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Emergências Cardiovasculares
Sumário
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................................................................................5
INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................................................................8
UNIDADE I
SÍNDROME CORONARIANA AGUDA........................................................................................................................................................11
CAPÍTULO 1
CONHECENDO A SÍNDROME CORONARIANA AGUDA....................................................................................................11
CAPÍTULO 2
INFARTO DO MIOCÁRDIO ELEVADO POR SEGMENTO ST.............................................................................................18
CAPÍTULO 3
DIAGNÓSTICOS E PLANOS DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM....................................................................................32
UNIDADE II
ARRITMIAS......................................................................................................................................................................................................40
CAPÍTULO 1
APROFUNDANDO O CONHECIMENTO SOBRE ARRITMIAS...........................................................................................40
CAPÍTULO 2
PLANOS DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA ARRITMIAS.....................................................................................75
UNIDADE III
CHOQUES........................................................................................................................................................................................................82
CAPÍTULO 1
AVALIAÇÃO E GERENCIAMENTO DE CHOQUE; UMA PERSPECTIVA DE ENFERMAGEM.....................................82
CAPÍTULO 2
O PAPEL DA ENFERMAGEM NO MANEJO DO PACIENTE COM CHOQUE..................................................................94
CAPÍTULO 3
PLANOS DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA O CHOQUE CARDIOGÊNICO.....................................................96
CAPÍTULO 4
PLANOS DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA O CHOQUE HIPOVOLÊMICO...................................................105
UNIDADE IV
SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM CARDIOLOGIA..........................................................................................................................113
CAPÍTULO 1
ATUALIZAÇÃO DAS DIRETRIZES DE 2015 DA AMERICAN HEART ASSOCIATION (AHA) PARA
RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP).................................................................................................................113
REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................................................................127
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que
ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões
são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
Seja bem-vindo à disciplina de Assistência de Enfermagem em Emergências
Cardiovasculares, na qual vamos estudar as principais doenças cardiovasculares e
suas complicações.
Atualmente, esse grupo de doenças não é considerado apenas um problema dos países
desenvolvidos, uma vez que as estimativas para 2010 mostraram que os países de
renda baixa e média foram mais afetados, representando 80% dessas mortes.
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Para entender quais condições relacionadas ao coração se qualificam como
emergências, o profissional de saúde deve se manter sempre atualizado às novas
diretrizes e, nesse contexto, o enfermeiro especialista em cardiologia e hemodinâmica
deve conhecer as afecções cardiovasculares de modo que possa, com base nesse
conhecimento, prestar adequada assistência de enfermagem, norteando sua equipe à
realização de um melhor cuidado.
Objetivos
»» Capacitar os enfermeiros no reconhecimento e assistência de
enfermagem ao paciente diante das emergências cardiológicas.
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SÍNDROME
CORONARIANA UNIDADE I
AGUDA
CAPÍTULO 1
Conhecendo a síndrome coronariana
aguda
Atualmente, a prática baseada em evidência tem sido cada vez mais discutida e aplicada
no dia a dia pelos diversos profissionais de saúde. Em muitas situações de emergência,
principalmente quando falamos de complicações cardiológicas, recomendam-se
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UNIDADE I │ SÍNDROME CORONARIANA AGUDA
Os pacientes com SCA podem apresentar uma variedade de sintomas típicos (por
exemplo, dor no peito) e atípicos (por exemplo, fadiga). Os sintomas mais frequentes da
isquemia, além do desconforto no peito, incluem dor no ombro, no braço, na mandíbula e
no abdome superior; falta de ar; náusea; vômitos e sudorese (diaforese). Embora existam
muitas causas de dor torácica e outros sintomas de um possível IAM, as recomendações
neste material referem-se a pacientes com sintomas sugestivos de origem coronariana e
nos quais um diagnóstico de SCA (IAM ou AI) deve ser considerado.
No caso da SCA, a tríade já consagrada para avaliação inicial é sustentada pela história
e exame físico, pelo eletrocardiograma (ECG) e pelos marcadores cardíacos (MATTOS,
2011).
Avaliação inicial
A avaliação da dor no tórax é um processo de diagnóstico crítico baseado na história
da queixa apresentada, eletrocardiogramas seriados (ECGs), biomarcadores seriados
para necrose miocárdica e uma avaliação do risco, caso o paciente possua SCA. O
processo diagnóstico da dor torácica pode ser representado por uma série escalonada
de questões clínicas:
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SÍNDROME CORONARIANA AGUDA │ UNIDADE I
Apresentação ambulatorial
A avaliação clínica inicial, incluindo a história, o exame, o ECG e o teste de troponina
única são incapazes de excluir o diagnóstico de SCA quando utilizados isoladamente. Por
essa razão, os pacientes que se apresentarem a serviços básicos de saúde com dor torácica
(dentro de 24 horas) e suspeita de SCA devem ser encaminhados o mais rápido possível a
uma sala de emergência ou a uma instalação capaz de estratificação de risco e diagnóstico
definitivo. Pacientes que apresentam características de alto risco, como dor torácica
contínua, dispneia, síncope/pré-síncope ou palpitações, devem ser encaminhados
imediatamente para ao pronto socorro. Para esses pacientes, os objetivos do manejo
inicial incluem estabelecer o diagnóstico com um ECG, se disponível, e garantir o acesso
imediato à desfibrilação cardíaca, sempre que possível. Por essa razão, quando esse tipo
de paciente passa mal em casa, é recomendado que não se dirija a um serviço de
emergência, mas sim aguarde um transporte com suporte avançado. Os cuidados com
esse paciente não devem depender do teste de troponina, devem ser iniciados assim que
possível e incluem a administração de aspirina e nitroglicerina sublingual, na ausência de
contraindicações (ou seja, evitar injeções IM).
Apresentação do departamento de
emergência
Pacientes com suspeita de SCA devem ser avaliados rapidamente para identificar causas
de SCA não fatais com apresentação aguda, quantificar o risco de SCA e instituir
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UNIDADE I │ SÍNDROME CORONARIANA AGUDA
prontamente o manejo adequado. Devem ser usadas vias clínicas baseadas em evidências
que orientem a avaliação e o manejo de pacientes que apresentam dor torácica aguda ou
outros sintomas sugestivos de SCA. A recomendação de escalas de triagem para pacientes
que se apresentam ao serviço de emergência com dor torácica deve ser aplicada.
Características do histórico podem alterar as estimativas da probabilidade pré-teste para
SCA, mas nenhuma característica ou combinação de características exclui SCA na
ausência de novas investigações. Devem-se considerar os grupos de pacientes nos quais as
apresentações atípicas de SCA são mais frequentes (por exemplo, pessoas com diabetes,
mulheres, pacientes mais velhos, portadores de doenças mentais, populações
culturalmente e linguisticamente diversas, indígenas etc.).
Dor torácica, também conhecida como dor precordial, pode ser sinal de infarto agudo do
miocárdio (IAM). Contudo, em muitos casos esse sintoma soa como alarme falso para
IAM, podendo, após exames específicos, ser diagnosticado como dor de origem muscular
e até mesmo acúmulo de gazes intestinais (BELLUCCI JUNIOR JÁ; MATSUDA, 2011).
Nesse contexto, para que o diagnóstico seja efetivo, é importante que o enfermeiro
tenha uma atuação adequada, desde o processo de triagem, orientando esse paciente
de maneira a atendê-lo prontamente, segundo os preceitos estabelecidos pelo
acolhimento e classificação de risco (BELLUCCI JUNIOR JÁ; MATSUDA, 2011).
Por isso, vale ressaltar que todo paciente com quadro de dor torácica deve ter
prioridade no atendimento.
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SÍNDROME CORONARIANA AGUDA │ UNIDADE I
Prática recomendada
»» ECGs seriados devem ser feitos a cada 10-15 minutos até que o paciente
esteja sem dor e seja possível realizar a comparação, em sequência, com
ECGs preexistentes.
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UNIDADE I │ SÍNDROME CORONARIANA AGUDA
Manejo clínico
Terapia inicial com aspirina: em todos os pacientes com possível SCA e sem
contraindicações, a aspirina (300 mg por via oral, dissolvida ou mastigada) deve ser
administrada o mais rápido possível.
Prática recomendada
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CAPÍTULO 2
Infarto do miocárdio elevado por
segmento ST
SCA
IAMCSST SCASSST
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SÍNDROME CORONARIANA AGUDA │ UNIDADE I
»» Por definição, isso será mostrado por uma elevação dos níveis séricos
de troponina na ausência de elevação do segmento ST.
Angina instável
A angina instável é dor torácica isquêmica além do padrão usual do paciente e em que
o ECG permanece normal (além das alterações transitórias que retornam ao normal) e
os marcadores cardíacos (CK e troponina) não estão elevados.
Avaliação clínica
1. história do evento:
2. alergias.
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UNIDADE I │ SÍNDROME CORONARIANA AGUDA
4. história pregressa:
2. Sinais Vitais:
Investigações
Exames de sangue
1. Hemograma completo.
2. Glicose:
3. CK (ou CKMB)Isso deve ser feito como uma linha de base inicial. Pode,
então, ser usado como um marcador para possível reinfarto
subsequente. As troponinas não são úteis para o diagnóstico de
reinfarto precoce, pois podem permanecer elevadas por 5-14 dias.
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SÍNDROME CORONARIANA AGUDA │ UNIDADE I
ECG
»» BRE deve ser considerado novo, a menos que haja evidência de outra
forma.
