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ISSN 2179-1740 Revista de Psicologia

INTERLOCUÇÕES ENTRE A PSICOLOGIA


ANALÍTICA-COMPORTAMENTAL E DA
LIBERTAÇÃO: ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES
Revista DE SKINNER E MARTÍN-BARÓ
de Psicologia ETHICAL INTERLOCUTIONS BETWEEN BEHAVIORAL-ANALYTIC AND LIBERATION
ISSN 2179-1740 PSYCHOLOGIES: CONTRIBUTIONS OF SKINNER AND MARTÍN-BARÓ

Glysa de Oliveira Meneses¹ Leonardo Carneiro Holanda² Verônica de Morais Ximenes³


Walberto Silva dos Santos4

Resumo
A ética nas relações, decisões e ações cotidianas é um atributo normalmente almejado pela maioria das pessoas. Todavia, parece
sustentável afirmar que toda ação humana está pautada por uma ética específica. Sendo assim, o fazer científico não é exceção. Uma
vez que a ciência se propõe a trazer uma mudança no modo de vida dos indivíduos, caberia à ética determinar de que forma essa
ciência seria aplicada a fim de prover a mudança almejada. Nesse sentido, o presente artigo pretende articular a teoria e tecnologia da
Análise do Comportamento, a partir de Skinner, com a proposta empreendida por Martín-Baró, principalmente no que diz respeito aos
aspectos éticos. A partir disso, analisar-se-á de que modo poderiam esses referenciais teóricos coadunar para a construção de uma
práxis favorável à promoção de comportamentos éticos, sob este referencial, em especial, no contexto da América Latina. As proposições
da Psicologia da Libertação constituem um possível valor secundário a ser utilizado como diretriz do trabalho do psicólogo que trabalha
no sentindo de promover a sobrevivência da cultura, valor ético primordial, segundo Skinner. Deste modo, a integração de diferentes
perspectivas possibilita um movimento reflexivo acerca de seu fazer ético enquanto profissional.

Palavras-chave: Ética; análise do comportamento; psicologia da libertação.

Abstract
Ethics in relationships, decisions and daily actions is an attribute usually desired by most people. However, it seems sustainable to
affirm that all human actions are guided by a specific ethical. Thus, the scientific work is no exception. Since science aims to bring a
change in the way of life of individuals, it is up to Ethics to determine how this science is supposed to be applied in order to provide the
desired change. In this sense, this article aims to articulate the theory and behavior analysis technology from Skinner and the proposal
undertaken by Martín-Baró, especially regarding to ethical aspects. After that, we will analyze how these might be a consistent theoretical
framework for the construction of a favorable practice for the promotion of ethical behavior, under this framework, especially in Latin
America. The Liberation Psychology propositions constitute a possible secondary value to be used as a guideline for psychologist work
to promote the survival of culture, primary ethical value, according to Skinner. In this sense, the integration of different perspectives
enables a reflexive movement concerning the psychologists ethical doing.

Keywords: Ethics; behavior analysis; liberation psychology.

¹ Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Ceará, Brasil. E-mail: meneses.glysa@gmail.com
² Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Ceará, Brasil. E-mail: leoc.holanda@gmail.com
³ Professora Associada IV do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Ceará, Brasil. E-mail: vemorais@yahoo.com.br
4
Professor Adjunto IV do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Ceará. E-mail: walbertosantos@ufc.br

