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ETAPA 2

ESTRUTURA DO
DOCUMENTO BASE
NACIONAL COMUM
CURRICULAR/2017
Autor

Cleide Donizete Moreira Nunes

Reitor da UNIASSELVI

Prof. Hermínio Kloch

Pró-Reitora do EAD

Prof.ª Francieli Stano Torres

Edição Gráfica e Revisão

UNIASSELVI
ETAPA 2
ESTRUTURA DO
DOCUMENTO BASE
NACIONAL COMUM
CURRICULAR/2017
1 INTRODUÇÃO
Caro aluno, para conhecer a estrutura da Base Nacional Comum Cur-
ricular na intenção de aproximar as práticas pedagógicas às necessidades
do estudante, cabe considerar sua concepção sócio-histórica sobre o que
é educação e ensino-aprendizagem, representados nas habilidades e com-
petências evidenciadas pelas políticas públicas que organizam e sustentam
o cenário escolar.

Para tanto, este estudo procurará apresentar a Base numa forma planifi-
cada, pois este documento, por ser extenso, pode denotar certa dificuldade
quando é necessário acessá-lo de forma rápida, ou ainda pode dar margem
para estranhamento por ser algo novo e ao mesmo tempo inovador no sen-
tido de trazer ‘os conteúdos e seus componentes curriculares’ num mesmo
arquivo, com uma sequência organizada do simples ao complexo.

Portanto, mostrar sua composição de forma prática e funcional, tradu-


zindo sua estrutura para facilitar o acesso no seu interior e, assim, aproveitar
ao máximo deste documento que veio para equiparar o conhecimento-base
a todos os estudantes da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do
Ensino Médio que, em 2018, também foi amparado por esta legislação, será
o diferencial. Dessa forma, você conhecerá a estrutura da BNCC de forma
simples, objetiva e funcional. Vamos lá!

Num primeiro momento, apresentaremos as habilidades e competências
que a Base traz aos alunos, de acordo com o seu nível escolar, mostrando a
diferença desses dois termos que, apesar de sempre surgirem juntos, possuem
significados próprios. Na sequência, serão apresentados o que chamamos
de componentes curriculares, ou disciplinas, mas que neste documento re-
cebem denominações diferentes.

CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É?
Ao dialogar sobre a Educação Infantil, uma fase de muita relevância,
vale a pena averiguar que ela está representada por meio de cinco campos
de experiência. Apesar de ser uma nomenclatura nova, refere-se a algo pró-
ximo da realidade do professor, enquanto que o Ensino Fundamental traz
uma modificação na extensão do trabalho com a leitura e escrita por meio
de mecanismos que possibilitem a reconstrução dos componentes curricu-
lares, que estão configurados em cinco áreas do conhecimento.

Dentro dessa organização, está o Ensino Médio, sua formação aconte-


ce por meio de quatro áreas do conhecimento, também articuladas com a
tecnologia digital, denominada na quinta competência. Inclusive, este tópico
é muito forte na Base e compreende gêneros digitais variados.

Na visão geral, percebe-se que na BNCC há sentidos sendo ressignifica-
dos na tentativa de trazer novas possibilidades, de abarcar um maior número
de estudantes com habilidades consolidadas e, ainda, de demonstrar que
a educação básica, de quatro a dezessete anos, é para todos, produzindo
efeitos de unidade, embora seja notório considerar, conforme ressalta este
documento, que “a BNCC por si só não alterará o quadro de desigualdade
ainda presente na Educação Básica do Brasil” (BRASIL, 2017, p. 5).

Entretanto, é um indicador de que a formação considera o estudante


do lugar em que ele é inscrito, tendo direito aos mesmos conhecimentos,
independente dos aspectos sociais, regionais, de raça, etnia, gênero e religião
e num arranjo que abarque os conteúdos perpassando por ela, a BNCC, os
currículos estadual, municipal ou particular, o Projeto Político-Pedagógico,
o Currículo Escolar e o plano de aula. Você percebeu como este tema é
pertinente para a formação do professor? Sinta-se parte desta etapa, que
propõe o estudo dialogado. Aproveite!

2 AS HABILIDADES E COMPETÊNCIAS QUE COMPÕEM A BNCC


A Base Nacional Comum Curricular é um documento orientador do
ensino da educação básica, compreendido pela Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Médio. Tal dimensão orienta para o pensamento do seu sig-
nificado exposto no próprio documento, aos olhares de seus organizadores.
Assim, ela é compreendida como:

Um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo


de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das
etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados
seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que
preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE) (BRASIL, 2017, p. 7).

Diante dessa acepção, a Base expõe a preocupação com a educação


no sentido de ela ser para todos. Independentemente da escola que o aluno

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frequenta, ele tem os mesmos direitos de aprendizagem a ser edificada e
consolidada, distanciando-o da obscuridade e do anonimato. A Base traz a
condição de nivelamento e de parâmetro para as propostas curriculares das
escolas, embora as opiniões a seu respeito se divergem dentro e fora do am-
biente escolar. Franco e Munford (2018, p. 159) “descrevem o posicionamento
de diversas entidades, como associações de natureza acadêmica, adotando
uma posição mais crítica, enquanto setores empresariais e governamentais
apoiam a proposta”.

Tal exposição sempre acontecerá num espaço público e democrático. Veja que para alguns, esse
direcionamento da Base pelas habilidades e competências descritivas e normativas descreve
um cenário elaborado por regras a serem seguidas, ou até mesmo impostas, que determinam o
currículo para a nação, apesar de suas diferenças. Neste cenário, o currículo está entre muitas
constatações, sendo “construções sociais que atendem a determinadas finalidades da educação
e, por isso, reúnem sujeitos em determinados territórios, sustentam e são sustentadas por relações
de poder que produzem saberes” (LOPES; MACEDO, 2011, p. 121).

