximo de 500%, do quantitativo registrado na ata, somando-se
todos os “caronas”.

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ITENS 1 a 11
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Ficaremos por aqui nesta aula. Na próxima semana, abordaremos as


compras diretas na Administração Pública – são os casos de dispensa e
inexigibilidade de licitação – bem como as peculiaridades de revogação e
invalidação dos procedimentos licitatórios.
Após a aula 03, será apresentado um simulado de questões – todas de 2013,
para fins de sedimentação do conhecimento, ok?

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (CESPE / INMETRO / 2009) A partir da reforma gerencial do


Estado brasileiro, ocorreu uma profunda modernização no
processo de compras da administração pública, destacando-se a
emergência do setor público não estatal, incluindo as
organizações sociais de interesse público. Essas organizações,
mesmo recebendo recursos públicos da União, não têm a
obrigatoriedade de realização de licitação pública para a
compra de bens e serviços.

2. (CESPE / STF – Analista Administrativo / 2008) Em


procedimentos licitatórios, o princípio da adjudicação
compulsória ao vencedor impede que se abra nova licitação
enquanto for válida a adjudicação anterior.

3. (CESPE / UNIPAMPA / 2009) É possível a realização de


procedimento licitatório de forma sigilosa.

4. (CESPE / UNIPAMPA / 2009) A violação ao sigilo das propostas


constitui crime.

5. (FCC / TRE – TO / 2011) No que concerne aos princípios das


licitações, é correto afirmar:

a) O desrespeito ao princípio da vinculação ao instrumento


convocatório não torna inválido o procedimento licitatório;
b) Apenas o licitante lesado tem direito público subjetivo de
impugnar judicialmente procedimento licitatório que não
observou ditames legais;
c) A licitação não será sigilosa, sendo públicos todos os atos de
seu procedimento, como por exemplo, o conteúdo das
propostas, inclusive quando ainda não abertas;
d) É possível a abertura de novo procedimento licitatório, ainda
que válida a adjudicação anterior;
e) A Administração não poderá celebrar o contrato com
preterição da ordem de classificação das propostas, sob pena
de nulidade.

6. (CESPE / TCU – Analista de Controle Externo / 2007) A


adjudicação compulsória ao vencedor da licitação corresponde
à celebração do contrato.

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7. (FCC / TRE – AC / 2010) Sobre os princípios que regem a


licitação, considere.

I. Todos os licitantes devem ser tratados igualmente, em


termos de direitos e obrigações, devendo a Administração em
suas decisões, pautar-se por critérios objetivos, sem levar em
consideração as condições pessoais do licitante, ou as
vantagens por ele oferecidas, ressalvadas as previstas na lei ou
no edital.
II. A Administração não pode descumprir as normas e
condições do edital.
III. A Comissão de licitação ou o responsável pelo convite deve
realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os
critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de
acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de
maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos
órgãos de controle.

Os conceitos acima se referem, respectivamente, aos princípios


da:

a) publicidade, da probidade e da conformidade;


b) igualdade, do julgamento objetivo e da isonomia;
c) isonomia, da legalidade e da competitividade;
d) moralidade, da publicidade e da impessoalidade;
e) impessoalidade, da vinculação ao instrumento convocatório e
do julgamento objetivo.

8. (CESPE/TRE‐GO/2008) Nos casos em que for cabível a


modalidade convite, a administração não poderá utilizar a
tomada de preços, tampouco a concorrência.

9. (CESPE / DPE-AL / 2009) O leilão é modalidade de licitação


entre interessados devidamente cadastrados para a venda de
bens móveis inservíveis para a administração.

10. (FCC / TRE – TO / 2011) De acordo com a Lei nº


8.666/1993 (Lei de Licitações), os interessados em participar
de licitação, na modalidade convite:

a) como regra, são convidados em número mínimo de três pela


unidade administrativa;

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ITENS 1 a 11
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b) não precisam ser necessariamente do ramo pertinente ao


objeto do convite;
c) devem ser previamente cadastrados;
d) não poderão participar, os cadastrados na correspondente
especialidade, ainda que manifestem interesse até vinte e
quatro horas antes da apresentação das propostas;
e) são convocados obrigatoriamente por meio da publicação do
edital na imprensa oficial.

11. (CESPE / TJBA / 2003) Concurso é a modalidade de


licitação entre quaisquer interessados para a escolha de
trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição
de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios
constantes de edital publicado na imprensa oficial com
antecedência mínima de 45 dias.

12. (FCC / DNOCS / 2010) A modalidade de licitação que se


caracteriza por poder se dar entre quaisquer interessados para
escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a
instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores,
conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa
oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias,
é:

a) o convite;
b) o concurso;
c) a tomada de preços;
d) o leilão;
e) a concorrência.

13. (FCC / ALESP / 2010) Na contratação de obras e serviços


de engenharia, a tomada de preço é adotada para valores:

a) até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);


b) até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais);
c) até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais);
d) até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);
e) acima de R$ 1.500.00,00 (um milhão e quinhentos mil reais).

