Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROCESSO ELETRÔNICO
2
Dentre os aspectos de melhoria contínua do processo civil, que estão em
cristalina conformidade com a legislação que instituiu o processo eletrônico,
podemos citar: maior oralidade, existência de súmulas vinculantes, diminuição dos
tipos de recursos processuais e, por fim, realização dos atos processuais de forma
eletrônica.
Após a distribuição da ação, o primeiro passo é a digitalização de
documentos que porventura não sejam digitais, com posterior emissão de recibo
eletrônico, tudo em praticamente um único ato, fazendo com que o processo seja
mais econômico, com custo-benefício mais interessante e permeado de
transparência.
O processo eletrônico que tramita na esfera civil apresenta aspectos e
formas já traduzidos em procedimentos; ou seja, com o advento do processo
eletrônico, tais rotinas passam a ser realizadas diretamente nos autos digitais.
Recebida e processada a petição de ingresso, salvo a citação inicial que
será pessoal, as demais intimações, citações e notificações devem estar no
formato eletrônica. Quando da apresentação da contestação, também haverá
certificação nos autos, com posterior notificação da parte autora quando da
ocorrência do ato.
Assim, o início da contagem de prazos se dará no dia útil subsequente ao
dia da publicação; ou seja, se o ato processual foi publicado em uma quarta-feira,
o início da contagem do prazo fatal será na quinta-feira.
Veja que esse procedimento afasta frontalmente a necessidade de se
certificar, nos autos, o início e fim da contagem dos prazos, posto que ocorrem de
forma automática, diretamente no sistema de peticionamento eletrônico.
Importante destacar a necessidade de que os cartórios mantenham
equipamentos hábeis a realizar a digitalização das petições e dos documentos, a
fim de que sejam transformados para formato adequado e compatível com o
processo eletrônico.
Quando a matéria decorrente do litígio envolve direito de família, guarda de
filhos, pensão, e quando for necessário que o processo tramite em sigilo, o
sistema gerará uma chave de acesso, com a qual será possível acessar a
integralidade dos autos.
Desenvolvido o processo eletrônico de forma válida e regular, não sendo
hipótese meramente de prova documental, comportando a instrução regular
probatória, haverá designação de audiência oitiva das partes e das testemunhas,
3
permitindo assim a produção da prova oral necessária para o deslinde do feito,
sendo certo que todos os incidentes porventura ocorridos, serão devidamente
certificados nos autos digitais.
Nesse sentido, o entendimento de Abrão (2017, p. 56):
4
TEMA 2 – PROCESSO ELETRÔNICO NO JUIZADO ESPECIAL
5
Independentemente do formato escolhido pela parte, seja oral ou escrito,
após a apresentação do pedido, ele será devidamente transposto para o sistema
de peticionamento eletrônico, inclusive no que diz respeito aos documentos
porventura integrantes do pleito, como notas fiscais, correspondências, contratos
ou quaisquer outros documentos necessários.
Uma vez distribuído, o processo será objeto de expedição de citação para
a parte requerida, para comparecer em audiência conciliatória e, caso queira,
apresentar sua defesa, salvo se realizada conciliação, conforme sabidamente
acrescenta Abrão (2017, p. 71):
6
TEMA 3 – PROCESSO ELETRÔNICO TRABALHISTA
7
Verifica-se assim que a interposição de recurso, a distribuição nas Turmas
do Tribunal Regional, bem como a divulgação dos votos componentes do acórdão,
todos passam a ser realizados eletronicamente, através da plataforma de
peticionamento eletrônico.
Tem-se, ainda, que o processo eletrônico também incorporará regras,
princípios e pressupostos que atenderão aos conflitos de interesse,
principalmente quando houver interesse coletivo na demanda, possibilitando a
sistematização do acesso igualitários a todos os integrantes da disputa judicial.
Novamente, vejamos os ensinamentos de Abrão (2017, p. 64), no que
tange à ocorrência de processo de falência, ao qual o processo trabalhista
encontra-se vinculado:
8
Apesar dessa necessidade, é sabido que nem sempre identificamos esse
tipo de atuação pelo judiciário criminal, posto que inúmeros acusados ficam anos
aguardando a decretação de sua pena, e mais tempo ainda aguardando um
julgamento, quiçá a apreciação de um pedido de liberdade.
Outro aspecto interessante é justamente a dificuldade para introduzir
modificações na estrutura do processo criminal, talvez por ele estar tão
cristalizado em nossa sociedade da forma como construído.
Por outro lado, podemos identificar avanços nessas questões, como por
exemplo a possibilidade da videoconferência para a realização de interrogatório
do acusado, bem como das vítimas, conforme preconizado no art. 185, parágrafo
2º do Código de Processo Penal brasileiro (Brasil, 1941, grifo nosso):
10
Assim, é possível afirmar que não basta apenas a existência do processo
penal, posto que aquilo que realmente importa é a sua eficiência no cumprimento
das penalidades aplicadas aos réus, haja vista tratar-se de medida punitiva das
mais importantes, dada a sua natureza.
Constata-se dessa forma que o processo penal eletrônico é sem dúvidas
uma importante ferramenta na busca por efetividade, instrumentalidade e
celeridade processual, de todas as partes atuantes no procedimento penal.
Nas palavras de Abrão (2017, p. 66), outro aspecto importante diz respeito
ao princípio da inocência. Vejamos:
11
pode sofrer drásticos impactos no caso de sua existência chegar ao conhecimento
do réu.
Portanto, é possível, com o processo eletrônico, que toda a fase
investigatória seja realizada nos autos digitais, em segredo de justiça, até a fase
em que necessariamente haja necessidade de participação e atuação da parte
requerida, sem interferência no processo investigatório, possibilitando dessa
forma a concentração de todos os atos decorrentes do processo em um único
ambiente.
Constata-se assim que a própria investigação criminal, realizada no formato
eletrônico, deve assegurar meios para que o Ministério Público tenha elementos
suficientes quando do oferecimento da denúncia.
A questão de se ter elementos suficientes para o oferecimento da denúncia
até parece lógica quando tratamos de um único réu; porém, se imaginamos um
caso de lavagem de dinheiro, existem dezenas de investigados, com outras
dezenas de possíveis cúmplices, milhares de documentos, planilhas, extratos
bancários, declarações, correspondências.
Veja que o Ministério Público, para oferecer a denúncia, deverá ter acesso
a todos esses elementos, sobre os quais a guarda de forma eletrônica se traduz
de forma muito mais eficiente do que no antigo formato físico. Nesse sentido,
Abrão destaca:
12
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido,
serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos,
respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10
(dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. (Brasil, 1941)
13
TEMA 5 – PENHORA ON-LINE E BACEN-JUD
14
Independentemente da forma utilizada, concomitantemente à realização do
bloqueio, de valores ou bens, ocorre a inclusão no devedor no Cadastro de
Devedores.
Outra ferramenta utilizada para assegurar o cumprimento da execução é a
certidão de indisponibilidade, na qual fica registrada, por exemplo, na matrícula
de um imóvel, que ele se encontra indisponível para qualquer ato jurídico,
conforme decisão proferida em determinados autos processuais, conforme
previsto no art. 828 do Código de Processo Civil.
Importante destacar que todos esses comandos são realizados
exclusivamente na via digital, não sendo necessária a realização desses atos
pessoal ou fisicamente, o que por si só é suficiente para demonstrar a agilidade e
eficiência que as ferramentas decorrentes da modernização do judiciário e do
processo eletrônico promovem para garantir meios para a execução de débitos.
15
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.
16