Você está na página 1de 503

SAÚDE DA MULHER

Rosa Maria Rodrigues


Alessandra Crystian Engles dos Reis.

Saúde da mulher

INDICTO EDITORA
Toledo
2017

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017


SAÚDE DA MULHER

Rodrigues, Rosa Maria et al.


Saúde da Mulher / Rosa Maria Rodrigues e
Alessandra Crystian Engles dos Reis Cascavel -
Paraná:Indicto Editora, UNIOESTE 2017.
504 p.

ISBN 978-85-54884-03-1

1. Saúde
2. Enfermagem
3. Medicina

I. Título

CDD 1ª ed. – 610


Copyright: Dos autores. Todos os direitos reservados – 2017
Revisão: Dr. Rosan Luiz do Prado – Indicto Editora – Toledo – PR.

Produção gráfica e impressão:


Ebook – Indicto Editora

Conselho Editorial: Profº Ana Meneghini, Profª. Eide Reati do


Prado, Profº. Dr. Rosan Luiz do Prado, Profº Dr. Moacir Jorge
Rauber.

Apoio Financeiro: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de


Nível Superior – CAPES

Realização:
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência -
PIBID/Unioeste
Rua Universitária, 1619 - Jardim Universitário - CEP 85819-100 -
Cascavel-PR. E-mail: pibid@unioeste.br

Os autores de cada capítulo respondem individualmente e são


totalmente responsáveis pelo respectivo conteúdo publicado.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017


SAÚDE DA MULHER

Sumário

ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA GENITAL FEMININO ......... 20


POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER ............................. 40
ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DAS UNIDADES
OBSTÉTRICA E NEONATAL .............................................................. 59
GRAVIDEZ ....................................................................................... 89
DESENVOLVIMENTO FETAL .......................................................... 114
PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO ......................................................... 146
ASSISTÊNCIA INTEGRAL E HUMANIZADA DE ENFERMAGEM À
SAÚDE DA MULHER NO PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO ................... 189
PARTO ........................................................................................... 219
ASSISTÊNCIA INTEGRAL E HUMANIZADA DE ENFERMAGEM AO
RECÉM-NASCIDO .......................................................................... 243
CUIDADOS COM INCUBADORA E FOTOTERAPIA .......................... 275
ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA UNIDADE DE
ALOJAMENTO CONJUNTO ............................................................ 301
PUERPÉRIO ................................................................................... 314
ALEITAMENTO MATERNO ............................................................ 353
AFECÇÕES GINECOLÓGICAS ......................................................... 376
ATUAÇÃO DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM NA SAÚDE SEXUAL E
REPRODUTIVA .............................................................................. 403
CLIMATÉRIO E MENOPAUSA ........................................................ 465
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER ................................................... 481

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017


SAÚDE DA MULHER

AUTORES

Adriana Souza dos Santos: Aluna do Curso de


Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual
do Oeste do Paraná. Voluntária do Pibid Subprojeto
Enfermagem.

Alessandra Crystian Engles dos Reis: Enfermeira


Obstetra. Doutoranda em Ciências. Professora
Coordenadora Voluntária do Pibid Subprojeto
Enfermagem.

Ana Cristina de Moraes: Aluna do Curso de


Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual
do Oeste do Paraná. Bolsista do Pibid Subprojeto
Enfermagem.

Angela Israel Graeff Borges: Aluna do Curso de


Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual
do Oeste do Paraná. Bolsista do Pibid Subprojeto
Enfermagem.

Eledir Ignácio dos Santos: Enfermeira. Professora do


Curso Técnico em Enfermagem no Centro de Educação
Profissional Pedro Boareto Netto. Supervisora
Voluntária do Pibid Subprojeto Enfermagem.

Gicelle Galvan Machineski: Enfermeira. Doutora em


Enfermagem. Professora Coordenadora do Pibid
Subprojeto Enfermagem.

Karen Peres Hernandes: Aluna do Curso de


Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017


SAÚDE DA MULHER

do Oeste do Paraná. Bolsista do Pibid Subprojeto


Enfermagem.

Larissa Fungueto: Aluna do Curso de Graduação em


Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná. Bolsista do Pibid Subprojeto Enfermagem.

Letícia Katiane Martins: Aluna do Curso de Graduação


em Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná. Voluntária do Pibid Subprojeto Enfermagem.

Lorete Lopes Montanari: Enfermeira. Professora do


Curso Técnico em Enfermagem no Centro de Educação
Profissional Pedro Boareto Netto. Supervisora
Voluntária do Pibid Subprojeto Enfermagem.

Manoela Cristina Berticelli: Aluna do Curso de


Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual
do Oeste do Paraná. Bolsista do Pibid Subprojeto
Enfermagem.

Maria Salete Silva Bozza: Enfermeira. Professora e


Coordenadora do Curso Técnico em Enfermagem no
Centro de Educação Profissional Pedro Boareto Netto.
Supervisora Voluntária do Pibid Subprojeto
Enfermagem.

Mateus Souza da Luz: Aluno do Curso de Graduação


em Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná. Bolsista do Pibid Subprojeto Enfermagem.

Rosa Maria Rodrigues: Enfermeira. Doutora em


Educação. Professora Coordenadora do Pibid
Subprojeto Enfermagem.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017


SAÚDE DA MULHER

Solange de Fátima Reis Conterno: Pedagoga.


Doutora em Educação. Coordenadora Voluntária do
Pibid Subprojeto Enfermagem.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017


SAÚDE DA MULHER

APRESENTAÇÃO
A formação de técnicos em enfermagem no
Brasil carece de referenciais específicos que possam
ser utilizados pelos professores e alunos para guiar o
ensino e a aprendizagem. No Paraná as Diretrizes para
a Educação Profissional indicam a necessidade de que
a formação incorpore as dimensões técnicas,
científicas, éticas e políticas do trabalho, de forma que
se contribua com a superação da formação estritamente
instrumental da força de trabalho técnica.
No caso da formação de técnicos em
enfermagem, a formação há tempos indica a
necessidade de que estes profissionais sejam munidos
de competências, para além da pura execução de
tarefas. Tendo estas premissas como fio condutor é que
o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (Pibid), Subprojeto Enfermagem, da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus
Cascavel tem atuado na construção coletiva com
professores do Centro de Educação Profissional Pedro
Boaretto Neto, de referenciais para o ensino no curso
técnico em enfermagem.
O curso de enfermagem tem participado do Pibid
desde 2011, mas a atuação na construção de material

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 9


SAÚDE DA MULHER

pedagógico iniciou-se a partir de 2014. Desde então,


construiu-se o material para a disciplina de Assistência
de Enfermagem em Saúde da Criança e Adolescentes
e, neste momento, o presente material didático se
destina à disciplina de Assistência de Enfermagem à
Saúde da Mulher.
Sua construção foi resultado da parceria entre os
alunos bolsistas de iniciação a docência, as professoras
coordenadoras do Pibid Subprojeto Enfermagem, a
supervisora do Pibid na Escola Técnica e as
professoras supervisoras voluntárias na Escola Técnica
e na coordenação do Subprojeto Enfermagem.
Espera-se que o produto deste trabalho coletivo
contribua com a qualificação da formação de técnicos
em enfermagem assim como para a qualificação dos
alunos do Subprojeto enfermagem para o exercício da
docência.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 10


SAÚDE DA MULHER

INTRODUÇÃO
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID) é um projeto subsidiado pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do
Ensino Superior (CAPES). A Universidade Estadual do
Oeste do Paraná (Unioeste) foi contemplada com
bolsas de iniciação a docência com subprojetos de
vários cursos, abrangendo quase todas as licenciaturas
de seus Campi. O subprojeto PIBID da enfermagem
teve seu início no mês de julho de 2011 em sua
primeira edição e, em março de 2014 iniciou-se sua
segunda edição. O projeto contempla atividades em três
escolas públicas situadas em uma cidade da região
Oeste de Paraná.
Participam atualmente do subprojeto 21
acadêmicos de enfermagem do Campus de Cascavel,
quatro professoras coordenadoras, sendo duas delas
voluntárias e um professor supervisor em cada escola
de atuação. No colégio em que há a educação
profissional técnica de nível médio são desenvolvidas
atividades com os alunos do curso técnico em
enfermagem e de outros cursos deste nível de ensino,
enquanto que no colégio estadual de ensino
fundamental e médio, as atividades contemplam todos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 11


SAÚDE DA MULHER

os alunos sendo planejadas conjuntamente pelos


integrantes do Pibid e professores da escola em
assuntos relacionados à área da saúde. Na escola de
Educação Profissional Técnica de Nível Médio, além da
professora supervisora efetiva, vários professores das
diversas disciplinas atuam como professores
supervisores voluntários e integraram a produção do
presente material pedagógico.
O ensino técnico no Brasil ao longo de sua
trajetória histórica foi compreendido como uma
formação rápida para o trabalho, contudo trata-se de
um direito universal e está dentro dos parâmetros da
Educação Profissional. Atualmente a educação
profissional é vista como uma estratégia para promover
a “compreensão global do processo produtivo, com a
apreensão do saber tecnológico, a valorização da
cultura do trabalho e a mobilização dos valores
necessários à tomada de decisões no mundo do
trabalho” (BRASIL, 2012a, p. 209). Assim, diferente dos
valores impostos após a escravidão, onde os pobres
recebiam educação com intuito de formar para trabalho,
hoje a educação é fundamentada em valores que
possibilitam ao trabalhador pensamento crítico sobre as
políticas que o rodeiam, se tratando de um avanço na

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 12


SAÚDE DA MULHER

área do trabalho. O que se espera é a formação de


sujeitos trabalhadores sabedores de seus direitos,
deveres e que, no exercício do trabalho desenvolvam
todas as suas potencialidades humanas.
O curso técnico em enfermagem do Centro de
Educação Profissional (CEEP) é desenvolvido na
modalidade subsequente conforme a resolução das
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional Técnica de Nível Médio a qual definiu esta
modalidade de ensino como aquela “desenvolvida em
cursos destinados exclusivamente a quem já tenha
concluído o Ensino Médio” (BRASIL, 2012b, p. 3),
porém, além do ensino médio concluído, a escola exige
que o candidato à vaga de estudante possua a idade
mínima de 18 anos.
A disciplina de Assistência de Enfermagem à
Saúde da Mulher possui como conteúdos: Saúde da
mulher e gênero, Organização, Estrutura e
funcionamento das unidades obstétrica e neonatal;
Alojamento conjunto; Gravidez e desenvolvimento fetal;
Assistência integral e humanizada de enfermagem à
saúde da mulher: pré-natal (normal e de alto risco)
parto, puerpério; Intercorrências no ciclo gravídico;
Complicações obstétricas; Afecções ginecológicas;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 13


SAÚDE DA MULHER

Ações preventivas; Medicações mais utilizadas nas


unidades obstétricas e neonatais; Assistência integral e
humanizada de enfermagem ao recém-nascido;
Cuidados com incubadora e fototerapia; Prevenção
Aleitamento materno; Políticas públicas de atenção à
saúde da mulher; Saúde reprodutiva; Planejamento
familiar; Climatério; Menopausa; Violência à mulher. Os
quais foram tomados como suporte para confecção do
material didático.
O universo da mulher é muito particular exigindo
um olhar diferenciado por parte dos profissionais de
saúde, não só no enfoque biológico, mas também no
social e a sua forma de entender o mundo. Com o
passar dos anos e com as mudanças sociais, nota-se
que muitas famílias são chefiadas por uma figura
feminina, que além de ter um vínculo empregatício,
ainda realiza as tarefas domésticas (BRASIL, 2003).
Os serviços de saúde atendem em sua maioria,
mulheres que apresentam diversos problemas, tanto de
saúde quanto sociais. As causas que levam ao
adoecimento da mulher são diversas, estando
diretamente relacionadas com as condições e hábitos
de vida, intimamente relacionados aos altos níveis de
estresse do seu dia-a-dia (BRASIL, 2003).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 14


SAÚDE DA MULHER

Visto isso é importante que na formação do


técnico em enfermagem sejam contemplados saberes e
práticas que envolvam o ciclo vital da mulher buscando
o aperfeiçoamento da assistência de enfermagem.
A atenção à saúde da mulher nas primeiras
décadas do século XX foi pautada as questões
relacionadas basicamente com a gestação e o parto. Os
programas elaborados nos anos 1930, 1950 e 1970,
demostravam que a preocupação era com o biológico e
com o papel social de mãe e doméstica, ou seja, era
responsável pela educação dos filhos e dos demais
familiares (UFMA, 2013).
Na década de 1950 percebe-se a influência da
Europa, que começava a vivenciar o Estado de Bem
Estar Social, no que diz respeito ao estabelecimento de
programas para grupos prioritários como as mulheres,
as quais deveriam, no Brasil realizar seu papel de mãe
e mulher contribuindo para o desenvolvimento
econômico. Na década de 1970 houve um enfoque às
questões relacionadas à equidade, tema na
Conferência do Ano Internacional da Mulher (1975) e do
Plano da Década da Mulher (1976 – 1985). Nesse
sentido, emergiacomo questões dessa conferência,
integrar a mulher no contexto do desenvolvimento,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 15


SAÚDE DA MULHER

tendo como finalidade a busca pela autonomia política,


econômica e redução da desigualdade em relação ao
público masculino (UFMA, 2013).
Nos anos de 1980, com o auge do movimento
feminista, surgem alguns programas destinados à
saúde da mulher, porém são fortemente criticados, visto
que a mulher era vista apenas em seu ciclo gravídico-
puerperal, ficando sem assistência na maior parte de
sua vida, ou seja, era vista apenas como útero deixando
de lado todas as outras questões (sociais, culturais,
psicológicas e etc). Com essa forte atuação feminina,
inclusive nas questões de saúde foi possível introduzir
na agenda política nacional algumas questões que
antes eram vistas apenas em segundo plano (UFMA,
2013).
Nesse sentido, em 1984 o Ministério da Saúde
criou o Programa de assistência integral a saúde da
mulher (PAISM). Esse programa rompeu com os
paradigmas propostos até então visto que estava
norteado pelas seguintes ações: educativas,
preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação,
ginecológica, no pré-natal, parto e puerpério, no
climatério, em planejamento familiar, DST, câncer de
colo de útero e de mama, dentre outras necessidades

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 16


SAÚDE DA MULHER

percebidas como fundamentais para a mulher (BRASIL,


1984).
No ano de 2004, o Ministério da Saúde propôs as
diretrizes que visavam a humanização, acolhimento e
qualidade do atendimento prestado as mulheres, tendo
como base as reivindicações dos diversos segmentos
sociais e com base nos dados epidemiológicos, levando
em consideração os princípios e diretrizes da Política
Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher
(UFMA, 2013).
No ano de 2011, o Ministério da Saúde, em
parceria com diversos setores da sociedade elaborou o
documento com a 2ª reimpressão desta política que
trouxe asdiretrizes e objetivos gerais e específicos, tais
como:

Promover a melhoria das condições de


vida e saúde das mulheres brasileiras,
mediante a garantia de direitos legalmente
constituídos e ampliação do acesso aos
meios e serviços de promoção, prevenção,
assistência e recuperação da saúde em
todo território brasileiro; Contribuir para a
redução da morbidade e mortalidade
feminina no Brasil, especialmente por
causas evitáveis, em todos os ciclos de
vida e nos diversos grupos populacionais,
sem discriminação de qualquer espécie e
Ampliar, qualificar e humanizar a atenção

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 17


SAÚDE DA MULHER

integral à saúde da mulher no Sistema


Único de Saúde(BRASIL, 2011, p.67).

Este breve resgate do movimento de atenção à


saúde da mulher mostra que ela está na agenda das
políticas públicas. A assistência à saúde da mulher em
todas as suas fases deve ser conteúdo do processo de
formação dos técnicos em enfermagem motivo pelo
qual a construção de material didático que auxilie neste
processo se coloca como necessário. Objetiva-se
construir referencial pedagógico que possa ser utilizado
na formação de técnicos em enfermagem na escola
campo de atuação do Pibid Subprojeto Enfermagem e
que possa ser disponibilizado a outras escolas, dado
seu formato digital.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência integral à saúde


da mulher: bases da ação programática. Brasília: Ministério
da Saúde, 1984. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/assistencia_inte
gral_saude_acao_programatica.pdf>. Acesso em: 5ago.
2016.

BRASIL. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da


Mulher: princípios e Diretrizes. Brasília: Ministério da Saúde,
2011. (Série C. Projetos, Programas e Relatórios).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 18


SAÚDE DA MULHER

BRASIL. Ministério da Saúde. Profissionalização de


Auxiliares de Enfermagem: caderno do aluno. Edição
2003. Brasília, 2003. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/pae_c
ad8.pdf. Acesso em: 25 de ago. 2016.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação


Profissional e Tecnológica. Diretoria de Políticas de
Educação Profissional e Tecnológica. Catálogo Nacional
dos Cursos Técnicos. Edição, 2012. Brasil, 2012a.
Disponível em: <http://pronatec.mec.gov.br/cnct/>. Acesso
em: 18 out. 2014.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de


Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 6,
de 20 de setembro de 2012. Define Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível
Médio. Brasil, 2012b. Disponível em:
<http://mobile.cnte.org.br:8080/legislacao-
externo/rest/lei/51/pdf>. Acesso em: 18 out. 2014.

UFMA. Universidade Federal do Maranhão. Universidade


Aberta do SUS – Unasus.Saúde da mulher. Paula Trindade
Garcia (Org.). São Luís, 2013. Disponível em:
<www.unasus.ufma.br>. Acesso em: 5 set. 2016.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 19


SAÚDE DA MULHER

ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA GENITAL


FEMININO1

Adriana Souza dos Santos


Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você possa:


- Compreender a anatomia e fisiologia do Sistema
Genital Feminino apreendendo suas principais
divisões e funções.

INTRODUÇÃO

O sistema genital feminino compreende o


conjunto de órgãos encarregados da reprodução na
mulher, dentre os quais os principais são os ovários, as
tubas uterinas, o útero e a vagina, estruturas que estão
demonstradas numa visão posterior, na Figura 1. A
função reprodutora feminina pode ser dividida em duas
fases principais na primeira ocorre, a preparação do

1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 20


SAÚDE DA MULHER

corpo feminino para a concepção e gestação e, na


segunda está o período da gestação propriamente dito.
Neste capítulo, será abordada a anatomia e fisiologia
reprodutora feminina, enfatizando seus principais
órgãos e suas principais funções (TORTORA, 2007).

Figura 1. Vista posterior da genitália interna feminina.


Fonte: Montenegro; Rezende Filho (2017, p. 47).

OVÁRIOS

Os ovários conforme ilustrados na Figura 2, são


os locais de produção dos gametas femininos ou
óvulos. Os gametas por sua vez, iniciam seu processo
de maturação no final da puberdade. Além da função
gametogênica, os ovários também produzem os
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 21
SAÚDE DA MULHER

hormônios sexuais femininos, o estrógeno e a


progesterona. Os ovários situam-se na cavidade
pélvica, localizando-se um à direita e outro à esquerda
do útero e apresentam um tamanho aproximado de 3
cm de comprimento. Os ovários são mantidos na
cavidade pélvica por meio do ligamento suspensor do
ovário, ligamento largo e ligamento útero-ovárico. Antes
da primeira ovulação, o ovário é liso, porém, torna-se
rugoso devido às cicatrizes deixadas pelas
subsequentes ovulações (MARQUES, 2015).

Figura 2. Vista anterior da genitália interna feminina.


Fonte: Montenegro; Rezende Filho (2017, p. 46).

TUBAS UTERINAS

As tubas uterinas estão localizadas lateralmente


ao útero, passando superiormente sobre os ovários e

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 22


SAÚDE DA MULHER

terminando lateralmente a eles, e medem


aproximadamente 10 cm, conforme ilustrado na Figura
2. São responsáveis pela condução dos ovócitos
secundários, que partem dos ovários até o útero, e
como via de condução dos espermatozoides. De acordo
com a representação da Figura 3, cada tuba uterina
apresenta uma parte afunilada, denominada infundíbulo
da tuba uterina. A margem do infundíbulo é cercada por
pequenas projeções em forma de dedos, são as
fimbrias da tuba uterina, que possuem função de coleta
dos ovócitos para o interior da tuba após a ovulação. A
ampola da tuba uterina é o local onde geralmente
ocorre a fecundação e esta se estreita formando o istmo
da tuba uterina, a porção mais próxima ao útero
(MARQUES, 2015).
Ovulação é o nome que se dá ao processo que
ocorre uma vez ao mês, quando há o rompimento do
folículo maduro e liberação do ovócito, este período é
caracterizado como fértil, ou seja, a mulher pode
engravidar caso tenha relação sexual desprotegida.
Com a liberação do ovócito, ele é capturado pelas
fimbrias e transportado através da tuba uterina, por
meio de movimentos peristálticos e movimentos dos
cílios que estão interiores a tuba. Após a ovulação, a

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 23


SAÚDE DA MULHER

fertilização desse ovócito pode ocorrer em até 24h,


depois de fertilizado (o ovócito é penetrado pelo
espermatozoide) migra para o útero em até 7 dias após
o processo. Caso o óvulo não seja fertilizado, ele é
desintegrado junto à menstruação (GUYTON; HALL,
2006).

Figura 3. Tuba uterina.


Fonte: Montenegro; Rezende Filho (2017, p. 49).

ÚTERO
É um órgão muscular de parede espessa,
posicionado entre a bexiga urinária e o reto com
formato de pêra invertida. Caracteriza-se por ser: o local
onde ocorre a menstruação (na ausência de gestação),
parte da via para os espermatozoides, implantação do
óvulo, desenvolvimento do feto e onde ocorrem as

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 24


SAÚDE DA MULHER

contrações durante o trabalho de parto. É dividido em


fundo do útero, corpo e colo do útero. A parte interna do
corpo do útero é chamada cavidade uterina e o interior
estreito do colo é chamado canal do colo do útero. O
colo do útero se abre na vagina, pelo óstio do útero,
conforme ilustrado na Figura 4 a seguir. Em relação as
suas camadas, o útero é dividido em Perimétrio
(camada externa), Miométrio (camada muscular lisa
intermediária) e Endométrio (camada interna)
(GUYTON; HALL, 2006).

Figura 4. Útero.
Fonte: Montenegro; Rezende Filho (2017, p. 48).

VAGINA

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 25


SAÚDE DA MULHER

A vagina é um canal fibromuscular longo e


tubular, medindo aproximadamente 10 cm de
comprimento, revestido por mucosa, que se estende do
exterior até o colo do útero (Figura 5). Possui função de
permitir a passagem do fluxo menstrual e do feto no
momento do parto, além de agir como órgão de cópula
e, juntamente com o clitóris oferece prazer sexual
feminino quando manipulada ou penetrada pelo pênis.
Localiza-se entre a bexiga urinária e o reto, apresenta
pH ácido (na ausência de gravidez) que dificulta o
crescimento microbiano. É formada por um recesso que
circunda o colo uterino, chamado de fórnice da vagina;
por rugas que constituem uma túnica mucosa e pelo
óstio da vagina, caracterizado pela abertura para o meio
externo. No óstio da vagina pode haver uma fina
camada de túnica mucosa, chamada de hímen
(TORTORA, 2007).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 26


SAÚDE DA MULHER

Figura 5. Secção sagital da pelve feminina.


Fonte: Montenegro; Rezende Filho (2017, p. 46).

VULVA

A vulva é formada pelos órgãos sexuais


femininos externos que são compostos por:
1. Monte do púbis: elevação de tecido adiposo,
recoberto por pele e pelos púbicos espessos,
que protegem a sínfise púbica.
2. Lábios maiores: a partir do monte do púbis,
estendem-se os lábios maiores que são duas
pregas de pele.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 27


SAÚDE DA MULHER

3. Lábios menores: são duas pregas de pele


menores, não contém pelos nem gordura.
4. Clitóris: é uma pequena massa cilíndrica de
tecido erétil e nervos, localizado na junção
anterior dos lábios menores. O clitóris é
homólogo ao pênis, e como a estrutura
masculina é capaz de aumentar de tamanho por
meio da estimulação tátil e possui um papel na
excitação sexual feminina.
5. Vestíbulo: é a região entre os lábios menores. No
vestíbulo estão situados o óstio da vagina e o
óstio externo da uretra.
6. Glândulas vestibulares: estão situadas
lateralmente e internamente ao óstio da vagina, e
têm como função produção de muco durante a
relação sexual para promover a lubrificação do
canal vaginal (GUYTON; HALL, 2006).

GLÂNDULAS MAMÁRIAS

Ambas as glândulas mamárias são glândulas


sudoríparas modificadas que podem produzir leite, a
partir da ação dos hormônios prolactina e ocitocina,
oriundos da hipófise. Cada glândula mamária é
constituída por vários Alvéolos (sacos) que, por sua

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 28


SAÚDE DA MULHER

vez, constituem os Lóbulos glandulares, os quais se


comunicam com o Ducto lactífero, que na porção
anterior final tem sua circunferência aumentada
(durante a gestação, contém leite). A mama possui
exteriormente uma projeção pigmentada, a aréola, e em
seu centro o mamilo, constituído por uma série de
aberturas dos quais o leite emerge. Estas estruturas
podem ser visualizadas na Figura 6 (ROCHEN;
YOKOCHI; DRECOLL, 2002).

Figura 6. Ilustração anatômica interna e externa da mama.


Fonte:Saúde da Mulher: mamas. Disponível em:
<https://saudedamulherufal.wordpress.com/tag/mamas/>. Acesso
em: 7 set. 2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 29


SAÚDE DA MULHER

FISIOLOGIA DA MULHER

A reprodução se inicia por meio do


desenvolvimento dos óvulos, nos ovários, onde esses
óvulos serão liberados em cada ciclo menstrual (Figura
7). Desta forma, os óvulos liberados serão capturados
pelas fimbrias da tuba uterina e adentram na cavidade
das tubas uterinas, onde encontrarão um
espermatozoide, ocorrendo assim, a fecundação. Após
esse processo, o óvulo se implanta no útero, onde
ocorre o desenvolvimento do feto, a placenta e as
membranas fetais e, por fim, o bebê (GUYTON; HALL,
2006).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 30


SAÚDE DA MULHER

Figura 7. Esquema que ilustra a ovulação. O estigma se rompe e o


oócito é expulso juntamente com o líquido folicular.

Fonte: Montenegro; Rezende Filho (2017, p. 55).

HORMÔNIOS FEMININOS

Os dois principais hormônios femininos são o


estrógeno e a progesterona. O estrógeno atua
promovendo a proliferação e o crescimento de células
responsáveis pelas características femininas, e a
progesterona é responsável pela preparação do útero
para a gravidez e das mamas para a amamentação
(GRUBER; TSCHUGGUEL; HUBER, 2002).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 31


SAÚDE DA MULHER

Estrógeno e Progesterona
O estrógeno atua inibindo a atividade
osteoclástica, ou seja, estimulando o crescimento
ósseo. Na puberdade, quando esse hormônio é liberado
em quantidades maiores, o crescimento em altura da
mulher torna-se rápido durante muitos anos, mostrando
que este hormônio tem um efeito potente sobre o
crescimento ósseo (TERESAWA; FERNANDEZ, 2001).
Após a menopausa, quase nenhum estrógeno é
secretado pelos ovários, resultando em uma deficiência
deste hormônio. Desta forma, essa deficiência leva a
uma maior atividade de degradação óssea, levando ao
desenvolvimento de uma doença chamada
Osteoporose. Por conta disso, muitas mulheres, após a
menopausa realizam reposição hormonal de estrógeno,
a fim de reduzir os danos e fraturas que podem ser
facilitadas por essa doença. Além disso, o estrógeno
também é responsável pelo maior depósito de gordura
nos tecidos subcutâneos, nas mamas, coxas e glúteos
e, por conta disso, o porcentual de gordura nas
mulheres é mais elevado do que em homens (NELSON,
2004; GRUBER;TSCHUGGUEL; HUBER, 2002).
Por outro lado, a principal função da
progesterona é promover mudanças no útero durante a

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 32


SAÚDE DA MULHER

metade do ciclo menstrual a fim de prepará-lo para a


gravidez. Além disso, a progesterona também é
responsável pelo desenvolvimento das mamas
(GUYTON; HALL, 2006).

CICLO MENSTRUAL

As mudanças no corpo da mulher que ocorrem


durante o ciclo menstrual dependem de hormônios
sexuais, são eles: o Hormônio Folículo Estimulante
(FSH) e o Hormônio Luteinizante (LH), secretados pela
hipófise, uma glândula localizada no encéfalo. Na
ausência da liberação destes hormônios, os ovários
permanecem inativos, o que ocorre durante toda a
infância, quando quase nenhum hormônio sexual é
secretado. Entre os 9 e 12 anos de idade, a hipófise
começa a secretar progressivamente estes hormônios,
levando ao início dos ciclos menstruais, que
normalmente se iniciam entre os 12 e 15 anos de idade,
e são responsáveis pelas mudanças no corpo feminino.
Esse período de mudanças é denominado de
puberdade, e o primeiro ciclo menstrual é chamado de
menarca (GUYTON; HALL, 2006).
Os anos reprodutivos normais da mulher
caracterizam-se por mudanças rítmicas mensais nas

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 33


SAÚDE DA MULHER

taxas de secreção de hormônios femininos, além de


mudanças nos ovários e nos outros órgãos sexuais.
Esse padrão rítmico é denominado ciclo menstrual. O
ciclo menstrual dura em média 28 dias, porém, pode ser
mais curto com 20 dias ou mais longo, com
aproximadamente 45 dias, embora o ciclo com duração
anormal esteja normalmente associado com menos
fertilidade. Apenas um único óvulo é normalmente
liberado mensalmente, normalmente por volta do 14°
dia do ciclo menstrual, e o endométrio uterino é
preparado com antecedência para a implantação do
óvulo fertilizado, processo chamado de nidação. Caso
ocorra a relação sexual desprotegida neste período, o
espermatozoide irá fecundar o óvulo liberado,
ocorrendo assim, a gravidez. Caso o óvulo não seja
fertilizado, cerca de dois dias antes do término do ciclo,
ocorre a menstruação. A menstruação é causada pela
diminuição dos níveis sanguíneos de hormônios
femininos estrógeno e progesterona, e é resultado da
descamação da parede mais interna do útero
(endométrio). Após o término da menstruação, a parede
mais interna do útero começa a se preparar novamente
para um novo ciclo, como se observa na Figura 8
(TERESAWA; FERNANDEZ, 2001).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 34


SAÚDE DA MULHER

Figura 8. Esquema que ilustra as inter-relações entre hipotálamo,


hipófise, ovário e endométrio. Estão assinalados os ciclos ovariano
e menstrual.
Fonte: Montenegro; Rezende Filho (2017, p. 53).

MENOPAUSA

Entre 40 e 50 anos de idade, o ciclo menstrual


geralmente se torna irregular e normalmente a ovulação
não ocorre. Depois de alguns meses ou anos, o ciclo

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 35


SAÚDE DA MULHER

para totalmente, pois os hormônios femininos não são


mais secretados. Na época da menopausa a mulher
precisa reajustar sua vida de uma que era
fisiologicamente estimulada pela produção dos
hormônios para outra desprovida destes. A perda do
estrógeno normalmente causa mudanças fisiológicas
marcantes como os “calorões” chamados fogachos,
caracterizados pelo rubor extremo da pele, sensações
psíquicas de dispneia, irritabilidade, fadiga, ansiedade
entre outros sinais clínicos. Esses sintomas são de
magnitude considerável e em apenas 15% das
mulheres necessitam de tratamento, que normalmente
consiste em administração de doses diárias em baixas
quantidades de estrógenos (BASTIAN; SMITH; NANDA,
2003).

ATO SEXUAL FEMININO

Assim como ocorre no ato sexual masculino, o


desempenho bem sucedido do ato sexual feminino
depende tanto da estimulação psíquica quanto da
estimulação sexual local. Ter pensamentos sexuais
pode levar ao desejo sexual, o que ajuda no
desempenho do ato sexual. Esse desejo, muda
dependendo da fase do ciclo menstrual, atingindo um

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 36


SAÚDE DA MULHER

pico maior próximo da fase de ovulação, provavelmente


devido aos níveis elevados de estrógeno durante o
período pré-ovulatório. A estimulação sexual local da
mulher ocorre de forma parecida em homens e
mulheres, através da estimulação da vulva, vagina e
outras regiões perineais, porém, o clitóris é
especialmente sensível ao início das sensações
sexuais. O clitóris é um tecido erétil quase idêntico ao
tecido erétil do pênis e, quando estimulado, ocorre um
acúmulo de sangue neste órgão, ficando dessa forma,
mais sensível ao estímulo e proporcionando o prazer
feminino (GUYTON; HALL, 2006).
Quando a estimulação sexual local atinge uma
intensidade máxima ocorre o orgasmo feminino, que é
análogo à emissão da ejaculação masculina, o que
pode ajudar a promover a fertilização do óvulo
(GUYTON; HALL, 2006).

Sugestões de metodologias e recursos

- Aula expositiva dialogada com auxílio de projetor


multimídia;
- Maquetes para visualização das estruturas anatômicas;
- Imagens das estruturas anatômicas para colorir e sinalizar
seus nomes;
- Vídeos atualizados para ilustração da anatomia e fisiologia
da mulher.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 37


SAÚDE DA MULHER

REFERÊNCIAS

BASTIAN, L. A; SMITH, C. M.; NANDA, K. Is this


woman perimenopausal? JAMA. v. 289, n. 7, p. 895-
902, 2003. Disponível em:
<http://dev.muschealth.com/medicine/divisions/gimg/syll
abus/Is%20This%20Woman%20Perimenopausal.pdf>.
Acesso em: 16 ago. 2017.

GRUBER, C.J; TSCHUGGUEL, W; HUBER J.C.


Production and actions of estrogens.N Engl J Med. v.
346, n. 5, p. 340-52, 2002.

GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia


Médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

MARQUES, E. C. M. Anatomia e Fisiologia Humana.


São Paulo: Martinari, 2015.

MONTENEGRO, C. A. B.; REZENDE FILHO, J.


Obstetrícia fundamental. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

NELSON, H. D. Commonly used types of


postmenopausal estrogen for treatment of hot flashes:
scientific review. JAMA. v. 291, n. 13, p. 1610-1620,
2004. Disponível em:
<http://211.103.242.133:8080/ziyuan/CDDPdf/evd/2008
01/JAMA/%E4%B8%B4%E5%BA%8A%E5%AE%9E%
E8%B7%B5%E6%8C%87%E5%8D%97/jama20042910
41610.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2017.

ROCHEN, J. W.; YOKOCHI, C.; DRECOLL, E. L.


Anatomia Humana: Atlas Fotográfico de Anatomia
Sistêmica e Regional. São Paulo: Manole, 2002.

TERESAWA, E; FERNANDEZ, D. L. Neurobiological


mechanisms of the onset of puberty in
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 38
SAÚDE DA MULHER

primates.Endocrine Reviews. v. 22, n. 1, p. 111-151,


2001. Disponível em:
<http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.
1.1.326.1563&rep=rep1&type=pdf>. Acesso em: 16
ago. 2017.

TORTORA, G. J. Princípios de Anatomia Humana.


Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 39


SAÚDE DA MULHER

POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER1

Manoela Cristina Berticelli


Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final desse capítulo espera-se que você possa:


- Entender a proposta de humanização e da qualidade da
atenção, que norteiam os direitos humanos das mulheres
dentro de um marco ético que garanta a saúde integral e o
bem estar;
- Compreender o Programa de Atenção Integral à Saúde da
Mulher.

INTRODUÇÃO

Apesar de ser uma discussão recente, não é


novidade que o Sistema Único de Saúde (SUS)
contempla políticas voltadas quase que exclusivamente
para o público feminino. Apesar de trazerem questões
relacionadas ao gênero, a função biológica feminina,

1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 40


SAÚDE DA MULHER

muitas vezes ganha maior visibilidade na formulação e


implementação das políticas públicas voltadas para a
mulher (BRASIL, 2004).

HISTÓRIA DA MULHER: UMA QUESTÃO DE


GÊNERO

A família, a partir de sua constituição, teve


importante papel para a sobrevivência dos povos
primitivos. Dentro dela, a mulher ganhava destaque ao
contribuir com a preservação da vida ao assumir
atividades que ajudaram na sobrevivência humana,
dentre elas a de gerar os filhos que perpetuariam a
espécie (MILES, 1989 apud ROCHA, 2000).
A diferença entre os sexos sempre foi presente
em nossa sociedade, não apenas no que se refere às
diferenças biológicas, mas também às diferenças
sociais, produtos de uma construção histórica, já que,
desde os povos primitivos há uma relação de domínio
do homem sobre a mulher (ROCHA, 2000).
Durante a história humana, a mulher foi
constantemente colocada em uma posição inferior ao
homem, sendo destinada a serviços domésticos e aos
relacionados à agricultura. Foi somente na década de
1960 que a luta das mulheres por direitos iguais teve

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 41


SAÚDE DA MULHER

importância e visibilidade. O movimento feminista foi um


importante impulsionador na conquista desses direitos,
pois tornou a luta das mulheres visível no mundo todo.
Foi então, com essa luta que ganhou contorno o
conceito de gênero como “um conjunto de atribuições,
papéis, crenças e atitudes que definem o que é ser
homem ou ser mulher” (HERA, 1995 apud BRASIL,
2004, p.12).
No Brasil, o movimento feminista também se
manifestou por meio da luta das mulheres pelo direito
ao voto. A redemocratização nos anos 1980 permitiu
que o feminismo entrasse em uma fase de luta pelos
direitos das mulheres, surgindo vários grupos e
coletivos em todas as regiões do país, que procuravam
abordar temas como violência sexual, sexualidade,
igualdade no casamento, direito a saúde materno-
infantil, violência de gênero, entre outros (PINTO,
2010).
Uma das principais conquistas do movimento
feminista foi a criação, em 1985 do Conselho Nacional
de Direitos da Mulher (CNDM), que promoveu junto aos
grupos feministas, uma campanha nacional para que,
os direitos das mulheres fossem inclusos na nova carta
constitucional. Contemporâneo a este movimento foi

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 42


SAÚDE DA MULHER

promulgada a Constituição de 1988, que no mundo


todo, é uma das constituições federais que mais
garante direitos para as mulheres. Nas últimas décadas
do século XX, houve a criação de Organizações Não-
Governamentais (ONG’s), focadas na luta pela
aprovação de medidas protetoras para as mulheres,
além de buscar uma maior participação feminina nas
políticas (PINTO, 2010).
A principal questão dessa época era a luta
contra a violência que as mulheres vinham vivendo,
principalmente a violência doméstica. Foi somente em
agosto de 2006, através da Lei Federal no 11.340,
conhecida como a Lei Maria da Penha, que foram
criadas medidas para coibir a violência doméstica e
familiar contra as mulheres (PINTO, 2010).
As mulheres são as principais usuárias do SUS.
Elas frequentam os serviços de saúde buscando seu
próprio atendimento, mas também assumem cuidar de
outras pessoas, acompanhando amigos, familiares,
vizinhos e crianças.
Atualmente, a maioria das mulheres acaba se
sujeitando a dupla jornada de trabalho, caracterizada
pelo trabalho profissional e, muitas vezes cuidando
sozinha dos serviços domésticos e da criação dos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 43


SAÚDE DA MULHER

filhos. Isso se caracteriza principalmente, porque em


todas as sociedades é muito comum a divisão do
trabalho se dar de acordo com o gênero, os homens
assumem os trabalhos que necessitam de maior força
física, e as mulheres, geralmente as que exigem mais
delicadeza e destreza (FRANÇA; SCHIMANSKI, 2009).
A dupla jornada de trabalho contribui para que
as mulheres adoeçam com mais frequência,
desenvolvendo quadros mais relacionados às
condições de vida do que a fatores biológicos (BRASIL,
2004).
Os indicadores epidemiológicos brasileiros
mostram que as mulheres são frequentemente
acometidas por doenças típicas de países
desenvolvidos (cardiovasculares e crônico-
degenerativas), além daquelas relacionadas ao sexo
feminino, como câncer de mama e de colo do útero,
para as quais, políticas específicas devem ser
asseguradas contemplando o acesso, a resolutividade e
a integralidade da assistência (BRASIL, 2004).

INÍCIO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO À


SAÚDE DA MULHER

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 44


SAÚDE DA MULHER

No Brasil, as políticas de Atenção à Saúde da


Mulher foram criadas nas primeiras décadas do século
XX, porém, focadas no que dizia respeito à reprodução,
gravidez e parto. Os programas visavam o atendimento
materno-infantil, reforçando a visão especificamente
biológica sobre a mulher, e o seu papel de mãe e
doméstica, responsável pela educação e criação dos
filhos e cuidado com os demais familiares.
Tais iniciativas não eram integradas aos demais
programas de saúde do governo federal, resultando na
falta de avaliação das necessidades de saúde da
população feminina local e a fragmentação da
assistência, ocasionando um baixo impacto nos
indicadores de saúde da mulher. Esse tipo de
assistência foi criticado pela forma reducionista com
que tratava a mulher, deixando-a sem atenção à saúde
na maior parte da sua vida. Assim, o movimento
feminista contribuiu expressivamente para introduzir na
política de saúde nacional, outras questões que ficavam
secundarizadas, como a prevenção de Infecções
Sexualmente Transmissíveis (IST) e assuntos voltados
à sexualidade da mulher (BRASIL, 2004).
Somente no ano de 1984, após intensa luta
feminina, o Ministério da Saúde elaborou o Programa

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 45


SAÚDE DA MULHER

de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM).


Esse Programa incorporou os princípios e diretrizes da
descentralização, hierarquização e regionalização dos
serviços, que mais tarde, juntamente com o Movimento
Sanitário, embasaria a formulação do Sistema Único de
Saúde (SUS). Em 2004, após estudo e reformulação, o
Programa passou a ser denominado de Política
Nacional de Atenção Integral de Saúde à Mulher
(PNAISM). A política abarca o conjunto de programas,
ações e atividades, e passou a incorporar as ações do
que até então era o PAISM: educativas, preventivas, de
diagnóstico, tratamento e recuperação da saúde,
envolvendo a assistência clínica em ginecologia, pré-
natal, parto, puerpério, climatério e menopausa,
planejamento familiar, IST, câncer de mama e colo
uterino, e análise do perfil populacional feminino
(BRASIL, 2004).

ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER: QUALIDADE E


HUMANIZAÇÃO

A busca das mulheres por direito ao acesso a


saúde é regada de discriminação, frustrações e violação
ao seu bem estar físico e mental. Por essa razão, para
humanizar o atendimento as mulheres é essencial,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 46


SAÚDE DA MULHER

estabelecer um serviço de qualidade e ético,


respeitando os direitos femininos e garantindo uma
assistência mais humanizada (OSIS, 1998).
Qualidade e humanização do atendimento a
este grupo populacional implica mais do que a
resolução de problemas ou o emprego de tecnologias.
Segundo os princípios e diretrizes da Política Nacional
de Atenção Integral a Saúde da Mulher de 2004, para
se obter, um atendimento humanizado deve-se levar em
conta os elementos expressos no Quadro 1.
Quadro 1 – Diretrizes para a humanização do
atendimento a mulher.
- Acesso da população às ações e aos serviços de saúde
nos três níveis de assistência;

- Definição da estrutura e organização da rede assistencial,


incluindo a formalização dos sistemas de referência e contra
referência que possibilitem a continuidade das ações, a
melhoria do grau de resolutividade dos problemas e o
acompanhamento da clientela pelos profissionais de saúde
da rede integrada;

– Disponibilidade de recursos tecnológicos e uso apropriado,


de acordo com os critérios de evidência científica e
segurança da usuária;

– Captação precoce e busca ativa das usuárias;

– Capacitação técnica dos profissionais de saúde e


funcionários dos serviços envolvidos nas ações de saúde
para uso da tecnologia adequada, acolhimento humanizado
e práticas educativas voltadas à usuária e à comunidade;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 47


SAÚDE DA MULHER

– Disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais


educativos;

– Acolhimento amigável em todos os níveis da assistência,


buscando-se a orientação da clientela sobre os problemas
apresentados e possíveis soluções, assegurando-lhe a
participação nos processos de decisão em todos os
momentos do atendimento e tratamentos necessários;

- Disponibilidade de informações e orientação da clientela,


familiares e da comunidade sobre a promoção da saúde,
assim como os meios de prevenção e tratamento dos
agravos a ela associados;

– Estabelecimento de mecanismos de avaliação continuada


dos serviços e do desempenho dos profissionais de saúde,
com participação da clientela;

– Estabelecimento de mecanismos de acompanhamento,


controle e avaliação continuada das ações e serviços de
saúde, com participação da usuária;

– Análise de indicadores que permitam aos gestores


monitorar o andamento das ações, o impacto sobre os
problemas tratados e a redefinição de estratégias ou ações
que se fizerem necessárias.
Fonte: Brasil (2004, p. 60-61).

PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA POLÍTICA


NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL DE SAÚDE À
MULHER –PNAISM

Para um bom funcionamento, a política conta


com princípios e diretrizes que devem ser seguidos,
tanto pelos profissionais que são responsáveis por sua

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 48


SAÚDE DA MULHER

implantação, quanto pelos usuários que irão usufruir


dos serviços, garantindo seus direitos. Assim, nos
princípios e diretrizes da PNAISM ficou estabelecido,
conforme Brasil (2004, p. 63-65) que:

- O Sistema Único de Saúde deve


estar orientado e capacitado para a
atenção integral à saúde da mulher,
numa perspectiva que contemple a
promoção da saúde, as necessidades
da população feminina, o controle de
patologias mais prevalentes nesse
grupo e a garantia do direito à saúde;
- A política de Atenção à Saúde da
Mulher deverá atingir as mulheres em
todos os ciclos de vida, resguardadas
as especificidades das diferentes
faixas etárias e dos distintos grupos
populacionais;
- A elaboração, a execução e a
avaliação das políticas de saúde da
mulher deverão nortear-se pela
perspectiva de gênero, raça e de
etnia, e pela ampliação do enfoque,
rompendo-se as fronteiras da saúde
sexual e reprodutiva, para alcançar
todos os aspectos de saúde da
mulher;
- A gestão da política de Atenção à
Saúde deverá estabelecer uma
dinâmica inclusiva, para atender às
demandas emergentes ou antigas,
em todos os níveis assistenciais;
- As políticas de saúde da mulher
deverão ser compreendidas em sua
dimensão mais ampla, objetivando a
criação e ampliação das condições

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 49


SAÚDE DA MULHER

necessárias ao exercício dos direitos


da mulher, seja no âmbito do SUS,
seja na atuação em parceria do setor
saúde com outros setores
governamentais;
- A atenção integral à saúde da
mulher, refere-se ao conjunto de
ações de promoção, proteção,
assistência e recuperação da saúde,
executadas nos diferentes níveis de
atenção à saúde;
- O SUS deverá garantir o acesso das
mulheres a todos os níveis de
atenção à saúde, no contexto da
descentralização, hierarquização e
integração das ações e serviços.
Sendo responsabilidade dos três
níveis gestores, de acordo com as
competências de cada um, garantir as
condições para a execução da
Política de Atenção á Saúde da
Mulher;
- A atenção integral à saúde da
mulher compreende o atendimento à
mulher a partir de uma percepção
ampliada de seu contexto de vida, do
momento em que apresenta
determinada demanda, assim como
sua singularidade e de suas
condições enquanto sujeito capaz e
responsável por suas escolhas;
- A atenção integral à saúde da
mulher implica para os prestadores
do serviço, no estabelecimento de
relações com pessoas singulares,
seja por razões econômicas,
culturais, religiosas, raciais, de
diferentes orientações sexuais, etc. O
atendimento deverá nortear-se pelo
respeito a todas as diferenças, sem

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 50


SAÚDE DA MULHER

discriminação de qualquer espécie e


sem imposição de valores e crenças
pessoais. Esse enfoque deverá ser
incorporado aos processos de
sensibilização e capacitação para
humanização das práticas em saúde;
- As práticas em saúde deverão
nortear-se pelo princípio da
humanização, compreendido como
atitudes e comportamentos do
profissional de saúde que contribuam
para reforçar o caráter da atenção à
saúde como direito, que melhorem o
grau de informação das mulheres em
relação ao seu corpo e suas
condições de saúde, ampliando sua
capacidade de fazer escolhas
adequadas ao seu contexto e
momento de vida; que promovam o
acolhimento das demandas
conhecidas ou não pelas equipes de
saúde; que busquem o uso de
tecnologia apropriada a cada caso e
que demonstrem o interesse em
resolver problemas e diminuir o
sofrimento associado ao processo de
adoecimento e morte da clientela e
seus familiares.
- No processo de elaboração,
execução e avaliação da Política de
Atenção à Saúde da Mulher deverá
ser estimulada e apoiada a
participação da sociedade civil
organizada, em particular do
movimento de mulheres, pelo
reconhecimento de sua contribuição
técnica e política no campo dos
direitos e da saúde da mulher;
- Melhorar e qualificar os mecanismos
de repasse de informações sobre as

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 51


SAÚDE DA MULHER

políticas de saúde da mulher e sobre


os instrumentos de gestão e
regulação do SUS;
- No âmbito do setor Saúde, a
execução de ações será pactuada
entre todos os níveis hierárquicos,
visando a uma atuação mais
abrangente e horizontal, além de
permitir o ajuste às diferentes
realidades regionais;
- As ações voltadas à melhoria das
condições de vida e saúde das
mulheres deverão ser executadas de
forma articulada com setores
governamentais e não-
governamentais; condição básica
para a configuração de redes
integradas de atenção à saúde e para
a obtenção dos resultados esperados.

A aprovação da Política Nacional de Atenção


Integral de Saúde à Mulher expressa a conquista de
direitos, pois as mulheres passam, além de serem
reconhecidas como um grupo social importante, a terem
garantido em lei a atenção integral aos diferentes
aspectos da saúde ao longa da vida da mulher.

ESTRATÉGIAS PARA O FUNCIONAMENTO DO


PNAISM

Para que a Política de Saúde da Mulher


funcione corretamente, promovendo uma vida saudável,
com prevenção de agravos e resolutividade para os

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 52


SAÚDE DA MULHER

problemas detectados, fazem-se necessárias


estratégias. Sendo assim, a Política de Atenção à
Saúde da Mulher deve garantir condições para sua
concretização conforme descrito no Quadro 2.

Quadro 2 – Estratégias para implementação da Política de


Atenção a Saúde da Mulher.
- Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive
para portadoras de HIV e outras IST’S;
- Estimular a implantação e implementação da assistência
em planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos
e adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde;
- Promover a atenção obstétrica e neonatal, qualificada e
humanizada, incluindo a assistência ao abortamento em
condições inseguras, para mulheres e adolescentes;
- Promover a atenção às mulheres e adolescentes em
situação de violência doméstica e sexual;
- Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a
prevenção e o controle das doenças sexualmente
transmissíveis e da infecção pelo vírus HIV na população
feminina;
- Reduzir a mortalidade por câncer na população feminina;
- Implantar um modelo de atenção à saúde mental das
mulheres sob o enfoque de gênero;
- Promover a atenção à saúde da mulher na terceira idade;
- Promover a atenção à saúde da mulher negra;
- Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e
da cidade;
- Promover a atenção à saúde da mulher indígena;
- Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de
prisão, incluindo a promoção das ações de prevenção e
controle de infecções sexualmente transmissíveis, inclusive
da infecção pelo HIV nessa população;
- Fortalecer a participação e o controle social na definição e
implementação das políticas de atenção integral à saúde das
mulheres.
Fonte: Brasil (2004, p. 69-72).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 53


SAÚDE DA MULHER

ATUAÇÃO DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM NA SAÚDE


DA MULHER

O técnico em enfermagem tem papel


fundamental na assistência direta e indireta a mulher.
As consultas de enfermagem que são feitas pelo
enfermeiro dependem do trabalho do técnico ao
identificar sinais que possam sugerir que a mulher está
passando por um momento difícil ou precisando de
assistência médica ou de enfermagem, através do
levantamento de dados realizado.
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen),
no ano de 2011 normatizou a execução da coleta de
material para colpocitologia oncótica pelo método de
Papanicolau pelo Enfermeiro, através da Resolução
Cofen nº 381 de 18 de julho de 2011. O papel do
técnico em enfermagem durante a coleta de exame
Papanicolau é auxiliar o enfermeiro no que lhe for
permitido (COFEN, 2011).
O Enfermeiro está legalmente respaldado pelo
Parecer nº 17/2010 do Cofen a realizar a consulta de
enfermagem, solicitação de exames complementares e
a recomendar métodos contraceptivos, dentre eles o
Dispositivo Intra-Uterino (DIU), sendo que após

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 54


SAÚDE DA MULHER

treinamento o Enfermeiro também pode realizar a


inserção do DIU. Sendo assim, o técnico em
enfermagem tem papel fundamental no acolhimento
dessa mulher na unidade de saúde em que será feita a
inserção do mesmo, auxiliando o enfermeiro no que lhe
é de sua competência profissional (COFEN, 2010).
As ações educativas individuais e em grupo
compõem o universo das ações assistenciais em todos
os níveis de assistência à mulher. Faz parte do
cumprimento da integralidade da assistência, promover
ações educativas às mulheres, momento em que a
equipe multidisciplinar deve atuar em conjunto para
alcançar todas as possibilidades de educação em
saúde com mulheres, desde a infância até a velhice.
Neste caso, sua atuação como técnico em enfermagem
será determinante no desenvolvimento de ações
educativas às mulheres.
No presente capítulo evidencia-se como a
saúde da mulher tem evoluído nas últimas décadas,
passando de uma assistência fragmentada e pouco
abrangente para uma assistência que busca acolher
todas as mulheres independente da idade, classe
social, cor e estado civil. Este processo é resultado da

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 55


SAÚDE DA MULHER

luta das mulheres pelos seus direitos de acesso à


saúde.
A enfermagem tem papel fundamental para
garantir a assistência integral à todas as mulheres que
necessitarem dos serviços de saúde. Para isso, o
enfermeiro e o técnico em enfermagem devem se
respaldar na Política Nacional de Atenção Integral a
Saúde da Mulher (PNAISM), com seu comprometimento
profissional, somados as leis e resoluções que
abrangem essa esfera de atenção. O técnico em
enfermagem tem papel fundamental na atenção à
saúde da mulher, identificando possíveis agravos e
acolhendo-a na Unidade de Saúde, trabalhando em
conjunto com o Enfermeiro e com a equipe de saúde,
para melhor atender essa população.

Leitura recomendada

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção


à Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas.Política Nacional de Atenção Integral
à Saúde da Mulher: princípios e diretrizes. Disponível
em: <http://www.compromissoeatitude.org.br/wp-
content/uploads/2012/08/MS2009_politica_nacional_
mulher_principios_diretrizes.pdf >. Acesso em: 2 mar.
2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 56


SAÚDE DA MULHER

Sugestões de metodologias e recursos

- Aula expositiva dialogada;


- Manuseio e estudo de legislações pertinentes ao
cuidado às mulheres.
REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde. Política Nacional de


Atenção Integral à Saúde da Mulher: princípios e
diretrizes. Brasília, DF, 2004. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nac
_atencao_mulher.pdf>. Acesso em: 2 mar. 2017.

COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Câmara


Técnica de Legislação e Normas – CTLN. Parecer Nº
17/2010/COFEN/CTLN, de 11 de novembro de
2010.Brasília, 2010. Disponível
em:<http://novo.portalcofen.gov.br/parecer-n-172010-
cofen-ctln_6148.html>. Acesso em: 20 maio 2017.
COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução
Cofen nº. 381/2011. Execução pelo Enfermeiro, da
coleta de material para citopatologia oncótica pelo
método de Papanicolau. Brasília, 2011.Disponível em:
<http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-n-
3812011_7447.html>. Acesso em: 20 maio 2017.
FRANÇA, A. L; SCHIMANSKI, É. Mulher, trabalho e
família: uma análise sobre a dupla jornada feminina e
seus reflexos no âmbito familiar. Rev. Elet.
Emancipação, Ponta Grossa, v.9, n. 1, p. 65-78, 2009.
Disponível em:
<file:///C:/Users/Cliente/Downloads/Dialnet-
MulherTrabalhoEFamilia-4025711.pdf>. Acesso em: 27
abr. 2017.

OSIS, M. J. M. D. PAISM: um marco na abordagem da


saúde reprodutiva no Brasil. Cad. Saúde Pública. v. 14,
supl. 1, p. 25-32, Rio de Janeiro, 1998. Disponível em:

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 57


SAÚDE DA MULHER

<https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/image
m/0734.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2017.

PINTO, C. R. J. Feminismo, História e Poder. Rev.


Sociol. Polít., Curitiba, v. 18, n. 36, p. 15-23, jun. 2010.
Disponível em:
<http://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/31624/20159>.
Acesso em: 10 fev. 2017.

ROCHA, C. R. et. al. Enfermagem e a saúde da mulher:


questões de gênero e sociopolíticas. Esc. Anna Nery.
v. 4, n. 1, p. 105-114, 2000. Disponível em:
<http://revistaenfermagem.eean.edu.br/detalhe_artigo.a
sp?id=1170>. Acesso em: 10 fev. 2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 58


SAÚDE DA MULHER

ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DAS


UNIDADES OBSTÉTRICA E NEONATAL1

Ana Cristina de Moraes


Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você possa:


- Conhecer a assistência de enfermagem pertinentes para
organização, estrutura e funcionamento das unidades
obstétrica e neonatal;
- Identificar os principais cuidados de enfermagem que
contribuem para seguir as normas e padrões dos serviços
obstétricos e neonatais;
- Assimilar as formas do cuidado humanizado nas unidades
obstétricas e neonatais.

AMBIENTES DE ASSISTÊNCIA OBSTÉTRICA E


NEONATAL

1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 59


SAÚDE DA MULHER

Ao longo dos anos, com a institucionalização do


parto este deixou de ser visto como um processo
natural e fisiológico. Com o objetivo de resgatar o
sentido humano que envolve o parto, o Ministério da
Saúde passou a criar projetos e programas, um
exemplo disso é a Resolução da Diretoria Colegiada 36
(RDC), criada em 03 de junho de 2008, pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (STANCATO;
VERGÍLIO; BOSCO, 2011), que busca regulamentar e
normatizar os padrões de assistência e funcionamento
dos serviços de atenção obstétrica e neonatal para
sistematizar e qualificar a gestão, harmonizar e
humanizar a assistência ao parto e nascimento bem
como reduzir e controlar os riscos aos usuários e ao
meio ambiente (BRASIL, 2008).
Constam nos padrões normativos estabelecidos
pela RDC 36/2008 conceitos, condições
organizacionais, infraestrutura física, recursos
humanos, materiais e equipamentos, acesso a recursos
assistenciais, processos operacionais assistenciais,
transporte de pacientes, prevenção e controle de
infecção, biossegurança, notificação de eventos
adversos graves, descarte de resíduos e avaliação
(BRASIL, 2008).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 60


SAÚDE DA MULHER

A organização e padronização dos serviços


obstétricos e neonatais tem como objetivo principal a
qualificação e a humanização desses atendimentos,
bem como a redução de riscos aos usuários e ao meio
ambiente. Desta forma, neste capítulo vamos discorrer
sobre as normas vigentes e sobre o regulamento
técnico aplicado aos serviços de saúde no país, os
quais exercem atividades de atenção obstétrica e
neonatal, podendo estes ser públicos ou privados, civis
ou militares, com funcionamento como serviço de saúde
independente ou inserido em hospital geral, incluindo
aqueles que exercem ações de ensino e pesquisa
(BRASIL, 2008).
A RDC 36/2008 trouxe a perspectiva da
humanização para a atenção e gestão à saúde, como
forma de valorização da dimensão subjetiva e social,
com destaque ao respeito às questões de gênero, etnia,
raça, orientação sexual e às populações específicas,
garantindo o acesso dos usuários às informações sobre
saúde, inclusive sobre os profissionais que prestam
assistência valorizando o trabalho e também os
trabalhadores.
Exemplo disso são as salas previstas para o
atendimento neonatal e obstétrico, as quais devem

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 61


SAÚDE DA MULHER

possuir recursos estruturais, materiais e profissionais


destinados ao atendimento humanizado no período de
pré-parto, parto e pós-parto, resgatando o vínculo mãe-
filho com a presença de acompanhante, com objetivo
de reduzir o risco à saúde e melhorar o bem-estar de
quem utiliza esse tipo de serviço (STANCATO;
VERGÍLIO e BOSCO, 2011).
Com isso vamos descrever a seguir algumas
normas que regem as organizações de atendimento
obstétrico e neonatal.

CONDIÇÕES ORGANIZACIONAIS

Para o funcionamento, os Serviços de Atenção


Obstétrica e Neonatal devem cumprir com as normas
técnicas, estabelecidas na RDC 36/2008 (BRASIL,
2008), que estão citadas a seguir:
1. Possuir CNPJ próprio e alvará de licenciamento
atualizado, expedido pela vigilância sanitária
local, bem como estar inscrito e manter seus
dados atualizados no Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde – CNES;
2. Contar com infraestrutura física, recursos
humanos, equipamentos e materiais necessários

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 62


SAÚDE DA MULHER

à operacionalização do serviço, de acordo com a


demanda e modalidade de assistência prestada;
3. Possuir responsabilidade de planejar, implantar e
garantir a qualidade dos processos e a
continuidade da assistência;
4. Implantar e manter em funcionamento
comissões, comitês e programas definidos em
normas pertinentes para análise de óbitos
maternos, fetais e neonatais;
5. Conter documento formal para os serviços de
referência e contra referência registrados no
prontuário, acompanhados de relatórios legíveis
com identificação e assinatura do profissional
legalmente habilitado, garantindo assim a
continuidade da atenção;
6. Dispor de normas, protocolos e rotinas técnicas
escritas e atualizadas, de fácil acesso a toda a
equipe de saúde.

RECURSOS HUMANOS

O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal


deve ter equipe dimensionada, quantitativa e
qualitativamente, atendendo as normatizações vigentes,
e de acordo com a proposta assistencial e perfil de

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 63


SAÚDE DA MULHER

demanda, obedecendo os mínimos estabelecidas na


RDC 36/2008(BRASIL, 2008):
1. Um responsável técnico (RT) e um substituto,
legalmente habilitados pelo respectivo conselho
de classe;
2. Garantir educação permanente para os
trabalhadores, visando a prevenção e eliminação
de riscos sanitários;
3. Garantir a proteção das informações
confidenciais dos usuários;
4. Contar com profissionais legalmente habilitados,
capacitados e responsáveis pelas atividades,
garantindo um atendimento humanizado e
seguro às mulheres, recém-nascidos,
acompanhantes, familiares e visitantes;
5. Assegurar que os procedimentos sejam
realizados de forma individualizada baseados em
protocolos, participação nas ações de educação
permanente, atendimento às urgências e
emergências;
6. Manter a escala dos profissionais, incluindo
plantão, com nome, número do registro em
conselho de classe e horário de atendimento em
um local visível.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 64


SAÚDE DA MULHER

MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal


deve possuir equipamentos, materiais e medicamentos
de acordo com sua complexidade e necessidade de
atendimento à demanda, dentre esses devem estar
disponíveis:

Quadro 1 – Materiais e equipamentos utilizados nos serviços


obstétricos e neonatais.

MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
Esfigmomanômetro Mesa auxiliar Instrumental
para exame
ginecológico,
incluindo
espéculo
vaginal e pinça
cheron
Estetoscópio Foco de luz Material
clínico móvel necessário não
farmacológico
para alívio da
dor e de
estímulo à
evolução
fisiológica do
trabalho de
parto
Fita métrica Mesa para Instrumental
refeição para parto
normal
Estetoscópio de Poltrona Camas
pinard ou sonar removível hospitalares

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 65


SAÚDE DA MULHER

(detector fetal) destinada ao reguláveis ou


acompanhante, cama para pré-
01(uma) para parto, parto e
cada leito pós-parto
(PPP), 01 (uma)
por parturiente
Amnioscópio Relógio de
parede com
marcador de
segundos,
01(um) por
ambiente de
parto
Fonte: Brasil(2008).

Equipamentos como cardiotocógrafo, mesa para


exame ginecológico, escada com dois lances, mesa de
cabeceira, são opcionais para serviços que atendem
partos normais sem distócia.
Já os serviços que realizam assistência ao parto
normal e cirúrgico, de complexidade variada, devem ter
disponíveis, outros equipamentos além dos já descritos:
1. Glicosímetro;
2. Material para cateterismo vesical;
3. Instrumental para cesariana;
4. Material para Aspiração Manual Intrauterina
(AMIU) e curetagem uterina;
5. Bisturi elétrico;
6. Instrumental para histerectomia;
7. Material anestésico;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 66


SAÚDE DA MULHER

8. Oxímetro de pulso;
9. Bomba de infusão;
10. Monitor cardíaco;
11. Aspirador;
12. Mesa para parto cirúrgico;
13. Foco cirúrgico de teto;
14. Material de emergência para reanimação
materna e neonatal composto por desfibrilador,
carro ou maleta de emergência contendo
medicamentos (quadro 2), ressuscitador manual
com reservatório, máscaras, laringoscópio
completo, tubos endotraqueais, conectores,
cânulas de Guedel e fio guia estéril, 01 (um) para
cada posto de enfermagem (BRASIL, 2008).

Quadro 2– Medicamentos utilizados em obstetrícia de uso


rotineiro e nas urgências e emergências.

Medicamentos Básicos Medicamentos de Urgência


Obstétricos e Emergência
Ocitocina, misoprostol e Antiarrítmico;
uterotônicos;
Inibidores da contratilidade Anti-hipertensivo;
uterina;
Sulfato de magnésio 20% e Barbitúrico;
50%;
Anti-hemorrágico; Benzodiazepínico;
Hidralazina 20 mg; Broncodilatador;
Nifedipina 10 mg; Diurético;
Aceleradores da maturidade Drogas vasoativas,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 67


SAÚDE DA MULHER

pulmonar fetal; vasodilatador e vasoconstritor


coronarianos;
Antibióticos; Glicose hipertônica e
isotônica;
Anestésicos; Solução fisiológica;
Analgésicos. Água destilada.
Fonte: Brasil (2008).

ASSISTÊNCIA NEONATAL

Para a assistência ao recém-nascido são


necessários materiais específicos descritos a seguir,
conforme Brasil (2008):
1. Clampeador de cordão;
2. Material para identificação da mãe e do recém-
nascido;
3. Balança para recém-nascido;
4. Estetoscópio clínico;
5. Oxímetro de pulso;
6. Mesa de três faces para reanimação com fonte
de calor radiante;
7. Material para aspiração:
a) Sondas traqueais sem válvula números 4, 6, 8, 10,
12 e 14;
b) Sondas de aspiração gástrica 6 e 8;
c) Dispositivo para a aspiração de mecônio na traqueia;
8. Material para ventilação;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 68


SAÚDE DA MULHER

9. Máscaras faciais para recém-nascidos a termo e


pré-termo;
10. Material para intubação:
a) Laringoscópio com lâminas retas, tamanhos 0 e 1;
b) Cânulas traqueais de diâmetro uniforme sem
balonete tamanhos 2,5; 3,0; 3,5; 4,0 mm e fio guia
estéril opcional;
11. Material para cateterismo umbilical;
12. Medicamentos:
a) Adrenalina diluída 1:10.000;
b) Solução fisiológica;
c) Bicarbonato de sódio 4,2%;
d) Hidrocloreto de Naloxona;
e) Vitamina K.
13. Material para drenagem torácica e abdominal;
14. Plástico protetor para evitar perda de calor;
15. Berço de material de fácil limpeza, desinfecção e
que permita a visualização lateral;
16. Bandeja individualizada com termômetro,
material de higiene e curativo umbilical;
17. Estetoscópio clínico;
18. Balança para recém-nascido;
19. Régua antropométrica e fita métrica de plástico;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 69


SAÚDE DA MULHER

20. Aparelho de fototerapia, 01 (um) para cada 10


berços;
21. Oftalmoscópio;
22. Material de emergência para reanimação, 01(um)
para cada posto de enfermagem, composto por:
a) desfibrilador;
b) carro ou maleta contendo medicamentos,
ressuscitador manual com reservatório, máscaras,
laringoscópio completo, tubos endotraqueais,
conectores, cânulas de Guedel e fio guia estéril,
apropriados para adultos e recém-nascidos (BRASIL,
2008).

RECURSOS ASSISTENCIAIS

Para que o atendimento ocorra de forma integral,


esses serviços devem contar com recursos
assistenciais, diagnósticos e terapêuticos, de acordo
com o perfil do estabelecimento, tipo de atendimento e
faixa etária. Dentre os recursos aos quais se deve ter
acesso garantido estão os de (BRASIL, 2008):
1. Laboratório clínico;
2. Laboratório de anatomia patológica;
3. Serviço de ultrassonografia, incluindo
Dopplerfluxometria;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 70


SAÚDE DA MULHER

4. Serviço de ecocardiografia;
5. Assistência hemoterápica.
6. Uma agência transfusional em suas instalações,
caso realize mais de 60 transfusões por mês,
conforme disposto na RDC 153/2004.
7. Assistência clínica cardiológica;
8. Assistência clínica nefrológica;
9. Assistência clínica neurológica;
10. Assistência clínica geral;
11. Assistência clínica endocrinológica;
12. Assistência cirúrgica geral;
13. Unidades de Terapia Intensiva adulto e neonatal.
14. Acesso ao Banco de Leite Humano, com
disponibilidade de leite humano ordenhado
pasteurizado - LHOP, conforme a RDC
171/2006.

PROCESSOS OPERACIONAIS ASSISTENCIAIS

O Serviço deve permitir a presença de


acompanhante de livre escolha da mulher no
acolhimento, trabalho de parto, parto e pós-parto
imediato, bem como um ambiente acolhedor visando a
humanização da atenção à saúde e o alojamento
conjunto (SBP, 2010). Em 2005, a Lei Federal 11.108

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 71


SAÚDE DA MULHER

garante as parturientes o direito a ter um acompanhante


durante o trabalho de parto, parto e período pós-parto
(BRASIL, 2005).
Na recepção à mulher, o serviço e a equipe de
saúde devem garantir um ambiente confortável para
espera, atendimento e orientação clara sobre sua
condição e procedimentos a serem realizados,
avaliação inicial imediata da saúde materna e fetal,
definição de atendimento prioritário, avaliação do risco
gestacional e nível de assistência necessário na
consulta inicial. Esta também deve ter, quando
necessário, sua permanência garantida em ambiente
para observação e reavaliação, transferência, em caso
de necessidade, realizada após assegurar a existência
de vaga no serviço de referência, em transporte
adequado às necessidades e às condições
estabelecidas na Portaria GM/MS n. 2.048, de 05 de
novembro de 2002 (BRASIL, 2008).
No momento do trabalho de parto, os
profissionais de saúde do serviço, mais especificamente
os profissionais técnicos em enfermagem, os quais
estão em contato direto, devem garantir a privacidade
da parturiente e seu acompanhante, assim como
proporcionar condições que permitam a deambulação e

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 72


SAÚDE DA MULHER

movimentação ativa da mulher (quando não houver


impedimentos clínicos) (BRASIL, 2008).
Deve-se garantir àparturiente o acesso aos
métodos não farmacológicos e não invasivos para alívio
à dor, e de estímulo à evolução fisiológica do trabalho
de parto, possibilitando que os períodos clínicos do
parto sejam assistidos no mesmo ambiente. Da mesma
forma deve-se ter atenção para a ausculta fetal
intermitente, por profissional habilitado, controle dos
sinais vitais da mulher, avaliação da dinâmica uterina,
da altura da apresentação, da variedade de posição, do
estado das membranas, das características do líquido
amniótico, da dilatação e do apagamento cervical, com
registro dessa evolução em partograma. Além de todos
estes cuidados, buscar condições que possibilitem a
escolha pela mulher, de diversas posições no trabalho
de parto, desde que não existam impedimentos clínicos,
realizando sempre procedimentos baseados na
avaliação individualizada e nos protocolos institucionais
(BRASIL, 2008).
No que diz respeito à assistência ao parto e pós-
parto imediato, o serviço juntamente com os
profissionais deve estimular o contato imediato, pele-a-
pele, da mãe com o recém-nascido, possibilitar o

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 73


SAÚDE DA MULHER

controle de luminosidade, de temperatura e de ruídos


no ambiente, estimulando o aleitamento materno, ainda
no ambiente do parto. O atendimento ao recém-nascido
deve ser realizado no mesmo ambiente do parto, para
que não haja interferência na relação mãe e filho,
exceto em casos de impedimento clínico, conforme o
Capítulo 3 - Assistência integral e humanizada de
enfermagem ao recém-nascido (BRASIL, 2008).
Para propiciar maior segurança é necessário que
o recém-nascido não seja retirado do ambiente do parto
sem identificação, com monitoramento adequado da
mulher e do recém-nascido, conforme protocolos
institucionais, visando à detecção precoce de possíveis
intercorrências, a realização dos testes de triagem
neonatal e imunização são imprescindíveis. Nos casos
em que os partos cirúrgicos se fazem necessários, eles
devem ocorrer em ambiente cirúrgico, sob assistência
anestésica por profissionais habilitados (BRASIL, 2008).
No que se refere à transferência da mulher ou do
recém-nascido, em caso de necessidade, busca-se
garantir que seja realizada, após confirmação da
existência de vaga no serviço de referência, em
transporte adequado às necessidades e às condições
de ambos (BRASIL, 2008).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 74


SAÚDE DA MULHER

PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO

Os serviços que prestam atendimentos


obstétricos e neonatais necessitam possuir manual de
normas e rotinas atualizado com técnicas de limpeza,
desinfecção e esterilização, quando aplicável, das
superfícies, instalações, equipamentos e produtos para
a saúde, assim como disponibilizar os insumos,
produtos, equipamentos e instalações necessários para
as práticas de higienização das mãos de profissionais
de saúde, mulher, acompanhantes e visitantes
(BRASIL, 2008).
Cada quarto deve possuir um lavatório/pia com
provisão de sabonete líquido, além de papel toalha que
possua boa propriedade de secagem, como forma de
proporcionar a higienização adequada das mãos. As
preparações alcoólicas para higienização das mãos
devem estar disponibilizadas na entrada da unidade,
entre os leitos e em locais estratégicos, sendo que a
equipe e os técnicos em enfermagem que possuem
maior contato, devem realizar orientações sobre ações
de controle de infecção (BRASIL, 2008).

BIOSSEGURANÇA

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 75


SAÚDE DA MULHER

O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal


deve manter normas e rotinas técnicas escritas de
biossegurança. Estas precisam estar atualizadas e
disponíveis a todos os trabalhadores, contemplando
condutas de segurança biológica, química, física,
ocupacional e ambiental, instruções de uso para os
equipamentos de proteção individual (EPI) e de
proteção coletiva (EPC), procedimentos adotados em
caso de acidentes e manuseio e transporte de material
e amostra biológica (BRASIL, 2008).
Para o descarte de resíduos os serviços devem
adotar as ações do Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) (BRASIL,
2008).
ESTRUTURA FÍSICA CONFORME A RDC MINISTÉRIO DA SAÚDE Nº
36/2008

Unidade de Centro de Parto Normal


Dentre os ambientes que esta unidade contempla
estão:
1. Sala de acolhimento da parturiente e seu
acompanhante;
2. Sala de exames e admissão de parturientes;
3. Quarto PPP: ambiente com capacidade para um
leito e banheiro anexo, destinado à assistência à
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 76
SAÚDE DA MULHER

mulher durante o trabalho de parto, parto e pós-


parto imediato (primeira hora após a dequitação).
4. Prever a instalação de barra fixa e/ou escada de
Ling, banheiro para parturiente,
quarto/enfermaria de alojamento conjunto;
5. Área para deambulação (interna ou externa);
6. Posto de enfermagem;
7. Sala de serviço;
8. Área para higienização das mãos.

Ambientes de apoio:
1. Sala de utilidades;
2. Sanitário para funcionários (masculino e
feminino);
3. Rouparia;
4. Sala de estar e/ou reunião para acompanhantes,
visitantes e familiares;
5. Depósito de material de limpeza;
6. Depósito de equipamentos e materiais;
7. Sala administrativa;
8. Copa;
9. Sanitário para acompanhantes, visitantes e
familiares (masculino e feminino);
10. Sala de ultrassonografia.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 77


SAÚDE DA MULHER

Definições Técnicas dos Ambientes


1. Sala de acolhimento da parturiente e seu
acompanhante: sala com área mínima de 2,00m²
por pessoa.
2. Sala de exame, admissão de parturientes: área
mínima de 9,00m² por leito de exame, com
instalação de água fria e quente.
3. Quarto PPP: área mínima de 10,50m² e
dimensão mínima de 3,20m, com previsão de
poltrona de acompanhante, berço e área de
4,00m² para cuidados de higienização do recém-
nascido – bancada com pia. Essas instalações
devem possuir água fria e quente, oxigênio e
sinalização de enfermagem.
4. Banheiro do quarto PPP: O banheiro deve ter
área mínima de 4,80m², com dimensão mínima
de 1,70m. O box para chuveiro deve ter
dimensão mínima de 0,90 x 1,10m com
instalação de barra de segurança. Instalação
opcional de banheira com largura mínima de
0,90m e com altura máxima de 0,43m. No caso
de utilização de banheira de hidromassagem,
deve ser garantida a higienização da tubulação

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 78


SAÚDE DA MULHER

de recirculação da água. Quando isso não for


possível, não deve ser ativado o modo de
hidromassagem.
5. Quarto/enfermaria de alojamento conjunto, áreas
mínimas: quarto de um leito, 10,50 m², quarto de
dois leitos, 14,00 m² e enfermaria de três a seis
leitos, 6,00 m² por leito. Todos os
quartos/enfermarias devem ter, ainda, área de
4,00m² para cuidados de higienização do recém-
nascido - bancada com pia, previsão de berço e
poltrona de acompanhante, para cada leito de
puérpera. O berço deve ficar ao lado do leito da
mãe e afastado 0,6 m de outro berço.
6. Adotar medidas que garantam a privacidade
visual de cada parturiente, seu recém-nascido e
acompanhante, quando instalado ambiente de
alojamento conjunto para mais de uma puérpera.
7. Prever instalações de água fria e quente,
oxigênio e sinalização de enfermagem.
8. Banheiro do quarto/enfermaria de alojamento
conjunto: pode ser compartilhado por até dois
quartos de dois leitos ou duas enfermarias de até
quatro leitos cada. O banheiro comum a dois
quartos/enfermaria deve ter um conjunto de

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 79


SAÚDE DA MULHER

bacia sanitária, pia e chuveiro a cada quatro


leitos, com dimensão mínima de 1,7 m.
9. Área para deambulação: a área pode ser interna
ou externa, preferencialmente coberta, a fim de
ser utilizada em dias de chuva ou sol.
10. Posto de enfermagem: um a cada 30 leitos. Área
mínima de 2,50m², com instalações de água e
elétrica de emergência.
11. Sala de serviço: uma sala de serviços a cada
posto de enfermagem. Área mínima de 5,70m²,
com instalações de água e elétrica de
emergência.
12. Área para higienização das mãos: um lavatório a
cada dois leitos. Área mínima de 0,90m² com
instalação de água fria e quente.

Unidade de Centro Obstétrico


Dentre os ambientes que esta unidade contempla
estão:
1. Sala de acolhimento da parturiente e seu
acompanhante;
2. Sala de exame e admissão de parturientes;
3. Quarto PPP: Prever a instalação de barra fixa
e/ou escada de Ling. Pode ser utilizado como

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 80


SAÚDE DA MULHER

pré-parto para as pacientes com possibilidade


cirúrgica
4. Banheiro para parturiente;
5. Área para deambulação (interna ou externa);
6. Posto de enfermagem;
7. Sala de serviço;
8. Área para prescrição médica;
9. Área para antissepsia cirúrgica das mãos e
antebraços;
10. Sala de parto cirúrgico/curetagem;
11. Área de recuperação anestésica;
12. Sala para AMIU (Aspiração manual intrauterina);
13. Área de indução anestésica.

Ambientes de apoio
1. Sala de utilidades;
2. Banheiros com vestiários para funcionários e
acompanhantes (barreira);
3. Sala administrativa;
4. Rouparia;
5. Depósito de equipamentos e materiais;
6. Depósito de material de limpeza;
7. Agência transfusional, in loco ou não;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 81


SAÚDE DA MULHER

8. Sala de estar e/ou reunião para acompanhantes,


visitantes e familiares;
9. Sala de preparo de equipamentos/material;
10. Copa;
11. Sala de estar para funcionários;
12. Sanitários para acompanhantes – anexo à sala
de estar;
13. Área de guarda de pertences.

Definições Técnicas dos ambientes

1. Posto de enfermagem e serviços: um a cada


doze leitos de recuperação pós-anestésica com
6,00m;
2. Instalações de água fria e elétrica de
emergência;
3. Área para prescrição profissional: área mínima
de 2,00m²;
4. Área para antissepsia cirúrgica das mãos e
antebraços: prever instalação de duas torneiras
por sala de parto cirúrgico. Caso existam mais de
duas salas cirúrgicas, prever duas torneiras a
cada novo par de salas ou fração. Área de
1,10m² por torneira com dimensão mínima de
1,00m;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 82


SAÚDE DA MULHER

5. Sala de parto cirúrgico/curetagem: área mínima


de 20,00m² com dimensão mínima de 3,45m.
Deve possuir uma mesa cirúrgica por sala.
Instalações de oxigênio, óxido nitroso, ar
comprimido medicinal, elétrica de emergência,
vácuo clínico e climatização;
6. Área de recuperação pós-anestésica: ambiente
com no mínimo duas macas, com distância entre
estas de 0,80m. Distância entre macas e
paredes, exceto cabeceiras de 0,60m. Espaço,
junto ao pé da maca para manobra, de no
mínimo 1,20m. O número de macas deve ser
igual ao número de salas de parto cirúrgico.
Instalações de água fria, oxigênio, ar comprimido
medicinal, elétrica de emergência, vácuo e
climatização;
7. Sala para AMIU (Aspiração Manual Intrauterina):
área mínima de 6,00m² com instalações de
oxigênio, ar comprimido medicinal, elétrica de
emergência, vácuo clínico e climatização;
8. Área de indução anestésica: segue as normas da
sala de recuperação pós-anestésica.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 83


SAÚDE DA MULHER

INTERNAÇÃO OBSTÉTRICA (PUÉRPERAS OU


GESTANTES COM INTERCORRÊNCIAS)

Dentre os ambientes que esta unidade contempla


estão:
1. Quarto/enfermaria para alojamento conjunto ou
internação de gestantes com intercorrências;
2. Banheiro (cada quarto deve ter acesso direto a
um banheiro, podendo servir no máximo dois
quartos);
3. Posto de enfermagem;
4. Sala de serviço;
5. Sala de exames e curativos.

Ambientes de apoio

1. Sala de utilidades;
2. Área para controle de entrada e saída de
pacientes, acompanhantes e visitantes;
3. Quarto para plantonista (in loco ou não);
4. Sanitário para funcionários;
5. Depósito de equipamentos e materiais;
6. Depósito de material de limpeza;
7. Rouparia;
8. Área de cuidados e higienização de lactente;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 84


SAÚDE DA MULHER

9. Sala administrativa;
10. Área para guarda de macas e cadeiras de rodas;
11. Sala de reuniões com a família ou de trabalhos
em grupo;
12. Sala de estar para familiares, visitantes e
acompanhantes;
13. Sanitário para acompanhantes – anexoà sala de
estar;
14. Copa.

Definições Técnicas dos Ambientes


1. Posto de enfermagem e prescrição profissional:
Cada posto deve atender no máximo a 30 leitos,
com a área mínima de 6,00m² e com as
instalações de água e elétrica de emergência;
2. Sala de exames e curativos: Quando existir
enfermaria que não tenha subdivisão física dos
leitos deve ser instalada uma sala a cada 30
leitos. Área mínima de 7,50m² com instalações
de água, ar comprimido medicinal e elétrica de
emergência;
3. Área para controle de entrada e saída de
pacientes, acompanhantes e visitantes. Área
mínima de 5,00m² (BRASIL, 2008).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 85


SAÚDE DA MULHER

Diante do exposto neste capítulo conclui-se que


apesar da existência de um Regulamento Técnico há
praticamente dez anos, o qual especifica os locais de
atendimento obstétrico e neonatal, muitas dessas ações
ainda não são implementadas nestes serviços, fato este
que dificulta e o atendimento a este público.
É necessário que todos os profissionais de
saúde, especialmente os profissionais técnicos em
enfermagem, busquem cada vez mais a melhoria e a
qualidade do serviço prestado, como forma de
humanizar o cuidado, tendo como objetivo principal
atender as necessidades destes indivíduos de forma
integral.

Leitura recomendada

BRASIL, Ministério da Saúde. Resolução da Diretoria


Colegiada - RDC número 36, de 3 de Junho de
2008. Dispõe sobre Regulamento Técnico para
Funcionamento dos Serviços de Atenção Obstétrica e
Neonatal. Publicada no Diário Oficial número 105,
Seção 1, de 4 de Junho de 2008.

Sugestões de metodologias e recursos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 86


SAÚDE DA MULHER

- Aula expositiva e dialogada com auxílio do


multimídia.

- Utilização de imagens de projetos de instituições e


salas de atendimento obstétrico e neonatal.

- Utilização de vídeos educativos sobre estrutura de


unidades obstétricas e neonatais.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Presidência da República. Lei Nº 11.108, de 7


de ABRIL de 2005. Altera a Lei no 8.080, de 19 de
setembro de 1990, para garantir às parturientes o direito
à presença de acompanhante durante o trabalho de
parto, parto e pós-parto imediato, no âmbito do Sistema
Único de Saúde - SUS. Brasília, 2005. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/lei/l11108.htm. Acesso em: 20 jun. 2017.

BRASIL, Ministério da Saúde. Resolução da Diretoria


Colegiada - RDC número 36, de 3 de Junho de 2008.
Dispõe sobre Regulamento Técnico para
Funcionamento dos Serviços de Atenção Obstétrica e
Neonatal. Publicada no Diário Oficial número 105,
Seção 1, de 4 de junho de 2008.Brasília, 2008.
Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2008/
res0036_03_06_2008_rep.html>. Acesso em: 20 jun.
2017.

SBP. Sociedade Brasileira de Pediatria. Infraestrutura


para atendimento integral ao recém-nascido.
Documento científico do Departamento de Neonatologia

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 87


SAÚDE DA MULHER

da Sociedade Brasileira de Pediatria. SBP, 2010.


Disponível em:
<http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/pdfs/sbp-
dc-neo-infraestrutura-integral-21nov2010aprovado.pdf>.
Acesso em: 14 ago. 2017.

STANCATO, K.; VERGÍLIO, M. S. T. G.; BOSCO, C. S.


Avaliação da estrutura e assistência em sala de pré-
parto, parto e pós-parto imediato-PPP de um hospital
universitário. Cienc. Cuid. Saúde. v. 10, n. 3, p. 541-
548, jul./set. 2011.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 88


SAÚDE DA MULHER

GRAVIDEZ1

Larissa Fungueto
Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você possa:


- Aprender o desenvolvimento e a forma de
identificação da gravidez;
- Conhecer os tipos de diagnósticos realizados para
rastrear uma mulher grávida (clínico, laboratorial e por
imagem);
- Identificar e conhecer os seguimentos durante o
acompanhamento puerperal;
- Conhecer as mudanças anatômicas e fisiológicas que
ocorrem no período gestacional;
- Aprender a orientar a mulher, frente às queixas mais
comuns na gestação.

A GRAVIDEZ E SEU DIAGNÓSTICO

1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 89


SAÚDE DA MULHER

Para o diagnóstico da gravidez, o Ministério da


Saúde indica a realização do Teste Rápido, à toda
mulher com atraso menstrual de 15 dias ou mais, e a
orientação relacionada ao processo de gestação, feita
pela equipe da unidade de saúde, responsável pela
cobertura da área de abrangência da moradia da
mulher/gestante.
A assistência à gestante no território nacional,
deve acontecer por meio do programa Rede Cegonha,
implementado com o objetivo de garantir assistência
humanizada a mulher durante a gravidez, parto e
puerpério e assegurar o cuidado ao recém-nascido
(RN). Inclui no rastreamento de gravidez, a realização
do Teste Imunológico de Gravidez (TIG), com intuito de
confirmação da gestação e implementação do pré-natal
(BRASIL, 2012).
Em casos de atraso menstrual maior que 12
semanas não há maior necessidade de realização do
TIG e o diagnóstico pode ser feito através do exame
clínico, em que se observam sinais e sintomas
apresentados pela mulher e se realiza o exame físico
que será detalhado a seguir (BRASIL, 2012).