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UNIDADE I │ SÍNDROME CORONARIANA AGUDA
Rx do tórax
Ecocardiografia
Esse não é um teste de rotina em pacientes com IAMCSST, mas pode ser considerado
urgentemente em casos selecionados, incluindo:
Angiografia coronária
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SÍNDROME CORONARIANA AGUDA │ UNIDADE I
Manejo clínico
3. Oxigenoterapia:
4. Alívio da dor:
Morfina:
·· 2,5 a 5mg IV como uma dose inicial, depois titulada para efetuar a
cada 5 a 10 minutos com doses incrementais adicionais de 2,5 a
5mg IV.
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UNIDADE I │ SÍNDROME CORONARIANA AGUDA
5. Terapia Antiplaquetária.
›› A menos que haja uma contraindicação forte, como alergia, deve ser
administrada em todos os casos.
6. Heparina e
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SÍNDROME CORONARIANA AGUDA │ UNIDADE I
Alternativamente:
›› reopro (abciximab);
›› integrilin (eptifibatide);
›› tirofiban (agrastat).
Com ICP:
8. Bivalirudina:
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UNIDADE I │ SÍNDROME CORONARIANA AGUDA
Ticagrelor (um inibidor oral P2Y12 reversível), 180 mg por via oral.
Estratégia de reperfusão
Indicações
O tratamento ideal para todos os IAMCSST é a ICP aguda ou, em alguns casos, a
cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) de emergência.
Quando esse tratamento intervencionista não está disponível ou não é viável dentro
de um prazo adequado, a trombólise é a melhor opção seguinte, desde que não haja
contraindicações absolutas para essa terapia.
“Prazos ideais” foram descritos para orientar a tomada de decisão entre essas duas
opções, conforme descrito na imagem abaixo, elaborada pelo Professor James Wayne
Warnica, da Universidade de Calgary:
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SÍNDROME CORONARIANA AGUDA │ UNIDADE I
Começar
farmacoterapia Oxigênio Considerar
- Clopidogrel 300 a 600mg, uma vez (ou
Morfina
Prasugrel 60mh, VO, uma vez, ou ticagrelor
Ácido acetilsalicílico 180mg, VO, uma vez, se ICP é indicada
325mg
- Clopidogrel 75mg, 1 vez/dia se
Nitratos
Pacientes tên alto risco ou são
Betabloqueadores
intolerantes ao ácido acetilsalicílico
Heparina ou outro - Inibidores de GP llb/llla se ICP é indicada
anticoagulante
ou se os pacientes têm alto risco
IMESNST STEMI
Considerar Repetir
cirurgia de ICP CRM terapia ICP eletiva
revascularização trombolítica em 24 a
miocárdica ou fazer ICP 72h
(CRM)
se disponível
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UNIDADE I │ SÍNDROME CORONARIANA AGUDA
»» diabetes tratada
ICP
Qualquer paciente identificado como portador de um IAMCSST deve ser tratado de
maneira ágil. Observe que o backup cirúrgico cardíaco “no local” não é considerado
essencial para uma intervenção de ICP.
Embora o backup cirúrgico cardíaco no local não seja essencial, é necessário que haja
locais para encaminhamento urgente.
Cirurgia de enxerto de artéria coronária (CEAC) deve ser considerada em casos de:
Trombólise
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SÍNDROME CORONARIANA AGUDA │ UNIDADE I
Outras considerações:
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UNIDADE I │ SÍNDROME CORONARIANA AGUDA
Falha na Trombólise
ICP de resgate
Se a trombólise não for bem sucedida, então a “ICP de resgate” é uma opção melhor
do que a segundas doses de trombólise ou tratamento conservador.
Resultados esperados
Todos os IAMCSSTs devem ser identificados em tempo hábil e os procedimentos
relacionados e imediatamente ativados de acordo com a prática hospitalar local. Os
pacientes devem ser admitidos em uma unidade de terapia intensiva (UTI) após a
intervenção percutânea.
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SÍNDROME CORONARIANA AGUDA │ UNIDADE I
Uma vez tomada a decisão de trombolizar, isso deve ser feito na sala de emergência o
mais rápido possível. Uma vez que o paciente tenha sido trombolizado e estabilizado,
ele deve ser internado na UTI ou unidade de terapia intensiva coronariana (UCO).
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CAPÍTULO 3
Diagnósticos e planos de cuidados de
enfermagem
Dor aguda
Experiência sensorial e emocional desagradável decorrente de dano tecidual real ou
potencial, com início repentino ou lento, de qualquer intensidade, de leve a grave, com
final antecipado ou previsível e duração de <6 meses.
Resultados desejados:
Quadro 1.
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UNIDADE I │ SÍNDROME CORONARIANA AGUDA
Conhecimento insuficiente
A ausência ou deficiência de informações cognitivas relacionadas a tópicos
»» questionamentos; declaração de
Resultados desejados:
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SÍNDROME CORONARIANA AGUDA │ UNIDADE I
Quadro 2.
Importância de verificar com o médico antes de tomar Os medicamentos sem prescrição podem potencializar ou anular os efeitos dos
medicamentos sem prescrição. medicamentos prescritos.
Revise os sintomas a serem notificados ao médico: Pode prolongar a taxa de sobrevivência de pacientes com angina instável. O
aumento da frequência de ataques, mudanças na resposta a conhecimento que se espera pode evitar a preocupação indevida por razões
medicamentos. insignificantes ou atraso no tratamento de sintomas importantes.
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UNIDADE I │ SÍNDROME CORONARIANA AGUDA
Ansiedade
Sensação de desconforto ou medo acompanhada de uma resposta autonômica.
»» crises situacionais;
»» conversa negativa.
»» maior tensão/desamparo;
Resultados desejados:
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SÍNDROME CORONARIANA AGUDA │ UNIDADE I
Quadro 3.
Resultados desejados:
Quadro 4.
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UNIDADE I │ SÍNDROME CORONARIANA AGUDA
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SÍNDROME CORONARIANA AGUDA │ UNIDADE I
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ARRITMIAS UNIDADE II
CAPÍTULO 1
Aprofundando o conhecimento sobre
arritmias
Partimos agora ao estudo das arritmias cardíacas. Porém, como todos já possuem os
conhecimentos básicos acerca dessa complicação cardíaca, nesta etapa do material,
trabalharemos com perguntas e respostas, como seguem:
3. Qual é a diferença entre uma arritmia ruim e uma arritmia não tão ruim?
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ARRITMIAS │ UNIDADE II
›› Arritmia sinusal
›› Bradicardia sinusal
›› Taquicardia sinusal
›› Bigeminismo do átrio
›› Bigeminismo escape-captura
›› Ritmos juncionais
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UNIDADE II │ ARRITMIAS
›› TV – Taquicardia ventricular
›› E se eu vir a FV no monitor?
›› Torsades de Pointes
›› Assistolia
No momento em que chegam à sala de emergência ou UTI, os enfermeiros têm uma ideia
básica do que são as arritmias, mas, como especialistas, é necessário um conhecimento
aprofundado. Por isso, desta vez, vamos abordar o assunto de outra maneira.
A ideia que mais ajuda os enfermeiros a entender o que as arritmias fazem com as pessoas
se correlaciona em visualizar o que o coração realmente estava fazendo durante uma
arritmia ou outra. Cada parte do ciclo cardíaco normal tem associado um evento mecânico
específico, e se você puder obter uma imagem mental do que está ou do que não está
acontecendo, então os efeitos das arritmias tornam-se muito mais claros.
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ARRITMIAS │ UNIDADE II
Os nós: SA e AV
Nó sinusal
Nó AV
Feixe de HIS
Fibras de Purkinje
Lembra disso? Esses são os “marca-passos intrínsecos”. Não é muito difícil – há apenas
dois deles. O primeiro é o nodo sinoatrial (SA), também chamado de nó sinusal – que vive
no átrio direito, em algo chamado seio coronário. As ondas P viajam do SA para o nó
atrioventricular (AV), que vive no local onde os átrios e os ventrículos se unem. Esta
é a chave: quando o impulso elétrico passa por essa parte do coração, essa mesma
parte responde mecanicamente, com movimento.
Bem, e se isso não acontecer? O que é que se chama? O que você faria?
Agora observe a imagem abaixo, que explica melhor como funciona a passagem do
impulso elétrico pelo coração e a posição dos eletrodos do ECG:
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UNIDADE II │ ARRITMIAS
P T
Batimento cardíaco acelerado
Eletrodo terra
vai aqui
QS
Eletrodo negativo
vai aqui Onda P Complexo QRS Onda T
Batimento cardíaco lento
O ponto aqui é que o caminho normal que o impulso leva vai do eletrodo negativo em
direção ao positivo. Conseguiu observar? Indo em direção ao eletrodo positivo, o
impulso faz um o movimento em um piscar de olhos no monitor cardíaco.
Isso é realmente muito importante, pois a direção em que o impulso está se movendo
indica de onde vem a batida. Se ele faz um pontinho para cima em uma derivação II,
então ele deve estar se movendo na direção normal, em direção ao eletrodo positivo.
Portanto, deve estar vindo de algum lugar no caminho normal: o nó SA ou o nó AV. Se
o impulso vai para baixo – ou seja, o impulso está indo para o outro lado, para trás,
em direção ao eletrodo negativo –, de onde ele vem?
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ARRITMIAS │ UNIDADE II
Elas estão indo pelo caminho errado. Então isso significa que eles devem estar vindo
de onde? Chamamos isso de Contração Ventricular Prematura (CVP)! Elas estão indo
para trás, porque elas estão vindo do outro lado do coração, para baixo nos
ventrículos, e indo para trás em direção ao eletrodo negativo na derivação II. Então o
impulso vai para baixo. Lembra agora quais são os caminhos normais?
