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DE IPATINGA
1
Eva dos Reis Araújo Barbosa
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA
EDUCAÇÃO DE SURDOS
1ª edição
Ipatinga – MG
2021
2
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem
Autorização escrita do Editor.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
3
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Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos.
Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um
com uma função específica, mostradas a seguir:
4
SUMÁRIO
01
1.1 DA ANTIGUIDADE AO FINAL DA IDADE MÉDIA .................................................... 7
1.2 IDADE MODERNA E CONTEMPORÂNEA ............................................................. 10
1.3 CONGRESSO DE MILÃO DE 1880 ........................................................................ 14
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 18
02
2.1 ORALISMO............................................................................................................. 23
2.2 COMUNICAÇÃO TOTAL ....................................................................................... 25
2.3 EDUCAÇÃO BILÍNGUE .......................................................................................... 27
2.4 PEDAGOGIA SURDA ............................................................................................. 29
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 32
03
3.1 A PRIMEIRA ESCOLA ............................................................................................. 36
3.2 INSTITUIÇÕES IMPORTANTES ................................................................................ 40
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 46
04
4.1 DECLARAÇÃO DE SALAMANCA (1994) .............................................................. 51
4.2 LEI Nº 10.436 (2002) .............................................................................................. 56
4.3 DECRETO Nº 5.626 (2005) ..................................................................................... 57
4.4 LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO (2015) ................................................................... 63
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 67
05
5.1 INCLUSÃO/EXCLUSÃO EDUCACIONAIS DO ALUNO SURDO ............................. 72
5.2 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO ................................................ 77
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 80
06
6.1 O DESAFIO DAS ESCOLAS BILÍNGUES.................................................................. 85
6.2 LEI Nº 23.773 (2021) .............................................................................................. 88
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 91
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 96
5
CONFIRA NO LIVRO
6
HISTÓRIA DOS SURDOS NO MUNDO UNIDADE
Outra visão em relação às pessoas surdas é a dos gregos, para os quais “os
7
surdos não eram seres competentes, pois defendiam que o pensamento só se
desenvolvia com linguagem e para eles só a fala desenvolvia a linguagem”
(CARVALHO, 2009, p. 20). Nessa perspectiva, os surdos não recebiam educação e
não tinham direitos, pelo fato de não serem úteis à sociedade, sendo, em alguns
casos, condenados à morte. Assim, as pessoas surdas “eram marginalizadas,
juntamente com os doentes e os débeis mentais”, devido ao ideal dos gregos de
“atingir a perfeição física e intelectual, pelo que alguém sem audição era
considerado um ser imperfeito” (CARVALHO, 2009, p. 20). Por outro lado, quem
perdia a audição, mais tardiamente, já era considerado como pertencente à
sociedade.
O filósofo Aristóteles, em 355 a. C., acreditava que as pessoas nascidas
surdas eram incapazes de raciocinar, pelo fato de não terem linguagem. Alguns
anos mais tarde, o filósofo Sócrates, em 360 a. C., “considerou que era lógico e
aceitável os surdos comunicarem naturalmente usando as mãos, a cabeça e
outras partes do corpo, por estarem privados da audição” (CARVALHO, 2009, p.
20), dando início à percepção da importância da linguagem gestual para os
surdos.
Segundo Carvalho (2009, p. 21), “os romanos foram muito influenciados pelos
gregos, por isso, a sua posição em relação aos surdos era idêntica”. Nesse sentido,
eles também viam os surdos como seres imperfeitos e indignos de fazerem parte da
sociedade, chegando a jogar as crianças surdas de famílias pobres ao rio Tibre,
terceiro rio mais longo da Itália.
Em 529 d. C., foi criada uma lei, pelo imperador Justiniano, a qual
impossibilitava as pessoas surdas de herdarem propriedades, de assinar contratos e
de redigir testamentos. Essa lei, chamada de Código Justiniano, influenciado, em
grande parte, pelo Talmude, distinguia categorias diferentes de surdos, a saber:
8
Os que ficavam surdos e mudos em vida;
Os que nasciam surdos, mas não ficavam mudos;
Os que ficavam surdos em vida sem perder a fala;
Os que eram só mudos (CARVALHO, 2009, p. 22).
A partir dessa lei, uma vez que não podiam possuir propriedades nem títulos,
as heranças dos surdos passavam para seus parentes de maior proximidade. Por
outro lado, os surdos que falavam tinham seus direitos legais, podendo ter terras,
contrair matrimônio e, inclusive, redigir testamentos. Assim, de acordo com
Carvalho (2009, p. 22), “a capacidade de fala era, portanto, decisiva para o
enquadramento legal das pessoas surdas”.
Em Constantinopla, “os surdos prestavam serviço na corte interior, servindo
de pagens às mulheres”, eram explorados e serviam “como mimos para
entretenimento do sultão” (CARVALHO, 2009, p. 23). Além disso, sofriam os mesmos
impedimentos legais de Roma, por meio do código Justiniano, o qual perdurou por
muitos séculos.
Até a Idade Média, a Igreja Católica defendia que os surdos não podiam se
casar e acreditava que eles não tinham alma imortal, visto que não praticavam os
sacramentos. De acordo com Carvalho (2009, p. 23), “Santo Agostinho (354-430 d.
C.) acreditava que aqueles que tinham filhos surdos estavam a pagar pelos seus
pecados” e que “os surdos podiam aprender e transmitir conhecimento através de
gestos, que seriam equivalentes à fala para salvação da alma” (CARVALHO, 2009,
p. 23). Nesse sentido, novamente, a linguagem gestual dos surdos volta a ter
visibilidade e importância na vida dos surdos em sociedade.
9
A partir do exposto nesta seção, percebemos que, ao longo de toda a
Antiguidade, os surdos tiveram um papel social decorrente da perspectiva pela
qual foram vistos, sendo adorados como divindades e respeitados, não podendo
ser punidos por serem considerados especiais. Durante o período das civilizações
clássicas (Grega e Romana), as pessoas surdas foram vistas como incapazes, sem
direitos (como herdar propriedades, assinar contratos e se casar), e destituídos de
linguagem, estatuto que perdurou durante quase toda a Idade Média. Entretanto,
já na época medieval, surge um registro da primeira tentativa de educação de um
surdo, iniciando o interesse no ensino de pessoas surdas. Ideia que se fortaleceu
durante a Idade Moderna, como se verá adiante.
Nesse período histórico, surge o interesse pela educação dos surdos, ainda
ligado à Igreja Católica, “porque sendo os surdos vistos como seres inferiores, cabia
à Igreja olhar pela educação destes ‘desfavorecidos’” (CARVALHO, 2009, p. 39).
10
Além disso, não havia uma consciência social da necessidade de acesso à
educação pelas pessoas surdas, mas “uma preocupação econômica por parte
das famílias, em relação aos seus descendentes” (CARVALHO, 2009, p. 29).