TIPOS DE DIAGNÓSTICOS

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 90


SAÚDE DA MULHER

Diagnóstico clínico
É aquele realizado através da verificação de
sinais e sintomas característicos apresentados pela
mulher que suspeita de gravidez que são chamados de:
Sinais de Presunção:
- A partir da quarta semana de gestação, o
primeiro sinal aparente e o mais frequente apresentado
nos casos de suspeita é a amenorreia, ou seja, quando
a mulher com ciclo menstrual regular e que possui vida
sexual ativa relata a ausência e atraso do sangramento
menstrual habitual. Outros sintomas comuns são as
náuseas, seguidas de episódios de vômito, na maioria
dos casos, mas algumas mulheres, em minoria podem
sentir o aumento do apetite. Há também alteração das
mamas, em volume e coloração, causadas pelo
aumento da circulação venosa local, o aumento da
pigmentação das aréolas, provindo de quantidade
significativa de melanócitos e o aparecimento de
secreção amarelada, caracterizada pela presença
decolostro, a partir da 16ª semana de gestação,
estimulada pelos hormônios específicos da gravidez
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).
- Na sexta semana de gravidez ocorrem
alterações na frequência urinária, chamada de

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 91


SAÚDE DA MULHER

polaciúria, ou seja, episódios recorrentes de micção


com quantidade diminuída de urina. É normal este
sintoma aparecer no segundo e terceiro mês, devido à
compressão do útero sobre a bexiga. O útero nesse
período gestacional está aumentado e em anteflexão
acentuada (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Sinais de probabilidade:
- Se caracteriza como um sinal de probabilidade,
a amenorreia há mais de 10 dias, além do aumento
uterino verificado a partir da palpação, sendo melhor
palpado a partir da 10ª semana acima da sínfise púbica,
assim como o aumento do volume abdominal que é
percebido a partir da 16ª semana, entre a sínfise
pública e a cicatriz umbilical, e por volta de 20 semanas,
o fundo do útero estará sobre a cicatriz umbilical,
conforme ilustrado na Figura 1 quedemonstra o
crescimento uterino, em sua relação com as dimensões
abdominais (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).
Há também alteração da consistência do colo do útero,
apresentando-se amolecido, assim como alteração das
paredes vaginais devido à alta vascularização, podendo
se perceber a pulsação da artéria vaginal (BRASIL,
2012).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 92


SAÚDE DA MULHER

Figura 1.Altura do fundo uterino conforme a idade


gestacional em semanas.
Fonte: Montenegro; Rezende Filho (2017, p. 240).

Sinais de certeza:
- Confirmação da gravidez devido à
apresentação dos batimentos cardiofetais (BCF), sendo
auscultado pelo médico ou enfermeiro, através do
estetoscópio de Pinard ou equipamento sonar-doppler.
Além disso, podem-se sentir os movimentos fetais,
sendo inicialmente discretos. A ultrassonografia é um
exame auxiliar para diagnóstico nesta etapa, podendo

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 93


SAÚDE DA MULHER

ser realizada por via transvaginal a partir da 4ªsemana


de gravidez, em que se verifica a atividade cardíaca,
primeira manifestação do feto (BRASIL, 2012;
MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Diagnóstico laboratorial
Constitui-se no melhor diagnóstico para
confirmação de gravidez, pelo qual se avalia a
quantidade de gonadotrofina coriônica humana (hCG)
produzida pelo embrião, a partir da primeira semana
após a fertilização. O hCG também é liberado na
corrente sanguínea materna e pode ser verificado no
plasma ou na urina (MONTENEGRO; REZENDE
FILHO, 2017).

Diagnóstico por imagem

Utiliza-se a ultrassonografia transvaginal no


primeiro semestre, em que, a partir da 4ª semana de
gestação verifica-se, na parte uterina superior, a
apresentação de círculo com contornos nítidos
caracterizado como saco gestacional. Após a 10ª
semana há o aparecimento da placenta com alteração
do espessamento do saco, significando a sua

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 94


SAÚDE DA MULHER

implantação e desenvolvimento (MONTENEGRO;


REZENDE FILHO, 2017).

ACOMPANHAMENTO DA GRAVIDEZ

A gravidez é contabilizada a partir do primeiro


dia da última menstruação, tendo uma duração média
de 280 dias, dividida em 40 semanas (MONTENEGRO;
REZENDE FILHO, 2017). Ao ser confirmada, a
puérpera deverá fazer vínculo e contato com uma
unidade de saúde para realizar o cadastro e
acompanhamento do pré-natal, de modo que as
consultas deverão avaliar o desenvolvimento da
gestação, programação do parto, atender as questões
fisiológicas, psicológicas e sociais da gestante,
buscando empregar os cuidados e orientações
necessárias.

MUDANÇAS ANATÔMICAS E FISIOLÓGICAS NO


PERÍODO GESTACIONAL

As alterações no corpo materno ocorrem,


principalmente devido a fatores hormonais e mecânicos,
esperados durante a gravidez, e verificados,
investigados e orientados para melhora do estado geral
de provável desconforto advindo da progressão da

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 95


SAÚDE DA MULHER

gravidez para que seja o mais tranquila possível. Essas


modificações anatômicas e fisiológicas são divididas em
sistêmicas, abrangendo a postura materna, o
metabolismo e os sistemas, e modificações dos órgãos
genitais (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017). As
mudanças estão abaixo apresentadas nos tópicos:
postura e deambulação; mudanças no sistema
cardiovascular; alterações no sistema urinário;
alterações no sistema respiratório; alterações no
sistema digestório; alterações endócrinas; pele e
anexos; sistema reprodutor e genital.

Postura e deambulação: a postura se altera a partir do


momento em que há o crescimento uterino e o aumento
das mamas, esta situação acarreta em uma proporção
de peso frontal maior. Para compensar a desproporção
de massa corporal, inconscientemente a mulher
assume a postura corporal voltada para trás, conforme
ilustrado na Figura 2. Ainda, para buscar seu equilíbrio
mecânico corporal, a gestante mantém o abdome
empinado para frente, os pés afastados e puxa os
ombros para trás, fazendo com que a coluna crie um S,
ocasionando o surgimento da lordose na coluna lombar.
Há alteração das articulações, aumentando a

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 96


SAÚDE DA MULHER

mobilidade, principalmente sacro ilíaca e da sínfise


púbica (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Figura 2. Postura corporal na gestação.


Fonte:http://www.escoladepostura.com.br/main.asp?link=noticias#[
AbreEmDIV]ajax.asp?link=noticia&id=384

Mudanças no Sistema cardiovascular: no início da


gestação e, após a 5ª semana, algumas mudanças no
sistema cardíaco e circulatório começam a ser sentidas
pela gestante, como é o caso da dilatação periférica dos
vasos, que influencia no aumento da frequência
cardíaca, o qual é progressivo chegando a 10-15 bpm
(batimentos por minuto) a mais no terceiro trimestre. O
volume de sangue circulante inicia um aumento a partir
da sexta semana da gestação e alcança, em torno de
30% a 40%, na trigésima quarta semana em relação

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 97


SAÚDE DA MULHER

aos níveis prévios a gravidez, para suprir a demanda do


útero hipervascularizado e proteger a mãe da perda
sanguínea do momento do parto. O retorno venoso
também é prejudicado com o passar das semanas e
aumento do útero, pois quando a gestante adota a
posição dorsal, há compressão da veia cava inferior e
veias pélvicas, levando à diminuição do volume de
sangue que chega ao coração, ou seja, baixo débito
cardíaco e aumento da pressão venosa nos membros
inferiores. Por isso, na gravidez, há grandes chances de
ocorrerem episódios de hipotensão e alta incidência de
edema de membros. Durante o parto alterações
hemodinâmicas são observadas quando a contração
uterina coloca em circulação em torno de 300ml a
500ml de sangue. O débito cardíaco igualmente
aumenta durante o trabalho de parto em cerca de 35%
durante as contrações e 10% nos intervalos. Já no
período expulsivo, no momento dos puxos, este
aumento chega a 50%. Da mesma forma aumentam a
frequência cardíaca e a pressão arterial, como resposta
simpática à ansiedade e à dor vivenciada pela gestante.
O aumento do débito cardíaco persiste no pós-parto
imediato, pela firme contração do útero que introduz na
corrente sanguínea aproximadamente 300ml de

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 98


SAÚDE DA MULHER

sangue, desencadeando um aumento de 60 a 80%. As


alterações hemodinâmicas alcançarão estabilidade, a
partir de seis a oito semanas no pós-parto, quando o
débito cardíaco voltará aos valores precedentes à
gravidez(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017;
PICON; AYALA DE SÁ, 2005).

Alterações no Sistema urinário: com o crescimento


uterino os rins são deslocados para cima e aumentam
cerca de um centímetro devido ao maior fluxo vascular
renal e nos espaços intersticiais. De maior evidência é a
dilatação da porção superior do rim simulando uma
hidronefrose decorrente de fatores hormonais e
mecânicos que acomete até 90% das gestantes
podendo permanecer até seis semanas após o parto. A
compressão do útero sobre os ureteres e a ação da
progesterona inibindo a musculatura lisa ureteral
determinam ureteroectasia. Os ureteres ficam dilatados
de forma mais pronunciada a direita devido à
compressão do útero. Tal dilatação pode desencadear
estase urinária e predispor a gestante a infecções e
pielonefrite (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).
Nas vias urinárias inferiores, a bexiga é
deslocada anteriormente e expandida lateralmente pela

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 99


SAÚDE DA MULHER

compressão uterina. Níveis aumentados de estrogênios


circulante desencadeiam hiperemia e congestão da
mucosa ureteral e vesical. O colo vesical tem reduzida a
sua resposta contrátil a estímulos alfa-adrenérgicos
assim como do suporte pélvico “vaginal anterior e da
uretra, alterações que podem contribuir para a
incidência elevada de incontinência urinária na
gravidez” (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017, p.
151).

Alterações nosistema respiratório: As principais


alterações deste sistema ocorrem para adaptação do
corpo materno à ventilação, há um relaxamento dos
ligamentos das costelas facilitando que o diafragma se
desloque em sentido cefálico conforme compressão,
devido ao crescimento fetal, com isso a caixa torácica
se expande nos diâmetros anteroposteriores, conforme
Figura 3. Para que o processo respiratório efetivo
ocorra há aumento da frequência respiratória devido à
diminuição de volume de ar disponível para troca
gasosa (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).
“Esta restrição é compensada por ação da
progesterona, nos centros respiratórios, elevando a
frequência do ritmo da respiração” (CARRARA;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 100


SAÚDE DA MULHER

DUARTE, 1996, p. 90). Os elevados níveis de


progesterona durante a gravidez atuam aumentando a
ventilação-minuto, já que este hormônio eleva a
sensibilidade do centro respiratório ao dióxido de
carbono (GUYTON, HALL, 2006). A mobilidade torácica
da gestante diminui de acordo com o desenvolvimento
da gestação, assim como a força muscular respiratória
se reduz conforme passam os trimestres da gravidez,
diminuição mais evidente, no início da gestação (PINTO
et al., 2015).

Figura 3: Elevação do diafragma e alargamento do tórax.


Fonte: Dombrowski (2006) apud Montenegro e Rezende Filho
(2017, p. 154).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 101


SAÚDE DA MULHER

Alterações no Sistema Digestório: já no primeiro


semestre, os órgãos deste sistema começam a sofrer
alterações, e com isso aparecem os sintomas mais
frequentes e conhecidos da gravidez, como as náuseas
e vômitos, e as famosas mudanças do apetite.
Concomitante com o relaxamento dos vasos, os órgãos
digestivos também relaxam como, por exemplo, o
afrouxamento do esfíncter gastroesofágico que somado
à pressão abdominal, devido ao crescimento uterino,
ocasiona a pirose, conhecida como azia. A constipação
também aparece, e é explicada pela falta de contração
dos músculos do cólon (MONTENEGRO; REZENDE
FILHO, 2017). A gestante pode apresentar aumento de
apetite sensação de fome além do costume. Pode
ocorrer aversão a alimentos gordurosos e ocorrer a
malácia, nome dado ao desejo de comer coisas não
convencionais tais como arroz cru, terra, giz. A vontade
de comer alimentos incomuns, ou os “desejos” podem
ocorrer na fase inicial da gestação justificada pela
presença de gonadotrofina coriônica e alterações
emocionais que podem relacionar-se à carência afetiva.
Contudo, tais alterações permanecem com sua etiologia
ainda pouco esclarecida. “A presença de gonadotrofina
coriônica, também, é importante na etiologia dos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 102


SAÚDE DA MULHER

vômitos do início da gestações” (CARRARA; DUARTE,


1996, p. 89). A maior ocorrência de problemas dentários
durante a gravidez está relacionada ao pH mais baixo
da saliva e a hábitos higiênicos inadequados da
cavidade bucal e não exclusivamente à gestação.
Entretanto, as gengivas são afetadas pela ação do
estrogênio e da progesterona e desenvolvem hipertrofia
o que pode limitar a higienização da cavidade oral, ao
cobrir parte dos dentes ou ao dificultar a escovação
pelo sangramento gengival (CARRARA; DUARTE,
1996).

Sistema endócrino: Durante a gestação há aumento


generalizado da produção das glândulas endócrinas e o
sistema endócrino atua com total intensidade. O
pâncreas, a hipófise, a tireóide, a paratireóide e as
adrenais têm função destacada neste período; há
aumento da exigência metabólica em resposta ao
aumento do fluxo sanguíneo que chega a essas
glândulas. A existência da placenta, com suas funções
glandulares específicas é um novo órgão no corpo
materno. Ela produz vários hormônios, especialmente o
hormônio lactogênese placentário e a gonadotrofina
coriônica (CARRARA; DUARTE, 1996).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 103


SAÚDE DA MULHER

Pele e anexos: assim como as mulheres em geral têm


alterações da pele durante todas as fases da vida, na
gestação não seria diferente, visto que o crescimento
do corpo ocorre acentuado em certas partes, como
seios, abdome, pelve e pernas, isso leva o
aparecimento de estrias, também hiperpigmentação da
linha entre o umbigo e o panículo adiposo, chamada de
línea nigra, alteração da coloração das aréolas, da
vulva e também de face denominada cloasma.
Gestantes podem apresentar telangiectasias (pequenos
vasos superficiais) que estão relacionados aos elevados
níveis de estrogênio. Outro fenômeno comum é o
aumento de pelos, em face, braços e até crescimento
acentuado de cabelos. As unhas podem apresentar-se
quebradiças e pode ocorrer a presença de eritema
palmar e hipertrofia das glândulas sudoríparas e
sebáceas (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Sistema reprodutor e genital: as alterações da vulva e


vagina ocorrem sob efeito do estrogênio, levando a
aumento do epitélio e vascularização vaginal,
amolecimento e pigmentação da vulva desenvolvendo
coloração arroxeada. Com estas mudanças, há o

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 104


SAÚDE DA MULHER

aumento da descamação vaginal, levando a recorrentes


corrimentos e alterações do Ph que se torna mais ácido
e contribui para proteger de infecções ascendentes.
Quanto ao útero, este órgão sofre intensas mudanças
desde o recebimento do ovo e dos hormônios
produzidos pelo corpo lúteo, como amolecimento e
redução do tônus, afinamento da parede uterina,
crescimento e alteração de forma, tornando-se
perceptível à palpação abdominal a partir da
12ªsemana e podendo pesar até 1,2 kg ao final da
gestação. O colo uterino também sofre alterações,
devido às influências hormonais, com o crescimento do
epitélio do canal cervical, aumento da vascularização, o
que leva a mudança de cor do colo para um tom
azulado e seu amolecimento por consequência da
produção de colágeno. Já o canal cervical é obstruído
por acúmulo de secreção mucosa densa, chamada de
tampão mucoso, que auxilia na proteção do embrião
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

QUEIXAS MAIS COMUNS NA GESTAÇÃO E


ORIENTAÇÕES

Assim como foi comentando nos tópicos


anteriores, o organismo da mulher grávida se altera

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 105


SAÚDE DA MULHER

conforme a progressão da gravidez, e mesmo ele tendo


que se adaptar as novas formas, alguns sintomas
gestacionais podem ocorrer, mas para que eles não se
tornem um problema, a busca por acompanhamento de
uma equipe de saúde se torna essencial, tanto para a
verificação do bem-estar materno, quanto fetal. Dessa
forma, listam-se a seguir os principais sintomas e
orientações que podem ser ofertadas frente a eles
(BRASIL, 2012).
Náuseas, vômitos, tonturas e pirose: sintomas
comuns no início da gravidez e que devem ser
controlados a partir de mudanças na dieta, como:
fracionar a ingesta diária em até seis refeições, evitar
alimentos gordurosos, muito temperados, e com
conservantes, evitar a ingestão de líquidos durante as
refeições, preferindo os intervalos, deixar sempre
alimentos sólidos à beira da cama, como bolachas de
água e sal, para que ao levantar os consuma, evitando
deixar o estômago vazio e aumentar a produção de
suco gástrico. Alguns medicamentos são comumente
usados nestes casos, como a Bromopida,
Clorpromazina e a Metoclopramida, mas o
encaminhamento para uma consulta médica/de
enfermagem se torna imprescindível, já que não são

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 106


SAÚDE DA MULHER

todos medicamentos que podem ser utilizados durante


a gravidez. Nos casos de gestantes que apresentam
episódios de pirose, as indicações quanto a
alimentação é a mesma, mas deve-se ter um cuidado
maior com bebidas que possuam cafeína como o café,
chá preto, mates e até doces. Nestas situações, a
critério médico, o uso de medicamentos antiácidos pode
ser necessário (BRASIL, 2012).
Salivação excessiva: chamada tecnicamente de
sialorreia é comum acontecer no início da gravidez,
devendo se ter cuidado com a alimentação, assim como
em casos de náusea e vômito. Também se pode
orientar a gestante a tomar líquido em pequenos
volumes e deglutir sempre a saliva (BRASIL, 2012).
Fraquezas e desmaios: para que estas
situações não ocorram, a gestante deve ter muito
cuidado ao realizar mudanças de postura corporal
bruscas, buscando evitá-las, assim como evitar a
inatividade. Indica-se que ao se sentir fraca e ter a
sensação que vai desmaiar, buscar deitar em decúbito
lateral de preferência esquerdo, para não comprimir os
grandes vasos abdominais, ou sentar com a cabeça
abaixada até a sensação passar. Para que a mulher
não se sinta fraca, deve-se evitar jejuns prolongados e

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 107


SAÚDE DA MULHER

intervalos grandes entre as refeições, podendo orientar


a realizar refeições pouco volumosas e frequentes
(BRASIL, 2012).
Dor abdominal, cólicas, flatulência e
obstipação intestinal: antes de orientar a gestante
para estes casos, certificar-se que não estejam
ocorrendo contrações uterinas. Para as orientações,
busca-se novamente alteração na ingestão de certos
alimentos, assim como, em casos de gases e
constipação. Indicar a introdução de alimentos ricos em
fibras, frutas e cereais integrais, juntamente com a
ingestão de líquidos em grande quantidade fracionado
em pequenos volumes. Oriente evitar alimentos que
tenham alta fermentação, como ovo, feijão e leite e
algumas verduras como couve, repolho e brócolis
(BRASIL, 2012).
Hemorroidas: o seu aparecimento pode ser
prevenido pela alteração da alimentação, sendo rica em
fibras e líquidos, para evitar a constipação intestinal.
Orientar para o cuidado com a higiene íntima,
principalmente após as evacuações, realizando-a com
água e sabonete neutro ou utilizando panos úmidos;
evitar o papel higiênico áspero; pode-se fazer banhos
de assento com vapor da água morna e usar

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 108


SAÚDE DA MULHER

compressas mornas. Em situações persistentes, com


quadros de dor e sangramento deve-se procurar ajuda
médica (BRASIL, 2012).
Corrimento vaginal: como explicado
anteriormente, o aumento do muco vaginal durante a
gravidez é normal, mas deve-se analisar a frequência,
coloração, cheiro e aspecto das eliminações, para que
se descarte ou busque tratamento em caso de detecção
de IST (BRASIL, 2012).
Alterações urinárias: devido ao aumento do
útero e progressiva compressão da bexiga, deve-se
explicar à gestante que o aumento da frequência
urinária é normal e comum no começo e término da
gestação. Mesmo assim, a orientação deve se pautar
na avaliação prévia da mulher, analisando suas
queixas, e perguntando a característica da urina, se os
episódios são acompanhados de dor, febre ou
hematúria, e em ocasiões normais incentivar as idas ao
banheiro e a ingesta hídrica (BRASIL, 2012).
Falta de ar e dificuldades para respirar
(dispneia): sintomas frequentes na gestação devido à
compressão abdominal sobre a caixa torácica ou à
ansiedade, mas que devem ser considerados e
orientados de forma a aliviar estes episódios, como

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 109


SAÚDE DA MULHER

ouvir as queixas e oferecer orientações que possam


contribuir com o alívio da ansiedade. Indicar repouso
em decúbito lateral esquerdo e investigar outros
sintomas associados, como tosses, chiados e roncos
pulmonares, para se descartar ou auxiliar no
encaminhamento de doenças cardíacas ou respiratórias
(BRASIL, 2012).
Mastalgia: caracterizada como dor nas mamas.
Caso ocorra, orientar as mulheres sobre a normalidade
destes casos, e que podem ser aliviadas com o uso
constante de sutiãs confortáveis e que protejam e
sustentem as mamas sem apertá-las (BRASIL, 2012).
Lombalgia: com a progressão da gravidez, a
tendência da grávida é ir acomodando-se em posições
confortáveis e que lhe deem equilíbrio, mas deve-se
alertar para que busque sempre corrigir a postura ao
sentar e andar, usar calçados baixos e confortáveis,
aplicar compressas ou bolsas quentes no local da dor e,
se necessário buscar uma consulta médica/de
enfermagem para o uso de analgésicos.
Cefaleia: nestes casos as dores de cabeça
devem ser investigadas para que se descarte casos de
hipertensão arterial ou pré-eclâmpsia e deve-se
encaminhar para assistência médica (BRASIL, 2012).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 110


SAÚDE DA MULHER

Sangramento nas gengivas: recomendar o uso


de escovas macias e que a gestante faça a escovação
após todas as refeições, com massagem das gengivas,
utilização do fio dental e, em casos persistentes deve-
se buscar atendimento odontológico (BRASIL, 2012).
Varizes: para evitar seu aparecimento busca-se
orientar a gestante para utilizar roupas mais largas ou
meia-calça elástica; exercitar-se, não permanecer muito
tempo em repouso e levantar as pernas por 20 minutos
várias vezes ao dia (BRASIL, 2012).
Pelo exposto constata-se que a atuação do
técnico em enfermagem é de fundamental importância,
juntamente com a equipe de saúde no fortalecimento da
assistência, seja no acompanhamento das mudanças
biológicas específicas da gestação, seja implementando
ações educativas para que o período gestacional seja
vivenciado de forma natural e, quando não o for, que
seja assistido com competência por toda a equipe de
saúde.

Leituras recomendadas

BRASIL. Ministério da saúde. Atenção ao pré-natal de


baixo risco. Série A. Normas e Manuais Técnicos
Cadernos de Atenção Básica, n° 32, 2012. Disponível
em:

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 111


SAÚDE DA MULHER

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_a
tencao_basica_32_prenatal.pdf>. Acesso em: 30 ago.
2017.

MONTENEGRO, C. A. B.; REZENDE FILHO, J.


Obstetrícia fundamental. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

Sugestões de metodologias e recursos

- Aula em laboratório com explicação dos tipos de


diagnósticos e exames clínicos;
- Aula expositiva com auxílio de recursos audiovisuais
para demonstração das alterações anatômicas e
fisiológicas na gravidez.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da saúde. Atenção ao pré-natal de


baixo risco. Série A. Normas e Manuais Técnicos
Cadernos de Atenção Básica, n° 32, 2012. Disponível
em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_a
tencao_basica_32_prenatal.pdf>. acesso em: 30 ago.
2017.

CARRARA, H. H. A; DUARTE, G. Semiologia


obstétrica. Medicina, Ribeirão Preto, v. 29, n. 1, p. 88-
103, jan./mar. 1996. Disponível em:
<https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/717/728>.
Acesso em: 24 ago. 2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 112


SAÚDE DA MULHER

GUYTON, A. C; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia


Médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2006.

MONTENEGRO, C. A. B.; REZENDE FILHO, J.


Obstetrícia fundamental. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

PICON, J. D.; AYALA DE SÁ, A. M. P. O. Alterações


hemodinâmicas da gravidez. Revista da Sociedade de
Cardiologia do Rio Grande do Sul. Ano XIV, n. 5,
maio/jun./jul./ago. 2005. Disponível em:
<http://sociedades.cardiol.br/sbc-
rs/revista/2005/05/Artigo01.pdf>. Acesso em: 18 ago.
2017.

PINTO, A. V. A. et al. Avaliação da mecânica


respiratória em gestantes. Fisioter Pesq. v. 22, n. 4, p.
348-54, 2015. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/fp/v22n4/2316-9117-fp-22-04-
00348.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 113


SAÚDE DA MULHER

DESENVOLVIMENTO FETAL1

Letícia Katiane Martins


Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você


possa:
- Compreender o que é gametogênese;
- Entender os acontecimentos durante o momento
da fecundação;
- Compreender os principais acontecimentos de
desenvolvimento do embrião e do feto desde a
fertilização até o nascimento.

GAMETOGÊNESE E DESENVOLVIMENTO FETAL

Para entender o que acontece no


desenvolvimento fetal é necessário compreender a
gametogênese, ou seja, a formação dos gametas

1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 114


SAÚDE DA MULHER

masculinos e femininos. Por isso, primeiro será


apresentada a gametogênese e, em seguida a
fecundação e o desenvolvimento fetal, semana a
semana.
Para você técnico em enfermagem é importante
estudar o assunto para que possa entender o que
acontece com o feto intraútero e relacionar com os
sintomas referidos pela gestante, conforme o capítulo
sobre gravidez. É importante conhecer esse ciclo, pois
cada semana do desenvolvimento tem uma
particularidade, e alguma intervenção/agravo que a
grávida possa ser submetida, poderá afetar o
desenvolvimento do feto.

Gametogênese
A gametogênese é o processo de formação dos
gametas femininos e masculinos, o espermatozoide e o
ovócito, que contém em cada um, metade do número
de cromossomas (número haploide) presentes nas
células do corpo. O número de cromossomas é
reduzido durante a meiose, uma divisão celular que
ocorre durante a gametogênese. Esse processo é
chamado de ovogênese e espermatogênese. Durante a
gametogênese o número de cromossomas é reduzido

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 115


SAÚDE DA MULHER

pela metade e a forma das células é alterada, que é o


que acontece na meiose (MOORE; PERSAUD, 2004).
Esta divisão envolve duas divisões meióticas e
ocorre apenas nas células germinativas. As células
germinativas diploides originam gametas haploides, os
espermatozoides e o ovócito. Na primeira divisão
meiótica haverá uma redução, na qual o cromossoma é
reduzido de diploide para haploide. As cromátides, que
agora são cromátides duplas têm cromossomas X e Y
não homólogos, mas possuem em suas extremidades
segmentos homólogos, sendo essa a região em que se
emparelham, ou seja, há uma mistura dos genes
paternos e maternos, através do crossing over,
produzindo recombinação do material genético
(MOORE; PERSAUD, 2004).

Ovulogênese
O processo de formação dos gametas femininos
é chamado de ovulogênese, e tem início na sua vida
intrauterina. As células precursoras dos gametas
femininos são chamadas de ovogônias e multiplicam-se
durante a fase fetal. Por volta do terceiro mês de vida
elas param de se dividir, crescem, duplicam os
cromossomos e entram em meiose, passando a ser

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 116


SAÚDE DA MULHER

chamados de ovócitos primários ou ovócito I. Cada


ovócito primário é envolvido por camadas de células,
chamadas de células foliculares, que se estruturam na
parede do ovário e formam o folículo ovariano. Durante
o amadurecimento do folículo, o ovócito primário produz
duas células de tamanhos diferentes: uma grande, o
ovócito secundário (II), e outra pequena, o primeiro
glóbulo polar ou corpúsculo polar I. O ovócito
secundário inicia a segunda divisão da meiose, mas
estaciona em metáfase. O primeiro glóbulo polar
degenera logo após sua formação (AMABIS; MARTHO,
2004).

Ovulação
O ciclo menstrual dura aproximadamente 28 dias,
e o primeiro dia do ciclo corresponde ao primeiro dia de
menstruação. A ovulação acontece por volta do 14º dia
do ciclo menstrual e corresponde à expulsão do ovócito
devido ao aumento do hormônio Hipofisário Luteinizante
(LH) e ao acúmulo de líquido no interior do folículo, que
se rompe. O ovócito liberado está revestido por uma
camada de glicoproteínas, chamada de zona pelúcida e
por células foliculares. O ovócito secundário será
liberado na tuba uterina, e é conhecido por óvulo, mas

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 117


SAÚDE DA MULHER

sua meiose só se completará se houver fecundação


(LAURENCE, 2005; AMABIS; MARTHO, 2004).
Se o ovócito não for fecundado, se degenera em
até 24 horas após sua liberação. Se a fecundação
ocorrer, o ovócito terminará a segunda divisão meiótica
com a liberação do segundo glóbulo polar ou
corpúsculo polar II, que da mesma forma que o primeiro
glóbulo polar, irá se degenerar após a sua formação
(AMABIS; MARTHO, 2004).

Espermatogênese

O gameta masculino responsável pela


reprodução é o espermatozoide. A formação dos
espermatozoides acontece nos túbulos seminíferos,
localizados nos testículos. Depois de formados, os
espermatozoides chegam até o epidídimo, onde podem
ficar temporariamente armazenados. Se houver
estímulo sexual, os espermatozoides são conduzidos
até o ducto deferente (LAURENCE, 2005).
A espermatogênese é uma sequência de eventos
nos quais as espermatogônias são transformadas em
espermatozoides maduros. As espermatogônias, que
ficam nos testículos começam a se multiplicar. Após

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 118


SAÚDE DA MULHER

várias divisões mitóticas se transformam em


espermatócidos primários, que em seguida sofrerão a
primeira divisão meiótica, a divisão reducional, onde
formarão dois espermatócitos secundários haploides,
com a metade do tamanho dos espermatócitos
primários. Em seguida, os espermatócitos secundários
sofrem a segunda divisão meiótica formando quatro
espermátides haploides, com metade do tamanho dos
anteriores. Através da espermiogênese as
espermátides são transformadas em espermatozoides
maduros, processo que pode levar até dois meses. As
células de Sertoli que estão envolvidas neste processo,
se localizam nos túbulos seminíferos e dão suporte e
nutrição para as células germinativas (LAURENCE,
2005; MOORE; PERSAUD, 2004).

DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO

O desenvolvimento embrionário tem início com a


fecundação, ou seja, a união do espermatozoide com o
ovócito (óvulo). Em seguida, há três fases do processo
de desenvolvimento embrionário (MOORE; PERSAUD,
2004):
1. Primeira fase – crescimento: Envolve divisão
celular e elaboração de produtos celulares, na

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 119


SAÚDE DA MULHER

qual as células se multiplicam, mas o volume não


aumenta. Esta fase é caracterizada pela
clivagem.
2. Segunda fase – morfogênese: desenvolvimento
da forma, tamanho e outras características de
um órgão ou parte do corpo.
3. Terceira fase – diferenciação: maturação dos
processos fisiológicos, formação e
desenvolvimento de tecidos e órgãos.

Primeira semana do desenvolvimento humano


Fertilização
A fertilização é a fusão do gameta feminino com
o gameta masculino, ou seja, é o encontro do ovócito e
do espermatozoide, culminando com a fusão de seus
núcleos. A fertilização acontece na ampola da tuba

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 120


SAÚDE DA MULHER

uterina, onde há uma porção mais dilatada (AMABIS;


MARTHO, 2004).

Figura 1.Estágios iniciais da fertilização.


Fonte: Moore e Persaud (2004, p. 36).
Os espermatozoides, depois de maduros, entram
em contato com a corona radiata, onde sofrem uma
reação cromossômica, e liberam enzimas (hialudorinase
e acrosina), que facilitam essa penetração. Os
movimentos da cauda do espermatozoide facilitam sua
entrada na corona radiata. Em seguida o
espermatozoide penetra na zona pelúcida e a cabeça
do espermatozoide entra em contato com a superfície
do óvulo quando suas membranas se rompem, criando
uma modificação na membrana do óvulo e, após esse

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 121


SAÚDE DA MULHER

contato, a zona pelúcida e a membrana plasmática do


óvulo se alteram para impedir a entrada de outros
espermatozoides (Figura 1) (MOORE; PERSAUD,
1995).
O ovócito agora está maduro e seu núcleo é
chamado de pró-núcleo feminino. Durante a formação
dos pró-núcleos, há a replicação do DNA, cada um com
23 cromossomos (célula haploide). Os pró-núcleos
aproximam-se, perdem suas membranas nucleares e se
fundem, misturando os cromossomos maternos e
paternos, formando uma nova célula diploide (46
cromossomos), chamada zigoto, provenientes de duas
células haploides (23 cromossomos). Dessa célula
diploide metade dos cromossomos é proveniente do pai
e metade da mãe. Esse processo forma a base da
dupla herança paterna e materna. Essa mistura dos
genes produz uma recombinação do material genético,
e é denominada de crossing over de cromossomos
(AMABIS; MARTHO, 2004; MOORE; PERSAUD, 1995).
Nesse momento há a determinação primária do
sexo, na qual o sexo do embrião é determinado pelo
tipo de espermatozoide (X ou Y) que fertiliza o óvulo. A
fertilização por espermatozoide portador do
cromossomo X produz um zigoto XX, que se

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 122


SAÚDE DA MULHER

desenvolve numa menina, enquanto a fertilização por


cromossomo Y produz um zigoto XY, que se
desenvolve num menino (MOORE; PERSAUD, 1995).
Cerca de quatro dias após a fertilização aparece
na corrente sanguínea materna um fator de gravidez
precoce, que resulta na base dos testes de gravidez
durante a primeira semana do desenvolvimento
(MOORE; PERSAUD, 1995).
Após a ativação do zigoto haverá o início do seu
desenvolvimento, passando por uma série de divisões
mitóticas chamadas de clivagem, que dará origem a
duas primeiras células, os blastômeros, marcando o
começo do desenvolvimento embrionário (SILVA
JUNIOR; SASSON, 2005).
As clivagens são repetidas divisões do zigoto,
resultando em duas células-filhas chamadas de
blastômeros. Após sucessivas divisões celulares, os
blastômeros se dividem, até formar um grupo maciço de
células, denominado de mórula (SILVA JUNIOR;
SASSON, 2005). A primeira divisão celular origina dois
blastômeros, que logo se dividem e formam quatro, se
dividem novamente e formam oito e assim
sucessivamente, até que alcance o número aproximado

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 123


SAÚDE DA MULHER

de 12 blastômeros (Figura 2) (AMABIS; MARTHO,


2004).
Quando a mórula cai no útero, há uma separação
dessas células em duas partes: uma camada externa
(trofoblasto) e uma camada interna (embrioblasto)
(Figura 3). O embrioblasto desenvolverá o embrião,
enquanto o trofoblasto contribui para a formação da
placenta. Neste momento, a mórula transforma-se em
blástula ou blastocisto, que se prende ao epitélio do
endométrio e nutre-se de sangue materno e dos tecidos
endometriais (MOORE; PERSAUD, 1995).
Ao originar a blástula haverá uma cavidade
interna chamada de blastocele, que sofrerá a migração
dos blastômeros para seu interior, formando a massa
celular interna, que dará origem aos primeiros folhetos
embrionários (SILVA JUNIOR; SASSON, 2005).

Figura 2.Estágios da célula até alcançar a mórula.


Fonte: Moore e Persaud (1995, p. 25).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 124


SAÚDE DA MULHER

Figura 3.Blástula ou blastocisto, uma vez que a massa interna


corresponde ao embrioblasto (botão embrionário) e a massa
externa corresponde ao trofoblasto.
Fonte: Laurence (2005, p. 192).

Conforme o blastocisto se implanta na mucosa


uterina, o embrioblasto se modifica, formando os
demais anexos embrionários (LAURENCE, 2005).

Segunda semana dodesenvolvimento humano


Na segunda semana, a implantação do
blastocisto se completa. O embrioblasto, formado na
primeira semana, se transformará em um disco
bilaminar, chamado de disco embrionário, que

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 125


SAÚDE DA MULHER

posteriormente se transformará no embrião. Durante a


segunda semana se desenvolvem a cavidade
amniótica, o âmnio, saco vitelino, pedúnculo de ligação
e o saco coriônico (MOORE; PERSAUD, 1995).
Por volta do décimo dia após a fecundação, o
embrião encontra-se envolvido pelo âmnio e ligado à
mucosa uterina através do pedúnculo de ligação, que
dará origem ao cordão umbilical. Essa estrutura está
dentro da mucosa uterina e envolvida pelos vasos
sanguíneos maternos, por onde o embrião conseguirá
obter seus nutrientes (LAURENCE, 2005).
Com o avanço da implantação há um espaço
entre o embrioblasto e o trofoblasto, que futuramente
será a cavidade amniótica que ficará revestida pelo
âmnio. O embrioblasto se diferencia em um disco
embrionário bilaminar, formado pelo epiblasto, voltado
para a cavidade amniótica, e pelo hipoblasto, adjacente
a cavidade blastocística (Figura 4 e 5) (MOORE;
PERSAUD, 2004; MONTENEGRO;REZENDE FILHO,
2017).
Enquanto a cavidade amniótica aumenta, haverá
a formação de células que darão origem ao âmnio.
Concomitantemente, as células formam o saco vitelino
primário ou primitivo, que é uma estrutura essencial

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 126


SAÚDE DA MULHER

para a formação de sangue. Os capilares do endométrio


em torno do embrião dilatam-se, fazendo com que o
sangue materno infiltre-se em redes lacunares e flua
através do sistema lacunar, que estabelece uma
circulação útero-placentária (MOORE; PERSAUD,
1995).
A placa pré-cordal se desenvolve como um
espessamento local do hipoblasto, que indica a futura
região cefálica do embrião e o futuro local da boca,
além de ser um importante organizador da cabeça
(MOORE; PERSAUD, 2004).
O embrião de 10 dias encontra-se totalmente
implantado no endométrio. Durante cerca de 24 horas,
a mulher apresenta um tampão, que é uma solução de
continuidade no epitélio do endométrio, gerando um
coágulo de sangue e restos celulares (MOORE;
PERSAUD, 1995).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 127


SAÚDE DA MULHER

Figura 4.Implantação do blastocisto e formação do disco


embrionário bilaminar e placa pré-cordal.
Fonte: Moore e Persaud (2004, p. 56).

Figura 5.Demonstração da placa précordal, epiblasto e hipoblasto.


Fonte: Moore e Persaud (2004, p. 56).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 128


SAÚDE DA MULHER

Terceira semanado desenvolvimento humano

Na terceira semana ocorre a diferenciação das


três camadas germinativas (gastrulação), aparecimento
da linha primitiva, desenvolvimento da notocorda,
neurulação, início do desenvolvimento cardiovascular. É
neste período que a menstruação deveria aparecer,
mas isso não acontece. Diante disso, já surge a
suspeita de uma gravidez (MOORE; PERSAUD, 2004).

Figura 6. Figura A representando o disco embrionário bilaminar,


que transforma em disco embrionário trilaminar, ilustrado na figura
B.
Fonte: Moore e Persaud (2004, p. 67).

A gastrulação é o fenômeno em que acontece o


início da morfogênese, ou seja, o corpo começa a se
desenvolver. O disco que antes era bilaminar agora é
convertido em disco trilaminar. Esse processo se inicia
com a formação da linha primitiva. O disco trilaminar
corresponde as três camadas germinativas: o

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 129


SAÚDE DA MULHER

ectoderma, o mesoderma e o endoderma (Figura 6)


(MOORE; PERSAUD, 2004).
O ectoderma dá origem à epiderme e anexos
(unhas, pelos, glândulas sebáceas e sudoríparas),
sistema nervoso central e periférico e retina dos olhos.
O endoderma reveste as células epiteliais do trato
respiratório e gastrointestinal, glândulas salivares,
fígado, pâncreas, brônquios e pulmões. O mesoderma
dá origem a cartilagem, musculatura lisa, tecidos
conjuntivos, sistema cardiovascular, sistema urogenital
e é fonte das células sanguíneas da medula óssea e
esqueleto, músculos estriados, sistema reprodutor
(BOGART; ORT, 2008; AMABIS; MARTHO, 2004).
Nesse momento há a formação da linha primitiva,
quando as células epiblásticas migram para a linha
mediana, chamada de linha primitiva, que determina os
eixos anterior-posterior, direito-esquerdo e ventral-
dorsal. A linha primitiva desaparece na quarta semana
do embrião (BOGART; ORT, 2008).
Outro processo importante que ocorre na terceira
semana é a formação da notocorda, um cordão celular
localizado na linha média, que se estende
cefalicamente entre o endoderma e o ectoderma. A
notocorda é responsável por definir o eixo primitivo do

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 130


SAÚDE DA MULHER

embrião, oferecendo-lhe rigidez, serve de base para o


desenvolvimento do esqueleto axial (ossos da cabeça e
da coluna vertebral) e indica o local dos futuros corpos
vertebrais. A notocorda estimula o ectoderma a
transformar-se em placa neural (MOORE; PERSAUD,
2004).
A alantóide também é um anexo que surge por
volta do 16º dia. Nos humanos, ela apresenta-se de
forma pequena, pois a placenta e o saco amniótico
desempenham suas funções. Ela está envolvida na
formação inicial de sangue e desenvolvimento da
bexiga. Seus vasos sanguíneos tornam-se artéria e veia
umbilicais (MOORE; PERSAUD, 2004).
O próximo passo é a neurulação, onde será
formado o tubo neural, placa neural e crista neural. O
tubo neural formará o encéfalo e a medula espinal, e o
fechamento de suas extremidades acontece até o fim
da quarta semana. A placa neural formará o sistema
nervoso central e localiza-se cefalicamente (BOGART;
ORT, 2008). A crista neural se separa em partes direita
e esquerda, dando origem aos gânglios espinhais e os
gânglios do sistema nervoso autônomo (MOORE;
PERSAUD, 2004).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 131


SAÚDE DA MULHER

Ao final da terceira semana, com o


desenvolvimento da notocorda e do tubo neural, forma-
se o mesoderma paraxial, que corresponde ao
mesoderma disposto em colunas longitudinais, que se
dividem em pares de corpos cubóides, denominados
somitos. Formam-se de 42 a 44 pares de somitos,
sendo este o critério para determinar a idade do
embrião. Os somitos dão origem a maior parte do
desenvolvimento axial (coluna vertebral, costelas,
esterno e crânio), musculatura associada e a derme
(MOORE; PERSAUD, 1995).
Há o desenvolvimento do celoma intra-
embrionário, que é uma cavidade em ferradura, que
futuramente dará origem as cavidades pericárdica,
contendo o coração, cavidades pleurais, contendo os
pulmões, e cavidade peritoneal, contendo as vísceras
abdominais e pélvicas (MOORE; PERSAUD, 1995).
Neste momento também acontece a formação dos
vasos sanguíneos e do sangue (MOORE; PERSAUD,
2004).

Quarta à oitava semana do desenvolvimento


humano

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 132


SAÚDE DA MULHER

Durante esse período haverá o desenvolvimento


dos tecidos, órgãos e da forma do corpo. É nesse
período que se originam as principais estruturas
internas e externas, a partir das três camadas
germinativas. Conforme os dias vão passando, a forma
do corpo se altera, até que ao final da oitava semana o
embrião já tem um aspecto humano (MOORE;
PERSAUD, 1995; MONTENEGRO; REZENDE FILHO,
2017).
Durante a quarta semana o embrião cresce
rapidamente, triplica seu tamanho altera sua forma
devido ao dobramento e desenvolvimento de órgãos.
Vai ocorrer uma prega/dobramento cefálico, caudal e
lateral, na qual o embrião ficará em formato cilíndrico
(MOORE; PERSAUD, 1995).
As pregas cefálicas formam o intestino anterior
(esôfago, parte do estômago e a boca). A prega caudal
dará origem ao intestino posterior (colo descendente e
ânus). As pregas laterais vão formar o intestino médio
(intestino delgado) (MOORE; PERSAUD, 1995).Neste
momento, o conjunto do pedículo embrionário primitivo,
vasos sanguíneos e a alantoide formam o cordão
umbilical (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 133


SAÚDE DA MULHER

Quarta semana
No começo da quarta semana, o embrião é reto.
Já se formam o arco mandibular, que origina a
mandíbula e maxilar superior. Uma discreta curva
forma-se no embrião pelas pregas cefálica e caudal e o
coração produz uma grande saliência ventral. Tornam-
se visíveis os brotos dos membros superiores, como
pequenas saliências nas paredes laterais do corpo, e
logo depois, os brotos dos membros inferiores. A figura
7 mostra alguns desses marcos (MOORE; PERSAUD,
1995).

