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Toque Terapêutico – fundamentação e aplicabilidade em enfermagem


Enviado por Nursing nº 224
29-Set-2007

Artigo cedido pela Revista Nursing

"Sendo a pele o maior órgão do ser humano, é perfeitamente aceitável utiliza-lo como forma de melhoria de saúde do
indivíduo."

Autoras:

Sílvia Carla Campos Pacheco

Enfermeira, Centro de Saúde de Aldoar,


Carvalhido

Sónia Maria Ferreira da Silva


Matos Viegas

Enfermeira, Hospital São Sebastião,


Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente

Zélia Maria Martins Rosa

Enfermeira, Hospital Amato Lusitano,


Serviço Medicina Interna

RESUMO

O Toque Terapêutico é uma técnica


contemporânea de terapia complementar desenvolvida na década de 70.

Os princípios que o sustentam são os


da Ciência do Ser Humano Unitário, de Martha Rogers. O toque terapêutico é um
método holístco não invasivo, baseado na concepção de que o ser humano possui um
campo de energia abundante, que pode estender-se além da pele e flúi em
determinados padrões que se pretendem equilibrados.

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Consiste num "toque sem toque", uma


vez que não há necessariamente o toque do terapeuta directamente sobre a pele do
doente/paciente.

Embora existam muitos estudos


contraditórios, o Toque Terapêutico é utilizado há décadas por enfermeiros no
Canadá, nomeadamente no alívio da dor, diminuição da ansiedade e promoção do
relaxamento.

Palavras-chave: Toque,
Energia, Terapia, Indivíduo.

SUMMARY

The Therapeutic Touch is a


contemporary technique of complementary therapy developed in the 70 decade.

The principles that support it are


the Science of the Unitary Human Being, of Martha Rogers. The Therapeutic Touch
is a holistic method non invasive, based in the conception that the human being
possesses an abundant energy field, that can be extended beyond the skin and
flows in definitive standards that intend to be balanced.

It consists of a "touch without touch",


because it does not have necessarily the therapist touch directly on the skin of
the patient/sick person.

Although many contradictory studies


exist, the Therapeutic Touch is used has decades for nurses in Canada, nominated
in the relief of pain, reduction of the anxiety and promotion of the relaxation.

KEYWORDS: Touch, Energy,


Therapeutic, Individue

INTRODUÇÃO

O toque é um importante meio de


restabelecer a sensação de ligação com as outras pessoas e com o mundo em geral.

Quando o silêncio se impõe, o toque é


fundamental para comunicarmos com os que cuidamos, demonstramos que essa pessoa
nos importa e que nos preocupamos com ela e não apenas com a sua doença. Este
pormenor, é mais importante ainda, se pensarmos que cada vez existe um
distanciamento interpessoal maior devido às tecnologias existentes, tornando os
que estão longe mais perto e os que estão perto, cada vez mais longe.

Inicia-se este artigo com uma breve


abordagem acerca da importância do toque como forma de comunicação em geral,
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faz-se em seguida uma descrição da origem do Toque Terapêutico (TT) e


posteriormente os estudos efectuados e as evidências científicas do mesmo,
explora-se a fundamentação teórica desta terapia complementar, aborda-se
resumidamente as fases que a constituem e finalmente a sua aplicabilidade nos
cuidados prestados ao indivíduo e família.

Os objectivos que nos propomos


atingir são:

Aprofundar conhecimentos sobre o


Toque Terapêutico (TT);

Transmitir informação acerca do TT;

Fazer revisão bibliográfica sobre


descobertas cientificas passadas e actuais;

Servir de incentivo para


posteriores investigações nesta área.

O TOQUE como forma de comunicação

O toque é uma das primeiras


terapêuticas descoberta pelo ser humano. Os estudos científicos demonstram que a
estimulação pelo toque é necessária para o nosso bem-estar, quer físico, quer
emocional.

O toque tem múltiplas funções, pode


servir para fazer notar a presença de alguém, para cumprimentar, chamar a
atenção, confortar, toda a vivência humana está intimamente associada ao toque
como forma de comunicação.