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A ética nas relações, decisões e ações cio de sua obra, que buscou propor um mo-
cotidianas é um atributo normalmente al- delo de práxis que atendesse às demandas
mejado pela maioria das pessoas. Contudo, da América Latina, uma vez que os para-
dada a complexidade e multiplicidade das digmas psicológicos já postos em sua época
definições desse conceito denominar uma tratavam dos problemas característicos das
ação como “não-ética” se mostra uma ta- culturas europeias e norte-americanas.
refa pouco profícua. Ao contrário, parece
sustentável afirmar que toda ação huma- Martín-Baró (2009) discorre longa-
na está pautada por uma ética específica. mente acerca da incapacidade da ciência
Sendo assim, o fazer científico não é exce- “neutra” de sua época em promover mu-
ção. A despeito da prescritiva positivista de danças sociais efetivas em outras regiões
uma suposta neutralidade científica, auto- do mundo, ainda que esses saberes fos-
res mais recentes já trazem, paralelo à sua sem importados, de forma acrítica, para
proposta de ciência, apontamentos éticos os países latinos, onde se perpetuavam
destinados a conduzir o desenvolvimento discussões científicas inócuas, que nada
de uma tecnologia pautada nos valores por poderiam contribuir para a resolução dos
eles propostos. Uma vez que a ciência se problemas de uma maioria populacional
propõe, sempre e de alguma maneira, a tra- paupérrima e oprimida.
zer uma mudança no modo de vida dos in- É nesse sentido que se torna cada vez
divíduos, caberia à ética determinar de que mais importante a noção de tomar n =1,
forma essa ciência seria aplicada de modo ou seja, tratar com particularidade a par-
a prover a mudança almejada. ticularidade dos casos, como proposto por
A ciência do comportamento proposta Skinner. Mais ainda, observando como as
por Skinner e a tecnologia comportamental práticas culturais mantidas em contexto la-
originada a partir do Behaviorismo Radi- tino-americano têm trazido consequências
cal, tem demonstrado potencial na promo- potencialmente contrárias à própria ma-
ção de mudanças dentro e fora da clínica nutenção do convívio social minimamente
psicológica. Assim, sendo uma prática efe- adequado, tais como a miséria, a violência
tiva na promoção e transformação de com- e, sobretudo, a aparente imobilidade social
portamentos e práticas culturais, o autor imposta aos mais desfavorecidos, parece
preocupou-se, não só em apontar um nor- conveniente retomar a discussão empreen-
te para que a prática do analista do com- dida por Martín-Baró (1996), na qual o fa-
portamento fosse ética, mas em analisar, zer científico se mostra como aliado à pro-
segundo seu próprio método, o comporta- moção de soluções práticas aos problemas
mento ético (Skinner, 1974). cotidianos de cada nação em particular.

Tal como se faz marcante no decurso Nesse sentido, o presente artigo pre-
de sua obra, a ética skinneriana é marca- tende articular a teoria e tecnologia da Aná-
damente idiossincrática, na medida em que lise do Comportamento, a partir de Skinner,
assume que o comportamento ético não se- com a proposta empreendida por Martín-
gue um padrão rígido de execução, tendo -Baró, principalmente no que diz respeito
essa qualidade condicionada as condições aos aspectos éticos. Para tanto, pretende-
nas quais ocorre. Isso porque se elege como -se discorrer brevemente acerca dos con-
principal valor ético a manutenção da pró- ceitos que embasam o modelo de Seleção
pria cultura. Essa proposta de adaptação pelas Consequências que é base para a no-
da conduta ética às contingências de uma ção de ética em Skinner, além de abordar
determinada cultura remonta à discussão os conceitos da Psicologia da Libertação de
empreendida por Martín-Baró desde o iní- Martín-Baró que apontem, principalmen-

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te, para os aspectos éticos do fazer psico- portamentos são selecionados, como apon-
lógico. A partir disso, analisar-se-á de que ta Skinner (1974), em função do valor de
modo poderiam esses referenciais teóricos sobrevivência que potencialmente trazem
coadunar para a construção de uma práxis para o organismo ou cultura.
favorável à promoção de comportamentos
éticos, em especial, no contexto da América Sendo assim, Skinner (1972) propõe
Latina. que o comportamento ético é aquele que sa-
tisfaz as contingências de seleção nos três
níveis mencionados, a partir da produção
de consequências que o autor denominou
MODELO DE SELEÇÃO PELAS CONSE- “bens éticos”, que podem ser de três tipos:
QUÊNCIAS E A ÉTICA SKINNERIANA Bens Pessoais, Bens dos Outros e Bens da
Skinner (1981) propõe o modelo de se- Cultura.
leção pelas consequências como uma supe- Bens Pessoais são consequências re-
ração do modelo reflexológico e mecanicista forçadoras positivas para o comportamento
do Behaviorismo Clássico que o antecede. A daquele indivíduo que a produz. Em outras
partir dos estudos desse autor, passa-se a palavras, o Bem Pessoal é a consequên-
também considerar um modelo de compor- cia reforçadora produzida em benefício do
tamento, chamado operante, que ao mes- próprio sujeito pela adição de um estímulo
mo tempo em que muda o ambiente em que com valor de sobrevivência ao ambiente no
ocorre, é modificado por ele, uma vez que qual a resposta ocorre. Os Bens dos Ou-
gera consequências que podem aumentar tros, por sua vez, são aquelas consequên-
ou reduzir sua probabilidade de ocorrência cias reforçadoras positivas produzidas por
em situações semelhantes no futuro. A con- um sujeito, que reforçam o comportamen-
sequência que aumenta a probabilidade de to de outro indivíduo. Abib (2001) atenta
ocorrência futura daquele comportamen- para o fato de que boa parte dos reforços
to é chamada reforçadora, que tanto pode obtidos, em função do comportamento de
ser positiva, se pela adição de um estímulo
um indivíduo, é mediada por outros sujei-
reforçador; quanto negativa, se pela retira-
tos, o que explicaria a produção de Bens
da de um estímulo aversivo; inversamente,
de Outros a partir do paradigma de Seleção
aquelas que reduzem essa probabilidade
pelas Consequências. Por último, os Bens
são chamadas punitivas: positiva, se pela
da Cultura são aquelas consequências que
adição de um estímulo aversivo; negativa
reforçam as práticas culturais que as pro-
se pela retirada de um estímulo reforçador.
duzem. Poder-se-ia citar um exemplo sim-
É importante ressaltar que a pers- ples: a construção de escolas constituiria
pectiva Behaviorista skinneriana, que se um Bem da Cultura, uma vez que promo-
baseia na teoria evolucionista de Darwin, veria o ensino responsável pela produção
estende o conceito e dá ao ambiente o po- de novas escolas e, consequentemente, a
der de selecionar não só as características perpetuação da prática cultural de ensino,
genéticas, mas também os comportamen- ao mesmo tempo que constituiria Bem de
tos aprendidos ao longo da história de vida Outros na medida em que a consequên-
do sujeito e as práticas culturais. Assim, cia produzida pela resposta de “construir
todos os comportamentos dos organismos escolas”, ou seja, a escola construída, é
são selecionados em três níveis: filogenéti- condição reforçadora do comportamento
co, ou biológico; ontogenético, aqueles refe- de outros indivíduos de “ir à escola”. Isso
rentes à história de vida do sujeito; e social, demonstra ainda que a promoção de um
referente à seleção cultural dos comporta- ou outro Bem não é excludente, podendo
mentos emitidos pelo sujeito. Esses com- uma mesma consequência constituir Bem