Figura 7. Marcos do desenvolvimento da quarta semana.


Fonte: Moore e Persaud (2004, p. 95).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 134


SAÚDE DA MULHER

Quinta semana
Há um crescimento extenso da cabeça, devido
ao rápido desenvolvimento do encéfalo. O rosto fica em
contato com a saliência cardíaca. Os membros
superiores e inferiores têm formas de remos e as placas
das mãos já de formaram. Os dedos das mãos são
denominados de raios digitais e começam a se formar
(MOORE; PERSAUD, 1995).

Sexta semana
A cabeça torna-se maior em relação ao tronco e
mais curvada sobre a saliência cardíaca. A região dos
cotovelos e pulsos tornam-se visíveis. O olho torna-se
mais identificável devido ao aparecimento de
pigmentação na retina. O tronco e o pescoço já
começam a se endireitar (MOORE; PERSAUD, 2004).

Sétima semana
Os intestinos penetram o celoma intra-
embrionário na porção proximal do cordão umbilical.
Surgem chanfraduras entre os raios digitais das lâminas
das mãos, indicando os futuros dedos(MOORE;
PERSAUD, 2004).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 135


SAÚDE DA MULHER

Oitava semana
Esta é a última semana do período embrionário.
Os dedos são curtos e ligados por membranas. Todas
as regiões dos membros se tornam aparentes e já é
possível diferenciar os dedos das mãos e dos pés.
Todos os sinais da cauda desaparecem nessa semana.
A cabeça se torna mais arredondada e
desproporcionalmente grande em relação ao resto do
corpo. A região do pescoço ficou mais determinada e as
pálpebras mais óbvias. Os intestinos ainda se
encontram na porção proximal do cordão umbilical
(MOORE; PERSAUD, 2004).

Nona semana ao nascimento: período fetal


Na nona semana de gestação, o embrião já tem
a aparência humana, e por isso já passa a ser chamado
de feto. A organogênese já está quase completa, e o
desenvolvimento se dá baseado no crescimento e
maturação de órgãos e tecidos que já foram formados
nas semanas anteriores, visto que poucas estruturas
surgem no período fetal (MONTENEGRO; REZENDE
FILHO, 2017).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 136


SAÚDE DA MULHER

Da nona a décima segunda semana


Há uma relativa diminuição da cabeça em
relação ao corpo. O feto cresce tão rapidamente que
até o final da 12º semana, o feto alcançou o dobro do
tamanho. O rosto é largo, os olhos encontram-se
separados e as orelhas ainda são baixas. No início da
nona semana, as pernas são curtas e as coxas
pequenas, no fim da 12ª, os membros superiores já
atingiram seu tamanho final. Na 12ª semana, os
intestinos já se encontram no abdome. Entre a nona e a
décima semana, a urina começa a se formar e é
eliminada para o líquido amniótico, que passa para a
circulação materna através da placenta. Neste período,
o feto começa a se mover, mas esses movimentos
ainda não são percebidos pela gestante
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017; MOORE;
PERSAUD, 1995).

Da décima terceira a décima sexta semana


Neste período há um crescimento muito rápido
do corpo do feto e seu esqueleto ósseo já é visualizado
em Raio X (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).
Os olhos se movimentam na 14ª semana e na 16ª
semana já se encontram voltados para frente, com as

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 137


SAÚDE DA MULHER

orelhas em sua posição definitiva (MOORE; PERSAUD,


1995).

Da décima sétima à vigésima semana

A velocidade do crescimento diminui e a gestante


passa a sentir os movimentos fetais, através dos
“chutes”. No início da vigésima semana surgem os
cabelos, a lanugem e vernix caseosa. Esta última
recobre o feto e é um material constituído pela secreção
gordurosa das glândulas sebáceas que protegem a pele
de lesões que podem decorrer do contato com o líquido
amniótico. Neste período, também forma-se a gordura
parda ou também chamada de marrom, local de
produção de calor do recém-nascido. Essa gordura é
encontrada na principalmente na região dorsal,
interescapular, e na área perirrenal (MONTENEGRO;
REZENDE FILHO, 2017; MOORE; PERSAUD, 2004).

Da vigésima primeira à vigésima quinta semana


O corpo está bem proporcionado, unhas
aparentes, pele cheia de rugas e translúcida, de
aspecto róseo-avermelhado. Na 24ª semana, os
alvéolos pulmonares passam a produzir surfactante,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 138


SAÚDE DA MULHER

uma substância que deixará os alvéolos abertos


(MOORE; PERSAUD, 1995).
Neste período há um aumento de peso
significativo. Todos os órgãos já estão desenvolvidos.
Porém, devido à imaturidade do sistema respiratório, o
feto ainda não pode sobreviver em meio extrauterino
sem intervenções dos cuidados pediátricos
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Da vigésima sexta à vigésima nona semana


Neste período, a probabilidade de o feto
sobreviver em caso de nascimento prematuro é maior,
desde que receba os cuidados intensivos. Os pulmões
e vasos pulmonares já estão desenvolvidos para
realizar trocas gasosas espontaneamente, apesar de
que o surfactante ainda encontra-se em pouca
quantidade, o sistema nervoso central já pode
comandar os movimentos da respiração e temperatura
corporal. A medula óssea se torna o principal local de
formação de eritrócitos (MOORE; PERSAUD, 1995).

Da trigésima a trigésima quarta semana


O reflexo pupilar à luz agora está presente. Os
membros superiores e inferiores já estão mais gordos, e

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 139


SAÚDE DA MULHER

a quantidade de gordura amarela corresponde a 8% do


peso total (MOORE; PERSAUD, 2004).

Da trigésima quinta à trigésima oitava semana


Já agarram firmemente a mão e já respondem
espontaneamente à luz. A circunferência da cabeça e
do abdome são iguais. Com a aproximação do
nascimento, o crescimento torna-se mais lento. Fetos a
termo pesam cerca de 3.400 kg e a quantidade de
gordura amarela é cerca de 16% do peso total. Durante
essas últimas semanas, o feto ganha aproximadamente
14g por dia (MOORE; PERSAUD, 2004).

NASCIMENTO/PARTO

Com 38 semanas após a fecundação, ou 40


semanas após a data da última menstruação, acontece
o parto (MOORE; PERSAUD, 2004), a partir de
contrações rítmicas do útero e dilatamento do colo
uterino. A parte fetal da placenta se desprende da
parede uterina e é expulsa através da vagina. Se o
parto normal não ocorre devido a algum motivo, recorre-
se a cesariana, pela qual é feita uma incisão na parte
baixa do abdome da gestante, de maneira a expor o
útero, para então ser retirada a criança e a placenta

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 140


SAÚDE DA MULHER

(AMABIS; MARTHO, 2004). O Quadro 1 a seguir


resume os principais marcos do desenvolvimento fetal a
cada semana.

Quadro 1 – Principais marcos do desenvolvimento fetal


semana a semana.
Idade do embrião Evento
24 horas Fecundação e posterior divisão do
zigoto, com formação de duas
células;
3 dias Chegada do embrião à cavidade
uterina;
7 dias Implantação do embrião no útero;
Segunda semana Durante a segunda semana
desenvolvem-se a cavidade
amniótica, o âmnio, saco vitelino,
pedúnculo de ligação e o saco
coriônico;
Terceira semana Desenvolvimento do disco
trilaminar. Desenvolvimento do
tubo neural; Origem dos tecidos e
órgãos;
Quarta à oitava Desenvolvimento dos tecidos,
semana órgãos e da forma do corpo.
Surgimento das principais
estruturas internas e externas, a
partir das três camadas
germinativas. O embrião cresce
rapidamente, até atingir aspecto
humano;
Nona à 12º semana O embrião passa a ser chamado
de feto. Diminuição da cabeça;
crescimento rápido; rosto largo, os
olhos separados e orelhas baixas.
Ao fim da 12º os membros
superiores já atingiram ser
tamanho final, os intestinos já se

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 141


SAÚDE DA MULHER

encontram no abdome; urina


começa a se formar; o feto começa
a se mover, mas esses
movimentos ainda não são
percebidos pela mãe.
13ª à 16ª semana Crescimento muito rápido do corpo
e visualização dos ossos em Raio
X; movimentação dos olhos,
orelhas em sua posição definitiva;
17ª à 20ª semana A velocidade do crescimento
diminui e a gestante passa a sentir
os movimentos fetais, através dos
“chutes”; surgimento do cabelo,
lanugem, vernix caseosa e gordura
parda.
21ª à 25ª semana O corpo está bem proporcionado,
unhas aparentes, pele cheia de
rugas e translúcida, de aspecto
róseo-avermelhado; produção de
surfactante pelos alvéolos
pulmonares; aumento de peso
significativo; os órgãos já
desenvolvidos.
26ª à 29ª semana Chance de sobrevivência do feto
fora do útero; pulmões e vasos
pulmonares desenvolvidos;
comando do sistema nervoso
central para respiração e
temperatura corporal;
30ª à 34ª semana Reflexo pupilar à luz presente. Os
membros superiores e inferiores
mais gordos;
35ª à 38ª semana Resposta espontânea à luz.
Circunferência da cabeça e do
abdome iguais; crescimento lento
(de 3.400 kg); gordura amarela é
cerca de 16% do peso total.
Nascimento Expulsão do feto através do canal
vaginal; parto normal ou cesáreo.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 142


SAÚDE DA MULHER

Fonte: Moore; Persaud (1995); Moore; Persaud (2004);


Amabis; Martho (2004); Laurence (2006); Montenegro;
Rezende Filho (2017).

Conclui-se, portanto, que no primeiro trimestre de


gestação é quando irá ocorrer o surgimento e
desenvolvimento dos órgãos e tecidos do embrião/feto.
Por isso, é importante que a gestante esteja isenta de
fatores que possam interferir nesse processo. Dessa
maneira, é necessário que haja uma detecção precoce
da gravidez, para que sejam diagnosticadas possíveis
doenças ou outros agravospara não interferir no
desenvolvimento do feto e promover a saúde materna.
Por isso, é importante e necessário que a
gestante faça as consultas de pré-natal, para
acompanhar e monitorar regularmente a situação
materna e do feto, e identificar possíveis agravos à
saúde, e consequentemente realizar intervenção
imediatas quando constatado alguns risco.

Leituras complementares

DLE. Medicina laboratorial. Quais as Malformações


Congênitas e Anomalias Cromossômicas
Detectadas? Disponível em: <https://dle.com.br/artigos-
relacionados-teste-de-risco-fetal-dle/quais-as-
malformacoes-congenitas-e-anomalias-cromossomicas-

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 143


SAÚDE DA MULHER

detectadas>. Acesso em: 26 out. 2017.

BRITO, V. R. S. et al. Malformações congênitas e


fatores de risco materno em Campina Grande –
Paraíba. Revista Rene, v. 11, n. 2, p. 27-36, 2010.
Disponível em:
<http://www.revistarene.ufc.br/vol11n2_pdf/a03v11n2.p
df>. Acesso em: 26 out. 2017.

BRIZOT, M. L. et al. Malformações Fetais em Gestação


Múltipla. Revista Brasileira de ginecologia e
obstetrícia, v. 22, n 8, p. 511-517, 2000. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/profile/Regina_Schultz3/
publication/26353518_Malformacoes_Fetais_em_Gesta
cao_Multipla/links/54dc79310cf23fe133b18e9d/Malform
acoes-Fetais-em-Gestacao-Multipla.pdf>. Acesso em:
26 out. 2017.

FREIRE, T. M. et al. Efeitos do consumo de bebida


alcoólica sobre o feto. Revista Brasileira de
ginecologia e obstetrícia.v. 27, n. 7, p. 376-81, 2005.
Disponível em:
<https://www.researchgate.net/profile/Debora_Melo8/pu
blication/260775715_Effects_of_alcohol_consumption_d
uring_pregnancy/links/56a0e85308ae4af5254d0774/Eff
ects-of-alcohol-consumption-during-pregnancy.pdf>.
Acesso em: 26 out. 2017.

LEOPÉRCIO, W.; GIGLIOTTI, A. Tabagismo e suas


peculiaridades durante a gestação: uma revisão crítica.
Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 30, n. 2, p. 176-
185, 2004. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v30n2/v30n2a16>.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 144


SAÚDE DA MULHER

Acesso em: 26 out. 2017.

Sugestões de metodologias e recursos

- Aula expositiva com utilização de multimídia e/ou quadro e


giz;

- Utilização de maquetes ilustrativas.

REFERÊNCIAS

AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Origem da vida:


citologia e histologia, reprodução e desenvolvimento. 2.
ed. São Paulo: Moderna, 2004.

BOGART, B. I.; ORT, V. H. Anatomia e embriologia.


Rio de Janeiro: editora Elsevier, 2008.

LAURENCE, J. Biologia. São Paulo: Nova Geração,


2005.

MONTENEGRO, C. A. B.; REZENDE FILHO, J.


Obstetrícia fundamental. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia


básica. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara
Koogan, 1995.

MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia


clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: editora Elsevier, 2004.

SILVA JUNIOR, C.; SASSON, S. Seres vivos: estrutura


e função. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. vol. 2.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 145


SAÚDE DA MULHER

PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO1

Mateus Souza da Luz


Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você


possa:
- Conhecer a assistência de enfermagem durante o
pré-natal;
- Assimilar formas de atuação durante a consulta de
pré-natal realizada pelo enfermeiro e/ou médico;
- Identificar os principais cuidados de enfermagem
no período gravídico;
- Compreender a importância da captação precoce
da gestante para a consulta de pré-natal;
- Valorizar a relação interpessoal com a gestante,
puérpera e família.

1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 146


SAÚDE DA MULHER

A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO PRÉ-NATAL

A atenção ao pré-natal tem valor significativo na


condução da gestação, pois visa a promoção da saúde
e a identificação precoce de possíveis agravos a saúde
materna e fetal, contribuindo para a implementação de
intervenções imediatas quando se é percebido algum
risco (CRUZ; CAMINHA; BATISTA FILHO, 2014).
No Brasil, a assistência ao pré-natal teve sua
importância destacada juntamente com a Política
Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher
(PAISM,- discutida no Capítulo Políticas de Atenção à
Saúde da Mulher), na década de 1980 (CRUZ;
CAMINHA; BATISTA FILHO, 2014).
Constata-se que a atenção à mulher no período
gestacional obteve significativa evolução ao longo dos
anos. Na atualidade, protocolos federais, estaduais e
municipais respaldam os profissionais e os direcionam
para um pré-natal de excelência. Como é o exemplo do
Caderno 32 da Atenção Básica que destaca os dez
passos para a qualidade do pré-natal apresentados a
seguir, no Quadro 1:

Quadro 1. Dez passos para um pré-natal de qualidade.

1° Passo: Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 147


SAÚDE DA MULHER

Saúde até a 12ª semana de gestação (captação


precoce)

2° Passo: Garantir os recursos humanos, físicos,


materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal.

3° Passo: Toda gestante deve ter assegurado a


solicitação, realização e avaliação, em termo oportuno,
do resultado dos exames preconizados no atendimento
pré-natal.

4° Passo: Promover a escuta ativa da gestante e de


seus(suas) acompanhantes, considerando aspectos
intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não
somente um cuidado biológico: "rodas de gestantes".

5° Passo: Garantir o transporte público gratuito da


gestante para o atendimento pré-natal, quando
necessário.

6° Passo: É direito do(a) parceiro(a) ser cuidado


(realização de consultas, exames e ter acesso a
informações) antes, durante e depois da gestação: "pré-
natal do(a) parceiro(a)".

7° Passo: Garantir o acesso à unidade de referência


especializada, caso seja necessário.

8° Passo: Estimular e informar sobre os benefícios do


parto fisiológico, incluindo a elaboração do "Plano de
Parto".

9° Passo: Toda gestante tem direito de conhecer e


visitar previamente o serviço de saúde no qual irá dar à
luz (vinculação).

10° Passo: As mulheres devem conhecer e exercer os


direitos garantidos por lei no período gravídico-
puerperal.
Fonte: Brasil (2012, p. 38).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 148


SAÚDE DA MULHER

Conforme o Quadro 1, destaca-se a importância


de todos os profissionais da equipe de saúde atuarem
para a qualidade do pré-natal tendo em vista que
devem ser realizadas as ações de atenção integral e de
promoção da saúde, através de abordagem integral,
que leve em consideração todas as necessidades da
gestante, proporcionando a humanização do cuidado e
estabelecimento de vínculo. Dentro dos passos
preconizados, cabe ressaltar, a busca das gestantes
faltosas e de casos suspeitos de gravidez, bem como a
notificação de doenças e agravos a saúde (BRASIL,
2012).
Neste aspecto, algumas atribuições específicas
do técnico em enfermagem, que vale serem destacadas
são:

1. Orientar as mulheres e suas famílias


sobre a importância do pré-natal, da
amamentação e da vacinação;
2. Verificar/realizar o cadastramento das
gestantes no SisPreNatal;
3. Conferir as informações preenchidas
no Cartão da Gestante;
4. Verificar o peso e a pressão arterial e
anotar os dados no Cartão da
Gestante;
5. Fornecer medicação mediante
receita, assim como os

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 149


SAÚDE DA MULHER

medicamentos padronizados para o


programa de pré-natal (sulfato ferroso
e ácido fólico);
6. Aplicar vacina antitetânica e contra
hepatite B;
7. Realizar atividades educativas,
individuais e em grupos;
8. Identificar situações de risco e
vulnerabilidade e encaminhar a
gestante para consulta de
enfermagem ou médica, quando
necessário;
9. Orientar a gestante sobre a
periodicidade das consultas e realizar
busca ativa das gestantes faltosas;
10. Realizar visitas domiciliares durante o
período gestacional e puerperal
(BRASIL, 2012, p. 46-47).

ATIVIDADES PARA A ATENÇÃO PRÉ-NATAL

Com a confirmação da gravidez, inicia-se o


acompanhamento da gestante, e a realização de
cadastro no SisPreNatal (Sistema de Informação em
Saúde) onde o profissional enfermeiro/médico registra
as consultas durante o pré-natal. A partir de então são
solicitados os exames de primeiro trimestre, fornecidas
as orientações referentes às consultas, grupo de
gestante, vacinação e a confecção do cartão de pré-
natal, ressaltando que em todo lugar que a gestante for,
ela deve levá-lo, pois nele constam informações sobre o
seu estado de saúde, situação vacinal, além de outras

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 150


SAÚDE DA MULHER

informações relevantes. “É importante enfatizar o nome


do hospital de referência para o parto e às
intercorrências durante a gestação [...]” (BRASIL, 2012,
p.56).

Estratificação de risco
O período gestacional é um evento fisiológico
que deve ser visto como uma experiência saudável, que
está associada com mudanças físicas, emocionais,
desencadeadas pelos hormônios da gestação e
situações sociais. Devido a alguns agravantes de saúde
neste período existe a probabilidade de evolução
biológica e social desfavoráveis. A partir do surgimento
de algum agravante, a gestante passa a estar
estratificada como “alto risco” gestacional (BRASIL,
2012), tema específico apresentado em outro capítulo.
São classificadas como baixo risco, as gestantes
que não necessitam de alta densidade tecnológica para
seu cuidado, bem como quando a “morbidade e a
mortalidade materna e perinatal são iguais ou menores
do que as da população em geral” (BRASIL, 2012, p.
57).
A estratificação de risco deve ser o mais precoce
possível, a fim de garantir qualidade no pré-natal e,
consequentemente, a redução da morbimortalidade

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 151


SAÚDE DA MULHER

materna e infantil. Vale destacar, que a cada consulta, a


estratificação deve ser realizada, pois podem surgir
novos agravantes ou novas situações que irão mudar a
classificação de risco (BRASIL, 2012).
O Quadro 2, a seguir, indica os fatores de risco
que orientam a condução do pré-natal pela equipe da
atenção básica:

Quadro 2 – Fatores de risco gestacional.


1. Idade menor do que 15 e maior do que 35 anos;
2. Ocupação: esforço físico excessivo, carga horária
extensa, rotatividade de horário, exposição a
agentes físicos, químicos e biológicos, estresse;
3. Situação familiar insegura e não aceitação da
gravidez, principalmente em se tratando de
adolescente;
4. Situação conjugal insegura;
5. Baixa escolaridade (menor do que cinco anos de
estudo regular);
6. Condições ambientais desfavoráveis;
7. Altura menor do que 1,45m;
8. IMC que evidencie baixo peso, sobrepeso ou
obesidade.
9. Fatores relacionados à história reprodutiva anterior:
10. Recém-nascido com restrição de crescimento, pré-
termo ou malformado;
11. Macrossomia fetal;
12. Síndromes hemorrágicas ou hipertensivas;
13. Intervalo interpartal menor do que dois anos ou
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 152
SAÚDE DA MULHER

maior do que cinco anos;


14. Nuliparidade e multiparidade (cinco ou mais partos);
15. Cirurgia uterina anterior;
16. Três ou mais cesarianas.
17. Ganho ponderal inadequado;
18. Infecção urinária;
19. Anemia.
Fonte: Brasil (2012, p. 57-58)

No estado do Paraná a atenção à gestante


compõe a Rede Mãe Paranaense, na qual o risco
associado a esta fase da vida da mulher foi classificado
em risco habitual, intermediário e alto risco. Entende-se
por risco habitual as condições daquelas gestantes que
não apresentam riscos, sejam individuais,
“sociodemográficos, de história reprodutiva anterior, de
doença ou agravo” (PARANÁ, 2017, p. 6).
O risco intermediário, segundo as orientações da
Rede Mãe Paranaense inclui as gestantes que
apresentem riscos em suas características individuais
tais como raça, etnia e idade; características
sociodemográficas como a escolaridade e sua história
reprodutiva pregressa como as gestantes indígenas, as
com mais de 40 anos, as analfabetas ou com menos de
3 anos de estudo e as gestantes com histórico de óbito

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 153


SAÚDE DA MULHER

em gestação anterior seja sofrendo aborto, que tenha


tido um natimorto ou óbito fetal (PARANÁ, 2017).
Já as gestantes de alto risco são aquelas que
tenham condições preexistentes ou intercorrências
clínicas como se observa no quadro3.

Quadro 3 – Condições e intercorrências clínicas para


definição de gestação de alto risco. Paraná, 2017.
Condições preexistentes Intercorrências
clínicas

Hipertensão arterial; Doenças


infectocontagiosas
Dependência de drogas lícitas e
vividas durante a
ilícitas;
gestação atual
Cardiopatias; (infecção de
Pneumopatias; repetição do trato
urinário, doenças do
Nefropatias; trato respiratório,
Endocrinopatias (principalmente rubéola, HIV,
diabetese tireoidopatias); toxoplasmose, sífilis,
infecção por Zika
Hemopatias;
Vírus, etc.);
Epilepsia;
Doença hipertensiva
Doenças infecciosas especificada
(considerar a gestação, na
situaçãoepidemiológica local); gestação atual;
Doenças autoimunes; Doenças clínicas
Ginecopatias; diagnosticadas
pelaprimeira vez na
Neoplasias; gestação

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 154


SAÚDE DA MULHER

Obesidade mórbida; (cardiopatias,


endocrinopatias);
Cirurgia bariátrica;
Retardo do
Psicose e depressão grave.
crescimento
intrauterino;
Trabalho de parto
prematuro;
Placenta prévia;
Amniorrexe
prematura (abaixode
37 semanas);
Sangramento de
origem uterina;
Isoimunização Rh
(Rh negativo);
Má-formação fetal
confirmada.
Fonte: Paraná (2017, p. 6).

Consultas da gestante
O Ministério da Saúde preconiza que sejam
realizadas, no mínimo, seis consultas de pré-natal,
intercaladas entre médico e enfermeiro. O calendário
contempla uma consulta mensal até a 28ª semana de
gestação, a partir da 28ª até a 36ª uma consulta a cada
15 dias e da 36ª a 41ª semana, uma consulta semanal
(BRASIL, 2012; COFEN 1993). No Paraná, a Rede Mãe

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 155


SAÚDE DA MULHER

Paranaense preconiza um mínimo de sete consultas


(PARANÁ, 2017).
A primeira consulta é a mais importante, tendo
em vista que deve ser feita uma anamnese riquíssima
em detalhes, contemplando “os aspectos
socioepidemiológicos, os antecedentes familiares, os
antecedentes pessoais gerais, ginecológicos e
obstétricos, além da situação da gravidez atual”
(BRASIL, 2012, p. 62-63).
Os principais questionamentos que devem ser
feitos às gestantes estão listados a seguir:

(i) data precisa da última


menstruação; (ii) regularidade dos
ciclos; (iii) uso de anticoncepcionais;
(iv) paridade; (v) intercorrências
clínicas, obstétricas e cirúrgicas; (vi)
detalhes de gestações prévias; (vii)
hospitalizações anteriores; (viii) uso
de medicações; (ix) história prévia de
doença sexualmente transmissível;
(x) exposição ambiental ou
ocupacional de risco; (xi) reações
alérgicas; (xii) história pessoal ou
familiar de doenças
hereditárias/malformações; (xiii)
gemelaridade anterior; (xiv) fatores
socioeconômicos; (xv) atividade
sexual; (xvi) uso de tabaco, álcool ou
outras drogas lícitas ou ilícitas; (xvii)
história infecciosa prévia; (xviii)

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 156


SAÚDE DA MULHER

vacinações prévias; (xix) história de


violências (BRASIL, 2012, p.63).

Além dos questionamentos acima mencionados é


necessário avaliar os sinais e sintomas que a gestante
apresenta, orientar quanto aos hábitos alimentares,
urinários, intestinais e como identificar situações de
risco, a fim de reduzir suas ansiedades (BRASIL, 2012).
Cabe ao profissional enfermeiro/médico realizar a
avaliação da situação vacinal, solicitar os exames de
rotina, explicar/realizar os testes rápidos, bem como
reforçar a importância do seguimento das consultas
(BRASIL, 2012).

Exame Físico
O exame físico da gestante deve ser minucioso,
levando em considerações os seguintes procedimentos:
avaliação de peso, altura e cálculo do Índice de Massa
Corporal (IMC ) a fim de verificar o estado nutricional,
aferição da pressão arterial, palpação do abdome,
medida da altura uterina (após a 12ª semana
gestacional), ausculta dos batimentos cardíacos fetais
(BCF) após 10ª semana gestacional, identificar a
presença de edemas, coleta de exame citopatológico e
exames clínicos das mamas, além da realização de

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 157


SAÚDE DA MULHER

exame físico completo (céfalo-podal) e a verificação da


presença de anemia de mucosas. A partir da 36ª
semana, deve ser determinada a apresentação fetal por
meio da manobra de Leopold a fim de determinar as
condições de posicionamento fetal para o parto
(BRASIL, 2012). Em todas essas atividades você, na
atuação como técnico em enfermagem participa e
assessora o profissional que as está implementando,
seja apoiando tecnicamente os procedimentos, seja
apoiando a gestante e o familiar ou acompanhante.
O Quadro 4, a seguir, destaca os principais
procedimentos que devem ser avaliados durante o
exame físico.

Quadro 4 – Exame físico da gestante.


Exame físico geral Exame físico específico
(gineco-obstétrico)

- Inspeção da pele e das - Palpação obstétrica;


mucosas;
- Medida e avaliação da
- Sinais vitais: aferição altura uterina;
do pulso, frequência
- Ausculta dos batimentos
cardíaca, frequência
cardiofetais;
respiratória, temperatura
axilar; - Registro dos movimentos
fetais;
- Palpação da tireoide,
região cervical, - Teste de estímulo sonoro
supraclavicular e axilar simplificado (Tess);
(pesquisa de nódulos ou - Exame clínico das

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 158


SAÚDE DA MULHER

outras anormalidades); mamas;


- Ausculta - Exame ginecológico
cardiopulmonar; (inspeção dos genitais
externos, exame especular,
- Exame do abdome;
coleta de material para
- Exame dos membros exame colpocitopatológico,
inferiores; toque vaginal).
Fonte: Brasil (2012, p. 67-68).

Cálculo da idade gestacional


Para saber a idade gestacional, é necessário
levar em consideração o primeiro dia do último ciclo
menstrual que é referido pela mulher (MONTENEGRO;
REZENDE FILHO, 2017).
Quando a mulher sabe afirmar corretamente a
data da última menstruação, pode-se calcular a idade
gestacional com o uso de um calendário, no qual o
profissional irá contar os dias de intervalo entre a data
da última menstruação e a data da primeira consulta, e
dividir o resultado por sete, tendo assim a idade
gestacional em semanas, ou então com o uso do
gestograma que é um aparato de consultório que
consiste na colocação de uma seta sobre o dia e mês
da última menstruação e observa-se o número de
semanas indicado no dia e mês da consulta (BRASIL,
2012; MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 159


SAÚDE DA MULHER

Quando a data da última menstruação é


desconhecida, porém sabe-se o mês de cessação,
utilizam-se então as regras acima mencionadas e
levam-se em consideração os dias 5, 15 e 25, se a data
da última menstruação foi no início, no meio ou no final
do mês respectivamente (BRASIL, 2012).
Para se determinar aproximadamente a idade
gestacional de mulheres que não sabem informar a data
da última menstruação, calcula-se a idade gestacional
por meio de ultrassonografia obstétrica e/ou da
mensuração da altura uterina (BRASIL, 2012).

Data provável do parto (DPP)


A data provável do parto será obtida, levando em
consideração o período de uma gestação, que em
média é de 280 dias, o equivalente a 40 semanas
completas. A metodologia mais utilizada para esse
cálculo é a regra de Nägele, que consiste em somar na
data da última menstruação, 7 dias e 9 meses. Soma-se
9 meses até o mês de abril e subtrai-se 3 meses à partir
do mês de maio (MONTENEGRO; REZENDE FILHO,
2017). Um exemplo da regra de Nägele pode ser
conferido a seguir no quadro 5.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 160


SAÚDE DA MULHER

Quadro 5 – Simulação da regra de Nägele para estimar


a DPP.
Data da última menstruação (DUM): 14/02/2017

Dada provável do parto (DPP): 21/11/2017 (14+7=21/


02+09=11)

Data da última menstruação: 10/11/2016

Data provável do parto (DPP): 17/08/2017 (10+7=17/ 11-


3=8)

Fonte: Exercício feito pelos autores.

Palpação obstétrica
A palpação abdominal faz parte do exame físico
obstétrico e tem por objetivo a identificação do útero e
do seu conteúdo, a fim de acompanhar o crescimento
do feto, identificar possíveis anormalidades ao
comparar a altura uterina com a idade gestacional e,
para verificar o comportamento fetal no que diz respeito
a sua situação e apresentação (BRASIL, 2012;
MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).
A técnica de palpação inicia-se com a
delimitação do fundo do útero, bem como da
delimitação de toda superfície uterina. Por meio da
palpação obstétrica é possível identificar a situação, a
apresentação e a posição fetal, procurando a

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 161


SAÚDE DA MULHER

identificação dos polos cefálico e pélvico, além do dorso


fetal (BRASIL, 2012).
A técnica de palpação abdominal mais utilizada
denomina-se Manobra de Leopold, constituída por
quatro etapas, conforme pode ser observado na Figura
1.
Na primeira etapa faz-se a delimitação do fundo
do útero com ambas as mãos e faz-se o
reconhecimento da parte fetal que ocupa. Na segunda é
feito o deslizamento das mãos do fundo do útero para o
polo inferior, identificando o dorso e os membros fetais.
A terceira etapa consiste na exploração da mobilidade
do polo que se encontra no estreito superior da pelve da
mãe. A quarta e última etapa faz a determinação da
situação fetal, deslizando a mão sobre as fossas ilíacas.
Podem ser encontrada as situações: longitudinal (polo
cefálico ou pélvico), transversal ou oblíqua
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017; BRASIL,
2012).

Figura 1. Manobras de palpação (Leopold-Zweifel).


Fonte: Fescina et al (2011).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 162


SAÚDE DA MULHER

Conforme manobra de palpação, na quarta etapa


é realizada a identificação da situação e apresentação
fetal. A situação fetal pode ser longitudinal que é a mais
encontrada ou transversa, de menor ocorrência. A
apresentação fetal (Figura 2 e Figura 3) diz respeito ao
polo em que o feto encontra-se, em relação à pelve
materna, podendo ser cefálica ou pélvica (BRASIL,
2012).

Figura 2.Situação fetal.


Fonte: Brasil 2005 apud Brasil (2012, p. 94).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 163


SAÚDE DA MULHER

Figura 3.Apresentação fetal.


Fonte: Brasil 2005 apud Brasil (2012, p. 94).

Medida da altura uterina


A medida da altura uterina tem por objetivo o
acompanhamento do desenvolvimento fetal e de seus
anexos em relação ao número de semanas de gestação
(FREITAS; et al, 2001).
O Centro Latino-Americano de Perinatologia
(CLAP), a partir de estudos desenhou duas curvas
como padrão de referência (FREITAS; et al, 2001).
“Ponto de corte: serão considerados parâmetros
de normalidade para o crescimento uterino o percentil
10 (para o limite inferior) e o percentil 90 (para o limite
superior) será considerado excessivo todo valor que
estiver superior ao percentil 90 e deficiente abaixo do
percentil 90” (Figura 4) (BRASIL, 2012, p. 95). Mediante
esses resultados verificar possíveis erros de idade
gestacional, caso contrário encaminhar a gestante para

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 164


SAÚDE DA MULHER

avaliação médica, afim de identificar possíveis agravos


(BRASIL, 2012).

Figura 4. Altura uterina versus semanas de gestação.


Fonte: Fescina et al (2011).

Para realizar a medida da altura uterina, é


necessário dispor de uma fita métrica apenas. Para a
correta medição, o profissional deverá posicionar a
gestante em decúbito dorsal (elevar a cabeceira em
aproximadamente 20º), fazendo a delimitação da
extremidade superior da sínfise púbica e do fundo do

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 165


SAÚDE DA MULHER

útero. Fixe a extremidade da fita (marco 0) na sínfise


púbica, e deslize os dedos indicadores na fita até o
fundo uterino, proceda a leitura em centímetros, e anote
na carteirinha, bem como no gráfico (Figura 5) (BRASIL,
2012).

Figura 5.Medida da altura uterina.


Fonte: Brasil (2005).

Ausculta dos batimentos cardiofetais


A realização da ausculta dos Batimentos
Cardíacos Fetais (BCF) foi a primeira forma
propedêutica para avaliação da vitalidade fetal na
gestação e no parto (FREITAS et al., 2001).O objetivo
principal é “constatar a cada consulta a presença, o
ritmo, a frequência e a normalidade dos batimentos
cardíacos fetais” (BRASIL, 2012, p. 98).
A ausculta pode ser através da ultrassonografia,
a partir da quinta semana gestacional, com o sonar
Doppler em torno da 10ª e 11ª semana ou então com o

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 166


SAÚDE DA MULHER

estetoscópio de Pinard após a 20ª semana (FREITAS et


al., 2001).
Considera-se normal a frequência cardíaca
variável entre, 120 e 160 batimentos cardíacos fetais
por minuto. As variações para mais ou para menos
desses valores, correspondem respectivamente, a uma
taquicardia (valores superiores a 160) e a bradicardia
(inferior a 120) (BRASIL, 2012; FREITAS et al., 2001).
É importante salientar que para verificar o BCF
se faz necessário a realização da palpação abdominal,
que consiste em uma das etapas do exame físico
obstétrico, o qual deve ser feito no âmbito da equipe de
enfermagem somente pelo enfermeiro, de preferência o
enfermeiro obstetra (BRASIL, 1986; COFEN, 2016). O
técnico em enfermagem participa desse procedimento,
auxiliando no posicionamento e conforto da gestante.
A ausculta dos batimentos cardiofetais em suas
diversas formas está descrita no Quadro 6.

Quadro 6 – Ausculta de batimentos cardíacos fetais.


Técnicas para ausculta dos batimentos cardiofetais

- Posicione a gestante em decúbito dorsal, com o


abdômen descoberto;
- Identifique o dorso fetal. Além de realizar a palpação,
deve-se perguntar à gestante em qual lado ela sente
mais os movimentos fetais; o dorso estará no lado

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 167


SAÚDE DA MULHER

oposto;
- (Uso de Pinard) Segure o estetoscópio de Pinard pelo
tubo, encostando a extremidade de abertura mais ampla
no local previamente identificado como correspondente
ao dorso fetal; parênteses dos autores;
- Encoste o pavilhão da orelha na outra extremidade do
estetoscópio;
- Faça, com a cabeça, leve pressão sobre o
estetoscópio e, só então, retire a mão que segura o
tubo;
- Quando disponível, utilize o sonar doppler;
- Procure o ponto de melhor ausculta dos BCF na região
do dorso fetal;
- Controle o pulso da gestante para certificar-se de que
os batimentos ouvidos são os do feto, já que as
frequências são diferentes;
- Conte os batimentos cardíacos fetais por um minuto,
observando sua frequência e seu ritmo;
- Registre os BCF na ficha perinatal e no Cartão da
Gestante;
- Avalie resultados da ausculta dos BCF.
Fonte: Brasil (2012, p. 99)

Verificação da presença de edema


“Edema é definido como acúmulo de líquido no
espaço intersticial” (COELHO, 2004, p. 189). Ele deve
ser avaliado em todas as consultas de pré-natal afim de
identificar um edema patológico, que possa
comprometer a saúde materna e fetal.
Na gestante faz-se a palpação de edema nos
membros inferiores (região maleolar) e na região

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 168


SAÚDE DA MULHER

lombar, a verificação será positiva quando pressionar-


se a região e a mesma evidenciar depressão duradoura
no local pressionado (BRASIL, 2012).
A técnica de palpação em membros inferiores
consiste em posicionar a gestante em decúbito dorsal
ou sentada e pressionar a região do tornozelo e pré-
tibial, conforme Figura 6 (BRASIL, 2012).

Figura 6.Palpação de edema em membros inferiores.


Fonte: Brasil (2005) apud Brasil (2012, p. 103).

A técnica de palpação na região sacra consiste


em posicionar a gestante em decúbito lateral ou
sentada, e com o dedo polegar pressiona-se a região
por alguns segundos e, após verifica-se a presença de
edema (Figura 7) (BRASIL, 2012).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 169


SAÚDE DA MULHER

Figura 7.Palpação de edema lombar.


Fonte: Brasil (2005) apud Brasil (2012, p. 104).

Controle da pressão arterial


A aferição da pressão arterial é recomendada a
cada consulta, conforme as diretrizes da sociedade
brasileira de cardiologia. Conceitua-se hipertensão
arterial na gestação, os valores superiores a 140mmHg
de pressão sistólica e resultados maiores ou
equivalentes a 90mmHg de pressão diastólica, tendo
em vista medidas repetidas, com condições favoráveis
e, em pelo menos três aferições (BRASIL, 2012).
Outro conceito utilizado, trabalha com os valores
de pressão arterial conhecidos anteriormente a
gestação ou aqueles verificados até a 16ª semana de
idade gestacional, mostrando que alterações de
30mmHg ou mais de pressão sistólica e/ou 15mmHg ou
mais na pressão diastólica, devem ser investigadas,
pois a gestante, possivelmente apresenta um quadro
hipertensivo (BRASIL, 2012).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 170


SAÚDE DA MULHER

Diante dessa situação é necessário cuidado e


precisão na técnica de aferição da pressão arterial.
Você como técnico em enfermagem deve certificar-se
das seguintes situações: que a mulher esteja com a
bexiga vazia, que não praticou exercícios físicos 60
minutos antes da aferição, que a mesma não tenha feito
uso de álcool e/ou tabaco, bem como ter feito um
repouso de 5 minutos em um ambiente calmo antes de
se submeter ao procedimento (BRASIL, 2012).
Em relação ao posicionamento, a gestante deve
estar sentada, com ambos os pés no chão e postura
mediante a cadeira (recostada e relaxada). O braço
deve estar na altura condizente ao 4º espaço intercostal
(altura do coração), com a palma da mão para cima e o
cotovelo apoiado na braçadeira (BRASIL, 2012).
Lembre-se, o manômetro sempre deve estar adaptado
em sua posição original, na altura do coração.

Exames de rotina, solicitados para a gestante


Diante da gravidez confirmada, uma série de
exames compõe a rotina dos serviços de Atenção
Primária à Saúde os quais visam monitorar o
desenvolvimento da gestação e detectar precocemente
possíveis quadros patológicos que possam interferir no

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 171


SAÚDE DA MULHER

seu desenvolvimento. O Quadro 7 mostra os exames


que a gestante precisará fazer, os quais estão
disponíveis nas unidades de saúde e compõem o
protocolo de exames durante o pré-natal.

Quadro 7 – Exames de Rotina no período gestacional. Brasil


(2012).*
Período Exames
1-Hemograma;
2-Tipagem sanguínea e fator Rh;
3-Coombs indireto (se for Rh
negativo);
4-Glicemia em jejum;
5-Teste rápido de triagem para
1º Trimestre sífilis e/ou VDRL/RPR;
6-Teste rápido diagnóstico anti-
HIV;
7-Anti-HIV
8-Toxoplasmose IgM e IgG;
9-Sorologia para hepatite B
(HbsAg);
10-Urocultura + urina tipo I
(sumário de urina – SU, EQU);
11- Ultrassonografia obstétrica;
12-Citopatológico de colo de
útero (se for necessário);
13-Exame da secreção vaginal
(se houver indicação clínica);
14-Parasitológico de fezes (se
houver indicação clínica).
1-Teste de tolerância para glicose
2º Trimestre com 75g, se a glicemia estiver
acima de 85mg/dl ou se houver
fator de risco (realize este exame
preferencialmente entre a 24ª e a
28ª semana)

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 172


SAÚDE DA MULHER

2-Coombs indireto (se for Rh


negativo)
1-Hemograma
2-Glicemia em jejum
3-Coombs indireto (se for Rh
negativo)
3º Trimestre 4-VDRL
5-Anti-HIV
6-Sorologia para hepatite B
(HbsAg)
7-Repita o exame de
toxoplasmose se o IgG não for
reagente
8-Urocultura + urina tipo I;
9-Bacterioscopia de secreção
vaginal (a partir de 37 semanas
de gestação)
Fonte: Brasil (2012, p. 109-110).
* No Paraná os exames para a gestante estão relacionados
na Linha Guia da Rede Mãe Paranaense e conta com
diferenças em relação ao preconizado pelo Ministério da
Saúde como exposto no Quadro 5. Como exemplo cita-se o
exame da mãezinha (Eletroforese de hemoglobina) que
visa detectar hemoglobinopatias na gestante e é realizado
no Primeiro trimestre da gestação (PARANÁ, 2017).

Os exames citados no Quadro 7 estão descritos


a seguir, acompanhados de uma explicação sobre suas
finalidades e justificativa de uso durante a gestação.

