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Universidade de Vila Velha

Graduação em Medicina Veterinária


Técnica Cirúrgica Veterinária

Ovariohisterectomia
Professor Rodrigo Viana Sepúlveda

2016.1
Objetivos
 Introdução;

 Anatomia aplicada à técnica cirúrgica;

 Pré-operatório;

 Técnica cirúrgica;

 Pós-operatório;

 Complicações.
Introdução

 Cirurgia do sistema reprodutor

Indicação Outras
primária indicações

• Hiperplasia endometrial cística/Piometra


Limitar a Doenças no • Metrite
reprodução sistema • Pseudociese
reprodutivo • Tumores ovarianos e/ou uterinos
ou • Hiperplasia mamária benigna
relacionadas • Resolução de distocia
a hormônios • Outras técnicas e condições
Introdução
 Definição:
Ovariohisterectomia

Ovários e
Extirpação
útero

Extirpação dos Comumente


ovários e do útero chamada de
castração

Remoção cirúrgica dos ovários,


cornos uterinos e parte do corpo
do útero
Introdução
 Definição:
 Ovariectomia ou ooforectomia:
 É a retirada cirúrgica apenas dos ovários;
 O útero fica sem função e predisposto a
infecção e neoplasias.

 Histerectomia:
 É a retirada cirúrgica apenas do útero;
 Evita a gestação, mas o animal ainda apresenta
comportamento de cio;
 Não há resolução de problemas hormonais.
Introdução
 Ovariohisterectomia (OH) ou ováriossalpingo-
histerectomia (OSH):
 É o procedimento cirúrgico abdominal mais
realizado na medicina veterinária;

 A principal indicação é a esterilização e mudança


comportamental;

 Possui indicações terapêuticas.


Introdução
 Indicações terapêuticas:
 Indicações médicas primárias:
 Pseudogestação frequente, hiperplasia
endometrial cística/piometra, presença de
corpo lúteo funcional, alterações uterinas
irreversíveis secundárias a distocia, neoplasias
do útero ou ovário.

 Indicações médicas secundárias:


 Condições hormonais (hiperplasia mamária
benigna), hiperplasia do assoalho vaginal
recorrente, prevenção de neoplasia mamária.
Introdução
 Considerações médicas gerais:
 Quando realizada antes do primeiro cio:

 Quase anula a chance de aparecimento de


tumores mamários;

 Antes dos 3 meses de idade, está relacionada a


incontinência urinária;

 Presença de vulva infantil e indefinição social do


animal.
Introdução
 Considerações médicas gerais:
 Quando realizada após o primeiro cio:

 Desenvolvimento corporal completo;

 Se realizada logo após o primeiro cio, reduz


grandemente o risco de tumores mamários, após
o segundo cio, não há efeito protetor.
Introdução
 Considerações médicas gerais:
 Quando realizada durante o cio:

 Está associada a maior sangramento pela


vasodilatação provocada pelo estrógeno.
Anatomia aplicada à técnica
cirúrgica
Pré-operatório
 Anamnese:
Anamnese criteriosa, indicação da cirurgia, evolução da doença ou
trauma, vacinação, vermifugação e morbidades. Questionar quando
a cio e possível gestação
 Exame físico geral:
Atenção aos sistemas cardiovascular, respiratório, renal e hepático.
Buscar alterações assintomáticas.

 Exame físico específico:


Inspecionar a vagina em busca de tumores e/ou secreções, avaliar
as glândulas mamárias em busca de tumores e/ou secreções.
Palpação abdominal pode ser útil quando o útero está aumentado.

 Exames complementares
Pré-cirúrgico básico. Exames de imagem, se necessário.
Pré-operatório imediato
 Jejum de sólidos e líquidos:
Atenção para a idade da
 6 a 12 horas de sólidos. paciente!!!!
 4 horas de líquidos.

 Tricotomia:
 Preparar a região abdominal desde o apêndice
xifoide até o púbis, estendendo lateralmente a área
com tricotomia.

