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UNIVERSIDADE ROVUMA

Extensao de cabo delgado

Depertamento de educacao e psicologia

Cláudio António Impocoro*


Estudante de psicologia educacional, 2º ano-2020

Aspectos Psicossociais da Doença na Terceira idade

Introdução

Num passado ainda recente a doença era frequentemente definida como ausência de
saúde, sendo a saúde definida como ausência de doença - definições que não eram
esclarecedoras. Algumas autoridades encararam a doença e a saúde como estados de
desconforto físico ou de bem-estar. Infelizmente, perspectivas redutoras como estas levaram
os investigadores e os profissionais de saúde a descurar os componentes emocionais e sociais
da saúde e da doença BOLANDER, (1998). Definições mais flexíveis quer de saúde quer de
doença consideram múltiplos aspectos causais da doença e da manutenção da saúde, tais
como factores psicológicos, sociais e biológicos. Contudo, apesar dos esforços para
caracterizar estes conceitos, não existem definições universais.

Por outro lado, e apesar de todos os avanços na pesquisa biomédica, o nosso sonho de
atingirmos ou mantermos uma saúde física e mental permanece exactamente isso - um sonho
que, além de tudo, vale a pena prosseguir face aos efeitos da doença nos indivíduos e na
sociedade, isto é, a presença ou ausência de doença é um problema pessoal e social. É pessoal,
porque a capacidade individual para trabalhar, ser produtivo, amar e divertir-se está
relacionado com a saúde física e mental da pessoa. É social, pois a doença de uma pessoa
pode afectar outras pessoas significativas por exemplo família, amigos e colegas. Com base
nestes pressupostos, o presente trabalho objectiva-se analisar os aspectos psicossociais da
saúde e da doença no contexto actual através das práticas de campo realizadas ao nível do
recinto universitário da Unirovuma, no concernente ao plano de actividades que este órgão
tem desenvolvido na formação dos sujeitos para a vida profissional e científica. Constitui-se
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epicentro de revisão de literaturas que de certo ponto permitiu que as metodologias chegassem
a um ponto reflexivo sobre os aspectos inerente a saúde e doença na sociedade.

Objectivos da pesquisa
 Conhecer os aspectos psicossociais básicos relativos à preservação e à promoção da
saúde, a prevenção e à superação da doença, à compreensão e à adesão ao tratamento,
à reabilitação (física, mental, social, profissional etc.)
 Tomar consciência do debate actual, em torno dos conceitos de saúde e de doença, e
dos socioculturais e político-ideológicos que são subjacentes;
 Valorizar, fundamentalmente, as dimensões psicossociais da saúde, doença, cura e
práticas médicas, na sociedade contemporânea;

Etapas da pesquisa
Três etapas perfizeram o nosso estudo no geral, onde destacamos a (i) pré-observação,
nesta etapa, constituída por uma serie de acontecimentos pedagógicos, quer antes da chegada
do campo quer depois da chegada ao campo. A prior, os estudantes tiveram oportunidade de
apresentar os trabalhos de grupos em formas de seminários num contacto directo entre
estudantes e a docente, na sala de aula, entrega de documentos crediativos aos estudantes, um
meio que permitiu de uma forma sistemática aprimorar conhecimentos teóricos e troca de
experiencias, informações entre estudantes por meio de conteúdos decorrentes nas temáticas
estudadas na psicologia social da saúde, a (ii) observação, nesta fase, credenciados os
estudantes, fizeram se ao campo onde trabalharam com um número total de (10) dez
indivíduos sendo (05) cinco estudantes e (05) cinco docentes onde opor meio de conversa
questionavam os grupos alvos (docentes e estudantes) numa perspectiva de colher
informações inerentes a aspectos psicossociais da doença, no nosso contexto, sob ponto de
vista pessoal, e social. Na fase de (iii) pôs observação, foram delineadas, constatações que
interferiram no estudo de campo, na produção do presente relatório, e sugestões de forma a
criar intervenções em situações que julgar de necessário tendo em conta com a situação
psicossocial de cada indivíduo.