1. Hemograma: detectar precocemente anemias,


bem como identificar alterações em contagens
celulares que indicam presença de processos
infecciosos (FREITAS et al., 2001).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 173


SAÚDE DA MULHER

2. Tipagem sanguínea: identificar o tipo sanguíneo


e o Rh da gestante. Se a gestante apresentar
Rh- é necessário que a mesma realize o Coombs
indireto (identificar a presença de anticorpo anti-
RhD), mediante sangramento vaginal, tendo em
vista que essa gestante possa apresentar
isoimunização materno-fetal. Ou seja,
normalmente o sangue materno não tem contato
com o sangue fetal. No entanto, quando existe o
sangramento vaginal, possivelmente seja um
descolamento de placenta, o qual possibilita a
mistura entre os sangues. Caso o Rh do feto seja
positivo, a gestante produzirá anticorpos contra o
fator Rh fetal. Causando complicações para a
futura gestação.
3. Glicemia: rastreamento de diabetes gestacional
(BRASIL, 2012).
4. VDRL: exame para o rastreamento de sífilis e
deve ser realizado no primeiro e no terceiro
trimestre gestacional, em caso de resultado
positivo, a gestante deve ser tratada
imediatamente. Os estudos mostram a relação
entre parto prematuro, morte fetal e neonatal,
associada à sífilis, bem como aquisição de sífilis

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 174


SAÚDE DA MULHER

congênita, que resulta em más formações, como


a cegueira e, até mesmo deficiência mental
(FREITAS et al., 2001).
5. Toxoplasmose: solicitado para a gestante a fim
de rastrear se a mesma já teve contato com a
doença (presença de IgG positivo), ou se está
com a doença no período gestacional (presença
de IgM positivo). Esse exame é de fundamental
importância tendo em vista que pode ocorrer
infecção por via placentária e levar ao óbito fetal,
parto prematuro, cegueira e, até mesmo
deficiência mental (MITSUKA; LOPES-MORI;
NAVARRO, 2010).
6. HbsAg: exame para rastreamento da hepatite B,
tendo em vista o alto risco de contaminação (70
a 90%) durante o parto, levando o recém-nascido
a tornar-se um portador crônico de hepatite B. A
detecção precoce possibilita intervir juntamente a
gestante com a vacina da hepatite B e, logo após
o nascimento, essa criança recebe a prevenção
por meio da vacina e da imunoglobulina
(FREITAS et al., 2001).
7. Urina I e urocultura: exames que detectam a
infeção urinária, tendo em vista que é a infeção

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 175


SAÚDE DA MULHER

bacteriana que mais acomete as gestantes, e em


muitos casos acaba sendo assintomática.
Quando não tratada pode evoluir para uma
pielonefrite, que está associada com altos
índices de abortamento e parto prematuro. O
exame de urina tipo I detecta a presença da
infecção, enquanto a urocultura identifica a
bactéria envolvida no processo infeccioso,
facilitando a escolha do antibiótico e sucesso no
tratamento (FREITAS et al., 2001).
8. Citopatológico de colo uterino: “A coleta do
material do colo do útero deve ser realizada a
partir de uma amostra da parte externa, a
ectocérvice” (BRASIL, 2012, p. 105). Não deve
ser coletada amostra da parte interna que é
denominada de endocérvice. Reforça-se a
importância da coleta durante a gestação, no
entanto deve-se evitar realizar no primeiro
trimestre (BRASIL, 2012). O exame Papanicolau,
é privativo do Enfermeiro conforme legislação
própria.
9. Ecografia obstétrica: solicitada para as gestantes
como recurso na identificação da idade
gestacional e na presença de intercorrências

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 176


SAÚDE DA MULHER

clínicas, para detecção precoce de gestação


gemelar e, até mesmo do retardo do crescimento
fetal. Algumas evidências mostram que é
possível detectar algumas anomalias (BRASIL,
2012).
10. Bacterioscopia de secreção vaginal: identifica
vulvovaginites durante a gestação, possibilitando
o adequado tratamento, a fim de evitar “[...]
trabalho de parto prematuro, ruptura prematura
de membranas, morte fetal intra-uterina e
endometrite puerperal [...]” (FREITAS et al.,
2001, p. 33).
11. Parasitológico de fezes: Realizado quando há
indicação clínica, a fim de rastrear parasitoses,
tendo em vista que algumas dessas afetam a
nutrição da gestante o que tem impacto direto na
aquisição de crescimento e desenvolvimento
fetal (BRASIL, 2012).
Os exames obstétricos podem ser solicitados
pelo médico ou enfermeiro conforme a Resolução
COFEN 195/1997 (COFEN, 1997).

VACINAÇÃO DA GESTANTE

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 177


SAÚDE DA MULHER

A vacinação na gestação constituiu uma dupla


proteção, ou seja, para a mãe e para o feto. Um
cuidado muito importante a ser tomado é que a
gestante não receba vacinas de vírus vivo (FREITAS et
al., 2001).
Durante a gestação, três vacinas são obrigatórias
para proteger o binômio mãe-filho: a dTpa (indicada
para difteria, tétano e coqueluche), a Vacina contra
Influeza (para prevenção da influenza H1N1) e a vacina
contra Hepatite B. O quadro 8 mostra as vacinas e suas
especificidades.

Quadro 8 – Vacinas de rotina durante o período


gestacional.
Tipo de vacina Recomend Esquema
ação
dTpa (indicada para Gestantes a Administrar uma
difteria, tétano e partir da 20ª dose a partir da
coqueluche), semana de vigésima semana
gestação de gestação.
(BRASIL, Para aquelas que
2016). perderam a
oportunidade de
vacinação
durante a
gestação,
administrar uma
dose de dTpa no
puerpério, o mais

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 178


SAÚDE DA MULHER

precocemente
possível
(BRASIL, 2016).
Maiores
esclarecimentos
acerca deste
esquema estão
no quadro 6.
Vacina contra Gestantes Dose única
influenza em durante a
(fragmentada) qualquer Campanha Anual
período contra Influenza.
gestacional.
Vacina contra Gestantes Três doses com
hepatite B após o intervalo de 30
primeiro dias entre a
trimestre de primeira e a
gestação. segunda e de 180
dias entre a
primeira e a
terceira. Na
impossibilidade
de se realizar a
sorologia anti-
HBs, deve-se
avaliar o estado
vacinal da
gestante e
vaciná-la, se for o
caso (BRASIL,
2012, p. 119).
Fonte: Brasil (2012); Brasil (2014); Brasil (2016).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 179


SAÚDE DA MULHER

A vacina dTpa foi introduzida no calendário da


gestante a partir do ano de 2017. Até então era
obrigatória a DT (difteria e tétano), mas a mudança do
perfil epidemiológico exigiu que se estendesse e
agregasse a imunização contra a coqueluche também
para as gestantes. Entretanto, ela não invalidou o uso
da DT para aquelas gestantes que não tenham
esquema completo para esta vacina. Portanto, é preciso
considerar, conforme o quadro 9 (BRASIL, 2014;
BRASIL, 2016), as situações, condutas e orientações
para a vacinação da gestante com dTpa e DT.
A depender da situação vacinal encontrada,
administrar uma dose da vacina dTpa, para iniciar
esquema vacinal, completar ou como dose de reforço.
Por exemplo, se a gestante chegar tardiamente ao pré-
natal, sem esquema de DT e o prazo para completá-lo
for maior que o tempo restante para o parto, a
vacinação deverá começar com a dTpa.

Quadro 9 – Situações, condutas e orientações para a


vacinação da gestante com dTpa e DT.
Situações Condutas
Orientações
técnicas
Gestantes não Administrar três Ao completar
vacinadas doses de vacinas o esquema a
previamente. contendo gestante terá
toxoides tetânico recebido

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 180


SAÚDE DA MULHER

e diftérico com duas de dT e


intervalo de 60 uma dose de
dias entre as dTpa.
doses.
Administrar as
duas primeiras
doses de dT e a
última dose de
dTpa, após a 20ª
semana até o
puerpério, o
mais
precocemente
possível.
Gestantes Administrar uma Ao completar
vacinadas com dose de dT e o esquema a
uma dose de dT. uma dose de gestante terá
dTpa (após a 20ª recebido
semana de duas de dT e
gestação) com uma dose de
intervalo de 60 dTpa.
dias entre as
doses, mínimo de
30 dias.
Gestantes na 20ª Administrar uma Ao completar
semana de dose da dTpa. o esquema a
gestação, gestante terá
vacinada com recebido
duas doses de duas de dT e
dT. uma dose de
dTpa.
Gestantes na 20ª Administrar uma Ao completar
semana de dose de dTpa. o esquema a
gestação, gestante terá

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 181


SAÚDE DA MULHER

vacinada com recebido três


três doses de dT. de dT e uma
dose de
dTpa.
Gestantes na 20ª Administrar uma Mesmo com
semana de dose de dTpa. esquema
gestação, completo
vacinada com (três doses
três doses de dT de dT) e ou
e com dose de reforço com
reforço há menos dT, a
de cinco anos. gestante
deverá
receber uma
dose de
dTpa a cada
gestação.
Esta dose de
dTpa deve
ser
considerada
como
reforço. Esta
dose deverá
ser
administrada
mesmo nos
casos em
que a
gestante já
tenha
recebido
anteriorment
e um reforço,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 182


SAÚDE DA MULHER

em período
inferior a
cinco anos.
Gestantes na 20ª Se aplicou dTpa
semana de em gestação
gestação, anterior, aplicar
vacinada com dTpa na gestação
pelo menos uma atual e seguir
dose de dTpa na orientações
rede privada. acima citadas. Se
aplicou dTpa na
gestação atual,
seguir
orientações
acima citadas
Fonte: Brasil (2014); Brasil (2016).

Conclui-se assim que o pré-natal permite a


condução de uma gestação o mais saudável possível e,
caso haja suspeita de algum fator de risco, a equipe de
saúde poderá interferir a tempo evitando maiores
agravos.
As consultas preconizadas são obrigatórias para
a gestante, caso se constate ausência nas consultas é
necessário fazer busca ativa para verificar o que
aconteceu, tendo em vista que não existe alta do pré-
natal.

Leituras recomendadas

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 183


SAÚDE DA MULHER

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de


Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas e Estratégicas. Área Técnica de
Saúde da Mulher. Pré-natal e puerpério: atenção
qualificada e humanizada - manual técnico. Brasília,
2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de


Atenção à Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo
risco. (Cadernos de Atenção Básica, 32). Brasília:
Ministério da Saúde, 2012.

FREITAS F. et al. Rotinas em Ginecologia. 7. ed.


Porto Alegre, Artmed, 2011.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. Linha


Guia Rede Mãe Paranaense. 6. ed. Curitiba:
Secretaria Estadual de Saúde, 2017.

MONTENEGRO, C. A. B.; REZENDE FILHO, J.


Obstetrícia fundamental. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

Sugestões de metodologias e recursos

- Aula expositiva com uso recursos de materiais,


tais como fita métrica, moldes de úteros gravídicos,
partograma, carteira nacional de imunização,
gestograma, estetoscópio de Pinard, dentre outros
materiais de fácil acesso para a escola, visando o
contato prévio dos alunos para que esses
familiarizarem com esses recursos antes da sua
utilização no campo de prática;
- Aula expositiva com auxílio de recursos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 184


SAÚDE DA MULHER

audiovisuais.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Presidência da República. Lei nº 7.498, de 25


de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do
exercício da Enfermagem e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Leis/L7498.htm>. Acesso em: 22 maio
2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Ações Programáticas e
Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-
natal e puerpério: atenção qualificada e humanizada -
manual técnico. Brasília, 2005. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pre-
natal_puerperio_atencao_humanizada.pdf>. Acesso
em: 25 abr. 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco.
(Cadernos de Atenção Básica, 32). Brasília: Ministério
da Saúde, 2012. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_a
tencao_basica_32_prenatal.pdf>. Acesso em: 4 abr.
2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância


em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica.
Coordenação Geral do Programa Nacional de
Imunizações. Informe Técnico. Informe Técnico para
Implantação da Vacina Adsorvida Difteria, Tétano e
Coqueluche (Pertussis Acelular) Tipo adulto - dTpa.
Brasília, 2014. Disponível em:
<http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2014-

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 185


SAÚDE DA MULHER

10/informe_dtpa-08_09_-2014-versao-final.pdf>.
Acesso em: 8 nov. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância


em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis. Coordenação Geral do Programa
Nacional de Imunizações. Nota Informativa n.384, de
2016/CGPNI/DEVITS/SVS/MS. Informa sobre as
mudanças no Calendário Nacional de Vacinação para o
ano de 2017. Brasília, 2016. Disponível em:
<http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/dez
embro/28/Nota-Informativa-384-Calendario-Nacional-
de-Vacinacao-2017.pdf>. Acesso em: 8 nov. 2017.

COELHO, E. B. Mecanismos de formação de


edemas. Ribeirão Preto Medicina, v. 37, p. 189-198,
jul./dez. 2004. Disponível em:
<http://revista.fmrp.usp.br/2004/vol37n3e4/1mecanismo
s.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2017.

COFEN Conselho Federal de Enfermagem-. Resolução


159/1993. Dispõe sobre a consulta de enfermagem.
Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-
1591993_4241.html>. Acesso em: 22 maio. 2017.

COFEN. Conselho Federal de Enfermagem -


Resolução 195/1997. Dispõe sobre a solicitação de
exames de rotina e complementares por enfermeiro.
Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-
1951997_4252.html>. Acesso em: 22 maio 2017.

COFEN. Conselho Federal de Enfermagem Resolução


Nº 0516/2016. Normatiza a atuação e a
responsabilidade do Enfermeiro, Enfermeiro Obstetra e
Obstetriz na assistência às gestantes, parturientes,
puérperas e recém-nascidos nos Serviços de
Obstetrícia, Centros de Parto Normal e/ou Casas de

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 186


SAÚDE DA MULHER

Parto e outros locais onde ocorra essa assistência;


estabelece critérios para registro de títulos de
Enfermeiro Obstetra e Obstetriz no âmbito do Sistema
Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, e dá
outras providências. Brasília, 2016. Disponível em:
<http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-
05162016_41989.html>. Acesso em: 22 maio 2017.

CRUZ, R. S. B. L. C; CAMINHA, M. F. C; BATISTA


FILHO, M. B. Aspectos Históricos, Conceituais e
Organizativos do Pré-natal. Recife, Revista Brasileira
de Ciências da Saúde. v. 18, n. 1, p. 87-94. 2014.
Disponível em:
<http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/rbcs/article/view/
15780/11722>. Acesso em: 6 abr. 2017.

FESCINA, R. H. et al. Salud sexual y reproductiva:


guías para el continuo de atención de la mujer y el
recién nacido focalizadas en APS. CLAP/SMR.
Montevideo, Uruguay, 2011.
Disponível em:
http://www2.paho.org/clap/dmdocuments/CLAP1577.pdf
. Acesso em: 26 out. 2017.

FREITAS, F. et al. Rotinas em Obstetrícia. 4. ed. Porto


Alegre: Artmed Editora, 2001.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. Linha Guia


Rede Mãe Paranaense. 6. ed. Curitiba: Secretaria
Estadual de Saúde, 2017.

MITSUKA, B. R; LOPES-MORI, F. M. R; NAVARRO, I.


T. Toxoplasmose adquirida na gestação e
congênita: vigilância em saúde, diagnóstico, tratamento
e condutas. Londrina: Eduel, 2010. 62 p. Disponível em:
<http://static.scielo.org/scielobooks/cdtqr/pdf/mitsuka-
9788572166768.pdf>. Acesso em: 29 abr. 2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 187


SAÚDE DA MULHER

MONTENEGRO, C. A. B; REZENDE FILHO, J.


Obstetrícia fundamental. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 188


SAÚDE DA MULHER

ASSISTÊNCIA INTEGRAL E HUMANIZADA DE


ENFERMAGEM À SAÚDE DA MULHER NO PRÉ-NATAL
DE ALTO RISCO1

Ana Cristina de Moraes


Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você possa:


-Conhecer a assistência de enfermagem no pré-natal de
Alto Risco;
-Assimilar formas de atuação durante a consulta de pré-
natal de Alto Risco realizada pelo enfermeiro e/ou
médico;
- Identificar os principais cuidados de enfermagem
implementados durante o pré-natal de Alto Risco;
- Valorizar a relação interpessoal entre o profissional, a
gestante e família.

PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO

1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 189


SAÚDE DA MULHER

O acesso ao pré-natal, embora seja universal,


ainda precisa de melhorias na qualidade da assistência
prestada, diante disso é necessário que os governos
desenvolvam estratégias a fim de possibilitar a
organização dos sistemas de atenção e o
estabelecimento de compromisso e responsabilização
pelo cuidado à mulher no ciclo gravídico puerperal em
todos os níveis da atenção (BRASIL, 2012).
A procura por atendimentos para verificar o
estado de saúde é realizado por muitas mulheres
apenas durante o ciclo gravídico, desta forma, a
consulta de pré-natal deve abranger integralmente a
promoção e prevenção de saúde, considerando que o
sistema possibilite a atuação profissional no cuidado a
saúde (SÃO PAULO, 2010).
A gestação é um fenômeno fisiológico e sua
evolução ocorre na maior parte dos casos sem
intercorrências. Entretanto, há uma parcela pequena de
gestantes que, por serem vulneráveis socialmente,
portadoras de alguma doença, sofrerem algum agravo
ou desenvolverem problemas durante este período,
podem estar sujeitas a alguma complicação, assim
como o feto. Uma gestação fisiológica pode tornar-se
de risco em qualquer momento, fato este que justifica a

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 190


SAÚDE DA MULHER

constante avaliação e acompanhamento, tanto no pré-


natal, quanto no período de trabalho de parto e parto
(BRASIL, 2012).
A implementação da estratificação de risco no
pré-natal do Estado do Paraná é dividida em três graus:
1- Risco habitual: gestantes que não apresentam
fatores de risco individual, sociodemográficos, de
história reprodutiva anterior, de doença ou agravos,
2- Risco intermediário: gestantes que apresentam
fatores de riscos relacionados às características
individuais (raça, etnia e idade), sociodemográficas
(escolaridade) e de história reprodutiva anterior;
3- Alto risco: gestantes que apresentam fatores de risco
relacionados a doenças clínicas pré-existentes ou
intercorrências clínicas no decorrer da gestação
(PARANÁ, 2014).
A Estratificação de Risco da gestante é utilizada
para a definição da vinculação ao pré-natal e ao
hospital para o atendimento das intercorrências na
gestação e no momento do parto (PARANÁ, 2014).
Neste capítulo será abordada a assistência ao pré-natal
de alto risco.

Fatores de Risco Pré-Gestacionais

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 191


SAÚDE DA MULHER

De acordo com o Manual Técnico de Gestação


de Alto-risco, publicado pelo Ministério da Saúde em
2012, os fatores de risco podem ser classificados como
pré-gestacionais, ou seja, condições que a mulher já
vivencia e que podem se tornar um risco, caso ela
engravide, como os descritos a seguir, no Quadro 1.

Quadro 1 – Fatores de risco pré-natais.


Características Individuais Característi
cas
sociodemog
ráficas
Idade: > 35 anos ou < 15 anos Situação
(menarca há menos de 2 anos) conjugal
insegura
Altura < 1,45m Baixa
escolaridade
Peso pré-gestacional <45kg ou > 75kg Dependência
(IMC30) de drogas
lícitas ou
ilícitas
Órgãos reprodutivos anômalos Exposição a
riscos
ocupacionais
Fonte: Brasil (2012).

As características de uma gestação anterior, bem


como as intercorrências devem ser levadas em
consideração, assim como o levantamento da história
reprodutiva precisa ser levantada para que se possam
prevenir possíveis agravos. As principais características

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 192


SAÚDE DA MULHER

das gestações anteriores, a serem observadas estão


dispostas no Quadro 2:

Quadro 2 – Características das gestações anteriores a


serem observadas.
Características Reprodutivas de Risco
Abortamento habitual Intervalo
entre partos
< dois anos
ou > cinco
anos
Morte perinatal explicada e inexplicada Nuliparidade
e grande
multiparidad
e
RN com crescimento restrito ou Síndrome
malformado hemorrágica
ou
hipertensiva
Parto pré-termo anterior Diabetes
gestacional
Esterilidade ou infertilidade Cirurgia
uterina
anterior
(cesárea)
Fonte: Brasil (2012).

Da mesma forma que a história das gestações


anteriores é de fundamental importância na detecção do
pré-natal de alto risco, o conhecimento ou o
levantamento das condições clínicas pré-existentes,
pois elas podem interferir no desenvolvimento esperado

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 193


SAÚDE DA MULHER

da gestação atual. As condições clínicas pré-existentes,


mais importantes a serem consideradas estão
apresentadas no Quadro 3.

Quadro 3 – Condições clínicas pré-existentes.


Condições clínicas pré-existentes
Hipertensão Endocrinopatias Doenças
arterial infecciosas
Cardiopatias Hemopatias Doenças
autoimunes
Pneumopatias Ginecopatias Epilepsia
Nefropatias Neoplasias
Fonte: Brasil (2012).

Já os fatores que podem interferir no decorrer da


gestação e levar a um diagnóstico desfavorável, os
quais devem ser sempre reavaliados estão
apresentados no Quadro 4.

Quadro 4 – Fatores de risco que podem ocorrer no decorrer


da gravidez.
Fatores de Risco Diagnosticados no Decorrer da
Gestação
Exposição a Gravidez Hemorragias da
fatores prolongada gestação
teratogênicos
Desvio de Ganho ponderal Aloimunização
crescimento inadequado (incompatibilidade
uterino materno/fetal do
fator Rh)

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 194


SAÚDE DA MULHER

Volume de Pré-eclâmpsia e Óbito fetal


líquido eclâmpsia;
amniótico
Número de Diabetes Doenças
fetos gestacional infectocontagiosas
durante a gestação
Trabalho de Amniorrexe Doenças clínicas
parto prematura diagnosticadas na
prematuro (ruptura da gestação
membrana
amniótica)
Fonte: Brasil (2012).

A avaliação dos fatores de risco gestacionais


deve ser realizada por todos os profissionais que
prestam assistência a gestante a cada consulta ou
contato, os profissionais devem ser capazes de avaliá-
las dinamicamente, para que se determine o nível de
atenção, seja ela de risco habitual, intermediário ou de
alto risco (BRASIL, 2012).
Uma vez encaminhada para acompanhamento
em um serviço especializado é importante que se
oriente a gestante para que esta não perca o vínculo
com a equipe de atenção básica ou Saúde da Família
que iniciou o acompanhamento. Essa equipe deve ser
mantida informada a respeito da evolução da gravidez e
tratamentos administrados a gestante por meio de
contra referência e de busca ativa das gestantes em

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 195


SAÚDE DA MULHER

seu território de atuação, e da visita domiciliar (BRASIL,


2012).

CONDIÇÕES CLÍNICAS QUE CARACTERIZAM


RISCO PARA GESTAÇÃO

Síndrome Hipertensiva Específica da


Gestação/Toxemia gravídica

A Síndrome Hipertensiva Específica da


Gestação, conhecida como SHEG é caracterizada por
acometer as gestantes geralmente na segunda metade
da gestação, podendo assumir formas mais graves
como a eclâmpsia (MONTENEGRO; REZENDE FILHO,
2017). A SHEG classifica-se em pré-eclâmpsia leve,
grave e eclâmpsia.

Pré-eclâmpsia leve

As gestantes com pré-eclâmpsia leve, devem ser


hospitalizadas para que se realize uma avaliação
diagnóstica inicial, mantidas com dieta normossódica e
em repouso relativo (PARANÁ, sd).
Caracteriza-se pela ocorrência da tríade
sintomática: hipertensão arterial acompanhada de

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 196


SAÚDE DA MULHER

proteinúria significante e/ou edema de mãos ou face,


em gestantes após a vigésima semana de gravidez
(PARANÁ, sd). Em casos em que não há presença de
proteinúria, a suspeita se instala, quando o aumento da
pressão aparece acompanhado por cefaleia, distúrbios
visuais, dor abdominal, plaquetopenia e aumento de
enzimas hepáticas (BRASIL, 2012).
1. A hipertensão arterial é definida como a
presença de pressão arterial (PA)≥ 140 x
90mmHg, medidas confirmadas após mínimo de
cinco minutos de repouso, com a pessoa em
posição sentada ou em decúbito horizontal com
cabeceira levemente elevada;
1. A proteinúria é caracterizada quando os teores
de proteína são de 300mg/l (0,3g/l) ou mais em
urina de 24 horas ou ≥ 1g/l ou ++ ou mais em
amostra isolada;
2. Já o edema consiste no acúmulo anormal de
líquido intersticial extracelular e na SHEG ocorre
de forma generalizada e de aparecimento súbito
(BRASIL, 2012).

Dentre os cuidados que devem ser ofertados a


gestante com pré-eclâmpsia leve estão:
1. Acompanhar PA de 4/4h durante o dia;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 197


SAÚDE DA MULHER

2. Realizar pesagem uma vez ao dia, sempre


no mesmo horário;
3. Estar atento aos sintomas de eclâmpsia:
cefaleia persistente e distúrbios visuais
chamados escotomas;
4. Observar sinais ou relato de dor
epigástrica ou no hipocôndrio direito
(náuseas e vômito), hiperreflexia;
5. Verificar presença de proteinúria na fita ou
de 24 horas, hematócrito e plaquetas,
provas de função renal e hepática;
6. Monitorar as condições fetais(BRASIL,
2012).
A pré-eclâmpsia pode apresentar outros sinais,
caracterizando-se em pré-eclâmpsia grave, nesses
casos deve-se encaminhar a gestante para um serviço
hospitalar de referência se estiver apresentando dois ou
mais dos sintomas descritos abaixo:
1. Pressão arterial ≥160 x 110 mmHg;
2. Proteinúria ≥ 2 g/l em 24h;
3. Edema generalizado de mãos e face;
4. Perda da função renal, caracterizada por oligúria
(<400 ml/dia) e por níveis séricos de creatinina
crescentes e maiores do que 1,2mg/dl;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 198


SAÚDE DA MULHER

5. Sinais de encefalopatia hipertensiva: cefaleia,


epigastralgia ou transtornos visuais;
6. Insuficiência pulmonar ou cardíaca: cianose e/ou
edema pulmonar;
7. Dor em hipocôndrio direito (sinal rotura hepática);
8. Trombocitopenia grave: <100.000
plaquetas/mm3;
9. Icterícia ou elevação das enzimas hepáticas:
Bilirrubina total ≥ 1,2 mg/%; TGO ≥ 70U/l
(BRASIL, 2012).
Uma conduta conservadora pode ser adotada em
mulheres com pré-eclâmpsiagrave com idade
gestacional entre 24 e 34 semanas, através de
monitoramento materno fetalrigoroso, uso de sulfato de
magnésio para evitar convulsões e agentes anti-
hipertensivos. As gestantesnessas condições devem
ser admitidas e observadas por 24 horas (BRASIL,
2012).
A conduta obstétrica indicada para uma gestação
menor que 32 semanas com quadro estável é aguardar
a ação do sulfato de magnésio, para identificar a
evolução, nos casos em que o quadro mantem-se
instável deve-se interromper a gestação
independentemente da idade gestacional, já para os

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 199


SAÚDE DA MULHER

casos em que a gestação for maior que 32 semanas


deve-se interromper a gestação. É importante a
monitorização, tanto da gestante quanto do feto, uma
vez que, para a realização da cesárea é necessário que
os parâmetros pressóricos sejam mantidos o mais
próximo da normalidade (120 x 80 mmHg), a fim de
evitar complicações como convulsões durante o
procedimento (PARANÁ, sd).

Eclâmpsia
A ocorrência de convulsões em mulheres com
pré-eclâmpsia caracteriza o quadro de eclâmpsia.
Nestes casos, o tratamento visa cessar as crises
convulsivas, a hipertensão e dos distúrbios metabólicos,
além de realizar os cuidados e controles gerais
(BRASIL, 2012).
Os cuidados empregados para os casos de
eclâmpsia são de manter um ambiente tranquilo, a
mulher com decúbito elevado e lateralizado, com
cateter de oxigênio, punção em acesso central ou de
grande calibre, e cateter vesical com monitorização
contínua (BRASIL, 2012).
A conduta obstétrica é de estabilização do
quadro, sendo a droga utilizada para o fim da crise

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 200


SAÚDE DA MULHER

convulsiva, o sulfato de magnésio, posteriormente deve-


se realizar a avaliação das condições materno e fetais,
e a antecipação do trabalho de parto, independente da
idade gestacional que se apresente (BRASIL, 2012).

Síndrome HELLP
A síndrome HELLP é um quadro clínico
caracterizado por hemólise (H “hemolysis”), elevação de
enzimas hepáticas (EL “elevated liver functions tests”) e
plaquetopenia (LP “low platelets count “) (BRASIL,
2012).
O tratamento nos casos de Síndrome HELLP
deve consistir no controle das condições maternas e
fetais, se necessário, avaliação da interrupção
gestacional, controle de pressão arterial, prevenção de
convulsões, manejo dos fluídos e eletrólitos corporais e
utilização de sangue e hemoderivados (PARANÁ, sd).

Diabetes
O diabetes mellitus é uma doença metabólica
crônica, sendo que seu principal sintoma é a
hiperglicemia, ou seja, o aumento da concentração de
glicose (açúcar) no sangue. É o grande responsável
pelos índices elevados de morbimortalidade perinatal,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 201


SAÚDE DA MULHER

especialmente macrossomia (fetos/bebês grandes) e


malformações fetais.
Quando o diabetes está associado a gravidez é
classificado como: Diabetes gestacional, quando
diagnosticado durante a gravidez, ou Diabetes pré-
gestacional, existente antes da gravidez: tipo 1, tipo 2
ou outros (BRASIL, 2012).

Diabetes gestacional
O Diabetes Gestacional (DG) tem como definição
a intolerância aos carboidratos, em diferentes graus de
intensidade e se o diagnóstico foi realizado pela
primeira vez durante a gestação, podendo ou não
persistir após o parto. Os fatores de risco de
desenvolver DG são:

Idade igual ou superior a 35 anos


Índice de massa corporal (IMC) >25kg/m2
(sobrepeso e obesidade);
Antecedente pessoal de diabetes
gestacional;
Antecedente familiar de diabetes mellitus
(parentes de primeiro grau);
Macrossomia ou polihidrâmnio em
gestação anterior;
Óbito fetal sem causa aparente em
gestação anterior;
Malformação fetal em gestação anterior;
Uso de drogas hiperglicemiantes
(corticoides, diuréticos tiazídicos);
Síndrome dos ovários policísticos;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 202


SAÚDE DA MULHER

Hipertensão arterial crônica (BRASIL


2012, p. 183-84 ).

A investigação de DG deve ocorrer nos casos em


que a gestante apresentar ganho de peso excessivo e
crescimento fetal exagerado, diagnosticado
clinicamente ou por meio de ultrassonografia. Todas as
gestantes devem ser submetidas a dosagem de
glicemia de jejum antes da vigésima semana de
gestação. Para que o diagnóstico seja confirmado é
necessário que o resultado de duas glicemias de jejum
sejam ≥ 126mg/dL, ou pelo teste oral de tolerância a
glicose, quando se faz a ingestão de 75g de glicose
anidra em 250–300ml de água, depois de um período
de jejum entre 8-14 horas (TOTG 75g 2h) os resultados
esperados são: glicemia jejum:95 mg/dl, após 1 hora:
até 180 mg/dl, após 2 horas: até 155 mg/dl (BRASIL,
2012).
O diabetes pré-gestacional pode ser do tipo 1 ou
2, sendo que na maioria dos casos na gestação são do
tipo 2, o qual ocorre em idades mais avançadas e
caracteriza-se pelo desenvolvimento de resistência
periférica a insulina, deficiência relativa de insulina,
obesidade e desenvolvimento de complicações
vasculares, renais e neuropáticas. Já o diabetes tipo 1,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 203


SAÚDE DA MULHER

tem por característica o surgimento em idades menores,


resultante de um processo autoimune que destrói as
células β do pâncreas, levando o uso crônico de
insulina (BRASIL, 2012).
O acompanhamento das mulheres com diabetes
deve ser realizado por uma equipe multi e
interdisciplinar, a qual deve contar com médico obstetra,
endocrinologista, nutricionista, enfermeira obstetra e
outros profissionais, dependendo da necessidade e
gravidade do caso. Desta forma, o controle dos níveis
de glicose devem ser mantidos, preferencialmente com
uma dieta equilibrada e individualizada, realização de
exercícios físicos, caso não possua restrição, controle
dos níveis glicêmicos e, quando recomendado, o uso de
hipoglicemiantes, como a insulina (BRASIL, 2012).

Síndromes Hemorrágicas
A ocorrência de hemorragias no período
gestacional é apresentada por cerca de 10 a 15% das
gestações. Estas podem ser respostas a complicações
gestacionais ou ainda por agravos ginecológicos do
período gravídico. Esses sangramentos são
classificados de acordo com o período em que ocorrem,
a quantidade do sangramento e a localização.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 204


SAÚDE DA MULHER

As mais importantes situações hemorrágicas


gestacionais são o abortamento, a placenta prévia e o
descolamento prematuro da placenta, os quais são
apresentados a seguir.

Abortamento
A definição utilizada para abortamento é a
interrupção da gravidez ocorrida antes davigésima
segunda semana de gestação (BRASIL, 2012). Ainda o
abortamento pode receber diferentes classificações de
acordo com algumas características, descritas no
Quadro5.

Quadro 5 – Classificação dos casos de abortamento.


Abortamento Perda involuntária da gestação
espontâneo
Ocorrência de sangramento uterino
Ameaça de com a cérvix fechada sem
abortamento eliminação de tecidos ovulares
Abortamento O conteúdo total foi eliminado
completo
Abortamento Parte do conteúdo uterino foi
incompleto eliminado
Sangramento e dilatação cervical,
Abortamento mas ainda não ocorreu eliminação
inevitável de conteúdo uterino
Abortamento Morte do embrião ou feto com a
retido permanência na cavidade uterina,
sem ser eliminado, o colo se

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 205


SAÚDE DA MULHER

encontra fechado, podendo ocorrer


leve sangramento
Abortamento Abortamento acompanhado de
infectado infecção genital, como endometrite,
parametrite e peritonite
Abortamento Perdas espontâneas e sucessivas
habitual de três ou mais gestações
Fonte: Brasil (2012).

Placenta Prévia
A placenta prévia é a ocorrência da implantação
total ou parcialmente da placenta no segmento inferior
do útero. Nestes casos de implantação pode-se
classificar como baixa, caso se localize próxima ao colo
do útero sem atingi-lo, marginal, atinge o orifício interno
do colo uterino, porém não o recobre e, por fim,
completa ou centro-total, recobre totalmente o orifício
interno do colo do útero, como se observa na Figura 2
(BRASIL, 2012, grifo nosso).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 206


SAÚDE DA MULHER

Figura 2 –Tipos de Placenta Prévia. A: central; B: parcial; C:


marginal; D: baixa.
Fonte: Montenegro e Rezende Filho(2017, p.604).

Dentre os fatores de risco para o


desenvolvimento de placenta prévia, os que mais
acometem as mulheres são devidos às cicatrizes
anteriores a gestação, como no caso das cesárias
anteriores, mas pode estar associada a outros
procedimentos como miomectomia (retirada de miomas)
e curetagem (BRASIL, 2012).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 207


SAÚDE DA MULHER

O sangramento na placenta prévia caracteriza-se


por ser indolor, no segundo ou terceiro trimestre, ocorre
em pequena quantidade e é autolimitado. Para que um
diagnóstico seja fechado é necessáriaa realização do
exame físico da gestante, bem como um exame de
ultrassonografia abdominal, para que se possa
visualizar a implantação da placenta no útero (BRASIL,
2012).
Quando diagnosticada, a gestante deve realizar
um acompanhamento em um centro de referência, e
sempre que o sangramento ocorrer com maior
intensidade ser encaminhada ao serviço hospitalar
especializado, a fim de garantir a vitalidade da mãe e do
feto (BRASIL, 2012).

Descolamento Prematuro da Placenta


O descolamento prematuro de placenta (DPP) é
definido como a separação da placenta da parede
uterina antes do parto, esta separação pode ser parcial
ou total, e recebe diferentes classificações, as quais
estão descritas a seguir (BRASIL, 2012):

1. Grau 1: Sangramento genital discreto sem


hipertonia uterina significativa. Vitalidade fetal

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 208


SAÚDE DA MULHER

preservada. Geralmente diagnosticado no pós-


parto com a identificação do coágulo retro
placentário.
1. Grau 2: Sangramento genital moderado e
contrações prolongadas. A gestante apresenta
taquicardia e alterações posturais da pressão
arterial, também ocorrem alterações na
coagulação com queda dos níveis de
fibrinogênio. Batimentos cardíacos fetais
presentes, porém com sinais de
comprometimento de vitalidade.
2. Grau 3: Sangramento genital importante com
hipertonia uterina, somado a hipotensão arterial
materna e óbito fetal. Podendo apresentar
quadros de coagulopatias ou não.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 209


SAÚDE DA MULHER

Figura 3– A: hemorragia oculta; B: hemorragia externa.


Fonte: Montenegro e Rezende Filho (2017, p. 618).

A hipertensão é responsável por até 50% dos


casos de DPP não traumáticos. Tanto a pré-eclâmpsia,
quanto a hipertensão arterial crônica são fatores de
risco importantes para o DPP. Nos casos traumáticos,
os acidentes automobilísticos são os principais
responsáveis pelo descolamento prematuro da placenta
(BRASIL, 2012).
Em seu quadro clínico, a gestante pode
manifestar dor abdominal, inclusive entre as dores de
trabalho de parto, sangramento genital de quantidade
variável, história de hipertensão e de traumas. No
exame obstétrico, realiza-se a palpação uterina para
determinação da apresentação fetal e do tônus uterino,
verifica-se a medida de altura uterina e ausculta dos
batimentos cardíacos fetais (monitoração fetal
contínua), geralmente com padrões preocupantes. O
diagnóstico de DPP é clínico (BRASIL, 2012).
Estabelecido o diagnóstico, as recomendações de
condutas são definidas conforme Brasil (2012) e estão
ilustradas na Figura 4, a seguir.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 210


SAÚDE DA MULHER

Figura 4.Fluxograma de conduta em DPP.


Fonte: Brasil (2012, p. 61).

DESVIOS DO CRESCIMENTO FETAL

Restrição de Crescimento Fetal


Conceitua-se restrição do crescimento fetal, a
limitação patológica de um feto em atingir o seu
potencial de crescimento, devido a vários fatores.
Constitui-se em importante causa de morbidade e
mortalidade perinatal.
Dentre as complicações neonatais presentes nos
casos de restrição do crescimento fetal, podem ocorrer
a hipóxia ao nascer associada à prematuridade, a
síndrome de desconforto respiratório, enterocolite
necrotisante, retinopatia da prematuridade, infecção e
hipoglicemia. A longo prazo, as complicações que

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 211


SAÚDE DA MULHER

podem surgir incluem risco aumentado para resistência


à insulina, desordens cardiovasculares e problemas
psiquiátricos (BRASIL, 2012).
As causas de restrição do crescimento fetal são
divididas em dois grupos:
1- Fatores fetais intrínsecos que reduzem o crescimento
potencial: síndromes genéticas, cromossômicas e
infecções congênitas;
2- Transferência de nutrientes e oxigênio insuficiente
para o feto, como a pré-eclâmpsia, ou fatores maternos
de desnutrição grave, tabagismo e uso de drogas,
sendo que a pré-eclâmpsia está associada aos casos
mais graves (BRASIL, 2012).
Para o diagnóstico é preciso que a idade
gestacional seja estabelecida de forma correta, assim,
ao realizar uma ultrassonografia e estimar o peso fetal e
este estiver menor que o percentil 10, pode-se
diagnosticar a restrição de crescimento fetal (BRASIL,
2012).
Já a conduta para esses casos deve se basear
na reatividade da cardiotocografia (após 30 semanas),
bem como o controle do volume de líquido amniótico,
podem auxiliar na tomada de decisão, quanto ao melhor
momento para antecipação do parto (BRASIL, 2012).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 212


SAÚDE DA MULHER

Quanto mais acentuada a restrição de


crescimento do recém-nascido, maior atenção e tempo
de cuidados serão exigidos da equipe de saúde e do
técnico em enfermagem.

Macrossomia Fetal
O termo macrossomia fetal é utilizado para
designar recém-nascidos com peso igual ou superior a
4.000 gramas ou 4 kg, independentemente da idade
gestacional ao nascimento. Durante o pré-natal deve-se
suspeitar desse diagnóstico para os fetos, cujo peso
estimado seja igual ou maior que o percentil 90
(BRASIL, 2012). A ocorrência de macrossomia é mais
comum nas gestantes diabéticas que exibem
características anatômicas específicas como pode ser
observado na Figura 5 em que a gestante da direita
apresenta abdome claramente maior que a da
esquerda, esta de uma mulher com gestação normal.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 213


SAÚDE DA MULHER

Figura5.Diferençasna antropometria materna de gestação normal


e diabética, que aumenta significativamente o risco de
desenvolvimento de macrossomia.
Fonte: Montenegro e Rezende Filho, (2017, p. 738).

Os fetos com macrossomia têm maior


probabilidade de desenvolverem morbidades, devido às
lesões resultantes do parto e também por distúrbios
metabólicos neonatais. Para que o diagnóstico seja
realizado é preciso observar as medidas dos pais,
gestação prolongada, história obstétrica de feto
macrossômico, multiparidade, obesidade, ganho
ponderal excessivo e diabetes materno. Para a
confirmação diagnóstica deve-se considerar para a
medida da altura uterina, especialmente se essa estiver
acima do esperado para a idade gestacional, bem como

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 214


SAÚDE DA MULHER

realizar a ultrassonografia para estimar o tamanho do


feto (BRASIL, 2012).
Os frequentes casos de tocotraumatismos
(lesões decorrentes do parto) ocorrem em fetos com
macrossomia. Desta forma deve-se avaliar a
acomodação intrauterina e formato da pelve materna,
assegurando uma boa assistência no trabalho de parto.
Cabe salientar que os tocotraumatismos podem ocorrer
independentemente da via de parto. Nas distocias do
trabalho de parto podem ser necessários o uso de
ocitocina e fórceps, pois frequentemente ocorrem
distocia de ombro e fraturas (BRASIL, 2012).
Diante do exposto, faz-se necessário que a
continuidade do cuidado seja garantida, assegurando o
seguimento da mulher e da criança no pós-parto, de
modo que a puérpera tenha acompanhamento e o
recém-nascido, o acompanhamento do
desenvolvimento para que alcance todo seu potencial
intelectual, cognitivo e motor, em especial nos seus
primeiros vinte e quatro meses de vida (BRASIL, 2012).
Assim, na assistência de enfermagem a gestante
de risco, cabe ao técnico em enfermagem, exercer o
cuidado atento em consideração aos padrões de

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 215


SAÚDE DA MULHER

normalidade considerados no decorrer do pré-natal, a


fim de contribuir para o nascimento seguro e saudável.

Leituras recomendadas

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico.
5. ed. Brasília, 2012. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tec
nico_gestacao_alto_risco.pdf.>. Acesso em: 23 jul.
2017.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. Caderno de


atenção ao pré-natal alto risco. sd. Disponível em:
<http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/pdf5.pdf>.
Acesso em: 25 jul. 2017.

MONTENEGRO, C. A. B; REZENDE FILHO, J.


Obstetrícia fundamental. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

Sugestões de metodologias e recursos

- Aula expositiva e dialogada com auxílio do multimídia.

- Utilização dos cadernos de atenção ao pré-natal de


alto risco para manuseio e leitura.

- Utilização e exposição da carteirinha da gestante.

- Utilização de vídeos educativos sobre pré-natal de alto

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 216


SAÚDE DA MULHER

risco.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico.
5. ed. Brasília, 2012. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tec
nico_gestacao_alto_risco.pdf.>. Acesso em: 23 jul.
2017.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. Caderno de


atenção ao pré-natal alto risco. sd. Disponível em:
<http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/pdf5.pdf>.
Acesso em: 25 jul. 2017.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. Rede Mãe


Paranaense. Linha Guia. 2014. Disponível em:
<http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/ACS/linha_guia_ve
rsao_final.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2017.

SÃO PAULO. Secretaria da Saúde. Coordenadoria de


Planejamento em Saúde. Assessoria Técnica em Saúde
da Mulher. Atenção à gestante e à puérpera no SUS
– SP: manual técnico do pré-natal e puerpério. São
Paulo, 2010. Disponível em:
<http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/
destaques/atencao-a-gestante-e-a-puerpera-no-sus-
sp/manual-tecnico-do-pre-natal-e-

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 217


SAÚDE DA MULHER

puerperio/manual_tecnicoii.pdf>. Acesso em: 20 jul.


2017.

MONTENEGRO, C. A. B; REZENDE FILHO, J.


Obstetrícia fundamental. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 218


SAÚDE DA MULHER

PARTO1

Adriana Souza dos Santos


Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você


possa:
- Compreender os conceitos, sobre as relações,
pélvica e fetal;
- Compreender o processo do trabalho de parto e
parto e seus diversos mecanismos.
- Compreender os cuidados de enfermagem
durante o trabalho de parto, parto e pós parto
imediato.

O QUE É O PARTO

Parto significa nascimento do bebê pela via


vaginal. Segundo as Diretrizes nacionais de assistência

1Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 219


SAÚDE DA MULHER

ao parto normal, “[...] entende-se como parto normal ou


espontâneo aquele que não foi assistido por fórceps,
vácuo extrator ou cesariana [...]” (BRASIL, 2017, p. 10),
quando normalmente ao final da gestação o útero se
torna progressivamente mais excitável até que ocorram
contrações rítmicas tão fortes capazes de expelir o
bebê. Não se sabe a causa exata do aumento da
atividade uterina, porém, sabe-se que os principais
eventos que levam às contrações intensas são as
mudanças hormonais que aumentam a excitabilidade
da musculatura uterina e mudanças mecânicas
progressivas, como por exemplo, a simples distensão
dos órgãos de musculatura lisa ou a distensão do útero
causada pelos movimentos fetais (GUYTON; HALL,
2006).

