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Na sintaxe da língua portuguesa, o termo colocação pronominal diz respeito ao modo como se
dispõem os pronomes clíticos (usados, principalmente, como complemento verbal) em relação aos
demais elementos de uma oração.[1] Dentre os fatores que determinam a ordem dos pronomes,
têm-se a função sintática do pronome na oração, o tempo verbal, a regência do verbo principal, a
ocorrência de advérbios e de outros pronomes na mesma oração.
Em português, distinguem-se os pronomes retos (eu, tu, ele, ela; nós, vós, eles, elas), os quais em
geral expressam o sujeito da oração, dos pronomes oblíquos (me, mim, te, ti, etc.), que indicam
uma entidade afetada pela ação descrita pelo verbo.[2] Grande parte da variação na colocação se dá
no uso dos pronomes oblíquos, sobretudo nos pronomes oblíquos átonos: me, te; se, o, a, lhe; nos,
vos. Não possuem acento próprio. São clíticos.
Usos normativos
Todas as conjugações verbais permitem próclise e, com exceção do particípio e dos tempos futuro
do presente [fará, dirá, verá] e futuro do pretérito [faria, diria, veria], permitem também ênclise.
Somente os tempos futuro do presente e futuro do pretérito permitem mesóclise.
Usos coloquiais
O português falado no Brasil é diferente do falado em Portugal quanto às preferências por posições
clíticas. No português brasileiro vernáculo, a próclise é quase absoluta, independentemente da
posição do grupo/sintagma/locução verbal (pronome e verbo) na oração. No entanto, no português
brasileiro padrão (usado em ocasiões formais, como na redação de documentos oficiais), o uso da
próclise observa as mesmas regras gramaticais do português de Portugal. Em Portugal,
dependendo da posição do grupo verbal na oração, opta-se ou não pela próclise.
As gramáticas normativas condenam o uso brasileiro de próclise em início de orações e esse uso é
ensinado no colégio como sendo proibido na escrita. Portanto, exceto quando a escrita simula a
fala (mensagens instantâneas e de celular, por exemplo), as posições clíticas da escrita no Brasil
são as mesmas do português falado em Portugal.
Lista de atrativos
1. Palavra ou expressão negativa: não, nada, nunca, ninguém, jamais, de modo algum, de
jeito nenhum, em hipótese alguma.
2. Conjunção subordinativa integrante ou adverbial: que, porque, se, quando, conforme,
embora, logo que, visto que, contanto que, a fim de que, à medida que.
3. Advérbios: aqui, já, lá, muito, talvez, sempre, realmente
4. Numeral ou pronome indefinido: ambos, alguém, tudo, outros, muitos, alguns
5. Pronome relativo: que, quem, qual, onde
6. Pronome demonstrativo: isto, isso, aquilo (Atrai o clítico facultativamente no Brasil,
podendo ocorrer também a ênclise com igual correção nesse país. Em Portugal,
pronomes demonstrativos não são catalisadores de próclise).[3][4]
7. Verbo no gerúndio precedido de palavra atrativa ou da preposição EM: Saiu da sala, não
nos dizendo as razões. / Em se plantando tudo dá. / Em se tratando de videogame, ele é
um expert.
8. Frase interrogativa, exclamativa ou optativa[1] (expressa desejo): Quem nos ajudará nos
testes? / Quanto me custa entender as razões! / Deus o ilumine!
9. Conjunção coordenativa aditiva ou alternativa: não só... mas também, não só... como
também, ou... ou, ora... ora, quer... quer, seja... seja
10. Palavra ''só'' no sentido de ''somente'', ''apenas'' = palavra denotativa de exclusão.
Formas verbais proparoxítonas não são fatores de próclise, podendo ocorrer normalmente a
ênclise pronominal.[5][6][7]
Próclise
Denomina-se próclise a colocação dos pronomes oblíquos átonos antes do verbo.
Proibição
Não deve ser usada no início de oração ou período, com uma exceção feita à licença poética.
Note que uma oração pode iniciar-se a meio de uma frase, por exemplo, depois de uma
vírgula, ponto e vírgula, dois-pontos, exclamação, interrogação ou reticências.
Nos infinitivos há uma tendência à ênclise, mas também é possível a próclise. A ênclise só é
mesmo rigor quando o pronome tem a forma o (principalmente no feminino a) e o infinitivo
vem regido da preposição a.
Existem determinadas palavras da língua que são consideradas "atrativas" aos pronomes pessoais
oblíquos átonos, pois, nos enunciados em que elas concorrem, devem ficar em posição proclítica
em relação ao verbo que complementam.
Uso
palavra negativa
pronome relativo
pronome indefinido
Ex.: Alguém te falou isso?
frases interrogativas
advérbios
orações exclamativas, bem como nas orações optativas (aquelas que expressam desejo), com
a palavra ''só'' no sentido de ''apenas'', ''somente'', com conjunções coordenativas aditivas ou
alternativas.