Portanto, conforme poderá ser percebido neste material e como aponta o
historiador Paulo Vaz de Carvalho,
11
Metódicos, usava a língua de sinais na ordem gramatical do francês e adicionava
sinais inventados para palavras francesas, que não eram representadas na língua
de sinais. Assim, “os alunos conseguiam ler e escrever qualquer texto em francês
gramaticalmente correto”, quando ditado na língua de sinais (CARVALHO, 2009, p.
34). Por esse motivo, para alguns autores, L’Epée é considerado como o criador da
língua de sinais, contudo, conforme mencionamos na primeira seção, os surdos já
utilizavam uma língua gestual para se comunicar. É importante ressaltar também
que:
12
outros educadores reconheciam que existia uma língua dentro das
comunidades de surdos e que essa língua [...] devia ser utilizada na
educação das crianças surdas e os professores e educadores
poderiam ser ouvintes ou surdos desde que fossem competentes. O
curioso foi a maioria dos educadores de surdos oralistas, depois de
terem, ao longo da sua vida, tentado impor a língua oral aos surdos,
de todas as formas possíveis, acabarem por reconhecer que a
[língua de sinais] era a língua natural das pessoas surdas
(CARVALHO, 2009, p. 43).
13
Nesta seção, percebemos que a história dos surdos está diretamente
relacionada com o percurso educacional destes. Durante a Idade Moderna,
“começam a desenhar-se as duas correntes metodológicas de ensino que irão
perdurar até aos nossos dias: - o método gestual e o método oral” (CARVALHO,
2009, p. 39, grifos do autor), sendo estas acentuadas na Idade Contemporânea,
marcada pelas mudanças advindas da Revolução Francesa e da Revolução
Industrial. A imposição do método oral no ensino de surdos teve sua culminância
no Congresso de Milão de 1880, o qual é discutido na próxima seção.
14
Estados Unidos, sendo a maioria defensora do método oralista. Mesmo sem serem
convidados, alguns educadores surdos compareceram por iniciativa própria,
“porém, como não podiam votar, a sua participação não teve eficácia e, por isso,
não podiam fazer valer a sua opinião” (CARVALHO, 2009, p. 69).
O coordenador dos trabalhos, durante o evento, foi o diretor da escola de
surdos de Milão, Giulio Tarra, que foi um sacerdote ouvinte. Durante sua fala, ele
deixou clara sua posição de oralista fanático e sua visão de que a língua de sinais
não era adequada para o ensino de surdos (CARVALHO, 2009). O Congresso teve
a duração de três dias, nos quais foram elaboradas e votadas oito resoluções,
sendo elas:
(1ª) No ensino e na formação dos surdos, deveria ser preferido o uso da
língua falada e não da língua de sinais;
(2ª) O método de articulação (fala) pura deveria ser utilizado em lugar do
uso simultâneo da língua de sinais e da palavra falada;
(3ª) Os governos deveriam tomar as medidas necessárias para que todos os
surdos fossem educados;
(4ª) O ensino deveria ser realizado, primeiramente, pela palavra falada e,
em seguida, pela escrita e somente exemplos práticos de gramática deveriam ser
ensinados;
(5ª) Os educadores oralistas deveriam se empenhar na elaboração de livros
especiais para o ensino de surdos;
(6ª) Os alunos surdos deveriam se dedicar, após o período de escolarização,
para continuar desenvolvendo a conversação, a leitura, a escrita e a leitura labial,
por meio da prática;
(7ª) A idade de admissão das crianças surdas na escola seria a partir dos 8
anos, o tempo ideal de escolarização seria de 8 anos e nenhum educador de
surdos poderia ter mais de 10 alunos em sua sala de aula;
(8ª) Algumas medidas deveriam ser tomadas para dar início às resoluções
aprovadas (CARVALHO, 2009).
Segundo Carvalho (2009), apenas a terceira resolução foi aprovada por
unanimidade. A segunda resolução foi aprovada com 150 votos a favor e 16
contra. Todas as demais resoluções foram aprovadas com 160 votos a favor e 4
contra. A partir deste Congresso, “consagrou-se a tendência oralista na educação
de surdos, em todo o mundo, durante o final do século XIX e grande parte do
15
século XX” (CARVALHO, 2009, p. 66). Com o intuito de colocar as resoluções em
prática, “deu-se início a uma onda de reformas em todas as escolas de surdos na
Europa”, como o término da contratação de educadores surdos e a restrição do
tempo dedicado ao ensino de sinais, para dedicar-se ao ensino da fala, até a
substituição total da língua de sinais (CARVALHO, 2009, p. 73).
A Figura 3 apresenta um exemplo de técnica utilizada por um educador de
surdos, com o intuito de ensiná-los a falar:
16
17
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (UDESC – 2012 – adaptada) A história dos surdos, como parte da história humana,
acompanha os seus avanços e retrocessos. Considerando a linha do tempo dos
principais acontecimentos da história deste grupo, relacione as colunas abaixo:
a) 2 – 3 – 1 – 4
b) 2 – 4 – 1 – 3
c) 1 – 3 – 2 – 4
d) 2 – 4 – 3 – 1
e) 1 – 2 – 4 – 3
18
c) o Abade francês Michel L’Epée defendia o uso da língua de sinais na educação
de surdos, porém não acreditava que a língua de sinais tinha uma gramática.
d) o filósofo Platão, em 355 a. C., acreditava que as pessoas nascidas surdas eram
incapazes de raciocinar, pelo fato de serem destituídas de linguagem.
e) no congresso de Milão, ocorrido em 1880, a maioria dos educadores presentes
votou a favor de uma educação oralista.
19
a) Método gestual – Imposição do método oralista – Método oralista – Resistência
dos surdos.
b) Método oralista – Método gestual – Resistência dos surdos – Imposição do
método oralista.
c) Método gestual – Método oralista – Imposição do método oralista – Resistência
dos surdos.
d) Resistência dos surdos – Método oralista – Imposição do método oralista –
Método gestual.
e) Método gestual – Resistência dos surdos – Imposição do método oralista –
Método oralista.
(1) Jean Itard ( ) Foi casado com uma mulher surda e defendia
o método oral, sendo um grande opositor da língua
de sinais.
(2) Thomas Gallaudet ( ) Médico francês que iniciou o discurso médico
para o tratamento da surdez.
20
( ) Primeiro diretor do Instituto de Columbia para
(3) Edward Gallaudet surdos e cegos, que deu origem à Universidade de
Gallaudet.
