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Adésio Ferreira
José Carlos Lopes
Marcia Flores da Silva Ferreira
Taís Cristina Bastos Soares
Alegre, ES
CAUFES
2016
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
CCAE-UFES
Centro de Ciências Agrárias e Engenharias
Universidade Federal do Espírito Santo
Alto Universitário, s/n, Guararema, Alegre-ES
Telefone: (28) 3552-8955 – Fax (28) 3552-8903
http://www.alegre.ufes.br/
ISBN: 978-85-61890-88-9
Editor: CAUFES
Dezembro 2016
Diagramação:
Wagner Nunes Rodrigues
553 p. : il.
Inclui bibliografia.
Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader.
Modo de acesso: World Wide Web:
<http://www.producaovegetal.ufes.br/tópicos-especiais-em-produção-vegetal-vi>.
ISBN: 978-85-61890-88-9
Prefácio
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
Os Organizadores
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Lista de Autores
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Sumário
Biotecnologia e Ecofisiologia do
Desenvolvimento de Plantas
2. Enxertia em fruteiras................................................................................. 37
José Carlos Lopes, Rodrigo Sobreira Alexandre, Arêssa de Oliveira
Correia, Khétrin Silva Maciel & Patrícia Alvarez Cabanez
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Fitossanidade
Fitotecnia
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Biotecnologia e Ecofisiologia
PPGPV do Desenvolvimento de Plantas
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Capítulo 1
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na região Norte. Já os menores preços praticados por quilo foram em Alagoas (R$
0,63) e Rio de Janeiro (R$ 0,59) (IBGE, 2015).
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3. Compostos bioativos
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3.2. Flavanoides
Os flavonoides são compostos polifenólicos bem distribuído no reino
vegetal. Encontrados em plantas, como pigmentos amarelos, laranjas, azuis
e vermelhos das flores. São responsáveis pela proteção contra a radiação
ultravioleta, regulação do crescimento e desenvolvimento normal das plantas,
defesa contra fungos, bactérias e vírus, além de quelarem metais tóxicos e
reduzirem os agentes oxidativos lesivos à própria planta. Além de ajudarem no
processo de transferência de energia, morfogênese, determinação do sexo das
plantas, respiração e fotossíntese da maioria das plantas (Cook; Samman, 1996;
Di Carlo Et Al., 1999; Harbone; William, 2000; Muschietti; Martino, 2007).
Existe um certo interesse econômico nesses metabólitos por possuírem
diferentes propriedades, como, por exemplo, as cores que esses pigmentos
possuem, sua importância e contribuições em nutrição e sabor dos alimentos.
Além disso, esses compostos possuem também importância farmacológica como
anticarcinogênico, antiinflamatório, antioxidante, antialérgico, antiulcerogênico,
antivirais entre outras (Sousa et al., 1991).
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3.3. Caratenoides
Do ponto de vista nutricional, a inclusão de goiaba e seus produtos na dieta
é muito importante pois estes são ricos em carotenoides os quais desempenham
importante papel na saúde humana, pois contribuem para o fortalecimento do
sistema imunológico e diminuição do risco de doenças degenerativas. Além da
sua função como corante natural e ação antioxidante, alguns carotenóides, como
o β-caroteno é precursor da vitamina A (Nascimento, 2006).
Os carotenoides estão amplamente distribuídos na natureza são substâncias
coloridas, pigmentos naturais que apresentam diversas funções biológicas e
benefícios à saúde. Muito importante para as pesquisas em diversas áreas como:
química, bioquímica, biologia, ciência e tecnologia dos alimentos, medicina,
farmácia e nutrição. A coloração vermelha, amarela e alaranjada encontrada em
frutas, flores, legumes e hortaliças, tubérculos, animais (pássaros, insetos, peixes
e crustáceos) e microrganismos (leveduras), são conferidas pelos carotenoides. E
também usados como corantes na indústria alimentícia (Rodriguez-Amaya, 1997;
Kalluf, 2006; Nascimento, 2006; Pinto, 2006).
Várias doenças podem ser reduzidas com o consumo de alimentos ricos
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Capítulo 02
Enxertia em fruteiras
1. INTRODUÇÃO
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2. HISTÓRICO
Aristóteles (384 a 322 a.C.) em sua obra apresentou referências sobre o uso
da prática da enxertia na época do Império Romano (Goto et al. 2003).
Entre 1.400 a 1.600 d.C., na época do Renascimento, encontraram-
se diversos registros de plantas enxertadas e, a partir do século XIX, já havia
centenas de técnicas descritas. Foi nesse período renascentista que se observou
uma renovação no interesse das práticas de enxertia. Numerosas plantas novas
vindas de países estrangeiros foram importadas para jardins europeus e mantidas
por enxertia. Liberty Hyde Bailey, em seu trabalho publicado em 1821, descreveu
e ilustrou os métodos de enxertia e borbulhia, comumente utilizados na época
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3.1. Garfagem
A garfagem é um método de enxertia que consiste na retirada de uma porção
do ramo em forma de cunha ou bisel (enxerto), contendo uma ou mais gemas,
para ser introduzido no portaenxerto, de maneira a permitir o desenvolvimento,
sendo que o portaenxerto tem a sua parte superior decapitada (Nachtigal et al.
2005). A enxertia por garfagem possui como diferencial para outros métodos (a
exemplo da borbulhia) normalmente mais de uma gema no enxerto. O enxerto
é feito de 15 a 20 cm, aproximadamente, acima do nível do solo, quando os
portaenxertos atingem o diâmetro de um lápis. Muitas frutíferas podem ser
propagadas por garfagem, como pitangueira (Bezerra et al. 2002; Franzon et al.
2008), maracujazeiro (Alexandre et al., 2009; Santos et al., 2014), pessegueiro
(Silva et al., 2011), jabuticabeira (Franco et al. 2010) e gravioleira (Zacaroni et
al. 2014). Dentre os principais tipos de garfagem, destacam-se: meia-fenda cheia;
meia-fenda esvaziada; fenda incrustada; fenda completa; dupla garfagem; inglês
simples e inglês complicado.
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3.2. Encostia
A encostia, também conhecida como enxertia de aproximação e consiste
na união lateral de duas plantas com sistemas radiculares independentes, de
modo que o enxerto e o portaenxerto permaneçam mantidos por seus sistemas
radiculares até que a união do enxerto e do portaenxerto esteja completamente
formada. Os principais tipos de encostia são lateral e no topo.
3.3. Borbulhia
A borbulhia é um método da enxertia que consiste na justaposição de uma
única gema sobre um porta- enxerto enraizado (Simões 1998). A época de enxertia
para esse tipo técnica de multiplicação, variam do período da primavera ao verão,
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3.4. Minienxertia
Esta técnica consiste em enxertar segmentos de ramos apicais de tamanho
que variam de 1 a 2 cm de comprimento em um portaenxertos. Em espécies
do gênero Passiflora, Alexandre et al. (2009) e Tiradentes (2011) utilizaram a
minienxertia pela modalidalide garfagem no topo hipocotiledonar em fenda cheia,
utilizando miniestacas adultas de segmentos apicais de P. edulis f. flavicarpa,
P. edulis, P. alata, P. mucronata e P. foetida em portaenxertos de P. edulis f.
flavicarpa. A metodologia empregada é uma nova opção de enxertia para essas
espécies do gênero Passiflora. Inclusive por ser um método menos destrutivo se
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3.5. Microenxertia
A microenxertia é uma técnica que consiste em microenxertar um meristema,
oriundo de uma planta matriz sobre um portaenxerto enxertado in vitro ou ex
vitro. A microenxertia ex vitro foi uma metodologia inovadora feita pela inserção
de um ápice caulinar da espécie P. edulis f. flavicarpa, no epicótilo, por meio
da incisão em forma de janela na proximidade da região apical de uma plântula
da mesma espécie (Ribeiro et al. 2008). Com esta técnica torna-se possível a
produção de matrizes de fruteiras e outras plantas arbóreas, com alta qualidade
fitossanitária e com características adultas, não se revertendo ao estado juvenil
(Paz; Pasqual, 1998).
A microenxertia interespecífica ex vitro e observaram que o desenvolvimento
dos microenxertos e o número de brotações adventícias foram maiores quando
utilizaram porta‑enxertos de P. edulis e menores com porta‑enxertos de P.
setacea e P. alata. Porta‑enxertos de P. edulis, P. cincinnata, P. alata e P. setacea
proporcionaram, respectivamente, 30,3; 10; 1,6 e 0% de microenxertos com folhas
expandidas. Avaliações histológicas evidenciaram maior espessura da região
cortical em porta‑enxertos de P. edulis, enquanto em P. setacea foi observado
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3.6. Interenxertia
A inter-enxertia é usada quando duas plantas são incompatíveis, ou quando
se pretende diminuir o vigor da copa. A técnica consiste em colocar um fragmento
de uma terceira planta entre o enxerto e o portaenxerto, que seja compatível com
ambas. A planta inter-enxertada apresentará três partes geneticamente diferentes
(portaenxerto, interenxerto e enxerto) e dois locais de enxertia (Fachinello et al.
2005). Esta forma de enxertia é utilizada, por exemplo, em macieiras, visando
controlar o vigor da planta.
3.7. Sobre-enxertia
A sobre-enxertia, conhecida por enxertia de copa ou substituição da parte
aérea, empregada para plantas adultas e sadias ou plantas com problemas na parte
aérea e utiliza outra planta e faz a alteração da copa (Pinheiro et al. 1988). Se ganha
tempo, pois o portaenxerto se encontra implantado, e as produções se tornam mais
precoces (Pinheiro et al. 1988). Essa técnica utiliza a garfagem (fenda cheia ou
fenda dupla), substituindo total ou parcialmente a copa, sendo possível produzir-
se, em uma mesma planta, diferentes cultivares.
3.8. Subenxertia
A subenxertia consiste em introduzir um portaenxerto a uma copa ou
muda já formada, com objetivo de formar um sistema radicular alternativo para
substituir aquele afetado por problemas fitossanitários ou traumáticos (Girardi et
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al. 2010). Trabalhos que envolvem a utilização de subenxertia são poucos, sendo
encontrados principalmente na cultura dos citros visando ao controle da morte
súbita dos citros.
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4. VANTAGENS E DESVANTAGENS
4.1. Vantagens
• Dentre as diversas vantagens que a enxertia pode proporcionar, destacam-se:
• Formação de populações de plantas homogêneas que mantém a carga genética
e características agronômicas da variedade ou cultivar;
• Evitar a dissociação dos caracteres de uma determinada variedade,
propagando-a com todas as suas qualidades inerentes à variedade a que
pertence;
• Podem-se transformar plantas estéreis em plantas que sejam produtivas, pela
inoculação de gemas ou ramos de plantas de características desejáveis, ou
mesmo reunindo em um só indivíduo ambos os sexos de plantas dioicas;
• Manutenção ou melhoria das qualidades dos frutos, como cor, tamanho,
acidez titulável (AT), sólidos solúveis (SS);
• Aumentar o vigor das plantas;
• Aumentar a resistência a patógenos;
• Promover adaptação ao clima;
• Propagar materiais de difícil multiplicação sexuada;
• Reduzir o porte da planta, que principalmente em frutíferas é de extrema
importância por facilitar a colheita, bem como os tratos culturais como poda
e combate a doenças e pragas;
• Substituir variedades copa;
• Rejuvenescer e recuperar plantas, principalmente aquelas que por algum
mecanismo acidental ou de moléstias e pragas estejam danificadas e
ameaçadas de morte;
• Fixar mutações, híbridos e novas variedades, e assegurar a criação de novas
variedades;
• Promover a floração e a frutificação mais precoce;
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4.2. Desvantagens
• Há a possibilidade de ocorrer a transmissão de viroses, como no caso da
utilização de borbulhas de clones velhos;
• Normalmente ocorre redução na longevidade da planta;
• Há alto risco de rejeição em algumas espécies;
• A produção das mudas é um processo bastante moroso;
• Há o problema de ocorrer incompatibilidade entre enxerto e portaenxerto,
devendo ambos pertencer, no mínimo, à mesma família, salientando-se que
quanto maior o grau de parentesco, maior a probabilidade de sucesso na
enxertia.
• (Fachinello et al., 2005; Hartmann et al., 2011).
5.1. Incompatibilidade
Durante a enxertia vários fatores, isolados ou em conjunto, podem
influenciar na formação da união entre o enxerto e o portaenxerto, sendo eles a
incompatibilidade e fatores ambientais. Mesmo sendo feita em época adequada
e com ótimas condições de ambiente, a enxertia ainda assim pode apresentar
dificuldades no pegamento do porta-enxerto, causadas principalmente por
incompatibilidade, que segundo Fachinello et al. (2005), pode ser de dois
tipos: a incompatibilidade localizada - é a incompatibilidade que surge em
decorrência do contato entre enxerto e porta-enxerto, geralmente apresentando
uma união frágil e com interrupções nos tecidos vasculares e no câmbio, com
diminuição na passagem de seiva do porta-enxerto para o enxerto, e vice-versa.
Essa incompatibilidade pode ser superada pelo uso de um enxerto intermediário,
que seja compatível com ambas as partes; e a incompatibilidade translocada
- é a incompatibilidade que consiste na degeneração do floema, caracterizada
pela formação de uma linha escura ou de uma zona necrótica na região do córtex,
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6. CICATRIZAÇÃO DO ENXERTO
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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Capítulo 03
1. INTRODUÇÃO
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62
PPGPV
63
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64
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67
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68
PPGPV
no qual são segregados pelos órgãos do corpo. Esses hormônios têm funções de
regular, mesmo à distância, outros órgãos (Lintelmann et al. 2003).
Autores afirmam que a exposição em ambiente com presença de metais
pesados pode causar distúrbios nos sistema endócrino e manifestações de algumas
doenças, sendo:
As - no organismo humano o As é rapidamente excretado pelo fígado e
pelos rins, que funcionam como verdadeira usina de eliminação de excesso,
tanto para o arsênio inorgânico quanto para o orgânico (Santos et al. 2003). Sua
metabolização após ingerido resulta na excreção de As metilado pelos rins e seus
efeitos adversos sobre a saúde são variados e vão desde lesões da pele até quadros
clínicos graves dos sistemas gastrointestinal, circulatório periférico e nervoso
(Dantas et al. 2012).
Ba - seu acúmulo nos seres humanos pode ocasionar dores abdominais,
diarréia, vômitos, ansiedade, astenia, náuseas, agitação, sudorese, tremores,
fibrilação muscular, hipertonia dos músculos da face e pescoço, dificuldade
respiratória, arritmia cardíaca, desordens nervosas, caracterizadas por sensações
anormais e alucinações sensoriais de membros inferiores e superiores e crises
convulsivas (Tubino; Simoni 2007).
Cd - a exposição e inalação de substâncias com elevada concentração de
Cd favorece a formação de câncer de próstata, acúmulo no pâncreas e testículos
(Patnaik 2002). Além disso, pode afetar os pulmões e causar danos crônicos aos
rins, os quais, depois da exposição prolongada, são considerados órgãos críticos
(Muniz; Oliveira-Filho 2006).
Cr - a presença do Cr em altas concentrações no ambiente é extremamente
nociva à saúde em sua forma Cr6+, podendo causar problemas como dermatite
irritativa e alérgica, corrosão da mucosa nasal, asma bronquial, câncer de
pulmão e danos renais (Muniz; Oliveira-Filho 2006)). Se ingerido em maiores
concentrações, o metal pode competir com o Fe pela ligação com a transferrina,
proteína responsável pelo transporte de ferro recém-absorvido (Trumbo et al.
2001).
Pb - pode acumular-se na tireoide, nos testículos e nos ovários, reduzindo
a qualidade do esperma e hipotireoidismo decorrente de alterações funcionais da
hipófise (Teves 2001; Moreira; Moreira 2004).
69
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
70
PPGPV
71
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
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3. Considerações Finais
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Capítulo 04
1. INTRODUÇÃO
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PPGPV
85
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
86
PPGPV
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
88
PPGPV
89
Tabela 2. Uso das espécies de passifloras encontradas no Espírito Santo.
ESPÉCIE/ Ploidia SUBGÊNERO OCORRÊNCIA_ ES USOS REFERÊNCIAS
Propriedade medicinal, usada
Milward-de-Azevedo
Passiflora actinia Hook como calmante e vermífugo
Passiflora São Roque do Canaã (2008); Junqueira et al.
2n = 18 Resistência a viroses; à
(2005); Melo et al. (2001)
bacteriose e à antracnose
90
Nova Venécia, Conceição maracujazeiro amarelo, por
Milward-de-Azevedo (2008)
da Barra, Venda Nova do apresentar resistência a doenças
Guerra (1986)
Imigrante, São Roque do Usada nas industrias, produção
Canaã, Conceição do Castelo, de sucos concentrados e simples,
Santa Ma ria de Jetibá, suco em pó, néctar, licor, vinho e
Sooretama geléia
Ornamental
Passiflora edmundoi
Itapemirim, Santa Teresa, São É possivelmente cultivada como Araujo e Alves (2013)
91
Sacco Passiflora
Roque do Canaã ornamental MELO et al. 2001)
2n = 18
Medicinal no tratamento
de sintomas do alcoolismo,
Alegre, Ibitirama, Serra,
ansiedade, enxaqueca,
Santa Teresa, Linhares, São Benigni et al. (1964)
nervosismo e insônia
Passiflora edulis Sims Mateus, Conceição da Barra, Matsuura e Folegattii (2004)
Passiflora Industrial na produção de sucos
2n = 18 Venda Nova do Imigrante, Aguiar et al. (2010)
concentrando, em pó, néctar,
Santa Maria de Jetibá, Janaki Ammal (1945)
licor, vinho e geléia
Sooretama
Resistente a Meloidogyne
incognita
Passiflora filamentosa
Passiflora Nova Venécia Risco de extinção MMA (2014)
Cav.
PPGPV
Tabela 2. Uso das espécies de passifloras encontradas no Espírito Santo (Continuação...).
ESPÉCIE/ Ploidia SUBGÊNERO OCORRÊNCIA_ ES USOS REFERÊNCIAS
antibactericida, sedativa e
Soares et al. (2005)
antiespasmódica
Resistência a Xanthomonas
axonopodis pv. Passiflorae;
92
suscetível a Fusarium
oxysporum
Cachoeiro de Itapemirim,
Castelo, Venda Nova do
Imigrante, Domingos
Passiflora kermesina Braga et al. (2000)
Martins, Viana, Cariacica,
Link & Otto Passiflora Ornamental Storey (1950)
Serra, Santa Teresa, Linhares,
2n = 18 Beal (1969)
Conceição da Barra, São
Roque do Canaã, Santa Maria
de Jetibá, Sooretama
93
Resistente a Necria
Presidente Kennedy, Piúma, haematococca, potencial uso
Castelo, Guarapari, Vila como porta enxerto;
Medicinal: as sementes são Fischer et al. (2005)
Passiflora mucronata Velha, Cariacica, Vitória,
consideradas vermífugas e as Meletti et al. (2011)
Lam. Serra, Santa Leopoldina,
Passiflora raízes possuem extratos de Melo et al. (2001)
2n = 18 Santa Teresa, Aracruz,
efeito calmante; Junqueira et al. (2005)
Linhares, São Mateus, Elevado potencial ornamental Milward-de-Azevedo (2008)
Conceição da Barra, São Resistência a Fusarium solani;
Roque do Canaã, Sooretama. à bacteriose nas folhas e à
antracnose nos frutos e ramos
94
enxerto para maracujá amarelo,
com resultados promissores;
Propriedades medicinais;
Potencial no melhoramento
visando à obtenção de híbridos
Alegre, Ibitirama, Santa
Passiflora capsularis L. ornamentais, pelas pequenas e Amorim et al. (2011)
Decaloba Teresa, Venda Nova do
2n = 12 abundantes flores, folhas e frutos Bowden (1945)
Imigrante, Pedra Azul. em cores e formas adequadas a
ornamentação.
