1) O documento descreve uma antiga raça de seres poderosos chamados Titãs que governavam o cosmos de forma caótica e ameaçavam a estrutura do universo.
2) Uma nova raça chamada Homens de Ouro surgiu com sabedoria e poder para combater os Titãs.
3) Após uma guerra cataclísmica, os Titãs foram aprisionados em um abismo profundo, onde permanecem planejando vingança.
1) O documento descreve uma antiga raça de seres poderosos chamados Titãs que governavam o cosmos de forma caótica e ameaçavam a estrutura do universo.
2) Uma nova raça chamada Homens de Ouro surgiu com sabedoria e poder para combater os Titãs.
3) Após uma guerra cataclísmica, os Titãs foram aprisionados em um abismo profundo, onde permanecem planejando vingança.
1) O documento descreve uma antiga raça de seres poderosos chamados Titãs que governavam o cosmos de forma caótica e ameaçavam a estrutura do universo.
2) Uma nova raça chamada Homens de Ouro surgiu com sabedoria e poder para combater os Titãs.
3) Após uma guerra cataclísmica, os Titãs foram aprisionados em um abismo profundo, onde permanecem planejando vingança.
Fogo. Fumaça. O homem se postou no vão do enorme buraco que
outrora fora uma janela e deliciou-se enquanto o sonho de outro homem morria. Deliciava-se por ser seu assassino. Não fora fácil. As defesas do lugar eram formidáveis, em termos de homens e máquinas. Os germânicos sempre foram guerreiros impressionantes, o vencedor sabia, e não podiam ser menosprezados. Ele fechou os olhos e lembrou-se de antigas batalhas às margens do Bósforo. Os gritos, a fumaça, o cheiro de sangue e cadáveres recentes. Tudo estava em seu lugar. A única coisa anômala eram os tiros, mas nada que estragasse o êxtase da vitória. Lá embaixo, no pátio do que fora o Campo de Extermínio de Branas (ou “A Porta do Inferno”, como se referiam aqueles que sabiam desta instalação), um soldado, vergando o uniforme negro das SS, olhou para cima e viu o líder inimigo parado na beira de um buraco onde ficava o escritório do antigo Diretor Geral. Tolamente, ele ergueu seu fuzil, preparando-se para um tiro certeiro. Obviamente, ele não estava preparado quando sua própria sombra ergueu-se e o empalou. A atitude da sombra foi delicada, mas cruel. O pobre homem ainda estava vivo quando uma massa pontiaguda de trevas saiu por sua boca. Ele ainda estava vivo quando foi devorado pela escuridão. Sua Majestade Imperial, Vlad I do Brasil, nem mesmo desviou seu olhar para sua vítima. Ele não demonstrou nenhuma emoção enquanto devorava a vida, o corpo e a alma do Capitão Gerard Haüsch. Mas ele se permitiu um pouco de contentamento ao ensinar àquele homenzinho patético o porquê de ser chamado Príncipe das Trevas. E o capitão teria a eternidade para lamentar, como os milhares de turcos, ingleses, americanos, italianos e alemães antes dele. Um uivo lamurioso cortou seu devaneio. Ele não precisava se virar. Ele sabia o que estava acontecendo. Sobre a grande mesa retangular atrás dele estava o corpo de uma de suas mais antigas e leais companheiras. Dona Verona Drácula, Marquesa de Santos, Segunda Esposa de Drácula, estava morta. Seu assassino havia escapado. Mas haveria vingança. Drácula virou-se e observou a cena. Suas duas outras companheiras lamentavam a morte daquela que durante séculos fora como uma irmã para elas. Seus subordinados ao redor mantinham um silêncio respeitoso enquanto vasculhavam o imenso escritório, reviravam as gavetas e analisavam os livros nas estantes. - Vocês devem se acalmar minhas queridas. Lágrimas não trarão Verona de volta. - Mas ela se foi, meu senhor! – disse Aleera, Marquesa da Gávea, a Primeira Esposa. - Ela se foi e o desgraçado que a matou ainda vive! – praticamente urrou Marishka, Marquesa de Diamantina, e Terceira Esposa. - Silêncio. Haverá vingança. Mas não hoje. Não agora. Ergueu sua mão direita e suas subordinadas se afastaram rapidamente. Ao estalar de dedos, chamas crepitaram e queimaram Dona Verona. Em um instante havia apenas cinzas. E a lembrança. - O que encontraram até agora, Major? – perguntou o Imperador a um dos homens. Como os outros, este interrompera seu trabalho, bem no ato de erguer uma pasta, apenas para assistir ao repentino crepitar e desaparecer da Marquesa morta. O Major