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de Outros e Bem da Cultura, por exemplo consequência que poderia prejudicar a ele
(Castro, 2008; Fernandes, 2015; Skinner, mesmo ou até aos demais indivíduos que
1953/2003, 1971/1973). participam de seu ambiente ou à própria
cultura. Desse modo, a revisão das práti-
Sendo assim, o comportamento ético cas éticas se mostra como uma exigência
seria, em tese, aquele a ser selecionado pe- constante para que se possa garantir sua
las consequências por prover bens éticos, efetividade em um determinado ambiente.
sejam pessoais, de outros ou da cultura, Por esse motivo, uma dimensão prescritiva
enquanto os comportamentos “antiéticos” da ética se faz necessária, de modo a guiar
cairiam em extinção. Contudo, ao contrá- os comportamentos dos indivíduos nesses
rio de como se pode normalmente entender momentos de instabilidade.
o processo evolutivo, a seleção não alcan-
ça uma propensa estabilidade na qual so- Skinner (1972) dá conta de estabe-
mente o organismo ou comportamento-alvo lecer um valor ético igualmente flexível e
permanecem a despeito da extinção dos de- universal, na medida em que prescreve a
mais (Dittrich & Abbib, 2004). sobrevivência das culturas como princi-
pal objetivo. Isso permite que a ética, in-
O comportamento operante modifica dependentemente do local ou das práticas
o ambiente no qual ocorre e que potencial- culturais que tenham se estabelecido na-
mente poderá alterá-lo de modo que pas- quele ambiente, se paute em um princípio
se, ocasionalmente, a não ser mais selecio- que promove comportamentos adaptativos
nado. Por esse motivo, esses autores afir- e provavelmente mais cooperativos, uma
mam, com base no que defende Lewontin vez que práticas culturais duradouras são
(1998/2002), que o organismo, no decurso favorecidas pelo entrelaçamento dos com-
da sua evolução, e por extensão o compor- portamentos dos indivíduos nelas inseridos
tamento no seu processo de seleção pelas (Andery & Sério, 2005).
consequências, persegue o “alvo móvel”.
Ou seja, dado as constantes mudanças no Contudo, é certo que nem todos os in-
ambiente, uma resposta em dado momento divíduos irão tomar como valor primordial
produz as consequências favoráveis à so- a sobrevivência da cultura. Nesse sentido,
brevivência, pode passar a não mais satis- Skinner (1971) elege o psicólogo como ator
fazer a essas contingências, necessitando essencial no planejamento da cultura de-
passar por um novo processo de variabili- vendo este, ao intervir sobre uma comuni-
dade. Sendo assim, o comportamento ético dade, buscar conciliar o valor primordial
não poderia estar condicionado a parâme- da sobrevivência das culturas com o que
tros bem determinados e fixos, uma vez que Dittrich e Abbib (2004) denominam “valo-
segue as mesmas prerrogativas do compor- res secundários”. Segundo eles, os valores
tamento operante. secundários seriam certos objetivos, eleitos
pelos indivíduos, que provavelmente con-
No entanto, é importante notar que o
tribuem para sobrevivência da cultura, tais
comportamento operante pode gerar, não
como: felicidade, saúde, segurança, coope-
somente consequências imediatas, mas
ração, etc.
também consequências a longo prazo. Es-
sas consequências não necessariamente Sendo assim, os valores secundários
exercem o mesmo efeito sobre o organismo seriam como uma lente, um viés sob o qual
ou ambiente. Logo, um mesmo comporta- o psicólogo poderia trabalhar a promoção
mento pode gerar uma consequência re- de comportamentos favoráveis à manuten-
forçadora a curto prazo, ou seja, um Bem ção da cultura, sendo ela o valor primário.
Pessoal, mas produzir, a longo prazo, uma Isso porque, apesar de saber melhor que