Complexo normal
Agora vamos dar uma olhada rápida no ciclo cardíaco normal no eletrocardiograma.
Esse é um diagrama muito bom – parece com a derivação II de um eletrocardiograma
de 12 derivações. Vamos repetir: a D2 é usada como referência básica para observar os
ritmos cardíacos, porque reflete o trajeto normal do impulso que se move pelo
coração. Na D2, o eletrodo positivo fica próximo ao ápice do coração – o fundo do
cone formado pelos ventrículos, apontando para sudeste (isto é, “para baixo e para a
direita”). O eletrodo negativo está no peito direito, perto da clavícula, a noroeste.
Agora imagine uma linha desenhada conectando os dois eletrodos. Percebeu? O
impulso normal segue esse caminho, movendo-se por meio das câmaras, sempre em
direção a esse eletrodo positivo, fazendo um pontinho ascendente no traço do ECG.
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UNIDADE II │ ARRITMIAS
Na derivação II, quando o impulso passa pela pequena massa muscular dos átrios,
gera uma pequena onda ascendente – a onda p.
Nenhuma onda P significa que o nó SA não gerou um impulso. Nenhum impulso, sem
movimento atrial. Podemos viver sem movimento atrial? Provavelmente, apesar de
perder o pontapé auricular – o que representa cerca de 25% do total do débito cardíaco.
Nenhum complexo QRS significa que nenhum impulso passou pelos ventrículos.
Nenhum impulso, nenhum movimento ventricular. Podemos viver sem movimento
ventricular?
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ARRITMIAS │ UNIDADE II
Bem, se não houver QRS, não haverá onda T. Caso contrário, os ventrículos
definitivamente terão que se rearmar – produzindo uma onda T de um tipo ou outro.
É muito importante lembrar que as ondas T, ou mais corretamente o segmento ST do
complexo, podem mudar se o paciente passar por um infarto do miocárdio, ou se
estiver apresentando um episódio isquêmico ou anginoso. Se as ondas T no seu
paciente parecerem diferentes no final do seu ciclo, fique desconfiado. Há muitas
coisas que os segmentos ST podem revelar.
Você vê a área onde a linha é plana entre as batidas? Depois das ondas T e antes das
próximas ondas P? Essa é a “linha isoelétrica”. Quando os segmentos ST aumentam,
como em um infarto do miocárdio ou para baixo, como na isquemia, o que você espera
é que eles voltem às suas posições originais com tratamento, e essa posição é onde
eles começaram, na linha isoelétrica.
Por muitas razões, mas se você pensar em coisas que vão fazer um coração infeliz,
então essas são as coisas que produzirão arritmias de forma aguda: isquemia cardíaca,
hipóxia, infarto do miocárdio, alterações nos eletrólitos. Obviamente em uma situação
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UNIDADE II │ ARRITMIAS
como essa você está indo tratar o problema subjacente – seja com tratamentos anti-
isquêmicos, em situações como a angina instável ou coagular um infarto agudo do
miocárdio –, e esperamos que isso minimize ou até mesmo reverta as condições que
estão produzindo as arritmias em primeiro lugar.
As mudanças crônicas que produzem arritmias têm a ver com processos que fazem
com que as câmaras cardíacas façam coisas por longos períodos de tempo que elas não
querem fazer, geralmente produzindo uma mudança anormal em seu tamanho.
Qualquer coisa que faça uma câmara “esticar” cronicamente produzirá arritmias
crônicas – o exemplo clássico é o cor pulmonale (“coração do pulmão” – significando
problemas cardíacos causados pelos pulmões). Os pulmões, lembre-se, devem ser
agradáveis e suaves ao coração. Afinal o ventrículo direito possui paredes
relativamente finas e não deveria ter nenhum problema em enviar sangue através
delas. Qualquer processo que endureça os pulmões – seja agudo ou crônico –
aumentará a pressão necessária para enviar sangue através deles.
Dessa forma, o ventrículo direito precisa trabalhar mais, mas como ele não foi construído
para trabalhar com mais força desde o início, ao ser estimulado a trabalhar mais ao longo
do tempo, crescerá – como o seu bíceps durante o treinamento com pesos.
Esse crescimento de câmara não é realmente uma coisa boa, porque o coração precisa
ficar pequeno – funciona melhor assim, pequeno e apertado – e quanto maior, mais
esticado fica, e esse alongamento caracteristicamente produz arritmias.
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ARRITMIAS │ UNIDADE II
entrar em TV e manter uma boa pressão arterial, conversar com você, talvez reclamar
de dor no peito. Mas, você chocaria esse paciente logo de cara? Você precisaria saber
que, em TV, um paciente pode, às vezes, manter a pressão por um tempo, para depois
perdê-la abruptamente – será que isso acontece com outras arritmias? Leva tempo,
estudo e experiência para aprender o caminho em torno dessas situações. Na
realidade pode levar anos para um profissional se sentir confortável em uma sala de
emergência, UTI ou mesmo uma hemodinâmica.
Vamos tentar a visualização para ver se ajuda a analisar a ameaça que é produzida por
uma arritmia ou outra. Abaixo está um exemplo – você provavelmente já viu pessoas
com isso:
Aqui estamos com uma FA (fibrilação atrial). Existem ondas P? Quais são essas ondas
que parecem flutuantes ao longo da linha isoelétrica? Não é realmente P. Nenhuma
onda P significa: nenhum tipo de contração atrial normal. Existem QRSs?
Definitivamente. Então, há contrações ventriculares. Quantas em um minuto? Isso
parece uma tira de seis segundos – conte os QRSs (dentro de 30 quadrados grandes
completos) e multiplique por 10 para obter as contrações ventriculares em um
minuto. Conseguiu obter 90?
Esse paciente deve ser capaz de manter uma boa pressão sanguínea com uma taxa de
90bpm (batimentos por minuto)? Provavelmente – os ventrículos precisam de tempo
para encher e, a esse ritmo, provavelmente estão preenchendo muito bem. Depende
muito da força do ventrículo – a “fração de ejeção”. Os ventrículos, como podemos
ver, devem estar bombeando corretamente, porque há um QRS reto normal
– isso significa que o caminho de condução elétrica está viajando na direção certa
através da massa muscular ventricular, do jeito que deveria estar normalmente –
conduzindo bem.
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UNIDADE II │ ARRITMIAS
“Ectópico” significa: “algo que ocorre fora do lugar habitual”. Gravidez em qualquer
parte do corpo, que não seja o útero, é “gravidez ectópica”. As convulsões resultam de
atividade elétrica ectópica no cérebro. Se o impulso que inicia uma pulsação se
originar de algum lugar diferente do que deveria, também é chamado de ectópico.
Dois pontos a considerar: primeiro, você se lembra que aprendeu anos atrás que o
tecido cardíaco tem a propriedade de “automaticidade” – o que significa que ele é
capaz, de uma forma ou de outra, de agir como um marca-passo, não conectado de
qualquer maneira ao sistema normal de marca-passo/condução integrado.
Em segundo lugar, o coração responde ao impulso mais rápido que recebe. Isso
significa, por exemplo, que se o nó AV começar gerar estímulos de forma rápida, ele
poderá comandar o coração, se estiver gerando impulsos a uma taxa mais rápida que o
nó SA (responda rápido: que arritmia seria essa?).
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ARRITMIAS │ UNIDADE II
Ou seja, os marca-passos elétricos podem aparecer em qualquer lugar – nos átrios ou nos
ventrículos –, e se eles produzem uma batida mais rápida do que o marca-passo atual
(estamos falando de marca-passos naturais aqui), essa batida ectópica “capturará” o
coração. Por exemplo, um único batimento atrial ectópico, ou um único CVP. A ideia é
que esses sinais sejam prematuros, chegando mais cedo a uma taxa mais rápida do que
qualquer outra coisa que normalmente esteja circulando no coração. Como resultado, eles
capturam, estimulando o coração a realizar um movimento “extra”.
Se for uma sequência de sinais rápidos, ela estimulará o coração enquanto durar. O
ritmo normal, mais lento, não recapturará o coração até que o ritmo mais rápido seja
controlado; e se o ritmo rápido não permitir aos ventrículos o suficiente tempo para
preencher, aí você terá uma situação de arritmia letal.
Parece familiar? Intervalos normais, taxa nos 70bpm – bom! Consegue ver as ondas P
– as pequenas na frente das grandes? Então os QRS são os grandes. E as ondas T vêm
depois do QRS.
Agora vamos ver algumas das arritmias supraventriculares comuns – algumas não são
tão comuns, mas você deve ter um controle básico sobre elas, de qualquer maneira.
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UNIDADE II │ ARRITMIAS
Arritmia sinusal
Não devemos nos preocupar, pois a arritmia sinusal ocorre quando a frequência
sinusal normal acelera e desacelera ligeiramente, variando com a respiração.
Bradicardia sinusal
Aqui está uma boa bradicardia sinusal, taxa na casa dos 50bpm. É fácil lembrar qual é
a taxa intrínseca para o nó SA: 60 a 100bpm, certo? Esse ritmo vem do nó SA? Claro –
veja as ondas P. Mas é lento – bradicardia, de origem sinusal. A bradicardia sinusal às
vezes é uma coisa boa – significa que seu paciente finalmente adormeceu, ou que seu
metoprolol está finalmente começando a funcionar. Uma bradicardia muito lenta não
é uma coisa tão boa, pois obviamente não se faz muita pressão sanguínea com uma
taxa de 20bpm.
