Você está na página 1de 4

LIVRO CAIXA E DEDUÇÕES DO IRPF PERMITIDAS PELO FISCO

Recentemente vimos alguns autos de infração relativos ao IRPF lavrados


contra pessoas físicas sujeitas ao carnê-leão, inclusive os proprietários de
cartórios.

 Recentemente vimos alguns autos de infração relativos


ao IRPF lavrados contra pessoas físicas sujeitas ao carnê-leão, inclusive os
proprietários de cartórios.
Impressiona o tipo de glosa pelo fisco sobre despesas essenciais
às atividades profissionais dos contribuintes autuados, tais como internet,
manutenção de computadores, vale refeição de
empregados, honorários advocatícios em causas trabalhistas e outras que,
segundo o fisco, não seriam necessárias às atividades, portanto, glosadas e
sujeitas à tributação.
Vamos discorrer sobre algumas despesas inerentes às atividades
dos contribuintes e que devem e deveria ser considerado com dedutíveis,
segundo embasamento legal que citaremos ao final de cada tópico.

DESESPESAS DEDUTÍVES NO CARNÊ-LEÃO VIA LIVRO CAIXA

1 - Pagamento Efetuado a Terceiros sem Vinculo Empregatício

Típica despesa que poderá ser deduzida, ou seja, os pagamentos


efetuados a terceiros sem vinculo empregatício, desde que caracterize
despesa necessária à percepção da receita e à manutenção da fonte
produtora.
Os pagamentos efetuados pelo profissional autônomo a terceiros são
dedutíveis no mês de sua quitação, ainda que respondentes a serviços
prestados em mês ou meses anteriores do mesmo ano, ou em anos
anteriores.
Base legal: Decreto 3.000/99 – RIR/99, artigo 75.

2 - Despesas com livros técnicos e roupas especiais

É comum o profissional autônomo que exercer funções e


atribuições que o obriguem a comprar roupas especiais (fisioterapeuta,
médico, enfermeiro) e livros técnicos (contabilistas, advogados, profissionais
da área da saúde) necessários ao desempenho de suas atividades poderá
deduzir as respectivas despesas, desde que estejam escrituradas no livro
Caixa. Base legal: Instrução Normativa RFB 15/2001.

3 - Honorários pagos a contabilista


Os serviços contábeis são indispensáveis aos contribuintes do
carnê-leão, tanto para escrituração do livro caixa, como na preparação da
Declaração de Ajustes do IRPF. É admitida a dedução
dos honorários efetivamente pagos pelo profissional autônomo ao
contabilista legalmente habilitado, tanto pela escrituração do livro
Caixa como pela elaboração da DIPF.
Base Legal: Instrução Normativa RFB 15/2001.

4 – Um quinto, ou 20%, das despesas com aluguel, energia, água, gás,
taxas, impostos, telefone, telefone celular, condomínio, quando o imóvel
utilizado para a atividade profissional é também residência. 

É comum médico ter consultório em sua própria residência. Com o


moderno home servisse, outros profissionais liberais também optam pelo
escritório em casa, tais como arquitetos, contabilistas, etc..
Base Legal: Parecer Normativo CST de nº 60, de 1978.

5 - Despesas com encontros científicos

As habilitações técnicas de nível superior não terminam nas


universidades, sendo necessário constantemente que os profissionais liberais
se mantenham atualizados. Assim, as despesas efetuadas para
comparecimento a encontros científicos como congressos, seminários,
simpósios, se necessárias ao desempenho da função desenvolvida pelo
contribuinte, observada, ainda a sua especialização profissional, podem ser
deduzidas do rendimento bruto desde que esses gastos estejam escriturados
em livro Caixa, comprovados por documentação hábil e idônea e não sejam
reembolsados ou ressarcidos.
Todavia, somente são admitidos os gastos diretamente vinculados
aos estudos e trabalho, tais como:
a) taxa de inscrição e comparecimento a encontros científicos;
b) aquisição de impressos e livros;
c) materiais de estudo e trabalho;
d) hospedagem, transporte;
No caso da letra “a” o contribuinte deverá guardar o certificado de
comparecimento dado pelos organizadores desses encontros pelo prazo
decadencial ou prescricional.
Base Legal: Instrução Normativa SRF n. 15/2001.

6 – Despesas com advogados.