(4) Alexander Graham Bell ( ) Fundou a primeira escola de surdos nos Estados
Unidos.
a) 2 – 4 – 3 – 1
b) 4 – 1 – 3 – 2
c) 3 – 4 – 2 – 1
d) 4 – 2 – 1 – 3
e) 2 – 3 – 1 – 4
21
e) As línguas de sinais fossem banidas na alfabetização das crianças surdas, sendo
substituída pelo método oral. Somente nas séries superiores, os professores poderiam
utilizar as línguas de sinais para ensinar os conteúdos escolares.
22
MODELOS EDUCACIONAIS PARA UNIDADE
SURDOS
2.1 ORALISMO
02
Conforme apresentado no capítulo anterior, conhecer a história dos surdos
implica em conhecer também como ocorreu seu processo de
ensino/aprendizagem, ao longo dos anos. Segundo Barbosa (2016, p. 54), os
modelos educacionais para surdos foram adotados “em diferentes épocas, por
diferentes profissionais, cada qual com seus objetivos e metas a serem
alcançados”.
O primeiro modelo educacional utilizado no ensino de surdos é denominado
Oralismo, o qual ganhou forças a partir de 1860, devido aos avanços tecnológicos
que facilitavam o aprendizado da fala pelos surdos. Assim:
23
“deficiente auditiva” (QUADROS, 1997, p. 22). Nesse sentido, o objetivo dessa
proposta é aproximar o surdo do modelo ouvinte e integrá-lo socialmente, por
meio da fala e da escrita, “sendo a língua oral vista mais como objetivo do que
como instrumento de aprendizado global de comunicação” (BERNARDINO, 2000,
p. 29).
Nessa perspectiva, os surdos são percebidos sob uma visão clínico-
terapêutica da surdez, isto é, supõe-se que o surdo precisa aprender a falar como
o ouvinte, “sustentando a ideia de dependência entre a eficácia oral e o
desenvolvimento cognitivo” (GUARINELLO, 2007, p. 30). Para tanto, são utilizadas
várias técnicas, tais como o treinamento auditivo, o desenvolvimento da fala, da
escrita e da leitura labial, conforme pode ser visto na obra de Oscar Pereira da
Silva (1886):
24
acabaram se tornando clínicas e os alunos, pacientes.
O Oralismo foi predominante, em todo o mundo, até a década de 1970,
quando o linguista americano, da Universidade de Gallaudet, William Stokoe,
publicou o artigo Sign Language structure: na outline of the visual communication
system of the American deaf, no qual demonstrou que a ASL (Língua de Sinais
Americana) é uma língua com estrutura gramatical própria e independente das
línguas orais (GUARINELLO, 2007). Segundo Goldfeld (2002, p. 31):
25
advindos do modelo oralista, e às pesquisas sobre o desenvolvimento das crianças
surdas filhas de pais surdos, a partir dos anos 1970, passou a ser adotado um
método que ficou conhecido como Comunicação Total. Este método propõe a
utilização “de gestos naturais, da língua de sinais, do alfabeto [manual], da
expressão facial, da fala e dos aparelhos de amplificação sonora para transmitir
linguagem, vocabulário, conceitos e ideias” (GUARINELLO, 2007, p. 31).
Segundo Goldfeld (2002), a Comunicação Total surgiu a partir do trabalho
de Dorothy Schifflet, que era professora e mãe de surdo e começou a utilizar um
método combinado, denominado como Total Aproach (Abordagem Total).
Posteriormente, o método foi adotado por Roy Holcom, o qual o rebatizou de Total
Communication e deu origem à abordagem da Comunicação Total (GOLDFELD,
2002).
Os profissionais que atuam na perspectiva da Comunicação Total têm uma
visão diferenciada do surdo em relação aos oralistas, isto é, o surdo “não é visto
apenas como um portador de uma patologia de ordem médica, que deveria ser
eliminada, mas sim como uma pessoa”, pois a surdez é encarada “como uma
marca que repercute nas relações sociais e no desenvolvimento afetivo e
cognitivo dessa pessoa” (GOLDFELD, 2002, pp. 38-39).
Como o próprio nome já diz, a Comunicação Total privilegia a
comunicação e a interação por meio de vários recursos, sendo que o aprendizado
de uma língua não é o objetivo principal. Dessa forma, surgiram algumas críticas
em relação ao uso desse método na educação de surdos, principalmente no que
diz respeito ao uso da língua de sinais na mesma estrutura da língua oral,
formando, assim, um sistema artificial, chamado de bimodalismo (QUADROS, 1997).
Conforme aponta Guarinello (2007, p. 32):
26
(GOLDFELD, 2002, p. 42). Contudo, a língua de sinais não é utilizada plenamente
como língua natural e adquirida espontaneamente pela comunidade surda,
carregando uma cultura própria. Ao invés disso, tal método “cria recursos artificiais
para facilitar a comunicação e a educação dos surdos, que podem provocar uma
dificuldade de comunicação entre surdos que dominam códigos diferentes da
língua de sinais” (GOLDFELD, 2002, p. 42).
A partir dos anos 1980 e 1990, os movimentos sociais de minorias ganharam
mais força e conseguiram cada vez mais adeptos, em todo o mundo, e os surdos
“passaram a reivindicar o direito de usar a língua de sinais como primeira língua
(L1) e de aprender a língua majoritária como segunda língua (L2)” (GUARINELLO,
2007, p. 32), o que será discutido na próxima seção.
27
único objetivo educacional do surdo nem como uma possibilidade de minimizar as
diferenças causadas pela surdez” (GOLDFELD, 2002, p. 43).
28
identidade surda, mediante uma identificação cultural (QUADROS, 1997).
Em relação ao ensino da língua majoritária do país, “a proposta bilíngue
para surdos concebe o seu desenvolvimento baseado em técnicas de ensino de
segundas línguas”, partindo “das habilidades interativas e cognitivas já adquiridas
pelas crianças surdas diante das suas experiências naturais com a [língua de
sinais]” (QUADROS, 1997, p. 29). O ensino da L2 deve ser focado no uso e no
desenvolvimento da língua escrita, a partir da leitura e da produção de textos
escritos. Ademais, devem-se levar em consideração os aspectos culturais da
comunidade surda e o impedimento auditivo vivenciado pelas pessoas surdas,
Assim, conforme enfatiza Quadros (1997, p. 28), não é viável seguir uma
proposta puramente bilíngue, isto é, “uma proposta educacional, além de ser
bilíngue, deve ser bicultural para permitir o acesso rápido e natural da criança
surda à comunidade ouvinte”, de modo que “ela se reconheça como parte de
uma comunidade surda” e possa exercer sua cidadania na comunidade ouvinte
onde está inserida.
29
se “sobre os pilares da visualidade, ou seja, tem no signo visual seu maior aliado no
processo de ensinar e aprender” (CAMPELLO, 2008, p. 10).
