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RESUMO ABSTRACT
Determinou-se o número de dias para a ocorrência e a duração Blooming, fruit set, and fruit maturation of strawberry
dos estádios fenológicos de morangueiro, bem como o período de growing in protected environment
floração, frutificação e maturação dos frutos das cvs. Oso Grande, The duration time of phenological stages, blooming, fruit set,
Tudla, Chandler e Dover. O trabalho foi executado no interior de and maturation periods of strawberry cultivars Oso Grande, Tudla,
uma estrutura galvanizada de 510 m² (estufa plástica), em Passo Chandler, and Dover were evaluated. The study was carried out in a
Fundo-RS, em 2003 e 2004. A primeira etapa constou da avaliação 510 m2 plastic greenhouse, in Passo Fundo- RS, Brazil, in 2003 and
das datas de ocorrência e da duração dos estádios fenológicos das 2004. A completely randomized experimental design with five
quatro cultivares de morangueiro, em um experimento fatorial (cul- replicates was used in a factorial scheme (cultivars x phenological
tivares x estádios fenológicos) com delineamento inteiramente stages). In the first step of the experiment, both the dates and the
casualizados, em cinco repetições. Na segunda etapa, determinou- duration time of phenological stages were evaluated. In the second
se o número de dias até o início da floração (50% da área em floração) step, the number of the days up to the blooming (50% of the area),
e da formação de frutos (10% dos frutos maiores que 2,5 cm de the fruit formation (10% of the fruit higher than 2.5 cm long), and
comprimento), início e final da colheita. Os nove estádios fenológicos the date of beginning and end of harvesting was evaluated. The scale
foram determinados pela seguinte escala: 1= aparecimento do botão used for the phenological stages were : 1= beginning of the flower-
floral; 2= aparecimento das pétalas; 3= flores completamente aber- bud stage; 2= beginning of petals ; 3= blooming; 4= drying and
tas; 4= pétalas secas e caídas; 5= formação do fruto; 6= aumento do falling of petals; 5= fruit formation; 6= fruit elongation; 7= fruit
tamanho do fruto; 7= fruto com sementes visíveis no receptáculo; receptacle with visible seeds; 8= beginning of maturation, with most
8= começo da maturação, com maioria dos frutos brancos; 9= frutos of fruits having white colour; 9= mature fruits with 75 to 100% of
maduros com 75 a 100% da superfície vermelha. A duração dos nove the surface with red colour. The duration of the nine phenological
estágios variou de 36,4 dias para a cv, Tudla a 40 dias para a cv. Oso stages ranged from 36.4 days for cv. Tudla to 40 days for cv. Oso
Grande. O estádio 4, caracterizado pela queda das pétalas foi o mais Grande. Stage 4 was the longest stage (11.3 days). In all four cultivars,
longo para todas as cultivares, com 11,3 dias, em média. Para a cul- For cv. Dover, stage 6 was longer as stage 4. Considering the duration
tivar Dover, além dessa fase, também o estádio 6 foi o mais prolon- time between blooming and fruit set, cv. Dover, was considesed the
gado. Considerando o início do florescimento e da frutificação, a most precocious.
cultivar Dover foi a mais precoce, quando comparada com as de-
mais cultivares.
Palavras-chave: Fragaria X ananassa Duch.,frutificação, graus-dia. Keywords: Fragaria X ananassa Duch., fruit growing, degree-days.
O morangueiro (Fragaria X
ananassa Duch.), pertencente à
família Rosaceae, é uma planta rastei-
los elementos micrometeorológicos e
pelas práticas de manejo. Conseqüente-
mente, cultivares de morangueiro dife-
mitótica, seguida dos processos de
elongação celular e diferenciação, de-
terminam os pontos de crescimento
ra, propagada vegetativamente por rem de acordo com a adaptação regio- vegetativo e, em seu conjunto, formam
estolhos. A tecnologia de cultivo é mais nal, fazendo com que uma cultivar que os diferentes tecidos e órgãos da planta.