São comuns as despesas com advogados em defesas nas causas
trabalhistas movidas por ex- empregados.
Jurisprudência Administrativa:
 ACÓRDÃO 102-47.227 
Órgão: 1º Conselho de Contribuintes / 2a. Câmara 
1º Conselho de Contribuintes / 2a. Câmara / ACÓRDÃO 102-47.227 em
11.11.2005 
IRPF - Ex(s): 1998 
LIVRO CAIXA - DEDUTIBILIDADE DE DESPESAS - ADVOGADO - Os
pagamentos efetuados por advogado a outros advogados sem vínculo
empregatício podem ser deduzidos quando comprovadamente necessários à
percepção da receita e manutenção da fonte produtora e apresentados
documentos probantes da efetividade dos serviços prestados. 
Recurso provido. 
Por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso. 
(...)
Recorrida: 4ª TURMA/DRJ-CURITIBA/PR 
(Data da Decisão: 11.11.2005 17.03.2006) 
7 - Despesas com material de consumo

Material de consumo indispensável à consecução dos objetivos


profissionais é integramente dedutíveis do rendimento bruto, quando
realizadas no ano-calendário considerado, as quantias despendidas na
aquisição de bens próprios para consumo, tais como: material de escritório,
material de conservação e limpeza, materiais e produtos de qualquer natureza
usados e consumidos nos tratamentos, reparos, consertos, recuperações ou
outras.
Base Legal: Instrução Normativa 15 SRF/2001. 

8 - Despesas de propaganda
Nenhum profissional liberal consegue sobressair no mercado sem
ser conhecido. Assim, os gastos com propaganda, efetuados pelo profissional
liberal, são dedutíveis desde que escriturados em livro Caixa e devidamente
comprovados e que a propaganda se relacione com a respectiva atividade.
Base Legal: Instrução Normativa 15/01, SRF.
Jurisprudência Administrativa:
ACÓRDÃO 106-12.870 em 17/09/2002. Publicado no DOU em: 10.02.2003.
Órgão: 1º Conselho de Contribuintes / 6a. Câmara. ACÓRDÃO 106-12.870
em 17.09.2002.
LIVRO CAIXA - DESPESA COM PLACA INDICATIVA - A placa indicativa não
pode ser considerada como despesa de custeio para efeitos de ser
apropriada como despesa no livro caixa, posto que é material de duração
prolongada, não se enquadrando na definição de material de consumo. 

9 – Contribuições aos órgãos de classe e de fiscalização profissional


Todo profissional liberal está sujeito à fiscalização profissional,
além de pertencerem aos sindicatos de suas categorias profissionais. Desse
modo, as contribuições que as pessoas físicas pagam para os sindicatos e
outras entidades de classes profissionais a que estão filiadas, cujos valores
sejam fixados pelas Assembleias Gerais ou Diretorias, com base nos
respectivos estatutos, são admitidas como despesas, podendo ser reduzidas
do rendimento bruto auferido.
Desde que relacionadas com a atividade do profissional autônoma
e escrituradas no livro Caixa, serão dedutíveis as seguintes contribuições:
a) a contribuição sindical e outras contribuições para o sindicato de classe;
b) a contribuição às associações cientifica e para outras associações, cujas
atividades se relacionem com as do contribuinte e, que a este forneçam
subsídios para o exercício da profissão e percepção dos rendimentos;
c) contribuições para as Autarquias Federais que fiscalizam o exercício das
profissões liberais tais como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os
Conselhos Federais e Regionais de Medicina, Contabilidade,  Estatística,
Biblioteconomia, Farmácia, Engenharia, Arquitetura, Agronomia e outros.
Base Legal: Instrução Normativa SRF 15/2001.
Não vamos citar mais tipos de despesas por economia de espaço,
além de lembrar que há vários textos publicados pelas revistas especializadas
em contabilidade e direito tributárias sobre o tema.

CONCLUSÃO E SOLUÇÃO

Diante do exposto podemos concluir que, ao receber auto de


infração por glosa de despesas necessárias às suas atividades, os
contribuintes pessoas físicas sujeitas ao carnê-leão deverão impugnar os
autos de infração, levando o caso até ao CARF, tendo o cuidado de juntar
toda documentação idônea que prova a sua real necessidade às suas
atividades profissionais.

Como solução alertamos que, a partir de 2015, temos o SIMPLES


NACIONAL para os profissionais liberais, um sistema tributário menos
burocrático que o carnê-leão. Mas lembramos de que, em alguns casos, a
constituição de empresa e opção pelo Lucro Presumido pode ser mais
vantajosa para os profissionais liberais. Consultem seus Contadores.

Por:  Roberto Rodrigues de Morais


Fonte: O Autor

Você também pode gostar