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FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

AUH0154 - História e Teorias da Arquitetura III

ALUNA: Melissa Aiko Basilio Myoshi N° USP: 11758931

Resenha 1

“Modernidade ontem, hoje e amanhã”


Marshall Berman

O texto aqui analisado é o parágrafo de introdução do livro “Tudo o que é sólido


desmancha no ar: a aventura da modernidade” escrito no final da década de 1970 e
publicado em 1982 na cidade de Nova Iorque pelo americano-judeu Marshal
Berman, o qual aborda uma modernidade que se tece na dialética das
modernizações com os modernismos.

Por meio dessa obra, o escritor e filósofo estadunidense marxista, nos oferece
uma história crítica da modernidade, trazendo análises de vários pensadores e
inúmeras referências da arte, numa espécie de metalinguagem. Para isso, Berman
procura, a partir do que seria a modernidade, extrair dela um significado complexo
que está associado a diversos fatores como a política, a religião, as artes e a
economia.

Nesse sentido, a modernidade - período que teria começado entre os séculos


15 e 16 e que nos atinge até hoje - seria, para Berman, o conjunto de experiências
partilhadas entre pessoas cujo maior símbolo está na transformação e
autotransformação de tudo que conhecemos. Assim, o desafio seria saber lidar com
algo que está pronto para mudar completamente tudo o que nós temos, sabemos e
tudo o que somos. Dessa forma, o paradoxo da modernidade seria justamente a
união das pessoas a partir da experiência da mudança, inclusive dos laços que as
unem. E justamente por abordar um tema que impacta os dias de hoje, o livro de
Berman apesar de ter sido publicado em 1982, continua atual .

Durante o texto, pode-se entender que para o autor os intelectuais do século


XIX seriam muito mais conhecedores sobre a nossa época do que nós mesmos,
uma vez que teríamos perdido o completo controle das nossas contradições.
Portanto, Berman retoma pensadores dessa época em busca de trazer à atualidade
os conhecimentos dos verdadeiros guias da modernidade, criando modernistas do
século XXI mais preparados e mais capazes para encarar a modernidade.
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Nesse contexto, a introdução do livro faz uma crítica geral à modernidade,


crítica no sentido de apontar limites e possibilidades, pois mostra perspectivas e
interpretações sobre a mesma Para isso, como ferramenta de argumentação, o
autor se utiliza de inúmeras referências da filosofia, das ciências sociais, das artes e
da história, o que por vezes pode tornar a leitura um pouco difícil para iniciantes no
assunto devido à essa linguagem especializada. Como por exemplo, o autor aborda
uma visão da modernidade sob a ótica do marxismo, pois para Berman, Marx teria
conseguido como nenhum outro captar a essência do ambiente moderno. O próprio
título do livro é retirado de uma frase de Marx (do livro “O Manifesto Comunista”):
“Tudo o que é sólido desmancha no ar”.

Assim, Berman afirma no texto que Marx e outros intelectuais modernistas do


século XIX teriam a capacidade e a coragem de voltar-se contra si mesmos e contra
sua época, negando tudo o que foi dito. Poderiam lançar uma luz distante do mundo
em que viviam, impregnado de contradições, onde tudo que era sólido se
desmanchava no ar. E apesar do autor elogiar os pensadores deste século, os
pensadores do século XX são vistos com outro olhar por Berman, para ele
possuíam uma incapacidade de lidar com as indeterminações e a possibilidade da
coexistência de contrários.

O texto faz um retrato da modernidade sob uma perspectiva marxista e se


apresenta como uma crítica ao pensamento modernista. Por isso, o texto não é um
livro de ensaio, mas sim de ensaios críticos. Percebemos que enquanto os
modernistas do século 19 eram ao mesmo tempo entusiastas e inimigos da vida
moderna, aos olhos de Berman, nós caminhamos em direção a rígidas polarizações
e totalizações achatadas.

No decorrer da leitura pode-se entender a modernidade como uma


experiência dinâmica e imprevisível, cheia de indeterminações e de contradições, o
que talvez descreva o próprio texto de Marshall Berman, ao se utilizar de autores
muitas vezes antagônicos e contraditórios, os quais são postos lado a lado a fim de
suscitar uma crítica a própria modernidade.

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