PELVE, FETO, E RELAÇÕES FETO PÉLVICAS

Para entender como o parto ocorre, é necessário


conhecer o canal de parturição ou o trajeto que o bebê
percorre em seu nascimento, que se estende do útero
até a vulva. Esse trajeto é composto pelo trajeto duro e
trajeto mole (CARRARA; DUARTE, 1996).
O trajeto duro é composto pelos ossos ilíaco,
sacro e coccígeo (Figura 1). Esses ossos se unem em

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 220


SAÚDE DA MULHER

quatro articulações que, durante a gravidez sofrem


embebição gravídica, um fenômeno possibilitado pela
produção de hormônios da gravidez, como a
progesterona, que permite aos ossos da pelve
(principalmente o sacro), certo afrouxamento nos locais
de cartilagem/articulação, ampliando alguns poucos
centímetros no sentido antero posterior, o diâmetro da
pelve e, com isso favorecendo a movimentação e
descida do feto. O trajeto mole é composto pelo
segmento inferior do útero, pela cérvice, pela vagina e
pela região vulvoperineal (MONTENEGRO; REZENDE
FILHO, 2017).

Figura 1. Bacia/pelve vista de cima (A) e em corte sagital (B).


Fonte: Montenegro e Rezende Filho (2017, p. 259)

O feto se relaciona com o útero e o trajeto de


diferentes maneiras. A Situação é a relação do maior
eixo fetal com o maior eixo do organismo materno,
podendo ser longitudinal, transversal ou oblíqua. A

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 221


SAÚDE DA MULHER

Apresentação está relacionada com a parte do feto que


se situa no estreito superior (pelve materna), podendo
ser cefálica (a cabeça encaixada na pelve materna, ou
seja, a cabeça “nasce” primeiro), pélvica (a pelve nasce
primeiro) ou córmica (quando o corpo do bebê ocupa a
pelve materna). As variedades de situação e a
apresentação estão demostradas na Figura 2. A
apresentação normalmente é definida no penúltimo ou
no último mês gestacional (MONTENEGRO; REZENDE
FILHO, 2017).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 222


SAÚDE DA MULHER

Figura 2. Situação, apresentação e posição do feto. A. Situação


longitudinal, apresentação cefálica, de vértice. Occípito-esquerda-
anterior (OEA). B. Situação longitudinal, apresentação cefálica, de
vértice. Occípito-direitaanterior (ODA). C. Situação longitudinal,
apresentação cefálica, de vértice. Occípito-direita-posterior (ODP).
D. Situação longitudinal, apresentação cefálica, de fronte.
Nasodireita-anterior (NDA). E. Situação longitudinal, apresentação
pélvica completa (pelvipodálica). Sacro-direita-posterior (SDP). F.
Situação longitudinal, apresentação pélvica incompleta (modo de
nádegas). Sacro-direita-posterior (SDP). G. Situação oblíqua. H.
Situação transversa, apresentação córmica. Acromioesquerda-
posterior (AEP). I. Situação transversa, apresentação córmica.
Acromiodireita-anterior (ADA)
Fonte: Montenegro e Rezende Filho (2017, p. 254).

TRABALHO DE PARTO

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 223


SAÚDE DA MULHER

Existem três fases principais do trabalho de


parto: dilatação, expulsão fetal e a expulsão da
placenta(Período de Greemberg). A fase de dilatação
se inicia com as primeiras contrações, nem sempre
dolorosas que modificam o colo do útero, e termina
quando este está totalmente dilatado (Figura 3). O útero
gravídico apresenta contrações desde o início da
gestação, frequentemente não percebidas pela
gestante. A partir da 28ª – 30ª semanas, as contrações
são mais perceptíveis, no entanto, elas não provocam a
dilatação do colo uterino. São conhecidas como
contrações de Braxton-Hicks. Não se sabe ao certo o
que leva a mudança da ritmicidade das contrações,
porém, propôs-se uma teoria a fim de tentar explicar o
início do trabalho de parto. Essa teoria sugere que a
distensão do colo do útero pela cabeça do bebê torna-
se tão grande que provoca um forte reflexo que resulta
em aumento da contratilidade uterina. Isto empurra o
bebê para frente, o que resulta em mais distensão do
colo do útero e desencadeia novamente outro forte
reflexo, aumentando ainda mais a contratilidade uterina,
até que o bebê nasça (GUYTON; HALL, 2006).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 224


SAÚDE DA MULHER

Figura 3. Apagamento e dilatação do colo na primípara (1, 2, 3 e 4)


e na multípara (5, 6, 7 e 8).
Fonte: Montenegro; Rezende Filho (2017, p. 388)

A fase de Expulsão fetal(Figura 4)se inicia com a


dilatação total do colo do útero e termina com a saída
do bebê na vulva. As contrações uterinas começam
basicamente na região do fundo do útero e se espalham
em todo o corpo do útero e para baixo em direção ao
colo.

Figura 4.Expulsão fetal


Fonte: Montenegro; Rezende Filho (2017, p. 390)

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 225


SAÚDE DA MULHER

Portanto, cada contração uterina tende a forçar o


bebê para baixo, em direção ao colo do útero (Figuras 5
e 6). Além disso, neste período ocorre, juntamente com
as contrações uterinas, a contração do músculo
diafragma e da musculatura abdominal, comprimindo o
útero de cima para baixo. Sob o efeito das contrações,
agora mais fortes e mais frequentes, o bebê é
pressionado através do colo do útero dilatado,
alcançando a vagina e passando a distender a região
vulvoperineal. Ao comprimir as paredes vaginais, o reto
e a bexiga urinária, provocam o aparecimento de
contrações da musculatura abdominal, resultando nos
“puxos” (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Figura 5. Mecanismo da dilatação do colo no parto normal. Os


quatro úteros esquematizados correspondem a estágios
sucessivos que vão do início ao ápice da contração (A a D). O
pontilhado indica a zona contraída, e a densidade representa a
intensidade da contração. As setas externas mostram como a
tração longitudinal é exercida pelas partes em contração. As setas
na cabeça do feto representam a pressão exercida pela
apresentação, ou pela bolsa das águas, no segmento inferior e no

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 226


SAÚDE DA MULHER

colo. O segmento inferior, ainda relaxado, transmite mal ao colo a


tração exercida pelo corpo (A e B); somente após a onda contrátil
ter atingido o segmento (C e D) é que a tração se comunica
eficientemente com o colo.
Fonte: lvarez e Caldeyro Barcia, 1954 apud Montenegro e
Rezende Filho (2017, p.352)

Figura 6. Esquemas mostram a anatomia funcional do útero, a


posição e a altura do feto no pré-parto durante o período de
dilatação e de expulsão.
Fonte: Montenegro; Rezende Filho (2016, p. 353)

Desta forma, sob a ação das contrações e dos


puxos, o período expulsivo é mais eficiente. À medida
que a apresentação desce, a vulva se entreabre dilata-
se e permite a expulsão fetal (Figura 8)
(MONTENEGRO, REZENDE FILHO, 2017).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 227


SAÚDE DA MULHER

Figura 7. Mãos do profissional médico ou enfermeiro para a


recepção do bebê.
Fonte: Montenegro; Rezende Filho (2017, p. 410).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 228


SAÚDE DA MULHER

Figura 8. Assistência ao desprendimento dos ombros. Libertação


do ombro anterior (A) e do ombro posterior (B). As trações devem
ser delicadas para não traumatizar o nascituro. (Adaptada de.)
Fonte: Greenhill JP, 1960, apud Montenegro; Rezende Filho
(2017, p. 412).

A fase de dequitação ou desprendimento da


placenta (Figura 9) é caracterizada por contrações
indolores que duram cerca de 5 a 10 minutos, podendo
chegar a 30 minutos, resultando em
deslocamento/dequitação e expulsão placentária.
Conforme a superfície placentária que primeiro se
apresenta na vulva, denomina-se Baudelocque-
Schultze (superfície fetal) ou Duncan (superfície
materna) (MONTENEGRO, REZENDE FILHO, 2017).
Consequentemente quando está em Duncan o
sangramento provocado pela dequitação é
concomitante a expulsão. Quando em Baudelocque-
Schultze o sangramento é logo posterior a expulsão
placentária.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 229


SAÚDE DA MULHER

Figura 9. Mecanismo da dequitação segundo Baudelocque-


Schultze (duas primeiras) e de Duncan (duas ultimas)
Fonte: Montenegro Rezende Filho (2017, p. 415)

A retirada total da placenta acontece, portanto,


logo após o nascimento e deve ser acompanhada
cuidadosamente pelo profissional que está assistindo
ao parto. A Figura 10 mostra o cuidado com a expulsão
da placenta, para que nenhum resto placentário fique
aderido internamente ao trajeto mole. Caso ficar aderido
restos placentários, a puérpera possivelmente
desenvolverá um quadro de infecção pós parto.

Figura 10. Manobra de Jacob-Dublin para a recepção da placenta


já desprendida. Tração leve da placenta para descolar as
membranas, seguida de torção das páreas, o que as engrossa e
fortifica.
Fonte: Kerr e Moir, 1949 apud Montenegro; Rezende Filho (2017,
p. 420).

A última fase do trabalho de parto é chamada de


Greemberg, definida como a primeira hora decorrida

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 230


SAÚDE DA MULHER

após a expulsão da placenta. Este período é de


extrema importância, pois neste intervalo ocorre a
ativação de mecanismos de hemostasia para conter a
hemorragia que sucede a dequitação da placenta
(CARRARA; DUARTE, 1996).
Alguns procedimentos prejudiciais são realizados
indiscriminadamente de forma equivocada durante os
partos, porém, NÃO devem ser realizados de rotina, no
entanto alguns procedimentos devem ser incentivados e
realizados conforme as Diretrizes Nacionais de
Assistência ao Parto Normal (BRASIL, 2017) e as
Recomendações para o aumento do trabalho de parto
(OMS, 2015):
1. Tricotomia: é a raspagem dos pelos pubianos,
mas é considerada desnecessária (BRASIL,
2017).
2. Episiotomia (episio ou pique): corte no períneo
(região entre a vagina e o ânus) feito com a
intenção de facilitar a saída do bebê; atualmente
já se sabe que a episiotomia rotineira pode
causar mais danosdo que benefícios (Figura
11). As evidências demonstram que seu uso
rotineiro não reduz o risco de trauma perineal
severo (lacerações de 3º e 4ºgraus) e não

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 231


SAÚDE DA MULHER

previne lesões no polo cefálico e nem melhora os


escores de Apgar1. Além disso, promove maior
perda sanguínea e não reduz o risco de
incontinência urinária de esforço, dispareunia e
dor perineal após o parto. Outro aspecto
relevante é que a episiotomia é um dos únicos
procedimentos realizados quase sempre, sem
consentimento prévio da parturiente (BRASIL,
2017; MATTAR; AQUINO; MESQUITA, 2007).
3. Enema: é a lavagem intestinal. É incômoda e
constrangedora para muitas mulheres, seu uso
não traz benefícios para o trabalho de parto,
portanto, não deve ser feita (BRASIL, 2017;
OMS, 2015).
4. Jejum: proibição de ingerir líquidos ou alimentos
leves durante o trabalho de parto. O trabalho de
parto eleva o gasto energético da mulher que
pode ser maior quanto mais prolongado for. Por
isso é importante manter o aporte energético
suficiente para a garantia do bem-estar da mãe e
do bebê. Em uma gestante de risco habitual, com
pouca chance de precisar de anestesia geral, a

1 Esse escore será trabalhado no Capítulo Assistência Integral e


Humanizada de Enfermagem ao Recém-nascido.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 232


SAÚDE DA MULHER

ingestão de líquidos e alimentos leves deve


ser permitida (BRASIL, 2017; OMS, 2015).
5. Manobra de Kristeller: é um empurrão dado na
barriga da parturiente com o objetivo de provocar
a expulsão fetal. Esta prática pode ser
perigosa para o útero e o bebê, não havendo
evidências de sua utilidade (BRASIL, 2017).
Conforme Montenegro e Rezende Filho (2017, p.
411) essa manobra não deve ser realizada
(Figura 12).
6. Soro com ocitocina para acelerar o trabalho de
parto: a ocitocina é um hormônio produzido
naturalmente pelo corpo da mulher para ajudar
no trabalho do parto. É também conhecido como
hormônio do amor, importante para a ligação
entre mãe e bebê. O uso da ocitocina artificial
apenas para acelerar o parto, sem uma
indicação correta, não é adequado para a
saúde da mãe e do bebê, podendo trazer
riscos desnecessários (BRASIL, 2017; OMS,
2015).
7. Posição da mulher deitada de barriga para cima
durante o parto: é a posição mais desconfortável
para a mulher e prejudica o fluxo de sangue e

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 233


SAÚDE DA MULHER

oxigênio para o bebê, além de dificultar o


trabalho de parto, aumentando a intensidade da
dor durante as contrações e a duração do
trabalho de parto. As posições verticais, como
ficar em pé, de cócoras, de quatro apoios ou
deitada de lado facilitam o nascimento (BRASIL,
2017).
8. Revisão rotineira, exploração do útero ou
lavagem rotineira do útero após o parto: podem
causar infecção, traumatismo e choque. Deve-
se primeiramente examinar a placenta, para
verificar se há alguma anormalidade e só então,
caso necessário, ser realizado a revisão do útero
pelo médico ou enfermeiro obstétrico. Mais que
isso, a mulher deve ser observada
cuidadosamente na primeira hora após o parto,
para acompanhar a perda de sangue e a
contração uterina (BRASIL, 2017).
9. Alívio da dor: técnicas de relaxamento,
massagens, banhos (imersão), mobilidade
corporal devem ser incentivadas para
possibilitar a analgesia não farmacológica
durante o trabalho de parto e parto (BRASIL,
2017).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 234


SAÚDE DA MULHER

10. Acompanhantes: as parturientes não devem


ficar sem acompanhantes, eles possibilitam
maior segurança para a mulher durante o
período de nascimento (BRASIL, 2017).

Figura 11. Episiotomia (não mais indicada)


Fonte: Montenegro e Rezende Filho (2017).

Figura 12: Manobra de Kristeller (não recomendada)


Fonte: Montenegro e Rezende Filho (2017, p. 411).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 235


SAÚDE DA MULHER

Estudos demonstram que a Enfermagem tem


desempenhado um papel ativo no estabelecimento de
cuidados humanísticos a mulheres, auxiliando a
fisiologia do parto e instituindo tecnologias de cuidado e
conforto (PROGIANTI; MOUTA, 2009).
Existem tecnologias e práticas destinadas ao
cuidado corporal que estimulam a movimentação
corporal, como a própria deambulação, os exercícios
posturais, movimentos pélvicos e o agachamento,
podendo empregar recursos como a bola de bobat, a
cadeira de balanço obstétrica (cavalinho) e o banquinho
meia-lua, inclusive no mesmo ambiente do parto
(BRASIL, 2008) (Figura 14). Há tecnologias de cuidado
que utilizam princípios físicos da água e da gravidade,
como nos partos na água, vertical e de cócoras (Figura
15) (MONTENEGRO, REZENDE FILHO, 2017).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 236


SAÚDE DA MULHER

Figura 14. Posições de parto: sentada (A), cócoras sustentada (B),


de joelhos (C), na água (D), quatro apoios (E).
Fonte: Montenegro e Rezende Filho (2017, p. 410).

Figura 15. Banqueta de parto.


Fonte: Montenegro e Rezende Filho (2017, p. 411).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 237


SAÚDE DA MULHER

A posição vertical no parto tem sido considerada


benéfica devido às vantagens fisiológicas sobre a
posição supina, tais como os efeitos da gravidade; a
diminuição dos riscos de compressão da artéria aorta e
veia cava, melhorando os indicadores sanguíneos do
equilíbrio ácido-base nos recém-nascidos. Auxilia na
força e eficiência das contrações uterinas; na
acomodação do feto durante seu trajeto pela pélvis; e
na evidência radiológica de maiores diâmetros pélvicos
de saída, como o anteroposterior e transverso. Por
outro lado, deve ser garantida à mulher, a opção de
escolher a posição mais confortável no parto (GUPTA;
HOFMEYR, 2008).
Estudos consideram que as tecnologias de
cuidado de enfermagem estão baseadas no respeito à
individualidade e autonomia do sujeito a ser cuidado, no
acolhimento, na ambiência e na intersubjetividade na
relação da enfermagem com a mulher durante a
parturição, agregando princípios éticos, estéticos e
técnicos do cuidado (MOREIRA et al., 2009).

ATUAÇÃO DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM


DURANTE O PARTO

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 238


SAÚDE DA MULHER

A atuação dos profissionais durante o trabalho de


parto envolve diretamente a participação da
enfermagem realizando as seguintes atividades,
adaptadas a partir do texto de Gomes (2010):
1. Estabelecer uma relação de confiança com a
parturiente seus familiares.
2. Explicar todos os procedimentos que forem feitos
durante o trabalho de parto.
3. Informar a parturiente e seus familiares quanto a
progressão do trabalho de parto.
4. Fornecer e incentivar a ingesta de líquidos e
alimentos leves.
5. Monitorar os sinais vitais maternos: pressão
arterial, temperatura, pulso e respiração de
acordo com a rotina do setor.
6. Monitorar os batimentos cardiofetais (feito pelo
enfermeiro).
7. Exame clinico ginecológico (realizado pelo
enfermeiro)
8. Oferecer e incentivar o uso de métodos não
farmacológicos de alívio da dor de acordo com a
aceitação da parturiente: deambulação,
massagens, banho de aspersão/imersão,
movimentos facilitadores do trabalho de parto,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 239


SAÚDE DA MULHER

como os exercícios pélvicos de agachamento,


uso da bola de bobat para o balanceio pélvico e
do cavalinho e incentivar a respiração tranquila e
controlada.
9. Estimular a parturiente a uma atitude ativa com
movimentação e exercícios livres durante o
trabalho de parto, parto e nascimento,
favorecendo as posições verticais e o uso de
métodos não invasivos para alívio da dor.
10. Ajudar a parturiente sempre que necessário.
11. Estimular as técnicas de conforto como escalda
pés e musicoterapia.
12. Administrar medicações prescritas, caso
necessário.
13. Observar sinais e sintomas após a administração
das medicações.
14. Auxiliar na analgesia, quando indicado.
15. Incentivar o esvaziamento da bexiga.
16. Incentivar e orientar quanto a presença do
acompanhante.

Sugestões de metodologias e recursos

- Aula expositiva dialogada com auxílio de projetor


multimídia;
- Maquetes para visualização das estruturas anatômicas e

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 240


SAÚDE DA MULHER

suas funções durante o parto;


- Vídeos atualizados sobre o trabalho de parto.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência,


Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de
Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde.
Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal:
versão resumida. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

CARRARA, H. H. A; DUARTE, G. Semiologia


obstétrica. Medicina, Ribeirão Preto, v. 29, p. 88-103,
jan./mar. 1996.

GOMES, M. L. Enfermagem obstétrica: diretrizes


assistenciais. Centro de Estudos da Faculdade de
Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, RJ. 2010. 168p. Disponível em:
http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/137240/DLFE-
225904.pdf/1.0. Acesso em 10 set 2017.

GUPTA, J. K; HOFMEYR, G. J. Posición de la mujer


durante el período expulsivo del trabajo de parto
(Revisión Cochrane traducida). En: La Biblioteca
Cochrane Plus, 2008, Número 2. Oxford: Update
Software Ltd. Disponível em:
<http://www.uv.es/jjsanton/Parto/10Cochrane%20posici
onenelexpulsivo.pdf>. Acesso em: 6 set. 2017.

GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia


Médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 241


SAÚDE DA MULHER

MONTENEGRO, C. A. B.; REZENDE FILHO, J.


R.Rezende Obstetrícia. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

MOREIRA, K. A. P. et al. O significado do cuidado ao


parto na voz de quem cuida: uma perspectiva à luz da
humanização. Cogitare Enferm. Curitiba. v. 14, n. 4, p.
720-8, 2009.

MATTAR. R.; AQUINO, M. M. A.; MESQUITA, M. R. S.


A prática da episiotomia no Brasil. Rev Bras Ginecol
Obstetr. v.29, n. 1, p. 1-2, 2007.

OMS. Organização Mundial de Saúde.


Recomendações para o aumento do trabalho de
parto: destaques e principais mensagens das
recomendações globais de 2014 da Organização
Mundial da Saúde. Genebra, 2015. Disponível em:
<http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/174001/5/WHO
_RHR_15.05_por.pdf>. Acesso em: 6 set. 2017.

PROGIANTI, J. M.; MOUTA, R. J. O. A enfermeira


obstétrica: agente estratégico na implantação de
práticas do modelo humanizado em maternidades. Rev
Enferm UERJ. Rio de Janeiro. v. 17, n. 2, p. 165-9,
2009.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 242


SAÚDE DA MULHER

ASSISTÊNCIA INTEGRAL E HUMANIZADA DE


ENFERMAGEM AO RECÉM-NASCIDO1

Larissa Fungueto
Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você


possa:
- Conhecer a estruturação da equipe na sala de
parto e a função de cada membro;
- Assimilar as técnicas para recepcionar o recém-
nascido (RN) em ambiente de parto;
- Identificar e saber utilizar os materiais necessários
para a realização dos cuidados com o RN;
- Conhecer os cuidados de enfermagem e as
medidas de avaliação do RN;
- Entender e auxiliar na assistência necessária ao
RN em casos de emergência.

1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 243


SAÚDE DA MULHER

ASPECTOS GERAIS DOS NASCIMENTOS

Neste capítulo serão trabalhadas as ações de


saúde pertinentes ao recém-nascido no pós-parto,
contudo, deve-se dar início a este assunto, por meio de
dados referentes ao nascimento e mortalidade infantil
no Brasil e entender a necessidade de conhecer e
participar desta atenção em saúde. Dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatam
que a proporção de mortalidade infantil no Brasil é de
13,82 a cada mil nascidos vivos, a média mundial teve
uma queda de 53% no número de óbitos nos últimos 25
anos, chegando a uma redução de 73% até o ano de
2015, atingindo a meta da Organização das Nações
Unidas (ONU) através dos objetivos do milênio
(RONCHINI; FRANCHINI; SIVIERO, 2014; BRASIL,
2013).Salienta-se que a qualidade do cuidado ao
recém-nascido, reflete diretamente na redução da
mortalidade infantil nos primeiros momentos de vida,
período no qual, a criança está exponencialmente
vulnerável a qualquer situação ou afecção devido a sua
adaptação ao meio extra uterino.
A assistência ao feto é prestada à mulher desde
a descoberta de sua gravidez, mediante o
encaminhamento às unidades de atenção básica. A

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 244


SAÚDE DA MULHER

partir deste primeiro contato com o sistema, a mulher


deverá ser acompanhada em todo o seguimento da
gravidez, no trabalho de parto e parto, pós-parto e
puerpério, assim como, os cuidados com o recém-
nascido (RN) deverão ser prestados, logo após o
nascimento e a criança deverá ser acompanhada nas
consultas de puericultura, até os dois anos de idade.
Para garantir o cuidado integral e o
monitoramento da puérpera e do RN, precisa-se de um
ambiente adequado para a promoção da saúde e
prevenção de possíveis agravos. Para isso, as unidades
de saúde devem estar interligadas e, os profissionais
preparados para realizar a assistência de forma
integrada (BRASIL, 2011). Para as unidades
hospitalares que acompanham os nascimentos, existem
normas e diretrizes estabelecidas pelo Ministério da
Saúde e Secretaria de Atenção à Saúde que
estabelecem a assistência que deve ser prestada e,
quais profissionais fazem parte deste processo
(BRASIL, 2014a). A Portaria do Ministério da Saúde
n˚371 de 2014, estabelece no artigo 1º, parágrafo único,
que:

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 245


SAÚDE DA MULHER

O atendimento ao recém-nascido consiste na


assistência por profissional capacitado, médico
(preferencialmente pediatra ou neonatologista) ou
profissional de enfermagem (preferencialmente
enfermeiro obstetra ou neonatal), desde o período
imediatamente anterior ao parto, até que o RN seja
encaminhado ao Alojamento Conjunto com sua mãe, ou
à Unidade Neonatal (Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal, Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal
Convencional ou da Unidade de Cuidado Intermediário
Neonatal Canguru), ou ainda, no caso de nascimento
em quarto de pré-parto, parto e puerpério (PPP) seja
mantido junto à sua mãe, sob supervisão da própria
equipe profissional responsável pelo PPP (BRASIL,
2014a, p. 50).

Ainda referente à Portaria supracitada, algumas


medidas devem ser adotadas durante a cena do
nascimento. Ao RN a termo, com tônus muscular, ritmo
respiratório normal e ausência de líquido meconial,
deve ser assegurado, conforme o Art. 4˚, o contato pele
a pele com sua mãe, nos primeiros minutos de vida,
colocando-o em contato com o abdômen ou tórax da
puérpera e cobrindo com campo seco e aquecido para

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 246


SAÚDE DA MULHER

garantir a estabilidade de sua temperatura (BRASIL,


2014a).
Posteriormente, passados os cinco minutos de
vida extrauterina do RN deve-se clampear o cordão
umbilical, mediante a inexistência de pulsação, exceto
em situações específicas como contra indicações ou
necessidade de reanimação neonatal, e também exceto
em casos de mães HIV positivas e Rh negativas em
que o clampeamento deve ser imediato. Salienta-se a
importância de realizar o estímulo ao aleitamento
materno, nesse momento, ou pelo menos na primeira
hora de vida do RN. Segundo a Organização Mundial
de Saúde, a recomendação está relacionada a reduzir a
mortalidade neonatal, pois quanto maior for o primeiro
contato mãe e criança, logo após o nascimento, maior
será a interação entre eles, proporcionando menor risco
de hemorragia materna, pois a amamentação estimula
a liberação de ocitocina endógena e,
consequentemente a contração uterina e, no RN, menor
risco de infecção, hipoglicemia e anemia até o terceiro
mês de vida (WHO, 2011 apud BRASIL, 2014b; WHO,
2015 apud ALMEIDA; GUINSBURG, 2016; BRASIL,
2017).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 247


SAÚDE DA MULHER

Neste contexto, garantir os cuidados


preconizados pelo Ministério da Saúde ao RN nas
primeiras horas de vida, pode refletir na sua qualidade
de vida, desenvolvimento e até sobrevivência. Esses
cuidados são facilitados, quando, além de equipes
preparadas haja tecnologias suficientes para o
atendimento, o que contribui para a redução das taxas
de mortalidade. Além da oferta de cuidados adequados
e, consequentemente detecção de anormalidades em
tempo precoce, ter uma equipe envolvida com a
assistência ao recém-nascido no pós-parto se faz
essencial, para promover o contato e vínculo da mãe e
bebê, pois o que acontece, imediatamente após o parto
pode ajudar na construção do vínculo da família e bebê
(MULLER; ZAMPIERI, 2014; MARCIANO; AMARAL,
2015).
A equipe de enfermagem é a mais presente e
mais próxima de todos os momentos vivenciados por
uma puérpera, desde o pré-natal, trabalho de parto,
parto e puerpério, assim como na realização do
acompanhamento do RN, por isso, o comprometimento,
a responsabilidade e a necessidade de competências
técnico-científicas devem, ser critérios exigidos a todos
os técnicos e enfermeiros atuantes na cena de parto
(NASCIMENTO; SILVA, 2014).
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 248
SAÚDE DA MULHER

RECEPÇÃO DO RECÉM-NASCIDO NO AMBIENTE


DE PARTO

Para que o recém-nascido tenha uma boa


recepção logo após seu nascimento, primeiramente
deve-se disponibilizar e testar todos os materiais
necessários para a avaliação da condição real de saúde
que o mesmo se encontra. Estes materiais, listados no
Quadro 1 são necessários para a avaliação da condição
respiratória e cardíaca do RN, temperatura corporal,
administração de medicamentos de rotina e suportes
ventilatórios que podem ser utilizados em situações
emergenciais, além de medicamentos emergenciais
(ALMEIDA; GUINSBURG, 2016).

Quadro 1.Material necessário para assistência ao RN na


sala de parto.
Sala de parto e/ou de reanimação com temperatura ambiente
de 23-26C e:
- mesa de reanimação com acesso por 3 lados
- fontes de oxigênio umidificado e de ar comprimido, com
fluxômetro
- blender para mistura oxigênio/ar
- aspirador a vácuo com manômetro
- relógio de parede com ponteiro de segundos
Material para manutenção de temperatura
- fonte de calor radiante
- termômetro ambiente digital
- campo cirúrgico e compressas de algodão estéreis
- saco de polietileno de 30x50cm para prematuro

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 249


SAÚDE DA MULHER

- touca de lã ou algodão
- colchão térmico químico 25x40cm para prematuro <1000g
- termômetro clínico digital
Material para avaliação
- estetoscópio neonatal
- oxímetro de pulso com sensor neonatal
- monitor cardíaco de 3 vias com eletrodos
- bandagem elástica para fixar o sensor do oxímetro e os eletrodos
Material para aspiração
- sondas: traqueais No 6, 8 e 10 e gástricas curtas No 6 e 8
- dispositivo para aspiração de mecônio
- seringas de 10 mL
Material para ventilação
- reanimador manual neonatal (balão autoinflável com volume
máximo de 750 mL, reservatório de O2 e válvula de escape com
limite de 30
- 40 cmH 2O e/ou manômetro)
- ventilador mecânico manual neonatal em T com circuitos próprios
- máscaras redondas com coxim No 00, 0 e 1
- máscara laríngea para recém-nascido No 1
Material para intubação traqueal
- laringoscópio infantil com lâmina reta No 00, 0 e 1
- cânulas traqueais sem balonete, de diâmetro interno uniforme 2,5/
3,0/ 3,5 e 4,0 mm
- material para fixação da cânula: fita adesiva e algodão com SF
- pilhas e lâmpadas sobressalentes para laringoscópio
- detector colorimétrico de CO2 expirado

Quadro 1 – Continuação.
Medicações
- adrenalina 1/10.000 em 1 seringa de 5,0 mL para administração
única endotraqueal
- adrenalina 1/10.000 em seringa de 1,0 mL para administração
endovenosa
- expansor de volume (Soro Fisiológico) em 2 seringas de 20 mL
Material para cateterismo umbilical
- campo fenestrado esterilizado, cadarço de algodão e gaze
- pinça tipo kelly reta de 14cm e cabo de bisturi com lâmina No 21
- porta agulha de 11cm e fio agulhado mononylon 4.0
- cateter umbilical 3,5F, 5Fe 8F de PVC ou poliuretano
- torneira de 3 vias
Outros

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 250


SAÚDE DA MULHER

- luvas e óculos de proteção individual para os profissionais de


saúde
- gazes esterilizadas e álcool etílico
- cabo e lâmina de bisturi
- tesoura de ponta romba e clampeador de cordão umbilical
Fonte:Brasil (2014a); Almeida e Guinsburg (2016).

Após o RN ter recebido calor (lembrando que a


melhor fonte de calor é o corpo de sua mãe) ter sido
amamentado, e encontrar-se estável clinicamente,
alguns cuidados considerados de rotina são realizados
ainda na sala de parto, tais como descritos abaixo.
- O clampeamento e corte do cordão umbilical devem
ser realizados após a ausência de pulsação,
aguardando de 30 a 60 segundos pós-parto (THE
AMERICAN COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND
GYNECOLOGISTS, 2017), de 1 a 3 minutos (WHO,
2013; WHO, 2014), procedimento denominado
clampeamento tardio do cordão umbilical que será
realizado em todo o recém-nascido, exceto os que
necessitem de reanimação imediata; é recomendado
para evitar a anemia ao melhorar o aporte de ferro em
todos os recém nascidos e para diminuir a ocorrência
de hemorragia intraventricular, a enterocolite
necrozante, a sepse neonatal e a necessidade de
transfusões em prematuros (WHO, 2012, apud WHO,
2013). Para a secção do cordão, ele será clampeado a

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 251


SAÚDE DA MULHER

uma distância de 2 a 3 centímetros do anel umbilical.


Será envolvido com uma gaze embebida em álcool
etílico a 70% ou clorexidina alcoólica a 0,5% (KAMLIN
et al, 2006 apud Brasil, 2014b). Para o corte do cordão
umbilical, ele será seguro por duas pinças e seccionado
na porção que fica entre elas e ligado com um pequeno
anel de borracha que fará a compressão da sua
extremidade distal (MONTENEGRO; REZENDE FILHO,
2017). Para recém-nascidos de extremo baixo peso não
se utiliza nenhuma solução, apenas o soro fisiológico.
Deve atentar-se para a existência de duas artérias e
uma veia, uma vez que em anomalias congênitas, uma
das artérias pode estar ausente (BRASIL, 2014b). Há
ainda a opção da técnica do dry care que significa
manter o cordão umbilical limpo e seco, a qual é
utilizada em países desenvolvidos nos quais as
infecções pós-natais são praticamente inexistentes
(LUIS; COSTA; CASTELEIRO, 2014).
- Prevenção de oftalmia: devido o contato das mucosas
do RN com a mucosa vaginal materna, se faz uma
prevenção de oftalmias ocasionadas por bactérias
encontradas na flora vagina realizada, tanto em RN de
parto normal quanto cesáreo, na primeira hora de vida.
Esta prevenção pode ser realizada em até 4 horas após

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 252


SAÚDE DA MULHER

o nascimento, a partir da limpeza dos olhos do RN com


gaze seca ou umedecida com água, e a aplicação de
pomada de eritromicina 0,5% ou tetraciclina 1%. Utiliza-
se o nitrato de prata como segunda opção para a
profilaxia da oftalmia neonatal (BRASIL, 2017).
- Manutenção de via aérea permeável: deixar as vias
aéreas permeáveis é um dos objetivos de cuidados com
o RN na sala de parto, sendo responsabilidade da
equipe de enfermagem e de outros profissionais
envolvidos auxiliar na primeira amamentação da criança
e ajudar no posicionamento correto, para facilitar a
deglutição e drenagem das secreções. A aspiração é
realizada para evitar a broncoaspiração de líquido
amniótico ou muco. Através dela deve-se aspirar as
vias aéreas por 5 segundos, realizando uma pausa no
procedimento para que o RN se recupere e oxigene
sozinho. Para realizar este procedimento esteja atento a
sinais de sofrimento respiratório do recém-nascido, os
quais se apresentam por taquipneia, gemidos, cianose,
batimento de aletas nasais e tiragem intercostal que,
caso ocorram devem ser registradas e notificadas
(HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
- Exame físico: é realizado por médicos e enfermeiros
que fazem uma inspeção rápida do RN, verificando

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 253


SAÚDE DA MULHER

alterações e medidas, como peso, comprimento,


perímetros cefálico, torácico e abdominal. O exame
físico mais detalhado é realizado somente após 6 horas
do nascimento.
- Aplicação da vitamina K: visa prevenir a doença
hemorrágica do recém-nascido. A criança recebe uma
dose via intramuscularde 1 mg de vitamina K
(fitametadiona), podendo ser aplicado em região
ventroglutea ou terço médio da coxa como segunda
opção. Pode acontecer de os pais se recusarem a
permitir a aplicação da vitamina K via intramuscular,
casos em que se pode fazer a aplicação via oral, desde
que os pais estejam cientes de que haverá a
necessidade de aplicação múltipla de doses. Pela via
oral a dose é de 2mg ao nascimento e mais uma dose
de 2mg entre o quarto e sétimo dia. Além disso, para as
crianças que estiverem em aleitamento materno
exclusivo, uma dose adicional será administrada após
quatro a sete semanas em função de níveis variáveis e
baixos da vitamina K. (BRASIL, 2017). Essa medicação
pode ser feita pelo técnico em enfermagem. Deve-se
prepará-la somente no momento da administração, pois
esse medicamento é fotossensível, ou seja, perde sua
ação terapêutica com a exposição à luz.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 254


SAÚDE DA MULHER

- Administração de Vacina Contra Hepatite B: aplicada


no músculo vasto lateral, por possuir melhor resposta
imunológica do que a aplicação em região dorso glútea,
realizada uma dose logo após o nascimento. Esta
vacina é aplicada em todos os recém-nascidos, com o
intuito de reduzir a incidência de hepatite B e suas
consequências, como cirrose e câncer de fígado na vida
adulta (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
- Realização da sorologia para sífilis e HIV: deve-se
coletar sangue materno para determinar sorologia para
sífilis, e em casos de HIV, em que a gestante não tenha
realizado o exame no último trimestre de gravidez. A
profilaxia antirretroviral, quando o HIV for detectado
deve se iniciar ainda em intraparto sendo através da
administração de Zidovudina (AZT) intravenosa, a todas
as gestantes portadoras. Independentemente do tipo de
parto, esta administração deve ser realizada, desde o
início do trabalho de parto ou, em pelo menos três
horas antes da cesárea. Os medicamentos
antirretrovirais orais já utilizados pela gestante devem
ser ingeridos nos horários habituais e independente do
uso de AZT (BRASIL, 2007; BRASIL, 2014b).
Salienta-se a importância da coleta do sangue
fetal advindo da placenta, e evitar a punção diretamente

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 255


SAÚDE DA MULHER

no RN. Como a placenta é composta por vasos


sanguíneos maternos e fetais, para maior segurança de
se coletar a amostra de sangue fetal, sempre se deve
dar preferência aos vasos umbilicais, ou mais próximos
possíveis da região de inserção do cordão umbilical na
placenta, conforme Figura 1 a seguir.

Figura 1. Placenta face fetal


Fonte:Anatomia do corpo humano: Placenta humana. Disponível
em: <http://www.anatomiadocorpo.com/sistema-reprodutor-
genital/feminino/placenta/>. Acesso em: 2 set. 2017.

- Realizar a identificação do RN: por registro da


impressão plantar e digital, assim como a utilização de
uma pulseira (colocada no braço ou tornozelo) com o
nome da mãe, o registro hospitalar, a data e hora do
nascimento e o sexo do RN (BRASIL, 2014b).
- Segundo as Diretrizes do Parto Normal, não há
necessidade de realizar a aspiração orofaríngea e
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 256
SAÚDE DA MULHER

nasofaringea como padrão em todos os RN


considerados saudáveis, assim como não se
recomenda a passagem de sonda nasogástrica e retal
na investigação de atresias, pois muitas situações ainda
podem ser observadas no decorrer das 48 horas de
vida do RN, sem que haja necessidade de intervenções
invasivas nas primeiras horas do pós-parto (BRASIL,
2017).

AVALIAÇÃO CLÍNICA DO RECÉM-NASCIDO

Após o nascimento, a equipe envolvida com o


cuidado do recém-nascido identifica quatro sinais
importantes que indicam seele está com boa vitalidade.
Pelo primeiro verifica-se se a gestação é a termo (neste
caso antes do parto), se há ausência de mecônio no
nascimento, se o RN está respirando ou chorando e
com tônus muscular em flexão, independente do
aspecto do líquido amniótico, avalia-se que ele está
com boa vitalidade e deve continuar com a mãe, após o
clampeamento do cordão. Neste caso mantenha-o
aquecido, com vias aéreas pérvias e a vigilância
contínua de sua vitalidade (ALMEIDA; GUINSBURG,
2016).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 257


SAÚDE DA MULHER

A avaliação rápida do recém nascido é


realizada através do apgar que considera a frequência
cardíaca do RN, o esforço respiratório que este
apresenta ou a situação respiratória, se apresenta tônus
muscular, algum reflexo de irritabilidade e coloração
geral do corpo relacionada a ventilação. Entretanto, não
deve ser utilizada como suficiente, em uma primeira
avaliação, para se instituir reanimação do recém
nascido (BRASIL, 2014b).
O resultado da avaliação do Apgar,
demonstrado logo a seguir no Quadro 2, é referente as
respostas e adaptações extrauterinas, que o recém-
nascido consegue desenvolver nos primeiros minutos
após o nascimento. Este índice é a soma referente à
pontuação de cada item avaliado, no qual é identificada
a frequência cardíaca, sinais de esforço respiratório,
coloração da pele, tônus muscular e reflexos de
irritabilidade. Os valores de cada item variam de
pontuação, de 0, 1 ou 2, em que a avaliação é feita no
primeiro minuto de vida, com 5 minutos após o
nascimento e, caso necessário, avalia-se por mais
tempo. Salienta-se que é sempre importante para o RN,
obter 7 pontos ou mais, para justificar sua permanência
em alojamento conjunto. Caso seja avaliado com

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 258


SAÚDE DA MULHER

menos pontos indica-se, dependendo de sua


complexidade, monitorização constante em Unidade de
Cuidados Intermediários (UCI), ou Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).

Quadro 2: Índice de Apgar.

Fonte:(HOCKENBERRY; WILSON, 2014, p. 521).

A pontuação, referente a avaliação do Apgar,


indica o estado de saúde do RN em que:
- Total de 0 a 3 representa sofrimento grave;
- Total de 4 a 6 indica dificuldade moderada;
- Total de 7 a 10 indica que o RN não tem
dificuldade de adaptação à vida fora do útero
(HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
A avaliação da idade gestacional é importante
para a detecção do grau de vulnerabilidade do RN, e
para estabelecer prováveis diagnósticos precoces
relacionados ao estado de saúde da criança. É
verificada a partir da data da última menstruação, e/ou
estabelecida por aproximação, conforme o peso do RN,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 259


SAÚDE DA MULHER

verificado logo nas primeiras horas de vida. A avaliação


também pode ser feita, conforme escores
desenvolvidos para esse fim. O Ballard é um destes
escores e foi desenvolvido sob seis fatores pontuados
referentes a maturidade neuromuscular do RN, e outros
seis itens relacionados ao estado físico, sendo a soma
obtida, relacionada a idade gestacional, variando de 20
a 44 semanas (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Conforme comentado anteriormente, o peso
também é utilizado como aproximação para a
identificação da idade gestacional e, consequentemente
para verificação do estado de saúde do RN. Porém,
devido à perda de peso fisiológica, após o nascimento,
este valor isolado, é um indicador fraco de maturidade
fetal. A pesagem logo após o nascimento serve como
parâmetro para avaliação da perda de peso que
acontece nos primeiros dias de vida, podendo ser até
10% do total. Este fato, está relacionado a diminuição
de líquido extracelular e eliminação de mecônio, e
também a baixa ingesta de alimento até a sua
adaptação a amamentação.
Ainda quanto ao peso do RN, definem-se três
grupos, AIG – quando o peso é Apropriado para a Idade
Gestacional e o percentil fica entre 10˚ e 90˚, GIG –

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 260


SAÚDE DA MULHER

quando o peso está acima devido um crescimento


rápido em vida fetal e os recém-nascidos são Grandes
para a Idade Gestacional, o peso se encontra acima do
percentil 90˚ e PIG – recém-nascidos com atraso do
crescimento e são Pequenos para a Idade Gestacional,
ficando abaixo do percentil 10º(HOCKENBERRY;
WILSON, 2014).
Outras medidas gerais avaliadas no recém-
nascido são importantes quando registradas para
realizar o acompanhamento do crescimento geral, como
perímetro cefálico, perímetro torácico, abdominal e
comprimento. A média do perímetro cefálico (PC) de um
recém-nascido a termo deve estar entre 33 e 35,5 cm,
podendo variar do período imediato pós-parto até o
terceiro dia de vida, devido a compressão cefálica
fisiológica, durante o parto vaginal. A circunferência
torácica, não é realizada como avaliação rotineira em
recém-nascidos a termo saudáveis, mas mede entre
30,5 e 33 cm, sendo o PC geralmente 2 a 3 cm maior
que o perímetro torácico. A alteração das medidas,
quando comparadas entre esses dois perímetros pode
indicar malformações ou patologias que podem ser
identificadas nos primeiros dias de vida. Para a
circunferência abdominal se faz a medida da região

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 261


SAÚDE DA MULHER

acima do umbigo e quanto à estatura do RN se mede o


comprimento entre a cabeça e o calcanhar,
assegurando a extensão completa da perna para a
medição correta (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Os sinais vitais, também são importantes
durante o exame físico do RN, tanto para detecção do
seu bem-estar, quanto para a detecção de
anormalidades, como problemas cardíacos. A
temperatura normal da pele deve estar entre 36,5 e
37,6˚C, podendo variar de acordo com a região de
localização do termômetro, sendo a temperatura axilar
normalmente 0,2˚C menor que a retal, porém esta
verificação, não deve ser utilizada como rotina, devido
ao risco de lesão das mucosas, quando se utiliza o
termômetro de forma incorreta (HUSSINK; VAN
BERKEL; BEAUFORT, 2008 apud HOCKENBERRY;
WILSON, 2014).
Os batimentos cardíacos e a frequência
respiratória, dependem dos momentos de reação e
movimentos do recém-nascido, variando de 120 a 140
bpm e 30 a 60 rpm. Para a detecção da frequência
cardíaca, se utiliza um estetoscópio que é colocado em
região apical, para aferição dos batimentos, sendo as
artérias periféricas, como as femorais, palpadas para

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 262


SAÚDE DA MULHER

verificação da diferença de padrão dos batimentos,


intensidade e volume sanguíneo entre os membros
(HOCKENBERRY; WILSON, 2014).