Castelo, Itapemirim,
Passiflora misera Kunth Linhares, São Gabriel da Oliveira et al. (1994)
Decaloba Ornamental
2n = 12 e 2n = 36 Palha, Conceição da Barra, Melo et al. (2001)
95
Sooretama.
96
PPGPV
que podem ser consumidos na forma de margarina por apresentar uma menor
oxidação e na produção de cosméticos. Na caracterização de fibras de sementes de
P. edulis são ricas em fibras insolúveis e que são compostas por celulose, pectina e
hemicelulose, podendo ser usada como fonte de fibra alimentar (Chau e Huang 2004).
P. alata (Petry et al. 2001; De-Paris et al. 2002; Doyama et al. 2005;
Reginatto et al. 2006; Vargas et al. 2007; Boeira et al. 2010; Gomes,
2013; Zucolotto et al. 2012)
P. actinia (Lolli et al. 2007; Santos et al. 2005);
Medicinal P. suberosa (Gomes, 2013; Kidoy et al. 1997; Gosmann et al. 2011);
P. foetida (Mohanasundari et al. 2007; Ingale e Hivrale, 2010; Santos et
al. 2011; Sasikala et al. 2011; Chivapat et al. 2011; Asadujjaman et al.
2014);
P. edulis (Kandandapani et al. 2015; Zeraik et al. 2011; Li et al. 2011).
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
Capítulo 05
1. INTRODUÇÃO
Myrtaceae compreende cerca de 132 gêneros e 5.671 espécies (Govaerts et
al. 2008) destacando-se entre as famílias mais representativas em regiões tropicais
e subtropicais do mundo, com centros de diversidade na América Tropical, Ásia e
na região da Oceania (Govaerts et al. 2008; Wilson et al. 2001; Lucas et al. 2007).
No Brasil é uma das famílias mais representativas (Mori et al. 1983; Landrum
& Kawasaki 1997; Forzza et al. 2010), apresentando cerca de 1.000 espécies,
tendo sido indicada como a família de maior diversidade de espécies arbóreas em
diferentes biomas (Mori et al. 1983; Oliveira-Filho & Fontes 2000). Espécies da
família podem ser reconhecidas como arbustos ou árvores, geralmente com caule
cilíndrico e córtex frequentemente se desprendendo em placas ou lâminas, além
da presença de numerosas glândulas oleíferas em forma de pontos translúcidos
aparentes em toda planta (Figura 1), o que possibilita o reconhecimento da família
em campo.
Além da grande diversidade, a família é reconhecida por abarcar espécies de
importância econômica utilizadas na alimentação e na medicina tradicional, como
a goiabeira (Psidium guajava L.) e a pitangueira (Eugenia uniflora L.); especiarias
como o cravo da índia (Syzygium aromaticum (L.) Merr. & L.M.Perry); e espécies
madeireiras como as do gênero Eucalyptus. Espécies de Myrtaceae são também
reconhecidas pela produção de metabólitos secundários como os óleos essenciais.
A produção de metabólitos secundários está diretamente relacionada a
adaptação das plantas ao seu ambiente (Aerts et al. 1991; Harborne 1988). Alguns
110
PPGPV
111
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
112
PPGPV
113
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
OPP OPP
114
PPGPV
α-Pinene (17,53) MH
Syzygium Alexandria Elansary et
α-Terpineol (16,67) MO Folha
cumini (Egito) al., 2012
Alloocimene (13,55) MH
β-Pinene (18,5) MH
Viçosa (MG)
Demuner et
α-Pinene (15,2) MH Folha
al., 2011
(Estação seca)
Leptospermum α-Humulene (10,2) SH
madidum
Viçosa (MG)
α-Humulene (30,8) SH
Demuner et
Folha
(Estação al., 2011
(E)-β-Caryophyllene (11,9) SH
chuvosa)
115
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
β-Caryophyllene (21,2) SH
Porto Alegre Apel et al.,
Plinia edulis Caryophyllene oxide (18,1) SO Folha
(RS) 2006
Spathulenol (11,9) SO
116
PPGPV
α-Pinene (19,9) MH
Plinia rubri- Pinar del Rio Pino et al.,
p-Cymene (11,4) SH Folha
nervis (Cuba) 2002
α-Terpineol (10,9) MO
β-Bisabolene (16,26) SH
Plinia cerro- Panama Durant et al.,
Folha
campanensis (Panama) 2014
Linalool (10,47) MO
Santo Amaro
Calyptranthes Passos et al.,
Calyptrantone (81,0) CeA Folha das Brotas
restingae 2016
(Sergipe)
Linalool (54,6) MO
Calyptranthes Monteverde Cole; Haber;
Folha
pittieri (Costa Rica) Setzer, 2007a
(E)-2-Hexenal (24,4) AI
(E)-Citral (35,06) MO
α-Pinene (12,48) MH
Bicyclogermacrene (22,1) SH
Calyptranthes São Francisco Limberger et
Folha
concinna de Paula (RS) al., 2002
cis-Calamenene (10,3) SH
Dom Pedro
Calyptranthes Limberger et
β-Bisabolene (25,5) SH Folha de Alcântara
lucida al., 2002
(RS)
SH
β-Caryophyllene (16,5) Spathu-
Dom Pedro
Calyptranthes lenol (15,4) Limberger et
SO Folha de Alcântara
rubella al., 2002
(RS)
Bicyclogermacrene (11,7)
SH
117
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
Silva et al.,
1-epi-Cubenol (10,0) SO Folha Belém (Pará)
2016
Selin-11-en-4-α-ol (24,7) SO
Myrcia sylva- Zoghbi et al.,
Caryophyllene oxide (16,6) SO Folha Belém (Pará)
tica 2003
Spathulenol (13,8) SO
cis-Calamenene (30,1) SO
Zoghbi et al.,
Spathulenol (18,7) SO Folha Belém (Pará)
2003
α-Calacorene (11,5) SH
Spathulenol (40,2) SO
Zoghbi et al.,
Folha Belém (Pará)
2003
β-Bisabolene (14,7) SH
Isopulegol (41,06) MO
Myrcia lun-
diana Nerolic acid (20,09) MO
Areia Branca Alves et al.,
Folha
(Sergipe) 2016
Iso-isopulegol (15,26) MO
1,8-Cineole (14,46) MO
118
PPGPV
(E)-Citral (36,96) MO
Japaratuba Sampaio et
(E)-Nerolidol (20,24) SO Folha
(Sergipe) al., 2016
(Z)-Citral (18,21) MO
Variação sazonal:
SH
β-Caryophyllene (41,5; 24,1;
25,9; 9,3; 36,0; 34,6; 25,0; Salvador Cerqueira et
Folha
27,6) (BA) al., 2009
Myrcia
salzmannii α−Humulene (3,8; 10,8; 12,9;
3,2; 11,8; 13,2; 11,9; 12,1)
SH
β-Caryophyllene (13,8) SH
Salvador Cerqueira et
Flor
(BA) al., 2009
α−Humulene (10,9) SH
Variação sazonal:
119
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
(E)-Citral (36,96) MO
Japaratuba Sampaio et
(E)-Nerolidol (20,24) SO Folha
(Sergipe) al., 2016
(Z)-Citral (18,21) MO
Variação sazonal:
SH
β-Caryophyllene (41,5; 24,1;
25,9; 9,3; 36,0; 34,6; 25,0; Salvador Cerqueira et
Folha
27,6) (BA) al., 2009
Myrcia
salzmannii α−Humulene (3,8; 10,8; 12,9;
3,2; 11,8; 13,2; 11,9; 12,1)
SH
β-Caryophyllene (13,8) SH
Salvador Cerqueira et
Flor
(BA) al., 2009
α−Humulene (10,9) SH
Variação sazonal:
120
PPGPV
Germacrene D (35,9) SH
Myrcia splen- Monteverde Cole; Haber;
Folha
dens (Costa Rica) Setzer, 2008
Valerianol (16,3) SO
Zoghbi et al.,
(E)-Nerolidol (80,8) SO Folha Belém (PA)
2003
Myrcia brac-
teata (E)-β-Farnesene (33,9) SH
Spathulenol (31,0) SO
Myrcene (48,1) MH
Zoghbi et al.,
Folha Belém (PA)
2003
β-Caryophyllene (19,9) SH
β-Caryophyllene (39,1) SH
Zoghbi et al.,
Myrcene (19,2) MH Folha Belém (PA)
2003
Myrcia cuprea
α-Pinene (15,9) MH
SH
β-Caryophyllene (38,1)
Zoghbi et al.,
SH Folha Belém (PA)
Germacrene D (21,8) Germac- 2003
rene B (19,5)
SH
Chenchou
Khadhri et
Viridiflorol (36,4) SO Folha (Sul da Tu-
al., 2014
nisia)
Germacrene D (16,79) SH
Chenchou
Khadhri et
α-Humulene (10,93) SH Caule (Sul da Tu-
al., 2014
nisia)
Valerenol (10,62) SO
Psidium gua-
java β-Caryophyllene (18,81) SH
Kamran et
Copaene (11,8) SH Folha -
al., 2012
Alloaromadendrene (10,27) SH
α-Pinene (23,9) MH Folhas
Silva et al.,
e caules Belém (PA)
2003
1,8-Cineole (21,4) MO finos
121
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
KwaZulu-
Chalannavar
Caryophyllene oxide (12,43) SO Folha Natal (Sul da
et al., 2012
África)
KwaZulu-
Chalannavar
Psidium ca- Caryophyllene oxide (29,56) SO Folha Natal (Sul da
et al., 2013
ttleianum África)
cis-β-Caryophyllene (59,62) SH
Castro et al.,
Folha Pelotas (RS)
2014
Caryophyllene oxide (18,16) SO
Terpinen-4-ol (47,72) MO
Psidium cau- Pamplona Yáñez et al.,
Folha
datum (Colômbia) 2002
γ-Terpinene (11,58) MH
α-Pinene (14,8) MH
Folha e
Psidium acu- Boa Vista Silva et al.,
1,8-Cineole (12,9) MO caules
tangulum (Roraima) 2003
finos
β-Pinene (10,1) MH
Folha e
Psidium stria- Carolina Silva et al.,
β-Caryophyllene (28,6) SH caules
tulum (Maranhão) 2003
finos
Folha e
Psidium Boa Vista Silva et al.,
β-Bisabolene (17,4) SH caules
guineense (Roraima) 2003
finos
τ-Cadinol (46,6) SO
Psidium cymo- Pinar del Rio Pino et al.,
1,8-Cineole (15,0) MO Folha
sum (Cuba) 2003
α-Muurolol (11,8) SO
Limonene (43,0) MH
Psidium sarto- Pinar del Rio Pino et al.,
Folha
rianum (Cuba) 2003
α-Pinene (39,5) MH
122
PPGPV
α-Terpineol (18,28) MO
α -Pinene (15,61) MH
Pino;
α-Selinene (13,84) SH
Psidium fried- Darmstadt Marbot;
Fruto
richsthalianum (Alemanha) Vázquez,
β-Selinene (11,21) SH
2002
δ-Cadinene (11,00) SH
4,11-Selinadiene (10,78) SH
Copaene (10,69) SH
Padmaku-
Kingston
Eugenol (74,71) MO Fruto mari et al.,
(Jamaica)
2011
Curzerene (22,37) SO
Santos;
Folha Seropédica
Furanodiene (18,99) SO Braz-Filho;
madura (RJ)
Castro, 2015
Eugenia uni- Germacrene B (14,39) SH
flora Germacrone (37,86) SO
Santos;
Folha Seropédica
Curzerene (16,60) SO Braz-Filho;
jovem (RJ)
Castro, 2015
Germacrene B (13,54) SH
Spathulenol (5,36-16,06)
SO
Eugenia hie- δ-Cadinene (7,50-15,93) Blumenau Zatelli et al.,
SH Folha
malis (SC) 2015
Bicyclogermacrene (5,70-
SH
14,24)
δ-Cadinene (22,6) SH
Eugenia bre- Silva et al.,
Folha Buíque (PE)
joensis 2015
β-Caryophyllene (14,4) SH
123
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
α-Pinene (33,5) MH
Eugenia brasi-
Moji-Guaçu Moreno et
liensis (frutos 1,8-Cineole (28,2) MO Folha
(SP) al., 2007
amarelos)
β-Pinene (14,4) MH
α-Pinene (15,4) MH
Eugenia brasi-
Moji-Guaçu Moreno et
liensis (frutos Myrcene (10,7) MH Fruto
(SP) al., 2007
amarelos)
α-Terpineol (10,2) MO
(E)-2-Hexenal (33,6) AI
Cole; Haber;
Eugenia austin Monteverde
α-Terpineol (16,3) MO Folha Setzer,
-smithii (Costa Rica)
2007b
Linolool (13,9) MO
α-Pinene (29,0) MH
Cole; Haber;
Monteverde
Eugenia haberi α-Terpineol (19,4) MO Folha Setzer,
(Costa Rica)
2007b
(E)-2-Hexenal (11,2) AI
Linolool (30,4) MO Cole; Haber;
Eugenia mon- Monteverde
Folha Setzer,
teverdensis (Costa Rica)
(E)-2-Hexenal (22,5) AI 2007b
124
PPGPV
(E)-2-Hexenal (31,2) AI
Cole; Haber;
Eugenia carta- Monteverde
trans-β-ocimene (16,2) MH Folha Setzer,
gensis (Costa Rica)
2007b
Germacrene D (12,3) SH
α-Pinene (28,3) MH
Eugenia Monteverde Cole; Haber;
β-Caryophyllene (13,2) SH Folha
zuchowskiae (Costa Rica) Setzer, 2007
α-Humulene (13,1) SH
Erechim (Rio
Eugenia caryo- Silvestri et
Eugenol (90,3) MO Flor Grande do
phyllata al., 2010
Sul)
Eugenol (76,8) MO
Eugenia caryo- Wallerstein Jirovetz et
Folha
phyllus (Alemanha) al., 2006
β-Caryophyllene (17,4) SH
β-Caryophyllene (24,6) SH
Rio de Ja- Lima et al.,
α-Pinene (17,2) MH Folha
neiro 2012
Eugenia sul-
cata β-Pinene (10,9) MH
Viridiflorol (17.7) SO
Santo Amaro
Eugenia um- Magina et
β-Pinene (13.2) MH Folha da Imperatriz
belliflora al., 2009
(SC)
α-Pinene (11.2) MH
125
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
1,8-Cineole (37,5) MO
Folha e Djanet (Al- Bouzabata
Myrtus nivellei
flor géria) et al., 2013
Limonene (25,0) MH
1,8-Cineole (33,62) MO
Eucalyptus New Delhi Kumar et
α-Pinene (14,15) MH Folha
globulus (Índia) al., 2012
Limonene (10,09) MH
Citronellal (64,92) MO
Dores do Rio Tomaz et
Folha
Preto (ES) al., 2014
Iso-isopulegol (10,20) MO
Kinshasa Cimanga et
Citronellal (72,7) MO Folha
(Congo) al., 2002
Ethanone (25,36) CA
Akin; Ak-
Famagusta
tumsek;
Eucalyptol (13,73) MO Folha (Northern
Nostro,
Cyprus)
2010
β-Caryophyllene (11,55) SH
γ-Terpineno (71,36) MH
Kuala Lumpur Mubarak et
Folha
Eucalyptus (Malásia) al., 2014
o-Cymene (17,63) MH
camaldulensis
α-Pinene (22,52) MH
Hualien Coun- Cheng et al.,
p-Cymene (21,69) MH Folha
ty (Taiwan) 2009
α-Phellandrene (20,08) MH
Kinshasa Cimanga et
1,8-Cineole (58,9) MO Folha
(Congo) al., 2002
Piperitone (40,5) MO
Eucalyptus Victoria (Aus- Gilles et al.,
Folha
dives tralia) 2010
α-Phellandrene (17,4) MH
1,8-Cineole (34,8) MO
New South
Eucalyptus Gilles et al.,
(Z)-Citral (10,8) MO Folha Wales, Aus-
staigeriana 2010
tralia
(E)-Citral (10,8) MO
126
PPGPV
127
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
Spathulenol (16,5) SO
Eucalyptus Ain Draaham Elaissi et
Globulol (12,5) SO Folha
gunnii (Tunisia) al., 2011
Viridiflorol (11,5) SO
1,8-Cineole (13,0) MO
Eucalyptus
Ain Draaham Elaissi et
macrorrhyn- β-Eudesmol (12,0) SO Folha
(Tunisia) al., 2011
cha
α-Eudesmol (10,7) SO
Cryptone (21) CI
Eucalyptus Ain Draaham Elaissi et
Folha
odorata (Tunisia) al., 2011
p-Cymene (16,7) MH
1,8-Cineole (41,7) MO
Eucalyptus Sejnene (Tu- Elaissi et
trans-Pinocarveol (14) MO Folha
ovata nisia) al., 2011
α-Pinene (13,3) MH
Spathulenol (18) SO
Eucalyptus Ain Draaham Elaissi et
Viridiflorol (14,3) SO Folha
pauciflora (Tunisia) al., 2011
Globulol (12,3) SO
p-Cymene (17,5) MH
Eucalyptus Ain Draaham Elaissi et
Spathulenol (12,5) SO Folha
tereticornis (Tunisia) al., 2011
Limonene (10,0) MH
β-Pinene (25,3) MH
Eucalyptus Kinshasa Cimanga et
Folha
alba (Congo) al., 2002
β-Terpineol (13,6) MO
128
PPGPV
1,8-Cineole (35,7) MO
Eucalyptus Kinshasa Cimanga et
Folha
deglupta (Congo) al., 2002
Cryptone (25,4) CI
1,8-Cineole (32,4) MO
Eucalyptus Kinshasa Cimanga et
Folha
propinqua (Congo) al., 2002
α-Pinene (20,3) MH
1,8-Cineole (61,3) MO
Eucalyptus Kinshasa Cimanga et
Folha
saligna (Congo) al., 2002
Limonene (10,1) MH
p-Cymene (28,6) MH
Eucalyptus Kinshasa Cimanga et
Folha
terticornis (Congo) al., 2002
Cryptone (17,8) CI
p-Cymene (27,3) MH
Eucalyptus Kinshasa Cimanga et
Folha
robusta (Congo) al., 2002
Myrtenal (12,8) MO
Terpinen-4-ol (47) MO
Melaleuca Silva et al.,
Folha Viçosa (MG)
thymifolia 2010
P-Cymene (27,7) MH
Farag et al.,
Methyl eugenol (96,84) EtA Folha Giza (Egito)
Melaleuca 2004
ericifolia Silva et al.,
1,8-Cineole (79,5) MO Folha Viçosa (MG)
2007
1,8-Cineole (64,3) MO
Melaleuca Farag et al.,
Folha Giza (Egito)
leucadendron 2004
α-Terpineol (11,02) MO
129
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
α-Terpineol (15,0) MO
Silva et al.,
Melaleuca 1,8-Cineole (14,2) MO Caule Viçosa (MG)
2007
armillaris
(E)-β-Caryophyllene (13,6) SH
Viridiflorol (10,8) SO
Silva et al.,
1,8-Cineole (80,2) MO Folha Viçosa (MG)
2007
cis-Calamenene (19,0) SH
Ariana (Tu- Amri et al.,
Folha
nisia) 2012
Torreyol (15,1) SO
1,8-Cineole (43,7) MO
Melaleuca
Silva et al.,
cajuputi ca- α-Terpineol (22,6) MO Folha Viçosa (MG)
2007
juputi
Viridiflorol (13,4) SO
Silva et al.,
Methyl eugenol (96,6) EtA Folha Viçosa (MG)
2007
Nainital (Utta- Padalia et
(E)-Nerolidol (90,85) SO Folha
Melaleuca rakhand) al., 2015a
leucadendra Nainital (Utta- Padalia et
(E)-Nerolidol (86,13) SO Galho
rakhand) al., 2015a
Nainital (Utta- Padalia et
(E)-Nerolidol (76,58) SO Flor
rakhand) al., 2015a
130
PPGPV
Terpinen-4-ol (24,2) MO
Camberra Silva et al.,
Globulol (14,2) SO Caule
(Austrália) 2007
(Z)-β-Farnesene (10,2) HI
M. alternifolia
Terpinen-4-ol (53,7) MO
Camberra Silva et al.,
Folha
(Austrália) 2007
γ-Terpinene (18,9) MH
MO
trans-Pinocarveol (25.1) Dihy-
drocarveol (23.6)
MO
Melaleuca Ariana (Tu- Amri et al.,
Folha
acuminata Myrtenol (12.3) nisia) 2012
MO
1,8-Cineole (11.7)
MO
Terpinen-4-ol (49,8) MO
Callistemon Silva et al.,
Folha Viçosa (MG)
polandii 2010
γ-Terpinene (16,8) MH
Silva et al.,
1,8-Cineole (77) MO Folha Viçosa (MG)
2010
131
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
KwaZulu-Na-
Oyedeji et
1,8-Cineole (83,2) MO Folha tal (África do
al., 2009
Sul)
1,8-Cineole (79,1) MO
Callistemon Ngaoundere Jazet et al.,
Folha
rigidus (Camarões) 2009
α-Pinene (12,9) MH
1,8-Cineole (58,3) MO
Das;
Callistemon
3-Carene (10,7) MH Folha Assam (Índia) Zaman; Sin-
linearis
gh, 2009
γ-Terpinene (25,3) MH
1,8-Cineole (56,0) MO
Varanasi Shukla et
α-Pinene (18,0) MH Folha
(Índia) al., 2012
γ –Terpinene (11,0) MH
Callistemon
lanceolatus Sharma;
1,8-Cineole (58,3) MO Kotoky;
Folha Assam (Índia) Bhatta-
α-Pinene (21,4) MH charyya,
2006
132
PPGPV
1,8-Cineole (53,3) MO
Callistemon Alexandria- Abdelhady;
Folha
comboynensis Cairo (Egypt) Aly, 2012
Eugenol (12,1) MO
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
133
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
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143
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
144
PPGPV
Capítulo 06
1. INTRODUÇÃO
145
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
146
PPGPV
147
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
148
PPGPV
3.1. Econômico
O gênero Annona possui os representantes mais importantes da família,
quanto ao fornecimento de frutos comestíveis, isso faz com que ele apresente
maior destaque econômico. Os frutos são consumidos principalmente in natura,
em sucos, doces e sorvetes (Diniz et al., 2013). As principais espécies consumidas
149
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
e apreciadas no Brasil são a graviola (A. muricata), fruta do conde (A. squamosa),
araticum (A. crassiflora), cherimoia (A. cherimola), atemoia (A. cherimola x A.