Por outro lado, justamente porque a sociedade é denunciada pelas
diferenças, que há a necessidade de um norte na educação, um farol a ser
seguido para que os episódios de exclusão, quando acontecerem, se ate-
nuem, uma vez que todo cidadão é igual, o que o torna diferente são as
possibilidades de constituição.

A BNCC está envolta às concepções que, por ora, se entrelaçam, se
opõem, assim como todos os demais documentos que orientam um princípio
de igualdade, haja vista que ela foi criada sob tensões de posicionamentos
políticos.

O texto da BNCC foi produzido em um contexto complexo, no qual diversos eventos


e estratégias articulam-se: o golpe institucional contra a presidenta Dilma Rousseff;
as tentativas de rápidas mudanças em legislações relacionadas à educação e a outras
esferas sociais, como do trabalho e previdência social; as pressões do movimento
“Escola sem Partido”; o claro afastamento de especialistas ao longo do processo de
elaboração da BNCC; as pressões de setores do governo Temer, para que a Base
seja legitimada pelo Congresso Nacional, ao invés do CNE (FRANCO; MUNFORD,
2018, p. 161).

Apesar de sua criação acontecer sob esse momento histórico-político,


Franco e Munford (2018, p. 159) depõem que “os argumentos favoráveis, em
geral, defendiam a noção de um mesmo ensino “mínimo acessível a todos”,
enquanto argumentos contra entendiam a proposta como “homogeneização
e imposição de identidades”. Isso sinaliza uma sociedade democrática, em
que a expressão de pensamento está associada à liberdade, ao crescimento
e às transformações que podem acontecer a partir de outros olhares.

Diante dessas afirmativas acerca da BNCC, vale ressaltar que sua com-
posição traz uma forma ampla de traduzir a capacidade que o estudante
possui e, ainda, o que ele pode conquistar a partir do seu nível de escolari-
dade traduzido nas habilidades e competências.

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2.1 AS INTERFACES DAS HABILIDADES E COMPETÊNCIAS NA BNCC

Tamanha credibilidade que a Base dá e permite ao estudante vem ex-
posta nas habilidades e competências mínimas que podem ser requeridas
ou ampliadas se ele for instigado a buscar mais, ou, ainda, incentivado a se
organizar amparado pela determinação, fator que está disponível para todos,
independentemente de suas singularidades.

Portanto, analisar a BNCC é saber a responsabilidade e o compromisso
que a escola no seu teor pedagógico precisa atingir para que a educação
chegue ao estudante da forma com que ela foi traduzida neste documento
e nos demais já estudados, pois é de conhecimento das instituições e fami-
liares que a aprendizagem é para todos e deve acontecer com qualidade.

A qualidade acontece quando a instituição está organizada em seu
interior por meio da estrutura do prédio escolar, do material didático, dos
documentos oficiais que se inter-relacionam, como o Projeto Político-Pe-
dagógico, o Regimento Interno, os Planos de Curso e de aulas e, ainda, o
currículo.

Além de todos esses aparatos, que fazem a diferença no processo pe-


dagógico, a prática pedagógica do professor, suas estratégias, os recursos,
sua sensibilidade para enxergar o aluno, certamente não se anulam aos
documentos materializados nos papéis, eles ganham espaço visto que é o
professor que vai dar o tom para cada habilidade, que vai explorar o recurso
a ser apresentado e, ainda, incitar o aluno ao desenvolvimento e a usar a
melhor estratégia para que este percurso seja vivenciado e não simplesmente
ultrapassado.

Com isso, percebe-se que são desmedidas as incumbências da escola
neste processo de qualidade do ensino, uma vez que em seu entremeio há
muito a ser feito, mas num primeiro momento, o que se propõe é com-
partilhar neste espaço de aprendizagem como a base está presente dentro
do ambiente escolar. Veja, na planificação da BNCC, como ela apresenta a
educação.

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FIGURA 1 – ORGANOGRAMA – ORGANIZAÇÃO DA BNCC PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

FONTE: Brasil (2017, p. 24)


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É possível compreender como a educação é vista pela Base por meio
desta representação. Num primeiro momento, observam-se dois grandes
eixos denominados de habilidades e competências, ou seja, este documento
vislumbra a educação a partir do trabalho em fatias, que juntas formam o
todo, ou seja, as habilidades consolidadas são sacramentadas na competên-
cia de/para.

Justamente por acreditar nesse funcionamento de ensino, a Base foi
organizada em competências, versando perspectivas gerais específicas da
área de conhecimento e do componente curricular uníssonas aos níveis da
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, conforme será repor-
tado ao longo do texto. No entanto, o que significa o termo “competência”
aos olhos da Base? Na BNCC, competência está “definida como a mobiliza-
ção de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas,
cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas
complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo
do trabalho” (BRASIL, 2017, p. 8).

Este conceito chama a atenção para a palavra “mobilização”, pes-


quisada no dicionário. MOBILIZAÇÃO:

1. Pôr(-se) em movimento. = MOVER, MOVIMENTAR ≠ IMOBILIZAR.


2. Pôr(-se) em ação ou em uso. = ATIVAR, ENVOLVER ≠ DESMOBILIZAR.
3. Incitar(-se) à participação. = MOTIVAR, IMPULSIONAR.
4. [Militar] Convocar para o serviço militar. ≠ DESMOBILIZAR.
5. [Economia] Colocar (valor comercial) em circulação. ≠ IMOBILIZAR.
6. [Direito] Transformar em bem móvel.

FONTE: <https://dicionario.priberam.org/mobiliza%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 1º abr. 2021.