ATENDIMENTO AO RECÉM-NASCIDO EM
SITUAÇÃO DE PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

A condição cardiopulmonar do recém-nascido


deve ser avaliada e monitorada por toda a equipe, que
irá dispor de um ambiente seguro e equipado, assim
como, realizar a assistência necessária, para
reestabelecer as condições para a manutenção da vida
do RN, caso seja necessário. Esta estratégia é
importante para diminuir a mortalidade infantil.
Conforme a Portaria n˚ 371 de 2014, Art. 5˚, todo o RN
pré-termo ou qualquer RN com respiração ausente ou
sinais de tônus diminuído e com presença de líquido
meconial, deve ser atendido conforme fluxograma do
Programa de Reanimação da Sociedade Brasileira de
Pediatria. Segundo o Art. 6˚ da mesma Portaria, a
instituição de saúde deve manter um profissional de
enfermagem capacitado em reanimação neonatal em
sala de parto e, pelo menos um médico na equipe
disponível durante 24 horas que seja treinado. Nessa
Portaria, a responsabilidade da recepção do RN deve

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 263


SAÚDE DA MULHER

ser preferencialmente do pediatra ou médico


neonatologista, ou ainda, enfermeiro neonatologista ou
obstetra. É importante salientar que o técnico em
enfermagem tem o papel de auxiliar no processo de
reanimação (BRASIL, 2014a).
Para a assistência ao RN com líquido amniótico
meconial, se a frequência cardíaca está maior que 100
bpm e se o tônus muscular está adequado e for um RN
a termo, ele deve permanecer com a mãe. Caso seja
um RN em presença de líquido meconial, pré termo
tardio ou pós termo que, ao nascimento, esteja com
tônus muscular flácido, com frequência cardíaca abaixo
de 100 batimentos por minuto, que não apresente
movimentos respiratórios regulares deve-se leva-lo a
reanimação. Nestes casos mantê-lo aquecido, deixar
pescoço em leve extensão e será prudente realizar a
aspiração da boca e narinas com sonda de aspiração
traqueal número 10 conectada ao aspirador a vácuo
com pressão máxima de 100 mmHg. Caso o quadro
seja estabilizado e, sempre que possível, o RN esteja
com respiração regular e frequência cardíaca acima de
100 batimentos por minuto, ele deverá permanecer com
a mãe em contato pele a pele, coberto, aquecido e
mantendo-se vigilância constante de suas funções vitais

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 264


SAÚDE DA MULHER

(tônus muscular, respiração/choro) (ALMEIDA;


GINSBURG, 2016).
Se o RN com presença de líquido amniótico
meconial apresentar apneia, respiração irregular e/ou
frequência cardíaca menor que 100 batimentos por
minuto será necessário iniciar ventilação sob pressão
positiva com máscara facial e ar ambiente nos primeiros
60 minutos de vida. A ventilação é o procedimento mais
importante no atendimento na sala de parto no
momento da reanimação (ALMEIDA; GINSBURG,
2016).
Se mesmo após os primeiros cuidados houver
persistência de sofrimento respiratório e evolução para
parada cardíaca, a massagem deve ser iniciada após
30 segundos de ventilação com o RN ainda
apresentando FC menor que 60 bpm. A compressão
cardíaca é realizada com o apoio dos dois polegares
sob o terço inferior do esterno ou utilizando dois dedos,
indicador e médio, conforme Figura 2. A técnica com
dois polegares é mais eficiente, pois possibilita uma
maior pressão sistólica e perfusão coronariana, desta
forma o restante da mão circunda o tórax da criança,
tomando a posição atrás do RN para deixar livre o
acesso ao cordão umbilical, caso seja necessário o

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 265


SAÚDE DA MULHER

cateterismo venoso, enquanto quem irá realizar a


ventilação se posiciona na lateral da criança
(CHRISTMAN et al, 2011 apud ALMEIDA; GINSBURG,
2016; WYCKOFF et al, 2015 apud ALMEIDA;
GINSBURG, 2016; KAPADIA; WYCKOFF; 2012 apud
ALMEIDA; GINSBURG, 2016). A compressão durante a
massagem cardíaca deve ser 1/3 da dimensão
anteroposterior do tórax do RN, de forma suave e
acompanhada da ventilação por pressão positiva
(MEYER et al, 2010 apud ALMEIDA; GINSBURG,
2016). A contagem é realizada de forma sincronizada,
sempre três movimentos de massagem cardíaca para
uma ventilação, totalizando uma frequência aproximada
de 120 eventos por minuto, sendo 90 compressões
torácicas para 30 ventilações (SOLEVÅG et al 2011
apud ALMEIDA; GUINSBURG, 2016; HEMWAY;
CHRISTMAN; PERLMAN apud ALMEIDA;
GUINSBURG, 2016).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 266


SAÚDE DA MULHER

Figura 2. Reanimação Cardiopulmonar em RN.


Fonte: Sociedade de Pediatria de Pernambuco (2016). Disponível
em: <http://novosite.sopepe.com.br/2016/10/04/curso-de-
reanimacao-neonatal/>. Acesso em: 15 jun. 2017.

Dentre as consequências de uma bradicardia


neonatal está a hipoxemia profunda, por isso deve-se
haver uma eficiente ventilação para corrigir tal
desaceleração dos batimentos, com isso considera-se
que, quando a frequência cardíaca estiver em 60 bpm
mesmo com ventilação com 100% de oxigênio e
massagem cardíaca acrescenta-se a administração de
adrenalina e ou também expansor de volume. Descarta-
se nestes, casos a utilização de bicarbonato de sódio,
atropina, albumina e vasopressores(KAPADIA;
WYCKOFF, 2013 apud ALMEIDA; GUINSBURG, 2016).
Para a administração de medicamentos nestas
emergências utiliza-se a via endovenosa, podendo ser
através da veia umbilical por ser de fácil e rápido

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 267


SAÚDE DA MULHER

acesso. A adrenalina é indicada para aumentar a


pressão de perfusão coronariana através da
vasoconstrição periférica. Pode-se utilizar administração
de uma única dose adrenalina via traqueal, sendo de
0,05 a 0,10 mg/kg. Não havendo melhora do quadro
utiliza-se por via endovenosa uma dose de 0,01 a 0,03
mg/kg. Não havendo reversão da bradicardia, assegurar
a realização de massagem e ventilação de forma
adequada e repetir a dose de adrenalina a cada 3 ou 5
minutos(KAPADIA; WYCKOFF, 2013 apud ALMEIDA;
GUINSBURG, 2016; BARBER; WYCKOFF, 2006 apud
ALMEIDA; GUINSBURG, 2016; WYCKOFF et al, 2015
apud ALMEIDA; GUINSBURG, 2016).
Outra medida é adotada quando não há resposta
à massagem cardíaca, ventilação e administração de
adrenalina, podendo suspeitar de choque hipovolêmico
por perda de sangue, apresentação de palidez corporal,
má perfusão e pulsos lentos do RN. Para isso utiliza-se
um expansor de volume, através da administração de
soro fisiológico com uma dose de 10 ml/kg, de forma
lenta, em 5 a 10 minutos, com repetição caso haja
necessidade (ALMEIDA; GUINSBURG, 2016).
O cuidado realizado na assistência à gestante,
puérpera e ao RN é pautado nas diretrizes das políticas

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 268


SAÚDE DA MULHER

públicas de saúde, em que, além de ser prestado de


forma humanizada, ainda atende aos princípios do
Sistema Único de Saúde, como a integralidade, de
forma que, ao utilizar as tecnologias, elas possam ser
adjuvantes para que a assistência aconteça de forma
adequada. Para que estes princípios e a humanização
estejam presentes nos cuidados obstétricos e
neonatais, atente-se a critérios importantes, como por
exemplo, a formação de uma equipe multiprofissional
que esteja preparada, qualificada e pautada em
métodos que contemplem a visão humanizada.
Ressalta-se o papel crucial da equipe e enfermagem
dentro deste ambiente, em que acolher a amparar a
mulher e RN seja o foco do trabalho, tendo enfermeiros
e técnicos como profissionais que devem trabalhar de
forma integrada, para desempenhar uma assistência
eficaz e segura conforme todas as necessidades
apresentadas pela mulher e pelo neonato (SILVA;
CHRISTOFFEL;SOUZA, 2005).

Leituras recomendadas

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC


36 de 4 de junho de 2008. Dispõe sobre regulamento
técnico para funcionamento dos serviços de atenção

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 269


SAÚDE DA MULHER

obstétrica e neonatal. Disponível em:


<http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2008/040608
_1_rdc36.pdf>. Acesso em: 3 jun. 2017.

Sugestões de metodologias e recursos

- Aula em laboratório com exposição de materiais utilizados


no cuidado com o RN.
- Vídeo aula disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=B0haD3CuC-M

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. F; GUINSBURG, R. Reanimação do


recém-nascido ≥34 semanas em sala de parto:
Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pediatria, 2016.
Disponível em:
<http://wwws.sbp.com.br//reanimacao/wp-
content/uploads/2016/01/diretrizessbpreanimacaornmai
or34semanas26jan2016.pdf>.Acesso em: 27 jun. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Plano operacional para


redução da transmissão vertical do HIV e sífilis
2007. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_oper
acional_WEB.pdf>. Acesso: 3 jun. 2017.

BRASIL. IBGE. Projeção da População do Brasil –


2013. Disponível em:
<http://brasilemsintese.ibge.gov.br/populacao/taxas-de-
mortalidade-infantil.html>. Acesso em: 27 jun. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n˚ 371, de 7 de


maio de 2014. Dispõe sobre: diretrizes para a
organização da atenção integral e humanizada ao
recém-nascido (RN) no Sistema Único de Saúde (SUS).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 270


SAÚDE DA MULHER

DOU. Nº 86, quinta-feira, 8 de maio de 2014, Brasília,


2014a. Disponível em:
<http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.js
p?jornal=1&pagina=50&data=08/05/2014>. Acesso em:
21 maio 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção à saúde do


recém-nascido: guia para profissionais da saúde. 2.
ed. Brasília, 2014b. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_sa
ude_recem_nascido_v1.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência,


Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de
Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde.
Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal:
versão resumida. Brasília, 2017. Disponível em:
<http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/ma
rco/08/Diretrizes-Parto-Normal-resumida-FINAL.pdf>.
Acesso em: 27 jun. 2017.

HOCKENBERRY, M.J; WILSON, D. Wong


Fundamentos de enfermagem pediátrica Wong:
enfermagem da criança e do adolescente. Elsevier, 9ª
ed. Rio de Janeiro, 2014.

HUSSINK MULLER, P. C; VAN BERKEL, L. H;


BEAUFORT, A. F. Axillary and rectal temperature
measurements poorly agree in newborn infants.
Neonatology.v. 94, n. 1, p. 31–34, 2008.

LUIS, S.; COSTA, G. A.; CASTELEIRO, C. Boas


Práticas nos Cuidados ao coto umbilical: um estudo
de revisão. Millenium, v. 47, p. 33‐46, jun./dez. 2014.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 271


SAÚDE DA MULHER

Disponível Em:
<http://www.ipv.pt/millenium/Millenium47/4.pdf>. Acesso
em: 27 jun. 2017.

MARCIANO, RP, AMARAL, W. N. O vínculo mãe-bebê


da gestação ao pós-parto: uma revisão sistemática de
artigos empíricos publicados na língua portuguesa.
FEMINA, v. 43, n. 4, p. 155-159, jul./ago. 2015.
Disponível em: <http://files.bvs.br/upload/S/0100-
7254/2015/v43n4/a5307.pdf>. Acesso em: 19 ago.
2017.

MONTENEGRO, C. A. B.; REZENDE FILHO, J.


Obstetrícia fundamental. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

MÜLLER, E. B; ZAMPIERI, M. F. M.Divergências em


relação aos cuidados com o recém-nascido no centro
obstétrico. Esc. Anna Nery.v.18, n. 2,2014. Disponível
em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=
S1414-81452014000200247>. Acesso em: 21 maio
2017.

NASCIMENTO, V. F; SILVA, R. C. R. Assistência de


enfermagem ao recém-nascido pré-termo frente às
possíveis intercorrências. Rev Enferm. n. 4, v. 2, p.
429-438, 2014.

ROCKENBERRY, M. J.; WILSON, D.


Wong.Fundamentos de enfermagem pediátrica.
Tradução da 9. ed. Adaptada à realidade brasileira. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2014.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 272


SAÚDE DA MULHER

RONCHINI, C. E; FRANCHINI, A. A; SIVIERO, P. C. L.


Mortalidade Infantil e na Infância no Brasil de 1990 a
2011: Acompanhamento dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODMs). Caderno de
Estudos Interdisciplinares.v. 1, n. 1, p. 57-66, 2014.
Disponível em:
<file:///C:/Users/darcy.rodrigues/Downloads/265-1269-1-
PB.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2017.

SILVA, L. R; CHRISTOFFEL, M. M;SOUZA, K.


V.História, conquistas e perspectivas no cuidado à
mulher e à criança.Texto contexto - enferm.v. 14, n. 4,
p. 585-593, 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/tce/v14n4/a16v14n4.pdf>.
Acesso em: 4 jun. 2017.

THE AMERICAN COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND


GYNECOLOGISTS.Committee Opinion.Delayed
Umbilical Cord Clamping After Birth.n. 684, jan.
2017. Disponível em: <https://www.acog.org/-
/media/Committee-Opinions/Committee-on-Obstetric-
Practice/co684.pdf?dmc=1&ts=20170831T2350360102
>. Acesso em: 4 jun. 2017.

WHO. Agência dos Estados Unidos para o


Desenvolvimento Internacional (USAID). Programa
Integrado de Saúde Materno-Infantil (MCHIP). O
clampeamento tardio do cordão umbilical reduz a
anemia infantil. 2013. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2114934/mod_
resource/content/1/Corte%20do%20cord%C3%A3o%20
e%20anemia%20WHO_RHR_14.19_por.pdf>. Acesso
em: 4 jun. 2017.

WHO.Guideline: delayed umbilical cord clamping for


improved maternal and infant health and nutrition
outcomes. Geneva: World Health Organization, 2014.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 273


SAÚDE DA MULHER

Disponível em:
<http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/148793/1/9789
241508209_eng.pdf>. Acesso em: 1 set. 2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 274


SAÚDE DA MULHER

CUIDADOS COM INCUBADORA E FOTOTERAPIA1

Angela Israel Graeff Borges


Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você possa:


- Entender e reconhecer os benefícios do uso da
incubadora para o tratamento e cuidados prestados
para recém-nascidos prematuros em uma unidade de
terapia intensiva neonatal;
- Conhecer os principais cuidados de enfermagem
prestados para recém nascidos que fazem uso de uma
incubadora;
- Conhecer e compreender como funciona o tratamento
fototerápico em bebês ictéricos e os principais cuidados
de enfermagem relacionados à fototerapia.

CUIDADOS COM A INCUBADORA

1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 275


SAÚDE DA MULHER

A termorregulação em adultos é atingida pela


atividade metabólica e muscular, como por exemplo, a
presença de tremores ao estarem expostos a uma baixa
temperatura. Durante toda a gestação, os mecanismos
maternos são responsáveis em manter a temperatura
intrauterina e, após o nascimento, os recém-nascidos
(RN) precisam adaptar-se a seu meio ambiente,
relativamente frio pela produção metabólica de calor,
mesmo não tendo a capacidade física de manter a
homeostase através de tremores e arrepios
(CLOHERTY; EICHENWALD; STARK, 2015).
Trata-se de uma função fisiológica relacionada à
transição e sobrevivência do RN. Os cuidados
relacionados ao controle e à manutenção da
temperatura corporal do RN são essenciais para sua
sobrevida, uma vez que essas crianças resfriam-se e se
superaquecem com facilidade, acompanhando as
alterações do ambiente térmico (ROLIM et al, 2010).
Neste sentido, quando nascidos prematuros, ou
seja, o recém-nascido que não atinge o termo da
gestação no período compreendido entre 38 a 42
semanas gestacionais, possuem uma imaturidade
fisiológica muito maior comparado aos RN a termo,
sendo observadas através da instabilidade respiratória,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 276


SAÚDE DA MULHER

circulatória e, inclusive, instabilidade termorreguladora.


Os problemas relacionados a termorregulação incluem:
razão mais alta da superfície cutânea para o peso;
gordura subcutânea diminuída, com menor capacidade
isolante; reservas menos desenvolvidas de gordura
marrom; incapacidade de receber calorias suficientes
para fornecer nutrientes à termogênese e ao
crescimento e, limitação do consumo de oxigênio em
alguns recém-nascidos prematuros (RNPT), em virtude
de problemas pulmonares (PEDRON; BONILHA, 2008;
CLOHERTY; EICHENWALD; STARK, 2015).
Deste modo, os cuidados relacionados ao
controle e manutenção da temperatura corporal dos
RNPT, são importantes para sua sobrevida, pois essas
crianças baixam e aumentam sua temperatura corporal
com facilidade. Cuidados inadequados juntamente com
suas condições anátomo fisiológicas, podem
desencadear episódios de hipotermia, definida como
temperatura nuclear abaixo de 35°C. Nessas condições
o RNPT tem o risco de fazer vasoconstricção periférica,
causando metabolismo anaeróbio, acidose metabólica
que podem produzir uma constrição de vasos
pulmonares, resultando na hipóxia (SCOCHI; GAÍVA;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 277


SAÚDE DA MULHER

SILVA, 2002; MACDONALD; SESHIA; MULLETT,


2007).
A monitorização e a manutenção da temperatura
corporal, mantendo um ambiente de temperatura e de
umidade estáveis, devem ser metas prioritárias dos
profissionais de enfermagem responsáveis pela
assistência ao RNPT. O cuidado deve-se iniciar desde o
nascimento, ainda na sala de parto, quando o RN é
colocado em contato pele a pele com sua mãe,
estendendo-se para todos os ambientes e etapas de
seu internamento (KIM et al, 2010; KNOBEL-DAIL,
2014). Diretrizes mais recentes sugerem uma
temperatura axilar de 36,5 ºC, e recomendações são
dadas para minimizar a perda de calor e promover a
estabilidade térmica para prematuros. Entre essas
diversas recomendações, destaca-se, principalmente a
utilização das incubadoras, as quais propiciam
eficazmente a manutenção da temperatura do RNPT e
são essenciais para prover um ambiente térmico neutro
(KNOBEL-DAIL, 2014; NAKA, FREIRE, SILVA, 2016).
Durante muito tempo, foram empregados
diversos recursos para manter a temperatura corporal
do prematuro, que consistiam na aplicação de
envoltórios de algodão e no uso de botijas quentes. No

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 278


SAÚDE DA MULHER

entanto, estes meios improvisados não eram totalmente


eficazes e podiam causar danos a integridade da pele
dos recém-nascidos, mas, mesmo assim, foram os
primeiros passos para o desenvolvimento das
incubadoras. As incubadoras têm sido utilizadas desde
1800, quando Tarnier propôs as primeiras incubadoras
fechadas. Com a evolução verificada no decorrer dos
anos, passaram a incluir sistemas de controle da
temperatura, circulação de ar e umidificação (SILVADO,
1903 apud OLIVEIRA, 2004; KNOBEL-DAIL, 2014;
NAKA; FREIRE; SILVA, 2016).
Além da característica principal da incubadora
neonatal, a qual é manter a temperatura do recém-
nascido pelo fornecimento de aquecimento e
umidificação, as incubadoras ainda permitem:
isolamento do recém-nascido a agentes contaminantes,
pela oferta de ar micro filtrado; completa visualização do
neonato através da cúpula transparente, completo
acesso ao recém-nascido, realizado pelas portas de
acesso e portinholas; administração de diferentes
concentrações de oxigênio; e controle da iluminação
ambiental (FANEM, 2009; COSTA, 2016).
A incubadora neonatal é um equipamento de
dispositivo que faz a filtração, aquecimento e

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 279


SAÚDE DA MULHER

umidificação do ar. Se caracteriza por ser uma câmara


fechada, de material transparente. As mais modernas
dispõe de dispositivos que garantem seu funcionamento
seguro, como: cúpula de acrílico de paredes duplas
rebatíveis e com trava de segurança; porta de acesso
frontal e posterior rebatíveis; oito passa tubos; cinco
portinholas ovais com punhos elásticos; porta tipo íris
na cabeceira; leito deslizante, radio transparente e com
trava de segurança; sistema de ajuste manual de
inclinação; gaveta para chassi radiográfico; base de
plástico; carrinho base, monitor lateral; bateria;
aquecedores elétricos, sensores de oxigênio,
temperatura e umidade; alarmes e etc., conforme pode
se observar nas figuras a seguir (Figura 1), (Figura 2)
(BRASIL, 2002; FANEM, 2009).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 280


Figura 1: Incubadora neonatal do tipo
moderna.
SAÚDE DA MULHER
Fonte:http://www.gettyimages.com/photos/incu
bator?excludenudity=true&family=creative&lice
nse=rf&page=1&phrase=incubator&sort=best&
alloweduse=availableforalluses#license. Getty
Imagens.

Figura 2: Incubadora neonatal do tipo


moderna.
Fonte:http://www.gettyimages.com/photos/incu
bator?excludenudity=true&family=creative&lice
nse=rf&page=1&phrase=incubator&sort=best&
Deste modo, ao entender os benefícios da
alloweduse=availableforalluses#license. Getty
incubadora
Imagens. para os RNPT, a equipe de enfermagem
deve manter alguns cuidados específicos para estes
RN. Logo que os RNPT são admitidos em uma UTIN,
eles são acomodados em uma incubadora. Os mesmos
são mantidos despidos, a fim de facilitar o acesso, a
monitorização e os cuidados. Entretanto, essa condição
compromete a homeostasia térmica, aumentando a
perda de calor do RN. Assim, logo que estável, o RN
prematuro deve ser vestido.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 281


SAÚDE DA MULHER

Outro cuidado importante a ser tomado pela


equipe de enfermagem é sempre abrir o mínimo
possível as portinholas da incubadora, pois na mesma,
o ar é aquecido pela circulação de ar quente em alta
velocidade, mantendo o ambiente estável e, a
temperatura interna da incubadora altera-se cada vez
que as portinholas são abertas (BRASIL, 2011a).
Como já mencionado, a temperatura do RNPT
deve ser avaliada com uma certa frequência e
preferencialmente de forma contínua. A temperatura
central pode ser obtida de forma intermitente por via
axilar (preferencialmente com termômetro digital) ou
contínua por meio de sensor abdominal da própria
incubadora e, a temperatura periférica pode ser aferida
nos membros, mais comumente nos pés, também com
o sensor da incubadora (BRASIL, 2011a).
Em relação ao controle de temperatura realizado
nas incubadoras, existem dois tipos diferentes de
sistemas: um se dá a partir do monitoramento da
temperatura do ar interno e o outro através do
monitoramento da temperatura cutânea do recém-
nascido.
O sistema de controle de temperatura cutânea,
também chamado de servocontrolado, mostra-se como

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 282


SAÚDE DA MULHER

um método efetivo para a oferta de temperatura


ambiental ao recém-nascido. Neste sistema, a
temperatura corporal desejada é pré-estabelecida pelo
operador da incubadora e a temperatura interna do
equipamento é ajustada automaticamente em resposta
aos sinais de um sensor, posicionado na pele do
abdome do recém-nascido. Assim, quando ocorre uma
queda da temperatura corporal para abaixo do
determinado, o dispositivo de aquecimento da
incubadora é disparado para elevar a temperatura do ar
e vice-versa (FANEM, 2009; COSTA, 2016).
Outros cuidados relacionados a RNPT em uso de
incubadora seriam:
1. A manutenção da integridade da pele, devido a
fragilidade da pele dessas criança se o risco
aumentado de lesões e, consequentemente de
infecções;
2. Cuidado na assistência ventilatória. A Adequada
umidificação e aquecimento da mistura gasosa
(de 35 a 38°C) são necessários para reduzir a
perda evaporativa de calor por meio do trato
respiratório de RN prematuros sob ventilação
mecânica;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 283


SAÚDE DA MULHER

3. Realizar preaquecimento dos fluidos para infusão


intravenosa, especialmente se o volume for
grande, como no caso da exsanguineotransfusão
e na expansão com soro fisiológico;
4. Realizar cuidados com fototerapia. A
preocupação com a fototerapia relaciona-se ao
risco de aquecimento excessivo e aumento da
perda transepidérmica de água. Os aparelhos de
fototerapia modernos produzem pouco calor,
mas mesmo assim pode ser necessário reduzir a
temperatura da incubadora para evitar aumento
da temperatura corporal do RNPT;
5. A utilização de gorros é útil para reduzir a perda
de calor pela cabeça;
6. Ao transportar o RNPT, a incubadora deve ser
aquecida e os procedimentos devem ser
realizados em berço de calor radiante (BRASIL,
2011a).
Além disso, é importante que o profissional de
enfermagem saiba reconhecer o momento mais
apropriado para a transferência do RNPT da incubadora
para o berço comum, sem risco de aumentar o gasto
energético para manter a temperatura, o que
compromete a evolução ponderal e retarda a alta

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 284


SAÚDE DA MULHER

hospitalar. Não há critérios estabelecidos para essa


transição, que geralmente ocorre com base na
experiência da equipe. Tem sido adotado, em alguns
serviços, o critério arbitrário do peso em torno de
1.700g. Entretanto, não há evidência de que esse peso
seja o ideal, e deve-se considerar que a estabilidade
térmica do RNPT depende de vários fatores: grau de
prematuridade, idade pós-natal, peso de nascimento e
sua adequação para a idade gestacional. É importante
que esse procedimento seja feito de forma gradual, o
que inclui vestir a criança, colocar gorro e reduzir
progressivamente a temperatura da incubadora. Se o
RNPT mantiver estabilidade térmica, poderá ser
colocado em berço comum (BRASIL, 2011a).

CUIDADOS COM A FOTOTERAPIA

A icterícia neonatal é uma das alterações mais


frequentes tanto em recém-nascidos (RN), a termo
quanto em recém-nascidos prematuros (RNPT).
Segundo pesquisas, 60 a 70% dos RN e 80 a 90%
RNPT desenvolvem a icterícia, a qual é a manifestação
clínica mais evidente da hiperbilirrubinemia no plasma.
Pode ser notada quando os níveis séricos de bilirrubina
total encontram-se acima de 5-7mg/dl, manifestando-se

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 285


SAÚDE DA MULHER

entre 48 a 72 horas após o nascimento e também


através da coloração e tonalidade da pele e mucosas
do RN, a qual caracteriza-se de aspecto amarelado de
tonalidade variável, como pode ser observado na figura
abaixo (Figura 3) (WATSON, 2009; ENK et al, 2009).

Figura 3: Icterícia no recém-nascido.


Fonte:https://brasil.babycenter.com/a1500157/ict
er%C3%ADcia-no-rec%C3%A9m-nascido.
Imagem da Internet.

O diagnóstico e tratamento precoce da


hiperbilirrubinemia neonatal é importante na prevenção
de sua principal complicação o Kernicterus, uma
síndrome neurológica causada devido a deposição de
bilirrubina nas células cerebrais que surge quando os
níveis de bilirrubina são maiores que 25mg/dl, com
evidência de lesão neuronal e sequelas motoras graves

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 286


SAÚDE DA MULHER

(WATSON, 2009; GOMES; TEIXEIRA; BARICHELLO,


2010).
Os tipos de icterícia neonatal são classificados
como icterícia fisiológica, icterícia patológica, icterícia
associada à amamentação (IAA) e a icterícia do leite
materno (ILM) (GOMES; TEIXEIRA; BARICHELLO,
2010).
Algumas situações favorecem o surgimento da
icterícia no período neonatal por gerarem um aumento
da circulação entero-hepática, como por exemplo, jejum
prolongado, retardo na eliminação de mecônio e
processos obstrutivos intestinais. Outros fatores
também são considerados de risco para
desenvolvimento da icterícia neonatal, como o peso do
RN, a idade gestacional e o sexo do RN (MAISELS et
al, 1994 apud ENK et al, 2009).
As formas de tratamento da icterícia incluem
fototerapia, a exsanguineotransfusão (EXT), e a
utilização de drogas capazes de acelerar o metabolismo
e a excreção da bilirrubina, tais como a metaloporfirinas
inibidoras da heme-oxigenase, fenobarbital e
imunoglobulina endovenosa. A escolha do tratamento
dependerá do nível sérico da bilirrubina, presença de
incompatibilidade sanguínea, peso, idade cronológica,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 287


SAÚDE DA MULHER

comorbidades associadas, tipo de icterícia, idade


gestacional e outros (MOREIRA; LOPES; CARVALHO,
2004; GOMES; TEIXEIRA; BARICHELLO, 2010).
A fototerapia é, sem dúvida, o tratamento mais
utilizado mundialmente para o tratamento da
hiperbilirrubinemia neonatal, principalmente por ser um
método não invasivo e de alto impacto na diminuição
dos níveis de bilirrubinas plasmáticas, não havendo
restrições quanto a maturidade do RN, da presença ou
não da hemólise ou do grau da pigmentação cutânea
(VIEIRA et al, 2004; COLVERO, COLVERO, FIORI,
2005). Há muitas décadas, os nativos americanos já
notaram que a luz solar diminuía a intensidade da
coloração amarelada encontrada na pele de alguns
recém-nascidos, porém a utilização da fototerapia como
tratamento da hiperbilirrubinemia foi proposta pela
primeira vez em 1958 por Cremer. Desde então,
diversos progressos e novas técnicas de fototerapia
foram propostas (COLVERO, COLVERO, FIORI, 2005).
A efetividade do tratamento depende da escolha
correta do tipo de fototerapia, o comprimento da onda
de luz e sua intensidade, a área de superfície corporal
exposta, a distância em relação à pele do RN e a
concentração inicial da bilirrubina (BUENO, SACAI,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 288


SAÚDE DA MULHER

TOMA, 2003). O tratamento fototerápico consiste na


exposição do RN à fonte de luz durante horas ou dias.
São submetidos à luz que sai de sete lâmpadas
fluorescentes ou de 14 lâmpadas, metade colocada
acima e metade embaixo do bebê, no caso de
aparelhos de fototerapia dupla (OLIVEIRA et al, 2011).

CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Os cuidados de enfermagem se baseiam em:


1. Realizar proteção ocular do RN, com cobertura
radiopaca, antes do início da fototerapia (Figura
4), pois o contato constante com os raios da
fototerapia pode causar o ressecamento da
córnea e, o estímulo luminoso constante na
região ocular pode favorecer o descolamento da
retina, em virtude da vascularização deste
componente ainda ser imatura ao nascimento
(RAMOS, 2002).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 289


SAÚDE DA MULHER

Figura 4. Recém-nascido em uso de proteção


ocular.
2. Fonte:http://www.gettyimages.com/photos/-
jaundice?excludenudity=true&family=creative&licen
se=rf&page=1&phrase=%20jaundice&sort=best&all
oweduse=availableforalluses#license. Getty
Imagens.

3. Avaliar os olhos do recém-nascido no momento


da retirada dos protetores, os quais devem ser
removidos durante a amamentação e higiene,
buscando pela presença de secreção e
comunicar o enfermeiro e ao médico se houver
alterações (RAMOS, 2002; SILVA, 2008).
4. Observar a distância que o aparelho de
fototerapia deve ficar da superfície da pele do RN
5. Verificar se o RN está todo despido para que a
área de exposição a luz seja a maior possível
6. Desligar a fototerapia durante a coleta de
amostra sanguínea, para os exames que são

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 290


SAÚDE DA MULHER

diários, pois as luzes causam a hemólise,


alterando o resultado do exame.
7. Aferir a irradiância do aparelho, a fim de
assegurar a eficácia da fototerapia, de forma que
garanta que o RN receba a dose mínima para o
seu tratamento. Pode ser realizada de forma
satisfatória através dos radiômetros/fotômetros
para fototerapia, equipamentos relativamente
baratos e eficientes, desde que perfeitamente
compreendidas suas limitações. Todas as
medidas de irradiância devem ser efetuadas em
quarto escuro, sem luz ambiente (FACCHINI,
2001; VIEIRA, 2004).
8. Orientar os pais e esclarecer suas dúvidas a
respeito do tratamento da fototerapia. Esta
orientação é indispensável para o tratamento da
fototerapia ser eficaz, pois os profissionais de
saúde conseguem reduzir os medos e também a
resistência ao tratamento ou a adaptação parcial
da conduta (CAMPOS, MOREIRA, 2006).
9. Realizar controle da temperatura corpórea
a cada duas horas, principalmente na
região axilar, devendo a prática ser
realizada com a criança fora da exposição

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 291


SAÚDE DA MULHER

do aparelho de fototerapia, ou seja, com


este desligado para evitar equívocos. A
permanência do recém-nascido sob os
feixes de luzes por períodos prolongados
associado a imaturidade do seu sistema
tegumentar podem favorecer a hipertermia
(RAMOS, 2002).
10. Aferir o peso diariamente e manter sob
vigilância a oferta hídrica, pois a
fototerapia com lâmpada fluorescente ou
halógena pode provocar elevação da
temperatura, com consequente aumento
do consumo de oxigênio, da frequência
respiratória e do fluxo sanguíneo na pele,
culminando em maior perda insensível de
água (BRASIL, 2013).
11. Proteger soluções parenterais e o equipo com
papel alumínio ou usar extensores impermeáveis
à luz, pois “a exposição de soluções de
aminoácidos ou multivitamínicas ao comprimento
de luz azul reduz a quantidade de triptofano,
metionina e histidina. Adicionalmente, a solução
de lipídeos é altamente susceptível à oxidação
quando exposta à luz, originando hidroperóxidos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 292


SAÚDE DA MULHER

de triglicérides citotóxicos” (BRASIL, 2013, p.


70).
12. Realizar os cuidados com o coto umbilical: lavar
a pele, secar e mantê-la seca; atentar-se para a
rotina da instituição quanto ao uso de produtos
antissépticos tais como álcool a 70% (BRASIL,
2011b) ou a clorohexidina aquosa; não cobrir o
coto com gaze ou faixas abdominais.

As informações disponíveis neste capítulo te


ajudarão a prestar assistência, quando de sua atuação
nas unidades de terapia intensiva neonatal, baseando o
seu cuidado em conhecimentos cientificamente
sustentados que ajudarão a qualificar a assistência aos
RNPT e aqueles RN que venham a desenvolver a
icterícia neonatal que, como visto afeta uma parcela
considerável de todos os RN.

Leituras recomendadas

FREITAS, C. M. A. et al.Cuidados de enfermagem ao


recém-nascido em fototerapia. Congresso Brasileiro de
Enfermagem Neonatal. Anais. Fortaleza, Ceará, 2012.
Disponível em:
<http://www.abenfoce.org.br/sites/default/files/CUIDAD
OS%20DE%20ENFERMAGEM%20AO%20REC%C3%
89M-NASCIDO%20EM%20FOTOTERAPIA.pdf>.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 293


SAÚDE DA MULHER

Acesso em: 6 nov. 2017.

SANTOS, I. M. M.; RODRIGUES, V. A. A


(des)informação das mães sobre a fototerapia uma
contribuição para a enfermagem. Rev. Soc. Bras.
Enferm. Ped. v. 7, n. 1, p. 25-32, 2007.
<http://sobep.org.br/revista/images/stories/pdf-
revista/vol7-n1/v.7_n.1-art3.pesq-a-desinformacao-das-
maes-sobre-a-fototerapia.pdf>. Acesso em: 6 nov.
2017.

Sugestões de metodologias e recursos

- Exposição dialogada sobre a icterícia neonatal;

- Demonstração de imagens com auxílio de projetor


multimídia;

- Aula de laboratório para o treino da preparação do


ambiente, equipamentos, do RN e familiares para o
recebimento da fototerapia;

- Dramatização de uma situação problema em que o


Técnico em Enfermagem precisa auxiliar no
esclarecimento das dúvidas da mãe e familiares quanto
ao procedimento de fototerapia;

- Simulação em laboratório das complicações do


procedimento incorreto de fototerapia pela equipe de
saúde.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde Secretaria de Gestão de


Investimentos em Saúde. Projeto REFORSUS.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 294


SAÚDE DA MULHER

Equipamentos Médico-Hospitalares e o
Gerenciamento da Manutenção: capacitação a
distância. Brasília: Ministério da Saúde, p. 379, 2002.
Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/equipament
os_gerenciamento1.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Ações Programáticas e
Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido:
guia para os profissionais de saúde. Cuidados com o
recém-nascido pré-termo. Brasília: Ministério da Saúde,
2011a.v. 4. Disponível em:
<http://www.redeblh.fiocruz.br/media/arn_v4.pdf>.
Acesso em: 16 jun. 2017.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Ações Programáticas e
Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido:
guia para os profissionais de saúde. Cuidados gerais.
Brasília: Ministério da Saúde, 2011b. Disponível em:
<http://dms.ufpel.edu.br/ares/bitstream/handle/1234567
89/212/15 2011 atenção ao recém nascido ministério da
saúde.pdf?sequence=1>. Acesso em: 9 nov. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Ações Programáticas e
Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido:
guia para os profissionais de saúde. Intervenções
comuns, icterícias e infecções. 2. ed.Brasília: Ministério
da Saúde, 2013. v. 2. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_sa
ude_recem_nascido_profissionais_v2.pdf>. Acesso em:
9 nov. 2017.

BUENO, M.; SACAI, S.; TOMA, E. Hiperbilirrubinemia


neonatal: propostas de intervenções de enfermagem. Acta

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 295


SAÚDE DA MULHER

Paul Enf. v. 16, n. 2, p. 75-83, 2003. Disponível em:


<http://pesquisa.bvsalud.org/ses/resource/pt/lil-458126 >.
Acesso em: 27 jun. 2017.

CAMPOS, A. C.; MOREIRA, M. V. L. C. Enfermagem e


o cuidado humanístico: proposta de intervenção para a
mãe do neonato sob fototerapia. Ciencia e
Enfermagem. v. 12, n. 1, p. 73-81, 2006. Disponível
em: <http://www.scielo.cl/pdf/cienf/v12n1/art08.pdf>.
Acesso em: 27 jun. 2017.

CLOHERTY, J.P.; EICHENWALD, E.C.; STARK, A.R.


Manual de neonatologia.7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2015.

COLVERO, A.P.; COLVERO, M.B.; FIORI, R.M.


Fototerapia. Scientia Medica. Porto Alegre. v. 15, n. 2,
p. 90-96, 2005. Disponível em:
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/scienti
amedica/article/viewFile/1550/7974>. Acesso em: 27
jun. 2017.

COSTA, C.C. Avaliação de incubadoras neonatais e


práticas de manuseio pela equipe de enfermagem.
2016. 117 f. Dissertação de Mestrado. Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, faculdade de
medicina, Botucatu, SP, 2016.

ENK, I. et al. Icterícia como causa de internação


neonatal: a experiência em um serviço terciário de Porto
Alegre, RS. Revista da AMRIGS. v. 53, n. 4, p. 361-
367, 2009. Disponível em: <
http://www.amrigs.com.br/revista/53-04/09-
448_icter%C3%ADsia_como_causa.pdf>. Acesso em
27 Jun. 2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 296


SAÚDE DA MULHER

FACCHINI, F. P, et al. Proposta de padronização para


aferição de equipamentos de fototerapia. Jornal de
Pediatria. Rio de Janeiro. v. 77, n. 2, 2001. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/jped/v77n2/v77n2a04>.
Acesso em: 27 jun. 2017.

FANEM. Manual do Usuário. Incubadora para recém-


nascidos modelo vision® 2186. São Paulo, p. 71,
2009. Disponível em:
<http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/REL/REL[125
95-3-2].PDF>. Acesso em: 15 jun. 2017.

GOMES, N. S.; TEIXEIRA, J. B. A.; BARICHELLO, E.


Cuidados ao recém nascido em fototerapia: o
conhecimento da equipe de enfermagem. Rev. Eletr.
Enf. v. 12, n. 2, p. 342-347, 2010. Disponível em:
<https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v12/n2/v12n2a18.ht
m>. Acesso em: 27 jun. 2017.

KIM, S.M.; LEE, E.Y.; CHEN, J.; RINGER, S.A.


Improved care and growth outcomes by using hybrid
humidified incubators in very preterm infants.
Pediatrics. v. 125, n. 1, p. 137-145, 2010. Disponível
em:
<http://pediatrics.aappublications.org/content/125/1/e13
7>. Acesso em: 18 jun. 2017.

KNOBEL-DAIL, R.B. Role of effective thermoregulation


in premature neonates.Research and Reports in
Neonatology.v. 2014, n. 4, p. 147-156, 2014.
Disponível em: <file:///F:/livro/RRN-52377-the-role-of-
effective-thermoregulation-in-premature-
neonates_090914.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2017.

MACDONALD, M.G.; MULLETT, M.D.; SESHIA, M.M.K.


Neonatologia: fisiopatologia e cuidado do recém-

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 297


SAÚDE DA MULHER

nascido. 6º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,


2007.

MOREIRA, M. E. L.; LOPES, J. M. A.; CARALHO, M. O


recém-nascido de alto risco: teoria e prática do cuidar.
Editora FIOCRUZ. Rio de Janeiro. p. 564, 2004.
Disponível em:
<http://static.scielo.org/scielobooks/wcgvd/pdf/moreira-
9788575412374.pdf>. Acesso em: 26 Jun. 2017.

NAKA, S. H.; FREIRE, M. H.; SILVA, R. P.


Repercussões do uso de incubadoras umidificadas na
regulação térmica do prematuro: uma revisão
integrativa. Revista Baiana de Enfermagem. Salvador,
v. 30, n. 1, p. 382-393, jan./mar. 2016. Disponível em:
<https://portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem/article
/view/15234 >. Acesso em: 17 jun. 2017.

OLIVEIRA, C. S. et al. Fototerapia, cuidados e atuação


de enfermagem. UNICiências. v. 15, n. 1, p. 141-152,
2011. Disponível em:
<http://www.pgsskroton.com.br/seer/index.php/unicienci
as/article/view/607>. Acesso em: 27 jun. 2017.

OLIVEIRA, I.C.S. O advento das incubadoras e os


cuidados de enfermagem aos prematuros na primeira
metade do século XX. Texto Contexto Enferm. v. 13,
n. 3, p. 459-466, jul./set. 2004. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/tce/v13n3/a17v13n03.pdf >.
Acesso em: 17 jun. 2017.

PEDRON, C. D.; BONILHA, A. L. L. Práticas de


atendimento ao neonato na implantação de uma
unidade neonatal em hospital universitário. Rev.
Gaúcha Enfer.v. 29, n. 4, p. 612-618, 2008. Disponível
em:

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 298


SAÚDE DA MULHER

<http://seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/artic
le/view/7633>. Acesso em: 16 jun. 2017.

RAMOS, J. L. A. Icterícia do recém-nascido: Aspectos


Atuais. Rev. Fac. Ciênc. Méd.Sorocaba, SP, v. 4, n. 1-
2, p. 17 -30, 2002. Disponível em:
<http://utineonatal.med.br/novo_site/pdf/pdf_arquivos/ict
ericia_neonatal/Art1_ictericia_neonatal.pdf>. Acesso
em: 28 jun. 2017.

ROLIM, K. M. C. et al. Cuidado quanto à


termorregulação do recém-nascido prematuro: o olhar
da enfermeira. Rev. Rene. Fortaleza.v. 11, n. 2, p. 44-
52, 2010. Disponível em:
<http://www.revistarene.ufc.br/vol11n2_pdf/a05v11n2.p
df >. Acesso em: 15 jun. 2017.

