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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

DEPARTAMENTO DE LÍNGUA E LITERATURA VERNÁCULAS

Aspectos verbais no português e no inglês: comparação entre diferenças e


equivalências

Bianca Maia Mello da Silva1

1. RESUMO

O objetivo do presente artigo é comparar a quantidade existente e a diferença


entre os aspectos verbais no português brasileiro e na língua inglesa, e por fim concluir
de qual maneira a cultura influencia na quantidade de aspectos e nas diferenças no
significado aspectual em cada língua.

Palavras-chave: aspectos, português e inglês.

2. INTRODUÇÃO

Dentro de cada língua há uma quantidade de aspectos que acabam por refletir a
cultura de seus falantes, e que podem variar conforme o que é dito e como aquilo é dito
na frase, e por vezes é pelas diferenças aspectuais que falantes estrangeiros tem tanta
dificuldade em aprender novas línguas ou medo de fala-las (EL-DASH, 2005).

Tendo isso em mente, uma comparação entre a quantidade e a diferença de


aspectos verbais em duas diferentes línguas pode vir a ser pertinente a um novo falante
que já encontrou dificuldades anteriormente.

Os aspectos verbais, tanto no português quanto no inglês, são exprimidos com


outras características, que vão muito além de apenas o tempo verbal, como os próximos
tópicos irão explorar.

1
Graduanda de Letras Português e literaturas na Universidade Federal de Santa Catarina,
bia.mello12@hotmail.com
3. IMPORTANTES DISTINÇÕES

“É muito difícil conceituar [...] a categoria de Aspecto sem que se coloque a


questão de identifica-la ou distingui-la de uma outra suposta categoria” (COSTA, 1997).

Tendo essa citação em mente, algumas distinções são importantes para que
antes de que se fale diretamente em aspecto verbal, o leitor saiba distingui-lo de demais
categorias que o cercam, por serem próximas de seu significado ou por terem mais
conceitos que podem sem importantes quando se fala em aspecto verbal.

“As formas do verbo, em português, exprimem simultaneamente tempo, modo


e aspecto” (ILARI, 2001). É para realizar essas distinções tão importantes e que podem
ter um impacto tão grande nos diferentes aspectos verbais que o ponto 3 foi criado.

Por fim, vale acrescentar que o aspecto verbal tem em torno de seu significado
mais do que um tempo verbal ou modo pode dizer, pois não se pode classificar um
aspecto verbal olhando apenas para o verbo. O contexto que o envolve é tão importante
quanto, se não mais.

3.1 TEMPO VERBAL x ASPECTO VERBAL

“O aspecto expressa a natureza interna de uma ação” enquanto que o tempo


“move-se e flui só numa direção, portanto é unidirecional.” (FOSSILE, 2012). Segundo
essa constatação, pode-se afirmar que um tempo verbal é apenas ele mesmo, sempre e
em todos os verbos, e um aspecto verbal pode ser indicado por mais de um tempo
verbal, e um mesmo tempo verbal pode exprimir mais de um aspecto.
Por exemplo, nas frases “À noite, João arrumou as malas” e “A criança
adormeceu às 07:00” as duas estão com verbos no pretérito perfeito, mas exprimem
aspectos verbais diferentes. Um é pontual e o outro é inceptivo, respectivamente.
Isso se dá pois “a interpretação aspectual de qualquer frase sofre o efeito de
outros fatores: a flexão, a presença de certos auxiliares, a quantificação do sujeito e dos
complementos e a natureza da ação descrita” (ILARI, 2001).
O tempo verbal é apenas uma das características que são importantes de se
observar quando se fala de classificação do tipo aspectual que a frase exprime.
3.2 EVENTO TÉLICO x EVENTO ATÉLICO

Como dito anteriormente por Ilari (2001), a natureza dos verbos influencia no
seu aspecto verbal, portanto o fato de o evento ser télico ou átelico é importante para a
classificação do tipo de aspecto que o verbo está exprimindo no contexto que foi dito.
A diferença entre evento télico e atélico é simples: atélicos são eventos que tem
noção de prolongados e que não leva necessariamente a um final e télicos são eventos
breves e pontuais, que levam necessariamente a um final.
Por exemplo, os verbos dormir e adormecer são télico e atélico,
respectivamente, e aplicados a frases, como “Ele dormiu” e “ele adormeceu as 7:00” se
fazem de aspectos verbais diferentes, sendo um pontual e o outro inceptivo, pois as
noções que eles passam são que um é mais breve e o outro mais alongado, e o contexto
da segunda frase insere o leitor/ ouvinte no início do evento expresso pelo verbo.