squamosa) e o biribá (A. mucosa), sendo a gravioleira a Annonaceae com maior
potencial industrial e que apresenta plantios em escala comercial (Dutra et al.
2012).
Grande parte das anonáceas são suscetíveis a diversas doenças e ataque de
insetos praga, sendo as principais podridões de colo e raiz e ataque de coleobrocas
(Kavati 1992, Tokunaga 2000). Esse fato sugere a utilização de porta-enxertos
resistentes a fim de minimizar os problemas decorrentes dos ataques. Entre as
espécies de anonáceas, uma das mais tolerantes aos ataques de pragas e doenças
é o biribazeiro (A. mucosa), o qual apresenta compatibilidade comprovada a
gravioleira, principal representante econômico do gênero (Manica 2000; Junqueira
et al. 2000).
Além da representatividade comercial dos frutos, algumas espécies podem
ser utilizadas em projetos paisagístiscos, por serem plantas vigorosas e elegantes,
como por exemplo, A. coriaceae, A. cacans e A. crassiflora (Lorenzi 1998). A
característica de apresentar madeira leve e flexível permite que o tronco seja usado
para diferentes fins, como produção de ripas, miolos de porta, caixotes, painéis,
cabo de ferramentas e confecção de brinquedos. As cascas e raízes são muito
leves, sendo essas utilizadas na fabricação de boias e rolhas. Algumas espécies
são também utilizadas na fabricação de papel, como é o caso de A. muricata (Di
Stasi e Hiruma-Lima 2002).
150
PPGPV
Gemtchújnicov et al.
haematantha - Atividade anti-térmica e antidiarreica
1976
Araticum
Atividade antigripal e prevenção de
montana Araticum-açú Mootoo et al. 2000
insônia
Guanabana
Atividade anti-microbiana e
mucosa Biribá Barboza et al. 2015
tratamento de doenças infecciosas.
Combate de diarreias e cólicas
muricata Graviola Auxilia no emagrecimento Barata et al. 2009
Prevenção de câncer
Gemtchújnicov et al.
palustris Araticum do brejo Atividade anti-helmíntica
1976
Ação anti-térmica, tratamento de
purpurea - Chang et al. 1998
icterícia, edema e desinteria
Atividade anti-inflamatória,
Fruta da condessa anti-ansiedade, anti-stress, anti- Thang et al. 2013;
reticulata
Ata mutagênica, anti-diabético e agente Chavan et al. 2014
espasmolítico
Araticum da mata Tratamento de verminoses,
salzmannii Da Cruz et al. 2011
Araticum-apé desinteria, úlceras e inflamações
Tratamento de câncer, artrite,
senegalensis - Adzu et al. 2003
problemas respiratórios e diarreias
Gajalakshmi et al.
spinescens Araticum do rio Tratamento de úlceras
2011
Combate a diabetes, aftas, úlceras,
Chavan et al. 2010;
Fruta do conde furúnculos e apresenta ainda
squamosa Gajalakshmi et al.
Pinha atividades antinociceptivas e anti-
2011; Souza et al. 2015
inflamatórias.
Tratamento de dores de cabeça, Di Stasi e Hiruma-
tenuiflora -
tonturas e hipotensão Lima 2002
151
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
152
PPGPV
153
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
154
PPGPV
155
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
4.4. citogenética
156
PPGPV
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
157
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
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Fitossanidade
PPGPV
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PPGPV
Capítulo 07
Dirceu Pratissoli
Carlos Magno Ramos Oliveira
Renato Ribeiro Passos
1. INTRODUÇÃO
167
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
insetos, é importante observar os fatores que promovam esse estresse, bem como
as práticas agrícolas capazes de minimiza-lo.
2. O ESTRESSE EM PLANTAS
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169
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
170
PPGPV
171
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
b) Equilíbrio Crescimento/Diferenciação
A hipótese GDB refere-se ao equilíbrio da alocação de recursos que ocorre
entre os processos relacionados ao crescimento e à diferenciação sob determinadas
condições ambientais. O crescimento refere-se à produção de raízes, ramos e folhas,
ou qualquer processo que requeira divisão e alongamento celular. A diferenciação
refere-se ao amadurecimento e à especialização de tecidos existentes (ANGELO;
DALMOLIN, 2007).
De acordo com Angelo e Dalmolin (2007), a hipótese originalmente delineada
172
PPGPV
por Loomis (1932) afirma que a alocação de carbono para essas diferentes funções
não pode ocorrer simultaneamente. Quem enfatizou a interpretação para as plantas
foram Herms e Mattson (1992), segundo os quais o equilíbrio entre os processos
de crescimento e diferenciação interage com forças seletivas de competição e
herbivoria que definem as estratégias das plantas.
Para Stamp (2003), a competição em ambientes ricos em recursos conduz
a estratégias voltadas para o crescimento, enquanto que o estresse de ambientes
mais pobres leva a estratégias de diferenciação. Herms e Mattson (1992)
exemplificaram como produtos relacionados à diferenciação aqueles obtidos do
metabolismo secundário, assim como a produção de tricomas e o enrijecimento
de cutículas foliares. A alocação e a diferenciação incluem processos e produtos
envolvendo, por exemplo, o custo de enzimas, o transporte e as estruturas de
armazenamento envolvidas na defesa (ANGELO; DALMOLIN, 2007).
2.2.1. TEMPERATURA
Tanto a temperatura do ar como a do solo afetam os processos de crescimento
e de desenvolvimento das plantas. Cada germoplasma apresenta limites térmicos
mínimos, máximos e ótimos, para cada estádio de desenvolvimento (fenologia)
(ORTOLANI; CAMARGO, 1987). Apesar de as espécies terem se adaptado ao
seu habitat natural, os vegetais são capazes de resistir a variações de temperatura.
Estas variações são responsáveis pelas alterações na produção de metabólitos
secundários (FERNANDES, 2009) (MORAES, 2009).
173
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
174
PPGPV
175
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
2.2.4. NUTRIENTES
Dentre todos os fatores que podem interferir nos princípios ativos de plantas,
a nutrição é um dos que requerem maior atenção, pois o excesso ou a deficiência
de nutrientes pode estar diretamente correlacionado à variação na produção de
substâncias ativas (LEITE; COSTA, ALMEIDA, 2003). Muitos aspectos da
biologia dos insetos, incluindo seu comportamento e fisiologia, estão de uma
ou de outra maneira relacionados ao estado nutricional das plantas (PANIZZI;
PARRA, 2009).Na maior parte do tempo, as plantas possuem pouco nitrogênio
disponível nos seus tecidos, o que as torna inadequadas para herbívoros.
Alterações metabólicas promovidas por mudanças ambientais, no entanto, podem
176
PPGPV
177
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
2.3.1. Adensamento
O adensamento de plantas sob cultivo pode contribuir para o estabelecimento
de microclima favorável ao ataque de pragas, embora isto não seja uma regra. Em
cafeeiro, onde o aumento da densidade de plantio permite a obtenção de maiores
produções por unidade de área, há, contudo, aumento intenso de problemas
fitossanitários, principalmente o ataque da broca-do-café (Hypothenemus hampei)
(RENA et al., 1986) (BRACCINI et al., 2008).
Nos espaçamentos adensados a incidência de bicho-mineiro é reduzida e
os problemas com a broca-do-café são agravados. Isto decorre do microclima
formado que proporciona, nos espaçamentos mais próximos, maior umidade ao
ambiente (BRACCINI et al., 2008).
178
PPGPV
2.3.3. Variedade
A definição das variedades a serem cultivadas é uma das etapas mais
importantes para o agricultor, uma vez que se as práticas exigidas pela variedade
escolhida não for atendida, isto pode se refletir em forte estresse a planta. Neste
caso são vários os aspectos de manejo a serem observados e até o momento não se
conseguiu produzir uma variedade que seja resistente a todos os tipos de estresse
que uma planta pode enfrentar, tanto de natureza biótica como abiótica. Além
disto, deve-se considerar que acessos ou linhagens com diferentes características
morfológicas e fisiológicas, que possivelmente, podem contribuir na variação do
fator resistência ao estresse.
O uso de variedades resistentes contribui consideravelmente com o programa
de manejo integrado de pragas. Devido ao baixo custo e a melhor preservação do
meio ambiente, o uso de materiais resistentes constitui-se numa tática altamente
desejável no controle desses insetos (LARA, 1991).
Algumas variedades possuem certo grau de resistência a insetos e, há muitos
anos, tem-se estudado a biossíntese e a regulação de compostos químicos de
plantas associados com essas defesas. Atualmente, sabe-se que esses defensivos
são encontrados em vários tecidos vegetais e entre esses compostos estão incluídos
antibióticos, alcalóides, terpenos e proteínas. Entre as proteínas, estão incluídas
enzimas tais como as quitinases, as lectinas e os inibidores de enzimas digestivas
(RYAN, 1990).
179
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Capítulo 08
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186
PPGPV
187
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
188
PPGPV
189
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
não cultivados 3 dias após sua introdução sem interferir em populações de várias
bactérias indígenas do solo, incluindo espécies de Pseudomonas fluorescentes.
A capacidade de uma rizobactéria em utilizar um ou mais dos muitos
compostos produzidos pelas raízes das plantas pode trazer a ela vantagem
competitiva sobre a população indígena (Van Elsas et al. 1992). De acordo
com Clays-josserand et al. (1995), observaram que o favorecimento da bactéria
Pseudomonas spp. dependia das propriedades do solo e das espécies de plantas;
no trabalho eles constataram que a população de P. fluorescens foi superior na
região da rizosfera de plantas de tomate do que em locais onde o solo não tinha
cultivo, como aconteceu com a P. putida, e a explicação para tal fato seria de que
as plantas de tomate poderiam ter liberado compostos químicos que favoreceram
o desenvolvimento de P. fluorescens em comparação com a P. putida na rizosfera
da planta.
O desenvolvimento da bactéria Pasteuria penetrans na maior parte do tempo
ocorre em sincronia com o desenvolvimento do nematoide das galhas, dentro do
sistema radicular da planta (Stirling 1981). De acordo com Madulu et al. (1994),
condições que favoreçam o desenvolvimento do nematoide é muito importante
para a reprodução de P. penetrans, devido a questão de que sua reprodução e
multiplicação ocorre na colonização da fêmea do nematoide; um exemplo seria a
rotação de cultura com plantas não hospedeiras de M. javanica proporcionou em
um menor número de endósporos da P. penetrans no solo, quando comparado a
locais de cultivo contínuo de tomate.
Estudos realizados por Rodrigues et al. (2002), analisaram qual seria a
melhor espécie vegetal para promover um desenvolvimento mais rápido da P.
penetrans, os resultados encontrados demonstraram que as espécies de tomate e
fumo aceleraram o processo de maturação dos seus endósporos.
190
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Capítulo 09
Caracterização molecular de
Trichogramma Westwood (Hymenoptera:
Trichogrammatidae)
1. INTRODUÇÃO
199
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
2. DISCUSSÃO
200
PPGPV
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
para a caracterização intraespecífica (Li, 2007), por isto a sua utilização, se resume
ao estudo de diversidade interespecífica como foi o caso de Ercan et al. (2012)
que detectaram o polimorfismo genético de duas espécie na Turquia pela técnica
de RAPD.
O Inter Simple Sequence Repeat (ISSR) consiste em marcadores com
primer formados por repetições de tri a pentanucleotídicas, cuja sequência alvo
são os microssatélites (Zietkiewicz et al., 1994) (Figura 3). Somente uma das
fitas de DNA genômico é amplificada durante a PCR, produzindo múltiplos
segmentos de tamanhos variados. O padrão de bandas é analisado após separação
por eletroforese para avaliar a diversidade genética.
202
PPGPV
pela separação dos genes 18S e 5,8S do DNA ribossomal (rDNA) amplificado
com primers específicos ancorados nas duas regiões (Orrego e Agudelo-Silva,
1993).
As regiões dos genes ribossomais são caracterizadas por serem altamente
conservadas dentro da espécie. Contudo, é possível observar maior variabilidade
intraespecificamente nas regiões dos espaçadores ITS, tanto em termos de sequência
de bases, como no comprimento, sendo frequentemente usadas para taxonomia de
espécies e gêneros (Orrego; Agudelo-Silva, 1993). O sequenciamento da região
ITS2 do rDNA foi utilizado por Rijesh et al. (2012) que estimaram a diversidade
genética em populações de Trichogramma na Índia.
203
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
O custo da análise molecular de insetos por amostra foi estimado por Palma
et al. (2015), com base no preço, em real brasileiro (BRL$) de produtos químicos
e enzimas consumida. Cada amostra ficou por 4,30 a 8,55 BRL$.
2.3. Avanços
Dentre os marcadores dominantes, o ISSR se caracteriza por ser altamente
reprodutível, o que exige uma melhor qualidade do DNA extraído. Neste sentido,
Miranda et al. (2012) realizaram adaptações no protocolo de extração de DNA para
caracterização molecular de Melipona mandacaia Smith 1863 (Hymenoptera,
Apidae) com ISSR. Apenas neste estudo foram selecionados 10 de 70 primers que
apresentaram até 72,47% de polimorfismo. A adaptação do protocolo consistiu na
substituição da enzima quelante pela desproteinização com fenol: clorofórmio.
O aprimoramento das técnicas de extração de DNA em associação com
os marcadores SSR contribuiu para o progresso na caracterização molecular de
Trichogramma, deixando de ser apenas estudo de diversidade e taxonomia para
avançar em métodos de seleção de linhagens (LU et al., 2016). Coelho Junior
et al. (2016) selecionaram isolinhagens de T. pretiosum por meio de técnica de
marcação com haplótipos mitocondriais e verificaram que o uso das sequencias
mitocondriais, como um marcador, mostrou-se uma técnica precisa e eficiente
para seleção de parasitóides.
3. REFERÊNCIAS
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206
PPGPV
Capítulo 10
1. INTRODUÇÃO
207
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
2. CANCRO CÍTRICO
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produção para áreas livres da doença, Gottwald et al. (2009) demonstraram ser
improvável que frutos colhidos e desinfestados em packinghouses sejam via para
disseminação de Xcc até áreas livres do patógeno.
Com origem na Ásia, onde ocorre de forma endêmica em todos os países
produtores, foi constatada pela primeira vez no Brasil em 1957 (Bitancourt 1957),
nos Estados de São Paulo e Paraná. Nunca foi possível a eliminação completa do
patógeno no território brasileiro, mas a doença tem sido mantida sob relativo controle
(Massari e Belasque Júnior 2006). Na Flórida, o Cancro cítrico tem uma longa história.
Foi relatada pela primeira vez no ano de 1912, proveniente de mudas importadas
do Japão, e foi declarada erradicada da Flórida e dos estados adjacentes em
1933 (Loucks 1934; Dopson 1964). Foi descoberto novamente no município
de Manatee, Florida, no ano de 1986, mas declarada erradicada em 1994 (Stall
e Civerolo 1991). Três anos mais tarde a doença ressurgiu na mesma área, onde
o surto de 1980 havia ocorrido. Essa doença foi descoberta na área urbana de
Miami, Flórida, em 1995 (Koizumi 1985; Schubert et al. 2001), onde é endêmica
e continua a se espalhar entre os pomares (Gottwald et al. 2001; Schubert et al.
2001; Gottwald et al. 2002b; Irey et al. 2006; Gottwald e Irey 2007; Bock et
al. 2010) provocando impacto de longo alcance político e socioeconômico, e tem
implicações para o comércio nacional e internacional (Anonymous 1997).
209
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
tornados ocorreu nessa região, passando sobre a área dos focos de plantas doentes,
e percorrendo uma faixa do país no sentido sudoeste/nordeste. Em meados de
verão de 1996, o cancro estava disseminado 9,6 a 11,2 km (6 a 7 mi) para o
nordeste e ocorrendo em uma área de 223 km2 (86 MI2) (Gottwald et al. 1997b;
1997a; Gottwald et al. 2001). Essas tempestades são comuns à região da Flórida,
com ventos dominantes que muitas vezes bombeiam umidade para a região
nordeste do país. Essa propagação meteorológica, combinado com o movimento
humano ocasional resultou na migração contínua do cancro cítrico para o norte
até a costa leste da área residencial mais densa da Flórida (Gottwald et al. 2002a).
