Você está na página 1de 5

ASSUNTOS DIVERSOS

Boletim Imposto de Renda n° 02 - 2ª Quinzena. Publicado em: 19/01/2022

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA


Tributação dos Haveres e Responsabilidade dos Sócios

Roteiro 

1. Introdução
2. Procedimentos de Encerramento
2.1. Dissolução
2.2. Liquidação
2.3. Extinção
3. Responsabilidade do Titular ou Sócio
3.1. Responsabilidade Civil
3.2. Responsabilidade Tributária
4. Acervo Líquido
5. Apuração dos Haveres com Devolução de Bens e Direitos na Extinção da Pessoa Jurídica
5.1. Sócio Pessoa Jurídica
5.2. Sócio Pessoa Física
5.3. Devolução de Capital Social com Estoque da Empresa
6. Tributação dos Haveres com Devolução de Bens e Direitos na Extinção da Pessoa Jurídica
6.1. Lucro Real
6.2. Lucro Presumido/Arbitrado
6.3. Simples Naciona
7. Tributação dos Haveres com Lucros na Extinção da Pessoa Jurídica
7.1. Lucro Real
7.2. Lucro Presumido/Arbitrado
7.3. Simples Nacional
8. Capitalização de Lucros e Reservas

1. Introdução
Esta matéria tem por objetivo esclarecer sobre a tributação dos haveres e responsabilidade dos sócios em relação à extinção da pessoa jurídica, conforme
dispõe o Código Civil, instituído pela Lei n° 10.406/2002 e o Parecer Normativo CST n° 191/72.

2. Procedimentos de Encerramento
Para encerramento de uma empresa tem-se três situações a serem observadas: dissolução, liquidação e extinção, as quais serão abordadas abaixo.

2.1. Dissolução
A dissolução da sociedade é o ato onde é decidido pela empresa o seu encerramento, que pode ser de forma amigável ou judicial por qualquer das causas
enumeradas abaixo, de acordo com o artigo 1.033 do
Código Civil:

a) o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por
tempo indeterminado;

b) o consenso unânime dos sócios;

c) a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;

d) a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de 180 dias;

e) a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

Quando ocorre a dissolução da sociedade a mesma entra em processo de liquidação. (Código Civil, artigo 51)
ASSUNTOS DIVERSOS
Boletim Imposto de Renda n° 02 - 2ª Quinzena. Publicado em: 19/01/2022

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

A distribuição de lucros comprovada através da escrituração contábil é rendimento isento. Ressalta-se que não há incidência de imposto de renda sobre os
lucros distribuídos conforme dispõe o artigo 10 da
Lei n° 9.249/95 ou até mesmo na devolução do capital previsto no artigo 60 da
Instrução Normativa SRF
n° 11/96.

2.2. Liquidação
Neste processo, deverá realizar o ativo (procedimento de apuração dos ativos da empresa), pagar o passivo e destinar o saldo que houver para proceder-se à
partilha aos sócios dos haveres sociais e à transmissão global de todo patrimônio para um ou mais sócios. (Código Civil, artigo 1.103, inciso IV)

Assim, um dos deveres do liquidante será a liquidação de todos seus ativos e pagar todos seus passivos antes de destinar os saldos aos sócios por através
de distribuição de lucros do período e de devolução de capital. (Código Civil,
artigo 1.103)

Na liquidação, desde que respeitados os direitos dos preferenciais, será do liquidante a responsabilidade do pagamento das dívidas sociais,
proporcionalmente, sem distinção entre vencidas e vincendas. (Código Civil, artigo 1.106)

Na conclusão da liquidação, caso tenha a situação de credor não satisfeito, só terá o direito a exigir dos sócios o pagamento do seu crédito no limite da
soma por eles recebida em partilha. (Código Civil, artigo 1.110)

O parágrafo único do
artigo 1.106 do
Código Civil prevê ainda que quando o ativo for superior ao passivo, pode o liquidante, sob sua responsabilidade
pessoal, pagar integralmente as dívidas vencidas.