3.3 EVENTO REAL x EVENTO HIPOTÉTICO

Os modos verbais, como dito por Hilari (2001), também podem fazer diferença
na hora de classificar o aspecto verbal, conforme a situação. No português brasileiro
temos 3 tipos de modos verbais: o indicativo, o subjuntivo e o imperativo, mas
considerando que o ultimo exprime apenas ordens, pedidos ou conselhos, o foco da
importância pros aspectos fica nos dois primeiros.
O indicativo é o modo verbal que exprime um evento real, que acontece ou já
aconteceu de verdade, e o indicativo é o modo verbal que serve para indicar cenários
hipotéticos, e levando em consideração que sempre que se fala em futuro, o ouvinte
entende que é uma situação que ainda não aconteceu, todo futuro, por mais próximo que
esteja de acontecer, é hipotético.
Por exemplo, no português, um falante nativo diria “Eu estava viajando para a
Europa” e “Eu viajei para a Europa”. Um expressa um evento que já aconteceu, mas que
está no aspecto verbal cursivo, e o outro é um evento hipotético, que está no aspecto
verbal não começado.

4. QUANTIDADE
4.1 PORTUGUÊS BRASILEIRO
Atualmente, no português brasileiro, temos uma quantidade de aspectos verbais
difícil de ser definida. Considerando o capítulo ‘aspecto’ do livro Introdução a
semântica: brincando com a gramática, de Rodolfo Ilari (2001), seriam 5 aspectos
principais (considerando que a obra é um livro de introdução): pontual e resultativo, que
fazem parte do aspecto perfectivo, e inceptivo, cursivo e terminativo, que são sub-
aspectos do aspecto imperfectivo.
A definição da quantidade aspectual muda sutilmente no segundo capítulo do
livro ‘Cognição, léxico e linguagem’, de Dieysa Kanyela Fossile (2012), que define
treze tipos diferentes de aspectos verbais, que são:

(i) aspecto perfectivo; (ii) aspecto imperfectivo; (iii) aspecto durativo;


(iv) aspecto indeterminado; (v) aspecto iterativo; (vi) aspecto habitual;
(vii) aspecto pontual; (viii) aspecto não começado; (ix) aspecto não
acabado ou começado; (x) aspecto acabado; (xi) aspecto inceptivo;
(xii) aspecto cursivo e (xiii) aspecto terminativo.

Para que as conclusões sejam as mais específicas e precisas quanto é possível,


usaremos a quantidade aspectual definida por Fossile (2012), com os treze aspectos
verbais no português, e os significaremos a seguir.

4.1.1 SIGNIFICAÇÕES

As significações dos aspectos verbais serão importantes para o ponto 4.


Diferenças, onde haverá uma comparação mais direta entre os tipos de aspectos verbais,
portanto é importante defini-las

(i) aspecto perfectivo;


(ii) aspecto imperfectivo;
(iii) aspecto durativo;
(iv) aspecto indeterminado;
(v) aspecto iterativo;
(vi) aspecto habitual;
(vii) aspecto pontual;
(viii) aspecto não começado;
(ix) aspecto não acabado ou começado;
(x) aspecto acabado;
(xi) aspecto inceptivo;
(xii) aspecto cursivo;
(xiii) aspecto terminativo.