A partir destes significados, percebe-se que a competência está voltada
ao movimento, ao sair de uma posição, a uma ação que visa ao impulso,
à participação e ao envolvimento, ou seja, para o estudante conquistar a
competência, ele tem que sair da sua zona de conforto, assim como todos
que estão a sua volta. Portanto, o que a Base propõe ao ser organizada por
competência é a disposição, seja ela para o aluno, o professor, os órgãos
públicos e gestores.

Na intenção de abranger a todos, a BNCC traz três modalidades de
competências, sendo: as gerais, as específicas de área e ainda as específi-
cas do componente, para o caso de as áreas compreenderem mais de um
componente. Na sequência, serão expostas suas competências gerais:

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1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mun-
do físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar
aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e
inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das
ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a
criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver
problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimen-
tos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e
culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas
da produção artístico-cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou
visomotora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como
conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar
e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos
e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e
criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significa-
tiva, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se
comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver
problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar
a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e ex-
periências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho
e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com
liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com
base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender
ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos
humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local,
regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo,
dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emo-
ções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar
a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar
e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e
valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identi-
dades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir
pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência
e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos,
inclusivos, sustentáveis e solidários (BRASIL, 2017, p. 9).

Veja que essas competências se inter-relacionam nas três etapas da


educação básica, além de se estender ao longo de todo o processo de esco-
laridade na intenção de a educação transformar o estudante e a sociedade,
a partir de valores e ações. Na Base, as dez competências “pretendem asse-
gurar, como resultado do seu processo de aprendizagem e desenvolvimento,
uma formação humana integral que vise à construção de uma sociedade
justa, democrática e inclusiva” (BRASIL, 2017, p. 25). Uma sociedade que se
constrói com argumentos, análises e respeito.

As competências, apesar de se inter-relacionarem, sinalizam uma evo-
lução da capacidade do aluno, uma vez que para alcançar a competência 10,
ele precisa, necessariamente, passar pelas demais, ou seja, usar os conheci-
mentos que já existem, ser curioso (interessar-se) valorizar as manifestações,
saber utilizar linguagens diferentes, inclusive a digital, valorizar os saberes,
argumentar, conhecer-se, além de exercitar a empatia e a preocupação com
o próximo, procurando estruturar melhor a sua ação pessoal e coletiva com
responsabilidade.

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Vale ressaltar que além das competências gerais, a Base traz as com-
petências específicas de área, haja vista que “cada área do conhecimento
estabelece competências específicas de área, cujo desenvolvimento deve ser
promovido ao longo dos nove anos. Essas competências explicitam como as
dez competências gerais se expressam nessas áreas” (BRASIL, 2017, p. 28).
Além disso, as áreas que trazem mais de um componente curricular, como
é o caso de Linguagens, que abarca Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Arte
e Educação Física, a competência atende às especificidades de cada com-
ponente. Outro caso a ser observado é que a BNCC ressalta a competência
numa articulação horizontal e vertical.

FIGURA 2 – ORGANOGRAMA ARTICULAÇÃO ANOS INICIAIS E FINAIS – BNCC

FONTE: Brasil (2017, p. 28)

A Figura 2 revela a BNCC centrada na educação de forma ampla, aten-


tando-se a todos os níveis e componentes para garantir o melhor rendimento
cognitivo para o estudante. Ela se organiza pelas habilidades, que ajudarão
a garantir o desenvolvimento das competências específicas de cada com-
ponente curricular. Entretanto, você já se perguntou “o que é habilidade”?

A habilidade representa ações, que solidificadas geram a competência


– a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilida-
des (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver
demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e
do mundo do trabalho –, assim como no processo de leitura, que a criança
precisa dominar várias ações para chegar à condição de leitora, portanto, ela
precisa ter o conhecimento das letras; habilidades fonológicas (especialmen-
te a consciência dos fonemas); e habilidades de decodificação fonológica,
ou seja, o mapeamento dos fonemas em grafema para chegar ao ponto da
decodificação, compreensão e interpretação (MORAIS; OLIVEIRA, 2015).

Um outro exemplo para o termo “habilidade” é a respeito do motorista.


Para ele ter competência de dirigir, precisa dominar várias habilidades, como
noção de espaço, de direção (direita/esquerda), domínios das placas, usar
os pedais, coordenação para trocar as marchas, ter o controle das emoções,
entre outras habilidades. Esses exemplos elucidam o conceito que a Base
expressa acerca das habilidades, dispondo que elas “expressam as apren-
dizagens essenciais que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes

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contextos escolares” (BRASIL, 2017, p. 29). Para tanto, elas são descritas de
acordo com uma determinada estrutura, veja:

FIGURA 3 – CÓDIGO ALFANUMÉRICO BNCC

FONTE: Brasil (2017, p. 30)

Veja que a figura traz o panorama do código. As suas duas primeiras letras
representam a etapa em curso, neste caso, Ensino Fundamental; os números
na sequência sinalizam os anos escolares a que se referem tal habilidade,
aqui representando o 6º e o 7º ano; quando forem habilidades para os 6º,
7º, 8º e 9º anos, serão representados desta forma: “EF69”. O segundo par de
letras contidas no código refere-se ao componente curricular, no caso deste
exemplo, Educação Física; na sequência, o último par de números representa
a posição da habilidade, neste caso, a habilidade exposta é a primeira.

Vale salientar que a ordem das habilidades não indica grau de relevância
entre elas, a numeração é somente questão de arranjo e de organização,
conforme o documento mostra: “Vale destacar que o uso de numeração
sequencial para identificar as habilidades de cada ano ou bloco de anos não
representa uma ordem ou hierarquia esperada das aprendizagens” (BRASIL,
2017, p. 31). Portanto, a ordem é uma questão de clareza e precisão.

Assim, o que a Base Nacional Comum Curricular propõe é que a escola
ofereça conhecimento a partir do mínimo que ela descreve, ou seja, o aluno
não pode encerrar um ciclo, uma série, em dívida com este mínimo. O que
se espera é além do que é proposto.