Caso o verbo esteja no infinitivo impessoal e ocorrer uma dessas palavras antes do verbo, o uso da
próclise ou da ênclise será facultativo.
Ênclise
Em gramática, denomina-se ênclise a colocação dos pronomes oblíquos átonos depois do verbo.
Não deve ser usada quando o verbo está no futuro do presente ou no condicional. Nesse caso
utiliza‐se a mesóclise.
Os pronomes oblíquos átonos o, a, os, as assumem as formas lo, la, los, las quando estão ligados
a verbos terminados em r, s ou z. Nesse caso, o verbo perde sua última letra e a nova forma deverá
ser reacentuada de acordo com as regras de acentuação da língua. Por exemplo:
Mesóclise
Em gramática, denomina-se mesóclise ou tmese a colocação do pronome oblíquo átono no meio
do verbo.
Utiliza-se quando o verbo está no futuro do presente ou no futuro do pretérito e não há, antes do
verbo, palavra que justifique o uso da próclise. É uma colocação exclusiva da linguagem formal e
da modalidade literária, não ocorrendo numa fala espontânea.
Caso o sujeito esteja explícito ou esteja na frase palavra que justifique o uso da próclise, desfaz-se a
mesóclise.
Ex.: Sempre te convidaria para viajar comigo, se pudesse. (O advérbio ''sempre'' exige o uso de
próclise.)
Hoje me convidarão para a solenidade de posse da nova diretoria. (O advérbio ''hoje'' exige o uso
de próclise.)
Origem da mesóclise
Ter + ei ⇒ terei
Ter + ás ⇒ terás
Ter + á ⇒ terá
Ter + emos ⇒ teremos
Ter + eis ⇒ tereis
Ter + ão ⇒ terão
Ter + havia ⇒ teria
Ter + havias ⇒ terias
Ter + havia ⇒ teria
Ter + havíamos ⇒ teríamos
Ter + havíeis ⇒ teríeis
Ter + haviam ⇒ teriam
Locuções verbais
Verbo principal no infinitivo ou no gerúndio
Sem palavra atrativa - O pronome pode ser colocado antes do verbo auxiliar, antes do verbo
principal, depois do verbo auxiliar ou depois do verbo principal
Com palavra atrativa - O pronome pode ser colocado antes do verbo auxiliar ou depois do verbo
principal.
Ex.: Hoje lhe quero apresentar meus primos que vieram do interior.
Nunca se usa ênclise quando o verbo está no particípio. Nesse caso, o pronome clítico deve estar
entre os verbos da locução ou antes do verbo auxiliar, desde que esse verbo não esteja iniciando a
oração.
Tempos compostos
Verbo principal no particípio
Referências
1. Português Linguagens - 9º ano. Atual Editora. Página 260. Por: William Roberto Cereja e
Thereza Cochar Magalhães.
2. da., Cunha, Celso Ferreira (2001). Nova gramática do português contemporâneo (https://www.
worldcat.org/oclc/314901112) 3. ed. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira. ISBN 8520911374.
OCLC 314901112 (https://www.worldcat.org/oclc/314901112)
3. «Pronomes demonstrativos e oblíquos: próclise ou ênclise?» (https://www.recantodasletras.co
m.br/gramatica/1838981). Recanto das Letras
4. Cunha & Lindley Cintra, Celso Ferreira, Luís Felipe (2016). Nova Gramática do Português
Contemporâneo. Rio de Janeiro: Lexikon. pp. 323–332
5. «Colocação pronominal com palavras proparoxítonas – proibida a ênclise?» (https://dicionarioe
gramatica.com.br/2017/07/06/colocacao-pronominal-com-palavras-proparoxitonas-proibida-a-e
nclise/). DicionarioeGramatica.com. 6 de julho de 2017
6. Ciberdúvidas/ISCTE-IUL. «Ênclise do pronome átono e formas verbais proparoxítonas -
Ciberdúvidas da Língua Portuguesa» (https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/enc
lise-do-pronome-atono-e-formas-verbais-proparoxitonas/31245). ciberduvidas.iscte-iul.pt.
Consultado em 19 de novembro de 2018
7. Bechara (2015). Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 277 páginas
Ligações externas
«Pronomes», Intervox (http://intervox.nce.ufrj.br/~edpaes/pronomes.htm), BR: UFRJ,
consultado em 27 de janeiro de 2008, cópia arquivada em |arquivourl= requer
|arquivodata= (ajuda) 🔗 (https://web.archive.org/web/20071021030048/http://intervox.nce.u
frj.br/~edpaes/pronomes.htm) Parâmetro desconhecido |fechaarchivo= ignorado
(|arquivodata=) sugerido (ajuda); .
Moreno, professor Cláudio (27 de outubro de 2009), «Regras da colocação pronominal», Sua
língua (http://wp.clicrbs.com.br/sualingua/2009/10/27/colocacao-do-pronome-3/), BR: ClicRBS.
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