O aspecto perfectivo (i) é “aquele em que a situação é apresentada por


completo, ou seja, em sua totalidade, como um todo único e indivisível, com começo,
meio e fim englobados num todo.” (FOSSILE, 2012). Portanto o aspecto perfectivo é o
aspecto que é visto de fora e de cima, como numa história.
Ex.: “Ana leu o livro.”
De maneira geral, pode-se encarar o perfectivo como um aspecto que não tem
marcações de subdivisões em seu verbo.
O aspecto imperfectivo (ii) é “Aquele em que a situação é apresentada como
incompleta, ou seja, não se tem o todo da situação, e por conta disso, essa se apresenta,
geralmente, em uma de suas fases de desenvolvimento.” (FOSSILE, 2012) É como se a
situação que o verbo descreve fosse exprimida de um ponto específico ao qual o verbo
se refere, não focando em um todo. É como um fragmento de algo que não se concluiu
ainda.
Ex.: “Ele está correndo.”.
O aspecto verbal durativo (iii), que pode ainda ser chamado de progressivo é o
que indica algo em duração contínua, que ainda está acontecendo (FOSSILE, 2012).
Ex.: “Corri desde hoje de manhã.”.
O aspecto indeterminado (iv) é “o aspecto caracterizado por expressar uma
situação como apresentando duração contínua ilimitada. As situações [...] são
atemporais ou onitemporais, já que tem validade para o tempo todo.” (FOSSILE. 2012).
Um bom exemplo é “As estrelas brilham o dia todo.”.
O aspecto iterativo (v) é “caracterizado, na Lingua Portuguesa, por expressar
uma situação como apresentando duração descontínua ilimitada” (FOSSILE, 2012),
como em “Maria sempre ria quando via Marcos.”, e esse é o aspecto verbal que carrega
consigo o sentido de regularidade de repetição. Há diversas situações alheias ao verbo
que podem levar a essa noção, como as conjunções coordenativas alternativas, adjuntos
adverbiais, como “muitas vezes, algumas vezes, seguidamente, raramente, sempre”
(FOSSILE, 2012), “negação de repetição regular, [...] como: nunca, jamais, nem
sempre, etc” (FOSSILE, 2012), advérbios que terminan em -mente, e ainda mais
situações apresentadas por Fossile (2012), mas sendo as apresentadas, as principais.
O aspecto verbal habitual (vi) é definido por Fossile (2012) como
“caracterizado por expressar uma situação como apresentando duração descontínua
ilimitada.”.
Tanto o aspecto iterativo quanto o habitual tem a mesma característica
principal que ajuda a identifica-los: a repetição, portanto Fossile (2012) explica citando
o trabalho de Travaglia de 1994 “O aspecto verbal do português: a categoria e sua
expressão” que considerando que os dois expressam a mesma noção de repetição,
poderiam ser compilados em apenas um aspectos verbal, mas que isso faria com que a
ideia de duração limitada e ilimitada fosse desconsiderada.
Portanto, um bom exemplo para o aspecto verbal habitual poderia ser “eu corro
todos os dias às 06:30”, no presente do indicativo, ou “Eu viajava pro Nordeste”,
considerando que os limites temporais delimitados pelo verbo ficam em aberto.
O aspecto verbal pontual (vii) é o aspecto que pode ser explicado como um
ponto, um momento que foi marcado, que não tem uma duração que fica explicita no
verbo. Segundo apontado por Fossile (2012), há duas situações com o aspecto pontual
no presente do indicativo, e uma outra no pretérito perfeito.
Na primeira situação do presente do indicativo, o chamado presente
momentâneo, “o aspecto pontual [...] acontece apenas com verbos de evento”. É quando
o momento da enunciação é o mesmo do evento referido, como por exemplo: “as visitas
