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UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Ciência Política Brasileira – Professor: Carlos Henrique Serra

Aluna: Gabriela Candal.

RESENHA CAPÍTULO 1 – LINHAGENS DO PENSAMENTO


BRASILEIRO, GILDO MARÇAL BRANDÃO.

Gildo Marçal Brandão no capítulo primeiro de sua obra Linhagens do


Pensamento Brasileiro pretende partir sua fala de um estudo que lhe interessa da
qual ele mesmo diz ter chegado a sua maturidade por volta dos anos 90 a partir de
uma bola qualidade que veio a ser produzida na década de 70. O que é chamado de
“pensamento social” está na fronteira das disciplinas sociais apanhando vários
autores de inúmeros lados: o que foi proveitoso para produção de muito material
interessante e para que se dê essa formação e consolidação de um campo. Brandão
vai defender que essa acumulação teórica foi base para que o estudo do
pensamento político brasileiro tivesse “estilos”, e o que ele se propõe a descrever é
a existência dessas famílias intelectuais e como se dá essa linhagem, desse modo
compreendendo suas origens e de qual modo esses pensamentos se
desenvolveram.
A estrutura do texto vai permitir que o autor faça sua proposta de
analisar duas grandes linhagens que organizaram como “correntes”, o pensamento
politico brasileiro e que desde então se segue como uma tradição no campo, o que é
necessário voltar mais no tempo para perceber: afinal da década de 30 até a década
de 50 existiram importantes acontecimentos que formularam modos de pensar Brasil
e Ciências Sociais. Ele divide esse estudo em duas principais correntes principais
apesar de não serem as únicas existentes, seriam as que apresentam maior
relevância. Ele faz o apontamento dessas duas grandes linhagens que organizaram
o pensamento político, das quais são: idealismo orgânico e idealismo constitucional.
Brandão descreve essas linhagens como opostas de certa forma mas não
excludentes pois elas se interpretam ao mesmo tempo que se influenciam.
Escrever sobre as famílias intelectuais pode parecer algo simples
após a sistematização de Brandão mas é exatamente esse um dos valores da sua
obra, essa sistematização bem colocada do que ele intitula “famílias”: o idealismo
orgânico mais associado ao conservadorismo na perspectiva que é inviável tornar
um estado sem constituição liberal em um país liberal partindo assim da ideia da
necessidade de um estado ligado as antigas tradições de poder político e liderança
imperialista (Aqui estão Visconde do Uruguai, Oliveira Vianna entre outros). Nessa
perspectiva, o estado não é um problema e sim o principal agente de uma melhoria
estável que segue em contrário ao idealismo constitucional que concebe a ideia de
estado como um problema fixo, as mudanças nesse sentido para funcionarem tem
que se estabelecer e imergir da sociedade e permeia seus ideais na expansão da
liberdade individual. A corrente liberal encontra forças nessa linhagem (Inclui-se
nomes como Joaquim Nabuco e Tavares Bastos) mesmo que seja importante
compreender que cada linhagem possui dentro sua direita e sua esquerda.
Por ser o primeiro capítulo de sua tese de livre docência ainda serão
abordados e destrinchados assuntos de extrema pertinência ao longo da obra mas
se conclui como uma rápida análise dessa primeira leitura que o pensamento
Brasileiro possui uma linhagem desde o Império e que é relevante se preocupar
(considerando as crises políticas e sociais) com a precariedade que se encontra as
bases da formação de um pensamento político e sua imprecisão que pode perpetuar
crescimento de antigos grupos conservadores.

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