Taquicardia sinusal
Taquicardia sinusal. Muito fácil. Ondas P? Sim. Então o ritmo está vindo do nó sinusal.
Qual é a taxa? Próxima aos 130bpm? Então, é mais rápida que o intervalo normal de 60-
100. Taquicardia. Vamos pensar rapidamente: as ondas P correspondem à contração dos
átrios, os QRS demonstram que os ventrículos estão na ordem correta, os átrios primeiro,
os ventrículos em segundo. O que é melhor do que se eles estivessem fazendo isso de trás
para frente – ou até mesmo simultaneamente, o que acontece às vezes.
Fonte: RnCeus.
O TPSV é um ritmo supraventricular muito rápido que vem dos átrios – normalmente,
ele é executado a uma taxa muito rápida, cerca de 250-300bpm. Você, às vezes, vê
jovens com rajadas curtas desse ritmo, os quais não duram mais do que alguns
segundos. Essa faixa mostra o TPSV quebrando espontaneamente para ritmo normal.
Isso pode desativar seus alarmes – a menos que isso persista, a maioria dos
profissionais não se envolvem muito com isso. Documente. Se persistir – como o que
você provavelmente chamaria de taquiarritmias supraventriculares –, as coisas podem
ficar feias, no sentido de que a pressão sanguínea pode ficar comprometida.
54
ARRITMIAS │ UNIDADE II
Aqui estão algumas contrações atriais prematuras. Isto é, assumimos que o coração está
se contraindo em resposta a esses sinais. De qualquer forma, se você olhar para o início
da batida, verá que ele tem uma forma de onda P diferente (a palavra impressionante
para a forma é “morfologia”), o que significa que ela vem de um lugar diferente do nodo
sinusal normal. Ectópico. A outra coisa que você notará é que isso acontece cedo demais –
é prematuro. Chegando mais cedo do que o impulso do nó SA normal, o CAP captura o
coração, apenas por esse único batimento – então aquela fonte ectópica (um marca-passo
ectópico é frequentemente chamado de “foco”) desliga novamente, e o ritmo sinusal
regular volta. Para falar de forma impressionante, lembre-se de dizer que a diferente onda
P “tem uma morfologia diferente, decorrente de um foco ectópico”.
Os CAPs não preocupam os enfermeiros, nem médicos, como regra geral. A coisa a se
preocupar é: se eles começarem a ficar muito frequentes, isso pode significar que a
fibrilação atrial está chegando.
Bigeminismo do átrio
Isso significa que todas as outras batidas são CAP. Mais uma vez, uma fibrilação atrial
pode estar chegando.
55
UNIDADE II │ ARRITMIAS
Todos os sinais dos átrios estão sendo conduzidos para os ventrículos? Não? Ótimo!
Os ventrículos teriam tempo para encher se todos os sinais atriais fizessem os
ventrículos se contraírem a uma taxa de 300 bpm? Não! Qual é a taxa ventricular?
Seis segundos de intervalo. Conte os complexos QRS, multiplique por 10 – cerca de
100 –, perto o suficiente para uma taxa sinusal normal, que nos mostra que o paciente
provavelmente vai gerar uma pressão decente com esse ritmo.
Qual é a proporção de contrações atriais para ventriculares acima? 300 bpm atriais,
100 bpm ventriculares – podemos chamar isso de “vibração de três para um”, e o ideal
seria documentar o ritmo com cuidado, mas ver esse ritmo não deve te deixar muito
nervoso. A vibração é geralmente transitória – as pessoas não ficam nela por muito
tempo, porque geralmente estão a caminho do desenvolvimento de uma fibrilação.
56
ARRITMIAS │ UNIDADE II
Hoje em dia essa manobra não é muito utilizada devido ao risco cerebral. Em vez
disso, você pode ver manobras com verapamil, às vezes com metoprolol, às vezes com
adenosina.
Ok, aqui está a boa foto da fibrilação atrial que vimos anteriormente. Esse é um
cenário muito parecido com a flutuação – os átrios estão fazendo a dança dos vermes,
e apenas um impulso ocasional é conduzido por meio do nó AV para os ventrículos, o
que é uma coisa boa! Lembre-se: você quer que a frequência ventricular seja algo
como a frequência sinusal normal – de 60 a 100bpm. O que os átrios estão fazendo?
Existe uma boa onda P estável? Não. Você consegue visualizar o movimento dos
átrios? Fibrilando e não contraindo de qualquer maneira organizada. Os sinais não
vêm de fontes organizadas ou “focos”, mas de todo o tecido atrial, simultaneamente.
Alguns sinais estão passando pelo nó AV e sendo entregues aos ventrículos – mais
uma vez eles mostram uma “taxa de resposta ventricular”. Você ouvirá pessoas
descrevendo um episódio de “rápida fibrilação com RVR” – resposta ventricular
rápida – que pode exigir cardioversão rápida para voltar ao ritmo sinusal e restaurar
uma pressão que está insuficiente. Ou o paciente pode precisar de agentes
bloqueadores IV de um tipo ou outro – betas, cálcio, digoxina (leva um dia para o
trabalho), para reduzir o RVR a uma taxa que produza uma pressão melhor.
Uma vez que a taxa for controlada, a FA em si é uma arritmia estável, mas tem
algumas coisas ruins significativas que a acompanham.
“FA paroxística” é vista como resultado disso e é muito perigosa. O que você poderia
fazer para evitar que isso acontecesse – não a FA, mas os coágulos? Sim,
anticoagulação. Agudamente com heparina, em longo prazo com varfarina.
Trabalhando nosso caminho para o sul do coração, a partir do nó SA, a próxima fonte
de arritmias é o nó AV, também chamado de “junção” – ou apenas “o nó”, como na
produção de “ritmos nodais”.
Aqui está um ritmo que você vê de vez em quando – veja como as ondas P têm um
número de diferentes morfologias. A ideia aqui é que o foco auricular se desloque do nó
SA para o tecido atrial em vários lugares, cada um dos quais gera seu próprio impulso,
que passa a ser capturado. Se a taxa for menor que 100, é chamado de marca-passo atrial
errante (MAE). Se for mais de 100, o nome muda para taquicardia atrial multifocal.
58
ARRITMIAS │ UNIDADE II
É possível ver algo estranho nas batidas 5 e 7? Eles ocorrem cedo demais? Sim.
São CAPs? Não há onda P. Mas observe bem: a direção do QRS é normal; isso
significa que o impulso está se movendo na direção normal através dos ventrículos.
Aqui está o oposto da atividade nodal prematura. É uma batida nodal – sem onda P e
condução normal de QRS, como em uma batida sinusal. Mas ocorre cedo demais?
Não, na verdade ocorre um pouco tardiamente. Essa é uma situação de resgate, não
59
UNIDADE II │ ARRITMIAS
À medida que você percorre todos esses ritmos, tente perceber quais batidas estão
chegando cedo demais, quais estão chegando atrasadas e o porquê. As batidas
precoces, ou prematuras, são as ectópicas, vindas de algum lugar de onde não
deveriam vir. As batidas tardias, pelo menos essas nodais, não são realmente
ectópicas, porque vêm de um “marca-passo intrínseco” – o nó AV. Pense nas batidas
prematuras como “anormais” mais do que nas batidas nodais, pois as batidas nodais
não estariam aparecendo se o nó SA não estivesse em apuros.
Bigeminismo escape-captura
Esse é um nome complicado. O ritmo sinusal se alterna com as batidas nodais de escape.
Isso provavelmente está acontecendo por uma razão ruim, como IAM ou isquemia que
afeta o nódulo SA – o nó AV está tendo que resgatar o ritmo a cada batida –, e devemos
nos preocupar nesse caso, porque o bloqueio cardíaco pode estar chegando. Qualquer
processo de doença que afete o ritmo provavelmente causou algum dano real ao nó SA.
Ritmos juncionais
Veja o que há de diferente nisso. O que está acontecendo aqui? Vamos ser sistemáticos
sobre isso: há ondas p? Eu não vejo nenhuma. Mas o QRS parece normal? Sim, normal.
Então, o que temos – vamos analisar isso. Os átrios estão fazendo alguma coisa? Eles não.
Ventrículos sim, eles estão. E como os QRSs parecem normais, isso significa
60
ARRITMIAS │ UNIDADE II
que o ritmo deve estar vindo da junção e indo para o sul. O que acontece com a taxa?
Aproximadamente 40bpm. Perfeito! Juncional!
Esse é um ritmo juncional também, mas obviamente é mais rápido – 80bpm – do que
a taxa normal de 40-60bpm que você esperaria. Sabe por que isso acontece? É
geralmente considerado benigno, porém o paciente perde o chute atrial que ele tinha
– isso pode ser por volta de 25% do débito cardíaco total.
61
UNIDADE II │ ARRITMIAS
Isso pode acontecer de duas maneiras diferentes, por um par de razões diferentes.
Você reconhece um bloqueio cardíaco completo quando você o vê? Olhe para todas
aquelas ondas P flutuando solitariamente em um mar isoelétrico vazio sem QRS para
interagir. Veja como saber se os átrios e ventrículos de seu paciente não estão se
comunicando: tem a ver com as taxas relativas. Qual é a taxa atrial aqui? Vamos
contar as caixas indo para a direita da onda P logo acima da linha? Na primeira linha
desse trecho: 300-150-100-70”. Em algum lugar nos sessenta. Em torno de 20bpm e
irregular. Os nós SA e AV não estão se comunicando com muita frequência, se é que o
fazem, e o nó AV não está fazendo muito, embora pareça estar tentando.