Argo, também conhecido como O Pássaro, hesitou apenas um instante antes de se pôr em sentido. - Sim, Majestade! Até o momento não encontramos nada que explique com maiores detalhes as experiências realizadas neste lugar, senhor! Há apenas documentos administrativos e alguns livros de ficção, senhor! - Bem, mas parece que o Doutor descobriu alguma coisa. – disse Drácula. Passaram-se poucos segundos até uma voz idosa e excitada ser ouvida pela porta aberta. - Eu encontrei! Encontrei! Um homem com mais de sessenta anos, usando o uniforme padrão, mas longe de qualquer perfil militar, entrou repentinamente na sala, pegando alguns soldados de surpresa. Ele olhou para o Major e para o Imperador, nesta ordem, ignorando completamente as cinzas sobre a mesa, o odor recente de carne queimada. - Este livro é a chave para tudo que ocorreu aqui, senhores! - Diga logo o seu conteúdo Doutor. Tenho certeza que o Major está ansioso para ouvir. - Ah, Majestade, trata-se de um livro muito, muito antigo. Está escrito em grego clássico, uma cópia medieval retirada provavelmente de um original alexandrino, pelo que li na introdução. E narra os eventos das Eras Antigas. Sim. Sim. As eras clássicas da mitologia – a Era de Ouro, de Prata e todas as outras. - O que isso quer dizer, Doutor? – perguntou o Pássaro, compreendendo muito pouco daquilo. - Ele se refere aos períodos históricos descritos nas lendas helênicas, Major. Houve várias raças na História, segunda a mitologia grega. Os Homens de Ouro, de Prata, de Bronze e de Ferro, que somos nós. – disse Drácula, sentando-se de costas para o buraco na parede. Lá fora, os sons da batalha já haviam cessado e gritos de vitória já podiam ser ouvidos. - De fato. De fato. O livro traz detalhes sobre estes períodos. E vai além. É claro, eu preciso estudá-lo mais adequadamente, mas Gobineau – que o miserável queime no Inferno – provavelmente já teve tempo o bastante para descobrir várias coisas sobre ele. E deixou suas descobertas escritas aqui, dentro do livro. – disse o velho, erguendo algumas folhas de papel amassado. – Estão escritos em uma antiga forma de franco, mas isto não é segredo para mim, he, he. O velho bruxo amante de alemães não teve o tempo necessário para resgatá-lo, fugindo com seu “affaire”, herr Damien. - Vá longo ao ponto, Doutor. O que está no livro? E o que aquele velho pederasta francês descobriu ao estudá-lo? – interrompeu Dona Marishka. - Sim, Marquesa. Claro. Basicamente, há muitas eras atrás – o livro não especifica o tempo exato – houve uma raça antiga de seres que iam além de nossa compreensão. Não se trata da Era de Ouro, mas uma anterior. Foi o Primeiro Mundo, a Era das Trevas, em que os “Titãs” – este é o termo usado – reinavam sobre o Cosmos. Foi um período confuso e conturbado. Os Titãs eram seres poderosíssimos, acima de nossa compreensão, e assim também era sua mente. Eles são descritos como Eternos, na medida em que sua origem está associada à origem da própria Criação. E eles podiam moldar a realidade como quisessem. Não havia limites de nenhuma ordem. O Dr. Everett Hobsbawm interrompeu a leitura neste ponto, declamando: - “O Horror! E eis que vejo! Bocas e presas. Olhos e tentáculos. Pesadelos! Mil agulhas em meu cérebro!” – e continuou, em tom professoral – Trata-se, como Sua Majestade já sabe, de uma descrição contida no Livro dos Pesadelos, um texto apócrifo tido por autoria de Whipple Lovecraft em meados do século passado. Os Titãs são seres cuja aparência e mente são tão alienígenas para nós que simplesmente vislumbrá-los por um instante levaria um homem – ou mulher (e fez uma reverência às consortes reais) – à insanidade completa. Nosso cérebro, por sua própria estrutura, não conseguiria interpretar, de forma adequada, as imagens, sons e odores exalados por tais seres, dando-nos uma visão absurda. Ao mesmo tempo o esforço seria tão grande que poderia levar a seqüelas neurológicas permanentes. Agora, continuando: “Houve problemas. Eles eram eternos, mas não apenas, eles eram férteis. Se reproduziam. E cada filho era tão ou mais poderoso que o pai. Aos poucos eles ameaçaram a estrutura do Universo, pois a vida precisa de Ordem para existir, mas eles eram a encarnação do Caos. Crianças brincando de