Metodologia
Para elaboração do presente relatório baseou-se na pesquisa bibliográfica, num estudo de
campo centrando-se em temática relacionados com os aspectos psicossociais da doença. Nos
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procedimentos da recolha das informações os autores usaram os métodos de (i) Entrevista


direccionada aos grupos alvos (docentes e estudantes) para perceber os factores psicossociais
da doença, riscos de saúde e, acções adoptivas face à motivação ater em conta com a pessoa
doente e contributo, apoios a pessoa doente para a melhoria da qualidade de vida

Tipo de pesquisa
Para TRIPODI e tal. (1975; p. 42-71) as pesquisas de campo dividem-se em três grandes
grupos: (i) quantitativo-descritivo, (ii) exploratórios e (iii) experimentais. No que tange ao
presente relatório, usou-se a tipologia quantitativa-descritiva, com foco e avaliar o nível de
percepção dos aspectos psicossociais da doença na vida dos indivíduos.

Técnica de colecta de dados

Observação
Segundo QUIVY e CAMPENHOUDT (1998:164-165) as técnicas de recolha de dados
distinguem entre a observação directa e indirecta.

(i) Observação directa acontece quando o investigador procede directamente a


recolha de informações, sem se dirigir aos sujeitos interessados. Apela
directamente ao seu sentido de observação. Para obter informações, o investigador
pode usar uma ficha de observação ou pode ir registando num diário.
(ii) Observação indirecta, o inquiridor contacta o sujeito para obter informação que
deseja. Os instrumentos usados para a recolha de informação na observação
indirecta são o questionário, roteiro (guião) de entrevista e análise documental.

Em conformidade com os objectivos traçados baseou-se nesta técnica (observação em


equipe) porque permitiu descrever, ouvir de perto as sensibilidades inerentes aos aspectos
psicossociais da doença na vida das pessoas. De acordo com GIL (1999:26), a investigação
científica depende de um conjunto de procedimentos intelectuais e técnico e para que seus
objectivos sejam atingidos existindo os métodos científicos aconselháveis.

A Doença - Contextualização
É provável que a medicina tenha surgido com a humanidade, vítima e testemunha do
sofrimento, o ser humano deve, desde logo, ter-se debruçado sobre os doentes, com o desejo
de curá-los. Ε Possível que encarasse a doença como ocorrência sobrenatural, tal como os
ventos, as tempestades ou as manifestações de deuses malignos. A doença, com suas
dolorosas consequências, seria obra de algum espírito, com os sacrifícios, ou seria obra de
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algum inimigo, dotado de poderes especiais, cuja animosidade haveria de ser combatida por
meio de sortilégios.

Nesse quadro geral, a doença foi diversamente contemplada, ora como fruto de invasão do
organismo por matéria estranha, ora como perda da alma, ora em termos de corpo "tomado"
por fantasmas, ora como decorrência do rompimento de tabus, ora, enfim, como fruto de ritos
mágicos. Povos primitivos entendem a doença como algo que se deve à acção de projécteis:
lanças, flechas, pedras atiradas por inimigos ou, talvez, ossos e espinhos que alguém engole
sem querer, em virtude da acção de forças adversas, humanas ou sobre-humanas. Em alguns
casos, o projéctil é um organismo - um verme, por exemplo cujos movimentos, na pessoa
afitada, explicariam dores agudas ou o mal-estar súbito.

No presente, (modernidade) portanto, seria preciso estabelecer o significado de doença.


Não basta, obviamente, dizer que doença é tudo que se mostra incompatível com a saúde:
faltando definição de saúde, estaríamos caminhando em círculos. Uma das questões
fundamentais da filosofia da medicina é, justamente, a de romper um tal círculo vicioso,
oferecendo caracterização adequada de um dos termos básicos, saúde ou, alternativamente,
doença. Aceitemos, aqui, o citado axioma, considerando que saúde se define de maneira
negativa, ou seja, como ausência de doença. Isso obriga a buscar aceitável caracterização do
termo doença.

Aspecto clínico da saúde e da doença


O processo saúde - doença de uma população sofre influências das políticas públicas de
saúde, abrangendo as políticas sociais e de infra-estrutura. A posição que os indivíduos
ocupam na sociedade e sua acessibilidade ao capital económico e cultural influenciam o perfil
epidemiológico da população. O capital económico determinará a acessibilidade dos
indivíduos ao cuidado e a uma melhor condição de vida, fazendo com que tenham condições
de enfrentar o processo de adoecimento. Já o capital cultural determinará a apreensão das
informações sobre riscos e prevenção de uma dada patologia WALDMAN et al. (1999). O
risco de adoecer está directamente influenciado pelas condições precárias de vida e saúde dos
indivíduos BRASIL, (2002).