O toque faz parte de todas as


culturas, embora cada uma o entenda de forma diferente havendo costumes e tabus
à sua volta. Cada pessoa pode entender o toque de maneiras diferentes. Tem que
se ter sempre em conta o contexto sócio-cultural. No entanto, todos precisamos
do toque: desde as crianças para estabelecer relações e sobreviver, os idosos,
que através do toque, podem minimizar a sensação de solidão ou de que não são
desejados. O toque é também um importante canal de transmissão de informação,
quando outros meios de comunicação se encontram menos desenvolvidos/diminuídos.

Sendo a pele o maior órgão do ser


humano, é perfeitamente aceitável utiliza-lo como forma de melhoria de saúde do
indivíduo.

Vários estudos experimentais


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demonstram as virtudes do toque: fazer-nos sentir melhor com nós mesmos e com o
ambiente à nossa volta, provoca mudanças fisiológicas mensuráveis naquele que
toca e no que é tocado. O toque físico não é apenas agradável. É necessário.

Diminuir a sensação de isolamento


através do toque explica porque a massagem tem um lugar bem definido nos
cuidados paliativos. O toque origina alterações e sensações que influenciam a
forma de estar do ser humano, tendo por base esta constatação, tem todo o
sentido que o “tocar”

possa ser utilizado como terapia


complementar.

A terapia complementar que se vai


desenvolver ao longo deste trabalho pode não implicar um contacto directo entre
o terapeuta e o doente mas tem por base principalmente a transmissão e a
comunicação ao outro de bem-estar.

Origem do TOQUE TERAPêUTICO

O Toque Terapêutico, é uma técnica


contemporânea de terapia complementar desenvolvida na década de 70. Esta técnica
tem-se revelado um excelente meio não invasivo, utilizado por profissionais de
saúde como complemento da terapia ou tratamento utilizado nos doentes.

O Toque Terapêutico (TT) deriva da


Imposição das Mãos, uma arte antiga com base religiosa, de acordo com alguns
autores da cura psíquica e espiritual, na medida em que mantém os pressupostos
do potencial humano para curar através do toque. No entanto não possui qualquer
base religiosa e é independente da fé ou crenças daqueles que a recebem ou dos
que a praticam. Os registos mais antigos desta prática datam de 1552 a.C. (BROWN,
1997).

Nesta prática o profissional actua


como modulador, um facilitador nas energias vitais do indivíduo e dirige de
forma intencional a energia, preenchendo ou repondo aquelas nas quais a energia
está debilitada ou ausente (BARBOSA, 1994).

Por volta de 1970, Dolores Krieger


enfermeira e professora na escola de Enfermagem da universidade de New York e a
terapeuta Dora Van Gelder Kunz desenvolveram a disciplina que chamaram "o toque
terapêutico", para ajudar os pacientes a melhorar a saúde física e emocional,
ficaria a ser conhecido como o Método Krieger-Kunz de Toque Terapêutico (GERBER,
1997).

Os princípios científicos que


sustentam esta terapia são o modelo de assistência de Martha Rogers. O toque
terapêutico é um método holístco, não invasivo, baseado na concepção de que o
ser humano possui um campo de energia que pode estender-se além da pele, é
abundante, e flui em determinados padrões que se pretendem equilibrados.

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COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA DO TOQUE


TERAPÊUTICO

Dolores Krieger, em 1975, demonstrou


os efeitos do TT através da medição de índices fisiológicos em seres humanos
após estudos laboratoriais. Comprovou que após a aplicação do Toque Terapêutico
ocorrem significativas alterações fisiológicas em doentes hospitalizados por
diferentes tipos de patologias.

A maioria dos estudos foi realizada


em ambiente hospitalar com grupos de controlo. Procedeu a uma investigação com a
colaboração de profissionais de saúde em que participaram vários doentes
divididos em dois grupos, foram seguidos ao longo de três anos. Um grupo recebeu
o tratamento convencional, o outro recebeu além do tratamento instituído o TT.
Os níveis da hemoglobina nos doentes com neoplasia submetidos ao toque
terapêutico aumentaram significativamente, apesar de estarem a ser submetidos a
quimioterapia (KRIEGER, 1979).

De acordo com ALMEIDA (2005), Krieger


concluiu que as elevações nos níveis sanguíneos da hemoglobina indicavam com
segurança a ocorrência de alterações bioenergéticas e fisiológicas produzidas
pelo TT.