A Pedagogia Surda “defende que a criança surda deve ter aulas ministradas
em Libras por professores surdos desde a educação infantil”, assim, é imprescindível
a presença do professor surdo na instituição de ensino (STREIECHEN et al, 2017, p.
98). Nesse sentido, é muito importante o contato precoce com a língua de sinais,
de modo que, quando a criança adquirir a idade para ingressar na educação
básica (nível de alfabetização), ela já estará se comunicando naturalmente em
sua L1 “e só precisará aprender os conteúdos que serão explicados por meio da
Libras, assim como ocorre com as crianças ouvintes” (STREIECHEN et al, 2017, p. 98).
Portanto, a Pedagogia Surda tem “uma forma estratégica cultural e
linguística de como transmitir a própria representação de objeto, de imagem e de
língua cuja natureza e aspecto são precisamente de aparato visual” (CAMPELLO,
2008, p. 14). Esse modelo de ensino prioriza a visualidade do surdo, ou seja, o modo
como ele compreende o mundo a sua volta, a partir do uso da visão, sendo este
um indivíduo totalmente visual. Assim, a Pedagogia Visual “dá ênfase à educação
na diferença, por meio da mediação intercultural e ajuda na construção da
identidade do surdo” (STREIECHEN et al, 2017, p. 99).
Segundo Streiechen e colaboradores (2017, p. 99), a Pedagogia Surda é o
método de ensino desejado pela comunidade surda, porque:
Conforme aponta Barbosa (2016, p. 56), “embora pareça que cada uma
dessas abordagens de ensino de surdos [...] foi sucedida por outra abordagem e se
extinguiu, na realidade, não foi isso que aconteceu”. Na verdade, atualmente,
todas elas convivem, tanto no Brasil quanto no mundo, “e pode-se dizer que todas
têm relevância e representatividade no trabalho com surdos” (GOLDFELD, 2002, p.
33).
A próxima unidade apresenta alguns acontecimentos importantes que
marcaram a história da educação de surdos no contexto do Brasil.
30
31
FIXANDO O CONTEÚDO
I. “Baseado em muitas técnicas, seu foco principal era desenvolver a fala e a leitura
orofacial. O pressuposto básico era de quem sem essas competências, o surdo não
poderia se comunicar. A língua de sinais era proibida”.
II. “Considerada uma situação intermediária, essa abordagem não descartava a
utilização da língua de sinais. Baseava-se na premissa básica de que toda forma de
comunicação era válida, sendo que nenhum método deveria ser enfatizado ou
proibido”.
III. “Abordagem que prevê a aquisição precoce da língua de sinais, sem descartar
a necessidade de desenvolvimento da língua da sociedade a qual o surdo
pertence. A fala é vista como uma possibilidade, e não como uma necessidade, e
seu ensino não é mais o objetivo principal da escola. Está ancorada nos princípios
de valorização multicultural e das identidades surdas”.
32
b) Oralismo e Comunicação Total.
c) Oralismo e Educação Bilíngue.
d) Educação Bilíngue e Pedagogia Surda.
e) Comunicação Total e Mediação Intercultural.
3. (IBC – 2014 – adaptada) O professor de escola bilíngue para surdos tem como
características necessárias:
a) intercultural.
b) psicossocial.
c) integracionista.
d) socioantropológica.
e) sociointeracionista.
33
5. (Prefeitura Municipal de Florianópolis – 2011) No contexto da educação de
surdos, sob uma perspectiva de Educação Bilíngue, é correto afirmar:
a) Comunicação Total.
b) Educação Bilíngue.
c) Oralismo.
d) Língua de Sinais.
e) Interacionismo.
34
conceito mais importante deste modelo educacional é de que “os surdos formam
uma comunidade, com cultura e íngua próprias. A noção de que o surdo deve, a
todo custo, tentar aprender a modalidade oral da língua para poder se aproximar o
máximo possível do padrão de normalidade é rejeitada”. O modelo educacional
citado é:
a) Educação Cultural.
b) Comunicação Oral.
c) Comunicação Total.
d) Oralismo.
e) Educação Bilíngue.
35
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE UNIDADE
SURDOS NO BRASIL
36
Os seguintes pré-requisitos eram necessários para o ingresso no instituto:
37
Após um ano e meio do envio do relatório a D. Pedro II, por E. Huet, a
solicitação de funcionamento no modelo público foi atendida, “por meio da Lei
939 de 26 de setembro de 1857 que fixava a despesa e orçava a receita do Império
para os exercícios de 1858-1859” (ROCHA, 2008, p. 31).
Assim, no mês de outubro de 1857, o instituto passou para uma casa mais
ampla, a qual continha mais recursos. Nos documentos do IISM, consta que E. Huet
abdicou seu cargo de diretor no dia 13 de dezembro de 1861. Após sua saída,
outros nomes importantes assumiram a função de direção. Alguns exemplos são
apresentados no Quadro 1:
38
língua que os caracterizavam como filhos de um país”
(ROCHA, 2008, p. 91).
Alternância dos
Foram tomadas iniciativas relacionadas ao ensino
diretores Rodolpho
profissionalizante dos alunos surdos, uma mudança
da Cruz Rolão,
1961 a 1964 significativa em direção ao ensino nos moldes da
Pedro Eziel Cylleno e
educação regular e a presença de representantes
Euclides Alberto
surdos nas reuniões pedagógicas.
Braga e Silva
Em sua gestão, foi inaugurado o Serviço de Educação
Dr. Marino Gomes Precoce, com o intuito de diagnosticar precocemente
1969 a 1977
Ferreira a surdez para melhorar o prognóstico educacional da
criança surda.
Em sua gestão, foi expedido um documento no qual
Heleton Saraiva
1977 a 1980 constava a preocupação com o índice de repetência
O’Reilly
dos alunos surdos.
Sua nomeação foi recebida com muita alegria, visto
Lenita de Oliveira que a professora “compreendia a importância da
1985 a 1990
Viana comunicação pelos gestos para os surdos” (ROCHA,
2008, p. 119).
Ambas eram professoras da pré-escola do Instituto.
Segundo Rocha (2008, p. 128), “o período
Leni de Sá Duarte
1992 a 1999 correspondente a essas duas últimas gestões guarda
Barbosa e Stny
e 1999 a um nexo importante com a segunda metade dos anos
Basílio Fernandes
2006 80 e com o fim do uso clandestino da língua de sinais
dos Santos
nas relações sociais e de ensino no [Instituto]”.
39
importantes foram criadas em todo o Brasil, conforme será apresentado na próxima
seção.
40
reconhecimento da Libras, a educação de surdos no IST passou a seguir uma
filosofia bilíngue, tendo como objetivo principal o desenvolvimento linguístico-
cognitivo dos alunos surdos e seu acesso à Libras como L1 e ao português escrito
como L2.