Paralelamente ao estudo em acção a percepção da doença é vista da maneira como os


indivíduos compreendem vários aspectos relacionados à saúde e a doença levando em
consideração suas experiências tanto individuais quanto colectivas. Ademais, abarca as
informações do indivíduo sobre a doença, bem como os sinais clínicos e suas consequências.
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A partir do momento em que o indivíduo percebe alguma alteração (sinal, sintoma) inicia-se
um processo no qual passa a chegar e assimilar essa alteração com as informações que possui
de determinada doença e essa percepção é também influenciada pelas crenças individuais
fundamentadas em suas experiências GOMEZ et al., (2011).

Importa salientar que a cultura de uma região também exerce influência nas percepções
sobre a doença, reflectindo-se, tanto na procura dos serviços de saúde quanto na aderência aos
tratamentos propostos. Assim, as maneiras como os sinais e sintomas são percebidos por
grupos distintos de uma população geram respostas e atitudes que interferem no
comportamento em relação à doença. Portanto, é necessário que se conheçam as percepções e
as características da população que se pretende atingir, respeitando-se suas crenças e valores
para se encontrar uma forma efectiva de abordar os sujeitos doentes.

O controlo da doença consiste em garantir a efectividade do modelo de atenção embaçado


no diagnóstico precoce, tratamento adequado, procurando desviar-se de qualquer exclusão dos
doentes da sociedade, mediante o fortalecimento da gestão descentralizada, porém integrada,
dos governos BRASIL, (2010).

Factores de risco psicossociais e saúde mental


Ao referirmos os factores psicossociais de risco para a saúde mental pretendemos salientar
que as variáveis psicológicas se relacionam com o ambiente social. Alguns estudos
demonstram que os comportamentos e as respostas do indivíduo ao ambiente parecem
relacionar-se com o risco da doença, mas estão inseridos num contexto social. De salientar
que o termo psicossocial tem sido utilizado para referir uma grande variedade de factores
psicológicos e sociais que se relacionam com a saúde e a doença mental BINIK (1985).

Considera o autor que não existe termo mais apropriado para descrever as características
da pessoa, nomeadamente traços de personalidade, mecanismos de defesa, estados emocionais
e cognitivos, e os factores sócios ambientais como, por exemplo, as situações indutoras de
stress. Na literatura psicológica, sobretudo na área do stress, verifica-se que têm sido
realizadas algumas investigações sobre a influência dos factores psicossociais na saúde e na
doença mental e sobre os mecanismos que podem levar essas variáveis a contribuir para o
desenvolvimento e manutenção de comportamentos inadequados.

Alguns autores referem que os factores psicológicos, conferem riscos para a manutenção
da saúde mental, através do comportamento e da emoção. No entanto, apesar de salientarmos
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a importância das dimensões psicossociais da pessoa, na sua relação com a saúde e com a
doença mental, não podemos, contudo, descurar a sua vertente biológica, dado que a
susceptibilidade da pessoa, quer genética, quer adquirida, é considerada de extrema
importância para a saúde mental. Isto porque os factores psicossociais podem interagir com a
dimensão biológica e contribuir para o desenvolvimento de comportamentos inadequados.

Promoção da saúde

A promoção da saúde é um conceito multidisciplinar de que têm sido produzidas inúmeras


definições Noack, (1987). A definição adoptada na carta de Otawa, em 1986, e que tem sido
utilizada, é a seguinte: processo de capacitar as pessoas para aumentarem o controlo sobre a
sua saúde e para a melhorar. Paralelamente as pesquisas feitas aos nossos entrevistados no
que concerne a promoção de saúde, segundo eles tem recorrido a mecanismo de saneamento
do meio ambiente, concretamente com a limpeza, lavagem dos maus, aterro de resíduos
sólidos, queima de lixo tudo isso para contribui para a melhoria da saúde e evitar que as
doenças se propaguem.

WGCPHP (1987) salienta dois grandes objectivos principais para a promoção da saúde é:
(i) melhorar a saúde; (ii) dominar (por parte do cidadão) o processo conducente à melhoria da
saúde. Na análise da definição, GREEN e RAEBURN (1990) consideram que a chave está na
palavra capacitar - significa "fornecer os meios e as oportunidades, tornar possível, prático,
simples, e dar poder legal, capacidade ou autorização. Consideram que significa devolver à
população o poder em matéria de saúde, retirando-o às instituições, aos dirigentes, aos
profissionais e à tecnologia. O objectivo primordial da promoção da saúde no futuro poderia,
assim, ser o de facilitar a transferência de recursos importantes na saúde, tais como:
conhecimentos, técnicas, poder e dinheiro para a comunidade. Estes mesmos autores explicam
que a adopção de estratégias de promoção da saúde e dos princípios a ela subjacentes encerra
um conflito potencial.