avançada em países como Estados Uni- se desenvolve satisfatoriamente em uma Já na floração (etapa reprodutiva) ocor-
dos, Espanha, Japão, Itália, Coréia do região não apresente o mesmo desem- re a diferenciação do meristema
Sul e Polônia (Resende et al., 1999). No penho em outro local com condições vegetativo para o floral, originando os
Brasil, os principais estados produtores ambientais diferentes (Ueno, 2004). componentes da flor (pétalas, estames e
são Minas Gerais, São Paulo, Rio Gran- Uma planta, para atingir o estádio pistilo), ao invés dos órgãos vegetativos
de do Sul, Paraná, Santa Catarina, Es- reprodutivo, passa por uma série de (folhas, caule e estolhos) (Duarte Filho
pírito Santo, Distrito Federal e Goiás. A transformações entre os estádios de de- et al., 1999). Segundo os mesmos auto-
produtividade e a qualidade dos frutos senvolvimento. Na etapa vegetativa, os res, as diferenças entre as fases de de-
do morangueiro é muito influenciada pe- meristemas apicais, por sua atividade senvolvimento são bem visíveis no
1
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor apresentada à UPF-FAMV, para obtenção do título de Mestre em Agronomia.
morangueiro. No cultivo para produção de dos por muitos ovários amadurecidos, per- Tudla, Chandler e Dover. O trabalho
frutos, a fase vegetativa é verificada logo tencentes à uma inflorescência, que cres- constou de duas etapas. A primeira cons-
após o transplante das mudas, realizado de cem juntos, formando uma infrutescência. tou da determinação do número de dias
fevereiro a junho, de acordo com a região. Frutos múltiplos são um conjunto de fru- de ocorrência e da duração dos diferen-
O florescimento e a frutificação do tos simples, que podem ser identificados tes estádios fenológicos da floração e
morangueiro, que ocorrem nas gemas, individualmente, de acordo com suas ca- frutificação em quatro cultivares de
dependem de uma série de processos fi- racterísticas (Barroso et al., 1999). morangueiro. Para efeito de análise es-
siológicos. Esses quatro processos com- Méier (1994) relatou que o moranguei- tatística os tratamentos constaram de um
preendem a indução, iniciação, diferen- ro pode apresentar nove estádios fatorial (cultivares x estádios
ciação e antese (Verdial, 2004). A inicia- fenológicos durante todo o seu ciclo. fenológicos) dispostos em um delinea-
ção da flor é caracterizada por mudanças Embora existam algumas informações mento inteiramente casualizados, em
físicas e químicas que ocorrem na gema, sobre a fenologia da floração e maturação cinco repetições. O período de observa-
a partir de estímulos florais detectados dos frutos do morangueiro, é necessário ções se estendeu de 03/09/2003 a 20/
pelas folhas. No período de transição para identificar o seu comportamento no local 10/2003. Nesse ano as plantas de mo-
a floração, o ápice do sistema caulinar do cultivo. Esse conhecimento é impor- rangueiro foram transplantadas no dia
vegetativo é transformado em tante para programas de melhoramento 05/05. Os resultados referentes a essa
reprodutivo. A diferenciação da flor é o genético, bem como para o manejo da etapa foram submetidos a análise de
desenvolvimento dos órgãos florais den- cultura. A determinação está condiciona- variância e as diferenças entre médias
tro do botão. A antese caracteriza a fase da à soma térmica do local, expressa em comparadas pelo teste de Tukey a 5%
final do processo de florescimento, quan- graus-dia, referindo-se a diferença entre o de probabilidade. A temperatura média
do os órgãos florais são expostos, possi- acúmulo da temperatura média diária e a compensada e a umidade relativa do ar
bilitando a polinização e, conseqüente- temperatura-base, acima da qual a planta foram determinadas segundo
mente, a fertilização (Guttridge, 1985). consegue realizar suas funções fisiológi- metodologia descrita por Nienow
A diferenciação das gemas depende de cas (Carvalho et al., 2005). Para as culti- (1997), e registrados diariamente atra-
fatores genéticos e ambientais. Entre os vares de morangueiro, estima-se que a vés de termohigrógrafo da marca Sato
vários fatores ambientais, o comprimen- temperatura-base é de 70ºC. Segundo modelo NS-II-Q, instalados no interior
to do dia e a temperatura estão envolvi- Cunha (1997), as normais climatológicas da estufa e na parte externa, a uma altu-
dos na indução floral (Galletta & de Passo Fundo são as seguintes: tempe- ra de 1,20 m. (Figura 1).