Deus, essencialmente. E Deus precisava fazer alguma coisa, claro.” - Perdão? – Drácula soou como se não tivesse ouvido. A cor fugiu do rosto do Major e as Esposas sibilaram. Apesar dos seis séculos de vida, referências ao Divino, não importava o credo, ainda causavam celeuma ao antigo Voivoda dos Cárpatos. Ele simplesmente não gostava da palavra, e menos ainda da idéia. Habituara-se a ouvir sobre o divino. Por viver em um país majoritariamente católico, forçado a tolerar tais costumes por um senso de “noblesse obligue” – sua própria posição como príncipe-consorte e depois monarca. Mas não precisava gostar. - Desculpe-me, Majestade. A verdade é que o livro usa este termo. De fato, Gobineau tinha dúvidas sobre o motivo e faz conjecturas. Talvez o Universo – enquanto um grande organismo vivo – houvesse visto nos Titãs uma ameaça para si, como um câncer – células se desenvolvendo sem controle. Talvez fosse simplesmente obra do acaso. Não se sabe. O ponto é que uma nova raça surgiu para combater os Titãs – os “Homens de Ouro”. O livro fala que foi um ser supremo, criador de todas as coisas, mas ele foi escrito em uma época religiosa. Gobineau acredita que alguns Titãs nasceram diferentes de seus pais. Sofreram algum tipo de alteração e adquiriram algo que os Titãs não tinham: sabedoria. Esclarecimento. De fato, os Homens de Ouro eram tão poderosos quanto seus antecessores. Eram imortais e indestrutíveis, como os Titãs. ‘Pura Luz e puro Fogo. Sóis e Raios. Vento e Tempestade.’ – assim diz o livro. Aparentemente, como sugere Gobineau, os Homens de Ouro eram feitos de pura energia. Mas é claro que é cedo demais para afirmar algo deste tipo com base em uma descrição tão vaga. “De qualquer modo, os Homens de Ouro tinham outra vantagem, pelo menos para o Universo – eles eram estéreis. Ou seja, não se reproduziam desordenadamente, não tinham como preencher o Universo com outros seres. E sua sabedoria permitia-lhes saber como manipular o Universo sem destruí-lo, sem forçar demais. “E eles atacaram os Titãs. Uma guerra brutal que abalou os fundamentos da Criação. Até que os filhos do Primeiro Mundo foram aprisionados em um ‘abismo profundo e escuro, onde podiam criar e destruir eternamente. Lá eles permanecem. Blasfemam, rangem dentes e juram vingança. Eles querem retornar. Talvez um dia eles consigam. E estaremos mortos’. “E este foi o fim do Primeiro Mundo. O primeiro Armagedom, se me permitem dizer. E o início do Segundo Mundo, a Era de Ouro. Os Homens de Ouro eram... “divindades”, de certa forma. Eram onipotentes e podiam ser onipresentes. Abarcavam toda a realidade e experimentavam o universo. E sabiam até onde podiam ir. Livres dos Titãs, eles estudaram a Criação, gerando mundos e galáxias. E, para servi-los, criaram uma nova raça. Segundo o livro, ‘tomando da carne dos Titãs e de seu próprio sangue, forjaram os Homens de Prata a partir do – é uma palavra diferente, traduzirei como Éter – e lhes deram nome e propósito. Tinham muitas formas e cores: grandes como dois homens ou pequenos como uma criança. Sua pele era como a cinza ou como a amendoeira em flor. Seus olhos eram como de peixe, grandes e escuros, e sua cabeça era como uma grande esfera, desproporcional ao corpo, este pequeno e frágil como um bambu. Como os Titãs, os Homens de Prata eram criativos e ansiosos em inventar. Como os Homens de Ouro, eles eram sábios e seguiam um rígido código de conduta e comportamento. Diferente de ambos, eles não tinham os dons divinos. Foram chamados Forjadores e Cocheiros das Estrelas, pois de suas forjas nasciam maravilhas, e eles conduziam naus de luz pelo oceanos de estrelas.’ “Observamos que o autor deste livro era dado à poesia. Bem, os Homens de Prata pareciam se constituir numa civilização altamente tecnológica, uma vez que não tinham habilidades naturais como os seus criadores. Eles serviram aos Homens de Ouro durante inúmeras gerações. Ajudaram-nos a criar galáxias, suavizaram sua solidão, participaram de seus jogos.” - Jogos, Doutor? – desta vez foi o Tenente Tiago, vulgo Mestre de Armas, quem perguntara. - Sim, Tenente. Jogos. Os Homens de Ouro eram imortais, poderosos e podiam ter quase tudo que quisessem, dentro de certos limites. Criaram para si uma utopia, uma existência perfeita. Devia ser bastante tedioso. “E o que você faz quando está entediado? Encontra um passatempo, é claro. Inventa brincadeiras, chama os amigos. Os Homens de Ouro deviam se entediar muito. Então eles brincavam. Bem, nós provavelmente chamaríamos estes ‘jogos’ de guerras, intrigas e outros nomes desagradáveis. Mas para eles não havia malícia. Não havia maldade. Você deve ter lido os clássicos. A Ilíada, a Odisséia, a Teogonia de Hesíodo. Deuses lançando seus servos para lutarem entre si por ninharias. Uma disputa de beleza, um jogo de palavras, um desafio. E, é claro, todo jogo precisa de peças. Peões, cartas. Mesmo um simples par-ou-ímpar precisa de dedos. E quem eram as peças dos Homens de Ouro, Tenente? "Exatamente, os Homens de Prata. “Agora, os Homens de Prata não eram indestrutíveis. Eles encontraram um meio para se tornarem imortais, mas ainda podiam morrer. E morriam nas batalhas. Mas o faziam sem temor. Serviam a seus criadores sem restrição ou constrangimento. Imagino as histórias épicas que tais eventos produziram. Os Homens de Prata, em volta de suas fogueiras, contando como serviram ao seu Senhor desafiando o servo de outro Senhor em uma batalha até a morte.” - Uma ideia interessante. – comentou Drácula, divertido, enquanto recolhia as cinzas de sua antiga companheira e guardava em uma pequena caixa. – Algumas coisas nunca mudam, é claro. Continue, Everett. - Sim, senhor. Bom, em algum momento de sua longa existência os Homens de Ouro decidiram seguir adiante. Eles transcenderam, abandonando esta Realidade para ir para... outro lugar. Sabe-se lá qual. Deixaram apenas uma mensagem aos Homens de Prata: ‘Cuidem de tudo. Quando estiverem prontos, juntem-se a nós.’ E se foram. “No começo do Terceiro Mundo, a Era de Prata, os Homens de Prata se viram sozinhos. E reagiram de forma diferente, é claro. Alguns se revoltaram por terem sido abandonados, amaldiçoaram seus criadores e seguiram seu caminho. Outros se mataram ou simplesmente desapareceram. E outros atenderam as palavras dos Homens de Ouro. Passaram a se preparar para se unir a seus mestres. “Uma vez donos de seu destino, os Homens de Prata resolveram eles mesmos criar servos para si. Afinal, eles tinham muita coisa para fazer e não podiam perder tempo com coisinhas menores. Então criaram a Raça de Bronze. Podemos chamá-los de Homens de Bronze, é claro, mas o termo não parece muito apropriado. Eles são descritos com as mais diversas formas. Alguns eram mecanismos autômatos. Outros eram organismos vivos. Alguns eram inteligentes. Outros nem tanto. Possuíam formas de animais, insetos ou até mesmo de “homens”. De Homens de Prata, presumo. Os Homens de Prata os usavam para os mais variados fins. Trabalho braçal. Cobaias. Companhia. E também nas guerras, lógico. Agora os Homens de Prata não lutavam pelo capricho de seus senhores. Não. Lutavam por si mesmos. E não por simples “diversão”, mas por crenças, por território, enfim, pelas mesmas razões porque estamos lutando esta guerra maldita. Os Homens de Prata eram mais próximos de nós que seus antecessores. Pelo menos em alguns pontos. “Mas aconteceu algo que os Homens de Prata não esperavam. Os Homens de Bronze adquiriram livre arbítrio. “Claro que não foi acidente. Pelo que entendi, os Homens de Prata precisavam de servos com mais iniciativa, como eles próprios foram criados desta forma. Imaginavam, os ingênuos, que podiam reproduzir a experiência de seus mestres de forma bem sucedida. Assim, os Homens de Prata ocupariam o lugar da Civilização de Ouro. E a Raça de Bronze tomaria sua posição como sucessores do Povo de Prata. Simples. “Não tão simples. Os Homens de Bronze não tinham alma – o ‘sangue’ da Tribo de Ouro. E nem mesmo a ‘carne’ – o corpo material – criado a partir dos Titãs. Não tinham criatividade, apenas agiam conforme seu propósito. Os guerreiros lutavam e matavam. Os operários trabalhavam. Mas, agora que eram livres, decidiram que não queriam servir aos caprichos de terceiros. Não queriam lutar somente quando determinado. Não queriam trabalhar somente quando ordenados. E por isso se revoltaram. “O Quarto Mundo, a Era de Bronze, foi marcado por uma guerra brutal, pelo que consta no livro – após destrinchar a linguagem