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Tattwa shuddhi

Tattwa shuddhi é a purificação dos elementos do corpo e do psiquismo. Os


cinco tattwas: terra, água, fogo, ar e espaço não devem ser interpretados no
sentido literal

Tattwa shuddhi é a purificação dos elementos do corpo e do


psiquismo. Os cinco tattwas: terra, água, fogo, ar e espaço
não devem ser interpretados no sentido literal,
quimicamente, mas designam os estados etéreo, gasoso,
ígneo, aquoso e sólido da matéria. O elemento terra
predomina em tudo o que for sólido, o elemento água em
tudo o que for líquido, e assim por diante. Tudo o que
existe no Universo mnifestado, inclusive o homem, é
fabricado com esses elementos.

O Tantra afirma que é preciso purificá-los para facilitar o


despertar da kundaliní. A prática de tattwa shuddhi
aparece por primeira vez no Shrimad Deví Bhagavatam,
um shástra de onde foi extraído, resumido e adaptado por
Swami Satyananda. O resumo e a adaptação se explicam: o
sádhana original se fazia em seis ou oito horas, e durava
vários dias a fio.

Esta versão pode chegar a duas horas. Recomendamos


fazê-la durante a semana da lua cheia, associada a um
jejum. Se não conseguir jejuar, procure alimentar-se
frugalmente, eliminando pelo menos os laticínios durante
esses dias, e diminuindo a quantidade de comida.

Tattwa shuddhi sádhana

Sente numa posição confortável, com as costas eretas. Pode


ser siddhásana, padmásana ou vajrásana.
Inspire profundamente e vocalize o mantra Om durante
sete fôlegos: Om, Om, Om, Om, Om, Om, Om. Consciência
total no seu corpo físico.

No seu corpo inteiro e na posição sentada. Tome


consciência da espinha dorsal, perfeitamente ereta,
sustentando o pescoço e a cabeça. Tome consciência da
posição equilibrada dos braços e pernas. Consciência total
no seu corpo inteiro. Seu corpo inteiro, dos pés à cabeça.

Agora visualize o exterior do corpo. Como se você estivesse


se vendo num espelho. Veja seu corpo na posição de
meditação. Pela frente. Pelo lado direito. Pelo lado
esquerdo. Por trás. Por cima. E então, de todos os ângulos
ao mesmo tempo. Consciência total no seu corpo inteiro. O
corpo inteiro, como uma unidade.

Depois, imagine-se como se estivesse crescendo a partir do


chão. Como uma árvore. Suas pernas são as raízes da
árvore. O resto do corpo é o tronco. Você está crescendo a
partir do chão, fixando-se no chão. Absolutamente estável.
Absolutamente imóvel. Como uma árvore enorme e forte.
Perceba-se, vivencie-se crescendo a partir do chão.
Fixando-se no chão. Unindo-se com o chão. Você está
absolutamente estável. Absolutamente imóvel. Consciência
intensa.

Agora tome consciência das sensações que o seu corpo


experimenta. Consciência total em todas as sensações
físicas. Permita que estas sensações se transformem num
foco para o seu pensamento. Consciência total. Concientize-
se das partes do corpo, começando pela cabeça. Visualize a
sua cabeça e mantenha consciência total nela. Faça o
mesmo com o pescoço. O ombro direito. Com o ombro
esquerdo. Com o braço direito. Com o braço esquerdo. Com
a mão direita. Com a mão esquerda. Permaneça consciente
das costas inteiras. Do peito. Do abdômen. Do glúteo
direito. Do glúteo esquerdo. Mantenha-se consciente da
perna direita. Da perna esquerda. Do pé direito. Do pé
esquerdo. E depois, do corpo inteiro. Permaneça consciente
do corpo inteiro, de uma só vez. Intensifique a consciência
do corpo.

Agora faça um sankalpa: tome a resolução de permanecer


absolutamente estável e imóvel durante toda a prática.
Repita mentalmente: ‘durante toda a prática fico
absolutamente estável, absolutamente imóvel.
Absolutamente estável e imóvel’. Fique atento aos sinais de
desconforto do corpo. Consciência total em todos os sinais
de desconforto: dor, coceira, formigamento, necessidade de
deglutir saliva, o que for. E permaneça absolutamente
firme e imóvel. Quando você se prepara para permanecer
atento e evitar todo e qualquer movimento, o corpo
permanece imóvel e rígido como uma estátua. E você
percebe uma sensação de levitação astral.