Embora muitos profissionais e gestores da área da saúde afirmem defender a ideia de


devolver mais poder à comunidade, na prática poucos estão dispostos a fazê-lo. A justificação
destes profissionais é a de que eles é que sabem melhor o que fazer, podendo afirmar-se que
esta constitui a filosofia dominante entre estes profissionais.

Segundo NOACK (1987),


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[…] A promoção da saúde parece ter substituído o conceito de higiene


e, sem ser sinónimo, sobrepõe-se parcialmente ao de prevenção de
doença A distinção entre prevenção das doenças e promoção da saúde
tem três implicações distintas, que incluem: (i) implicações acerca da
atribuição de responsabilidade pela saúde; (ii) implicações ao nível da
selecção dos alvos da intervenção para maximizar a saúde e; (iii)
implicações para a ética da promoção da saúde.

Neste olhar percebe-se que a promoção da saúde surgiu, entre outras razões, porque
trazia vantagens económicas directas (menos gastos com a doença) e indirectas (mais dias de
trabalho, mais energia no trabalho) em detrimento das condições de coexistência social dos
indivíduos.

Estilo de vida

A noção de Estilo de Vida é um conceito antigo para a psicologia que foi adoptado
pelo novo modelo de concepção da saúde. LALONDE (1974, p.32), definiu Estilo de Vida
como: o agregado de decisões individuais que afectam a vida (do indivíduo) e sobre as quais
tem algum controlo. Através das decisões o sujeito implicado na promoção da saúde vai
desenvolver mecanismos defensores para que a vida seja reflectida de ganho no desempenho e
controlo das suas actividades. Não obstante, outras definições se tem verificado pelas equipes
de investigadores preocupados com a vida e a saúde publica

Segundo a OMS define estilo de vida como "conjunto de estruturas mediadoras que
reflectem uma totalidade de actividades, atitudes e valores sociais" (WHO, 1986, p.43), ou
como: um aglomerado de padrões comportamentais, intimamente relacionados, que
dependem das condições económicas e sociais, da educação, da idade e de muitos outros
factores Este conjunto de definições reflecte, assim, mudanças sofridas pelo conceito e os
aperfeiçoamentos que lhe foram introduzidos nos 14 anos que separam a primeira da última.
Reflectem, igualmente, a variedade de perspectivas que lhes estão subjacentes, com um peso
mais social e comunitário nas duas últimas definições e um peso mais individualista.

Representações sociais da saúde e da doença

Também no campo das representações, alguns autores têm investigado, num contexto
psicossociológico, a forma pela qual as pessoas leigas em medicina têm representado a saúde
e a doença ao longo dos tempos. Um dos estudos mais importantes foi efectuado em 1973, em
França por Claudine Herzlich, que entrevistou 8000 pessoas da classe média que viviam em
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Paris e na região rural da Normandia. As significações leigas sobre o que significa ter saúde
foram classificadas de acordo com três metáforas ou categorias:

1. Saúde no vácuo. A saúde é concebida como ausência de doença; a pessoa não tem
consciência do próprio corpo ou, simplesmente, não é aborrecida por sensações
corporais. Há uma espécie de silêncio corporal;
2. Reserva de saúde. A saúde é vista como um recurso ou um investimento em vez de
um estado. Caracteriza-se por robustez ou força física e resistência a ataques externos,
a estados de fadiga e de doença. A saúde é qualquer coisa que possuímos e que nos
permite trabalhar e fazer a nossa vida e defender-nos contra a doença ou recuperar
dela. É uma característica pessoal, pois a pessoa pode sentir ter mais ou menos desta
reserva1
3. Equilíbrio. Refere-se, à noção de saúde real ou saúde no seu sentido mais elevado;
transporta consigo a noção de bem-estar positivo ou bem-estar ao mais alto nível. Um
substrato de harmonia e equilíbrio essencial na vida espiritual, psicológica e corporal -
do qual deriva um sentimento funcional de confiança, vigília, liberdade, energia e
resistência. Este equilíbrio é algo que podemos perder ou voltar a ganhar e, enquanto a
reserva de saúde se caracteriza por uma presença (de saúde), e a saúde no vácuo por
uma ausência (de doença), o equilíbrio é contingente aos eventos do dia-a-dia. Quando
as coisas correm bem, o equilíbrio existe e pode comprovar-se através, por exemplo,
"das boas cores, e sentirmo-nos bem quando estamos com os amigos, entre outros
aspectos que levam a felicidade e a harmonia dos indivíduos.