Quanto às obrigações e responsabilidade do liquidante, serão as mesmas dos administradores da sociedade que se liquida. (Código Civil, artigo 1.104)

2.3. Extinção
Considera-se extinção o término ou fim da sociedade com o arquivamento do distrato no órgão competente. (Parecer Normativo CST n° 191/72, item 6)

O distrato social poderá ser efetivado por escritura pública ou instrumento particular, independentemente da forma que se houver revestido o ato de
constituição.

3. Responsabilidade do Titular ou Sócio


Apesar da possível baixa ou encerramento da empresa, esta situação evidenciará a responsabilidade como titular ou sócio, conforme será analisado abaixo. 

3.1. Responsabilidade Civil


Quando ocorrer a extinção (baixa) de uma sociedade empresarial, conforme previsto pelo Código Civil nos artigos 1.033 a 1.038 e 1.102 a 1.112, no
momento do pagamento dos credores entende-se a responsabilidade estendida aos sócios, titulares e administradores.

Segundo o artigo 7°-A da


Lei n° 11.598/2007, o registro dos atos constitutivos de suas alterações e extinções (baixas), referentes a empresários e pessoas
jurídicas em qualquer órgão dos três âmbitos de governo, ocorrerá independentemente da regularidade de obrigações tributárias, previdenciárias ou
trabalhistas, principais ou acessórias, do empresário, da sociedade, dos sócios, dos administradores ou de empresas de que participem, sem prejuízo das
responsabilidades do empresário, dos titulares, dos sócios ou dos administradores por tais obrigações, apuradas antes ou após o ato de extinção.

A referida baixa não impede que, posteriormente, sejam lançados ou cobrados impostos, contribuições e respectivas penalidades, decorrentes da simples
falta de recolhimento ou da prática comprovada e apurada em processo administrativo ou judicial de outras irregularidades praticadas pelos empresários ou
por seus titulares, sócios ou administradores.

A solicitação de baixa importa responsabilidade solidária dos titulares, dos sócios e dos administradores do período de ocorrência dos respectivos fatos
geradores.

3.2. Responsabilidade Tributária


São responsáveis pelo imposto devido, os sócios da pessoa jurídica que deixar de funcionar sem proceder à liquidação, ou sem apresentar a declaração de
rendimentos no encerramento da liquidação. (RIR/2018, aprovado pelo Decreto n° 9.580/2018, artigo 196, inciso IV e
Decreto-Lei n° 1.598/77, artigo 5°)

4. Acervo Líquido
É o conjunto de bens e direitos da pessoa jurídica a ser devolvido ao titular ou sócio por ocasião do encerramento de suas atividades. (CTG 2002 - Laudo de
Avaliação Emitido por Contador, item 7, caput e letra “b”)
ASSUNTOS DIVERSOS
Boletim Imposto de Renda n° 02 - 2ª Quinzena. Publicado em: 19/01/2022

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

7. A avaliação contábil consiste na determinação do valor do patrimônio líquido da entidade em determinada data, ou de componentes
específicos do ativo líquido, (acervo líquido parcial), da entidade na mesma data.
(...)
(...)
(b) acervo líquido contábil formado por determinados ativos e passivos especificamente selecionados pela administração da entidade
solicitante do laudo de avaliação.

Assim, pode se dizer nos termos contábeis que o acervo líquido é o valor do capital investido na sociedade empresarial acrescido ou deduzido dos lucros ou
prejuízo. Desta forma, o valor do acervo líquido pode ser representado por moeda nacional ou qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação.

Quanto à tributação do acervo líquido, somente ocorrerá caso o valor investido pelo titular ou sócio exceder ao capital.