floreada do autor, e seguindo o resumo de Gobineau. Os Homens de Prata não estavam preparados para isso e perderam muitos. De fato, havia mais Homens de Bronze que eles. Estavam perdendo, e precisavam fazer alguma coisa. “Alguns Homens de Prata perceberam, entretanto, uma Raça que simplesmente não estava ali antes. Era uma espécie primitiva, levemente parecida com eles próprios. Mas aqueles poucos sábios da Tribo de Prata perceberam que estavam diante de semelhantes. Como irmãos mais jovens, mais imaturos, mas com potencial. Eles os adotaram. Os criaram, e os prepararam. Selecionaram os melhores entre eles e a partir destes escolhidos criaram uma nova Raça. Com uma pequena parcela do poder dos Titãs e Homens de Ouro, e a criatividade inerente à própria espécie, estes seres combateram os monstros da Raça de Bronze. Lutaram por si, pelos Homens de Prata e por sua própria espécie-mãe: os Homens de Ferro. E foram chamados Heróis. “Pouco depois os Homens de Prata partiram. Aparentemente, os sobreviventes finalmente conseguiram descobrir como se unir aos Homens de Ouro, e foram atrás deles. No processo, aniquilaram uma boa parte dos Homens de Bronze sobreviventes. Alguns ficaram para trás para ajudar os Heróis a entender seu lugar na ordem das coisas. “Foi o início de um período confuso. Estas classificações históricas tendem a ser arbitrárias, claro, e o livro não é preciso em definir. O fato é que a Era de Bronze se estabeleceu firmemente nesta época. Os Homens de Bronze remanescentes se espalharam pelo universo e faziam o que queriam. Ou melhor, o que suas naturezas particulares determinavam. Lutavam, brincavam ou até se amavam, de acordo com seus propósitos singulares. Mas foi nesta época que os Heróis se espalharam pelo universo. Muitos monstros foram destruídos. Heróis também tombaram. O livro diz que a partida dos Homens de Prata também marcou o início da Era Heróica. Uma era fantástica em que os Homens de Ferro partiram para as estrelas e se espalharam pelos inúmeros mundos. Os Heróis iam a frente, eliminando o Povo de Bronze onde os encontravam, para ceder os territórios aos seus. Foi um período impressionante, que marcaria as almas dos descendentes daqueles homens até os dias atuais. “A Raça de Bronze foi aniquilada. Sobraram alguns, espertos o suficiente para saberem se esconder quando a maré virou. Mas eram poucos demais. Alguns foram cooptados – melhor se aliar ao vencedor que morrer. Os Homens de Prata pararam de interferir com os Homens de Ferro. Os Heróis escassearam. Eles tinham filhos, mas estes eram simples homens e mulheres. Seres humanos comuns. E a civilização humana, sem ter um inimigo comum, um propósito maior e líderes semidivinos para guiá-los, colapsou. Os mundos entraram em guerra civil. Perderam contato entre si. Tecnologias que o Povo de Ferro havia adquirido do Povo de Prata falharam e os humanos não sabiam como reparar ou criar novas. Não é de rir? Eles tinham naus, ou seja lá o que for, que singravam pelo espaço, mas não sabiam consertá-las nem criar novas! Obviamente, eles não estavam prontos para um passo tão grande. O fizeram por causa dos Homens de Prata, mas foi demais para eles. E com isso a Humanidade esqueceu seu passado glorioso. Suas batalhas heróicas. Tudo tornou-se lenda, mito ou simplesmente foi esquecido.” - E aqui estamos nós. – disse Dona Aleera. - Sim. Mas algo me preocupa. Não no livro, mas o que Gobineau escreveu no final de suas anotações. - E o que seria, Doutor? – perguntou o Major. - Ele fala em rituais e experimentos visando reproduzir os Homens de Bronze. Desta vez sob o controle do Reich, e sem livre-arbítrio. Servos poderosos e completamente leais. E que eles teriam realizado certos... procedimentos heterodoxos... que teriam trazido alguns daqueles seres originais. Para estudar. Mas algo parece ter saído de controle, eles escaparam. E ninguém sabe o que estão fazendo agora. Todos ficaram tensos na sala. A Tenente Margarida Santos, a Elo, que com sua mente mantinha todas as tropas de invasão em contato e sincronizadas, ousou fazer a pergunta: - E o que isto significa exatamente? - Simples, Tenente. – respondeu Drácula, se levantando calmamente. – A Era de Bronze retornou. E o mundo precisa de Heróis.