Um trabalho conduzido à luz dos quatro pilares da educação que Delors


(2003) discrimina, sendo aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a
conviver e aprender a ser, ilustrado por Soares (2020) em:

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• “Aprender” no sentido do mínimo de conteúdo curricular “pronto”, elabo-
rado, tornando-os investigadores do seu próprio aprendizado.
• “Fazer” no sentido de criar e construir o seu próprio saber e aprender a
construir o novo, tornando-se protagonistas do conhecimento.
• “Ser” no sentido de exercer sua cidadania com autonomia/escolhas.

A mesma autora, além de trazer os sentidos que se inserem na Base de


forma concisa, ainda dispõe que a BNCC não traz mudanças extraordinárias
e nem tampouco conteúdos diferentes, o que ela traz é a metodologia “que
facilite o aprendizado desses conteúdos aos alunos ao mesmo tempo que
proporcione o desenvolvimento das competências gerais (cognitivas, socio-
emocionais), valores e atitudes” (SOARES, 2020, s.p.).

Para além de todas as indagações que a BNCC pode permitir, tal con-
cepção de Soares (2020) vem alinhar o texto teórico representado neste
documento e a prática representada nas concepções dos sujeitos externos à
elaboração da Base, mas conhecedores do interior dos documentos oficiais
escolares.

Neste formato de validações da aprendizagem, Rodrigues (2012, s.p.)
propõe que:
Aprender a conhecer indica o interesse, a abertura para o conhecimento, que ver-
dadeiramente liberta da ignorância; aprender a fazer mostra a coragem de executar,
de correr riscos, de errar mesmo na busca de acertar; aprender a conviver traz o
desafio da convivência que apresenta o respeito a todos e o exercício de fraternidade
como caminho do entendimento; e, finalmente, aprender a ser, que, talvez, seja o
mais importante por explicitar o papel do cidadão e o objetivo de viver.

Esses olhares acentuam o que a BNCC propõe: um estudo feito acerca


das habilidades e competências a partir da compreensão e do letramento.
Dessa forma, faz sentido pensar que ela se endereça para a Educação Básica,
que deve ser pensada com propósito de qualidade, conforme aponta a meta
a ser alcançada pelo país, buscando diminuir a repetência e o abandono, que
têm sido constantes nas instituições escolares. Portanto, torna-se necessário
apresentar que o abandono da escola não depende apenas do documento
ser aplicado ou não, mas existem outros motivos, como familiares e eco-
nômicos, uma vez que a escola, apesar de querer, não consegue modificar
pontualmente esses problemas.

3 ESTRUTURA DA BNCC NA EDUCAÇÃO INFANTIL


A Base Nacional Comum Curricular, além de trazer as habilidades e com-
petências, inova ao trazer uma estrutura mais dinamizada por meio de seus
campos de experiências e dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento,
atentando-se, também, para a tecnologia, haja vista o mundo globalizado
deste século e a sociedade que está cercada pelas metodologias ativas e
digitais. Moran (2018, p. 2) declara que “metodologias ativas são estratégias

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de ensino centradas na participação efetiva dos estudantes na construção
do processo de aprendizagem, de forma flexível, interligada e híbrida”.

Portanto, uma instituição que trabalha para a qualidade no ensino deve


contemplar práticas que levam à ação e à construção de um conhecimento
e aí está o papel das metodologias, do caminho que se traça para chegar à
meta. Nessa metodologia, entram as tecnologias digitais, que para Moran
(2018, p. 4) “ajudam na tutoria digital de primeiro nível, monitorando as difi-
culdades mais previsíveis”. Com esta contribuição será possível traçar metas
a partir de intervenções e chegar à construção individual do conhecimento,
que Moran (2018, p. 2) traz numa especificidade:
A aprendizagem mais intencional (formal, escolar) hoje se constrói num processo
complexo e equilibrado entre três movimentos ativos híbridos principais: a cons-
trução individual – em que cada aluno percorre e escolhe seu caminho, ao menos
parcialmente –; a grupal – em que amplia sua aprendizagem por diferentes formas
de envolvimento, interação e compartilhamento de saberes, atividades e produções
com seus pares, com diferentes grupos, com diferentes níveis de supervisão docente
– e a tutorial, em que aprende com a orientação de pessoas mais experientes em
diferentes campos e atividades (curadoria, mediação, mentoria).

Justamente como a BNCC propõe o ensino, as habilidades requeridas


articulam-se entre o individual, o grupal e o tutorial, assim o estudante apren-
de com todos e por diferentes modalidades e recursos que contemplam o
ensino presencial, mas também o híbrido. Nesta proposta, a BNCC traz uma
estrutura que vislumbra o nível escolar, os valores que estão implícitos no
conhecimento relacionado aos direitos de aprendizagem e aos campos de
experiências e considerando todos os níveis, pois para ela a aprendizagem
acontece em todas as etapas, ela não é isolada a um grupo.

FIGURA 4 – INFOGRÁFICO DA ESTRUTURA DA BNCC PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

FONTE: <https://bit.ly/3xkyUrP>. Acesso em: 2 jun. 2021.

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Dessa forma, para compreender a dinâmica desta materialidade que
representa o ensino na Educação Infantil, na Figura 4, aos olhos da BNCC
e aquecendo a curiosidade do que foi alterado neste nível escolar, é válido
começar pela terminologia ‘direitos de aprendizagem’, que atravessam as
Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI). A Resolução
nº 5, de 17 de dezembro de 2009, em seu Artigo 9º, traz os eixos estrutu-
rantes das práticas pedagógicas, apresentando as interações e a brincadeira,
citadas na BNCC como “experiências nas quais as crianças podem construir
e apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e interações com
seus pares e com os adultos, o que possibilita aprendizagens, desenvolvi-
mento e socialização” (BRASIL, 2017, p. 37).