41
Além do Rio de Janeiro, com a criação do INES, e de São Paulo, com o IST, o
Instituto Helen Keller e o Instituto São Paulo, outro estado do Brasil que se destaca
pelas escolas voltadas para surdos é Minas Gerais, principalmente na cidade de
Belo Horizonte. Uma das instituições importantes é o Instituto Santa Inês (ISI), fundado
em 1938, pela Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário. Nos
primeiros anos, a escola defendeu o uso da linguagem oral, mas, com o passar dos
anos, a Libras foi sendo inserida na comunicação e no ensino de surdos
(RODRIGUES, 2008). O ISI foi mantido, durante muitos anos, por doações e pelo
dinheiro arrecadado em eventos organizados pela própria escola. Contudo, o
Instituto precisou ser fechado, por problemas financeiros.
Segundo Barbosa (2016, p. 53):
[...] outra instituição mineira [...] foi a Clínica Fono, fundada em 1979,
com o objetivo inicial de promover o desenvolvimento sensorial e
psicológico das pessoas surdas e que, posteriormente, assumiu uma
função educacional e passou a ser chamada Clínica Escola Fono,
iniciando com a proposta oralista e, depois, passando a utilizar a
Comunicação Total.
42
Dentre as escolas mencionadas por Rodrigues (2008), podemos citar: a
Escola Estadual José Bonifácio, em 1996; a Escola Estadual Maurício Murgel, em
1999; a Escola Municipal Arthur Versiani Velloso e a Escola Municipal Paulo Mendes
Campos, em 1998. Além das instituições de ensino, também é importante citar a
criação da Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (Feneis),
tema da próxima seção.
43
Figura 7: Logo da Feneis
44
45
FIXANDO O CONTEÚDO
Assinale a opção que indica a escola para surdos a que se refere o fragmento
acima.
46
Marque a opção que apresenta a sequência correta.
a) V - F - V - F.
b) V - V - V - F.
c) V - F - V - V.
d) F - V - F - F.
e) F - F - F - F
3. (AMAUC – 2017 – adaptada) No Brasil, a educação dos surdos teve início durante
________________________, com a chegada do educador francês
________________________, ex-aluno surdo do Instituto de Paris. Neste período, deu-se
origem a Língua Brasileira de Sinais com grande influência da Língua de Sinais
Francesa.
I – O Dr. Tobias Rabello Leite teve como meta principal oferecer um ensino
profissionalizante aos surdos.
II – O Dr. Custódio Ferreira Martins ampliou as dependências da instituição e criou
uma ala feminina.
III – A professora Lenita de Oliveira Viana retomou a prática e a implementação das
bases do método oral Puro à escola.
IV – Na gestão do Dr. Marino Gomes Ferreira, foi inaugurado o Serviço de Educação
Precoce.
47
Assinale a alternativa que apresenta a resposta correta:
a) O Instituto Santa Terezinha foi criado em 1929, na cidade de São Paulo, pelas
Irmãs da Congregação de Nossa Senhora do Calvário. Em 1933, a escola foi
transferida para Campinas, em um prédio próprio, construído em um terreno
doado.
b) O Instituto Helen Keller e o Instituto Educacional São Paulo foram fundados em
1950, pela iniciativa da Rede Municipal. Atualmente, o Instituto Educacional São
Paulo está vinculado à PUC-SP, sendo denominado Divisão de Educação e
Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação (DERDIC).
c) O Instituto Santa Inês foi fundado em 1940, e Belo Horizonte/MG, pela
Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário e sempre adotou o
modelo bilíngue na educação dos surdos.
d) A Escola Estadual Francisco Sales, antes denominada Instituto de Deficiência da
Fala e da Audição, foi inaugurado em 1980, em Belo Horizonte, empregando, desde
o início, o método de ensino da Comunicação Total.
e) A Escola Estadual José Bonifácio e a Escola Estadual Maurício Murgel, ambas
fundadas em MG, são exemplos de instituições que foram fortemente influenciadas
pelo Oralismo, método que continua sendo utilizado até hoje nas escolas.
6. (UFU – 2016 – adaptada) Libras é a sigla utilizada para a Língua Brasileira de Sinais.
A Feneis sempre teve papel importante para que esta sigla fosse difundida e usada
no meio acadêmico. O que significa a sigla Feneis?
48
a) Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos.
b) Federação Inclusiva de Surdos e Intérpretes.
c) Federação Nacional de Educação.
d) Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e
Guia de intérpretes de Língua de Sinais.
e) Federação Nacional de Ensino e Inclusão de Surdos.
7. A fundação da Feneis foi um fato marcante na história dos surdos, que passaram
a lutar pelos seus direitos linguísticos, sociais e educacionais. Antes de receber este
nome, a Federação foi denominada:
a) A Feneis tem papel unicamente social, por meio da promoção de eventos que
angariam recursos para a distribuição de insumos (itens de higiene pessoal,
alimentos, roupas, entre outros) para a população surda menos favorecida.
b) O objetivo principal da Feneis é oferecer um serviço de treinamento auditivo,
além de acompanhamento com fonoaudiólogo e o acesso a aparelhos auditivos
de qualidade para toda a comunidade surda.
c) Os serviços oferecidos pela Feneis são voltados para os surdos que apresentem
laudo médico, comprovando a perda auditiva em 91 decibéis (surdez profunda).
d) Nas filiais da Feneis, por todo o Brasil, são oferecidos cursos de graduação para
professores de português como segunda língua para surdos, reconhecidos pelo
MEC.
49
e) A Feneis tem como objetivo promover a difusão da Libras e o reconhecimento
da Cultura Surda, além de promover a inserção dos surdos no mercado de
trabalho, de desenvolver ações educativas e oferecer atividades de ação social
para crianças e para a terceira idade.
50
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E SURDEZ UNIDADE
51
governantes, os deveres das instituições internacionais, além do reconhecimento
ao governo da Espanha e à UNESCO, pela iniciativa de realização da Conferência.
Em relação aos direitos educacionais das crianças, o documento prevê que:
52
princípios. O primeiro tópico, intitulado “Estrutura de ação em Educação Especial”,
tem como objetivo:
53
o mérito de tais escolas não reside somente no fato de que elas
sejam capazes de prover uma educação de alta qualidade a todas
as crianças: o estabelecimento de tais escolas é um passo crucial no
sentido de modificar atitudes discriminatórias, de criar comunidades
acolhedoras e de desenvolver uma sociedade inclusiva
(SALAMANCA, 1994, p. 04).
54
estratégias de ensino, uso de recurso e parceria com as
comunidades (SALAMANCA, 1994, p. 05).
55
4.2 LEI Nº 10.436 (2002)
56
o sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais,
municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos
de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de
Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua
Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros
Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente (BRASIL,
2002).
57
Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profissionais
intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-
intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à
pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de
comunicação (BRASIL, 2000).