Existe:
»» qualquer tipo de relação visível entre os Ps e os QRs que você pode ver?
ou
Por que isso está acontecendo? O que você faria nessa situação?
62
ARRITMIAS │ UNIDADE II
Essa segunda tira descreve a situação que as pessoas chamam de “dissociação AV” –
envolve o mesmo tipo de não comunicação, provavelmente pelas mesmas razões –
isquemia ou IAM –, mas produz um efeito diferente. Essa pessoa é um pouco mais
sortuda do que a acima. Dessa vez, o nó AV ainda pode funcionar no modo “escape”.
Mas o impulso não está atravessando a pequena ponte dos átrios aos ventrículos.
Só porque esse parece um pouco melhor, não significa que as coisas estão bem! Algo
atingiu o sistema de transmissão de impulso e é melhor você saber quem está de
sobreaviso na hemodinâmica. Lembre-se: o nó AV não é um marca-passo confiável.
63
UNIDADE II │ ARRITMIAS
Ventricular: eles são ectópicos, vindos de um foco em algum lugar dos ventrículos!
Por que eles parecem tão estranhos? Por que os CVPs são como funcionam? A pista é:
de que maneira o impulso está viajando?
Por que eles estão acontecendo? Contexto é tudo. Se o seu paciente estiver em perfeito
ritmo sinusal e de repente desenvolver CVPs, sua tarefa é descobrir se algo mudou. Ou o
contrário. Os CVPs de repente desapareceram? Algumas pessoas têm ectopia ventricular
crônica – elas podem até ter rajadas curtas de TV. Geralmente são pacientes com coração
esticado e pantanoso. Pessoas que tiveram um par de IAM, pessoas com cardiomiopatia,
pacientes com ICC. Coisas que causam CVPs: agora isso deve estar claro o suficiente –
qualquer coisa que interfira na entrega de sangue; coisas que tornam o coração mais
fraco: isquemia, IM, hipóxia, problemas eletrolíticos.
Os CVPs podem ou não fazer pressão sanguínea. Você pode observar isso muito bem.
Basta olhar para a forma da onda arterial após o PVC. A onda é menor do que uma
após uma batida sinusal?
Esse é um ponto essencial para “sobreviver” às arritmias que você encontrará nos
setores de emergência. Seu paciente pode fazer um ritmo rápido de um tipo ou de
outro, os cardiologistas podem se divertir debatendo se é “ritmo idioventricular
acelerado tipo 2” ou “taquicardia não sustentada-supraventricular com síndrome de
pré-excitação do Lown-Ganong outra coisa…”.
64
ARRITMIAS │ UNIDADE II
Os dísticos são fáceis – dois CVPs seguidos. Mais uma vez, o contexto é tudo. Seu
paciente teve dístico antes? Ou nunca teve? Ele está apresentando algo clinicamente
– dor no peito, ficando com hipóxia, suando, ficando inquieto? Seu K+ é baixo ou o
magnésio está baixo? Ele é acidótico? Ou isso é uma melhoria? Ele tem tido longas
séries de TV, que agora vão embora porque você começou a lidocaína?
Tem certeza de que é realmente seu paciente? (Não é uma pergunta estúpida quando
você está usando algum monitoramento central remoto).
Os dísticos são fáceis de reconhecer, mas não se esqueça de tentar descobrir o que eles
estão dizendo.
Trigêmeos: iguais aos dísticos, exceto que são três CVPs seguidos.
65
UNIDADE II │ ARRITMIAS
Esses são termos bastante intercambiáveis para uma série de CVPs, que são “mais
longos que um trio”. Algumas corridas são curtas – talvez 6 batidas longas –, algumas
são muito mais longas, mas a ideia principal é que a corrida pare sozinha, e o ritmo
volte ao que quer que seja (esperançosamente estável) que era antes. Você ouvirá o
alarme disparar, e o painel dirá “alarme de TV”. Seu trabalho é verificar as coisas: vá
para o quarto do paciente, rode um ECG e analise.
Reúna os suspeitos usuais: as corridas estão chegando quando o paciente está fazendo
alguma outra coisa que possa indicar problemas? Angina, diaforese, alterações nos
eletrólitos, hipóxia, sobrecarga de líquidos, evoluindo com IAM? O que essa corrida de
TV está tentando dizer? Ou o paciente “pode ter corridas de TV”? Talvez ele não
devesse!
O que você tem que fazer, porém, é ir até o monitor e checar todas as vezes. Sem exceções.
Você pode pensar: “Bem, esse paciente já teve artefato 32 vezes esta semana”, mas você
odiaria estar errado apenas uma vez. Muitas vezes, problemas de artefato podem ser
resolvidos trocando eletrodos no peito – ou geralmente tirando todo o conjunto. Outro
truque útil é mover os eletrodos para dentro do tórax em direção às bordas do coração –
as pessoas que perderam massa muscular cardíaca geralmente têm complexos de ECG
muito pequenos, e você pode vê-las muito melhor dessa maneira.
66
ARRITMIAS │ UNIDADE II
Agora as coisas estão começando a ficar um pouco assustadoras. Agora é quando você
precisa lembrar suas aulas de ACLS e/ou o treinamento com desfibrilador.
O mesmo fenômeno que um trio, exceto pelo fato de ser “sustentado”. TV é realmente
uma das coisas mais assustadoras que surgem diante do enfermeiro, junto com seu
desagradável primo FV. Esse pode ser um bom lugar para falar sobre emergências letais.
»» Regra número um: fazer o seu melhor para não ficar em pânico.
Lembre-se sempre de que a UTI é um local onde os processos ocorrem
em grupo. Você nunca está sozinho.
Vamos gastar um tempo nesse ponto e percorrer brevemente um cenário. Você está
em uma UTI e de longe observa o ritmo da TV no monitor. Você corre para o leito do
paciente.
Segunda jogada? Sempre a mesma – vamos enfatizar isso: olhe para o paciente. Ele
está sorrindo para você? Está em coma? Isso é o que o curso de reanimação
cardiopulmonar (RCP) chama de “estabelecendo falta de resposta”.
Você precisa saber que alguns pacientes podem fazer uma pressão sanguínea
adequada com TV, talvez por um curto período de tempo, talvez por um bom tempo.
Eles podem estar acordados, podem estar com dor no peito, podem não estar sentindo
nada. Você não quer começar a executar a reanimação em um paciente que esteja
acordado! É disso que se trata o ACLS – aprender o que fazer em diferentes situações.
Vamos pegar o cenário sem resposta.
Você deve dizer as seguintes palavras em voz alta: “João, João, você está bem?”. Isso
geralmente funciona em uma sala de aula, de qualquer forma. Ele nunca fala muito –
não responde. Você correu pelo corredor, pediu ajuda, chegou ao leito, determinou
que o paciente não é responsivo. O ritmo ainda é TV?
67
UNIDADE II │ ARRITMIAS
Inicie as compressões. A via aérea está aberta? Não? Ele está em TV porque aspirou
um pedaço de bife? Você teve que empurrar sua bandeja de jantar fora do caminho
quando você entrou no quarto? Como você vai limpar suas vias aéreas nessa posição?
Ou: a via aérea está aberta? Tem uma via oral no lugar? Bom movimento do peito com
o Unidade Manual de Respiração Artificial (AMBU)? Segurando o queixo do jeito
certo? Lembra-se de como segurar o queixo dele?
Aqui está um ponto importante: vá com calma. Não parece certo, não é? Mas olhe,
você está em um ambiente muito controlado. Você tem todo o pessoal e equipamento
de que você precisa ao redor. Você tem de 3 a 6 minutos antes de o paciente sofrer
danos cerebrais por falta de oxigenação, isso se você não estiver fazendo nada! Então
você realmente tem todo o tempo de que precisa. Respire fundo, demore alguns
segundos e pense no CAB – depois continue com as coisas extravagantes.
Ok, aqui vem o desfibrilador. Qual é a regra hoje em dia? Para a TV, a manobra a ser
feita é uma cardioversão sincrônica. Para TV sem pulso, choque o paciente como se
estivesse em fibrilação ventricular; isto é, o desfibrilador não sincronizado,
começando com 200 (360 se for monofásico) joules (sempre inicie no máximo). Para
TV com pulso, se não respondem, mas é muito hipotenso, você pode tentar fazer uma
cardioversão sincrônica, mas pode não valer a pena.
Certifique-se de que o paciente não está acordado! Não esqueça o gel! Mais um ponto.
Não há realmente nenhuma razão para gritar e gritar e gritar em uma parada. Uma
RCP bem executada é silenciosa. Pode haver muita atividade, mas o básico está sendo
feito – C, A e B são estabelecidos, o acesso IV é estabelecido, os medicamentos estão
chegando, o equipamento está sendo usado. Você tem muito a contribuir mantendo-se
calmo e comunicando sua sensação de calma aos outros. Você ficaria espantado com o
quanto isso pode ajudar. Não grite. Fale claramente. Certifique-se de que alguém está
no comando – pode ter que ser você em primeiro lugar!
Fibrilação ventricular
68
ARRITMIAS │ UNIDADE II
Aqui está outro grande assustador. Você quer chocá-los o mais rápido possível, sem
cardioversão, sem sincronização, sem eletricidade, 200 joules. Mantenha as pás no
peito do paciente entre os choques. Estabeleça o CAB, faça o ACLS funcionar.