saem pois não tem comida.”. No segundo caso envolvendo o presente do indicativo, o
chamado presente histórico, é o que é narrado como uma situação simultânea, mas que o
senso comum sabe que não está no presente, mesmo o tempo verbal sendo esse, como
em “A corte portuguesa chega ao Brasil em 1808.”. No que é descrito pelo pretérito
perfeito, o que é expresso pode ser uma situação pontual, como em “Encontrei seus
brincos hoje.”.
O aspecto verbal não começado (viii) é o que é caracterizado por uma situação
irrealis, que ainda não se iniciou, mas que se situa logo antes de iniciar, portanto está
quase acontecendo. Um bom exemplo pode ser a frase “Eu estou para sair de casa.”,
pois expressa perfeitamente a ideia da quase realização.
O aspecto verbal não acabado ou começado (ix) é aquele que “é caracterizado
por expressar uma situação que se apresenta em curso, isto é, localiza-se na zona medial
do seu desenvolvimento, isto é, depois do seu momento de início e antes do seu
momento de término” (FOSSILE, 2012). Levando em consideração essa definição, ela
remete bastante as definições dos aspectos cursivo e durativo, sendo que todos eles
tratam de eventos pós-início e pré-termino. Um exemplo que expressa essa definição
seria “Ele continua cantando.”.
O aspecto verbal acabado (x) “é o aspecto caracterizado por expressar uma
situação que se apresenta como terminada, concluída, acabada, pois a situação depois do
seu momento de termino. Geralmente, essa ideia de situação acabada surge sob a forma
de conclusão.” (FOSSILE, 2012). A definição se mostra bastante similar ao aspecto
perfectivo, que também só se refere a acontecimentos completa e definitivamente
concluídas. Um exemplo possível para o aspecto acabado é a frase “Lucas Leu a carta.”.
O aspecto verbal inceptivo (xi) é “o aspecto caracterizado por expressar uma
situação que se apresenta em seu ponto de início ou em seus primeiros momentos”
(FOSSILE, 2012). Pode ainda representar a passagem de um evento para outro, pois os
verbos que refletem o começo de uma ação geralmente tem em si os sufixos -ecer ou -
escer, sendo sobretudo, um momento expresso pelo verbo que destaca os momentos
iniciais, seja do evento começado ou da mudança de estado, e por vezes essa noção de
começo pode ainda depender de um verbo auxiliar, como na frase “Começou a
amanhecer agora.”.
O aspecto verbal cursivo (xii) é, segundo Fossile (2012)
o aspecto caracterizado, na língua portuguesa, por expressar
cursividade. Esclarecemos que cursividade é uma noção aspectual
predominante em situações que se apresentam em desenvolvimento
pleno, isto é, tendo ultrapassado seus momentos iniciais e ainda não
tendo alcançado os seus momentos finais. Ou melhor, tem-se aspecto
cursivo quando a situação se apresenta na fase do meio de seu
desenvolvimento.
É salientado ainda que o aspecto cursivo pode ser um estado, e por verbos
estáticos, e pelos verbos no gerúndio, visto que a grande maioria dos verbos no
gerúndio expressam aspecto verbal cursivo.
O aspecto verbal terminativo (xiii) é “compreendido como aquele que
caracteriza uma situação que se apresenta em seus últimos momentos ou em seu
momento de término.” (FOSSILE, 2012), e a maneira de expressar esse aspecto
geralmente usa de auxiliares como “acabar de/por, cessar de, deixar de, terminar de +
infinitivo.” ([Castilho, 2010] FOSSILE, 2012). Um bom exemplo desse ultimo aspecto
pode ser “O mecânico vai terminar de consertar o carro agora.”.