Na BNCC, os direitos de aprendizagem, somando seis, são assegurados
às crianças para que elas aprendam nas situações, desempenhando papel
ativo em “ambientes que as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se
provocadas a resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si,
os outros e o mundo social e natural” (BRASIL, 2017, p. 33). Esses direitos são
traduzidos nas palavras: conviver; brincar; participar; explorar; expressar e
conhecer-se, que permeiam as atividades e práticas pedagógicas nos cinco
campos de experiências.

O que são campos de experiência? De acordo com a BNCC (BRASIL,
2017, p. 36), “os campos de experiência constituem um arranjo curricular
que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das
crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte
de patrimônio cultural”. Portanto, é o próprio currículo, ou ainda, conforme
se ouviu a todo tempo, são os conteúdos, as matérias que devem ser de-
senvolvidas nos alunos, assim representados em: “1- O eu, o outro e o nós;
2- Corpo, gestos e movimentos; 3- Traços, sons, cores e formas; 4- Escuta,
fala, pensamento e imaginação; e 5- Espaços, tempos, quantidades, relações
e transformações” (BRASIL, 2017, p. 25).

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FIGURA 5 – INFOGRÁFICO DOS CAMPOS DE EXPERIÊNCIA DA BNCC – EDUCAÇÃO INFANTIL

FONTE: <https://tiatatimaluquinha.blogspot.com/2020/01/os-cinco-campos-de-experiencia-da-bncc.html>. Acesso


em: 28 mar. 2021.

De certa forma, os campos de experiências vêm lembrar os blocos


de conhecimento que se desenvolvem na Língua Portuguesa, Matemática,
Geografia, História, Educação Física e Arte. Os “campos de experiências
também se baseiam no que dispõem as DCNEI em relação aos saberes e
conhecimentos fundamentais a ser propiciados às crianças e associados as
suas experiências” (BRASIL, 2017, p. 36). A partir deles que são definidos os
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento.

Os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento recebem tal nome,
mas têm a mesma finalidade das habilidades já vistas. De acordo com a BNCC,
são as aprendizagens essenciais que “compreendem tanto comportamentos,
habilidades e conhecimentos quanto vivências que promovem aprendizagem
e desenvolvimento nos diversos campos de experiências, sempre tomando
as interações e brincadeiras como eixos estruturantes” (BRASIL, 2017, p. 39).

Assim ilustram as práticas que se inter-relacionam nos documentos legais


já conhecidos, inclusive, eles também vêm estruturados por meio do código

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representado nas duas primeiras letras, o nível, isto é, Educação Infantil. Na
primeira dupla de números, a faixa etária, neste caso, será um objetivo para
as crianças de zero a um ano; na sequência, as letras significam o campo
de experiência, neste caso, Corpo, gestos e movimentos e os dois últimos
números significam a correspondência da ordem dos objetivos, assim tra-
duzidos “(EI01CG01)”. Veja o exemplo:

FIGURA 6 – CÓDIGO ALFANUMÉRICO BNCC

FONTE: Brasil (2017, p. 26)

Vale ressaltar que assim como já mencionado anteriormente, essa ordem


foi escrita apenas como arranjo organizacional. Pelo código apresentado,
percebe-se a divisão da Educação Infantil em blocos, especificamente, em
três blocos, de acordo com a faixa etária, compreendendo: creche, crianças
de zero a 1 ano e 6 meses e crianças de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 me-
ses; e o terceiro bloco como pré-escola, crianças de 4 anos a 5 anos e 11
meses. A BNCC encerra sobre a Educação Infantil trazendo uma síntese dos
objetivos e dos direitos de aprendizagem como elemento balizador que serão
ampliados no Ensino Fundamental, nível que será apresentado na sequência.

4 ESTRUTURA DA BNCC NO ENSINO FUNDAMENTAL


A palavra organização é elemento essencial na Base Nacional Comum
Curricular no que tange ao Ensino Fundamental, esta etapa longa que se inicia
no primeiro ano e se encerra no nono, abarcando um período de nove anos
endossado por muitas mudanças e transformações nos “aspectos físicos,
cognitivos, afetivos, sociais, emocionais, entre outros” (BRASIL, 2017, p. 57).

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Isso faz toda a diferença nessa etapa que se divide em anos iniciais e finais
para acomodar todo o preceito escolar legalizado.

Para atenuar o entremeio natural que existe entre as etapas da Educa-
ção Infantil e Fundamental I, denominado de anos iniciais, a Base mantém-se
atenta para não aumentar mais ainda tal espaçamento e evitar uma ruptura
que prejudique o aluno dessa fase de ensino. Dessa forma, ela faz um tra-
balho que retoma os conhecimentos já apresentados nas etapas anteriores,
de forma gradual e espiral.

Esse mesmo cuidado acontece entre os anos iniciais e finais, no intui-
to de criar engajamento e manter a unidade entre os ciclos, além disso, a
fase da adolescência já é marcada por muitas mudanças naturais internas e
o estudante está envolto em muitos conceitos transitórios. Assim, a BNCC
(BRASIL, 2017, p. 58) apresenta a perspectiva “de novas formas de relação
com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os
fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma ati-
tude ativa na construção de conhecimentos”, comprovando que o que está
sendo apresentado faz sentido em seu caráter prático.

Essa etapa traduz-se na consolidação das aprendizagens anteriores e
na ampliação das práticas, assim também reflete a “autonomia intelectual, a
compreensão de normas e os interesses pela vida social, o que lhes possibilita
lidar com sistemas mais amplos, que dizem respeito às relações dos sujeitos
entre si, com a natureza, com a história, com a cultura, com as tecnologias
e com o ambiente” (BRASIL, 2017, p. 59).