Em doentes com neoplasia da mama,


foram efectuados estudos que relatam haver evidencia cientifica de que o TT
melhora a capacidade de controlar sintomas de medo e ansiedade provenientes da
situação e diminui a intensidade da dor referida pelos pacientes, no entanto não
contribui para o processo de cura (Goodwin 2001).

No entanto, para se obterem estes


resultados é necessária uma intencionalidade consciente do terapeuta, com o
objectivo de repadronizar o campo energético do doente, (SÁ A.C., 2001) na Tese
de Doutoramento “Aplicação do Toque Terapêutico em Mulheres portadoras de câncer
da mama sob o tratamento quimioterápico”.

De acordo com o Instituto Nacional de


Saúde de Washington, com base em cerca de trinta teses de doutoramento foi
atribuído ao Toque Terapêutico, em 1994, a comprovação da sua eficácia como
terapia alternativa.

O TT foi em 2004, recomendado pelo


Departamento de Saúde e Envelhecimento da Austrália, como uma estratégia
psico-social, alternativa ao uso de limitação e restrição física em doentes
agitados.

Benkofsky-Webb et al (2004) relatam


resultados positivos em idosos com patologia cancerígena obtidos de nove estudos
quantitativos. De acordo com os autores os estudos foram validados internamente
e externamente e referem diminuição da intensidade de dor em doentes neoplásicos.

Em Fevereiro de 2005 foi publicado um


artigo no “Australian Nursing Journal” acerca da aplicação do TT em idosos com
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diversas patologias. Foram seleccionados 121 doentes de acordo com os critérios


de inclusão definidos pelas autoras (Sue Gregory e Julie Verdouw), tendo sido
reagrupados de acordo com as diversas patologias. Relativamente ao total de
doentes que referiam dor (53), após a aplicação do TT, os mesmos referiram que a
intensidade da dor diminuiu em aproximadamente 40%.

Em vários estudos documentados e


testados comprovou-se que as feridas cirúrgicas cicatrizam mais rapidamente e
com menor taxa de incidência de infecção, e em locais onde houvera queimaduras,
a pele adquire uma tonalidade mais aproximada do normal.

O Toque Terapêutico assumiu a


condição de curso, e passou a ser ministrado para os alunos do Mestrado e
Doutoramento em Enfermagem, na Universidade de Nova York. Os profissionais de
enfermagem passaram então a utilizar o toque terapêutico regularmente nos seus
locais de trabalho.

A partir dos excelentes resultados


alcançados pelos primeiros praticantes, esta técnica foi rapidamente divulgada
para outros países. O toque terapêutico foi reconhecido pela ordem dos
enfermeiros do Quebeque, e por muitos hospitais do Canadá e Estados Unidos da
América, faz parte do curriculum escolar como disciplina no âmbito da oncologia,
saúde materna e nos pacientes com transplante dos órgãos.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – SER HUMANO


UNITÁRIO

A perspectiva de estudar, compreender


e investigar o Toque Terapêutico tem como referência teórica a Ciência do Ser
Humano Unitário, de Martha Elizabeth Rogers, nascida em 1914.

Sendo um sistema conceptual


abstracto, a Ciência dos Seres Humanos Unitários, não identifica directamente os
indicadores empíricos testáveis. O modelo de Rogers surgiu de múltiplas fontes
de conhecimento, as mais importantes são a dinâmica da física quântica
não-linear e a teoria geral dos sistemas.

Em 1970 o modelo conceptual de Rogers


acentava em pressupostos básicos que descreviam o processo de vida nos seres
humanos. Totalidade, abertura, unidirecionalidade, padrão, organização,
sensibilidade e pensamento caracterizavam o processo de vida.

Para Rogers o Campo de Energia


é a unidade fundamental dos seres vivos e não vivos. O campo é um conceito
unificador e a energia significa a natureza dinâmica do campo. Os campos de
energia são infinitos e pandimensionais. São identificados dois campos: o humano
e o ambiental.

O Ser Humano Unitário


(campo humano) é definido como um campo de energia pandimensional irredutível e
indivisível identificado pelo padrão e manifestando características próprias que
não podem predizer-se a partir do conhecimento das partes.