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o profissional aquilo que tem o poder de repressão e controle social que abortavam
reforçar suas respostas, esses indivíduos quaisquer esforços históricos de modificar
nem sempre serão capazes de dar conta as estruturas opressivas e injustas a que
sozinhos de todos os efeitos que seus com- os povos latinos foram submetidos (Martín-
portamentos promovem em seu ambiente, -Baró, 1996). Diante disso, o conhecimento
principalmente a longo prazo. Do contrário, produzido na América Latina também fora
a promoção do comportamento ético não fa- subjugado a ações alienantes, dando lugar
ria sentido (Dittrich & Abbib, 2004). Assim, a esquemas europeus e norte-americanos,
o papel do psicólogo seria de promover, sob que em nada correspondiam à realidade e
o viés dos valores secundários, comporta- aos problemas enfrentados pela população
mentos cujas consequências a longo prazo latino-americana (Oliveira, Guzzo, Tizzei &
resultem na manutenção da cultura. Silva Neto, 2014a; Oliveira, Moreira & Gu-
zzo, 2014b).
De forma análoga, na América Lati-
na, desde a década de 1960, Martín-Baró Assim, o conceito de libertação emer-
tem anunciado a função do psicólogo como ge a partir de uma conjectura política, eco-
transformador da estrutura social e pla- nômica, cultural e religiosa na qual a reali-
nejador da cultura. Os princípios que nor- dade era entendida tendo em vista, por um
teiam a proposta ética desse autor são dis- lado, uma esfera dialética, e por outro, uma
cutidos a seguir. posição de instrumental capaz de superar
de maneira eficiente toda a situação de do-
minação (Guareschi, 2009). Nesse sentido,
A PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA DA compreende-se que os indivíduos buscam
LIBERTAÇÃO E A ÉTICA DA LIBER- libertar-se de condições opressivas, domi-
TAÇÃO natórias e injustas às quais se encontram
subordinados, algo que implica, portanto,
Para Guareschi (2009), Libertação em posicionar-se de forma específica pe-
diz respeito a um conceito que se estrutu- rante uma concepção de mundo (Oliveira
rou a partir de práticas concretas, tendo et al., 2014b).
sido desenvolvido em um momento histó-
rico no qual se apresentavam dificuldades Nesse sentido, objetivando um posi-
exatamente no que se refere à demarcação cionamento específico, surge o Paradigma
de novos e distintos fenômenos e realida- da Libertação, enquanto “movimento de
des que já não mais eram passíveis de ex- crítica e proposta de construção de práti-
plicação por meio das teorias e conceitos já cas políticas e profissio­nais que rompam
existentes, dado certo esgotamento teórico- com a condição de opres­são e subjugação
-epistemológico verificado nestes últimos. dos sujeitos” (Oliveira et al., 2014b, p. 97).
No entanto, ao se falar em libertação, como De acordo com Oliveira, Moreira e Guzzo
ressalta esse autor, é preciso questionar- (2014), esse paradigma destina-se a movi-
-se: libertar-se de que? mentar as relações de poder e dominação
com a finalidade de transformá-las, pro-
A configuração histórica na qual piciando libertação dos povos oprimidos;
germinou o conceito de libertação refere-se este foi, portanto, utilizado para constituir
ao contexto latino-americano da década de a verdadeira realidade de opressão do ho-
1960, predominantemente marcado pelo mem latino-americano, o qual havia sido
subdesenvolvimento, pelo desespero, doen- impedido de instituir-se enquanto pessoa
ças e morte, caracterizando o longo proces- em toda a amplitude de sentidos. Desse
so de opressão que fora mantido por inter- modo, destaca-se que o paradigma da Li-
médio da utilização de meios violentos de bertação propõe um modelo de homem que