4.2 INGLÊS

No inglês, a questão de aspecto é levemente diferente, é definida por El-Dash (2005)


como “A questão de aspecto é diferente em inglês. Nessa língua, o sistema aspectual é
primordial, mas o sistema de imperfeitividade/ perfeitividade (segundo sistema de
Friedrich é irrelevante.”

Segundo El-Dash (2005), existem menos aspectos verbais no inglês, pois esses
aspectos expressam

O aspecto progressive é o aspecto que “apresentam ações vistas como em


progresso e, por isso, temporárias.” (EL-DASH 2005), que em sua forma canônica
definida pela gramática, é tradicionalmente marcada por be + o final -ing, que pode ser
equivalente ao verbo auxiliar ‘estar’ + verbo no gerúndio. Esse aspecto pode ser visto
em tempos passados, presentes e futuros.

Como exemplo do aspecto progressive no past perfect tense (forma passada),


pode-se dizer “I was going”, no present tense (forma presente), “I am going” e no
future tense (forma futura) “I will be going”.

O aspecto perfect são os verbos que são “são usados para fazer referência a
estados delimitados.” (EL-DASH 2005), portanto, apresenta verbos que estão
usualmente no passado formado com has, have ou had, e ainda essa construção deve
conter um verbo no perfect, seja ele presente perfect (se ele se refere à atualmente), seja
ele past perfect (se ele se refere a algo já passado), pois “Todos os verbos num perfect
tense se referem a estados.” (EL-DASH 2005).

O tempo dos perfect tenses é sempre bem marcado, com duração ou quando
o estado se iniciou com clareza. Não há nada igual no português, pois no português
dizer he read the book e he has read the book se traduz da mesma maneira: Ele leu o
livro, mas no inglês o primeiro indica a tradução normal e o segundo indica o estado de
ter lido o livro, que é um estado resultante da ação de ter lido.
Esse aspecto também pode ser expresso nos 3 tempos verbais do perfect tense,
por exemplo, no past perfect: “I had read it.”, no presente perfect: “I have read it.” e
por fim no future perfetc: “I will read it.”.

O outro aspecto tratado ao longo do artigo de El-Dash (2012) é o aspecto


Perfect Progressive, que funciona como uma junção do aspecto perfect com o aspecto
progressive, que serve para se referir ao fragmento completo de uma ação contínua,
como em “I had been reading all day”, onde se tem a partícula [had/have/has] + verbo -
ing.

Um bom exemplo é “He had been taking pictures since 10:00 am”, mas vale
ressaltar que, como é dito no artigo mexer com os diferentes tempos verbais nesse
aspecto é bastante confuso e muito, muito difícil para os não falantes nativos do inglês,
por ser uma construção já difícil no inglês, pois o enfoque da ação que se trona estado
vai mudando conforme o tempo em que o verbo está.

Esses são os aspectos salientados por El-Dash (2012), mas algumas fontes
apontam ainda mais um tipo de aspecto verbal no inglês: o simple aspect, que tem
relação com ações completas que já aconteceram (no simple past), hábitos, situações
constantes, verdades, etc (quando no simple present) e ações que com certeza
acontecerão no futuro (no simple future), portanto, de maneira resumida, é usado pra
ações únicas, estado permanente ou situações constantes.

Um bom exemplo para o simple aspect no simple past é “I walked to the mall”,
que fala apenas de um acontecimento isolado no passado que já se concretizou. No
simple present do simple aspect “I walk to school every day”, que retrata um
hábito/situação constante, e no simple future do simple aspect, um bom exemplo pode
conter tanto will quanto shall “I will walk to school tomorrow” ou “I shall walk to
school tomorrow”.

5. DIFERENÇAS

Aspecto em português Aspecto em inglês


aspecto perfectivo simple past no simple aspect
Aspecto imperfectivo Não tem equivalente
Aspecto durativo Progressive aspect
Aspecto indeterminado Não tem equivalente
Aspecto iterativo Não tem equivalente
Aspecto habitual Simple presente no simple aspect
Aspecto pontual Simple aspect
Aspecto não começado Simple future no simple aspect
Aspecto não-acabado ou começado Simple aspect
Aspecto acabado Simple past no simple aspect
Aspecto inceptivo Progressive aspect ou simple aspect
Aspecto cursivo Progressive aspect ou simple aspect
Aspecto terminativo Progressive aspect ou simple aspect
Não tem equivalente Perfect aspect
Não tem equivalente Perfect progressive aspect

Após analisar o que cada aspecto carrega de significação, pode-se perceber que
os aspectos no português e no inglês não tem muito em comum. O que se vê acima é
uma tabela que compara as equivalências entre os aspectos em cada língua, e há
algumas que não tem equivalência nos aspectos da outra língua, como o perfect aspect e
o perfect progressive aspect, juntamente com o aspecto imperfectivo, o indeterminado e
o iterativo.