Muitos fatores têm sido envolvidos na propagação do cancro cítrico na
Flórida (Gottwald et al. 1997b), no entanto, a temporada de furacões no ano de
2004, em destaque os três furacões (Charley, Frances, e Jeanne) e uma tempestade
tropical (Ivan) (Nationalweatherservice 2005) que atravessaram a península
(Figura 1), parece ter sido um dos principais fatores que levam a distribuição
generalizada da doença e ajudam a explicar os numerosos focos de infecção
relatados no final de 2004 e 2005, localizados a distâncias consideráveis das
infecções pré-existentes (Irey et al. 2006). Durante as estações chuvosas dos anos
de 2004 e 2005, o Brasil não esteve na rota dos furações (Figura 1) (Noaa 2005a),
e, portanto, não acredita-se que esses influenciaram diretamente a dispersão do
cancro cítrico nos pomares brasileiros.
Diante do aumento dramático na incidência do cancro cítrico na Flórida
na sequência aos furacões de 2004, Irey et al. (2006) estudaram os padrões
de propagação da doença resultantes de tempestades extremas (furacões),
desenvolveran um modelo para avaliar a propagação da doença, e validaram esse
modelo baseado em infecções identificados após ocorrência desses eventos. Para
isso, áreas-foco contendo plantas doentes descobertas após os furacões de 2004
foram georeferenciados e examinados em relação ao vento e chuva durante os
furacões, e usado para desenvolver um modelo preditivo para explicar propagação
relacionadas com a tempestade. O modelo, denominado “Wind-rain index vectors”
(WRIV) incorpora um conceito de “limite” para o vento e chuvas que, em efeito,
incorpora apenas os parâmetros de tempo biologicamente significativos; ou seja,
os parâmetros de vento e chuva devem exceder os limiares mínimos, abaixo do
qual disseminação não ocorre (Irey et al. 2006; Gottwald e Irey 2007). Os dados
216
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Figura 1. Histórico de rotas dos furações para os anos de 2004 e 2005. Fonte:
NOAA (https://coast.noaa.gov/hurricanes/).
217
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
período de tempo dos furacões (Irey et al. 2006; Gottwald e Irey 2007). O modelo
calcula vetores de índice entre vento/chuva, com base no conceito de “Rosa dos
ventos”, ou seja, direção de disseminação com base em . No entanto, é provável
que alguns dos fatores de disseminação secundária podem ter transportado inóculo
e estabeleceram novas infecções para além dos limites dos vetores previstos pelas
condições meteorológicas e associado apenas ao evento meteorológico principal,
ou seja, o furacão. Assim o modelo pode perder um pouco de precisão.
Quando aplicado a três áreas distintas do Estado da Flórida, o modelo
preditivo respresentou aproximadamente 80% da disseminação relacionada ao
furacão e subsequente disseminação secundária do cancro cítrico nos próximos
14 meses. Portanto, o uso do modelo preditivo é importante auxílio para prever
a propagação da doença, como resultado de eventos climáticos extremos e como
um meio de direcionamento de recursos para a pesquisa do cancro cítrico e as
atividades de detecção e erradicação (Irey et al. 2006). Determinar a localização
das fontes desconhecidas de inóculo que deram origem a novas árvores infectadas
e a eliminação dessas fontes é uma necessidade para a efetiva erradicação da
doença. Assim, o método de cálculo WRIV foi utilizado para delimitar áreas
suspeitas para ocorrência da doença e direcionar a equipe de monitoramento e
manejo (Irey et al. 2006).
A metodologia WRIV também foi aplicada em várias ocasiões para identificar
focos de infecção pré-furacão que poderiam posteriormente ser utilizadas para
delimitar melhor as áreas que devem ser pesquisados. Um exemplo de como
este método foi aplicado é no município de Polk (Irey et al. 2006). De acordo
com Irey et al. (2006), numerosos focos de plantas doentes foram identificados
após os furacões de 2004, no entanto, não havia nenhuma ligação aparente ou
padrão entre eles. Usando índices WRIVs calculados para o furacão Charley para
diversos locais em torno das infecções no município Polk, os autores identificaram
a direção potencial para as orígens do inóculo antes da tempestade. No caso desse
município, detefoi foi determinado que grande parte da infecção tinha origem em
um foco de plantas doentes localizado na borda do sul do município.
Quando focos pré-furacão foram detectados, o método foi implantado
novamente, utilizando a localização do ponto com plantas doentes pré-furacão.
Utilizando-se a metodologia WRIV uma nova área de pesquisa foi delimitada
218
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
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também utilizaram o novo modelo e sistema de análise SIG (Irey et al. 2006)
para examinar possíveis protocolos alternativos de erradicação e seu efeito sobre
a área cultivada comercialmente com citrus na Florida, e expressa como “área de
impacto previsto”.
A extensão do modelo consistiu na incorporação de uma estimativa da
distância de propagação devido a várias combinações de vento e chuva a partir
de dados registrados durante a temporada de furacões do ano de 2004. Uma
função de lei de potência inversa (IPL) foi ajustada para descrever a dispersão
a partir de um foco de infecção (Gottwald e Irey 2007). Com base nessas
informações, foi possível verificar que o padrão de distribuição simulado, em
geral, demonstra homogeneidade espacial em comparação com a distribuição
real da doença. A maior heterogeneidade quanto à distribuição real da doença
pode ser explicada devido a uma combinação da dispersão por um fator principal,
nesse caso o furacão, associada à dispersão local secundária da doença; ao passo
que, a distribuição simulada assume apenas um único processo espacial, isto é, a
dispersão de furacão (Gottwald e Irey 2007).
Além disseo, várias distâncias de erradicação foram examinados como
protocolos de erradicação alternativos ao limite definido em 579 m (1900-ft) no
estatuto da Florida (Gottwald e Irey 2007). Os resultados destas análises foram
usados por agências reguladoras estaduais e federais e grupos de produtores
comerciais de citrus para avaliar a viabilidade do programa de erradicação
continua do cancro cítrico na Flórida. Para fins regulatórios, estes raios foram
ajustadas a incrementos de 30,5 m (100 pés) (Gottwald e Irey 2007).
A função IPL aplicada para delimitar a(s) área(s) possíveis de disseminação
de Xcc e estimar a área total impactada, em geral, resultou em previsões muito
semelhantes em comparação com o método de GIS proposto anteriormente por
Irey et al. (2006). No entanto, conforme foi discutido anteriormente, a função
IPL simula único fator de disseminação, nesse caso o furacão. Como resultado,
as estimativas da área com base apenas na distribuição IPL de Xac de novas
infecções são ligeiramente menor em comparação com as estimativas de GIS
(Gottwald e Irey 2007). Para o protocolo de erradicação com base na distância
de 579 m de raio, a estimativa empírica resultante para a função IPL estimou a
área impactada em 24,6% (64.262 ha) versus 25,6% (68.676 ha) previsto pelo
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Capítulo 10
1. INTRODUÇÃO
233
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
234
PPGPV
nenhuma solução permanente para o problema das moléstias causadas por vírus
(MATTHEWS, 1991). Apesar da considerável pesquisa, na área, não existe
nenhum composto que possa ser aplicado rotineiramente para controlar de forma
direta os vírus que atacam as plantas. A toxicidade e os custos elevados tomam
inviável a comercialização de compostos antivirais. Diante disso, este capítulo
abrange o conhecimento existente sobre as características dos vetores de viroses,
bem como o tipo de transmissão dos patógenos e as tendências de controle.
235
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
2.3. Mosca-branca
Bemisia tabaci (Hemiptera: Aleyrodidae) foi descrita primeiramente em
1889 em tabaco na Grécia e chamado de Aleyrodes tabaci (PERRIMG, 2001).
Onze anos após a descrição uma outra mosca-branca foi relatada no sudoeste
dos EUA, coletada de Physalis alkenkekgi L. e foi descrita como Aleyrodes
inconspícua Quaintance (PERRIMG, 2001).
No Brasil, o primeiro relato foi no Estado da Bahia no ano de 1928 em
plantas de Euphorbia hirtella e descrita como Bemisia costalimai (BONDAR
1928). Sua origem talvez seja no oriente, tendo em seguida sido disseminada
236
PPGPV
pelo homem que transportava material vegetal para países da África, Europa e
Américas (BROWN & BIRD, 1992). Algumas evidências sugerem que B. tabaci
pode ter sua origem na África tropical sendo depois introduzida nos neotropicos
na América do norte (CAMPBELL et al., 1996).
Nos Estados Unidos surtos de mosca-branca têm ocorrido desde meados
dos anos 80, quando B. tabaci biótipo B foi descrito inicialmente em estufas
de produção de poinsétia Euphorbia pulcherrima na Flórida (PERRING et al.,
1991). No Brasil o biótipo B de mosca-branca foi relatado primeiramente no ano
de 1991, causando altas infestações em hortaliças e ornamentais (LOURENÇÃO
& NAGAI, 1994). Sob condições favoráveis, a mosca-branca, B. tabaci biótipo
B pode ter de 11 a 15 gerações por ano, e cada fêmea pode colocar de 100 a 300
ovos durante o seu ciclo de vida (BROWN & BIRD, 1992). Os adultos são muito
pequenos, medindo em torno de 0,85 a 0,91 mm de comprimento, possuem dois
pares de asas membranosas, que quando em repouso ficam um pouco separadas
com os lados paralelos deixando o abdome visível. Tanto as ninfas como os
adultos tem aparelho do tipo sugador (BYRNE & BELLOWS, 1991).
O biótipo B de B. tabaci possui maior gama de hospedeiros, maior
fecundidade e maior capacidade de dispersão em relação ao biótipo A (BEDFORD
et al., 1994). É altamente polífago, ocorrendo em pelo menos 506 espécies de
plantas hospedeiras de 74 famílias botânicas diferentes (GREATHEAD, 1986). O
inseto se alimenta sugando a seiva do floema causando danos diretos ou indiretos
(BROWN et al., 1995), através da sucção da seiva com ação toxicogênica e ainda
liberando uma substância açucarada, que favorece o aparecimento de fumagina
impedindo a fotossíntese.
Em tomateiro o dano direto causado pela mosca-branca é o amarelecimento
irregular dos frutos (SCHUSTER et al., 1990), dificultando o reconhecimento na
hora da colheita, e reduzindo a qualidade da pasta após o processamento (VILLAS
BÔAS et al., 1997). Em plantas de abóbora prateamento nas folhas foi observado
na Flórida por Yokomi et al. (1990) e no Brasil por Lourenção & Nagai (1994),
em chuchu a fitotoxemia provocou o prateamento e a descoloração do fruto
(PAVAN et al., 1994). Em couve o dano direto provocado pelo inseto é causado
pelo amarelecimento e murcha das folhas, iniciando pelas mais novas, provocado
pela injeção de toxinas durante a alimentação das ninfas e adultos (LACERDA &
237
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
CARVALHO, 2008). Entretanto o dano mais sério é o dano indireto como vetor
de vírus do gênero Begomovirus, na cultura do tomateiro (VILLAS BOAS et al.,
2002, OLIVEIRA & LIMA, 1997).
238
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Replicação do
Não Não Não Sim
vírus no vetor
ToCV ToSRV
Exemplos PVY TSWV
( mosca- (mosca-
(vírus / vetor) (Afídeo) (tripes)
branca) branca)
239
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
3.2.2. Potyvirus
O PVY (“risca do tomateiro”) é o único potyvirus com distribuição mundial.
Em pimentão podem apresentar sintomas como mosaico, mosqueado e necrose
(DOGIMONT et al, 1996). Em tomateiro provoca sintomas de clareamento das
nervuras, pontuações cloróticas, mosaico, distorção foliar e consequentemente
queda na produção, com redução do tamanho e quantidade dos frutos
(COLARICCIO et al., 2013).
Pepper yellow mosaic virus (PepYMV) foi encontrado em plantas de
pimentão em 2002 e é um vírus que ocorre somente no Brasil (INOUE-NAGATA
et al., 2002). Os sintomas observados nas plantas infectadas são de distorção foliar,
mosqueado e mosaico (Figuras 2 A e B). PepYMV pode ser transmitido pelas
espécies Aphis gossypii e Myzus persicae (Figura 2 C) (GIORIA et al., 2009).
240
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3.3.1. TOSPOVIRUS
O “vira-cabeça” é uma doença causada por um complexo de vírus do
gênero Tospovirus, e no Brasil, as principais espécies que causam problemas em
solanáceas são: Tomato spotted wilt virus (TSWV), Tomato chlorotic spot virus
(TCSV), Groundnut ringspot virus (GRSV) (AVILA et al.,1993; NAGATA et al.,
1995).
As espécies de tripes de maior importância para transmissão do tospovirus
são Frankliniella occidentalis e F. shultzei (MOUND, 1996) (Figura 3 A), e a
relação vírus-vetor é do tipo persistente-propagativa (ULLMAN et al. 1997).
Somente no estágio larval que ocorre a aquisição do vírus e a transmissão ocorre
somente na fase adulta do inseto (WIJKAMP et al. 1996). Tripes adultos podem
adquirir tospovírus, mas não transmiti-los (RILLEY et al, 2011).
De forma geral os sintomas mais característicos são clorose acentuada nas
folhas jovens, de cor bronzeada, seguida de uma paralisação no desenvolvimento
241
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
Figura 3. (A) Tripes (Frankliniella shultzei) vetor de tospovirus; (B) Folha e (C)
fruto de pimentão infectadas por tospovirus. Foto: Evelynne Urzedo e Thiago
Tomasini.
3.4.1. BEGOMOVIRUS
As viroses causadas pelas espécies de vírus do gênero Begomovirus,
conhecidas como “geminiviroses”, representam sérios problemas para o tomateiro,
e nos últimos anos foram observadas epidemias causadas por diferentes espécies,
e são transmitidas pela mosca-branca biótipo B, de maneira persistente-circulativa
(COLARICCIO et al., 2013) (Figuras 4 A e B).
Os sintomas observados em plantas infectadas por begomovirus são
amarelecimento na base dos folíolos, clareamento das nervuras e mosaico amarelo.
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3.4.2. CRINIVIRUS
Tomato chlorosis virus (ToCV) pode ser transmitido por quatro espécies
de mosca-branca de maneira semi-persistente (WINTERMANTEL & WISLER,
2006), sendo que no Brasil o principal vetor é a Bemisia tabaci biótipo B, e a
espécie Trialeurodes vaporariorum, porém sendo esta última restritas às regiões
frias e altitudes elevadas.
Podem causar sintomas que são facilmente confundidos com distúrbios
fisiológicos ou nutricionais ou fitotoxicidade de pesticidas. Estes sintomas
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4. Controle
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
controle químico não oferece resultados satisfatórios, como para as demais viroses
e ainda aumenta a quantidade de resíduos tóxicos (FIGUEIRA, 2000).
Por essa dificuldade no controle, a indução de resistência vem sendo alvo
de estudos para o controle de doenças em plantas. A resistência pode ser química
ou física, e ambas estimuladas pela aplicação de substâncias indutoras, que
podem inclusive advirem de fungicidas e biofungicidas. Esse fenômeno pode
ser sistêmico ou local e efetivo contra uma ampla gama de patógenos, incluindo
bactérias, fungos e vírus (SILVA, 2007).
As substâncias indutoras aumentam o nível de resistência da planta sem
alterar o genoma da planta. Essas substâncias agem por meio da ativação de genes,
de maneira não específica e codificam diversas respostas de defesa, incluindo
compostos fenólicos e enzimas, como peroxidase e polifenoloxidase (HARTLEB
et al., 1997). Outros metabólitos, como as poliaminas também parecem estar
envolvidos nos mecanismos de indução de resistência, pois são afetados pela
presença dos vírus nas plantas (BALINT; COHEN, 1974).
Dentre as substâncias químicas as estrobilurinas, além de atuarem
diretamente sobre o patógeno, pois são comercializadas com fungicidas,
apresentam efeitos secundários altamente benéficos à planta, tais como: a redução
da produção de etileno, o aumento da atividade da enzima nitrato-redutase, o
atraso da senescência, maior resistência ao estresse hídrico e o aumento do teor
de clorofila (TÖFOLI et al., 2003). As plantas pulverizadas com estrobirulinas
possuem o efeito fisiológico chamado “greening” que, até mesmo na ausência do
ataque de patógenos, as plantas tratadas ficam com um verde intenso e parecem
mais saudáveis do que plantas não tratadas com o produto (KÖEHLE et al., 2002).
Há também a tendência das plantas pulverizadas fungicidas pertencentes ao
grupo das estrobilurinas produzirem maiores números de frutos sadios e maior
produção comercial (TÖFOLI et al., 2003). As estrobilurinas, além de atuarem
diretamente sobre o patógeno, apresentam efeitos secundários altamente benéficos
à planta, tais como: a redução da produção de etileno, aumento da atividade da
enzima nitrato-redutase, o atraso da senescência, maior resistência ao estresse
hídrico e o aumento do teor de clorofila (GROSSMANN; RETZLAFF, 1997;
HABERMEYER et al., 1998).
Em relação às viroses, há efeito benéfico da aplicação estrobilurinas sobre
246
PPGPV
5. Referências
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253
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
Fitotecnia
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254
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Capítulo 12
Metabólitos secundários em
hortaliças
1. INTRODUÇÃO
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representado na figura 1.
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258
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3.3. Terpenos
Os terpenos constituem uma classe de compostos orgânicos voláteis
liberados dos tecidos fotossinteticamente ativos, sendo também conhecidos
como terpenóides. Esta classe abrange uma grande variedade de substâncias de
origem vegetal e animal. Os terpenos são substâncias que apresentam fórmula
química geral (C5H8)n. onde cada unidade de (C5H8) é chamado de isopreno
(Figura 4). A classificação dos terpenos é definida em função do número de
carbonos derivados do isopreno, a saber: monoterpeno (duas unidades de C5 -
dez carbonos), sesquiterpenos (três unidades de C5 - quinze carbonos), diterpenos
(quatro unidades C5 - vinte carbonos) e os de cadeias superiores: triterpenos (30
carbonos); tetraterpenos (40 carbonos) e os politerpenos (acima de oito unidades
de C5) (Taiz and Zeiger 2009).
Os terpenos desempenham papel fundamental no desenvolvimento das
plantas, apresentando atividade antioxidante e atuando em mecanismos de defesa
contra bactérias e fungos, o que tem despertado o interesse da indústria para o
desenvolvimento de cosméticos, perfume, medicamentos e detergentes (Maróstica
2006).
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
A presença dos FOS tem sido a principal razão para o consumo dessa
hortaliça, pois há muitas evidências dos benefícios nutraceuticos à saúde humana
devido ao seu consumo, podendo ser citados o controle do diabetes, do nível
de colesterol e da hipertensão arterial (Duarte et al. 2008; Ojansivu et al. 2011)
fortalecimento do sistema imunológico (Genta et al. 2010), diminuição do
desenvolvimento de câncer de cólon (Moura et al. 2012).
Também há evidencias de benefícios na alimentação animal, atuando no
controle da disseminação de doenças através do aprimoramento do sistema
imunológico, como, por exemplo, em frangos criados sem administração de
antibióticos, área esta que requer mais estudos a fim de se comprovar a eficácia e
266
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
descrita, sendo encontrada nas raízes de yacon, e derivada do ácido caféico, ácido
clorogênico (ácido 3- cafeoilquínico) e ácido 3,5-dicafeoilquínico (Takenaka et al.
2003; Valentová and Ulrichová 2003) que pode de alguma forma está envolvida
na resistência das plantas a estresses bióticos. Com todas essas evidencias abrem-
se as oportunidades de estudos mais aprofundados para o entendimento da ação
desses compostos tanto na proteção natural da própria planta, assim como o
potencial de exploração e uso em outras funções.