Bringhurst, 1989 apud Verdial, 2004). ratura média anual 17,5ºC; média das mí- Na segunda etapa do experimento
Bueno et al. (2002) observaram que o nimas de 13,2ºC; média das máximas de foram determinados o número de dias
potencial de florescimento do moran- 23,6ºC; precipitação média anual de 1.787 até o início da floração e a formação de
gueiro é afetado por fatores internos, pela mm; média anual da umidade relativa do frutos, o início e o final da colheita. O
temperatura, pelo fotoperíodo, ou pelos ar de 72%; média anual de horas de frio início da floração foi considerado quan-
três fatores conjuntamente. Porém, esta com temperaturas ≤ 7,0ºC de 422h, va- do 50% das plantas, dentro da parcela,
sensibilidade varia de acordo com as cul- riando de 214h a 554h. Mota (1992) rela- apresentavam pelo menos uma flor aber-
tivares. Para o florescimento em cultiva- ta acúmulos de frio de 375 h (maio a agos- ta por planta. O início da formação de
res não reflorescentes, as condições to) e 420 h ≤ (maio a setembro). frutos foi identificado quando 10% das
ambientais favoráveis que deverão ser O objetivo deste trabalho foi deter- plantas existentes na parcela apresenta-
observadas são dias curtos (inferior a 14 minar o número de dias para a ocorrên- vam pelo menos um fruto por planta,
horas de luz/dia) e temperaturas baixas cia e a duração dos estádios fenológicos com no mínimo 2,5 cm de comprimen-
(menor que 15°C). da floração e frutificação do moranguei- to. Considerou-se na maturação os fru-
No morangueiro, as inflorescências ro, bem como identificar o período de tos que apresentaram 75% de coloração
possuem número variável de flores, que floração, frutificação e maturação dos vermelha na epiderme. Para determinar
se formam a partir das gemas existentes frutos, em cultivo protegido, no muni- a soma térmica, para cada estádio
nas axilas das folhas. A primeira flor nor- cípio de Passo Fundo-RS. fenológico, foram calculados os graus-
malmente origina o primeiro fruto, em dia, considerando a diferença entre a
geral o mais desenvolvido da planta. De- MATERIAL E MÉTODOS temperatura base de 7°C e as tempera-
pois dessa flor, os botões laterais vão se turas médias diárias no interior da estu-
abrindo um a um, acompanhando o de- fa. O período das avaliações da segun-
O trabalho foi conduzido no interior da etapa foi de 05/05/2003 a 23/12/2003
senvolvimento da cimeira. A ramificação
da inflorescência pode ser basal, resultan- de uma estrutura (tipo “arco”) galvani- e de 06/05/2004 a 20/12/2004. Em 2004,
do em mais de um talo de flor aparente, zada de 510 m² (51 x 10,0 m), com teto as plantas de morangueiro foram trans-
originando uma flor terminal acompanha- semicircular, com pé direito de 3,5 m, plantadas no dia 06/05.
da por flores secundárias e terciárias tendo a maior altura 4,6 m, coberta com A escala atribuída para os nove es-
(Brazanti, 1989). Os “frutos” desenvol- filme de polietileno de baixa densidade tádios fenológicos foi baseada em Meier
vem-se a partir de carpelos soltos de uma (PEBD), com aditivo anti-ultravioleta e (1994) e modificada para determinar a
mesma flor, possuindo eixo do receptá- espessura de 150 µM. floração, frutificação e maturação dos
culo carnoso-sucoso, vermelho, frutíolos Para acompanhamento do ciclo da frutos de morangueiro, segundo a se-
drupóides, afundados no receptáculo de- cultura, foram utilizadas plantas de mo- guinte classificação: a) estádio 1: apa-
nominados “frutos múltiplos”. São forma- rangueiro das cultivares Oso Grande, recimento do botão floral, na base da
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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