14. (FCC/ Câmara dos Deputados / 2007) “Convite é a


modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente
ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em
número mínimo de …I… pela unidade administrativa, a qual
afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório
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ITENS 1 a 11
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e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente


especialidade que manifestarem seu interesse com
antecedência de até …II… da apresentação das propostas.”

Preenchem corretamente as lacunas I e II acima:

I II
a) quatro 48 horas
b) quatro 24 horas
c) três 72 horas
d) três 48 horas
e) três 24 horas

15. (CESPE / Ministério da Saúde / 2009) Para aquisição de


bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na
modalidade pregão, ressalvadas as hipóteses de dispensa e
inexigibilidade de licitação e as restrições expressas quanto ao
valor da contratação.

16. (FCC / TRT 12ª REGIÃO / 2010) No que concerne à


modalidade de licitação leilão, é correto afirmar:

a) o vencedor será o que oferecer o maior lance, que deve ser


sempre superior ao valor da avaliação;
b) os interessados devem estar previamente cadastrados;
c) destina-se, dentre outras hipóteses, à venda de produtos
ilegalmente apreendidos;
d) não é destinada à alienação de bens imóveis da
administração, cuja aquisição haja derivado de dação em
pagamento;
e) destina-se, dentre outras hipóteses, à venda de bens móveis
inservíveis para a administração.

17. (CESPE / MCT FINEP / 2009 – adaptada) O pregão


destina-se à aquisição pela administração de bens e serviços
comuns, assim considerados aqueles cujos padrões de
desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos
pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.

18. (FCC / MPE – SE / 2009) Pregão é a modalidade licitatória


própria para:

a) alienação de bens inservíveis;

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b) contratação de serviços de natureza comum, desde que o


valor total estimado da contratação não ultrapasse R$
80.000,00 (oitenta mil reais);
c) contratação de serviços de natureza comum e obras de pouca
complexidade, independentemente do valor;
d) aquisição de bens e serviços de natureza comum,
independentemente do valor;
e) contratação de obras de pouca complexidade, desde que o
valor total estimado, de acordo com o memorial descritivo
constante do edital, não ultrapasse R$ 80.000,00.

19. (CESPE / TJ – AC / 2006) A modalidade de licitação do


pregão se aplica às hipóteses de compra de quaisquer bens ou
serviços, em todas as esferas da federação.

20. (FCC / MPE – SE / 2009) Em relação às etapas da licitação,


é correto afirmar que a:

a) inversão das fases de habilitação e julgamento das propostas


é admitida apenas na modalidade convite;
b) fase de habilitação deve sempre preceder a de julgamento
das propostas, independentemente da modalidade licitatória;
c) inversão de fases de habilitação e de julgamento das
propostas é admitida, a critério da comissão de licitação,
independentemente da modalidade licitatória;
d) fase de classificação das propostas precede a de habilitação,
na modalidade pregão;
e) fase de julgamento das propostas deve sempre preceder a de
habilitação, nas modalidades pregão e concorrência pública.

21. (CESPE / MCT FINEP/ 2009 – adaptada) O pregão, na


forma eletrônica, como modalidade de licitação do tipo menor
preço, realiza-se quando a disputa pelo fornecimento de bens
ou serviços comuns for feita à distância em sessão pública, por
meio de sistema que promova a comunicação pela Internet.

22. (CESPE-MCT / FINEP / 2009) O pregão, na modalidade


eletrônica, só deve ser utilizado pela Administração Pública de
forma subsidiária, ou seja, quando não houver outra forma de
se conduzir o processo licitatório.

23. (CESPE / TCE – BA / 2010) Pela Lei de Licitações do


Estado da Bahia – Lei nº 9.433/2005 –, a existência de preços
registrados por meio do sistema de registro de preços obriga a
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administração pública, inclusive o TCE/BA, a firmar as


contratações que deles poderão advir.

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GABARITO COMENTADO

QUESTÃO COMENTÁRIO
As organizações sociais (OS) e as organizações sociais civis de
interesse público (OSCIP), entes paraestatais, são obrigadas a
conduzir procedimentos licitatórios em suas contratações,
quando utilizarem recursos oriundos de repasses voluntários da
1- E
União, em face dos respectivos contratos de gestão ou termos
de parceria (conforme o § 5º do Decreto nº 5.450/2005).
Quando o recurso for público, a melhor opção é licitar. Assim, a
questão está errada.

O enunciado da questão está em consonância com o Princípio da


2- C
Adjudicação Compulsória. A questão está certa.

O sigilo em uma licitação diz respeito apenas ao conteúdo das


3- E propostas das empresas licitantes, apenas até o momento de
sua abertura. A assertiva está errada.

Violar o sigilo das propostas em uma licitação pode acarretar


uma posição mais vantajosa de um concorrente que tenha
acesso a esta informação privilegiada, comprometendo a
igualdade das licitantes. Esta violação é crime, conforme o artigo
4- C
94 da Lei nº 8.666/1993: Art. 94. Devassar o sigilo de proposta
apresentada em procedimento licitatório, ou proporcionar a
terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena – detenção, de 2 (dois) a
3 (três) anos, e multa.” A questão está certa.