Apesar da presença desses mecanismos que podem atuar na defesa das
plantas, esses não conferem total isenção ao ataque de pragas e doenças, visto que
há outros fatores envolvidos na ocorrência dessas enfermidades, principalmente
os de origem abiótica (temperaturas, umidade, condição nutricional, etc.) que
poderá afetar o desenvolvimento das plantas cultivadas, inclusive nas sínteses
desses compostos relacionados com a defesa da planta, e com isso permitirem que
ainda seja notada a ocorrência de problemas fitossanitários.
A resistência promovida pela presença de metabólitos secundários também
é relatada em outras hortaliças, de acordo com a variedade e ou a cultivar, sendo
de fundamental importância para o manejo fitossanitário dos cultivos. Em cebola
observou-se que a resistência à antracnose da cebola branca é promovida pela
presença dos compostos fenólicos, principalmente os pré-formados (catecol e
pirocatecol) presentes nas variedades de cebola do bulbo colorido (Kimatti et al.
2007). Também em cenouras há indicativos de que concentrações de compostos
fenólicos (fenóis e lignina) superiores nas cultivares BRS Planalto e BRS
Esplanada, conferiam a essas uma maior resistência à queima das folhas (doenças
causadas por um complexo fungico-bacteriológico, que envolve alguns agentes
patógenos, como Alternaria dauci, Cercospora carotae, Xantomonas campestris
pv. carotae ) e que por essa resistência essas cultivares passaram a ser indicadas
para plantio de verão, que é uma época propicia a ocorrência dessas doenças
(Pereira et al. 2012).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Capítulo 13
1. INTRODUÇÃO
277
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
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PPGPV
de estímulo das divisões celulares, que constituem uma das primeiras alterações
morfológicas do processo de tuberização (Kerbauy 2004).
Nesse balanço hormonal para o processo de tuberização há de se considerar
também a presença dos inibidores. A giberelina, dentre os hormônios vegetais,
é apontada como a principal controladora do processo de tuberização, atuando
como inibidora. Cabe ressaltar que altas temperaturas estimulam a produção
de giberelina em gemas caulinares mais do que em folhas, o que poderia estar
relacionado à inibição de tuberização causada por temperaturas altas. Em
alguns vegetais, a retirada das gemas pode diminuir o efeito inibitório das altas
temperaturas no processo de tuberização (Kerbauy 2004).
O etileno e as poliaminas também estão envolvidos nesse processo, afetando
a distribuição dos carboidratos e outros compostos armazenados, principalmente
aumentando o número de órgãos de reservas (tubérculos, no caso das batatas
inglesa), porém diminuindo o tamanho desses órgãos. Existem também, alguns
compostos que podem atuar como sinalizadores da tuberização, destacando-se o
glicosídeo de ácido tuberônico (TGA), o ácido jasmônico (JA) e seus derivados
(Kerbauy 2004).
Apesar de não ser totalmente elucidado, quais são os sinalizadores e limitações
do processo de tuberização das raízes de yacon, geralmente, altas temperaturas
inibem a formação, em contrapartida, temperaturas amenas promoveriam o
desenvolvimento das raízes de reserva, consequentemente afetando a eficiência
nutricional e a produtividade dessas raízes tuberosas.
285
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
286
PPGPV
et al. 2003), Rússia 57-86 t ha-1 (Kononkov and Sidorova 2011), 25-35 t ha-1 no
Estados Unidos (Sumiyanto et al. 2012), existindo produtividades próximo a 120
t ha-1 (Seminario et al. 2003). No Brasil, na região sul do estado do Espírito Santo,
Silva (2015), observou produtividades variando de 4,42 a 97,5 t ha-1. Kakihara et
al. (1996) no estado de São Paulo, em seus cultivos observaram produtividade de
100 t ha-1.
Sobre o nível crítico dos nutrientes e a real necessidade nutricional do yacon,
ainda não existe investigações detalhadas. Mesmo assim, em muitas regiões dos
Andes, utiliza-se a aplicação de 140:120:100 kg ha-1 de N2 P2O5 e K2O, com o
parcelamento da aplicação do nitrogênio, sendo 50% no plantio e os outros 50%
em cobertura (40 aos 75 DAP), junto com a prática da amontoa (Montiel 1996,
Vilhena et al. 2000).
Há uma carência de informações sobre recomendações de adubação para o
yacon, e no Brasil, o mais comum é a utilização das recomendações do cultivo da
batata inglesa ou da batata doce. E se o objetivo da cultura for a produção de folhas
para o consumo (chá ou alimentação animal), são recomendadas o fornecimento
médio de 80 kg ha-1 de nitrogênio, parcelando em duas adubações em cobertura.
Entretanto, se o cultivo focar a produção de raízes tuberosas, tem sido utilizado
um incremento na adubação potássica, tendo em vista que a maior disponibilidade
deste elemento pode estimular o processo de tuberização (Grau and Rea 1997,
Vilhena et al. 2000, Seminario et al. 2003, Kerbauy 2004).
Amaya (2000) verificaram que 160 kg ha-1 de N e 100 kg ha-1 de K foi à
dosagem que resultou na maior produção de raízes tuberosas de yacon. Estudos
realizados na Coreia do Sul, com doses crescentes de nitrogênio, apontaram que
a maior produção de raízes tuberosos (51,17 t ha-1) ocorreu com o fornecimento
de 60 kg ha-1 de nitrogênio, e que com a máxima dose de nitrogênio (240 kg ha-1)
as plantas apresentaram maior altura (139 cm), menor número de hastes (7,9), no
entanto uma menor produção de raiz tuberosa, 44,69 t ha-1 (Rural Development
Administration 1991). Esses resultados divergentes demonstram a necessidade de
geração de mais informações a respeito da nutrição de yacon.
Dentre as poucas informações das demandas nutricionais do cultivo,
Quijano et al. (2001) verificaram que a maior demanda de nutrientes ocorreu entre
os 77 e 173 dias após plantio. No momento de colheita (239 DAP), verificou-
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
Capítulo 14
1. INTRODUÇÃO
294
PPGPV
295
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
2.1. Microclima
O cultivo do cafeeiro em condições semelhantes às quais as espécies
evoluíram, com outras espécies vegetais causando o sombreamento de sua copa,
modula o desenvolvimento da planta e causa algumas alterações que devem
ser levadas em consideração. Espécies arbóreas podem ser empregadas como
estratégia de proteção do cafeeiro contra as adversidades climáticas, causando
alterações no agroecossistema que podem ser exploradas para viabilizar o
cultivo do café em regiões consideradas marginais no seu zoneamento agrícola
por apresentarem oscilações naturais de temperatura e déficit hídrico acima do
recomendado para lavouras de café.
Existem relatos na literatura científica evidenciando que a associação com
296
PPGPV
297
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
298
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2.3. Manejo
Apesar das vantagens do uso do sistema de cultivo biodiversificado, diversos
aspectos do manejo ainda necessitam de esclarecimento científico para embasar
a melhor recomendação de técnicas adaptadas para a exploração das sinergias e
interações entre as diferentes espécies vegetais.
Alterações na arquitetura, taxas de crescimento, vigor e capacidade produtiva
das plantas de café podem requerer que os sistemas de poda e de condução de
hastes sejam adaptados para evitar sombreamentos excessivos, dependendo do
porte das espécies associadas no sistema.
Mudanças nas características físicas, químicas e biológicas do solo e o
complexo de raízes gerado pela interação entre sistemas radiculares diferentes
podem gerar um sistema com dinâmica diferenciada daquele observado em
lavouras em monocultivo. É provável que o uso da água e nutrientes possa ser
modulado pela expressão de competição e sinergismo específica de cada sistema,
fazendo com que diversas tecnologias como a irrigação, correção do solo,
adubação, escolha de espaçamento e cultivares, poda e manejo fitossanitário
requeiram adaptações. A grande quantidade de interações entre espécies possíveis
nos sistemas biodiversificados acaba por gerar a necessidade de constante
avaliação do sistema e ajuste das práticas de manejo por parte do produtor, de
modo que sejam potencializadas as relações sinérgicas e minimizados efeitos
competitivos entre as espécies.
299
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
2.4. Produtividade
A diminuição da população de plantas ou hastes de café por unidade de
área causada pela presença de outras espécies no sistema contribui para que a
produtividade média do cafeeiro de sistemas biodiversificados seja relativamente
menor do que os níveis praticados em sistemas de monocultivo. Mas é importante
frisar que a sustentabilidade agronômica desses sistemas é embasada na
diversificação dos produtos de valor agrícola que podem ser extraídos da mesma
área, mantendo a eficiência do uso da área.
Além da redução da população, em sistemas muito densos ou quando
outras espécies causam sombreamento excessivo às plantas de café, pode ocorrer
a diminuição da produtividade do cafeeiro; devido, especialmente, à limitação
da assimilação de carbono e ao favorecimento do crescimento de estruturas
vegetativas em detrimento de estruturas reprodutivas causado pelo sombreamento
excessivo (Cannel 1975; DaMatta 2004). Desse modo, a associação de espécies
deve ser explorada racionalmente, evitando o fechamento demasiado da lavoura,
permitindo a exploração das vantagens da diversificação, sem potencializar a
redução da produtividade do sistema.
Miranda et al. (1999) e DaMatta et al. (2007) relatam que, mesmo com a
redução da produtividade média do cafeeiro, os ganhos relacionados a diminuição
da variação temporal da produção e redução dos estresses ambientais sobre as
plantas de café podem ser vantajosos. Menores cargas pendentes, aliadas a
atenuação de estresses microclimáticos, tornam as plantas de café mais vigorosas
para sustentar uma produção mais estável em função do tempo, diminuindo a
bienalidade da produção e aumentando a chance de que o processo de floração e
frutificação das plantas ocorra sem estresses, os quais poderiam levar a formação
de grãos defeituosos ou de menor qualidade.
Para Caramori et al. (2004), a produção de café em sistemas onde espécies
arbóreas estão presentes, desde que as mesmas estejam em densidade e população
adequadas (sem causar excesso de sombra ao cafeeiro), pode não apenas diminuir
a bienalidade do cafeeiro, mas também favorecer a formação de frutos maiores,
que maturam mais lentamente e resultam em um produto de qualidade superior.
A existência de variabilidade genética entre materiais de Coffea spp. tem
se mostrado suficiente para permitir a seleção de genótipos mais tolerantes à
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
Rio (Carvalho et al. 1994), assim como a acidez, concluindo que as atividades de
polifenoloxidase e peroxidases aumentaram enquanto que a acidez decresceu com
a melhoria da qualidade da bebida.
Os compostos químicos que conferem o sabor na bebida do café
desenvolvem-se no processo de torra e em razão de sua complexidade química
(Montavon et al. 2003) ainda não é bem entendida. Nesse processo, importante
para a produção da bebida, mais de 800 compostos voláteis já foram identificados
e a questão de quais compostos são os precursores mais relevantes que conferem
o sabor e o aroma permanecem sem respostas (Franca et al. 2005).
A produção de café arábica de alta qualidade precede de três fatores
principais: recursos genéticos, condições ambientais e manejo. Neste último,
embora não seja uma condição sine qua non, a produção de café orgânico
certificado e especialmente cafés gourmet são frequentemente associados a várias
formas de manejo de sombra promovida por árvores em sistema biodiverso
(Bolssemann et al. 2009).
O tempo de maturação do fruto de café é um aspecto importante para
conferir qualidade final ao grão torrado (Montavon et al. 2003). Vaast et al. (2006)
e Geromel et al. (2008) observaram retardo no processo de maturação do café
arábica em condições de sombra. A exposição direta ao sol força a maturação dos
frutos e adiantou o pico de colheita em um mês comparado ao café sombreado.
A maturação mais lenta do café cultivado sob sombra tem sido proposta como
uma das razões que condicionam diferenças na qualidade da bebida em relação ao
sistema de produção pleno sol (Vaast et al. 2006).
O fruto de café quando maduro, assim como outros frutos tipo baga
apresentam elevado teor de açúcares. Esses carboidratos encontrados no grão
de café são importantes componentes que condicionam o sabor do café. Assim,
quanto maior o teor de açúcares no grão não torrado mais intenso é o sabor do
café, e o maior teor de sacarose em grãos não torrados de café arábica explica
parcialmente melhor qualidade de bebida (Ky et al. 2000). No entanto, além dos
açúcares, gorduras e cafeína são importantes na promoção da qualidade do café
(Somporn et al. 2012).
Em estudo envolvendo sombra controlada artificialmente e o uso de árvores
de Lichia (Lichia chinensis) o teor de açúcares foi maior do que em sistema pleno
302
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
saúde são confirmados por muitos estudos. Tais benefícios advêm da presença de
substâncias como o ácido nicotínico, trigonelina, ácido quinólico, ácido tânico e
cafeína, constituindo-se como fonte de antioxidantes como os ácidos clorogênicos,
caféico, coumárico e fenílico.
Por outro lado, o prazer em consumir a bebida de café está diretamente
relacionado com o sabor e o aroma produzidos após o preparo para o consumo.
Os constituintes químicos que atuam proporcionando essas características do café
como bebida é preponderante na definição da qualidade do café.
Vaast et al. (2006) encontraram efeito significativo do sombreamento
do cafeeiro na qualidade da bebida. O amargor e a adstringência foram mais
elevados na bebida preparada com grãos cultivados pleno sol em relação ao
café sombreado artificialmente, indicando que a alta concentração de ácido
clorogênico e trigonelina encontrados nos grãos de café cultivados pleno sol
apontam incompleta maturação dos frutos.
À despeito da melhoria da qualidade do café cultivado em sistema
sombreado, Bolssemann et al. (2009) estudando o efeito do cultivo de café arábica
associado com espécies arbóreas em altitudes elevadas (acima de 1200 m) na
Colômbia, o sombreamento restringiu a qualidade sensorial da bebida em razão
da redução da temperatura e radiação provocados pelo sombreamento. Assim, em
baixas altitudes estudos têm demonstrado impactos positivos do sombreamento na
qualidade do café. Portanto, a otimização do manejo da sombra para a qualidade
do café depende das condições locais e que a recomendação desse manejo deve
ser indicado levando-se em consideração condições climáticas locais entre outras
condições ambientais.
4. ASPECTOS ECONÔMICOS
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o meio ambiente se torna cada vez mais evidente. Os consumidores temem uma
série de consequências geradas pelos males ambientais, sociais e econômicos,
incluindo mudanças climáticas globais, comércio justo e direitos trabalhistas.
Essa mudança de comportamento tem feito com que os consumidores se
preocupem cada vez mais com a origem do produto, levando em consideração
elementos de toda a cadeia produtiva antes de selecionar o produto a ser comprado,
preocupando-se com a preservação do meio ambiente e sua manutenção para
as futuras gerações (Kotler et al. 2010). Nesse sentido, percebe-se uma visão
positiva dos consumidores a respeito da aquisição de produtos certificados por
apresentarem benefícios ecológicos, com aumento da demanda por esses produtos
e geração de um mercado específico que necessita ser satisfeito pelos produtores
(Barone and Frederico 2015).
Mundialmente, o Brasil é reconhecido como o maior produtor de café, no
entanto, a maioria dos cafés brasileiros possuem preços baixos devido ao nível de
qualidade dos grãos; ao contrário de outros países como a Colômbia, Guatemala e
Costa Rica, que se destacam por produzir cafés especiais, com atributos sensoriais
diferenciados e melhores preços de mercado (D’Alessandro 2015). Na Tabela 1,
pode-se observar, dentre outras informações, que outros países produtores de
café conseguem preços mais elevados quando comparados com o Brasil. Assim,
por exemplo, a Costa Rica, México e Nicarágua recebem 61,63; 49,40 e 35,02%
respectivamente, a mais pelo seu café do que o Brasil.
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
306
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Gráfico 1. Variação dos preços de 2011 até 2015 de 60kg de café, cacau e banana,
comercializado pelos produtores do Estado do Espírito Santo.
307
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
308
PPGPV
5. Agradecimentos
Os autores agradecem à FAPES pelo apoio financeiro aos projetos
relacionados ao tema deste capítulo.
6. REFERÊNCIAS
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
Capítulo 15
1. INTRODUÇÃO
316
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2. ASPECTOS LEGAIS
317
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3. RECIPIENTES
318
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fosse o mesmo das mudas produzidas em sacos plásticos. Além disso, as raízes
secundárias se apresentaram mais finas, embora mais abundantes.
4. SUBSTRATO
323
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
330
PPGPV
para produção de mudas de café. Azevedo et al. (2014) propuseram então quatro
lâminas de irrigação 25; 40; 55; e 70% da ET0 em dois tipos de recipientes
(tubete e sacola) dois níveis de hidrorretentor, concluíram que as mudas de café
Conilon produzidas em sacolas apresentaram crescimento superior comparada as
de tubetes. A lâmina de 40% da ET0 é suficiente para as mudas produzidas em
sacolas, no entanto para tubetes a melhor lâmina é de 70% da ET0. A presença de
hidrorretentor promoveu o melhor desenvolvimento das mudas de café Conilon
produzidas em sacolas em relação as mudas produzidas em tubetes.
Na tentativa de otimizar o uso da água na irrigação, polímeros hidroabsorventes
têm sido utilizados, esses ao serem hidratados se transformam em gel, absorvendo
cerca de cem vezes seu peso em água (Fonteno and Bilderback 1993). Pesquisas
comprovam efeito favorável do emprego do hidrorretentor no crescimento inicial
de mudas de cafeeiro (Azevedo et al. 2002; Carvalho et al. 2011). No entanto, há
uma carência de informações na fase de produção de mudas.
Os efeitos de diferentes turnos de rega foram investigados por Mukeshambala
et al. (2014) estudando a aplicação de doses de hidrorretentor, onde concluíram
que a aplicação do polímero em sacos plásticos e em tubetes não influenciou
no crescimento das plantas. As irrigações de mudas em tubetes devem ser feitas
preferencialmente duas vezes ao dia. Enquanto as mudas de sacos plásticos podem
ser realizadas a cada dois dias. Almeida et al. (2011) avaliando o comportamento
de cafeeiros propagados por embriogênese somática e seminífera, observaram que
as mudas propagadas por estes métodos apresentaram o mesmo comportamento
quanto ao desenvolvimento nas diferentes quantidades de água disponível no solo.
A atividade microbiana se relaciona com as propriedades biológicas dos
substratos e influencia diretamente a agregação das partículas, a disponibilidade
de nutrientes, a aeração e o armazenamento de água (Maiorano et al. 2002).
Fungos micorrízicos arbusculares formam micorrizas, que atuam como um
prolongamento do sistema radicular da planta hospedeira (Silveira 1992). Tristão
et al. (2006) verificaram que a utilização de substratos orgânicos e a inoculação
com fungos micorrízicos arbusculares são eficientes na produção de mudas de
cafeeiro, onde a micorrização apresentou um efeito positivo no desenvolvimento
das mudas.
331
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Capítulo 16
1. INTRODUÇÃO
342
PPGPV
343
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
344
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346
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348
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349
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
observando-se o inverso no ano seguinte, 6,17 e 3.44 dm3 planta-1, para o arábica
e conilon, respectivamente (Rodrigues et al. 2016).
Em regiões de baixa altitude (30 m) no munícipio de Sooretama, norte do
estado do Espírito Santo, a produtividade das cultivares de arábica variou de
27,56 a 7,9 sacas ha-1, sendo inferior a produtividade das variedades de conilon
“EMCAPA 8111” e “EMCAPA 8121” que apresentaram 57,61 e 48,51 sacas ha-1,
respectivamente (Ferrão et al. 2000).
Nas Figuras a seguir, observa-se características produtivas de cafeeiro
arábica em baixa altitude (Figura 4) e conilon em altitude superior (Figura 5).