Portanto, essas intenções precisam estar articuladas fortalecendo a au-


tonomia, criando condições de interação desse público infantil e adolescen-
te à comunidade e aos seus pares, observando a participação nos grupos e
frequência nas aulas, bem como a sua aceitação como sujeitos de histórias
e saberes subjetivos.

Quanto à inovação que a BNCC propõe, vale retomar que ela parte das
competências gerais que já foram apresentadas e que acompanham o Ensino
Fundamental, mas ainda para cada área e para cada componente curricular
são formuladas novas competências específicas.

Na sua sistematização, a Base traz as cinco áreas do conhecimento que
representam os componentes curriculares, sendo: 1. Linguagens – Língua
Portuguesa, Arte, Educação Física e Língua Inglesa. 2. Matemática – Matemá-
tica. 3. Ciências da Natureza – Ciências. 4. Ciências Humanas – Geografia e
História. 5. Ensino Religioso – Ensino Religioso. Essa organização, que revela
a articulação que existe entre os componentes curriculares, incitando e fa-
cilitando o trabalho com projetos interdisciplinares, é reconhecida no meio
escolar, um arranjo que, segundo a BNCC, tem a finalidade de:

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Possibilitar aos estudantes participar de práticas de linguagem diversificadas, que
lhes permitam ampliar suas capacidades expressivas em manifestações artísticas,
corporais e linguísticas, como também seus conhecimentos sobre essas linguagens,
em continuidade às experiências vividas na Educação Infantil (BRASIL, 2017, p. 63).

A Base traz com frequência o termo “possibilitar” e é isso que sobreleva


a escola, apesar de o conhecimento estar solto em todos os espaços, existe
uma memória de que é na escola que ele é desenvolvido. É fato que a forma
com que a escola articula o conhecimento tem uma diferença majestosa
que inicia desde a escolha do que será possibilitado, como as estratégias a
serem utilizadas. Parece que algo já está funcionando neste momento até a
configuração do acontecimento da aprendizagem. Dessa forma, o termo “pos-
sibilitar” está atravessado neste processo entre o objeto de conhecimento e
as interrogativas que levam à construção da aprendizagem pelo experimento.

Na perspectiva das possibilidades, a BNCC traz o trabalho com os gê-
neros de forma muito ampla, abordando vários gêneros digitais, já que isso
faz parte de sua proposta estampada na competência cinco e serão esses
gêneros que farão parte do contexto social de muitos estudantes.

Conforme Garafalo (2018), os gêneros digitais diminuem a distância


entre o professor e os alunos, permitindo que novas práticas e atividades se-
jam desenvolvidas para aguçar a leitura e a escrita. Por consequência, temos
uma ampliação de formas comunicativas que, devido a sua estrutura, podem
variar de acordo com o histórico social e campo tecnológico. Os gêneros
digitais, portanto, podem ser variáveis, versáteis e transmutáveis, estando em
constante evolução.

Diminuir essa distância é o que o professor deseja, porque assim o aluno


se abrirá com ele em suas dúvidas, sentindo-se à vontade e a aprendizagem
passa pelo afetivo. Garafalo (2018) ainda traz as características dos gêneros
digitais, como:

FIGURA 7 – CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO DIGITAL

FONTE: <https://novaescola.org.br/conteudo/11857/como-usar-os-generos-digitais-em-sala-de-aula>. Acesso em:


28 maio 2021.

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Nesse aspecto, percebe-se uma linguagem simples, objetiva e compre-
ensiva, que se assemelha à nova sociedade globalizada em que a comuni-
cação está cada vez mais rápida e sintética e absorvendo as várias funções
que os gêneros digitais possuem.

FIGURA 8 – FUNÇÃO DO GÊNERO DIGITAL

FONTE: <https://bit.ly/3hiaGco>. Acesso em: 28 maio 2021.


Perceba que tudo se entrelaça culminando nas habilidades que represen-


tam os diferentes objetos do conhecimento, traduzindo os conceitos, os con-
teúdos e os processos, organizando-se em unidades temáticas, assegurando,
dessa forma, as competências específicas de cada área e de cada componente
curricular abordado, conforme apresenta o organograma a seguir.

FIGURA 9 – ORGANOGRAMA CÓDIGO DA BNCC

FONTE: <https://bit.ly/3xkyUrP>. Acesso em: 2 jun. 2021.


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A Figura 9 configura de forma geral e sintetizada todos os elementos
que foram apresentados, mostrando que a Base acentua e sistematiza o que
já era conhecido dentro da esfera escolar e isso poderá ser visto também no
nível do Ensino Médio com algumas anuências.

5 A ESTRUTURA DO ENSINO MÉDIO NA BNCC


O Ensino Médio é a etapa que sistematiza um conjunto de aprendiza-
gens construídas ao longo de todo o percurso escolar. Nele também é feito
um trabalho para garantir a permanência do estudante à escola, atendendo
às demandas que vão surgindo quanto aos aspectos físicos, afetivos, sociais,
emocionais e cognitivos, considerando o estudante um sujeito constituído
pela condição sócio-histórico-cultural, que necessita da recriação da escola
porque “embora não possa por si só resolver as desigualdades sociais, pode
ampliar as condições de inclusão social, ao possibilitar o acesso à ciência,
à tecnologia, à cultura e ao trabalho” (BRASIL, 2017, p. 463). Isso implica um
trabalho pautado na responsabilidade, que funciona com a participação de
todos. Todos têm a sua cota de contribuição para tornar a educação um
bem maior.

Nesse sentido de buscar e consolidar o conhecimento, o Ensino Médio,
hoje intitulado como Novo Ensino Médio, parece ser algo complexo, devido
a sua estrutura compreender a formação geral básica e o itinerário formativo
e ainda por ser o momento de preparação em cada área do conhecimento
a partir de suas competências específicas articuladas às da área do Ensino
Fundamental acrescidos aos itinerários formativos relativos a essas áreas,
buscando consolidar, aprofundar e ampliar a formação integral.