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esteja em congruência com a re­alidade da quais considera urgentes: “a recuperação


América Latina, e que este seja um sujeito da memória histórica dos povos; desideo-
histórico, responsável por seu destino e pe- logização do senso comum e da experiência
los processos sociais os quais encontra-se cotidiana, a potencialização das virtudes
inserido, enfim, sujeito de sua própria vida populares” (Martín-Baró, 2009, p. 194).
(Oliveira et al., 2014b)
Nesse ponto, destaca-se a visão de-
Foi o conjunto de princípios referentes fendida por Guareschi (2009), de que a Psi-
a esse paradigma que influenciou o desen- cologia da Libertação carrega consigo uma
volvimento da Psicologia Social da Liberta- grande aproximação entre o conhecimento
ção, cujo principal representante é Ignácio racional e científico e crenças, implicando,
Martín-Baró. A psicologia que este jesuíta, portanto, em valores tácitos ao conceito de
psicólogo e teólogo propôs empenhava-se libertação. Desta forma, ainda como es-
por responder às graves desigualdades so- clarece esse autor, esse conceito carrega a
ciais a partir de uma ação, um quehacer noção de positivo-negativo, uma vez que se
que se colocasse voltado para a realidade subentende que a libertação se dê em re-
concreta dos povos latino-americanos e lação a algo que não seja positivo, prejudi-
que fosse capaz de auxiliar esses mesmos cial, e exatamente por isso estabelece uma
povos a compreendê-la e empreender um referência a aspectos valorativos, éticos, de
processo de libertação frente aos condicio- bom ou mal.
namentos que a injusta estrutura social
lhes impunha (Martín-Baró, 1996; Nepo- Deste modo, não é possível pensar em
muceno, Ximenes, Cidade, Mendonça & libertação sem abarcar sua dimensão ética,
Soares, 2008). uma vez que o próprio conceito surge em
um momento histórico o qual alude uma
Martín-Baró compreendia que a Psi- opção dessa natureza (Guareschi, 2009).
cologia Social deveria ter como propósito Essa perspectiva ética implica pensar ne-
promover a conscientização como um mé- cessariamente em relações, pois toda ética
todo gerador de transformações, além de é sempre uma ética das relações, sempre
buscar novas perspectivas para o próprio ocorre permeando as relações entre os indi-
fazer psicológico, pois, para ele, apesar de víduos, conferindo-lhes características es-
o processo de tomada de consciência não pecíficas em cada contexto histórico (Goes,
alterar de forma direta a realidade, mas 2009). Assim, uma ética da libertação com-
viabiliza, dentro da práxis psicológica, a promete-se com a reflexão acerca da luta
construção de respostas para as situações contra as relações de cunho opressor, au-
de injustiça e alienação social através de toritário e excludente, que colocam à frente
uma consciência crítica sobre as mesmas, os interesses de uma minoria em detrimen-
possibilitando assim o desencadeamento to de uma maioria, à qual é negado o di-
de mudanças na estrutura das relações reito e a autonomia; por esta ótica, tem-se
sociais (Martín-Baró, 1996; Schlösser, que esta ética está alicerçada no pressu-
2013). posto de que somos seres relacionais e é
por meio destas em que a libertação pode
Deste modo, o próprio Martín-Baró
ser construída, ou seja, fundamenta-se em
(2009), propõe que a Psicologia passe por
uma “ontologia da relação” (Nepomuceno et
um processo de revisão de seus aportes
al., 2008).
teóricos e práticos, e que isso se concreti-
ze abraçando como referência a realidade Falar de ética das relações adicional-
latino-americana. Além disso, ele também mente envolve uma reflexão sobre as ações
estabelece três tarefas para a Psicologia, as que as compõem, uma vez que toda ação

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possui um conteúdo ético, e além disso, em fatores individuais e subjetivos, des-