Na Figura 4, percebe-se bom vigor vegetativo e boa capacidade produtiva do
cafeeiro arábica cultivado em região com baixa altitude. Porém, observações
preliminares indicam a ocorrência de acentuada desuniformidade de maturação
dos frutos, quando o cultivo de arábica ocorre nessa região. Na Figura 5, percebe-
se a boa capacidade produtiva do conilon em maiores altitudes, bem como o bom
vigor vegetativo. No entanto, segundo relatos de observações práticas, é comum a
ocorrência de maior desuniformidade de maturação dos frutos, e possíveis efeitos
bienais mais pronunciados.
350
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351
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352
PPGPV
respectivamente.
353
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
354
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Capítulo 17
1. INTRODUÇÃO
363
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
364
PPGPV
aumentando para 32,4 t ha-1 em café sombreado com Inga (Inga densiflora Benth.)
(Hergoualc’h et al. 2012). Também foi visto que os estoques de carbono podem
atingir até 46,3 t ha-1 em sistemas de café sombreado com Inga, contra 39,4 t ha-1
em um sistema de cultivo de café sombreado por diversas árvores (Soto-Pinto et
al. 2010).
Por outro lado, deve-se ainda ter em conta a pegada de água do café, pois
estima-se que o consumo de apenas uma xícara de café requer o gasto de 140
litros de água, sendo a maior parte desse gasto atribuída ao crescimento da planta
(Hoekstra e Chapagain 2004; Eriyagama et al. 2014). Este fato desmistifica o
impacto do beneficiamento dos grãos sobre a pegada de água do café, pois apenas
0,4% da pegada é atribuída ao processo de beneficiamento (Chapagain e Hoekstra
2007). Atualmente, as estimativas iniciais sugerem que são consumidos entre 8,2
e 26,3 m3 de água na produção de um quilograma de café verde, variando com
a região produtora, a espécie de café e o sistema de cultivo. Além disso, para o
futuro, os cenários climáticos mostram uma diminuição acentuada de áreas de
café com precipitação média anual efetiva para a produção (Chapagain e Hoekstra
2007; Eriyagama et a. 2014), o que acentua a preocupação com o uso da água.
Em regiões entre 0° a 30° de latitude Sul, o Estado do Espírito Santo
(46.184,1 km2), se destaca no Brasil, como primeiro em produção de café Coffea
canephora Pierre ex A. Froehner cv. Conilon (Eugenio et al. 2014). Esse Estado
é considerado uma das maiores regiões de produção de café do tipo Robusta do
mundo (utilizando a cultivar Conilon), sendo responsável por aproximadamente
20% da produção mundial, com uma área cultivada de cerca de 303.000 ha,
envolvendo 78 mil produtores, com faturamento superior a 800 milhões USD.
Assim, qualquer modificação climática que afete a cadeia produtiva causará
grande impacto social e económico neste Estado, com implicações negativas para
a produção mundial de café.
A fim de promover a discussão do tema e possibilitar futuras análises, este
capítulo apresenta estimativas da (i) pegada de carbono e a pegada de água em
sistemas de produção de café, (ii) os impactos proporcionais destas estimativas
nas emissões de gases totais e na utilização da água e ainda (iii) o fluxo virtual da
pegada de carbono e a pegada de água considerando o cultivo de café no Estado
do Espírito Santo, Brasil, ao longo de dez anos.
365
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
366
PPGPV
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PPGPV
Além disto, esta constatação pode ser explicada, em parte, pelo fato do
início da década de 2000 (de 2000 a 2004), ter sido marcado por um extenso
trabalho de adoção de novas tecnologias na cafeicultura do Estado do Espírito
Santo, principalmente pelo lançamento e recomendação de novas cultivares de
café Robusta, (principalmente novos clones de Conilon) e Arábica (Martins et
al. 2015), o que possivelmente aumentou a área plantada e, consequentemente, o
sequestro de carbono, acentuando a pegada de carbono do café.
369
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
entre os anos de 2005 a 2014 (SEEG 2016), o que apresenta grande distorção de
dados de emissão apresentados pelas instituições responsáveis.
Apesar de valores expressivos de pegada de carbono relacionadas a
produção de café no Estado do Espírito Santo, os resultados apresentados não
consideram a quantidade de carbono armazenado na vegetação dos vários tipos
de sistema de cultivo de Coffea spp., que poderiam mitigar até 92% da pegada
de carbono do café “até a porteira” (Soto-Pinto et al. 2010; Hergoualc’h et al.
2012; Martins et al. 2015). Para mitigar esse cenário, esforços multilaterais têm
convergido no objetivo de estimar a biomassa de árvores de café cultivadas em
monocultura ou em conjunto com outras culturas agrícolas (Dossa et al. 2008).
Contudo, não existem ainda índices para o Estado do Espirito Santo. Entretando,
poucos estudos foram efeituados em regiões tropicais entre 0° a 30° de latitude
Sul, tendo como foco apenas a utilização dos índices de vegetação espectrais para
estimar o estoque e o sequestro de carbono (Pereira-Coltri et al. 2013).
A estimativa da pegada de água do café no Brasil foi de, aproximadamente,
11.000 milhões de m3/ano (Tabela 1) que correspondem a uma pequena fração
do total de água gasta nos sistemas de agropecuária do Brasil (653x1012 m3/ano),
apesar de haverem divergências relativamente ao valor de consumo de água
gasto nestes sistemas (Embrapa, 2013), assim como em relação às estimativas da
pegada (Chapagain e Hoekstra 2007; Eriyagama et a. 2014); tal tem provocado
divergências nas comparações de pegada de água para inúmeros produtos e
cultivos e na popularização do conceito.
370
PPGPV
371
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
372
PPGPV
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376
PPGPV
Capítulo 18
1. INTRODUÇÃO
Como grande parte dos solos sob agricultura no Brasil apresenta características
químicas naturais consideradas inadequadas para o pleno desenvolvimento de
culturas agrícolas, como é caso do cafeeiro, torna-se necessário a intervenção
humana pelo processo de adubação para permitir a obtenção de produtividades
agrícolas competitivas; muito pelo fato das características de origem dos solos
tropicais e pela faixa de latitude que se encontra o desenvolvimento da cultura do
café no Brasil.
O cafeeiro, assim como a maioria das culturas agrícolas, requer solos
que permitam boa expansão de seu sistema radicular, sem barreiras físicas ou
químicas, e que apresente condições nutricionais equilibradas, assim, o manejo
da correção da acidez e da adubação do solo é essencial para o desenvolvimento
sustentável do cultivo de café e para permitir o uso racional e sustentável dos
insumos agrícolas.
Durante a exploração do café no Brasil, os programas de melhoramento se
voltaram para o desenvolvimento e recomendação de genótipos cada vez mais
produtivos, o que permitiu o acentuado aumento da produtividade da cafeicultura
nacional, sendo registrado um aumento da ordem de 72% da produtividade
média nacional na última década (Conab, 2016), entretanto, o incremento da
produtividade foi acompanhado do aumento da dependência de insumos como
377
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
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PPGPV
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
380
PPGPV
Alves et al. 2011; Uchôa et al. 2011; Ferraz et al. 2012; Freitas et al. 2016). A
seguir serão apresentados exemplos de estudos que identificaram relação entre a
distribuição espacial de nutrientes no solo e a localização das plantas doentes e
patógenos.
Pinheiro et al. (2008) estudaram a relação entre fertilidade do solo e
distribuição espacial do nematoide do cisto da soja (Heterodera glycines), e
identificaram correlação espacial positiva entre a distribuição dos teores de Ca no
solo e as variáveis: número de juvenis de segundo estádio (J2) (Figura 1A), cistos
viáveis, cistos não viáveis e ovos por cisto. Esses autores discutiram que a adição
de Ca ao solo, por meio da calagem ou outras táticas de manejo, influenciou a
atividade dos nematoides, provavelmente de forma indireta. Nesse caso, os
autores hipotetisaram que pH alto do solo condiciona dois fatores favoráveis ao
nematoide: redução da população de microrganismos antagonistas, reduzindo a
taxa de controle biológico natural, e a imobilização de micronutrientes, reduzindo
a tolerância das plantas. Essa redução da tolerância das plantas, possivelmente
proporcionou aumento da população de H. glycines, em decorrência dos maiores
teores de Ca e pH no solo (Figura 1). Para os teores de K houve correlação para
a variável número de cistos viáveis no solo (Pinheiro et al. 2008). A falta de
correlação entre a maioria das variáveis relacionadas ao patógeno, com os teores
de K, foi atribuída pelos autores ao fato do excesso de Ca proporcionar eventual
desequilíbrio de K no solo.
Carvalho (2008) investigou a distribuição espacial das doenças de final de
ciclo da cultura da soja, e verificou a relação com a fertilidade do solo e a nutrição
mineral das plantas. Em um primeiro experimento, o autor identificou dependência
espacial das plantas com sintomas de mofo-branco [Sclerotinia sclerotiorum
(Lib.) de Bary]. A severidade da doença apresentou padrão de distribuição do tipo
agregado com forte dependência espacial. No segundo experimento foi analisada
a distribuição espacial das doenças de final de ciclo da soja, e verificado moderada
dependência espacial e também o padrão agregado das plantas doentes. Nesse
caso foi verificado a relação espacial negativa da severidade das doenças de final
de ciclo da soja com os teores de K e P, e positiva com o Ca no solo. O autor
justificou que as maiores valores de severidade das doenças nas plantas localizadas
em áreas com teores elevados de Ca foi devido ao desequilíbrio nutricional entre
381
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
382
PPGPV
que maior intensidade da doença ocorreu em áreas de maior altitude e com maior
concentração de areia no solo, enquanto menor intensidade da doença ocorreu
em áreas com menores teores de silte, matéria orgânica, bases trocáveis totais,
capacidade de troca catiônica efetiva, saturação de bases, Ca e Mg no solo, e S
foliar.
Ainda em relação aos patossistemas da cultura da bananeira, mas nesse caso
em relação a uma doença (Mal-do-panamá) cujo agente etiológico (Fusarium
oxysporum f. sp. cubense) é capaz de sobreviver no solo quando não está causando
doença nas plantas, Furtado et al. (2009) analisaram a relação entre a ocorrência
da doença e o teor de nutrientes no solo e nas folhas de bananeiras cultivadas
na região do Vale do Ribeira, SP. Esses autores constataram que em áreas onde
estavam presentes as plantas doentes, ocorriam os menores teores de Ca, Mg, PO-
3
4
e S no solo e de N, K e S nas folhas.
Todos esses resultados podem contribuir com os agricultores no manejo da
doença, realizando a adubação localizada, de forma equilibrada, e assim reduzir a
aplicação de fungicidas. Esta prática minimiza o impacto ambiental e os custos de
produção, contribuindo para a sustentabilidade da produção (Freitas et al. 2016).
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A nutrição mineral e um fator ambiental que pode ser manipulado com certa
facilidade durante as atividades de cultivo agrícola, e assim aplica-las também
389
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
para o controle das doenças (Pozza et al. 2007). Nesse sentido, existem diversos
estudos sobre o manejo da nutrição de plantas influenciando na intensidade de
doenças. Para a cultura do cafeeiro, várias pesquisas foram conduzidas para esse
fim.
Moraes et al. (1974) estudaram a influência do estado nutricional das plantas
de cafeeiro na intensidade da ferrugem (H. vastatrix), e relataram diferença
significativa e positiva na incidência da doença nas plantas dos tratamentos que
receberam maiores doses de K, em relação aos que não receberam este nutriente.
Pozza et al. (2001) avaliaram a intensidade da mancha-de-olho-pardo
ou cercosporiose (C. coffeicola), em mudas de cafeeiro da variedade Catuaí
Vermelho, com relação ao estado nutricional das plantas quanto a N e K, utilizando
solução nutritiva circulante. Esses autores verificaram elevação do número de
lesões da doença por folha e na desfolha à medida que aumentaram as doses
de K, e reduziram as doses de N, ou seja, redução da severidade da doença e
desfolha das mudas com o incremento das doses de N e o aumento indireto com
o aumento da nutrição potássica. Isso confirma os resultados apresentados por
Pozza et al. (2000) quanto as menores doses de N e maiores de K condicionando
maior intensidade da doença. Entretanto, Fernandes (1988) verificou a redução
da desfolha por cercosporiose com o aumento das doses de P e K, com a mesma
dose de N, logo, é necessário se atentar para a ação conjunta dos nutrientes e
o equilíbrio nutricional das plantas. De acordo com Pozza et al. (2001), Ca e
Cu foram responsáveis pelo aumento na intensidade da cercosporiose, porque o
aumento das doses de K causou redução do teor foliar de Ca em todas as doses de
N, não sendo limitantes ao crescimento do cafeeiro, podendo, entretanto, permitir
uma maior severidade da doença.
Visando melhor compreender essa interação entre os nutrientes para o manejo
da cercosporiose do cafeeiro (C. coffeicola), Garcia Júnior et al. (2003) avaliaram
a incidência e a severidade da doença, em função do suprimento de K e Ca em
solução nutritiva. A interação K x Ca influenciou a dinâmica da doença nas mudas
de cafeeiro (Garcia Júnior et al. 2003). A incidência da cercosporiose decresceu
linearmente com o aumento das doses de Ca em solução nutritiva, assim como
houve também redução do número de lesões por folha, indicando a importância
deste nutriente para manutenção da sanidade das plantas. No entanto, o total de
390
PPGPV
391
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
392
PPGPV
em absorver Si quando fontes desse elemento são aplicadas via foliar (Pereira
et al. 2009), pesquisadores demonstraram possibilidades para utilizar o reforço
nutricional das plantas com Si para o manejo de doenças do cafeeiro. Pozza et al
(2004) avaliaram o efeito da aplicação de silício, na proporção de 1g de CaSiO3
incorporada em 1 kg do substrato utilizado para encher os tubetes e produção de
mudas, no controle da cercosporiose, e, determinaram os fatores de resistência
associados. As plantas da variedade catuaí apresentaram redução de 63,2% no
número de folhas lesionadas e de 43% no total de lesões por planta, em relação à
testemunha. Utilizando MAX e mapeamento para Si, esses autores demonstraram
distribuição uniforme do Si na superfície abaxial das folhas de cafeeiro nas três
variedades tratadas (catuaí, mundo novo e icatú), e nas folhas das plantas não
tratadas, o Si foi raramente encontrado. Também foi verificado camada de cera
bem desenvolvida e mais espessa na superfície inferior das folhas das plantas
cultivadas em substrato contendo Si. Quanto às fontes e doses de Si para o manejo
da cercosporiose, Botelho et al. (2005) concluíram redução linear do número de
plantas doentes mediante aplicação de silicato, e que o menor número de lesões
da doença foi obtido com a dose de 0,84 g.kg-1 de silicato de sódio incorporado ao
substrato utilizado para produção das mudas de cafeeiro cultivar Catuaí IAC 99.
Quanto a aplicação foliar de Si, Pereira et al. (2009) demonstraram que mudas de
cafeeiro da cultivar Catuaí Vermelho 44 pulverizadas com solução de silicato de
potássio (KSi) (35 g/L), independente do pH, apresentaram menor severidade da
ferrugem (H. vastatrix), em relação as testemunhas.
O potencial de aplicar a nutrição mineral para o manejo de nematoides na
cultura do cafeeiro também já foi demonstrada. Santos et al. (1981b) estudaram o
efeito de NH4SO4, nitrocálcio, salitre do Chile, uréia e nitrato de cálcio sobre a
formação de galhas e a taxa de eclosão de M. exigua em cafeeiro. De acordo com
esses autores houve redução do número de galhas com a aplicação do nitrocálcio
e NH4SO4, quando comparados ao tratamento testemunha que não recebeu
nenhum fertilizante. Da mesma forma Santos et al. (1981a) estudou o efeito
de doses de cloreto de potássio (KCl) sobre M. exigua em mudas de cafeeiro e
verificou redução no número de galhas e de ovos à medida que aumentou o teor
de K disponível para as plantas. A aplicação de fertilizantes pode afetar direta e/
ou indiretamente os nematoides, interferindo em seu ciclo de vida, aumentando
393
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
394
PPGPV
doenças, por exemplo a ferrugem, por linha de plantio e até mesmo dispensando
a aplicação de fungicidas sistêmicos nas linhas formadas por clones resistentes.
Esperamos ainda, que a evolução do manejo da cultura do café permita que a
correta nutrição das plantas, considerando suas demandas específicas, evite a
ocorrência de desequilíbrios nutricionais, crie barreiras que limitam a infecção
por patógenos e promova a desaceleração do progresso de doenças.
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Recursos Hídricos e
Geoprocessamento em
Sistemas Agrícolas
PPGPV
403
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
Capítulo 19
1. INTRODUÇÃO
404
PPGPV
comprometer os diversos usos aos quais este recurso se destina (Von Sperling
2005).
Considerando que um dos meios de preservação do meio ambiente é o
tratamento desse efluente e que, para tal, são necessários recursos expressivos,
têm-se buscado alternativas que sejam, ao mesmo tempo, de baixo custo de
implantação e operação, desde que fique assegurada a salubridade da população
vizinha à área de tratamento e a preservação do meio ambiente (Anderson
et al. 2005; Fonseca 2005). Portanto, o aproveitamento planejado de águas
residuárias na agricultura é uma alternativa para o controle da poluição dos rios,
disponibilização de água e fertilizantes para as culturas, reciclagem de nutrientes
e aumento da produção agrícola (Tonetti et al. 2009).
Nesse sentido, o tratamento do esgoto doméstico por disposição no solo
tem-se mostrado economicamente viável e de simples implantação, podendo ser
especialmente adequado ao denominado saneamento rural, embora possa ser
estendido também a comunidades de maior porte.
Dentre os sistemas de tratamento de esgoto por disposição no solo e que
poderiam ser conciliados com o uso de águas residuárias na agricultura, destaca-
se a técnica do escoamento superficial, no qual a água residuária é aplicada, em
altas taxas, na parte superior de uma rampa vegetada, com declividade de 5 a
8%, ficando sujeita ao escoamento superficial, condição que possibilitará sua
depuração ao longo da rampa de tratamento (Tonetti et al. 2012).
O efluente coletado na parte inferior da rampa dependendo de suas
características poderá ser lançado em corpos receptores de água ou utilizado para
fertirrigação, como observado por Fonseca et al. (2001) ao avaliarem a qualidade
do esgoto gerado após o tratamento por escoamento superficial. Porém, a utilização
dessas águas na agricultura sem uma análise laboratorial de sua qualidade pode
causar impactos negativos ao meio ambiente, à produtividade das culturas e à
saúde de produtores e consumidores, devido à quantidade de sais, nutrientes e
patógenos presentes (Hurley et al. 2012).
Dessa forma, torna-se necessário o estabelecimento dos requisitos mínimos
de qualidade dessas águas e para tal podem ser utilizados os índices de qualidade,
que resumem várias informações em único valor numérico, facilitando a tomada
de decisão quanto ao uso dessas águas e controle de possíveis problemas causados
405
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
ao solo e às plantas irrigadas (Wanda et al. 2012; Ardila and Saldariaga 2013).
Diversas técnicas para elaboração de um índice de qualidade de água (IQA)
têm sido usadas, sendo várias delas baseadas no IQA desenvolvido pela National
Sanitation Foundation – (IQANSF) dos Estados Unidos e usado em outros países
como o Brasil e a Inglaterra (Flores 2002).