Praticamente como descrito acima. Tente lembrar quais pacientes possuem ritmos
não chocáveis. Certifique-se de tirar a faixa da impressora. Se a corrida começar por
conta própria, conte as batidas na corrida e documente da seguinte maneira: o
paciente teve dois episódios de taquicardia de complexo amplo, um de 22 batimentos
e outro de 30 batimentos. O potássio e o magnésio foram repostos, com níveis de
aminoácidos insuficientes, O2 sat> 95%?
Não choca ele! Não bata nele também. Peça ajuda, leve a equipe para o lado do leito,
monitore-o de perto porque ele pode perder a pressão a qualquer momento
– e então você pode bater ou chocar. Os pacientes nessa situação são muito tênues
– observe-os com muito cuidado. Normalmente, o objetivo aqui é “cardioversão
química” – até muito recentemente todas essas manobras eram feitas com bolus de
lidocaína e gotejamento, seguidas algumas vezes por procainamida, mas mais
recentemente a amiodarona entrou em cena. Não houve estudos que mostrassem que
a lidocaína é realmente eficaz, ou seja, amiodarona 150 ou 300mg IV seguida de um
gotejamento apropriado é o recomendado.
69
UNIDADE II │ ARRITMIAS
Não ensinam mais essa manobra no ACLS, mas as pessoas mais experientes usam
isso. O baque é um soco cuidadosamente entregue no peito. A ideia é bater com o
punho no meio do esterno, ao redor de onde você faz compressões, a partir de uma
altura de cerca de 50 centímetros, com força total, batendo com a parte carnuda do
seu punho em vez das articulações dos dedos. Recomendado em situações especiais.
E se eu vir a FV no monitor?
Torsades de Pointes
70
ARRITMIAS │ UNIDADE II
Esse é estranho e um pouco raro, mas você deve saber sobre isso. Torsades é um tipo
incomum de TV. Na TV “normal” você poderia pensar no impulso elétrico passando
pelo coração, indo e voltando, através do tecido, seguindo em frente, mas sempre ao
longo de um eixo, uma direção de viagem. Em Torsades (muitos profissionais mais
antigos também chamam de “TV polimórfica”). O eixo realmente gira à medida que a
arritmia avança – ele gira ao redor do coração, como em torno de um alfinete preso no
meio do coração. Há muito debate acadêmico sobre o que fazer para essa arritmia,
mas o magnésio acaba sendo o ideal para o Torsades.
Os ventrículos podem gerar sua própria taxa de escape, assim como o nó AV pode,
chamado de “ritmo idioventricular”. É muito lento, em torno de 20-40bpm, e é assim:
Vê alguma onda P? Não há ondas P que informam de onde o ritmo está vindo. Ritmo
baixo nos ventrículos. Muito lento para gerar uma pressão sanguínea.
71
UNIDADE II │ ARRITMIAS
rápido do que o ritmo subjacente. Digamos que você bloqueou o seu paciente beta
agressivamente até uma taxa de 50bpm. Isso é algo em torno da taxa intrínseca de
junções. Um marca-passo nodal, ou até ventricular, pode acordar e capturar em uma
taxa similar. Contanto que seja rápido o suficiente, fornecerá um débito cardíaco da
mesma maneira que a estimulação ventricular (lenta) faria. Há um segundo tipo raro
de RIVA: RIVA irregular. Esse é realmente perigoso...
Assistolia
TSV é desagradável, é rápido, é o mesmo que TV, mas um pouco diferente. Vamos
pensar sobre isso por um segundo. Se a taquicardia ventricular vem dos ventrículos e
é, portanto, ampla e bizarra, e TSV é supraventricular, vindo de algum lugar acima da
junção AV, os intervalos vão ser largos? Provavelmente não, porque não está vindo do
lugar de onde as batidas largas vêm.
72
ARRITMIAS │ UNIDADE II
É nesse ponto que toda a discussão sobre taquicardias complexas estreitas versus
amplas se inicia.O que fazer? A TSV não é a arritmia mais comum, mas você precisa
estar pronto como em todos as demais, e sua preocupação deve ser: o meu paciente
está fazendo pressão com esse ritmo? Vai piorar?
Há cerca de doze tipos de TSVs. Se você realmente quiser se aprofundar mais acerca
dessas variações, achará aqui um campo fértil para enfermeiros especialistas em
cardiologia.
Basicamente, como uma questão prática, podemos ver TSVs regulares com pressão
tratadas com adenosina: 6mg IV, depois 12mg; e TSV horríveis tratadas com
cardioversão sincronizada.
73
UNIDADE II │ ARRITMIAS
O significado é realmente sério: as pessoas com WPW têm um trato extra de condução
embutido em seus corações por acidente, chamado de “via acessória”, que circunda o
nodo AV, conectando os átrios e os ventrículos diretamente. O trato acessório permite
que os sinais de condução retornem ao redor da via normal, em vez de serem enviados
para os ventrículos, produzindo uma TSV paroxística muito rápida. Tratar o TSV:
manobras de valsava, ou verapamil, ou adenosina. Pacientes sintomáticos com WPW
devem ser tratados com cardioversão ou procainamida IV e encaminhados a um
cardiologista para avaliação eletrofisiológica.
74
CAPÍTULO 2
Planos de cuidados de enfermagem
para arritmias
Prioridades de Enfermagem:
2. ansiedade reduzida/gerenciada;
75
UNIDADE II │ ARRITMIAS
Resultados desejados:
Quadro 5.
76
ARRITMIAS │ UNIDADE II
77
UNIDADE II │ ARRITMIAS
Risco de envenenamento
Quadro 6.
78
ARRITMIAS │ UNIDADE II
Conhecimento deficiente
»» falta de memória.
79
UNIDADE II │ ARRITMIAS
Resultados desejados:
Quadro 7.
80
ARRITMIAS │ UNIDADE II
Outros diagnósticos de enfermagem que você pode usar para desenvolver um plano de
cuidados:
81
CHOQUES UNIDADE III
CAPÍTULO 1
Avaliação e gerenciamento de choque;
uma perspectiva de enfermagem
O choque pode ser definido como uma pressão arterial média (PAM) inadequada para
atender às necessidades dos tecidos. A PAM é a pressão arterial média sobre todo o
ciclo cardíaco e reflete a perfusão dos tecidos globais. A PAM inadequada resulta em
um desequilíbrio pelo qual a demanda por oxigênio não é atendida pela entrega de
oxigênio. Esse é um estado relativo e, portanto, não há nenhum PAM específico em
que o choque ocorre. No entanto, é geralmente reconhecido que uma PAM inferior a
60 mmHg inibe a perfusão renal, coronária e cerebral. Em alguns pacientes, no
entanto (por exemplo, aqueles normalmente com hipertensão), uma PAM muito
maior pode ser necessária.
O choque tem uma variedade de etiologias que podem ser divididas em três grupos
principais: falha na bomba (cardiogênico), depleção de líquido intravascular
82
CHOQUES │ UNIDADE III
Choque hipovolêmico
O choque hipovolêmico é causado por um volume intravascular inadequado. Isso
pode ser devido à perda de sangue ou outros fluidos corporais. Se a perda de fluido for
inferior a 750mls, o paciente geralmente apresentará uma imagem pela qual o corpo
se esforça para compensar a perda de fluido no sistema. A compensação ocorre pelo
aumento da frequência cardíaca e vasoconstrição sistêmica. Esses dois mecanismos
mantêm a PAM para otimizar a perfusão em órgãos vitais, como o cérebro e o coração.
83
UNIDADE III │ CHOQUES
Um gás no sangue arterial pode, portanto, ser indicado para uma avaliação precisa.
Amostragem de sangue para níveis de ureia e eletrólitos, hemograma completo e
níveis de glicose serão adicionados aos dados de avaliação. O paciente frequentemente
apresentará níveis elevados de glicose devido à liberação de cortisol como parte da
resposta ao estresse, e isso resulta em um aumento da sensibilização dos tecidos à
atividade de catecolaminas.
Transfusão de sangue
Se o paciente perdeu sangue total, a infusão de produtos sanguíneos é indicada. Níveis
ótimos de Hb dependerão do paciente individual e de suas circunstâncias, mas precisam
garantir capacidade adequada de transporte de oxigênio. Embora uma hemoglobina
normal seja considerada na faixa de 12-18g/dl, é geralmente aceito que concentrações
mais baixas diminuem a viscosidade do sangue e, assim, auxiliam na perfusão.
Para pacientes gravemente doentes, a Hb alvo pode ser tão baixa quanto 7-8g/dl,
embora alguns pacientes como aqueles com doença cardíaca isquêmica ativa exijam
que isso seja maior. Além disso, o HCT ou PCV dá uma indicação da concentração de
glóbulos vermelhos no plasma. Um HCT/PCV elevado sugere que o paciente tenha
uma porcentagem maior de glóbulos vermelhos em relação ao fluido plasmático, e,
portanto, a infusão de outros hemoderivados pode não ser indicada nesse momento.
O enfermeiro também deve estar ciente dos níveis mais elevados de sódio e potássio que
podem estar presentes em células empacotadas. Isso pode causar problemas como
arritmias cardíacas, sobrecarga de líquidos e desconforto respiratório, particularmente
85
UNIDADE III │ CHOQUES
em pacientes com doença cardíaca ou renal. Esses problemas são mais prováveis de
ocorrer com múltiplas transfusões, e a prescrição de diuréticos pode então ser indicada
para prevenir sua ocorrência. Déficits de coagulação também podem se tornar aparentes
com transfusões múltiplas que requeiram a administração de plasma freco congelado.