5. Apuração dos Haveres com Devolução de Bens e Direitos na Extinção da Pessoa Jurídica
Os bens e os direitos da pessoa jurídica entregues ao titular, sócio ou acionista, a título de sua participação no capital social, podem ser avaliados pelo valor
contábil ou de mercado. (Lei n° 9.249/95, artigo 22, caput e
Solução de Consulta n° 46/2013, da 6ª Região Fiscal)

5.1. Sócio Pessoa Jurídica


Quanto ao titular, sócio ou acionista pessoa jurídica, os bens e os direitos recebidos deverão ser registrados, contabilmente pelo valor contábil ou de
mercado, avaliados pela pessoa jurídica extinta. (Lei n° 9.249/95, artigo 22, caput e RIR/2018,
artigo 236)

No momento que ocorrer pelo valor de mercado, a diferença entre este e o valor contábil dos bens ou direitos devolvidos será reconhecida como ganho de
capital onde será computado nos resultados da pessoa jurídica. (Lei n° 9.249/95, artigo 22; RIR/2018, artigo 502; Instrução Normativa SRF n° 11/96, artigo
60)

5.2. Sócio Pessoa Física


No caso de titular, sócio ou acionista pessoa física, o valor a ser informado na declaração de bens será evidenciada no ano que se efetivar a devolução,
avaliado pelo valor contábil ou de mercado no ato da extinção da pessoa jurídica. (Instrução Normativa SRF n° 11/96, artigo 60, § 5°)

Na devolução pelo valor de mercado, será apurado o ganho de capital diferente do valor constante da Declaração de Ajuste Anual (DAA) onde não há
tributação sobre o ganho.

5.3. Devolução de Capital Social com Estoque da Empresa


Em relação à devolução de capital social com estoque, não há uma legislação clara que traga entendimento para ser considerada receita bruta. Desta forma,
será tributada na pessoa jurídica como receita operacional da atividade, conforme o regime adotado pela empresa. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017,
artigo 26; Instrução Normativa RFB n° 1.911/2019, artigo 26;
Lei Complementar n° 123/2006, artigo 13, caput e § 1°)

6. Tributação dos Haveres com Devolução de Bens e Direitos na Extinção da Pessoa Jurídica
Abaixo orientações tributárias segregadas por regime de tributação:

6.1. Lucro Real


O valor apurado da devolução integrará o Lucro Real, tratada como ganho de capital, quando a devolução ocorrer pelo valor de mercado. Esse resultado será
caracterizado como não operacional na demonstração de resultado da pessoa jurídica. (Lei n° 9.249/95, artigo 22, § 1° e RIR/2018, artigo 236, § 1°)

Essa disposição alcança a apuração no Lucro Real, através do: (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 39, inciso I)

a) balancete de redução e suspensão, sendo esse de forma acumulada;

b) ajuste anual, na hipótese de empresa com apuração anual; e

c) encerramento do período de apuração trimestral.

O valor do ganho de capital será acrescido através da apuração do lucro líquido do período. O resultado do ganho poderá ser verificado na conta de ganho de
capital dentro de outras receitas. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigos 39 e 177)

Não haverá incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, conforme dispõe a Lei n° 10.833/2003, artigo 1°, § 3°, inciso II.

6.2. Lucro Presumido/Arbitrado


ASSUNTOS DIVERSOS
Boletim Imposto de Renda n° 02 - 2ª Quinzena. Publicado em: 19/01/2022

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Quando o valor da devolução for realizado por valor de mercado, a diferença será tratada como ganho de capital e será computado nos resultados da pessoa
jurídica. (Lei n° 9.249/95, artigo 22, § 1°)

O valor do ganho de capital será acrescido na base de cálculo do IRPJ e adicional de 10% (se houver), recolhido ao final de cada trimestre, quando ocorrer a
apuração do IRPJ (15%), e da CSLL (9%), conforme dispõe a Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 215.