Se houver algum movimento inconsciente, tome


consciência desse movimento. Torne-o consciente.
Consciência total no corpo e na estabilidade. Consciência
total no corpo e na imobilidade. Seu corpo está totalmente
estável e imóvel. Absolutamente firme e descontraído. Esta
é a forma da sua consciência agora.

Você está preparado para manter esse estado. Sinta seu


corpo ficando mais e mais rígido. Mais e mais firme. Tão
rígido e firme que, depois de algum tempo, você não
consegue mais se mexer. Consciência total no corpo e na
rigidez. Consciência total no corpo e na firmeza. Seu corpo
está absolutamente rígido e firme. Rígido e firme, porém,
perfeitamente descontraído e relaxado. Absolutamente
imóvel. Consciência intensa. Ao manter a consciência
centrada, você sente o seu corpo ficar cada vez mais leve,
cada vez mais sutil. Tão leve e sutil, que a consciência do
corpo se esvai. A consciência do corpo se esvai.

Agora desperte a experiência de sushumná nádí. Faça


ujjayí pránáyáma, respirando num sussurro, mantendo a
glote levemente contraída, mas sem forçar nada, como se
estivesse inspirando e expirando pela garganta. Visualize
sushumná nádí, o canal central, que ascende ao longo a
coluna vertebral, desde o múládhára chakra, na
extremidade da espinha dorsal, até o ájña, no intercílio.

Ao ascender, a consciência atravessa todos os chakras:


múládhára, swádhisthána, manipura, anáhata, vishuddha,
ájña.

Retenha a respiração no ájña, carregando esse chakra com


mais energia. Depois, exale e retorne desde ájña:
vishuddha, anáhata, manipura, swádhisthána, múládhára.

Retenha a respiração no múládhára por alguns segundos.

Ao inspirar, a consciência atravessa os chakras


ascendendo: múládhára, swádhisthána, manipura,
anáhata, vishuddha, ájña.

Retenha a respiração no ájña. Depois, retorne: vishuddha,


anáhata, manipura, swádhisthána, múládhára.

Retenha a respiração por alguns instantes no múládhára.

Ao inspirar, a consciência atravessa os chakras


ascendendo: múládhára, swádhisthána, manipura,
anáhata, vishuddha, ájña. Retenha a respiração no ájña.
Depois, retorne: vishuddha, anáhata, manipura,
swádhisthána, múládhára. Retenha a respiração por
alguns instantes no múládhára e continue.

Continue sincronizando a respiração com a movimentação


da energia e o pensamento por sushumná nádí.

Ao inspirar, traga a consciência e o prána desde o


múládhára até o ájña. Ao exalar, leve a consciência do ájña
até o múládhára. Continue assim.

Medite no mantra so’ham. So ao inspirar. Ham ao exalar.

Leve a consciência para a área entre as pontas dos pés e os


joelhos. Visualize ali um quadrado amarelo, yantra que
simboliza o prithiví tattwa, a terra. Ao mesmo tempo,
repita mentalmente o bíja mantra Lam.

Agora coloque a consciência na região entre os joelhos e o


umbigo.

Visualize ali uma lua crescente com duas flores de lótus


nas extremidades. É de cor branca, rodeada por um círculo
de água. Concentrando-se no crescente, símbolo do apas
tattwa, a água, repita mentalmente o bíja mantra Vam.

Depois leve a atenção do umbigo para o coração, e imagine


no tórax um triângulo invertido de fogo, que simboliza o
agni tattwa. Repita mentalmente o bíja mantra Ram.

A seguir, concentre-se na área entre o coração e o


intercílio, visualizando ali seis pontos de cor cinza escuro
formando um hexágono, símbolo do tattwa váyu. Repita
mentalmente o bíja mantra Yam.

Agora leve a consciência para a região entre o intercílio e o


alto da cabeça, visualizando ali uma forma circular
transparente e luminosa, o yantra do ákásha tattwa.
Enquanto visualiza este yantra, repita mentalmente o bíja
mantra Ham.