 Antissepsia:
 Preparo do campo operatório de forma rotineira.
Pré-operatório imediato

 Sugestão de protocolos anestésicos:


 Protocolo 1
 MPA  butorfanol (0,2 a 04, mg/Kg) + midazolam (0,2
mg/Kg)
 Indução  propofol (4 a 6 mg/Kg)
 Manutenção  isofluorano
 Protocolo 2
 MPA  acepromazina (0,05 mg/Kg) + meperidina (3,0
mg/Kg)
 Indução  propofol (4 a 6 mg/Kg)
 Manutenção  isofluorano
Pré-operatório imediato

 Sugestão de protocolos anestésicos:


 Protocolo 3
 Indução  diazepam (0,2 mg/Kg) + cetamina (6,0
mg/Kg)
 Manutenção  isofluorano
 Anestesia epidural lombossacra com lidocaína 2% com
vasconstritor (0,2 mg/Kg)
 Protocolo 4
 MPA  clorpromazina (0,3 mg/Kg)
 Indução  tiletamina + zolazepam (10 mg/Kg)
 Anestesia epidural lombossacra com lidocaína 2% com
vasconstritor (0,2 mg/Kg)
Pré-operatório imediato

 Sugestão de protocolos anestésicos:


 Protocolo 5
 MPA  acepromazina (0,03 mg/Kg) + morfina (0,3
mg/Kg)
 Indução  propofol (4 a 6 mg/Kg)
 Manutenção  isofluorano
 Anestesia epidural lombossacra com lidocaína 2% com
vasconstritor (0,2 mg/Kg)
 Protocolo 6
 Indução  tiletamina + zolazepam (10 mg/Kg)
 Anestesia epidural lombossacra com lidocaína 2% com
vasconstritor (0,2 mg/Kg)
Técnica cirúrgica
 Posicionamento e preparo do campo:
• Decúbito dorsal para
acesso pela linha média
ventral.

• Decúbito lateral para


acesso pelo flanco (ou
esquerdo ou direito).
Técnica cirúrgica
 Acesso:

• Incisão retroumbilical;

• Em gatas e em cadelas pré-púberes, inicia-se a incisão


em torno de 2 cm caudal a cicatriz umbilical.
Técnica cirúrgica
 Celiotomia mediana:

• Incisão na linha alba;

• Deslocamento cranial do omento.


Técnica cirúrgica
 Ovariossalpingo-histerectomia:

• Captura do ovário
esquerdo ou
direito com o dedo
(pode ser feito
com auxílio de um
gancho de
ovariectomia).
Técnica cirúrgica
 Ovariossalpingo-histerectomia:

• Realiza-se tração
caudal e medial
para exposição
parcial do ovário
e parte do corno
uterino.

• Identifica-se o
ligamento
suspensório do
ovário.
Técnica cirúrgica
 Ovariossalpingo-histerectomia:

• É feita a ruptura do ligamento suspensório do ovário. CUIDADO


EXTREMO deve ser tomado para não se levar as estruturas
vasculares do mesovário.
Técnica cirúrgica
 Ovariossalpingo-histerectomia:

• Com auxílio de uma pinça hemostática, um orifício é feito no


mesovário caudal ao complexo arteriovenoso ovariano.
Técnica cirúrgica
 Ovariossalpingo-histerectomia:

• Com auxílio de uma pinça hemostática, um orifício é feito no


mesovário caudal ao complexo arteriovenoso ovariano.
Técnica cirúrgica
Função das pinças
 Ovariossalpingo-histerectomia: hemostáticas:
• 1ª pinça: impedir o retorno
sanguíneo do ovário.

• 2ª pinça: mantém o
pedículo, funciona como
método do conferência da
eficácia da ligadura.

• 3ª pinça: facilitar a
ligadura, serve como um
canal para o nó, deve ser
removida a medida em que
se aperta o nó

• Duas ou três pinças hemostáticas são colocadas através do


orifício feito anteriormente.
Técnica cirúrgica
 Ovariossalpingo-histerectomia:

• Secção do pedículo, com auxílio da lâmina de bisturi, entre a


primeira e a segunda pinças (realizar todos as manobras para o
ovário contralateral).
Técnica cirúrgica
 Ovariossalpingo-histerectomia:

• Faz-se uma janela,


adjacente ao corpo
uterino e artéria e
veia uterinas, no
ligamento largo com
auxílio de uma pinça
hemostática.

• Então, o ligamento
largo e redondo são
rompidos e separados
dos cornos uterinos e
ovários.
Técnica cirúrgica
 Ovariossalpingo-histerectomia:

• Caso a paciente esteja no


cio ou gestante, ou na
presença de vasos
sanguíneos calibrosos, faz-
se a ligadura ao redor do
ligamento largo.