Relativamente às concepções psicossociais sobre o que significa ter doença, segundo os


entrevistados salientam em três categorias genericamente:

1. Doença como algo destruidor de tudo; Refere-se a concepções de pessoas


particularmente activas ou envolvidas na sociedade e para as quais qualquer
interferência com o seu papel familiar ou profissional constitui um problema
importante. Medida em que a doença pode limitar a capacidade pessoal para assumir
as responsabilidades e a concomitante perda de posição social e isolamento social.

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Algumas pessoas referiram que a sua reserva de saúde é herdada da família, outras, que foi a consequência de
uma boa infância. O nível da "reserva" de saúde é deduzido, por exemplo, da comparação com outras pessoas -
sou mais saudável do que a minha mulher, ela está sempre a apanhar constipações.
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A pessoa sente que tem responsabilidades importantes perante os outros, e depender de


outros pode fazê-la sentir-se "menos pessoa". Estas pessoas salientam, pois, os aspectos
positivos da saúde, nomeadamente porque lhes permite manter o seu papel socioprofissional.
A sua atitude de confronto face à doença é paradoxal, quer tentando assumir o controlo
(negando-a ou comportando-se como se nada tivesse acontecido) quer sentindo-se impotente
desistindo de lutar.

2. Doença como libertadora; Concepção de doença como libertadora das


responsabilidades ou das pressões que a vida coloca, muitas dessas pessoas podem de
um estado psicológico para o outro expressar: Quando estou muito cansado, quem me
dera ficar doente - a doença para esse tipo de pessoa é uma espécie de descanso, que
nos pode libertar das preocupações do dia-a-dia, ou de representar um meio para
justificar das pressões que a vida social proporciona. Para estas pessoas, a doença traz
benefícios e privilégios, incluindo os cuidados e a simpatia dos outros. A doença
traduz, pois, um ganho secundário;
3. Doença como elemento de desafiar; Doença concebida como um desafio ou algo com
o qual devemos lutar com todos os nossos poderes e recursos. É necessário muita
energia e empenharmos toda a nossa capacidade no sentido de ficarmos melhor. Não
nos devemos preocupar com os nossos deveres mas concentrarmo-nos na nossa
recuperação. As pessoas com esta concepção da doença acreditam nos poderes da
mente sobre o corpo.

Apesar de estas categorias representarem descrições diferentes de concepções de


processos de doença, HERZLICH (1973) verificou que apenas algumas pessoas podiam ser
classificadas claramente numa determinada categoria. A maior parte das pessoas "flutuava"
pelas três, verbalizando concepções com conteúdos mais ou menos misturados das várias
categorias. Diferentes concepções da doença e de saúde, modelos assistenciais, condições de
vida e organização sócio-motivacional na vertente do apoio social com as pessoas doentes em
cada período considerado devem ser tomados em consideração para que os actores não vivam
como elementos em situações de quem não mais tem valor.

Mecanismos da doença e do doente


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Ao longo de vários séculos, consideravam-se estados emocionais como tristeza, o medo, a


raiva ou desgosto como o tipo de dados informações mais apropriados que o indivíduo
poderia apresentar face a reacção da doença.

A emoção pode ser definida ou usada no sentido de designar uma


colecção de respostas desencadeadas por partes do corpo humano
ou do cérebro, e mesmo entre diferentes partes do cérebro, através
de ambas as rotas neurais e hormonais. O resultado final deste
conjunto de respostas é o estado emocional, definido pelas
alterações de determinadas propriedades do corpo humano e em
certas zonas do cérebro. DAMÁSIO, (1998).