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O Universo de Sistemas Abertos


para a mesma autora defende que os campos de energia são infinitos
abertos e integrais uns com os outros. Os campos ambiental e humano são sistemas
abertos e estão em processo contínuo.

A aplicação destes pilares torna-se


viável a partir da compreensão de que, para Rogers, a realidade é não-linear,
mas sim circular, rítmica e virtual. Assim, o trabalho a ser desenvolvido por
profissionais rogerianos faz parte integrante da dinâmica universal, que é
cíclica, contínua, em constante movimento, rítmica e que evolui sempre para
estados inovadores constantes no processo vital humano (SÁ, 1994).

Em 1970, Rogers identificou


pressupostos, sustentadores do seu modelo, que advêm da literatura sobre seres
humanos, física, matemática e ciência comportamental:

“O homem é um todo unificado que


possui a sua própria integridade e que manifesta características em maior
número e diferentes da soma das suas partes (campo de energia)

“O homem e o ambiente estão


continuamente a trocar matéria e energia entra si”

“O processo de vida evolui


irreversivelmente e unidireccionalmente ao longo do contínuo espaço-temporal”

“O padrão e a organização
identificam o homem e reflectem a sua totalidade inovadora”

“O homem caracteriza-se pela


capacidade de abstracção e imagética, linguagem e pensamento, sensação e
emoção”

“O processo da vida é hemodinâmico…Estes


princípios postulam a forma de ser do processo de vida e predizem a natureza do
seu desenvolvimento.”

Rogers afirma que “se aceitarmos


que uma pessoa é um campo energético, torna-se fácil explorar modalidades
terapêuticas como o Toque Terapêutico...” (1993).

ROGERS e MALINSKI (1993), propõem uma


visão do mundo em que este é um todo holístico e integrado, contrapõe o ponto de
vista mecanicista e reducionista predominante do modelo médico cartesiano,
colocando o ser humano como um todo indivisível.

O pensamento criativo da ciência


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Rogeriana propõe a transformação da prática da Enfermagem num sistema


terapêutico independente que promova a saúde, baseado na utilização da energia e
em processos não-invasivos, como é o caso da aplicação do Toque Terapêutico (PARKER,
1990; MALINSKI, 1993; SÁ, 1994)

O praticante do TT tem como objectivo


influenciar o desequilíbrio de energia e restaurar a integridade do campo
magnético (Witmer, 1995).

ETAPAS DO TOQUE TERAPÊUTICO

O toque terapêutico consiste num


"toque sem toque", uma vez que não há, necessariamente, o toque do terapeuta
directamente sobre a pele do doente/paciente. As mãos do terapeuta permanecem
cerca de 6 a 12 cm de distância da pele, não havendo necessidade de retirar
sequer as roupas (a distância é determinada pela avaliação inicial do terapeuta
sobre o campo do doente).

Apenas no penúltimo passo da técnica,


quando se procede ao balanceamento ou modulação final do campo e do fluxo
energéticos, pode haver necessidade de tocar levemente nos ombros ou na região
das supra-renais do doente.

A técnica consiste em quatro etapas:

1) Centrar/concentrar – o
terapeuta concentra a sua atenção e sensibilidade nas mãos, para utilizá-las
conscientemente a fim de determinar o diagnóstico do campo energético do doente.

A perda de concentração poderá ser


limitativa para o terapeuta, uma vez que ao interagir com o campo energético do
doente pode perder a sua própria energia para este, ao invés de servir como um
canal aos iões que se encontram dispersos no campo ambiental e que devem ser
transmitidos ao paciente/cliente, de modo a manter o seu nível energético
íntegro.

Os efeitos da transmissão
energética num sentido único ao invés de um sentido mutuo entre o receptor e o
terapeuta podem-se traduzir em sinais e sintomas detectados por este a partir de
sua própria experiência profissional, tais como sonolência, cefaleias, cansaço,
dores musculares, queda de cabelos, anemia e descalcificação óssea (LIONBERGER,
1985; CABICO, 1993; QUINN; STRELKAUSKAS, 1993).

A primeira etapa exige, extrema


disciplina e auto controle por parte do terapeuta.