Os aspectos perfectivo e simple past no simple aspect são equivalentes pois o


perfectivo é o aspecto que reflete o ações que já foram concluídas, e o simple past no
simple aspect reflete uma ação completa que já foi finalizada.

Nos aspectos durativo e progressive aspect, ambos carregam a noção de ação


ou estado, que são ações vistas como em progresso, como um aspecto que exprime
duração de tempo.

O aspecto habitual e o simple presente no simple aspect podem ser


considerados equivalentes pois o aspecto habitual expressa hábitos e repetições com
duração ilimitada, e o simple aspect é o que expressa hábitos e repetições no inglês.

O aspecto pontual e o simple aspect podem ser equivalentes pois o pontual


carrega consigo o sentido de não ter uma duração expressiva, ou situação momentânea e
o simple aspect trata de situações pode ter também um significado parecido quando está
no simple past e trata de uma ação que já se realizou e que não necessariamente carrega
uma noção de tempo.

O aspecto não começado e o simple future tem basicamente a mesma


significação: ambos tratam de situações que ainda não aconteceram, mas vão num
futuro próximo.

Com os aspecto não acabado ou começado e o simple aspect, se tem uma


semelhança pois no simple aspect tem o seu tempo presente, e nele são ditos verbos que
expressam ações começadas e não terminadas, mas em questão de significação não tem
nada que os faça próximos.

Com os aspecto acabado e simple past no simple aspect, ambos exprimem


situações que já tiveram seu fim marcado na frase.

Com os aspectos inceptivo, cursivo e terminativo, a semelhança se da com os


aspectos progressive e simple, pois todos tratam de verbos que exprimem o sentido de
não terem sido acabados, cada um com suas especificidades, portanto até se pode
considera-los equivalentes, mas sempre tomando o cuidado ressaltar as peculiaridades
com que cada um expressa uma ação não acabada.

6. CONCLUSÃO

Primeiramente, algo que vale ser salientado é que a quantidade de aspectos em


cada uma das línguas que foi objeto de estudo é bastante desigual. O português, com
seus treze aspectos considerados e o inglês com quatro.
Algo que também precisa ser dito é sobre o impacto que a cultura exerce sobre
a linguagem, e como isso pode ser facilmente percebido, pois o inglês é conhecido por
ser consideravelmente mais econômico, com menos palavras que carregam consigo
mais significados, e o português, que tem diversas palavras que são sinônimas entre si e
mais conjugações de verbos, etc.
Por fim, vale dizer que de maneira geral, os aspectos no português e no inglês
carregam entre si significações parecidas, por mais que a quantidade seja por demasiado
diferente.

7. REFERÊNCIAS
EL-DASH, Linda Gentry. A QUESTÃO DE ASPECTO NOS TEMPOS VERBAIS EM
INGLÊS. 2005. Disponível em:
<https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8639404/6998>.
Acesso em: 15 dez. 2019.
______________; BUSNARDO, Joanne. Tempos verbais em ingles e
portugues: escolhas pragmáticas a partir de aspectos semânticos. 2002. Disponível
em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8639352/6946>.
Acesso em: 16 dez. 2019.
MOURA, Heronides; MOTA, Mailce Borges; SANTANA, Ana Paula. Cognição, léxico
e gramática. Florianopolis: Insular, 2012. 256 p.
NORDQUIST, Richard. Definition and Examples of Aspect in English
Grammar. 2019. Disponível em: <https://www.thoughtco.com/what-is-aspect-
grammar-1689140>. Acesso em: 16 dez. 2019.
ROSSAROLA, Lenir Maria; RODRIGUES, Nara Caetano. PROPOSTA DE
INTERVENÇÃO PARA O ENSINO DA LÍNGUA MATERNA: ANÁLISE LINGUÍSTICA
DE ASPECTOS VERBAIS EM ARTIGO ASSINADO. 2015. Disponível em:
<https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/pensaresemrevista/article/view/
18111/18002>. Acesso em: 15 dez. 2019.

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