6.3. Simples Nacional


As pessoas jurídicas optantes pelo regime Simples Nacional que apurem o ganho de capital, sujeitam-se à incidência do imposto sobre a renda. (Lei
Complementar n° 123/2006, artigo 13, § 1°)

A partir de 01.01.2017, o ganho de capital auferido está sujeito à incidência de imposto sobre a renda com a aplicação das alíquotas previstas no artigo 21
da
Lei n° 8.981/95.

Percentual Ganho de Capital

15% Até R$ 5.000.000,00

17,5% De R$ 5.000.000,01 até R$ 10.000.000,00

20% De R$ 10.000.000,01 até R$ 30.000.000,00

22,5% Acima de R$ 30.000.000,00

O bem alienado com permanência na empresa após 12 meses, se enquadra no conceito de ativo imobilizado e deverá ser apurado o ganho de capital, sendo
essa a diferença positiva (ganho) ou negativa (perda/prejuízo), entre o valor pelo qual o bem ou direito houver sido alienado ou baixado e seu valor contábil,
nas alíquotas previstas no artigo 21 da
Lei n° 8.981/95.

7. Tributação dos Haveres com Lucros na Extinção da Pessoa Jurídica


Orientações conforme cada regime de tributação:

7.1. Lucro Real


Os lucros apurados a partir de 01.01.1996 estão isentos de imposto na distribuição, para as pessoas jurídicas. (Lei n° 9.249/95, artigo 10)

7.2. Lucro Presumido/Arbitrado


Os lucros ou dividendos são isentos do imposto de renda, independentemente de apuração contábil, até o valor da base de cálculo, deduzido do IRPJ, da
CSLL, da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins devidos, desde que a distribuição ocorra após o encerramento do período de apuração. (Lei n° 9.249/95,
artigo 10)

Quando a pessoa jurídica apurar o lucro líquido superior ao determinado com base em sua receita e mantiver escrituração contábil, a totalidade do lucro
líquido contábil pode ser distribuída sem incidência do imposto de renda. (RIR/2018, artigo 501, § 1°)

7.1. Simples Nacional


Os valores pagos ou distribuídos ao titular ou sócio de Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP) optante pelo Simples Nacional serão isentos
do imposto de renda na fonte. (Lei Complementar n° 123/2006, artigo 14 e Resolução CGSN n° 140/2018, artigo 145)

Assim, deverá apurar o ganho de capital, isento do imposto de renda, limitado ao valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o artigo 15 da
Lei
n° 9.249/95, sobre a receita bruta mensal, subtraído do valor devido na forma do Simples Nacional no período, relativo ao IRPJ.

Para mais esclarecimentos, indica-se a leitura da matéria: DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS - Considerações Gerais (Boletim Imposto de Renda n° 03/2021).

8. Capitalização de Lucros e Reservas


Os lucros ou reserva de lucros desde 1996, capitalizados nos últimos cinco anos, estão isentos do imposto de renda, conforme dispõe o artigo 10 da
Lei n°
9.249/99.

Assim, os valores restituídos sobre a forma de partilha deverão ser considerados como lucros ou dividendos distribuídos, não ficando sujeito à incidência do
IRRF, nem integrará a base de cálculo, tanto do IRPJ como da CSLL, do beneficiário pessoa física ou jurídica residente ou domiciliado no País ou no exterior.  
      
ASSUNTOS DIVERSOS
Boletim Imposto de Renda n° 02 - 2ª Quinzena. Publicado em: 19/01/2022

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Autor: Equipe Técnica Econet Editora

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Nos termos da Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial, bem como a produção de
apostilas a partir desta obra, por qualquer forma, meio eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos reprográficos, fotocópias ou gravações - sem
permissão por escrito, dos Autores. A reprodução não autorizada, além das sanções civis (apreensão e indenização), está sujeita as penalidades que trata
artigo 184 do Código Penal.

Essa informação foi útil?

Deixe um comentário sobre esse boletim


O seu endereço de e-mail não será divulgado. Campos obrigatórios são mercados com *

Nome *
Seu comentário
Seu nome

Email *

Seu email

Enviar Comentário

Você também pode gostar