2) Diagnóstico do campo
energético – o terapeuta percorre o campo energético do doente, palpando-o
com as mãos no sentido crânio-caudal.

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O campo energético normal e


harmónico é liso, e possui um padrão único sem alterações de qualquer natureza
(transmite calor, densidade e uma certa pressão exercida pela estrutura atómica
do corpo humano).

À medida que capta as sensações


emitidas pelo campo energético do doente/paciente, o terapeuta faz o diagnóstico
de alterações, tais como: deficit energético (sensação de frio, ausência
de vitalidade e movimento, sensação de vazio ou ausência de campo energético –
bloqueio de energia); alterações de temperatura (calor intenso, frio);
enrugamento do campo (sensações mistas sobre uma única área); outras sensações
(sensação de choques eléctricos, sensações parestésicas).

3) Tratamento e modulação do
campo energético – o tratamento consiste em repadronizar as áreas de deficit
e alterá-las, através do alisamento do campo energético (movimentos suaves com
as mãos no sentido crânio-caudal), do desbloqueamento (movimentos mais bruscos
com as mãos – como que afastando duas bordas, no sentido crânio-caudal) e da
oposição de sensações (onde estiver frio, aquecer, por exemplo).

Procede-se, então, ao
balanceamento final e estabelecimento do fluxo energético, nesta etapa o
terapeuta tenta deixar o campo energético do doente com o padrão mais homogéneo
possível, como um todo. Os fluxos são realizados com a intenção de estabelecer
um fluxo de energia correcto, ou seja, no sentido crânio-caudal. Direcciona-se
energia para a região das supra-renais do receptor. Geralmente as mãos do
terapeuta aquecem neste procedimento e os doentes referem sentir um calor
intenso como se lhes fosse aplicado um saco de água quente.

4) Avaliação – avalia-se
todo o campo energético para comparar o resultado final com os problemas que
irão ser detectados numa sessão futura. Por vezes, não é possível repadronizar
totalmente o campo energético do doente de forma a deixá-lo totalmente
desbloqueado e homogéneo.

O terapeuta deve conhecer e ter


consciência das suas limitações e aguardar pela próxima sessão para repadronizar
áreas de difícil tratamento (MACRAE, 1987; Krieger, 1996)

APLICABILIDADE DO TOQUE
TERAPÊUTICO

A maioria dos estudos da evidência


científica do TT relaciona-se com a diminuição da intensidade da dor. Sendo a
dor o principal problema em cuidados paliativos, consideramos importante fazer
uma breve abordagem acerca dos mecanismos de transmissão/alívio da dor, de forma
a relacionar com o que já foi referido até agora e fundamentar a aplicabilidade
do TT nesta área.

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MECANISMOS NEUROFISIOLÓGICOS DA
DOR

A dor do doente é influenciada por


vários factores, que podem aumentar ou diminuir a percepção que o doente tem da
intensidade da dor, condicionar a sua tolerância à mesma e produzir um
determinado grupo de respostas comportamentais.

Há dor quando as terminações nervosas


(nociceptores) são estimuladas por factores e mecanismos térmicos ou químicos.
No entanto o organismo tem mecanismos para diminuir a intensidade de dor produz,
um deles é a produção de endorfina.

O termo endorfina é uma combinação de


duas palavras: endógeno e morfina (morfina endógena). O alívio da
dor consiste na libertação quer de endorfinas, quer encefalinas (outra
substancia semelhante à morfina). Estas substâncias encontram-se em grande
quantidade no sistema nervoso central, e aliviam a dor pelo mesmo mecanismo da
morfina e outros narcóticos (Smltzer et al, 1994).

Na prática clínica, ajudam a explicar


porque as pessoas sentem diferentes tipos de dor quando sujeitas aos mesmos
estímulos. Algumas técnicas, como o Toque Terapêutico, podem aliviar pelo menos
parcialmente a dor uma vez que levam à produção de endorfinas.

APLICAÇÃO DO TOQUE TERAPÊUTICO NA


PRESTAÇÃO DE CUIDADOS

O TT pode ser aplicado em todos os


problemas de saúde, no entanto os estudos demonstram uma maior eficácia em
determinadas situações:

Controlo da intensidade de dor;

Controlo de estados de sress e


ansiedade;

Contracturas da região cervical e


dorsal;

Alterações auto-imunes;

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Diabetes;

Estados de fadiga extrema;

Lesões e alterações cutaneas;

Forma de promoção do estado de


saúde;

Procedimentos pré e pós


cirurgicos;

Reabilitação fisica;

Síndrome pré-menstrual.