Portanto, para atender a essas demandas, a escola, que atende à ju-
ventude, precisa considerar vários apontamentos, entre eles, a noção da
profissionalização, estruturando-se para atender a este jovem, preparando-o
para o mercado de trabalho. Assim, a escola e a estrutura curricular devem
ser ajustadas para oferecer-lhe as orientações que precisará em sua prática.

Outro ponto a considerar na escola que oferece o Ensino Médio está
relacionado ao “aprimoramento do educando como pessoa humana, consi-
derando sua formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual
e do pensamento crítico” (BRASIL, 2017, p. 466), valores necessários na so-
ciedade. Portanto, a formação ética e o pensamento crítico são formados à
medida que o estudante experiencia situações de escolhas no dia a dia, de
sua convivência dentro e fora da escola, dos momentos de diálogos que a
escola pode proporcionar a partir de temas gerais, mas intencionais. Por isso
o Ensino Médio é esta etapa que aprimora o educando como pessoa humana.

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O estudo destinado ao aluno do Ensino Médio tem que ser embasado
também em experimentos científicos, haja vista que o jovem é muito curioso
e tem facilidade para fazer relação entre o teórico e o prático. A BNCC des-
taca que “subjacente a todas essas finalidades, o Ensino Médio deve garantir
aos estudantes a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos
dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática” (BRASIL,
2017, p. 467). Ademais, em pleno século XXI, voltado para a globalização,
a instituição escolar precisa estar conectada às tecnologias e o estudante
precisa aprender a respeito, uma vez que no dia a dia a tecnologia que ele
usa é das redes sociais, do imediato. Ele tem dificuldade para acessar e usar
programas, drives, inclusive a digitação com formatação.

Além disso, torna-se necessário que o estudante se aprofunde na dis-
cussão acerca do conhecimento científico, uma vez que a tecnologia é a
aplicação dos conhecimentos e avanços científicos, além de ser algo que
ajude na evolução da ciência, embora a tecnologia não seja uma ciência.
Disso, cabe compreender que a ciência são os conhecimentos acerca de
um tema organizado e testado a partir de método e prática, que visam à
aprendizagem advinda de significados.

Por conta de todos esses avanços que a BNCC propõe, a escola precisa
dar seus primeiros passos quanto à tecnologia e à pesquisa científica, prin-
cipalmente as escolas públicas, devido a sua carência quanto aos recursos
e materiais tecnológicos e científicos. Assim, os itinerários formativos que
a BNCC apresenta no Ensino Médio vêm contribuir no desenvolvimento do
aluno e em suas escolhas, dando-lhe oportunidade a partir da organização
curricular, conforme a BNCC sustenta por meio da DCNEM:

Os itinerários formativos – estratégicos para a flexibilização da organização curricular


do Ensino Médio, pois possibilitam opções de escolha aos estudantes – podem ser
estruturados com foco em uma área do conhecimento, na formação técnica e pro-
fissional ou, também, na mobilização de competências e habilidades de diferentes
áreas, compondo itinerários integrados, nos seguintes termos das DCNEM/2018 [...]
(BRASIL, 2017, p. 477).

Dessa forma, a Base estrutura o Ensino Médio trazendo algumas diferenças


em relação ao Ensino Fundamental, a começar pela inserção dos itinerários.
O que são itinerários? “Os itinerários formativos são o conjunto de unidades
curriculares ofertadas pelas escolas e redes de ensino que possibilitam ao es-
tudante aprofundar seus conhecimentos e se preparar para o prosseguimento
de estudos ou para o mundo do trabalho” (BRASIL, 2018, p. 12).

Embora isso soe como algo que foi manifestado pela BNCC, de acordo
com Alves (2019, p. 108), os itinerários “não são uma novidade da BNCC, já
estavam previstos na atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais do
Ensino Médio pelo CNEM, Parecer CNE/CEB nº 5/2011”.

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Assim, os itinerários formativos podem ser estruturados considerando
os seguintes direcionamentos:

Área do conhecimento, na formação técnica e profissional ou, também, na mobi-


lização de competências e habilidades de diferentes áreas, compondo itinerários
integrados [...]: linguagens e suas tecnologias [...]; matemática e suas tecnologias [...];
ciências da natureza e suas tecnologias [...]; ciências humanas e sociais aplicadas
[...] e formação técnica e profissional [...] (BRASIL, 2017, p. 477).

Destarte, a partir das mudanças ocorridas na LDB/96 por conta da Lei
nº 13.415/2017, o currículo do Ensino Médio passa de um modelo único
para um modelo diversificado e flexível (BRASIL, 2017). Com essa mudança,
objetiva-se ao aluno do Ensino Médio a escolha pelas suas preferências cur-
riculares, tendo melhor rendimento e a sua permanência na escola.

Vale ressaltar que os itinerários devem pautar-se, segundo a BNCC, na:

Realidade local, os anseios da comunidade escolar e os recursos físicos, materiais


e humanos das redes e instituições escolares de forma a propiciar aos estudantes
possibilidades efetivas para construir e desenvolver seus projetos de vida e se inte-
grar de forma consciente e autônoma na vida cidadã e no mundo do trabalho. Para
tanto, os itinerários devem garantir a apropriação de procedimentos cognitivos e o
uso de metodologias que favoreçam o protagonismo juvenil (BRASIL, 2017, p. 478).

Além disso, os itinerários devem ser organizados em torno dos eixos


estruturantes: investigação científica, processos criativos, mediação e inter-
venção sociocultural e empreendedorismo. Ademais, o estudante poderá
decidir por um ou mais itinerários formativos e ainda receber atividades ele-
tivas complementares.