Após haver criado no seu pensamento estes tattwas,


imagine prithiví dissolvendo-se em apas, apas absorvendo-
se em tejas, tejas em váyu e váyu em ákásha: o yantra da
terra dissolvendo-se no yantra da água, o da água
absorvendo-se no fogo, o símbolo do fogo dissolvendo-se
no ar e o símbolo do ar desaparecendo no espaço.

Agora imagine o tattwa ákásha dissolvendo-se na sua


causa, o ahamkára, o ahamkára em mahat, o grande
princípio, e este absorvendo-se em prakrití, a natureza, que
por sua vez desaparece no Purusha, a Consciência Pura.
Considere-se o mais puro, absoluto e elevado
conhecimento.

Traga a consciência para o lado esquerdo do seu abdômen.


Visualize aqui um homenzinho do tamanho do seu dedo
polegar. Sua pele é negra como o carvão, seus olhos
brilham como brasas e tem uma barriga enorme. Ele
carrega um machado e um escudo nas mãos. Este
homenzinho e Pap Purush, o homem limitado,
condicionado, que somos nós todos. Agora transmute este
homem escravo dos seus sentidos e condicionamentos,
através do mantra e da respiração.

Inale pela narina esquerda repetindo mentalmente o


mantra Yam. Visualize este homem tornando-se claro e
brilhante. A sua figura inteira se transforma. Retenha o ar
e faça mentalmente o bíja mantra Ram enquanto imagina
este homem virando cinzas.
Exale essas cinzas pela mesma narina esquerda, repetindo
mentalmente o bíja mantra Vam e visualizando que as
cinzas formam uma bolinha que se mistura com o amrita,
o néctar lunar, na lua crescente, yantra do elemento da
água.

Depois, repetindo para si o bíja mantra Lam, visualize que


esta bolinha, no lado esquerdo do seu abdômen, se
transforma num ovo dourado. Repita mentalmente o
mantra Ham enquanto visualiza que esse ovo cresce cada
vez mais, até tomar o tamanho do seu próprio corpo e
envolver você por inteiro.

A partir da imagem desse ovo dourado, absorva-se agora


na ordem inversa: no Purusha, a Consciência Pura, em
Prakriti, a Natureza, em mahat e, finalmente, no
ahamkára. De ahamkára veja emergindo o ákásha yantra.
Do ákásha, váyu. De váyu, agni. De agni, apas. E
finalmente, de apas, prithiví.

Localize esses yantras nos seus respectivos lugares, como


fizemos antes: ákásha no alto da cabeça, váyu entre o
intercílio e o coração, agni entre o coração e a abdômen,
apas entre o abdômen e os joelhos e prithiví entre os
joelhos e as pontas dos pés.

Repita mentalmente o mantra so’ham concentrando-se em


sushumná nádí, visualizando que a sua alma individual,
jívátman, separa-se do Ser Supremo, Paramátman, e
localize jívátman na região do seu coração.

Agora visualize que kundaliní, que você levou


conscientemente até o sahásrára chakra, volta a descer por
sushumná nádí, atravessando os chakras até chegar no
múládhára.
Concentre-se no chidákásh, o espaço que você vê à frente
dos seus olhos fechados.

Projete aí a imagem de um vastíssimo oceano vermelho. No


centro desse oceano há uma flor de lótus também
vermelha. Sobre este lótus está Prána Shaktí a deidade que
representa a força vital.

Seu corpo resplandece com a cor do sol nascente e possui


belos ornamentos. Ela tem três olhos e seis braços. Na mão
superior direita, segura um tridente. Nas outras, um arco e
um laço. Na mão superior esquerda segura uma lança. Nas
demais, cinco flechas e uma caveira gotejando sangue.
Neste momento, volte a consciência para os sons à sua
volta. Externalize aos poucos a mente, preparando-se para
concluir. Abra os olhos, alongue-se aos poucos e encerre
esta prática.

……………………………………………..

Abrindo os olhos, passe à aplicação de bhasma, as cinzas.


Pegue um pouco de cinza nos dedos médio e anular da mão
direita e passe-os sobre a testa de esquerda à direita,
desenhando cuidadosamente duas linhas horizontais,
enquanto repete mentalmente o mantra Om Hraum
Namah Shivaya. Em seguida, colocando cinzas no polegar,
trace uma terceira linha de direita à esquerda, acima das
outras, repetindo o mesmo mantra.

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