A alternativa E encontra-se em consonância com o Princípio da


Adjudicação Compulsória ao vencedor, estando, assim, correta.
Comentários às outras alternativas: (a) a não observância do
Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório invalida o
procedimento licitatório (artigo 41 da Lei de Licitações e
Contratos); (b) qualquer cidadão tem o direito de impugnar
5- E
judicialmente rito licitatório que não observou ditames legais;
(c) conforme o § 3º do artigo 3º da Lei de Licitações e
Contratos: “A licitação não será sigilosa, sendo públicos e
acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto
ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura”; (d) em
desacordo com o Princípio da Adjudicação Compulsória.

6- E A adjudicação compulsória obriga a Administração a, no instante


da celebração do contrato, fazê-lo com o vencedor da licitação.

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Assim, a celebração do contrato, se ocorrer, se dá em momento


posterior à adjudicação. A assertiva está errada.

A alternativa qua não traz nenhuma incorreção é a E. Note,


contudo, que a assertiva I traz consigo muito do Princípio da
7- E Isonomia, ao passo que a III, do Princípio da Legalidade. De
qualquer modo, isso não compromete de nenhum modo a
alternativa E.

Nos casos em que for cabível a modalidade convite, as


8- E modalidades tomada de preços e concorrência também são
passíveis de serem utilizadas. A questão está errada.

No enunciado da questão, afirma-se que o leilão é destinado à


venda de bens móveis inservíveis à Administração. Isso está
9- E
100% correto. Mas não há a necessidade de cadastro dos
devidos interessados. Assim, a afirmativa está errada.

A questão é resolvida a partir do conteúdo do § 3º do artigo 22


da Lei nº 8.666/1993: Convite é a modalidade de licitação entre
interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou
não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três)
pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado,
cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais
10- A
cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem
seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas
da apresentação das propostas.” Infere-se que a alternativa A
está correta. Ressalta-se que a convocação por meio da
Imprensa Oficial não se aplica à modalidade convite,
caracterizada pela menor exigência de formalismos.

O enunciado é a transcrição exata do § 4º do artigo 22 da Lei de


11- C
Licitações e Contratos. A questão, portanto, está certa.

O enunciado da questão refere-se à modalidade de licitação


12- B
denominada concurso. A alternativa B está correta.

O limite para que a Administração Pública possa adotar a


modalidade tomada de preços para contratação obras ou
13- D
serviços de engenharia é de R$ 1,5 milhão. A alternativa D está
correta.

De acordo com o § 3º do artigo 22 da Lei de Licitações e


14- E
Contratos, a alternativa E está correta.

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O enunciado coloca que, no uso do pregão, há de se observar as


restrições expressas quanto ao valor de contratação. Esta
afirmativa está errada e compromete o restante da assertiva. Ao
15- E
contrário do convite e da tomada de preços, o pregão não
possui restrição quanto ao valor de contratação. A questão
está errada.

O § 5º do artigo 22 da Lei de Licitações e Contratos nos traz a


seguinte definição da modalidade leilão: (...) é a modalidade de
licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens
móveis inservíveis para a administração ou de produtos
16- E
legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de
bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance,
igual ou superior ao valor da avaliação. Dessa maneira, a
alternativa E está correta.

O enunciado espelha o conteúdo do artigo 1º da Lei nº


17- C
10.520/2002. A questão está certa.

A alternativa D está de acordo com o artigo 1º da Lei nº


10.520/2002, somando-se o fato de que o pregão não possui
18- D limitações de valor. No mais, não se considera que o pregão seja
aplicável para obras (mesmo de pequena complexidade), bem
como não é empregado para alienação de bens.

A modalidade de licitação do pregão é aplicada somente à


aquisição/contratação de bens e serviços comuns. Isso bastaria
para julgar a questão acima como errada. No entanto, a
segunda parte da questão está correta. A Lei nº 10.520/2002
19- E “institui no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição
Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para
aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências”.
Mesmo assim, como dito antes, a afirmativa está errada.

Apenas na modalidade pregão há a inversão de fases:


primeiramente analisam-se as propostas, para depois verificar-
20- D
se a habilitação da empresa ofertante do menor preço. A
alternativa D está correta.

O enunciado da questão é a transcrição do artigo 2º do Decreto


21- C
nº 5.450/2005. A assertiva está certa.

22- E Primeiramente, não existe pregão na modalidade eletrônica, mas

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sim na forma eletrônica. Modalidades de licitação diz respeito ao


procedimento, e restringem-se aos seis casos já estudados.
“Pregão” é modalidade, “eletrônica” é forma. De acordo com o
que vimos na questão anterior, o artigo 4º do Decreto nº
5.450/2005 torna obrigatória a modalidade pregão para a
aquisição de bens e serviços comuns, sendo preferencial sua
forma eletrônica. Dessa maneira, o uso do pregão eletrônico não
é subsidiário, mas sim preferencial. A assertiva está errada.

Mesmo o enunciado da questão fazendo referência à Lei nº


9.433/2005, é característica inerente ao sistema de registro de
23- E preços não obrigar a Administração a firmar as
contratações/aquisições cujos preços estão registrados em ata.
A questão está errada.

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