Cristaloides e coloides
Se os produtos sanguíneos não forem necessários, a reposição de fluidos consistirá de
uma solução cristaloide ou coloide. Tem havido muito debate nos últimos anos sobre
qual destes é preferível. Em uma revisão sistemática realizada inicialmente pela
Cochrane Library em 2001, nenhuma evidência foi encontrada para apoiar o uso de
coloides sobre cristaloides no paciente crítico. No entanto, houve algumas críticas
desde que se destinou a essa revisão, e a escolha do fluido continua a ser uma decisão
clínica baseada nas necessidades e respostas individuais do paciente.
Soluções cristaloides
Os cristaloides têm sido descritos como “soluções salinas balanceadas que atravessam
livremente as paredes dos capilares” e, assim, permanecem no compartimento
intravascular por um período relativamente curto de tempo. São compostos de água e
eletrólitos e incluem produtos como solução de cloreto de sódio, dextrose, Hartmanns
e Ringer lactato.
Coloides
Os coloides incluem soluções como albumina, gelatinas, dextrana e amidos. Eles têm
moléculas maiores que os cristaloides e têm a capacidade de aumentar a pressão
86
CHOQUES │ UNIDADE III
oncótica. Isso significa que eles permanecerão no espaço intravascular por mais
tempo e extrairão mais água do espaço intersticial, ou seja, expansores de plasma são
necessários para alcançar um aumento no PAM.
Além disso, os coloides são relativamente mais caros que os cristaloides. Não
encontraram evidência em sua revisão sistemática de quaisquer vantagens de um
coloide sobre outro, embora tenha notado que os intervalos de confiança eram
amplos, reduzindo a validade dos achados.
Choque cardiogênico
A apresentação de um paciente com choque cardiogênico é muito semelhante à da
hipovolemia. No entanto, como o miocárdio não é capaz de funcionar efetivamente, os
mecanismos compensatórios são impedidos, levando a uma progressão rápida dos
estágios do choque. A insuficiência do ventrículo esquerdo resulta em débito cardíaco
inadequado, e o aumento da vasoconstrição sistêmica aumenta a pós-carga
(resistência contra a qual o coração tem que bombear), tornando ainda mais difícil
para o ventrículo esquerdo atingir um débito cardíaco e pressão arterial adequados.
Isso pode resultar em refluxo do sangue para os pulmões, causando edema pulmonar
reconhecido por dispneia aguda, hipoxemia e tosse. Como resultado do baixo débito
cardíaco, há diminuição da perfusão coronária, resultando em dor torácica e
diminuição da perfusão sistêmica, resultando em sintomas como: alteração da
consciência, baixa produção de urina, náuseas e vômito.
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UNIDADE III │ CHOQUES
Os eventos cardíacos podem nem sempre ser inicialmente óbvios, mas o enfermeiro
deve estar alerta para sinais potenciais, especialmente se o paciente tiver uma história
cardíaca subjacente ou tiver sofrido estresse fisiológico ou psicológico (por exemplo
trauma, cirurgia). Deve-se realizar o monitoramento cardíaco, eletrocardiograma
(ECG) de 12 derivações, ou garantir amostras de sangue para níveis de enzimas
cardíacas como CK, CKmB troponina.
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CHOQUES │ UNIDADE III
Agentes inotrópicos
O objetivo de usar um medicamento inotrópico em um paciente com choque cardiogênico
é melhorar a capacidade do miocárdio de se contrair de forma eficaz e reduzir a
resistência contra a qual o coração tem que bombear (pós-carga). Agentes com essas duas
propriedades incluem dobutamina, milrinone ou mais recentemente levosimendon. No
entanto, essas drogas podem causar mais quedas na pressão arterial.
O gliceriltrinitrato também pode ser prescrito para aliviar a dor e reduzir a pré-carga e
a pós-carga por vasodilatação, mas, novamente, isso pode causar uma queda na
pressão arterial e, portanto, requer uma titulação cuidadosa dos parâmetros
hemodinâmicos do paciente.
Choque distributivo
O choque causado por uma redução na resistência vascular sistêmica (RVS) é o mais
complexo de entender e difere em sua apresentação, pois o paciente é incapaz de
montar uma resposta compensatória normal. Se isso é devido a infecção sistêmica,
anafilaxia ou lesão do nervo espinhal, a característica definidora é que o paciente se
sentirá perifericamente aquecido devido à vasodilatação, em vez de sentir frio como
nos outros tipos discutidos.
89
UNIDADE III │ CHOQUES
Choque séptico
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CHOQUES │ UNIDADE III
Choque anafilático
91
UNIDADE III │ CHOQUES
As diretrizes para seu tratamento são dadas pelo Conselho de Ressuscitação e incluem a
administração intramuscular de 0,5mg de adrenalina 1: 1000 (0,5ml). Oxigênio de alto
fluxo deve ser administrado ao paciente, e acesso intravenoso deve ser estabelecido.
Choque neurogênico
Essa forma de choque é menos comum que as outras descritas, mas deve ser
considerada em qualquer paciente com suspeita de lesão medular ou que tenha
recebido agentes anestésicos espinhais (por exemplo, epidurais). O tratamento inclui
reposição volêmica com uso de agentes vasoconstritores para compensar a perda da
atividade simpática. Oxigenoterapia adequada deve ser administrada, e o paciente
pode necessitar de terapia medicamentosa para tratar qualquer bradicardia.
92
CHOQUES │ UNIDADE III
93
CAPÍTULO 2
O papel da enfermagem no manejo do
paciente com choque
O enfermeiro deve estar ciente de quando os achados clínicos são anormais para o
paciente e a quem deve pedir ajuda em caso de piora do quadro clínico. Isso pode ser
auxiliado pelo uso de protocolos e contato próximo com a equipe de atendimento
intensivo. O enfermeiro também deve assegurar que todo o equipamento de
emergência (como carro de reanimação, aspiração e oxigênio) seja checado e esteja
disponível e funcionando, além de garantir que os usuários em potencial sejam
capacitados para seu uso.
Os pacientes devem estar localizados de forma que possam ser observados de perto. Isso
pode envolver a transferência do paciente para perto do posto de enfermagem ou um nível
mais alto de atendimento, como uma unidade de terapia intensiva ou semi-intensiva. O
cuidado psicológico do paciente e da família também é um componente vital. O manejo da
ansiedade é uma parte fundamental do tratamento do paciente em choque, pois há uma
ligação direta entre a ansiedade e o início da resposta ao estresse. A ansiedade pode estar
relacionada ao medo da morte, ao grau de equipamento técnico ao redor do leito e ao
desconforto da doença crítica. Informações sobre sua condição e quaisquer intervenções
devem ser fornecidas de maneira clara e em uma relação aberta, honesta e solidária
desenvolvida entre o enfermeiro, paciente e seus entes queridos.
níveis de eletrólitos que podem ser interrompidos devido à perda de fluidos e/ou
comprometimento renal. O aumento de potássio, por exemplo, pode causar disritmias
cardíacas e uma baixa hemoglobina (Hb) reduzirá a capacidade de transporte de
oxigênio, limitando ainda mais o grau de fornecimento de oxigênio aos tecidos. A
oxigenoterapia deve ser prescrita, titulada contra a saturação de oxigênio e/ou os
resultados da gasometria arterial, e deve ser administrada de acordo com a prescrição
e o protocolo local. A umidificação também ajudará a prevenir complicações
secundárias, como retenção de expectoração e infecção no peito.
95
CAPÍTULO 3
Planos de cuidados de enfermagem
para o choque cardiogênico
»» ventilação-perfusão prejudicada.
»» crepitações;
»» cianose;
96
CHOQUES │ UNIDADE III
»» dor de cabeça;
»» hipercapnia;
»» hipóxia;
»» taquicardia.
Resultados desejados:
Quadro 8.
Avalie quaisquer sinais de mudanças no nível de consciência. Dor de cabeça e inquietação são sinais precoces de hipóxia.
Auscultar o pulmão em áreas de ventilação reduzida e com presença de Os sons úmidos são causados pelo aumento da permeabilidade capilar
sons adventícios. pulmonar e pelo aumento do edema interalveolar.
A pele fria e pálida pode ser secundária a uma resposta vasoconstritora
Avaliar presença de cianose ou palidez, examinando a pele, leito ungueal
compensatória à hipoxemia. Os tecidos periféricos tornam-se cianóticos
e membranas mucosas.
devido à deterioração da oxigenação e perfusão.
A oximetria de pulso é usada para medir a concentração de oxigenação.
Monitorar a saturação de oxigênio usando a oximetria de pulso.
A saturação normal de oxigênio deve ser mantida em 90% ou mais.
O aumento de Pac02 e a diminuição de Pa02 são sinais de hipoxemia
Monitore os gases do sangue arterial. e acidose respiratória. À medida que a condição do cliente começar a
falhar, a frequência respiratória diminuirá e Pac02 continuará a aumentar.
A sucção remove as secreções se o cliente não puder limpar
Ajudar o cliente ao tossir e aspirar o cliente quando necessário.
efetivamente a via aérea.
Coloque a cabeça da cama do cliente elevada. Essa posição facilita a ventilação ideal.
97
UNIDADE III │ CHOQUES
»» disritmias;
»» defeitos septais;
»» disfunção da válvula.
»» acidose metabólica;
»» alcalose respiratória;
»» taquicardia.
Resultados desejados:
Quadro 9.
99
UNIDADE III │ CHOQUES
»» mutação alterada;
100
CHOQUES │ UNIDADE III
»» cianose;
»» disritmias;
»» dispneia;
»» oligúria.
Resultados desejados:
Quadro 10.