por si só, toda ação corresponde à uma viando a atenção do processo de opressão
ação ética (Guareschi, 2009; Oliveira et al., (Martín-Baró, 2009).
2014b). Isto posto, o posicionamento ético
que as pessoas assumem dentro das rela- Tendo em vista esses aspectos, o tra-
ções se revelam em suas ações, sejam elas balho do psicólogo deveria definir-se a par-
de manter a ordem social ou de transfor- tir das circunstâncias palpáveis da popu-
má-la, portanto, ambas concernem a ações lação a que deve atender, ou seja, não se
éticas (Oliveira et al., 2014a). Em vista dis- limitando ao plano individual, mas tomar
so, compreende-se que o processo de liber- o contexto em que se está inserido como
tação está comprometido não somente com o referente de sua atividade profissional,
uma superação entre o individual e o so- abarcando a dimensão social onde conso-
cial, entre teoria e prática, mas, além disso, lida a individualidade humana (Martín-Ba-
também se refere a admitir a existência da ró, 1996). Esse modo de atuação implica
ética e dos valores em cada uma de nossas uma psicologia comprometida com a liber-
ações (Guareschi, 2009), inclusive enquan- tação do povo da América Latina frente às
to psicólogos. estruturas sociais alienantes, promovendo
também uma libertação de cunho pessoal
É a partir, então, dessa perspectiva (Oliveira et al., 2014a). Cabe ressaltar que,
ética que Martín-Baró (1996, 2009) pro- enquanto psicólogos, é essencial o movi-
blematiza o papel que a Psicologia desem- mento reflexivo de questionamento acerca
penhou ao longo dos anos no que tange à da bagagem psicológica disponível para a
América Latina. Segundo ele, a Psicologia atuação profissional, no sentido de pergun-
em seu conjunto, teórica e prática, enquan- tar-se se, a partir dela, é possível colabo-
to ciência e práxis, em todas as áreas de rar com respostas aos problemas enfrenta-
atuação e abordagens, serviu ao longo dos dos pela realidade latino-americana, tendo
anos não apenas para manter a situação de como objetivo fundamental para isso não
dependência e dominação à que os povos só de explicar o mundo, mas de transfor-
latino-americanos estavam submetidos, má-lo (Martín-Baró, 2009).
como também se colocou à margem dos
movimentos e inquietudes destes, expres- Nesse ponto, a intersecção com a
sando uma contribuição extremamente Análise do Comportamento (AC), dado a
pobre à história dessas pessoas, especial- sua perspectiva ética flexível e sua tecno-
mente quando comparada a outros ramos logia adaptável, parece ser uma proposta
do conhecimento. relevante e cabível no contexto latino-ame-
ricano. A promoção da emancipação, da li-
Martín-Baró (2009) ainda argumen- bertação e da autonomia, no sentindo des-
ta que a Psicologia que estava se fazendo crito por Martín-Baró no decurso de sua
àquela época não demonstrava preocupa- obra, como valores secundários, parece ser
ção em desmistificar o senso comum pre- relevante no contexto em que se desenvol-
sente nas sociedades, senso esse que se ve sua teoria e prática psicológica, uma vez
colocava como justificativa aos interesses que as práticas culturais empreendidas
de dominação, e ao invés disso, susten- desde a sua época em contexto latino-ame-
tava e validava o psicologismo de teorias ricano têm apontado para uma cada vez
importadas de países norte-americanos maior desestabilização social. A avaliação
ou europeus para a realidade latino-ame- dessas práticas e a forma como as psico-
ricana, o qual tinha como função o for- logias de Skinner e Martín-Baró poderiam
talecimento das estruturas opressivas, dialogar em prol da América Latina serão
de forma direta ou indireta, ao focalizar discutidas mais adiante.

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LIBERTAÇÃO E MANUTENÇÃO DA de vida é condição para que o reforço libe-