• Após realizar a manobra


no ligamento largo
contralateral, é aplicada
tração cranial, expondo os
ovários, cornos uterinos e
corpo do útero.
Técnica cirúrgica
 Ovariossalpingo-histerectomia:

• Duas ou três pinças


hemostáticas são
aplicadas no corpo do
útero, craniais a cérvix.

• A função de cada pinça


é a mesma já descrita
para o ovário.

• Após a ligadura (abaixo


da última pinça e acima
da cérvix), seccionar o
corpo do útero, com
auxílio de uma lâmina
de bisturi, entre a
primeira e segunda
pinças.
Técnica cirúrgica
 Ovariossalpingo-histerectomia:
Técnica cirúrgica
 Síntese:
 Abdome  aquela realizada rotineiramente para o
fechamento de incisões abdominais na linha média
ventral;
Técnica cirúrgica
 Síntese:
 Tecido subcutâneo  utilizar padrões de sutura de
aproximação, contínuos ou separados, e fios
absorvíveis;

 Pele  utilizar padrões de sutura aproximação,


separados ou contínuos, e fios inabsorvíveis.
Pós-operatório
 Retirada dos pontos de pele entre 7 e 10 dias;

 Uso obrigatório da roupa de proteção ou do colar


elizabetano.

 Uso de analgésicos.
Pós-operatório
Dose para cães Dose para gatos
Fármaco: Indicação:
(mg/kg): (mg/kg):
Dipirona 25 (VO, IM) 25 (VO, IM) dor leve

Cetoprofeno 1 a 2 (VO, IM, IV) 1 a 2 (VO, IM, IV) dor leve a moderada

Meloxican 0,1 a 0,2 (VO, IM, IV) 0,1 a 0,2 (VO, IM, IV) dor leve a moderada

Butorfanol 0,1a 0,4(IM, IV, SC) 0,1 a 0,4(IM, IV, SC) dor moderada
dor moderada a
Tramadol 2 a 10 (VO, IM, IV) 2 a 6(VO, IM, IV)
intensa
dor moderada a
Morfina 0,5 a 2 (IM, SC) 0,2 a 0,5 (IM, SC)
intensa
dor moderada a
Meperidina 3 a 5 (IM, SC) 3 a 5 (IM, SC)
intensa
0,05 a 0,2 (VO, IM, 0,05 a 0,2 (VO, IM, dor moderada a
Metadona
SC) SC) intensa
0,002 a 0,01,e 0,002 0,001 a 0,005, e dor moderada a
Fentanil
0,03/h (IV) 0,002 a 0,03/h (IV) intensa
Complicações
 Complicações inerentes a qualquer procedimento
cirúrgico:
 Infecção  relacionada a assepsia pobre  uso de
antimicrobianos (pode evoluir para septicemia);

 Dor  relacionada a manipulação excessiva dos


tecidos e edema;

 Deiscência  relacionada a uma baixa técnica de


síntese.
Complicações
 Complicações relacionadas a técnica cirúrgica utilizada:
 Hemorragia  relacionada a ligadura mal feitas 
pode ser necessária uma celiotomia para correção
(complicação grave e com potencial fatal rápido);

 Ligadura acidental do ureter  pode ocorrer no


momento da ligadura do corpo uterino ou do
pedículo ovariano  resulta em hidronefrose

 Íleo paralítico  relacionada manipulação excessiva


das vísceras;
Complicações
 Complicações relacionadas a técnica cirúrgica utilizada:
 Piometra de coto uterino  ocorre quando restam
partes do corno uterino ou grande parte do corpo
uterino e os níveis de progesterona estão elevados
(quando se tem ovário remanescente);

 Granulomas  ocorrem quando são feitas ligaduras


com fios inadequados, técnica asséptica deficiente
ou quantidade excessiva de corpo uterino
desvitalizado;

 Estro recorrente  ocorre devido a não retirada


completa dos ovários (ovário remanescente
funcional).
Complicações
 Complicações relacionadas a técnica cirúrgica utilizada:
 Incontinência urinária  pode estar relacionada a
baixos níveis sistêmicos de estrógeno, aderências ou
granuloma do coto uterino que interferem no
esfíncter vesical ou por fístulação vaginoureteral;

 Tratos fistulosos sublombares  ocorrem anos após


a castração e podem estar associados a material de
sutura multifilamentar inabsorvível utilizado para
ligadura uterina ou ovariana;

 Síndrome do eunicoide  pode ocorrer em cadelas


de trabalho após a OSH; as cadelas afetadas perdem
o interesse pelo trabalho, há redução da
agressividade e vigilância.

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