Todavia, o IQANSF e sua adaptação feita pela CETESB - Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (IQACETESB) apresentam
fórmulas “engessadas” para seu cálculo, aplicando pesos específicos para cada
variável. Além disso, esses índices avaliam a qualidade da água para consumo
humano, o que impede sua aplicação na avaliação da qualidade da água para
fertirrigação, pois outras variáveis físico-químicas da água, que não aquelas
utilizadas no cálculo do IQANSF e IQACETESB, podem ser importantes para a
caracterização da qualidade da água para este fim.
Nesse sentido, objetivou-se com este trabalho avaliar a qualidade do
efluente tratado pela técnica do escoamento superficial em rampas cultivadas
com forrageiras, por meio da proposta de um índice de qualidade adaptado para
fertirrigação e agrupamento quanto à similaridade das características químicas
utilizando Estatística Multivariada.
406
PPGPV
407
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
408
PPGPV
em que:
Π = produtório
IQA = Índice de Qualidade das Águas (número entre 0 e 100)
qi = valor numérico associado a qualidade da i-ésima variável (número entre 0 e
100)
wi = peso correspondente a i-ésima variável (número entre 0 e 1)
i = número da variável (número variando de 1 a 9)
409
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
410
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411
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em que:
Xsij = observação da variável j-ésima e i-ésima normalizada;
Xij = valor observado da j-ésima e i-ésima variável;
X̅ i = média da amostra Xij;
Si = desvio padrão da variável Xij ;
i = número de variáveis;
j = número de pontos de coleta.
412
PPGPV
413
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
sendo, qi max = valor máximo de qi para a classe; Xij = valor observado para
a célula ij; X inf = limite inferior da classe a que pertence Xij; qi amp = amplitude de
classe; Xamp = amplitude da classe a que pertence Xij.
Para o cálculo de Xamp da última classe para cada variável, foi considerado
como limite superior o maior valor encontrado nas análises físico-químicas das
414
PPGPV
amostras de efluente para cada variável conforme realizado por Andrade et al.
(2005).
Para atribuir os pesos (wi) a cada variável de qualidade de efluente utilizado
no IQ, foram tomados como base os resultados obtidos na análise das componentes
principais. Nesse procedimento, foram utilizados os autovalores das componentes
e a contribuição de cada variável pelas respectivas componentes, extraídas da
ACP, como realizado por Andrade et al. (2005).
Inicialmente, calculou-se o somatório dos autovalores de todas as
componentes multiplicados pela contribuição de cada variável. Em seguida foram
ponderados os valores de wi para cada variável em função de sua contribuição por
cada componente, de forma que a soma de todos os wi fosse igual a um, conforme
demonstrado na equação 4.
415
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
416
PPGPV
agrupamento de dois grupos consecutivos, conforme descrito por Hair et al. (2005).
Como as variáveis utilizadas nesse estudo são reais, adotou-se a combinação da
distância euclidiana ao quadrado para a formação da matriz de similaridade e o
algoritmo do método de ligação Ward, conforme realizado por vários autores,
como Fernandes et al. (2010), Palácio et al. (2011) e Bertossi et al. (2013b).
417
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
418
PPGPV
419
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
420
PPGPV
que o tratado na taxa de 2,25 L h-1. Tal fato pode ser explicado pela composição
química do efluente aplicado no sistema, na qual se percebe uma qualidade
inferior no efluente utilizado na primeira taxa (2,25 L h-1), principalmente para as
variáveis condutividade elétrica, potássio, sódio e RAS, que apresentaram altos
valores (Tabela 2).
Outra possibilidade seria a interferência da chuva no sistema de tratamento,
já que este não era coberto e, portanto, estava sujeito às condições climáticas
locais. De acordo com a Figura 1 o período final do experimento apresentou
um alto valor de precipitação, que pode ter diluído o efluente, fazendo que este
apresentasse qualidade melhor, período que coincide com a aplicação da taxa de
4,5 L h-1.
Apesar de nesse estudo de qualidade ter sido utilizado efluente de fossas
421
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
422
PPGPV
AZ 2,25
AV 2,25
C 2,25
EFS
AZ 4,5
AV 4,5
C 4,5
0 20 40 60 80 100 120
(%)
423
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
5. CONCLUSÕES
424
PPGPV
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429
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
Capítulo 20
430
PPGPV
ou tempo, sendo que alguma medida desta pode ser vista como uma realização de
uma função aleatória (Vieira et al., 1983). De acordo com Burrough e McDonnell
(1998) a teoria das variáveis regionalizadas pressupõe que a variação de uma
variável pode ser expressa pela ação conjunta de um componente estrutural que
está associado a um valor médio constante ou uma tendência constante, um
componente aleatório espacialmente correlacionado e, por fim um componente
que representa o ruído aleatório ou erro residual.
Partindo-se da premissa de que é possível expressar a variação de uma
variável, é igualmente possível modelar essa variação e expressá-la na forma de
mapas. A utilização de variogramas e métodos de interpolação baseados neles,
como a krigagem, são capazes de definir o grau de dependência no espaço e ou no
tempo de uma grandeza medida e transformar os resultados numéricos em uma
resposta visual do fenômeno, através da construção dos mapas (Manzione et al.,
2002).
O variograma é utilizado para verificar a existência e quantificar o grau de
dependência existente entre pontos amostrais espacialmente referenciados (Isaaks
e Srivastava, 1989) e na análise geoestatística deve se estabelecer um modelo que
descreva, da melhor forma possível, a variação dos dados no espaço (Goovaerts,
1999).
O correto ajuste do modelo de variograma, capaz de representar a tendência
da semivariância em relação à distância, é crucial para que as interpolações pelo
método geoestatístico da krigagem resultem em estimativas confiáveis e com
índice satisfatório de exatidão (Hengl et al., 2004). Webster e Oliver (1992)
afirmam que a krigagem é muito sensível a erros durante a modelagem do
variograma, e caso este não seja estimado de forma correta, o mapa resultante da
interpolação apresentará elevada instabilidade e imprecisão.
O maior problema no ajuste de variogramas em análises geoestatísticas
diz respeito à amostragem que é feita para o levantamento dos dados (Isaaks e
Srivastava, 1989). A definição do número de amostras é decisiva no planejamento
experimental, pois este número tem efeito direto na quantidade de pares de
pontos disponíveis para a modelagem variográfica e consequentemente durante
a interpolação dos dados. Dessa forma, os variogramas são definidos com maior
precisão em situações onde um número maior de amostras está disponível para o
431
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incorre em mapas com considerável erro de estimativa, uma vez que a validação
cruzada é o resultado da relação existente entre os valores reais e os estimados.
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Silva et al. (2010) concluem que a utilização das frações areia e argila como
co-variável para estimar os níveis de P na área, em locais não amostrados, foi
eficiente. Isso evidencia que é possível, utilizando um número menor de amostras,
mapear a distribuição de atributos químicos tendo como variável auxiliar os
atributos físicos do solo, cuja determinação é mais fácil e barata. Da mesma
forma outros atributos do sistema solo-planta podem ser avaliados e mapeados
utilizando a técnica da cokrigagem, reduzindo os custos do sistema e atingindo
resultados satisfatórios com erro reduzido.
Alguns autores têm colocado como possível estratégia para o mapeamento
de atributos em pequenas áreas, a utilização de técnicas de sensoriamento remoto.
Segundo Shibusawa (2003), a utilização de técnicas de sensoriamento remoto
tem potencial para o estudo de diferentes fenômenos em diferentes extensões
territoriais, sendo uma boa alternativa para a aplicação em pequenas fazendas.
Belal (2006) afirma que a utilização do sensoriamento remoto em pequenas
áreas se justifica pelas suas potencialidades de aplicação. De acordo com o autor,
através da resposta espectral das culturas é possível inferir acerca de seu estado
vegetativo e nutricional, além de outros fatores que se relacionam à produção,
permitindo auxiliar no manejo e orientar outras técnicas que visem a melhor
condução do sistema.
Outros pesquisadores tem lançado mão de aparelhos portáteis para promover
o levantamento de informações acerca do solo, como a condutividade elétrica, e
441
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442
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2. Considerações Finais
3. Referências Bibliográficas
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leitura do clorofilômetro com os teores de clorofila e nitrogênio na folha de milho.
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446
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Capítulo 21
1. Introdução
447
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
2. Metodologia
448
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papel, que secas em estufa a 65 °C até massa constante, as mesmas foram moídas
e, posteriormente, enviadas ao laboratório para análise. As amostras foram
analisadas de acordo com metodologia preconizada pela EMBRAPA (2009) para
obtenção das concentrações em matéria seca dos macronutrientes: N, P, K, Ca,
Mg e S; e dos micronutrientes Fe, B, Cu, Mn e Zn.
Em cada ponto amostral determinou-se o DRIS e, posteriormente, o Índice
de Balanço Nutricional (IBN). Para o DRIS considerou-se as funções das razões
entre dois nutrientes, conforme proposto por Jones (1981): f(A/B) = (A/B – a/b)/s,
em que: f (A/B) = a função da proporção entre os dois nutrientes A e B da amostra
a ser diagnosticada, A/B = o valor da relação entre os dois nutrientes nas folhas
sob diagnóstico, a/b = relação entre os nutrientes da lavoura de referência, e s = o
desvio padrão da relação na população de referência. A população de referencia
DRIS (norma) foi utilizada de acordo com Partelli et al. (2002), que estabeleceram
normas DRIS para o Município de Vila Valério – ES
Os índices DRIS foram calculados da seguinte forma: Índice A = {[f(A/
B)+...+f(A/Z)] – [f(B/A)+...+f(Z/A)]} / (n + m), em que: n = o número de funções
onde o nutriente A em análise aparece no numerador (relações diretas) e m =
o número de funções onde o nutriente A em análise aparece no denominador
(relações inversas). O Índice de Balanço Nutricional foi obtido por meio da soma
dos valores absolutos de cada índice: IBN=|Índice A|+|Índice B|+...+|Índice Z|.
A análise espacial foi realizada utilizando técnicas de geoestatística
quantificando a dependência entre os pontos amostrais, para cada atributo,
determinando parâmetros e modelos ajustados pelo semivariograma (equação 1)
e quantificando o grau de dependência espacial, com base na hipótese intrínseca,
pela equação 1:
γ (h ) =
1 N (h)
∑
2 N (h) i =1
[(Z1 (xi ) − Z 2 (xi + h ))2]
(1)
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3. Resultados e discussão
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452
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Figura 1. Mapas temáticos do IDN (a), IDP (b), IDK (c), PRD (d) e IBN (e)
4. Considerações Finais
453
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
5. Referências
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
456
PPGPV
Capítulo 22
1. INTRODUÇÃO
457
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
2.1. Arsênio
O arsênio (As) é absorvido pelas plantas nas formas de As5+ ou As3+, tais
variações são fruto da oxidação elementar proveniente da ação dos microorganismos
presentes no solo. Os mecanismos de absorção de As pelas plantas ainda não são
bem conhecidos, de modo que não se saiba as formas de entrada e os mecanismos
de transporte do metalóide na planta (Kabata-Pendias and Pendias 2001).
458
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2.2. Cádmio
Dentre os metais pesado com maior potencial poluidor o cádmio (Cd) se
destaca pela alta solubilidade em água e por sua forma trocável ser facilmente
absorvida pelas plantas, principalmente em solos ácidos. Outro fator preocupante
é a mobilidade do Cd no interior da planta, uma vez que ao ser absorvido pode ser
direcionado a tecidos jovens e frutos, causando fitotoxidez não só as plantas como
também aos animais (Soares et al. 2005). Um dos sintomas típicos de fitotoxidez
pelo Cd é a clorose de folhas jovens, indicando o direcionamento do contaminante
a tecidos jovens, por ser um metal mais passível de mobilização (Kupper et al.
2007)
Apesar de apresentar maior mobilidade do que a maioria dos metais
pesados, maior parte do Cd absorvido, tende a acumular-se nas raízes (Grant et al.
1998). O Cd é absorvido via canais catiônicos com ampla especificidade através
459
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
2.3. Chumbo
Embora o chumbo (Pb) não seja essencial ao desenvolvimento das plantas,
ele é facilmente absorvido via apoplasto no sistema radicular na forma bivalente
(Pb+2), essa absorção ocorre de acordo com cada espécie sendo influenciada
pelo pH e capacidade de troca de cátions do solo. A absorção do chumbo,
geralmente, ocorre por canais catiônicos no interior das raízes, que levam o
metal ao endoderma para ser transportado ao xilema. No entanto as raízes têm
a capacidade de restringir esse transporte acumulando quantidades elevadas do
contaminante em seu interior, devido à atuação do endoderma como uma barreira
a este transporte, podendo esta ser a razão do maior acúmulo do metal no sistema
radicular das plantas (Lane and Martin, 1977).
Nem todas as plantas possuem o mesmo mecanismo de distribuição do
metal, o que pode variar com a espécie ou com o ambiente em que a mesma
460
PPGPV
está inserida. Plantas que absorvem metais pesados do solo tendem a acumulá-lo
em maiores concentrações em suas raízes, em contrapartida, as plantas que estão
submetidas à poluição atmosférica têm o acumulo do metal mais evidenciado em
sua parte aérea (Moraes 2011).
O Pb, quando absorvido, exerce influência negativa no processo de
crescimento da planta, uma vez que nem todas possuem mecanismos de tolerância
à absorção do mesmo. Para algumas plantas, a presença do metal pesado no solo,
mesmo em baixas concentrações, pode acarretar mudanças em sua fisiologia,
morfologia e estrutura, influenciando desta forma no crescimento do sistema
radicular, na produção de clorofila a e b, inibição da divisão celular dentre outros
parâmetros que podem ser considerados indicadores de fitotoxidez da planta
(Kabata-Pendias and Pendias, 2000; Sharma and Dubey, 2005).
O Pb no interior de uma planta não tolerante pode acarretar mudanças na sua
fisiologia, obstruir canais de fluxo de água e nutrientes, o que, consequentemente,
altera o balanço hídrico da planta, assim como a sua nutrição, causando uma redução
em suas funções fisiológicas, dessa forma as taxas de crescimento e respiração são
afetadas, refletindo em clorose, diminuição da área foliar e produção de biomassa.
O Pb no interior das células também pode desorganizar os cloroplastos, inibir a
síntese de clorofila e carotenóides (SHARMA e DUBEY, 2005).
Abreu et al. (2013) observaram reduções progressivas nos concentrações de
pigmentos em girassóis, à medida que aumentavam as concentrações de chumbo
no solo (0; 0,2; 0,4; 0,6 e 8 mM L-1 de PbNO3), reduzindo as concentrações de
clorofila a, clorofila b, carotenóides e clorofila total, respectivamente, em 43, 50,
36 e 45%. Tal fato pode ser explicado pela interferência do Pb na absorção de
elementos indispensáveis para a biossíntese da clorofila, como o Fe e o Mg. Silva
et al. (2013) observaram em girassol que a concentração de 414,4 mg L-1 de Pb
acarretou em uma redução de 62% no diâmetro do colo, 44% no número total de
folhas produzidas e em 57% da área foliar.
No entanto, existem espécies que possuem mecanismos de tolerância a
metais pesados e que os acumulam em seu interior sem que as prejudique no
seu desenvolvimento. Souza et al. (2011) observaram, em mucuna-preta que a
medida que a concentração de metal pesado no solo era aumentada, ocorria um
incremento linear na concentração de chumbo acumulado, tanto na parte aérea
461
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quanto no sistema radicular da planta, sem que isso afetasse a síntese de clorofila
a e b, a área foliar e os concentrações de carotenóides.
3. FITORREMEDIAÇÃO
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eficiência de absorção em relação ao tratamento sem EDTA em 27, 29, 100, 415 e
692%, para as doses de 100, 200, 350, 1.200 e 2.400 mg kg-1 de Pb. Zeitouni (2003)
também observou um aumento de 290% na absorção do chumbo, quando plantas
de pimenta, girassol, mamona e tabaco foram cultivadas em solo contaminado
com 12 mg kg-1 de Pb e acrescido de 1 mmol de EDTA.
Porém, doses elevadas do quelato podem acarretar na lixiviação do complexo
formado, facilitando a translocação no perfil do solo e consequentemente a
contaminação de águas subterrâneas. O EDTA permanece por um longo período
ativo no perfil do solo, podendo permanecer até 15 anos sem ser biodegradado,
tal fato potencializa os riscos de lixiviação e contaminação de outras áreas,
principalmente se associado a elevadas doses, mas também permite que a
inatividade do contaminante se estenda a um maior período (Fiori et al 2011).
Na busca de outro agente quelante orgânico ou inorgânico que proporcione
resultados similares aos obtidos pelo EDTA e que possua uma vida ativa menor,
novas pesquisas vêm sendo desenvolvidas no ramo da fitorremediação analisando
uma complexação menos duradoura, que permita uma menor manutenção na
concentração de metal solúvel no solo. Luo et al. (2005) em seu trabalho, puderam
observar que ao adicionar 5 mmol kg-1 de EDTA e EDDS ocorreram alterações
na absorção de Cu, Cd, Zn e Pb, sendo a aplicação do EDTA mais efetiva para a
absorção de Pb e Cd e a aplicação de EDDS mais efetiva pra de Cu e Zn. Outros
agentes quelantes que demonstram alta eficiência na disponibilidade de metais
pesado a solução do solo e elevada redirecionamento do contaminante para parte
aérea da planta são; o Ácido Cítrico, DTPA (ácido dietilenotriaminopentaacético)
e NTA (ácido nitrilotriacético) (Freitas et al. 2009; Melo et al. 2006).
O curto período de ação vem associado, porém, a uma menor eficiência do
quelato na imobilização do metal ao longo do tempo e um risco de lixiviar menor
concentrações de metais. Alguns quelatos orgânicos, por exemplo, possuem um
peso molecular menor que o do EDTA o que lhes favorece a uma rápida degradação
no solo e uma associação ao metal mais breve ao contaminante, porém, associado
a uma menor eficiência na indução da fitorremediação, considerando que sua ação
no solo pode durar apenas alguns dias (Freitas et al. 2009).
O EDDS (etileno diaminodisuccínio) é um agente quelante com maior
degradabilidade que o EDTA, e tem sido proposto por aumentar rapidamente a
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Capítulo 23
Adubação nitrogenada e a
volatilização de amônia
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2. FERTILIZANTE NITROGENADO
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Por ser elemento muito dinâmico no solo, o nitrogênio pode sofrer perdas
por um ou diversos processos como volatilização, lixiviação, desnitrificação,
escorrimento superficial e pela remoção das culturas.
A desnitrificação é o processo de oxidação do NO3- a N2 por bactérias
anaeróbicas facultativas que representam de 0,1 a 5 % da população de bactérias
do solo (Moreira and Siqueira 2006). A desnitrificação ocorre em ambientes
estritamente anaeróbicos. Neste processo, o N é utilizado como receptor de
elétrons, e sofre uma oxidação sucessiva até a formação do produto final N2. O
N2O é resultante do processo incompleto da desnitrificação que é favorecida em
solos com mais de 70 % dos poros preenchidos por água (Ruser et al. 2006).
Outra importante forma de perda de nitrogênio é a lixiviação do nitrato
483
Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
(NO3-), que é a forma mineral de nitrogênio predominante nos solos sem restrição
de oxigênio. Devido ao predomínio de cargas negativas na camada arável, a
sua adsorção eletrostática é insignificante. Desta forma, o nitrato permanece
na solução do solo, o que favorece sua lixiviação no perfil para profundidades
inexploradas pelas raízes (Ceretta and Fries 1997).
Neste sentido, Trivelin et al. (1988) trabalhando com ureia e aquamônia
marcados (15N), , encontraram perdas totais de 72,1 e 58,8 kg N ha-1 que incluíam
7,0 e 35,0 kg ha-1 de N como perdas por lixiviação, respectivamente. Bologna
et al. (2006) afirmam que as perdas de nitrogênio por lixiviação podem levar a
problemas de queda da fertilidade do solo e até mesmo a contaminação do lençol
freático.