CULTURA EM CONTEXTO LATINO- rado pelos dominadores da cultura seja de
-AMERICANO menor custo e em menor frequência, ainda
que isso gere o padecimento dessas pesso-
Para compreender de que modo a AC as e algumas eventuais respostas que des-
poderia contribuir, conjuntamente com favoreceriam inclusive suas próprias práti-
a Psicologia da Libertação (PL), para con- cas, como a violência e a estagnação.
duzir modificações sociais relevantes para
a América Latina, se faz necessário anali- Além disso, a coerção teria papel
sar, sob as prerrogativas daquela ciência, a fundamental na manutenção do status
descrição empreendida por esta, acerca do social que se apresenta. Conforme estabe-
contexto no qual ocorreria tal intervenção. lece Sidman (1989), o controle coercitivo
é todo aquele realizado mediante a utili-
Martín-Baró (1996, 2009) aponta, de zação de punição ou ameaça de punição.
modo geral, que a realidade latino-ameri- Nesse sentido, os sujeitos se comportam a
cana se mostra como marcadamente desi- fim de não perder os reforçadores, muitas
gual, na qual a maioria da população está vezes escassos, que têm acesso. A ameaça
privada de meio dignos de sobrevivência e da perda do emprego, da moradia, de pri-
apresenta-se aparentemente pouco moti- vilégios ou mesmo, em alguns casos, do
vada a modificar o quadro em que se en- direito à vida e à liberdade, muitas vezes
contra, em função daquilo que esse autor tolhido sob a justificativa da transgressão
denominou fatalismo, que é decorrente das da lei que, na prática, impossibilita o su-
relações de dominação e violência susten- jeito de viver dignamente, podem funcio-
tadas por minorias mais favorecidas, seja nar como controle aversivo do comporta-
economicamente ou politicamente, por re- mento das massas.
gimes políticos autoritários. Isso se dá por
meio daquilo que o Martín-Baró (1998) Sidman (1989) aponta ainda que o
chamou de práticas alienantes, que são controle aversivo acaba por reduzir a gama
mantidas por uma concepção científica in- de comportamentos emitidos pelos sujeitos,
ternalista e psicologizante, que atribui ao uma vez que somente a punição, ou ame-
próprio sujeito e suas características pes- aça de sua utilização, não ensina o modo
soais a causa de sua miséria. correto que o indivíduo possa responder
ao ambiente de modo a obter ou manter
A partir do modelo de seleção pelas
suas fontes de reforçamento. Assim, é co-
consequências, poder-se-ia dizer que essas
mum que os sujeitos inseridos nessa mas-
minorias privilegiadas, detentoras da maior
sa dominada se comportem de modo este-
parte dos recursos materiais que possibi- reotipado e não ensaiem outras formas de
litam a produção dos meios de vida, tais se comportar diante das condições que se
como alimentação, moradia e trabalho, atu- apresentam.
am produzindo prioritariamente reforçado-
res a curto prazo, que se constituem como Isso constituiria parte daquilo que
Bens Pessoais – no sentido da ética em Martín-Baró (1998) conceituou como Fata-
Skinner (1972) – e condicionando as pos- lismo. Este é definido enquanto uma pers-
sibilidades de se comportar da maioria da pectiva acerca do mundo, do entorno e nas
população para produzir Bens de Outros, relações permeada pela compreensão de
destinados a reforçar as respostas emiti- que o destino humano está previamente
das pelas minorias, a despeito das possí- determinado, de modo que os eventos ocor-
veis consequências a longo prazo. Logo, a rem de maneira inevitável; os indivíduos
privação da maior parte dos meios básicos formulam leis, justificativas e modelos ex-

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plicativos com vistas a dar conta de uma sua boa sorte como resultado de
realidade aparentemente imutável, apesar um sistema que explora as pesso-
dos incontáveis esforços empreendidos as menos privilegiadas e que cria a
com a intenção de transformá-la (Ximenes pobreza e a infelicidade. (...) E é es-
& Cidade, 2016). pecialmente importante para os que
‘estão por cima’, convencer aos que
A ausência de um exame dos fenôme- estão em posições inferiores que
nos sociais dentro de um contexto históri- eles próprios são os culpados das
co-cultural permite que a responsabilidade suas dificuldades. (p. 323)
pelas situações desfavoráveis da vida seja
deslocada, tornando os indivíduos respon-
sáveis pelos eventos vivenciados por si pró-
Diante disso, a PL apresenta iniciati-
prios, seja por se perceberem incapazes
vas urgentes para reverter o quadro social
de superar as dificuldades do cotidiano ou
na América Latina. Segundo Martín-Baró
mesmo pela promessa de redenção espiri-
(2009), como mencionado, seriam elas: A
tual, tendo em vista a vontade divina que
recuperação da memória histórica dos po-
estabelece uma ordem fixa e, portanto, se
vos, uma vez que, em busca dos meios de
apresenta como responsável pelo desti-
sobrevivência no presente, a população
no desses indivíduos (Ximenes & Cidade,
permanece focada em sua condição atual
2016).
e desconsidera outras formas de compor-
Em termos comportamentais, poderí- tar que tenham ocorrido no passado e as
amos dizer que o fatalismo, como ocorre em perspectivas de mudanças futuras; deside-
Martín-Baró (1998), poderia se constituir a ologização do senso comum e da experiên-
partir dessa redução do repertório compor- cia cotidiana que, em outras palavras, seria
tamental em função do uso indiscriminado incentivar um olhar crítico sobre a realida-
da coerção, associado ao controle do com- de e as relações causais que a permeiam;
portamento verbal dos indivíduos por uma e a potencialização das virtudes populares,
comunidade que reforça uma descrição que se referiria a reforçar aquelas práticas
verbal distorcida das contingências, que positivas de uma população que emergem
afirma que os estados de pobreza e imobili- com base no contato com a própria realida-
dade social vivenciados por esses indivídu- de objetiva, a despeito da ideologia imposta
os são produtos de causas internas como pelas classes dominantes.
a preguiça e a incapacidade; ou externas,
como o destino, a sorte ou a vontade di- Apesar da distinção terminológica,
vina. Isso faria com que essas populações essas medidas são igualmente relevantes
não apresentassem os meios ou a motiva- se consideradas no contexto da prática da
ção necessária para a mudança social. AC. Ao psicólogo comportamental poderia
então caber: analisar em conjunto com
Sobre isso, Holland (1979) afirma que
aquela população as consequências a cur-
As causas internas servem como to e longo prazo de suas práticas atuais,
justificativa para aqueles que tiram além de reforçar a emissão de comporta-
proveito da desigualdade. Aos po- mentos que eram adaptativos no passado,
bres é reservado um conjunto espe- antes da instauração do controle coerci-
cial de causas internas. Diz-se que tivo empreendido pelas classes dominan-
eles são preguiçosos, sem ambição, tes – em paralelo à recuperação da me-
sem talento. Aqueles que extraem mória histórica dos povos; discriminar/
o máximo de nosso sistema social identificar contingências que controlam o
podem considerar punitivo encarar comportamento das massas e dos domi-