Conforme pode ser percebido, no artigo acima, visto que a Lei nº 10.098 foi
sancionada antes do reconhecimento da Libras como língua do povo surdo
brasileiro, esta ainda foi nomeada erroneamente como “linguagem de sinais”.
Inicialmente, o Decreto 5.626 aponta o conceito de pessoa surda no qual a
legislação se baseia, sendo esta considerada como aquela que, “por ter perda
auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais,
manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais”
(BRASIL, 2005, s. p.). Outro conceito apresentado é o de perda auditiva, sendo
considerado como “a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis
(dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e
3.000Hz” (BRASIL, 2005).
Após esse primeiro capítulo de Disposições Preliminares, o Decreto é dividido
em outros oito capítulos. No Capítulo II, nomeado “Da Inclusão da Libras como
Disciplina Curricular”, são apresentadas, de maneira mais detalhada e englobando
mais cursos de graduação do que na Lei nº 10.436 (2002), as orientações para a
inserção da Libras nos cursos superiores. Segundo o artigo 3º,
58
Libras/Língua Portuguesa como segunda língua” (BRASIL, 2005). Para a educação
infantil e os anos iniciais do ensino fundamental, tal formação deve ser realizada
em “curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua
Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a
formação bilíngue” (BRASIL, 2005). Em todos os cursos de formação de professores,
as pessoas surdas têm prioridade, conforme aponta o Decreto.
Em relação à formação de instrutores de Libras, em nível médio, o
documento prevê que esta pode ser realizada em:
59
Sobre o certificado de proficiência em Libras, o Decreto prevê que este
deveria ser realizado “anualmente, pelo Ministério da Educação e instituições de
educação superior por ele credenciadas para essa finalidade” (BRASIL, 2005, s. p.).
Tal certificação habilitaria o instrutor ou o professor para a função docente. O
último exame de certificação, denominado Prolibras, foi realizado em 2015,
conforme previa o Decreto. A partir deste ano, a proficiência em Libras passou a
ser realizada via cursos profissionalizantes, de capacitação ou graduação,
oferecidos por instituições autorizadas pelo MEC.
Este capítulo do Decreto também é importante por prever programas
específicos para criação de cursos de graduação que devem ser implementados
pelo MEC, a saber:
60
aula e nas salas de recursos (no contraturno);
5) Apoio ao uso e à difusão da Libras na comunidade escolar (corpo docente,
alunos, funcionários, direção e familiares), por exemplo, por meio de cursos;
6) Adaptação dos métodos de avaliação, tornando-os coerentes com o
aprendizado de segunda língua;
7) Criação e adoção de mecanismos de avaliação para atividades realizadas
em Libras (registradas em vídeo ou outros recursos tecnológicos);
8) Disponibilização de equipamentos tecnológicos e acesso às tecnologias
digitais.
61
I - escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e
ouvintes, com professores bilíngues, na educação infantil e nos anos
iniciais do ensino fundamental;
II - escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino,
abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino
fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes
das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade
linguística dos alunos surdos, bem como com a presença de
tradutores e intérpretes de Libras - Língua Portuguesa (BRASIL, 2005).
62
Libras, bem como para a defesa da educação bilíngue e do ensino de português
como segunda língua para alunos surdos brasileiros.
De acordo com Gabrilli (2016, p. 12), a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) “não é
um compilado de Leis, mas sim um documento que altera algumas já existentes
para harmonizá-las à Convenção Internacional”. Isso quer dizer que a LBI alterou o
conceito de deficiência ou o incluiu nos documentos que não o citavam em seu
texto. Algumas dessas leis são: Código Eleitoral, Código de Defesa do Consumidor,
Estatuto das Cidades, Código Civil e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Na perspectiva da LBI, a deficiência deixa de ser “entendida como uma
condição estática e biológica da pessoa” e passa a ser vista “como o resultado da
interação das barreiras impostas pelo meio com as limitações de natureza física,
mental, intelectual e sensorial do indivíduo” (GABRILLI, 2016, p. 12). Isso quer dizer
que:
63
Quadro 2: Conceitos importantes para aplicação da LBDI
Conceito Definição
Possibilidade e condição de alcance para utilização, com
segurança e autonomia, de espaços, mobiliários,
equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e
comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem
Acessibilidade
como de outros serviços e instalações abertos ao público, de
uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana
como na rural, por pessoa com deficiência ou com
mobilidade reduzida.
Concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a
serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de
Desenho Universal
adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de
tecnologia assistiva.
Produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a
Tecnologia Assistiva funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da
ou Ajuda Técnica pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando
à sua autonomia, independência, qualidade de vida e
inclusão social.
Qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que
limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como
o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à
acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à
Barreiras
comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à
circulação com segurança, entre outros, classificadas em:
urbanísticas, arquitetônicas, nos transportes, nas
comunicações e na informação, atitudinais e tecnológicas.
Forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras
opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais
(Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de
sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados,
Comunicação os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples,
escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz
digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e
alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da
informação e das comunicações.
Adaptações, modificações e ajustes necessários e adequados
que não acarretem ônus desproporcional e indevido, quando
Adaptações requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa
Razoáveis com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de
condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os
direitos e liberdades fundamentais.
Conjunto de objetos existentes nas vias e nos espaços públicos,
superpostos ou adicionados aos elementos de urbanização ou
de edificação, de forma que sua modificação ou seu traslado
Elemento de não provoque alterações substanciais nesses elementos, tais
Urbanização como semáforos, postes de sinalização e similares, terminais e
pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes de
água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quaisquer
outros de natureza análoga.
Conjunto de objetos existentes nas vias e nos espaços públicos,
superpostos ou adicionados aos elementos de urbanização ou
Mobiliário Urbano
de edificação, de forma que sua modificação ou seu traslado
não provoque alterações substanciais nesses elementos, tais
64
como semáforos, postes de sinalização e similares, terminais e
pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes de
água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quaisquer
outros de natureza análoga.
Aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de
movimentação, permanente ou temporária, gerando redução
Pessoa com
efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação
mobilidade reduzida
motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante,
pessoa com criança de colo e obeso.
Unidades de oferta do Serviço de Acolhimento do Sistema
Único de Assistência Social (Suas) localizadas em áreas
residenciais da comunidade, com estruturas adequadas, que
Residências possam contar com apoio psicossocial para o atendimento
inclusivas das necessidades da pessoa acolhida, destinadas a jovens e
adultos com deficiência, em situação de dependência, que
não dispõem de condições de autossustentabilidade e com
vínculos familiares fragilizados ou rompidos.
Moradia para vida Moradia com estruturas adequadas capazes de proporcionar
independente da serviços de apoio coletivos e individualizados que respeitem e
pessoa com ampliem o grau de autonomia de jovens e adultos com
deficiência deficiência.
Pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem
remuneração, assiste ou presta cuidados básicos e essenciais
à pessoa com deficiência no exercício de suas atividades
Atendente pessoal diárias, excluídas as técnicas ou os procedimentos
identificados com profissões legalmente estabelecidas.
Pessoa que exerce atividades de alimentação, higiene e
locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as
Profissional de apoio atividades escolares nas quais se fizer necessária, em todos os
escolar níveis e modalidades de ensino, em instituições públicas e
privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos
identificados com profissões legalmente estabelecidas.
Aquele que acompanha a pessoa com deficiência, podendo
Acompanhante
ou não desempenhar as funções de atendente pessoal.
Fonte: Brasil (2015)
65
acompanhar e avaliar a “oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira
língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em
escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas” (BRASIL, 2015, s. p.),
evidenciando o que foi proposto inicialmente no Decreto nº 5.626 (2005). Para
tanto, a Lei prevê a “formação e disponibilização de professores para o
atendimento educacional especializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de
guias intérpretes e de profissionais de apoio”, além da oferta do ensino da língua
de sinais e do “uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar
habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua autonomia e
participação” (BRASIL, 2015, s. p.).
A LBI também se preocupa com a formação, a atuação e a presença do
profissional tradutor/intérprete de Libras, o qual deve estar disponível nas
instituições de educação básica e ensino superior. Ademais, a Lei prevê a
tradução completa de editais e retificações de provas e concursos; a presença da
janela com intérprete de Libras nos serviços de radiodifusão de sons e imagens,
além da adaptação e da produção de artigos científicos em formato acessível.
Portanto, a Lei Brasileira de Inclusão é uma legislação muito importante em
nosso país, não somente para a comunidade surda, mas para todas as pessoas
com deficiência, por trazer vários avanços, para as áreas de educação, transporte,
saúde e comunicação, garantindo os direitos e a dignidade dessa população.
66
FIXANDO O CONTEÚDO
67
3. (COVEST-COPSET – 2019) O Art. 1º da Lei nº 10.436/2002 trata do reconhecimento
da Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação das pessoas surdas
e:
68
cientes da singularidade linguística dos alunos surdos, bem como com a presença
de tradutores e intérpretes de Libras/Língua Portuguesa.
III) Escolas especiais, que funcionarão exclusivamente para o atendimento
especializado dos alunos surdos, durante meio período, com profissionais
especializados, buscando formar cidadãos bilíngues: Libras e Língua Portuguesa.
69
b) Exerça atividades de alimentação, higiene e locomoção do estudante e atua
em todas as atividades escolares, nas quais se fizer necessária, em todos os níveis e
modalidades de ensino, em instituições públicas e privadas, excluídas as técnicas
ou os procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas.
c) Busque o reconhecimento e a valorização das suas diferenças e
potencialidades, bem como de suas necessidades educacionais especiais no
processo de ensino e aprendizagem.
d) Tenha impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as
demais pessoas.
70
e) Todas as afirmativas estão corretas.
71
POLÍTICAS DA INCLUSÃO E DA UNIDADE
EXCLUSÃO EDUCACIONAIS
72
abordagem pedagógica que julgarem adequada, ouvidos os
profissionais especializados em cada caso (BRASIL, 2001, s. p.).
73
Figura 8: Entendimento e oferta da educação especial
74
• na delimitação de objetivos educacionais gerais;
• na organização da escola;
• na programação das atividades;
• na troca de informações entre os professores;
• na forma de comunicação entre comunidade escolar/alunos
surdos;
• na presença de professores/profissionais de apoio;
• no desenvolvimento da proposta curricular;
• na metodologia utilizada em sala de aula;
• nos critérios de avaliação dos alunos (BRASIL, 2006)
75
quando se opta pela inserção do aluno surdo na escola regular,
esta precisa ser feita com cuidados que visem garantir sua
possibilidade de acesso aos conhecimentos que estão sendo
trabalhados, além do respeito por sua condição linguística e,
portanto, de seu modo peculiar de ser no mundo. Isso não parece
fácil de ser alcançado e, em geral, vários desses aspectos não são
contemplados nas experiências inclusivas em desenvolvimento, pois
a criança surda, com frequência, não é atendida em sua condição
sociolinguística especial, não são feitas alterações metodológicas
que levem em conta a surdez, e o currículo não é repensado,
culminando em um desajuste educacional (LODI; LACERDA, 2010, p.
15).
76
5.2 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
77
três momentos didático-pedagógicos, apresentados no Quadro 3:
Nesse sentido, conforme aponta Santos (2013, p. 07), o AEE “cumpre seu
papel enquanto espaço de promoção das condições de acesso, participação
78
plena e aprendizagem no ensino regular”. Ademais, “ele objetiva também fomentar
a produção e uso de recursos didático-pedagógicos que desfaçam as barreiras
epistemológicas do aluno”, o que garante “a continuidade de seus estudos nos
demais níveis de ensino” (SANTOS, 2013, p. 07).
Assim, é importante destacar que, apesar de a escolar regular ainda não ter
apresentado as condições necessárias para que ocorra a inclusão efetiva do
estudante surdo, bem como seu desenvolvimento global, algumas iniciativas, tal
qual o AEE, acabam suprindo a carência do ensino de surdos na perspectiva da
educação bilíngue, principalmente em relação à aquisição e ao uso da Libras
como primeira língua.
79
FIXANDO O CONTEÚDO
a) A educação especial
b) O atendimento educacional
c) A sala de aula comum
d) O sistema de ensino
e) A educação bilíngue
a) Declaração de Guatemala.
b) Lei Mundial de Educação para Todos.
c) Declaração de Salamanca.
d) Lei Europeia da Pessoa Portadora de Deficiência.
e) Declaração de Barcelona.
80
b) O desenvolvimento da língua escrita e a reabilitação da fala, a partir de sessões
de fonoaudiologia.
c) O desenvolvimento da leitura labial, para que o aluno surdo possa compreender
o que é falado pelo professor e pelos colegas ouvintes.
d) O uso exclusivo da língua de sinais, meio pelo qual o aluno deve ter acesso a
todos os componentes curriculares.
e) O desenvolvimento da leitura e da escrita em língua portuguesa e o uso de
recursos visuais, como gestos e mímica, para a comunicação.
81
a) É uma proposta prevista na Lei Brasileira de Inclusão, publicada no ano de 2015,
a partir dos movimentos em prol da educação inclusiva.
b) É voltada para o desenvolvimento do português, como primeira língua, e da
Libras, como segunda língua, dos estudantes surdos.
c) É compreendida como um conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e
pedagógicos organizados institucional e continuamente.
d) É um direito adquirido pelo aluno surdo e deve ser desenvolvido no mesmo turno
no qual o aluno estuda.
e) É um tipo de atendimento realizado, duas vezes por semana, com o intuito de
treinar a oralidade e a escrita do aluno surdo em língua portuguesa.