Diante de toda a exposição, a BNCC completa que na organização cur-
ricular devem ser obrigatória a flexibilidade e ainda a adoção de tratamento
metodológico que favoreça e estimule o protagonismo dos estudantes. Assim,
ela também aponta que “o conjunto dessas aprendizagens (formação geral
básica e itinerário formativo) deve atender às finalidades do Ensino Médio e
às demandas de qualidade de formação na contemporaneidade, bem como
às expectativas presentes e futuras da juventude” (BRASIL, 2017, p. 479), para
garantir ao estudante o pleno desenvolvimento.

Após caminhar pela BNCC no quesito Ensino Médio, pode compreen-
der-se que sua estrutura canalizada para a formação geral básica e itinerário
formativo endossam o conhecimento contextualizado nos campos de atua-
ção social que fazem parte, inclusive, do Ensino Fundamental. Veja:

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FIGURA 10 – CAMPOS DE ATUAÇÃO SOCIAL

FONTE: Brasil (2017, p. 501)


Os campos de atuação social no Ensino Médio contextualizam as prá-
ticas de Linguagem de Língua Portuguesa e se relacionam com os campos
do Ensino Fundamental, de acordo com a exposição do quadro na Figura 11.

FIGURA 11 – ORGANOGRAMA BNCC – ENSINO MÉDIO

FONTE: Brasil (2017, p. 506)

Percebe-se que o quadro traz o conjunto de denominações que foram


apresentadas ao longo deste estudo, fortalecendo que a BNCC é sinônimo
de desenvolvimento a partir de habilidades e competências.

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Assim, o estudo da Base permitiu verificar a organização da estrutura das
etapas escolares que compõem o ensino, apresentando as habilidades para
cada nível, objetivando a consolidação dos conteúdos por meio de compe-
tências que o estudante precisa desenvolver ao longo do período escolar.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Caro aluno, fazer um caminho que leve ao conhecimento do processo
de aprendizagem estruturado nas duas versões da BNCC, sendo a primeira
de 20 de dezembro de 2017, formulada para a Educação Infantil e o Ensino
Fundamental, e a segunda de 14 de dezembro de 2018, para o Ensino Médio,
foi retomar as memórias de outros documentos e até mesmo as memórias
acerca do tempo em que a BNCC foi sendo construída pelas mãos e con-
cepções do homem materializadas nas habilidades e competências.

Frente às concepções que foram tecendo esse estudo, pode-se constatar
que a Base Nacional Comum Curricular é um documento de ressignificação
de sentidos, buscando aprimorar alguns acontecimentos no espaço escolar
e garantir a educação de qualidade para todos, uma vez que ela é “um do-
cumento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressi-
vo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao
longo das etapas e modalidades da Educação Básica” (BRASIL, 2017, p. 7).
Uma previsão do que é básico na aprendizagem do estudante, um cidadão
de direitos já defendidos na CF/88.

Nota-se, ainda, que esse documento, além de evidenciar a aprendizagem
mínima traduzida nas habilidades e competências que o estudante deve ter,
exorta para a responsabilidade de todos quanto à educação sistematizada,
dado que tudo é apresentado numa ordem gradativa e isso é muito conside-
rável, porque o estudante tem a possibilidade da retomada para garantir sua
aprendizagem e, na sequência, algo novo é exposto e deve ser explorado pela
escola na missão de cumprir o seu papel de gestora do conhecimento, assim
como a família, de acompanhar, e dos órgãos públicos, de sustentar o ensino.

Ela se desenvolve a partir de três competências, denominadas de
Competências Gerais, Específicas e da Área, que vão sendo articuladas a
outros denominadores, que na Educação Infantil responde como direitos
de aprendizagem, sendo: conviver; brincar; participar; explorar; expressar e
conhecer-se.

Esses direitos que permeiam as atividades e práticas pedagógicas nos


cinco campos de experiências são traduzidos em: 1- O eu, o outro e o nós;
2- Corpo, gestos e movimentos; 3- Traços, sons, cores e formas; 4- Oralida-
de e escrita e 5- Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

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Tal estrutura leva a criança a se libertar de suas inquietações, despertar
para outras buscas e construir a aprendizagem por meio de experimentos,
de significações e sentidos.

Ademais, ao perpassar pelo Ensino Fundamental, percebe-se a dimensão
de uma estrutura que busca mais uma vez a materialidade da aprendizagem
sustentada numa sequência de ações que fomentam a construção do conhe-
cimento versada nas suas cinco áreas: Linguagens, Matemática, Ciências da
Natureza, Ciências Humanas e Ensino Religioso, permitindo um movimento
pendular e uma aprendizagem interdisciplinar.

Ao chegar na construção do que a BNCC preparou para o aluno do En-
sino Médio, é notório discriminar que ela traz o ensino por meio de blocos
para a educação básica, mas se importa em preparar este aluno para sua vida
pós-Ensino Médio, criando os itinerários formativos, recurso que possibilita
ao estudante organizar seu plano de estudo a partir da área, ou das áreas de
maior aptidão e, assim, estudar visando seu futuro promissor como cidadão.

Diante do compêndio de representações do conceito de ensino-apren-
dizagem traduzido nesse estudo, percebe-se aos olhares da BNCC uma
educação que tece de forma processual a autonomia intelectual do estudan-
te, assim como sua compreensão das normas que circulam na sociedade,
permitindo-lhe a amplitude da relação do sujeito com o seu entorno, sua
história e a tecnologia.

Assim, a partir de um ensino estruturado, constrói-se uma educação de
qualidade para todos, de forma coerente, coesa e significativa, atentando-se
para o desenvolvimento das habilidades e competências mínimas que devem
ser consolidadas ao final de cada etapa, conforme prevê a Base Nacional
Comum Curricular.

REFERÊNCIAS
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