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O mais comum dentro dos processos de representação histórica no Brasil perpassava por
operações de branqueamento de figuras negras históricas, como ocorreu com Machado
de Assis, Chiquinha Gonzaga e tantas outras personagens. Como bem descreve o
filósofo camaronês Achille Mbembe, a raça não existe enquanto fato natural físico, mas
enquanto uma construção fictícia útil de dominação de um sujeito sobre o outro. Para
além de um efeito perceptivo, o racismo opera enquanto “afeto, instinto e speculum, a
raça tem de se transformar em imagem, forma superfície, figura e, sobretudo,
imaginário”. O racismo constrói estereótipos e estigmatizações em torno das
populações negras, como também busca excluir qualquer tipo de representação de
negritude dentro do imaginário social. O Brasil alicerçado pela escravidão alimentou o
mito da democracia racial por meio da figura do “mestiço”, lugar confortável para elites
excluírem da história brasileira os personagens negros/as. Não por acaso, como cita o
historiador Clóvis Moura a partir do censo realizado em 1980, nada menos que 136
“cores” distintas foram identificadas para descrever tons de pele não-brancos no Brasil,
uma fuga criada pelo projeto de embranquecimento afastar os não-brancos da sua
identidade.