O TT é uma forma de tratamento


complementar, acompanha outros procedimentos. Em doentes do foro oncológico,
está provado por relato directo dos doentes e por alguns estudos científicos, a
melhoria a nível geral, após a aplicação do TT (Gregory, 2004). No entanto é
apenas uma evolução do seu bem-estar e da sua forma de estar perante a doença e
não a cura ou tratamento.

Por exemplo, em doentes com neoplasia


da mama, o TT melhora a forma como controlam e suportam a dor, assim como a
aceitação da doença, mas não aumenta a esperança de vida (Goodwin 2001).

O TT é importante em cuidados
paliativos, principalmente na gestão dos sintomas inerentes a esta área. Segundo
relatos de profissionais, após terem tido sessões de TT, os doentes em fases
terminais que fazem medicação para controlo da dor, utilizam doses mais
reduzidas de medicação comparativamente com doentes que não fazem TT.

Em doentes que fazem ciclos de


quimioterapia, o TT diminui os efeitos secundários como náuseas, vómitos e
fadiga. Em doentes que fizeram radioterapia, diminui a gravidade das lesões
habitualmente provocadas por este tratamento (Caudell, 1996).

O TT parece também ajudar a aceitação


e o processo de evolução até à morte, quer no doente, quer na família, uma vez
que diminui os índices de ansiedade e medo.

As formas mais simples de TT, podem


ser ensinadas aos familiares do doente terminal, fomentando a proximidade e
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ligação entre eles. Mesmo em casos de inconsciência pode ser uma forma de causar
bem-estar e estabelecer e demonstrar uma ligação afectiva entre doente-familia (Gregory,
2004).

De acordo com o Instituto Nacional de


Saúde de Washington, com base em cerca de trinta teses de doutoramento, foi
atribuído ao Toque Terapêutico em 1994 a comprovação da sua eficácia como
terapia alternativa. Os longos anos de pesquisa e experiência clínica
demonstraram que o TT:

Promove o relaxamento;

Diminui a ansiedade;

Altera a percepção que o doente tem


em relação à dor;

Facilita os processos de
reestruturação naturais do corpo.

A diminuição da dor pode facilmente


ser explicada através dos mecanismos de produção de endorfinas (provocados pelo
TT), que consequentemente leva a diminuição da ansiedade e ao relaxamento.

Levantamos no entanto a hipótese de o


mecanismo diminuidor da dor, ser produto (além dos factores já referidos),
também, mas não só, da presença física do terapeuta ou cuidador. Não encontramos
literatura que nos permita fundamentar esta hipótese, consideramos ser um bom
tema para futuros estudos.

CONCLUSÃO

Verificamos que não existe literatura


referente a esta temática em Portugal. Os livros temáticos são maioritariamente
em inglês, e alguma da informação obtida foi gentilmente cedida por
universidades do Canadá que contactamos via Internet. Optamos por contactar as
universidades do Canadá, por terem já um longo contacto com esta terapia
complementar.

Consideramos importante referir que o


tema tratado é um quanto polémico, uma vez que existem quase em igual número
estudos que evidenciam a sua eficácia e estudos que tentam provar o contrário.

Os benefícios que colhemos e


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referimos no estudo são baseados na sua maioria na observação directa, havendo


poucos estudos comprovados cientificamente relativamente a este tema. No entanto
os inúmeros relatos e a fundamentação teórica deste mecanismo levam-nos a crer
nas suas qualidades e benefícios.

Consideramos o tema bastante audaz


devido à pouca informação acerca do mesmo, mas pensamos ter feito uma boa
colheita de informações acerca do mesmo. Foi uma tarefa árdua mas gratificante
tendo em conta acima de tudo os conhecimentos que adquirimos.

Este trabalho poderá servir como


incentivo para posteriores investigações científicas nesta área, contribuindo
para uma possível aplicabilidade do TT, como alternativa terapêutica também em
Portugal.

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