101
UNIDADE III │ CHOQUES
»» tosse;
»» crepitação;
»» dispneia;
»» edema;
»» oligúria;
»» ortopneia;
»» congestão pulmonar;
»» falta de ar;
»» ganho de peso.
Resultados desejados:
102
CHOQUES │ UNIDADE III
Quadro 11.
Ansiedade
Sensação incômoda de desconforto ou medo acompanhada por uma resposta
autonômica.
»» medo da morte;
»» prognóstico reservado;
»» ambiente desconhecido.
»» agitação;
103
UNIDADE III │ CHOQUES
»» maior questionamento;
»» maior conscientização;
»» estimulação simpática;
»» ansiedade verbalizada;
Resultados desejados:
Quadro 12.
104
CAPÍTULO 4
Planos de cuidados de enfermagem
para o choque hipovolêmico
»» hipoxemia e acidose;
105
UNIDADE III │ CHOQUES
»» disritmias cardíacas;
»» taquicardia.
Resultados desejados:
Quadro 13.
106
CHOQUES │ UNIDADE III
107
UNIDADE III │ CHOQUES
»» tontura;
»» maior sede;
»» hipotensão ortostática;
»» taquicardia;
»» a saída de urina pode ser normal (>30ml/h) ou tão baixa quanto 20 ml/h.
Resultados desejados:
Quadro 14.
108
CHOQUES │ UNIDADE III
109
UNIDADE III │ CHOQUES
»» diminuição do volume;
»» diminuição da pré-carga;
»» cianose;
»» tontura;
»» respirações rasas;
»» pulso fraco.
Resultados desejados:
110
CHOQUES │ UNIDADE III
Quadro 15.
Ansiedade
»» medo da morte;
»» prognóstico reservado;
»» ambiente desconhecido.
111
UNIDADE III │ CHOQUES
»» agitação;
»» maior questionamento;
»» maior conscientização;
»» estimulação simpática;
»» ansiedade verbalizada;
Resultados desejados:
Quadro 16.
112
SUPORTE AVANÇADO
DE VIDA EM UNIDADE IV
CARDIOLOGIA
CAPÍTULO 1
Atualização das Diretrizes de 2015 da
American Heart Association (AHA) para
Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP)
Cadeias de sobrevivência
É recomendado o uso de cadeias de sobrevivência distintas (Figura 39) que
identifiquem as diferentes vias de cuidado dos pacientes que sofrem uma PCR no
hospital ou no ambiente extra-hospitalar.
113
UNIDADE IV │ SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM CARDIOLOGIA
PCRIH
PCREH
114
SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM CARDIOLOGIA │ UNIDADE IV
»» deu-se mais ênfase à rápida identificação de possível PCR por parte dos
atendentes, com disponibilização imediata das instruções de RCP para a
pessoa ao telefone (ou seja, RCP orientada pelo atendente).
115
UNIDADE IV │ SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM CARDIOLOGIA
»» tem-se dado maior ênfase a RCP de alta qualidade, que utiliza metas de
desempenho (com frequência e profundidade de compressão torácica
adequadas, permitindo retorno total do tórax entre as compressões,
minimizando interrupções nas compressões e evitando ventilação
excessiva).
»» para que haja retorno total da parede do tórax após cada compressão,
os socorristas devem evitar apoiar-se no tórax entre as compressões.
A RCP somente com compressão é recomendada para socorristas não treinados, pois
é relativamente fácil para os atendentes orientá-los com instruções por telefone.
117
UNIDADE IV │ SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM CARDIOLOGIA
118
SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM CARDIOLOGIA │ UNIDADE IV
Durante a RCP manual, os socorristas devem aplicar compressões torácicas até uma
profundidade de, pelo menos, 2 polegadas (5 cm) para um adulto médio, evitando excesso
na profundidade das compressões torácicas (superiores a 2,4 polegadas (6 cm)).
Retorno do tórax
O retorno total da parede do tórax ocorre quando o esterno retorna à posição natural ou
neutra durante a fase de descompressão da RCP. O retorno da parede do tórax cria uma
pressão intratorácica negativa relativa que promove o retorno venoso e o fluxo sanguíneo
cardiopulmonar. Ao apoiar-se sobre a parede torácica entre as compressões, impede-se o
retorno total da parede do tórax. Quando incompleto, o retorno aumenta a pressão
intratorácica e reduz o retorno venoso, a pressão de perfusão coronária e o fluxo
sanguíneo do miocárdio, podendo influenciar os desfechos da ressuscitação.
Para adultos em PCR que recebem RCP sem via aérea avançada, pode-se realizar a
RCP com a intenção de obter uma fração de compressão torácica tão alta quanto
possível, tendo como meta pelo menos 60%.
119
UNIDADE IV │ SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM CARDIOLOGIA
As interrupções das compressões torácicas podem ser propositais, como parte dos
cuidados necessários (ou seja, análise do ritmo e ventilação), ou involuntárias (isto é,
distração do socorrista). A fração das compressões torácicas é uma medida da proporção
do tempo total de ressuscitação durante o qual são executadas as compressões. Para
aumentar a fração de compressões torácicas, devem-se minimizar as pausas.
A meta ideal de fração das compressões torácicas ainda não foi definida. A adição de
uma meta na fração das compressões visa limitar as interrupções das compressões e
maximizar a perfusão coronária e o fluxo sanguíneo coronário durante a RCP.
Atraso na ventilação
Em PCREH presenciada, com ritmo chocável, os sistemas de SME, que atendem com
base na prioridade e cuja resposta é dividida em diversos níveis, podem atrasar a
ventilação com pressão positiva (PPV), utilizando uma estratégia de até 3 ciclos de
200 compressões contínuas com insuflação de oxigênio passiva e equipamentos
acessórios para vias aéreas.
Vários sistemas de SME têm testado a estratégia de aplicar compressões torácicas iniciais
contínuas com atraso na PPV em adultos que sejam vítimas de PCREH. Em todos esses
sistemas de SME, os profissionais recebem treinamento adicional, com ênfase na
aplicação de compressões torácicas de alta qualidade. Três estudos realizados em sistemas
que utilizam atendimento baseado em prioridade, com resposta dividida em diversas
camadas, em comunidades urbanas e rurais, e que oferecem um pacote de serviços de
atendimento que incluam até 3 ciclos de insuflação passiva de oxigênio, inserção de
equipamentos acessórios para vias aéreas e 200 compressões torácicas contínuas com
choques interpostos, mostraram melhora da sobrevivência, com estado neurológico
favorável, para vítimas com PCR presenciada ou ritmo chocável.
Essa proporção única e simples para adultos, crianças e bebês, em vez de um intervalo
de ventilações por minuto, é mais fácil de aprender, memorizar e realizar.
120
SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM CARDIOLOGIA │ UNIDADE IV
121
UNIDADE IV │ SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM CARDIOLOGIA
Pode-se administrar epinefrina, tão logo possível, após o início da PCR, devido a um
ritmo inicial não chocável.
Em um grande estudo observacional sobre PCR com ritmo não chocável, comparou-se
a administração de epinefrina no período de 1 a 3 minutos com a administração de
epinefrina em 3 intervalos posteriores (4 a 6, 7 a 9 e superior a 9 minutos). No estudo,
constatou-se uma associação entre a administração precoce de epinefrina e o aumento
da RCE, da sobrevivência à alta hospitalar e da sobrevivência neurologicamente
intacta.
Não há evidências adequadas que respaldem o uso rotineiro de lidocaína após a PCR.
No entanto, pode-se considerar o início ou a continuação da lidocaína imediatamente
após a RCE causada por uma PCR devida a FV/TVSP.
122
SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM CARDIOLOGIA │ UNIDADE IV
Em um estudo observacional com pacientes que tiveram RCE após uma PCR por
FV/TVSP, a administração de um ß-bloqueador foi associada à maior probabilidade de
sobrevivência. No entanto, essa constatação é apenas uma relação associativa. O uso
rotineiro de ß-bloqueadores após a PCR é potencialmente perigoso, pois os ß-
bloqueadores podem causar ou agravar a instabilidade hemodinâmica, exacerbar a
insuficiência cardíaca e causar bradiarritmias. Portanto, os profissionais devem avaliar os
pacientes individualmente para saber se eles estão aptos para receber ß-bloqueadores.
123
UNIDADE IV │ SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM CARDIOLOGIA
Sequência C-A-B
124
SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM CARDIOLOGIA │ UNIDADE IV
Com esses dispositivos, um único socorrista pode ativar o serviço médico de emergência
enquanto inicia a RCP; o socorrista pode continuar a conversa com o atendente durante a
RCP. Esses algoritmos continuam a enfatizar a alta prioridade de uma RCP de alta
qualidade e, no caso de colapso súbito presenciado, da obtenção imediata de um DEA, já
que um evento como esse provavelmente tem etiologia cardíaca.
125
Para (não) Finalizar
Ao concluir esta etapa, é possível perceber que o enfermeiro tem um papel importante
no atendimento das emergências cardiovasculares, com responsabilidades cada vez
maiores diante do novo perfil de paciente que está surgindo, que vive mais, que possui
maior poder aquisitivo e conhecimento acerca de seus direitos e que passa a exigir
cada vez mais uma assistência de qualidade. Esse paciente exige de nós, enfermeiros,
mais cuidados holísticos e centrados na pessoa no futuro.
Esperamos que, ao final da leitura deste material, você possa ter compreendido as
principais complicações cardiológicas e reconhecido a assistência de enfermagem ao
paciente diante das emergências cardiológicas, que deve ser fundamentada e
individualizada.
126
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