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nadores, eliminando explicações de ordem CONSIDERAÇÕES FINAIS


internalista que desfavoreçam o controle
dos comportamentos pelas suas consequ- Considera-se que o presente trabalho,
ências objetivas, promovendo autoconhe- a despeito das possíveis limitações, alcan-
cimento e, por conseguinte, autocontrole e çou seu objetivo primordial de estabelecer
autonomia por parte da população (Hanna um diálogo entre as concepções de Martín-
& Ribeiro, 2005) – em paralelo a deside- -Baró e de Skinner. Apesar de tratarem-se
ologização do senso comum; e a reforçar de pontos de vista aparentemente conflitan-
comportamentos que antes eram adaptati- tes, a análise realizada permitiu encontrar
vos à contingências nas quais a população semelhanças proveitosas entre eles. Em
estava inserida, mas que foram colocados ambas as propostas, uma prática adaptada
em extinção pelas agências de controle ao contexto dos sujeitos se mostra funda-
(Skinner, 1984) da classe dominante em mental. Além disso, a dimensão ética en-
nome da produção de bens em seu próprio contra convergência entre esses teóricos,
benefício, a despeito dos prováveis aversi- uma vez que a transformação social, me-
vos gerados por essa prática, tais como a diante a promoção de comportamentos que
privação de meios básicos de sobrevivên- se apresentem como mais adaptativos às
cia, como anteriormente mencionado – em suas verdadeiras contingências geradoras,
paralelo à potencialização das virtudes po- parece ser um ponto em comum, ainda que
pulares. descrita em termos distintos.

Em vista disso, enfatiza-se ainda as


Na medida em que tais práticas, por
consequências importantes de promover
estarem comprometidas com a transfor-
uma aproximação entre a Psicologia da Li-
mação social e emancipação dos povos,
bertação e a Análise do Comportamento,
promovendo autonomia mediante o auto- especialmente no que tange ao trabalho do
controle; naturalmente, correspondem a psicólogo do ponto de vista ético, pois, como
uma conduta ética para Martín-Baró e na enfatiza o próprio Martín-Baró (1996), atu-
medida que promovem a emissão de com- ar de forma eticamente comprometida sig-
portamentos adaptados às contingências nifica fixar um objetivo para o fazer profis-
e que geram, além de Bens Pessoais e sional, estando ciente de quem se beneficia
Bens para Outros, Bens Culturais, uma desta atuação, bem como das consequên-
vez que favoreceriam um modo de se com- cias que não se podem ser observadas no
portar que promoveria a redução da vio- presente, das implicações históricas desta
lência, da pobreza e do adoecimento em atividade. Deste modo, a integração de di-
função da utilização demasiada do con- ferentes perspectivas possibilita a amplia-
ção da sua compreensão da realidade, bem
trole aversivo, atendem a proposta ética
como permite um movimento reflexivo acer-
de Skinner.
ca de seu fazer ético enquanto profissional.
Assim, é possível notar uma profícua
interlocução entre esses autores, logo que
as proposições da PL constituem um pos- REFERÊNCIAS
sível valor secundário a ser utilizado como
diretriz do trabalho do psicólogo comporta- Abib, J. A. D. (2001). Teoria moral de Skin-
mental que trabalha no sentindo de promo- ner e desenvolvimento humano. Psicolo-
gia: reflexão e crítica, 14(1), 107-117.
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instância, a qualidade de vida e sobrevivên- Andery, M. A. P. A., & Sério, T. M. A. P.
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afinal, a velha contingência de reforça- Holland, J. G. (1979). Comportamentalis-


mento é insuficiente. Sobre comportamen- mo - parte do problema ou parte da solu-
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RECEBIDO EM: 24/08/2016

APROVADO EM: 06/09/2016

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