Após a aplicação do fertilizante nitrogenado ao solo o mesmo está sujeito a
perdas por nitrificação pela oxidação do N amoniacal (forma mais reduzida de N no
solo) a nitrito e depois a nitrato (forma mais oxidada de N no solo). Esse processo
é mediado, predominantemente, por microrganismos quimiorganotróficos
especializados, onde as bactérias do gênero nitrossomonas transformam NH4+ a
NO2- e as do gênero nitrobacter transformam NO2- a NO3-. O processo acidifica
o meio em virtude da liberação de H+ durante as reações (Victoria et al. 1992).
Devido a isso Moreira and Siqueira (2006), estimaram que as plantas absorvam
apenas em torno de 40 % do N-mineralizado, indicando constantes perdas de N
para o subsolo ou para a atmosfera.
A recuperação pelas plantas do nitrogênio fornecido por fertilizantes
é inferior a 50 % em relação à quantidade aplicada (Rao et al. 1992), sendo a
volatilização um importante processo responsável pela baixa eficiência. A perda
de nitrogênio (N) por volatilização de amônia (NH3) para a atmosfera é um dos
principais fatores responsáveis pela baixa eficiência da ureia aplicada sobre a
superfície do solo (Bouwmeester et al. 1985).
A volatilização é um processo físico-químico resultante do equilíbrio entre
NH3 na fase gasosa e em solução. A quantidade de N perdido por volatilização,
após a aplicação de ureia sobre a superfície do solo, pode atingir valores extremos
de até 80 % do N aplicado em altos valores de pH (Martha Júnior 1999). Essas
perdas variam muito em função das condições climáticas, do tipo de solo e do
manejo da adubação.
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4.1. Temperatura
A temperatura atmosférica afeta a taxa de hidrólise da ureia, e a taxa de
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
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4.2. Umidade
O teor de água do solo é um fator importante na hidrólise da ureia. Quando
o solo está com baixo conteúdo de agua, a atividade da urease é baixa (Rochette
et al. 2009b); com o incremento da umidade no solo, a atividade enzimática
aumenta, pois, a adição de água promove o aumento da difusão da ureia e,
consequentemente, maior contato com a urease existente no solo (Savant et al.
1987).
A umidade do meio também afeta a volatilização de NH3 pelo fato de
influenciar as reações químicas e biológicas (Marques 2005). As perdas de N
por volatilização são afetadas pela umidade do solo no momento da aplicação
do fertilizante, o tipo de solo, a fonte de N empregada e o manejo do adubo
nitrogenado, sendo que solos argilosos e úmidos geralmente proporcionam
menores perdas. Isto ocorre porque a umidade permite a difusão do NH4+ no solo,
com adsorção desse cátion às cargas negativas dos minerais e da matéria orgânica,
reduzindo as perdas por volatilização (Fontoura and Bayer 2006).
O umedecimento do solo, imediatamente após a aplicação da ureia, é mais
importante do que a condição de umidade do solo no momento da aplicação do
fertilizante (Lara Cabezas et al. 1997b), principalmente quando a ureia é aplicada
na superfície e sem incorporação ao solo. A água diminui a volatilização da
amônia se for suficiente para diluir a concentração de hidroxilas (OH-), ao redor
dos grânulos de ureia, que foram produzidos na reação de hidrólise, além de
proporcionar a incorporação da ureia no solo (Lara Cabezas et al. 1997a).
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
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contribui para reduzir perdas de N por volatilização (Ferguson et al. 1984), pela
solubilização do fertilizantes e difusão de NH4+ no perfil do solo, contribuindo
para a sua adsorção pelas suas partículas (Clay et al. 1990). Nesta situação, as
perdas de N por volatilização diminuem para menos de 5 % do N aplicado (Dawar
et al. 2011).
Com relação a precipitação pluvial, as águas das chuvas proporcionam a
movimentação dos nutrientes presente no adubo para camadas mais profundas
no perfil do solo, reduzindo a volatilização. Entretanto, se a quantidade de chuva
for insuficiente para que ocorra a movimentação dos nutrientes ocorrerá a sua
dissolução apenas na camada superficial do solo, aumentando a atividade da
enzima urease e consequentemente potencializando as perdas de amônia (Freney
et al.1992).
Primavesi et al. (2001) observaram que para chuvas em torno de 10 mm,
as perdas de N-ureia ficaram abaixo de 17 %, chegando a ser superiores a 22
%, na mesma dose de N-ureia sem a ocorrência de chuvas. Em condições de
elevadas temperaturas, ausência de precipitação após a adubação e altas taxas de
evaporação de água do solo, Martha Júnior (1999) encontrou perdas de N-NH3 de
até 80% do N aplicado na forma de ureia.
A umidade da massa de um solo como um todo não é determinante da perda
de amônia, pois uma camada de solo seco de alguns milímetros pode reduzir ou
mesmo impedir a hidrólise (Mcinnes et al. 1986). Alguns autores recomendam
a aplicação de ureia quando a superfície do solo estiver o mais seca possível,
como alternativa para reduzir a volatilização da amônia, no entanto, se ocorrer
uma chuva de baixa intensidade poderão promover as perdas, mas se ocorrer uma
chuva acima de 5 mm, nos dois dias após a aplicação de ureia, as perdas por
volatilização de amônia podem ser reduzidas devido ao transporte da ureia para o
interior do solo, favorecendo a retenção do NH4+ e NH3 produzidos (Black et al.
1985, Vlek and Carter 1983). Overrein e Moe (1967) recomendam a aplicação
superficial da ureia, seja feita com o solo no teor máximo de umidade, pois
aumentará a dissolução da amônia e a adsorção de íons amônio, reduzindo a
volatilização do nitrogênio.
A alta mobilidade da ureia no solo possibilita sua fácil incorporação pelas
chuvas, que ocorre por esta ser uma molécula sem carga e, portanto, pouco
489
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adsorvida em pontos de carga dos coloides do solo (Dawar et al. 2011). Em solo
com baixa umidade, a ureia pode permanecer estável, mas a taxa de hidrólise
aumenta conforme o teor de água do solo se eleva, até que atinja 20 %, a partir
desse ponto, a taxa de hidrólise é pouco alterada pelo teor de água (Bremner and
Mulvaney 1978).
4.3. pH
A amônia é um gás volátil que possui sua formação no solo determinada
principalmente pelo pH do meio. O baixo pH predominante nos solos brasileiros
desfavorece a formação de amônia. Entretanto, quando a ureia é aplicada seus
grânulos são solubilizados, sofrem hidrólise e disponibilizam N para as plantas,
na forma de amônio. Neste processo de hidrólise, o pH do solo se eleva ao redor
do grânulo de ureia, favorecendo a formação da amônia (Cancellier 2013).
O pH altera o equilíbrio entre NH4+ e NH3 na solução do solo, de forma
que em solos com baixos valores de pH, a forma de N amoniacal predominante é
NH4+ e o potencial de volatilização é baixo, já em solos com altos valores de pH
a forma predominante é o NH3 e o potencial de volatilização é alto (Harrison and
Webb 2001).
A ureia, quando aplicada ao solo, sofre hidrólise enzimática liberando N
amoniacal. As reações de hidrolise da ureia, em solos com pH menor e maior do
que 6,3 são descritas conforme as reações abaixo (Koelliker and Kissel 1988):
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491
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492
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(2010).
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2003b) e baixa umidade no solo (Liu et al., 2007), assim como altas doses de N
aplicado (Ma et al. 2010), alta temperatura (Clay et al. 1990), valores elevados
de pH (Sengik et al. 2001) e maior presença de cobertura vegetal (Rochette et al.
2009c), favorecem a volatilização da NH3 a partir da aplicação de ureia sobre a
superfície do solo. A incorporação do fertilizante ao solo, por outro lado, diminui
drasticamente esse tipo de perda (Sangoi et al. 2003b; Tasca et al. 2011).
A incorporação da ureia ao solo é uma alternativa para reter maior quantidade
de amônio no solo e para minimizar as perdas de amônia por volatilização por
reduzir a hidrolise da ureia, pois a atividade da urease é maior nas camadas
superficiais do solo e pelo maior contato do fertilizante com o solo (Sangoi et al.
2003b). A urease é uma enzima produzida por microrganismos de solo (bactérias
do solo, os actinomicetos, fungos e restos vegetais), que por meio de reações
químicas quebra a molécula da ureia em gás carbônico, água e NH3, sendo esse
último liberado para a atmosfera (Garcia et al. 2011). No sistema plantio direto,
portanto, essa prática não está acontecendo, pois, além da ureia ser aplicada a
lanço e sem incorporação ao solo, é realizada sobre os resíduos culturais. As
perdas de N nesse sistema podem chegar a 78 % do N aplicado (Lara Cabezas et
al. 1997b).
A magnitude das perdas de amônia por volatilização em função da presença
dos resíduos culturais é difícil de prever. Se, por um lado, os resíduos podem
aumentar a concentração e a hidrolise da ureia pela maior atividade da urease,
o que aumentaria a volatilização de amônia (Moal et al. 1995); por outro lado,
quando presentes na superfície do solo, diminuem a temperatura e a perda de
umidade por evaporação (Bragagnolo and Mielniczuk 1990), além de aumentar a
CTC do solo, o que poderia diminuir a volatilização de amônia.
Porém, em solos ácidos, como os que predominam no Brasil, a aplicação
de ureia incorporada a 5 cm ou mais de profundidade no solo é suficiente para
controlar essas perdas e fazer com que o N, proveniente de sua hidrólise, fique na
forma de NH4+, que é estável (Cantarella and Marcelino 2007).
Segundo Duarte et al. (2007), a hidrólise enzimática inicia-se rapidamente
após a aplicação da ureia, seguindo máximas perdas dois ou três dias após a
adubação. As perdas de N da ureia reduziram, aproximadamente, 50 % de um ano
para o outro. Essa redução ocorreu devido ao efeito de diluição e incorporação do
494
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Capítulo 24
1. INTRODUÇÃO
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profundidade de 0-10 cm, 8,35 a 20,74 Mg ha-1 para áreas de cultivo orgânico e 8,86
a 18,87 Mg ha-1 para monocultivos de cana-de-açúcar com manejo convencional.
Este cenário estimulou a adoção de sistemas agropecuários mais sustentáveis,
como os sistemas agroflorestais (SAFs), onde são priorizadas a otimização dos
recursos naturais, em especial o solo, não apenas como técnica de regeneração,
mas como forma de desenvolvimento rural (Ribeiro et al. 2003). Estudos a respeito
das opções de manejo com práticas conservacionistas que priorizem o aporte de
MOS (Bayer et al. 2000) comprovam que manejos menos intensivos do solo
promovem acréscimos consideráveis no conteúdo de C no solo. Lal et al. (2011)
discutem que a utilização de sistemas agroflorestais, é uma estratégia eficiente na
manutenção da qualidade do solo para produção sustentável. Além disso, esses
sistemas restabelecem funções ecológicas como ciclagem de nutrientes e criam
condições para o controle biológico natural do solo (Lima, 2008). De acordo com
Pereira et al. (2010), sistemas de manejo que não envolvem revolvimento do solo
favorecem o aumento do estoque de carbono orgânico resultante do maior aporte
de MOS nas camadas superficiais e os sistemas com preparo do solo e manutenção
de resíduos permite incorporação mais profunda do carbono.
Os Safs, assim como outros sistemas conservacionistas, proporcionam a
prestação de serviços ambientais na agricultura. O armazenamento e sequestro
de C, além da proteção da biodiversidade e serviços hidrológicos, podem ser
citados como serviços ambientais prestados pelos SAFs (MMA, 2011). De acordo
com o painel intergovernamental sobre mudanças climáticas (IPCC), os SAFs
foram reconhecidos como os sistemas com o maior potencial de sequestro de C
(IPCC, 2000). Ainda segundo a FAO (2007), agroecossistemas como os SAFs se
destacam na conservação de C na biomassa, “produção” de água e são mitigadores
de mudanças climáticas. Lima et al. (2007), descrevem que a utilização dos SAFs
tem sido considerada como alternativa de otimização do uso da terra por conciliar a
produção florestal com a de alimentos, conservando o solo, diminuindo o impacto
causado por práticas agrícolas e favorecendo a ciclagem dos nutrientes por meio
do maior aporte de serapilheira. Corroborando essas ideias, Breman and Kessler
(1997), afirmam que em comparação ao sistema convencional de cultivo, os
SAF’s proporcionam maior cobertura do solo, favorecem a preservação da fauna
e da flora, promovendo a ciclagem de nutrientes propiciando aporte contínuo de
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Figura 1. a) Relação entre MOS e características ambientais dos solos, onde PMA/
PET: quociente da precipitação média anual e potencial de evapotranspiração b)
TMA: temperatura média anual.
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Capítulo 25
1. INTRODUÇÃO
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2. BIOMASSA
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proposta pelo IPEA (2012a), onde considerou-se a soma dos dados de produção
em tora de madeira relativos às atividades de silvicultura e extrativismo vegetal,
com exceção de dados relativos à lenha e indústria de papel e celulose, as quais
não passam pelo mesmo processo.
Para os resíduos da produção de papel e celulose considera-se que as fábricas
de papel e celulose geram uma quantidade de resíduos de aproximadamente 48%
em seu processo produtivo (Bellote et al. 1998). Os dados de produção de papel
e celulose foram retirados do relatório anual realizado pela indústria Brasileira de
Árvores – IBÁ (2015), que apresenta o desempenho do setor em 2014.
A geração dos resíduos florestais, realizada com base nos resíduos gerados
na colheita florestal, processamento mecânico da madeira e produção de papel e
celulose, é estimada num total de 67,5 milhões de m³ ano-1 (Tabela 2).
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Tabela 3. Produção média de dejetos em base seca, por quilo de animal vivo.
Tipo de criação
Unidade Frango de Gado de Gado de
Poedeiras Suíno
corte leite corte
kg dia-1 0,085 0,064 0,086 0,058 0,084
Fonte: ASAE (2003), com adaptações feitas pelo IPEA (2012a).
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Para o setor da pecuária, foi estimada uma geração total 1,7 bilhões de
toneladas ano-1 de dejetos, considerando as principais criações animais (bovinos,
suínos e aves). A maior parte desses dejetos, porém, foi gerada pela criação de
bovinos de corte, a qual ocorre em sua maioria no modelo extensivo, ficando os
resíduos dispersos nas pastagens. Para as criações confinadas, o IPEA (2012b)
estima 365 milhões de toneladas de dejetos por ano, sendo também a maior parte
destes dejetos produzida pela criação de bovinos (86,7%), seguida pela de aves
(7,7%) e suínos (5,6%).
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5. BIOCARVÃO NA AGRICULTURA
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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI
Yuan et al. 2014). Esse material é rico em carbono (C) estável obtido via processo
de pirólise, no qual ocorre a conversão termoquímica da biomassa em temperatura
controlada e ambiente limitado em oxigênio. Como pode ser obtido a partir de
vários tipos de biomassa; resíduos agrícolas, florestais, animais e urbanos, em
diferentes temperaturas, há uma grande variação nas suas características químicas
e físicas (Tag et al. 2016).
Ainda que o objetivo primário da aplicação de biocarvão no solo seja o
estoque de C, alguns autores relatam efeitos benéficos em aumento de produtividade
(Agegnehu et al. 2016; Zhang et al. 2016; Genesio et al. 2015). Muitas vezes,
esse aumento da produtividade vem associado às melhorias nas propriedades
físicas, químicas e biológicas do solo (Mukherjee et al. 2014). Outros benefícios
importantes são a redução da emissão de gases de efeito estufa (Agegnehu et al.
2016), a remoção de metais pesados de áreas contaminadas (Qian et al. 2016) e a
redução na perda de nitrogênio (N) do solo (Zhang et al. 2016).
Os benefícios do uso do biocarvão estão associados às mudanças que
ocorrem na estrutura do material, durante o processo de pirólise, que influenciam
as propriedades do solo como: porosidade, capacidade de retenção de água (CRA),
capacidade de troca de cátions (CTC), densidade dentre outras. A alta CTC dos
biocarvões é diretamente relacionada à área superficial específica (ASE), pois
devido à pirólise, a porosidade do material é aumentada consideravelmente, e
essa alta densidade de poros, faz com que a superfície de troca do material seja
ainda maior (Al-Wabel et al. 2013).
Ao ser incorporado ao solo, o biocarvão está sujeito a sofrer oxidação biótica
ou abiótica, do C orgânico instável, o que provoca mudanças no seu comportamento
físico químico (Le Croy et al. 2013). Esse processo de “envelhecimento” leva
ao aumento dos grupos ácidos de superfície no biocarvão e, consequentemente,
o aumento da CTC do solo (Song e Guo 2012). A oxidação da superfície do
biocarvão pode ser feita intencionalmente, com objetivo de aumentar a sua
capacidade de adsorção de metais (Mohan et al. 2014). Esse processo é conhecido
como ativação, que pode ser física ou química (Huang et al. 2008). O uso do
biocarvão como matéria precursora na produção do carvão ativado tem sido
proposto como alternativa eficaz e de baixo custo, quando comparado ao carvão
ativado comercial.
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desorganizada, formada por pilhas de folhas planas dos anéis aromáticos ligados
aleatoriamente. A parte inorgânica é formada por metais provenientes do material
de origem, que é mencionado como o teor de cinzas, e é concentrado à medida
que os materiais voláteis são liberados com o aumento da temperatura de pirólise.
Esses nutrientes podem estar presentes na matriz carbonácea ou separados da
mesma (Lehmann e Joseph 2009).
A temperatura de pirólise é o mais importante parâmetro a se considerar no
processo de produção do biocarvão (Enders et al. 2012). Devido a isso, diversos
estudos tentam explorar as relações entre as propriedades dos biocarvões e a
temperatura de produção (Tag et al. 2016; Brewer et al. 2014; Ghani et al. 2013),
a fim de otimizar procedimentos que obtenham materiais com propriedades
desejadas e com rendimentos elevados (Zhao et al. 2013).
O rendimento da produção de biocarvão é inversamente proporcional
à temperatura de pirólise. Assim, o aumento da temperatura reflete num maior
rendimento de bio-óleo e gases (Tag et al. 2016). O rendimento de dióxido de
carbono é elevado a temperaturas mais baixas e diminui a temperaturas mais
elevadas. A liberação de gases de hidrocarbonetos apresentam picos em torno de
450 °C e, em seguida, começa a diminuir acima de 500 °C, aumentando a geração
de hidrogênio (Basu 2013).
Em biocarvões produzidos de Pinus rigida em três temperaturas de
pirólise: 300, 400 e 500 ºC, foi observado que o rendimento em biocarvão caiu
drasticamente de 60,7 a 14,4%, quando as temperaturas foram de 300 para 500 ºC.
Os biocarvões produzidos em 400 e 500 °C apresentaram carbonos remanescentes
rearranjados em forma estável e com estrutura aromática ordenada (Kim et al.
2012).
A estabilidade do biocarvão influencia a resistência física e microbiana, o
que permite a sua persistência no solo, resultando em um meio eficaz na fixação do
C. O aumento da temperatura de pirólise não só eleva o teor de carbono elementar
e a porção de C recalcitrante resistente à oxidação, mas também o teor de cinzas
(Tag et al. 2016). Esse aumento no teor de cinzas está associado com aumento na
condutividade elétrica (CE), uma vez que esses compostos alcalinos presentes
nas cinzas permanecem no biocarvão e contribuem com o aumento do pH (Cely
et al. 2015).
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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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