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Para começar a esclarecer esta questão, vamos começar fazendo uma comparação
do que estas tecnologias podem oferecer para a gestão de processos. A tabela
abaixo mostra os recursos que cada uma delas oferece:
Workflow BPM
Modelagem de Processos Sim Sim
Automação de Processos Sim Sim
Integração com Sistemas Sim Sim
Garantia da Integridade do Sim Sim
Processo
Monitoramento do Processo Sim Sim
Análise do Desempenho do Sim Sim
Processo
Isso significaria que BPM e Workflow são a mesma coisa? Ou, ainda, que as
diferenças entre ambos são apenas cosméticas?
Workflow BPM
Recursos de Modelagem 3Rs (Roles, Routes, Rules) 3Rs, Simulação,
Documentação extensiva
Técnica de Modelagem Técnicas proprietárias BPMN, BPEL e/ou BPML
Integração com Sistemas Através de codificação Através de padrões como
SOAP e JCA e de
adaptadores out-of-the-box
Regras de Negócios Codificadas ou Definidas de forma
parametrizadas em declarativa em um BRM
aplicação específica (Business Rules
Management)
Análise do Desempenho do Através de relatórios e Através de ferramentas de
Processo gráficos sobre o modelo de BAM (Business Activity
dados do Workflow Monitoring)
Plataforma de execução Geralmente vinculado a Geralmente multi-plataforma
(SO, BD, AS) uma plataforma
Além disso, (ou talvez por isso mesmo) a maioria dos processos eram (e ainda são)
modelados usando notações “ad hoc”, inventadas sob demanda para cada projeto
ou para cada empresa, em geral utilizando ferramentas de diagramação como o
Microsoft Visio. Ou seja, modelavam-se processos que praticamente só conseguiam
ser entendidos completamente por quem os havia modelado.
Para termos a correta dimensão deste paradoxo, podemos fazer uma simples
analogia com a área, muito bem estabelecida, de banco de dados. Será que esta
disciplina conseguiria ter alcançado o sucesso que tem se não existisse uma
notação universalmente aceita como o Modelo Entidade-Relacionamento? Como
seria o mundo da TI se, cada vez que fôssemos modelar um banco de dados,
tivéssemos que primeiro definir qual técnica de modelagem iríamos usar (ou pior,
se inventássemos nossa própria notação para cada projeto!).
Absurdo? Bem, esse era o ambiente que, até bem pouco tempo atrás, aguardava
quem precisava modelar e automatizar processos de negócio.
A segunda razão é que o BPMN foi dotado de uma série de recursos que tornam
possível a modelagem de processos extremamente complexos. O uso de tais
recursos é opcional e, assim, o modelo pode ser construído apenas com os
elementos mais simples, para facilitar a leitura. Ao utilizar estes recursos, pode-se
chegar a um nível bastante refinado do comportamento do processo, agregando
várias informações técnicas, e permitindo o mapeamento automático para padrões
de execução de processos, como o BPEL. Assim, se consegue uma transição natural
da modelagem para a execução dos processos.
A terceira razão para o sucesso do BPMN é que ele possui uma sólida
fundamentação matemática. O BPMN foi construído sobre os conceitos do Pi-
Calculus, uma derivação do Cálculo de Processos para a representação de
processos dinâmicos e móveis. Mais uma vez, a analogia com banco de dados é
pertinente, pois uma das grandes razões do sucesso dos bancos de dados
relacionais foi seu embasamento na teoria relacional.
O BPMN possui diversos elementos, sendo que os básicos são apenas 4: atividades,
eventos, gateways (decisões) e sequence flows (rotas). Com apenas estes 4
elementos, é possível construir modelos bastante expressivos de processos,
fazendo com que o BPMN seja efetivamente fácil de aprender e simples de utilizar.
À medida que coletamos mais dados sobre o processo a ser modelado, podemos
utilizar as diversas variações destes elementos, cada uma com uma semântica
precisa (por exemplo, eventos baseados em tempo). Podemos também adicionar
novos elementos que enriquecem a semântica do processo.
O Caminho Adiante
Hoje, não há mais nenhuma dúvida que o BPMN é a técnica de modelagem
preferencial para qualquer projeto de BPM. O uso de outras técnicas deveria ser
considerado apenas em casos excepcionais, tais como aqueles em que há um
grande legado de processos modelados em outras técnicas. Caso contrário, não há
boa razão para não usar o BPMN.
Além disso, não podemos deixar de analisar o significado da fusão entre o BPMI
(criador do BPMN) com a OMG (mantenedora de diversos padrões, como UML e
CORBA). A verdadeira questão está no desejo de ambas organizações de incorporar
o BPMN na UML. Como se sabe hoje, a UML não conta com técnicas apropriadas
para a modelagem de processos, e o BPMN virá justamente cobrir esta lacuna.
Assim, muito em breve, teremos o BPMN como parte da mais difundida técnica de
modelagem de sistemas do mundo. Se alguém ainda tinha dúvidas sobre a
importância da modelagem de processos para a concepção de sistemas, este fato
deve eliminá-las.
Por tudo isso, demos a este artigo o título acima. Acreditamos que a relevância do
BPMN para o BPM será a mesma do Modelo Entidade-Relacionamento para banco
de dados. O BPMN será a técnica que permitirá que a modelagem de processos seja
ensinada, divulgada e promovida em massa, no mercado e nas universidades. Em
outras palavras, que deixe de ser uma atividade secundária, quase um nicho, para
se tornar uma ferramenta indispensável para profissionais de negócios e de TI.