82
7. (IF Baiano – 2017 – adaptada) Os alunos com surdez são observados por todos os
profissionais que, direta ou indiretamente, trabalham com eles. Focaliza-se a
observação nos seguintes aspectos:
83
( ) Os alunos com surdez terão aulas em Libras favorecendo o conhecimento e a
aquisição, principalmente de termos científicos.
( ) Todos os conhecimentos dos diferentes conteúdos curriculares são explicados
nessa língua por um professor, preferencialmente surdo.
( ) São trabalhadas as especificidades da língua portuguesa para pessoas com
surdez, devendo esse trabalho ser realizado todos os dias, no contraturno, por um
professor graduado em Letras/Português.
( ) Esse trabalho é realizado pelo professor e/ou instrutor de Libras
(preferencialmente surdo), de acordo com o nível de desenvolvimento da Libras em
que o aluno se encontra.
a) 1, 2, 3, 1.
b) 2, 1, 3, 2.
c) 3, 2, 1, 3.
d) 2, 1, 2, 3.
e) 3, 1, 2, 1.
84
EDUCAÇÃO DE SURDOS NA UNIDADE
ATUALIDADE
85
garantirem “o direito de terem um espaço escolar que respeite a sua língua natural”
(SANTOS; LOURENÇO, 2014, p. 07).
a Nota não mencionar que a Libras deve ser língua de instrução dos
surdos na sala de aula comum, nem que ela deve ser objeto de
ensino. Os aspectos culturais imbricados na educação de surdos,
previstos no Decreto e na Convenção, não recebem o devido
espaço nessa proposta (OLIVEIRA; SILVA, 2014, p. 15).
86
De acordo com Freire, Felix e Moura (2017, p. 1286), para que uma escola
que atende aos estudantes surdos funcione bem, o ideal
87
lecionando seus conteúdos em Libras, facilitando, assim, a
transmissão de conhecimentos, trazendo desenvolvimento e
capacitações para o aluno surdo.
88
Parágrafo único – Para efeito desta lei, consideram-se escolas
bilíngues em Libras e Língua Portuguesa aquelas em que a Libras e a
modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam utilizadas como
línguas de instrução no desenvolvimento de todo o processo
educativo (BRASIL, 2021).
89
prioritário, nas escolas bilíngues, dos alunos e das famílias de alunos cegos e
surdocegos; as adaptações no currículo escolar, priorizando a autonomia dos
estudantes surdos; a contratação de profissionais capacitados, bem como a
preferência por professores de Libras surdos; a disponibilização de recursos
tecnológicos que viabilizem a comunicação; a participação das famílias e dos
alunos surdos nas tomadas de decisão, inclusive em relação à escolha pelo modelo
de ensino bilíngue; bem como a preocupação com o uso e a divulgação da língua
de sinais para a comunidade escolar.
Percebemos que muito ainda deve ser feito em relação ao processo de
ensino-aprendizagem dos alunos surdos, em uma perspectiva bilíngue e bicultural.
Alguns exemplos de ações que deveriam ser realizadas são: a produção de
materiais didáticos que atendam às necessidades linguístico-culturais desses
estudantes, a criação de propostas curriculares específicas para esse contexto de
ensino; a capacitação e a formação de continuada de professores, entre outros.
Contudo, percebemos que as legislações, tais como a Lei nº 23.773 (2021) e as
demais apresentadas neste material, de fato, são iniciativas importantes e
necessárias para promoção dos direitos dos surdos à educação bilíngue oferecida
em uma escola bilíngue.
90
FIXANDO O CONTEÚDO
91
3. Após as mobilizações realizadas pelo “Movimento Surdo”, o Ministério da
Educação encaminhou uma Nota Técnica à Feneis. Qual das opções abaixo
apresenta o conteúdo deste documento?
4. Após receber a Nota Técnica 05/2011, enviada pelo MEC, a Feneis redigiu uma
nota de esclarecimento sobre a educação bilíngue para surdos, discutindo pontos
que divergem do que prevê o Decreto nº 5.626 (2005) e a Convenção sobre os
Direitos da Pessoa com Deficiência (2006). O principal ponto de divergência,
segundo a Feneis, é:
a) A Nota não prevê a presença do profissional intérprete de Libras na sala de aula
comum.
b) A Nota apresenta como obrigatório o ensino do português escrito como primeira
língua e da Libras como segunda língua.
c) A Nota obriga que todos os alunos surdos devem estudar em escolas especiais,
não podendo ser matriculados em escolas regulares.
d) A Nota prevê que apenas os surdos podem trabalhar como docentes nas
escolas bilíngues.
e) A Nota não menciona que a Libras deve ser a língua de instrução dos surdos na
sala de aula comum, nem que ela deve ser objeto de ensino.
92
a) Outubro Rosa.
b) Agosto Dourado.
c) Setembro Azul.
d) Setembro Amarelo.
e) Novembro Azul.
a) Escola Municipal de Educação Bilíngue para Surdos Helen Keller, em São Paulo.
b) Escola Estadual Maurício Murgel, em Belo Horizonte.
c) Escola Municipal Santa Terezinha, em Goiás.
d) Instituto São Jerônimo, no Rio de Janeiro.
e) Escola Estadual Ernest Huet, em Santa Catarina.
8. A Lei nº 23.773 (2021) apresenta algumas diretrizes que devem ser seguidas para a
criação de escolas bilíngues no estado de Minas Gerais. Dentre essas diretrizes,
podem ser citadas:
93
II – O atendimento prioritário aos alunos surdocegos, surdos, filhos de pais surdos ou
surdocegos e familiares de surdos e surdocegos.
III – Garantia de participação dos alunos e de suas famílias no processo de tomada
de decisões e no funcionamento das escolas.
94
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 E QUESTÃO 2 B
QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 C
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 A QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 C
UNIDADE 03 UNIDADE 04
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 B
QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 E
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 D
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 D
QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 E
UNIDADE 05 UNIDADE 06
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 A
QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 E
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 E
95
REFERÊNCIAS
96
da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao Decreto
no 6.253, de 13 de novembro de 2007.
BRASIL. Decreto nº 7.611. Brasília, DF: Senado Federal, 2011. que dispõe sobre a
educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras
providências.
BRASIL. Lei nº 13.146. Brasília, DF: Senado Federal, 2015. que institui a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
BRASIL. Lei nº 23.773. Brasília, DF: Senado Federal, 2021. que institui diretrizes para a
criação de escolas bilíngues em Língua Brasileira de Sinais – Libras – e Língua
Portuguesa na rede estadual de ensino.
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