Os termos emoção e sentimento são diversas vezes mal interpretados e confundidos, mas
as suas definições são claras O sentimento deve ser usado para descrever um estado mental
complexo, resultado de um estado emocional. Este estado mental inclui a representação de
alterações que ocorreram nas propriedades do corpo e são assinaladas através do sistema
nervoso central, e ainda inúmeras alterações nos processos cognitivos. Segundo ERIC
BERNE são cinco as emoções básicas do ser humano: (i) raiva, (ii) medo, (iii) tristeza, (iv)
alegria, (v) afecto. Diante de um estímulo, o nosso corpo reage de acordo com a circunstância
e intensidade, desencadeando uma das cinco emoções básicas. Desde a detonação da carga
emocional até seu efeito corporal, podemos identificar três tempos da emoção - o sentir, o
expressar verbal, o actuar corporal. São estes estados que muitas das vezes manifestadas nos
organismos, conseguimos perceber que o indivíduo encontra-se sob uma situação inquietante
precisando de uma intervenção para o seu equilíbrio.

Apoio assistencialista com a pessoa doentes


Pensar a saúde do ponto de vista da ausência de doença é uma concepção assistencialista,
que coloca em evidência a necessidade de afastar a doença que a comete o indivíduo,
pressupõe um diagnóstico, feito mediante exames clínicos e laboratoriais, para que se possa
prescrever, de pronto, remédios e, assim, curar a pessoa daquela doença.
Foi com essa concepção que a medicina se estruturou e priorizou ao longo de anos o
modelo médico-hospitalar. Embora essencial, porque envolve a prestação do atendimento e
assistência médica aos que adoecem, que o estado tem dever de garantir, a de oferta de
serviços médicos destinados prioritariamente a tratar as enfermidades e/ ou a recuperar suas
sequelas. Nem sempre é o modelo ou a concepção com a qual se enfrenta de forma bem-
sucedida de determinados problemas encaminhados a esses serviços e que de facto não têm a
origem de suas causas numa questão médica.
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Segundo os nossos entrevistados, quando a questionados como tem feito o apoio a


pessoa doente, eles afirmaram que muitas das vezes o apoio com a pessoa doente tem a ver
com a afinidade, se sentido necessário vão ajudar com bem materiais, dinheiro e ou ate vão
ajudar nos cuidados do paciente lavando roupa, ajudar na confeição dos alimentos e sobre
tudo na ajuda psicológica, conversando com a pessoa.

Referências bibliográficas
1. BINIK, Y. Psychosocial Predictors of Sudden Death: A Review and Critique. Social
Science and Medicine (1985; p. 667- 680).
2. HERZLICH, C. Health and Iillness: A Social-Psychological Analysis. New York:
Academic Press. (1973).
3. GIL, A. Carlos, apud LAKATOS. Fundamentos de Metodologias Cientifica: 5ª
edição, editora Atlas São, Paulo, 1996.
4. QUIVY e CAMPENHOUDT. Técnicas e Instrumentos de colecta de dados, 1ª edicao,
ed. Atlas, Porto (1998:164-165).
5. TRIPODI, Tony e tal. Análise da pesquisa social: directrizes para o uso de pesquisa
em serviço social e em ciências sociais. Rio de Janeiro: Francisco Alves, (1975)
6. BOLANDER, V.B. Enfermagem fundamental: abordagem psicofisiológica (pp.32-
52). Lisboa: Lusodidacta (1998).
7. NOACK, H. Concepts of health and health promotion. In T.Abelin, Z.J. Brzezinski, &
D.L. Carstairs (Eds.), Measurement in health promotion and protection. Copenhagen:
World Health Organization Regional Office for Europe. (1987 p.5-28).
8. WHO. Young people's health - A challenge for society: report of a WHO study group
on young people and "Health for all by the year 2000". Genebra: World Health
Organization. (1986)
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Índice
Dedicatória...........................................................................................................................2

Agradecimentos...................................................................................................................3

Introdução............................................................................................................................4

Objectivos da pesquisa........................................................................................................5

Intervenientes das actividades de campo.............................................................................5

Etapas da pesquisa...............................................................................................................5

Metodologia.........................................................................................................................6

Tipo de pesquisa..................................................................................................................6

Técnica de colecta de dados................................................................................................6

Observação..........................................................................................................................6

A Doença - Contextualização..............................................................................................7

Aspecto clínico da saúde e da doença.................................................................................7

Factores de risco psicossociais e saúde mental...................................................................8

Promoção da saúde..............................................................................................................9

Estilo de vida.....................................................................................................................10

Representações sociais da saúde e da doença....................................................................11

Mecanismos da doença e do doente..................................................................................13

Apoio assistencialista com a pessoa doentes.....................................................................14

Referências bibliográficas.................................................................................................16
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Anexos...............................................................................................................................17

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