SCOCHI, C. G. S.; GAÍVA, M. A. M.; SILVA, M. H. A.


Termorregulação: assistência hospitalar ao recém-
nascido pré-termo. Acta Paul Enferm. São Paulo, v.
15, n. 1, p. 72-78, 2002. Disponível em:
<http://www2.unifesp.br/acta/index.php?volume=15&ite
m=res9.htm#>. Acesso em: 16 jun. 2017.

SILVA, L. et al. Desenvolvimento de um protetor de olho


para fototerapia em recém-nascidos: uma tecnologia.
Rev. Latino-Am. Enfermagem. Ribeirão Preto, v. 16, n.
1, 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rlae/v16n1/pt_07.pdf>. Acesso
em: 26 jun. 2017.

VIEIRA, A. A. et al. O uso da fototerapia em recém-


nascidos: avaliação da prática clínica. Rev. Bras.
Saúde Mater. Infant. Recife, v. 4, n. 4, p. 359-366,
2004. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbsmi/v4n4/a04v04n4.pdf>.
Acesso em: 27 jun. 2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 299


SAÚDE DA MULHER

WATSON, R. L. Hyperbilirubinemia. Crit Care Nurs


Clin North Am. v. 21, n. 1, p. 97-120, 2009.Disponível
em:<http://www.ccnursing.theclinics.com/article/S0899-
5885(08)00095-6/fulltext>. Acesso em: 26 jun.2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 300


SAÚDE DA MULHER

ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA


UNIDADE DE ALOJAMENTO CONJUNTO1

Manoela Cristina Berticelli


Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você


possa:
- Conhecer a organização, estrutura e
funcionamento da unidade de alojamento conjunto;
- Assimilar as atribuições da equipe multidisciplinar.

INTRODUÇÃO

No cenário brasileiro, as maternidades são os


locais escolhidos para abrigar o nascimento. Porém
muitas vezes, esse processo é tratado exclusivamente
do ponto de vista biofisiológico e os sentimentos e

1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 301


SAÚDE DA MULHER

emoções tendem a ser ignorados. Uma relação


psicológica e existencial deve ser constituída entre mãe
e filho nestes ambientes provendo cuidados físicos,
sociais e psicológicos de acordo com as necessidades
da tríade mãe-bebê-família.
Procurando trazer conforto, acolhimento e
atendimento humanizado para a mãe e bebê, na
década de 1980 foi implantado no Brasil o Alojamento
Conjunto (AC), com o objetivo de favorecer e simplificar
os cuidados prestados à mulher e para com o seu filho.
O AC é um espaço onde será possibilitado o cuidado
materno juntamente com o cuidado profissional,
situação fundamental para o desenvolvimento
emocional e biológico da mulher no período puerperal
imediato (PILOTTO; VARGENS; PROGANTI, 2009).
ALOJAMENTO CONJUNTO

Como já descrito no capítulo sobre as políticas


de saúde para a mulher, a década de 1980 foi marcada
por mudanças no cenário da saúde da mulher, dando
visibilidade para esta dimensão da assistência à saúde.
Até então, o recém-nascido era assistido juntamente
com a mãe, e não possuía um ambiente de atenção que
lhe fosse exclusivo. Em 1983 o Instituto Nacional de

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 302


SAÚDE DA MULHER

Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS)


criou um documento que regulamentava o Alojamento
Conjunto, através da Portaria nº 018/1983 que expunha
as normas básicas para a implantação de alojamentos
conjuntos nas instituições hospitalares brasileiras, com
o objetivo de favorecer um maior contato entre a mãe e
o recém-nascido (COSTA et al., 2010).
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
criado em 1990 passou a integrar as políticas públicas
de saúde. Em vigência até os dias atuais, o ECA
assegura a gestante o atendimento antes, durante e
após o parto, proporcionando condições adequadas
para o aleitamento materno a todos os recém-nascidos,
inclusive aos filhos de mães em condições privativas de
liberdade.
Mais tarde em 1992, o Ministério da Saúde
elaborou o Programa de Assistência à Saúde Perinatal
(PROASP) que possibilitou a organização da
assistência perinatal de forma hierarquizada e
regionalizada, a melhoria da qualidade na assistência
durante o parto, a melhora da qualidade da assistência
ao recém-nascido, o incentivo ao aleitamento materno,
as orientações voltadas ao planejamento familiar e a

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 303


SAÚDE DA MULHER

supervisão e avaliação do atendimento (COSTA et al.,


2010).
Um ano depois, em 1993, o Ministério da Saúde
lançou a Portaria nº1016/1993, tornando obrigatória a
implantação do alojamento conjunto em hospitais
durante o período de pós-parto, considerando a
necessidade de incentivar o aleitamento materno e
favorecer o binômio mãe-filho. Essa Portaria foi
revogada, com a publicação da Portaria nº 2.068 de 21
de outubro de 2016, instituindo as diretrizes para
organização da atenção integral e humanizada, tanto à
mulher quanto ao recém-nascido, no Alojamento
Conjunto. A partir dela, as maternidades públicas e
privadas, hospitais universitário e de ensino deverão
seguir suas normativas (COSTA etal., 2010).
O AC possibilita vantagens para a mulher e o
recém-nascido hospitalizado no que se refere ao
favorecimento de vínculo entre mãe, pai, família e filho,
o aleitamento materno, a pronta identificação pela mãe
e/ou familiares de intercorrências, diminui o risco de
infecções relacionadas à assistência a saúde, o
fortalecimento do autocuidado ao recém-nascido
quando, neste ambiente, atividades de educação em
saúde são implementadas e aproxima o serviço de

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 304


SAÚDE DA MULHER

saúde dos familiares e da puérpera propiciando a


criação de vínculos (BRASIL, 2016).
De preferência, todos os recém-nascidos devem
ser mantidos em AC, exceto em condições clinicamente
desfavoráveis para a mãe ou para o bebê. No sentido
de normatizar critérios que ampliem a prática de
cuidado mãe e filho em AC, deve-se observar os
critérios, conforme o Quadro 1, segundo a Portaria nº
2.068 de 21 de outubro de 2016.

Quadro 1. Critérios materno e neonatal para permanência


em AC.
1. Mulheres clinicamente estáveis;
2. Recém-nascidos clinicamente estáveis, com boa
capacidade de sucção e controle térmico; peso maior
ou igual a 1.800 g e idade gestacional maior ou igual
a 34 semanas;
3. Recém-nascidos com acometimentos sem gravidade:
icterícia, pequenas malformações, investigação de
infecções congênitas com ou sem acometimento
clínico;
4. Recém-nascidos em uso de antibioticoterapia para
tratamento de Sífilis Congênita ou sepse neonatal
após estabilização clínica em UTI neonatal.
Fonte: Brasil, 2016.

Estrutura Física

Visando a qualidade da assistência à saúde


prestada à mulher internada no AC, a Portaria nº

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 305


SAÚDE DA MULHER

2068/2016 estabelece ainda as condições físicas


mínimas para assegurar o bom funcionamento desta
unidade.
Segundo o Art. 7 desta Portaria:

I - os quartos devem ser ambientes


destinados à assistência à puérpera e
ao recém-nascido com capacidade
para um ou dois leitos, com banheiro
anexo;
II - as enfermarias devem ser
ambientes destinados à assistência à
puérpera e ao recém-nascido com
capacidade para três a seis leitos,
com banheiro anexo, conforme
normativas vigentes da ANVISA;
III - para cada leito materno, deve ser
disponibilizado um berço para o
recém-nascido e uma poltrona para
acompanhante. O berço do recém-
nascido deve ficar ao lado do leito da
mãe e deve ser respeitada a distância
mínima de um metro entre leitos
ocupados; e
IV - os quartos devem ter tamanho
adequado para acomodar mulher e
recém-nascido, de acordo com as
normas vigentes da ANVISA.
Parágrafo único. Medidas que
assegurem a privacidade da mulher
devem ser adotadas, assim como a
observação do conforto luminoso
para as puérperas os recém-nascidos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 306


SAÚDE DA MULHER

e acompanhantes, quando instalados


em quartos ou enfermarias com mais
de um leito (BRASIL, 2016, p. 5).

Além das condições citadas, o AC precisa contar


com equipamentos básicos para que a unidade possa
funcionar adequadamente. De acordo com o Art. 8º, o
AC deverá dispor dos seguintes materiais,
equipamentos e medicamentos para realizar o
atendimento à mulher e ao recém-nascido:

I - berço de material de fácil limpeza,


desinfecção e que permita a
visualização lateral;
II -bandeja individualizada com
termômetro, material de higiene e
curativo umbilical;
III - estetoscópio clínico e
esfigmomanômetro;
IV - balança;
V - balança para recém-nascido;
VI - régua antropométrica e fita
métrica inelástica de plástico;
VII - aparelho de fototerapia, um para
cada 10 berços;
VIII - oftalmoscópio;
IX- otoscópio;
X- aspirador com manômetro e
oxigênio;
XI - glicosímetro;
XII - analgésicos, anti-inflamatórios,
antibióticos, anti-hipertensivos e

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 307


SAÚDE DA MULHER

outras medicações de uso comum no


puerpério e no período neonatal; e
XIII - material de emergência para
reanimação, um para cada posto de
enfermagem, composto por
desfibrilador, carro ou maleta
contendo medicamentos,
ressuscitador manual com
reservatório, máscaras, laringoscópio
completo, tubos endotraqueais,
conectores, cânulas de Guedel e fio
guia estéril, apropriados para adultos
e recém-nascidos. O carro ou maleta
de emergência pode ser único para
atendimento materno e ao recém-
nascido (BRASIL, 2016, p. 5).

Recursos Humanos

Para contemplar os usuários do Alojamento


Conjunto é necessário adequado número de
profissionais atuantes no local, sendo estes:
enfermeiros, médicos e técnicos em enfermagem,
conforme a Portaria nº 2.068, de 21 de outubro de
2016que, especifica os recursos humanos no
Alojamento Conjunto, de acordo com o Art. 5º:
I. Enfermeiro Coordenador: cumprindo jornada
mínima de 4 horas diárias;
II. Enfermeiro Assistencial: para cada 20 binômios
mãe-bebe;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 308


SAÚDE DA MULHER

III. Um Técnico/ auxiliar de enfermagem para cada 8


binômios mãe-bebê (BRASIL, 2016).

Já a equipe médica deve ser composta por:


I. Médico Pediatra: um médico responsável técnico,
sendo este pediatra ou neonatologista com jornada
mínima de 4 horas diárias;
II. Um médico Assistencial: cuja jornada mínima de 4
horas diárias para cada 20 recém-nascidos;
III. Um médico plantonista para cada 20 recém-
nascidos.
IV.Obstetra: um médico responsável técnico,
preferencialmente
ginecologista/obstetra, contemplando mínimo de 4
horas diárias;
V.Um médico assistencial para cada 20 puérperas;
VI.Um médico plantonista, preferencialmente
ginecologista/obstetra (BRASIL, 2016).

PAPEL DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NO


ALOJAMENTO CONJUNTO

O papel da equipe de enfermagem na assistência


à puérpera e ao recém-nascido é fundamental na
identificação de complicações no período pós-parto,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 309


SAÚDE DA MULHER

tanto para a mulher quando para a criança. Assim,


segundo a Portaria 2.068/16 Art. 6, cabe à equipe de
enfermagem do AC:

Avaliar a puérpera diariamente, com


atenção aos sinais de complicação no
período pós-parto, tais como:
sangramento vaginal aumentado,
febre, dor exacerbada, edema
assimétrico de extremidades, sinais
inflamatórios de ferida cirúrgica,
sofrimento psíquico e depressão pós-
parto;
Promover e proteger o aleitamento
materno em livre demanda,
considerando as necessidades
individuais de cada puérpera;
Garantir à mulher o direito a
acompanhante durante toda a
internação e receber visitas diárias;
Estimular e facilitar a presença do pai,
sem restrição de horário, inclusive de
genitor sócio-afetivo;
Oferecer orientações sobre a oferta
de alimentos ou bebidas além do
leite-materno ao recém-nascido;
Oferecer orientações quanto ao não
uso de protetores de mamilo,
chupetas ou mamadeiras ao recém-
nascido;
Apoiar e incentivar a participação dos
pais nos cuidados ao recém-nascido;
Orientar e estimular o contato pele
apele e posição canguru;
Realizar exame clínico do recém-
nascido no berço ou durante a
amamentação em seio materno;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 310


SAÚDE DA MULHER

Realizar o banho do recém-nascido e


assegurar a limpeza e desinfecção do
local, além de oferecer orientações
sobre o banho para a puérpera;
Realizar atividades de educação em
saúde com as puérperas, com o
objetivo de se alcançar o autocuidado
e o cuidado com o recém-nascido;
Ofertar a inserção de método
contraceptivo de longa duração antes
da alta, caso a mulher deseje.
A equipe de saúde deverá conferir
atenção ao estabelecimento de
vínculo entre a mãe e o recém-
nascido, a riscos e a vulnerabilidades
particulares, bem como manter
observação e escuta qualificada para
esclarecer dúvidas e apoiar a mulher
nesse período (BRASIL, 2016, p.4).

Assim, pode-se concluir que o Alojamento


Conjunto é um espaço que facilita e auxilia no cuidado
materno, sendo um espaço equipado e apropriado para
que a puérpera possa desenvolver o autocuidado e
também o cuidado com o recém-nascido, livre de
experiências traumáticas. Este zelo desenvolvido pela
equipe multiprofissional torna-se necessário para
proporcionar que essa vivência seja da maneira mais
positiva possível, sendo exercido num ambiente seguro
e confortável para a mulher e o bebê.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 311


SAÚDE DA MULHER

Leituras recomendadas

BRASIL Ministério da Saúde. Portaria nº 2068 de 21


de outubro de 2016. Institui diretrizes para a
organização da atenção integral e humanizada à mulher
e ao recém-nascido no Alojamento Conjunto. Brasília,
2016. Disponível em:
<http://www.poderesaude.com.br/novosite/images/24.10
.2016_I.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2017.

SANTOS, E. K. A. MONTEIRO, J. C. S.; FURTADO, M.


C. C. Curso de Especialização em Linhas de
Cuidado em Enfermagem: Enfermagem na Atenção
à Saúde da Mulher, do Neonato e à Família:
Alojamento Conjunto. Florianópolis (SC): Universidade
Federal de Santa Catarina/Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem, 2013. Disponível em:
<https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/15343/m
od_resource/content/4/Modulo8_SaudeMaterna.pdf>.
Acesso em: 6 nov. 2017.

Sugestões de metodologias e recursos

- Aula de laboratório na qual os alunos reconheçam o


ambiente e os equipamentos específicos da unidade de
alojamento conjunto;

- Construção de um Quiz com afirmações corretas e


incorretas sobre as atribuições da equipe no alojamento

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 312


SAÚDE DA MULHER

conjunto.

REFERÊNCIAS

BRASIL Ministério da Saúde. Portaria nº 2068 de 21


de outubro de 2016. Institui diretrizes para a
organização da atenção integral e humanizada à mulher
e ao recém-nascido no Alojamento Conjunto. Brasília,
2016. Disponível em:
<http://www.poderesaude.com.br/novosite/images/24.10
.2016_I.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2017.

COSTA, R.et al. Políticas Públicas de Saúde ao Recém-


Nascido no Brasil: reflexos para a assistência
neonatal.Hist. Enferm; v. 1, n. 1, abr. 2010, p. 55-68.
Disponível em:
<http://www.here.abennacional.org.br/here/n1vol1ano1_
artigo4.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2017.

PILOTTO, D.T.S; VARGENS, O.M.C; PROGLANTI,


J.M. Alojamento conjunto como espaço de cuidado
materno e profissional. Rev. Bras. Enferm. Brasília. v.
62, n. 4, p. 604-7, jul./ago. 2009. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/reben/v62n4/19.pdf>.Acesso
em: 24 jun. 2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 313


SAÚDE DA MULHER

PUERPÉRIO1

Ana Cristina de Moraes


Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você possa:

- Conhecer a assistência de enfermagem durante o


puerpério;
- Atuar durante a consulta de puerpério realizada pelo
enfermeiro e/ou médico;
- Identificar os principais cuidados de enfermagem no
puerpério;
- Valorizar a relação interpessoal com a puérpera e
família.

PUERPÉRIO

O puerpério ou pós-parto é o período posterior ao


parto. Nas denominações populares é entendido como

1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 314


SAÚDE DA MULHER

dieta ou resguardo. Fisiologicamente, o puerpério


compreende os processos involutivos e de recuperação
do organismo materno após a gestação
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).
É o período que representa alterações
sistêmicas e locais, físicas e emocionais na mulher,
quando os órgãos e sistemas envolvidos no ciclo
gravídico puerperal retornam ao seu estado pré-
gravídico, sofrendo um processo de regeneração
(PINELLI; ABRÃO, 2002).
Além de todas as adaptações fisiológicas, o
puerpério é também caracterizado por mudanças nos
demais aspectos de vida de uma mulher, pois envolve
mudanças conjugais, familiares, sociais ou até mesmos
profissionais. Diante disso, se faz necessário
assistência materna infantil, multidisciplinar e integrada,
com vistas a promover experiência materna
efetivamente saudável e com bem-estar
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017). Com o
objetivo de oferecer cuidado integral à mulher e ao
recém-nascido, este capítulo apresentará os principais
fenômenos fisiológicos e patológicos do puerpério.
De acordo com Lima (2013), a maternidade é
um evento único, o que implica em diferentes

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 315


SAÚDE DA MULHER

significados para a mulher e a família. É representado


por período de adaptações e mudanças na rotina
familiar, pois ao mesmo tempo em que a criança
necessita de uma maior dispensação de cuidados e
disposição por parte da mãe, é o momento em que os
profissionais de saúde e, principalmente de
enfermagem, devem voltar seus cuidados para a
puérpera, pois ela, além do cuidado físico também
requer suporte emocional e afetivo.
Salienta-se, que o período puerperal é
considerado um período crítico e de transição. A
complexidade pode ser estabelecida de acordo com
diferentes aspectos, como biológicos, psicológicos,
emocionais, comportamentais, socioculturais e
econômicos (CABRAL; OLIVEIRA, 2010).
É importante reforçar que, a partir da
implantação do Programa Nacional de Atenção Integral
a Saúde da Mulher (PAISM), em 1984 (BRASIL,
1984)foi estabelecido um outro olhar para a forma de
atendimento à saúde feminina, o que culminou na
evolução das demandas relacionadas ao ciclo gravídico
puerperal. Porém, ainda percebe-se que a assistência à
saúde da mulher, no que diz respeito ao período
puerperal carece de maior atenção.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 316


SAÚDE DA MULHER

Em relação ao temporalidade do puerpério,


Montenegro e Rezende Filho (2017) afirmam que,
devido às diversas modificações, tanto fisiológicas,
quanto emocionais estabelecidas após o parto, o
período de puerpério torna-se difícil de ser delimitado.
Contudo existe uma classificação geral para a evolução
do puerpério, como relatado a seguir.

CLASSIFICAÇÃO DO PUERPÉRIO

Não há um consenso entre os autores sobre o


período exato que corresponde ao puerpério, uma vez
que cada mulher responde de formas diferentes a este
evento. De acordo com Montenegro e Rezende Filho
(2017), ele pode ser dividido em três fases.
Puerpério imediato: compreendido do primeiro
até o décimo dia após o parto.
Puerpério tardio: do décimo primeiro dia ao
quadragésimo quinto dia após o parto.
Puerpério remoto: após o quadragésimo quinto
dia (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO PUERPÉRIO

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 317


SAÚDE DA MULHER

Como já citado anteriormente, o período do pós-


parto é marcado por alterações, pois a partir desse
momento a mulher não cuida apenas de si, uma vez
que é a protagonista no cuidado com o recém-nascido.
Além das adaptações psicossociais sofridas por ela,
ocorre um processo fisiológico e anatômico para que o
seu corpo retorne ao estado pré-gestacional,
repercutindo a condição emocional, por vezes
necessitando de auxílio para o desenvolvimento de
algumas tarefas. É neste momento que os profissionais
de enfermagem têm um papel importante na assistência
à mulher no puerpério (RAVELLI, 2008).
Os fenômenos regenerativos que ocorrem no
sistema reprodutor feminino no período de pós-parto
são identificados principalmente nos dois primeiros
momentos destacados anteriormente. Assim, no pós-
parto imediato, prevalece a chamada crise genital, na
qual os eventos prevalentes são de catabolismo e
processos involutivos das estruturas que sofreram
hiperplasia e/ou hipertrofia pela gestação, já no pós-
parto tardio ocorre a transição e, a recuperação genital
é influenciada diretamente pela lactação
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 318


SAÚDE DA MULHER

Durante o puerpério, porém, as modificações


não são apenas as de origem biológicas, como citado
acima, acontecem também modificações e adaptações
emocionais, provindas da condição psicológica, a qual
expõe a mulher a certa vulnerabilidade (LIMA, 2013).

Modificações Gerais
De maneira geral, nos primeiros momentos após
o parto, a puérpera encontra-se cansada, com a pele
hiperpigmentada, sudoreica, com calafrios, sonolenta
devido ao esforço físico, ou mesmo devido ao uso de
medicações. Por vezes pode estar com fome e com
sede.
No exame físico, os sinais vitais encontrados
geralmente são:
5. Temperatura: pode variar de 36,8 a 37,9 graus
nas primeiras 24 horas após o parto.
6. Frequência cardíaca: permanece em torno de 50
a 70 batimentos por minuto. Esta frequência
cardíaca após o parto é conhecida como pulso
de Blot, o qual representa a pulsação puerperal e
comumente se mantém nos primeiros seis ou oito
dias após o parto. Essa diminuição da frequência
cardíaca ocorre devido à perda sanguínea
durante o trabalho de parto e parto.
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 319
SAÚDE DA MULHER

7. Respiração: o padrão respiratório é


reestabelecido, e desta forma o diafragma volta
exercer sua função.
8. Pressão arterial: pode alterar-se levemente,
devido à perda sanguínea.
9. Peso: diminui com perda brusca de 5 a 6 Kg de
imediato e, no final da 1º semana pode ocorrer a
perda de 2 a 3Kg;
10. Aparelho renal: intensa diurese por 4 a 5 dias;
11. Aparelho circulatório: ocorre mudança na
topografia, o coração volta ocupar a localização
pré-gestacional. As varizes diminuem e cessa o
edema;
12. Pele: ocorre diminuição da pigmentação, perda
de água, queda de pelos;
13. Aparelho digestivo: paresia intestinal e aumento
de ruídos hidroaéreos (UFRJ,2013).

INVOLUÇÃO UTERINA

A involução uterina ocorre após a dequitação da


placenta. A partir daí os fenômenos de retração e
contração dos vasos uterinos são os principais
responsáveis pela hemostasia da ferida placentária e,
também por evitar os quadros hemorrágicos no pós-

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 320


SAÚDE DA MULHER

parto. Após a expulsão do feto, o útero deve estar


contraído, desta forma deve apresentar o chamado
globo de segurança de Pinard (útero contraído na
região supra púbica), o qual permite que as ligaduras
vivas de Pinard causem acentuada constrição dos
vasos miometriais parietais, ou seja, deve-se apresentar
o tônus uterino. Essa contração e retração do miométrio
ocorre para que o sangramento da ferida placentária
seja estancado e não ocorra uma hemorragia
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO,2017).
Na lactante, a involução uterina é mais rápida,
devido ao estímulo ocasionado a cada amamentação,
este fenômeno é o reflexo uteromamário, o que
corresponde à estimulação dos mamilos e da árvore
galactófora estimulando a liberação da ocitocina que
por sua vez desperta as contrações uterinas,
identificadas pelas mulheres como sendo cólicas
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

LÓQUIOS

O processo de involução, a regeneração do leito


placentário, decídua e demais superfícies gênitas,
ocorre a partir da eliminação de elementos deciduais,
células epiteliais descamadas associados a eritrócitos e

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 321


SAÚDE DA MULHER

bactérias. Essaperda sanguínea na zona de inserção da


placenta e os produtos da cavidade uterina formam um
sangramento denominado de lóquios, os quais podem
ser classificados em (MONTENEGRO; REZENDE
FILHO, 2017), como:

a) Rubro: Apresenta-se sanguinolento logo após o


parto, com uma coloração vermelho mais vivo.
b) Fusco: Tornam-se escuros ao fim de dois dias.
c) Flavo: Após período de dez dias adquirem coloração
amarelada.
d) Alvo: Aos poucos se tornam brancos ou serosos.

Deve-se ficar atento ao aspecto, quantidade,


coloração e odor dos lóquios, pois qualquer patologia
no endométrio, colo uterino ou vagina, altera as
características dessa secreção. É possível, dessa
forma, observar a presença de processos infecciosos,
uma vez que estes lhe conferem caráter purulento e
com odor fétido.

ALTERAÇÕES SISTÊMICAS

No decorrer da gestação, há aumento na


quantidade de líquido extracelular, desta forma, a

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 322


SAÚDE DA MULHER

diurese pós-parto corresponde a reversão fisiológica


desse processo. Nas primeiras horas após o parto,
geralmente a mulher possui a eliminação de pouca
diurese, este evento é o resultado da desidratação
ocasionada pelo trabalho de parto. A eliminação da
hipervolemia causada pela gestação acontece a partir
do segundo dia de pós-parto, completando-se
geralmente por volta do sexto dia pós-parto
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).
Neste sentido, as alterações cardíacas e
vasculares observadas após o parto, 6 a 8 horas do
nascimento (pulso de Blot), acompanham o padrão
detectado em relação à redistribuição hídrica, assim, a
frequência e o débito cardíacos elevam-se e mantêm-se
elevados por 24 a 48 horas, retornando aos valores pré-
gravídicos por volta do décimo dia do puerpério. Já a
resistência vascular permanece reduzida ao longo das
primeiras 48 horas pós-natais e, progressivamente
retorna aos níveis prévios à gestação (MONTENEGRO;
REZENDE FILHO, 2017).
A perda de peso ponderal decorrente do parto é
em média de seis quilogramas. No decorrer do
puerpério pode ocorrer perda adicional, com variação
de dois a sete quilogramas, a qual ocorre de maneira

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 323


SAÚDE DA MULHER

mais pronunciada nos primeiros dez dias de pós-parto,


atribuída a maior diurese, secreção láctea e eliminação
loquial (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

CUIDADO HOSPITALAR

A internação hospitalar após o parto é um


momento muito importante para a saúde da puérpera e
do recém-nascido. É quando possivelmente, eles mais
precisam da equipe de saúde, pois os profissionais do
serviço hospitalar são os responsáveis por realizar
ações educativas sobre alterações evolutivas e
fisiológicas esperadas ao longo do puerpério imediato e
tardio. No pré-natal, também é de suma importância,
informar o que pode acontecer com a mulher e criança
durante a internação. Essas informações devem
abordar entre outras, as características dos lóquios,
perda de peso, diurese, bem como o aleitamento
materno. Além disso, deve-se reforçar sobre os
principais sinais e sintomas de complicações, como:
febre, sangramento vaginal excessivo ou fétido, cefaleia
acompanhada de distúrbios visuais e/ou náuseas e
vômitos, dor, edema ou hiperemia dos membros
inferiores (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 324


SAÚDE DA MULHER

Outro cuidado especial que deve ser prestado


durante a hospitalização no pós parto é a promoção do
aleitamento materno. Auxiliar a puérpera de forma
paciente e acolhedora a alimentar seu filho. De acordo
com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a
amamentação precisa ser aprendida, para que assim se
mantenha como alimento exclusivo por um tempo
mínimo de seis meses o leite materno (CATAFESTA et
al., 2009).

A transição puerperal caracterizada


também pela amamentação é
percebida como um momento de
intensas mobilizações do ser
puérpera, em que dá sentido especial
ao ato de amamentar [...].
Compreender o processo transicional
a que passa auxiliar o enfermeiro a
identificar suas demandas de
cuidado, auxilia a implementar
medidas técnico-científicas, mas
principalmente humanizadas,
influenciando significativamente em
suas decisões e modos de agir diante
da prática do aleitamento materno
(CATAFESTA et al., 2009, p. 616).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 325


SAÚDE DA MULHER

A amenorreia durante a lactação ocorre devido a


uma série de fatores hormonais. A partir da dequitação
da placenta há um aumento significativo do nível de
progesterona no sangue, o que leva ao enchimento das
mamas com o colostro. Havendo sucção, há estímulo
das terminações nervosas do mamilo e da aréola; essas
informações chegam até o hipotálamo, o qual induz à
secreção de prolactina pela hipófise anterior e ocitocina
pela hipófise posterior. Outros hormônios também estão
envolvidos com a lactação, porém a prolactina é o
principal hormônio atuando também sobre os ovários,
inibindo a ovulação e mantendo a amenorreia. Na
lactação, o estímulo da sucção e o aumento da
prolactina levam à inibição do hormônio gonadotrófico e
à interrupção do processo de ovulação, todavia este
fenômeno não possui um mecanismo totalmente
esclarecido (REA, 2004). Portanto, apesar de ser
considerado um método contraceptivo, a amamentação
não é um método confiável, desta forma mantém-se
ainda o uso de métodos contraceptivos para evitar a
gravidez.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 326


SAÚDE DA MULHER

A mulher no pós parto tem necessidades de


atenção física e psíquica, desta forma deve ser tratada
com respeito e atenção, cuidada de forma integral,
identificada pelo nome e não simplesmente pelo
número do leito.
Dentre os profissionais de enfermagem, a sua
atuação na função de técnico em enfermagem deverá,
nos momentos iniciais após o parto proporcionar
cuidado integral, uma vez que, a relação mãe-filho pode
não estar bem elaborada, portanto as atenções não
devem se concentrar apenas na criança, pois há o risco
de que a condição entre o relacionamento mãe e o filho,
sejainterpretado como desprezo às ansiedades ou
queixas da puérpera, a qual é o alvo da atenção neste
momento (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Medidas Gerais
Logo na primeira hora após o parto, a mulher
deve receber um cuidado especial, com objetivo de
diagnosticar precocemente quaisquer complicações
como é o caso da hemorragia. A avaliação clínica deve
ser rigorosa, sendo os achados transcritos para o
prontuário, de forma clara e obedecendo a uma
padronização.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 327


SAÚDE DA MULHER

Sinais Vitais
Dentre os cuidados a serem prestados para a
puérpera, está, aferir a pressão arterial e a frequência
cardíaca materna a cada 15 min, bem como, assegurar-
se de que o sangramento vaginal esteja dentro da
normalidade e o útero se encontre contraído
(verificação pela palpação abdominal). Quando utilizado
algum anestésico no parto ou quando o nascimento se
deu a partir de uma cesárea, a mulher deve ser
acompanhada em ambiente adequado e por profissional
especializado. Na ausência de complicações maternas
e neonatais, a interação precoce entre mãe e filho, o
contato pele a pele precisa ser estimulado, ainda na
sala de parto, neste momento ainda é importante que já
se estimule a amamentação (MONTENEGRO;
REZENDE FILHO, 2017).

Dieta
No que se refere à alimentação da puérpera,
pode ocorrer normalmente, sem qualquer restrição
dietética, se o parto vaginal evoluiu sem distócias. Caso
a mulher, tenha sido submetida a cesárea, a dieta deve
ser prescrita e liberada, após avaliação da equipe de
saúde. É recomendada também, a realização de

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 328


SAÚDE DA MULHER

exames complementares como um hemograma, para


que se possa avaliar a necessidade de suplementação
de ferro (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Deambulação
Outro aspecto importante neste período é a
deambulação precoce, uma vez que este exercício
reduz significativamente a incidência de retenção
urinária, constipação intestinal e o risco de desenvolver
trombose. Após o parto normal, mesmo quando
utilizado o bloqueio regional, a mulher poderá
deambular tão logo se sinta em condições para tal.
Contudo, ao menos a primeira deambulação após o
parto deve acontecer sob vigilância (não
necessariamente profissional de saúde), devido ao risco
de síncope e possível queda (MONTENEGRO;
REZENDE FILHO, 2017).

Higiene perineal
Em relação ao cuidado da região perineal, a
mulher deve ser orientada a fazer a higiene da genitália
no sentido anterior-posterior, para evitar que os
resíduos das fezes contaminem a vulva, deve-se
orientar que, a cada vez que a mulher for ao banheiro
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 329
SAÚDE DA MULHER

realize uma ducha ou limpeza com água e sabão, e na


sequência seque com uma toalha limpa. Em casos de
lacerações ou hematomas ou mesmo desconforto local,
pode-se utilizar gelo nos primeiros dias. A utilização de
antissépticos, com anestésicos locais em solução
aerossol, bem como de anti-inflamatórios, também
podem auxiliar na recuperação e promover um conforto
maior. Quando a mulher relata dor excessiva na região
perineal, vaginal ou retal, cuidadoso exame físico faz-se
necessário para excluir a presença de hematoma ou
processos inflamatórios(MONTENEGRO; REZENDE
FILHO, 2017).

Temperatura
A temperatura corporal deve ser interpretada
pelos critérios normativos estabelecidos para condições
extrapuerperais, ausência de febre caracterizada pela
temperatura abaixo de 38°C, exceto para as primeiras
24 horas, quando pode haver um aumento discreto de
temperatura. A chamada “febre do leite”,
concomitantemente à apojadura (descida do leite)
aproximadamente no 3º dia, é considerada como um
evento fisiológico, resultante da ascensão de germes

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 330


SAÚDE DA MULHER

vaginais à cavidade uterina (MONTENEGRO;


REZENDE FILHO, 2017).

Involução uterina
O útero puerperal tem consistência firme, indolor
e móvel em decorrência da flacidez dos seus elementos
de fixação. Ao examiná-lo, é habitual palpar a bexiga.
Depois da primeira hora após o parto (período de
Greenberg) e aproximadamente nas primeiras doze
horas após o parto, o fundo uterino encontra-se
geralmente, na altura de dois centímetros acima da
cicatriz umbilical, medindo cerca de vinte centímetros. A
partir do segundo dia, o útero diminui progressivamente,
na média de um centímetro ao dia, como ilustrado na
figura 2 (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Figura 2: Involução uterina no pós parto imediato. Apresenta-se a


altura do fundo uterino de acordo com os dias do puerpério.
Fonte: Montenegro e Rezende Filho (2017, p. 461).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 331


SAÚDE DA MULHER

A involução uterina ineficaz conjuga-se pelo


amolecimento do útero, a hemorragia e a retenção de
coágulos ou de restos ovulares, são os sintomas mais
habituais. Contudo, quando a involução ineficaz com
redução da consistência e da mobilidade do órgão,
associada a dor, aumento na frequência cardíaca e
febre, sugere processo infeccioso, requerendo uma
atenção maior. (MONTENEGRO; REZENDE FILHO,
2017).

Função vesical
A retenção urinária e distensão vesical podem
acometer até 5% das mulheres submetidas aos partos
vaginais. Dentre os fatores de risco, estão a
primiparidade, doses elevadas de ocitocina, lacerações
perineais, parto instrumental, cateterismo vesical
durante o trabalho de parto, trabalho de parto com
duração maior que dez horas e realização de analgesia
peridural ou raquidiana. Assim, as mulheres com mais
de um desses fatores de risco devem ter seu débito
urinário monitorado (MONTENEGRO; REZENDE
FILHO, 2017).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 332


SAÚDE DA MULHER

Amamentação
Recomenda-se o uso de sutiãs apropriados, para
evitar a galactoestase, a qual consiste no
acotovelamento vascular, prevenindo a congestão
vascular ou congestão sanguínea. Nos primeiros dias
após o parto, observa-se apenas a saída de colostro, já
no 3º dia é comum ocorrer a transição de colostro para
o leite materno, conhecida como apojadura ou
popularmente “decida do leite”, que pode causar um
desconforto considerável às lactantes, por isso é de
fundamental importância orientar a pega adequada, a
fim de prevenir as fissuras mamilares (MONTENEGRO;
REZENDE FILHO, 2017).

Aspectos psicológicos

A relação estabelecida entre os profissionais de


saúde e a mulher durante o parto, bem como o
acompanhamento no puerpério, geram oportunidades
para que os profissionais possam identificar os
sofrimentos e angústias da mulher, para favorecer a
ocorrência de eventos nocivos à saúde materno-infantil,
durante o primeiro ano de vida do recém-nascido.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 333


SAÚDE DA MULHER

Mulheres com histórico de agravos psiquiátricos


pessoais ou familiares, ou de condições
socioeconômicas desfavorecidas, sem companheiro fixo
e com pouco suporte social podem apresentar um risco
maior de desenvolver depressão pós-parto que se
caracteriza por uma das principais causas de
morbidade materna, associada a consequências
deletérias não só para a mulher, mas também para
seus filhos e sua família. A exemplo de cuidados no
momento do puerpério para atenção e vigilância desses
agravos tem-se o Programa Rede Mãe Paranaense, o
qual classifica os graus de risco da gestação como risco
habitual, intermediário e alto risco. Tal estratificação
leva em conta a raça ou etnia da mãe, idade e grau de
escolaridade, mães com pelo menos um filho morto em
gestação anterior e com pelo menos três filhos vivos de
gestação anteriores (PARANÁ, 2014; MONTENEGRO;
REZENDE FILHO, 2017).
Nesse sentido realizar orientações sobre os
sentimentos e sintomas de labilidade emocional,
depressão e ansiedade, pode trazer conforto e prevenir
o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos. Por
isso, o envolvimento de uma equipe multiprofissional e
interdisciplinar, a qual inclua psicólogos, psiquiatras e

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 334


SAÚDE DA MULHER

assistentes sociais na atenção pós-natal é fundamental,


além dos demais profissionais.
Salienta-se que pela diminuição dos níveis
hormonais de progesterona e estrogênio, até então
produzidos pela placenta, todas as mulheres possuem
propensão para episódios de tristeza no pós-parto,
conhecidopor bluespós-parto (ou baby blues), que pode
ser identificada em 80% das puérperas, desta forma
deve-se oferecer orientações e acesso a uma equipe
multiprofissional como forma de prevenção ao
desenvolvimento de transtornos psiquiátricos neste
período (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Cuidados domiciliares
Encerrado o período de internação hospitalar, os
meses que se seguem trazem à mulher uma complexa
gama de sensações e emoções. Embora a chegada de
um filho, em geral, represente grande alegria, também
impõe uma série de mudanças ao núcleo familiar,
especialmente à mulher. Além do cuidado com a própria
saúde e da experiência relacionada com as mudanças
físicas e hormonais impostas pelo ciclo grávido-
puerperal, a mulher se depara com novas e crescentes
responsabilidades, medos e interrogações em relação

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 335


SAÚDE DA MULHER

ao cuidado e à saúde de seu(s) filho(s). Frente a esse


quadro, a puérpera e toda a família, devem ser
orientadas sobre esse processo e sobre as principais
dificuldades e as condutas a serem adotadas
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).
Tendo em vista que a ocorrência de pequenos
agravos à saúde da mulher e da criança, ao longo dos
primeiros meses pós-natais é relativamente comum, a
mulher deve estar informada sobre onde encontrar
assistência adequada às suas necessidades.

Consultas pós-parto
Em relação ao retorno da mulher aos serviços de
saúde para o acompanhamento de sua evolução após o
parto, recomenda-se, de acordo com a OMS, que as
puérperas devam ser avaliadas pela equipe de Atenção
Primária à Saúde, no terceiro dia (48 a 72 horas), entre
sete e quatorze dias e com seis semanas de pós-parto.
De acordo com o Programa Rede Mãe Paranaense, a
equipe de saúde deverá realizar visita domiciliar na
primeira semana após o nascimento, no máximo até o
quinto dia, para implementar o acompanhamento da
puérpera e da criança (PARANÁ, 2014).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 336


SAÚDE DA MULHER

Além de realizar a consulta puerperal na primeira


semana pós-parto, a mulher deve ter acesso garantido
ao planejamento familiar, bem como receber orientação
e ajuda para o aleitamento materno. Aquelas mulheres
que sofreram aborto ou interrupção da gestação, devem
ter seu acompanhamento pela unidade de saúde de
referência. É importante que somente após esta
consulta ocorra a baixa do Sisprenatal (sistema on-line
de acompanhamento da gestante desde sua entrada no
serviço de saúde) (PARANÁ, 2014).
A visita domiciliar, até o quinto dia após o parto,
deve ser realizada para avaliar o estado geral da
criança, presença de icterícia, fontanela abaulada,
secreções do ouvido e umbigo, vômito, dor, febre,
letargia, dentre outras situações que demonstrem
perigo para o RN. É importante adotar como prática, a
observação do estado geral também da puérpera.
Deve-se retomar as orientações quanto ao aleitamento
materno, cuidados de higiene com a criança, coto
umbilical, avaliar a carteirinha da criança quanto à
realização dos testes do Pezinho, Orelhinha, Olhinho e
Coraçãozinho e a aplicação da vacina de hepatite B e
BCG (PARANÁ, 2014).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 337


SAÚDE DA MULHER

Anticoncepção
O início da anticoncepção no pós-parto é
importante para prevenir a gravidez indesejada e o
pequeno intervalo entre partos, a fim de evitar suas
conhecidas complicações: recém-nascido pequeno para
a idade gestacional, parto pré-termo, entre outros. As
mulheres que não amamentam, ou que usam
complementos na alimentação da criança, podem
ovular com 25 dias do pós-parto. Neste período se dá
preferência pelas pílulas de progesterona, as quais não
prejudicam a amamentação, ou ainda pode-se optar
pela colocação do Dispositivo Intra Uterino (DIU) de
cobre, encontrado na rede pública de saúde, ou de
progesterona, exceto na infecção puerperal, quando
está formalmente contraindicado (MONTENEGRO;
REZENDE FILHO, 2017).

Relação sexual

Os principais fatores relacionados que afetam a


retomada da satisfação sexual no puerpério estão
principalmente adstritos ao trauma da cicatrização
perineal, ao ressecamento da vagina associado à
lactação e aos efeitos da depressão pós-parto. Extinguir

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 338


SAÚDE DA MULHER

a prática da episiotomia, uma vez que não há


evidências de benefícios deste procedimento, reparar
as lesões perineais com fios sintéticos absorvíveis,
encorajar o uso de lubrificantes vaginais,
particularmente, em lactantes, abordar a depressão
própria do período, são algumas das medidas
pertinentes para prevenir ou tratar a disfunção sexual
do pós-parto (MONTENEGRO; REZENDE FILHO,
2017).

PUERPÉRIO PATOLÓGICO OU COMPLICAÇÕES DO


PUERPÉRIO

HEMORRAGIA PÓS-PARTO

Além de todas as transformações físicas e


sociais, algumas mulheres ainda sofrem de
complicações após o parto. Uma das complicações que
mais causa mortalidade materna no mundo é a
hemorragia pós-parto. Esta pode ser classificada como
hemorragia primária ou secundária, sendo que o
volume sanguíneo deve ultrapassar 500 ml em partos
vaginais e 1.000 ml em cesárea (MONTENEGRO;
REZENDE FILHO, 2017).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 339


SAÚDE DA MULHER

Hemorragia primária: é assim classificada


quando o sangramento excessivo ocorre nas primeiras
24 horas após o parto(MONTENEGRO; REZENDE
FILHO, 2017).
Hemorragia secundária: ocorre quando o
sangramento excessivo ocorre a partir das primeiras 24
horas, até seis a doze semanas após o parto
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).
Ainda pode-se classificar como hemorragia
puerperal, qualquer perda sanguínea que leve a uma
instabilidade hemodinâmica, de acordo com o quadro
clínico apresentado por cada mulher.

Fatores de risco
Dentre os fatores de risco encontrados para o
desenvolvimento de hemorragia pós-parto estão:
descolamento prematuro da placenta (DPP), placenta
prévia/acreta, retenção placentária, gravidez gemelar,
pré-eclâmpsia, história de hemorragia pós-parto,
obesidade, anemia, idade materna avançada,
macrossomia fetal, cesárea, episiotomia mediolateral,
parto vaginal operatório, parto prolongado, febre
intraparto (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 340


SAÚDE DA MULHER

Prevenção
Uma assistência adequada no momento de
trabalho de parto é a maneira efetiva de prevenir a
hemorragia pós-parto. A recomendação da Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia, em 2010 preconiza a administração de
ocitocina (10 UI) por via intramuscular (IM) após o
nascimento (FEBRASGO, 2010). A palpação do útero,
após o parto pelo acesso abdominal, para identificar a
atonia uterina é recomendada para todas as mulheres.

Diagnóstico
O diagnóstico da hemorragia pós-parto se inicia
com o reconhecimento do sangramento excessivo e o
exame pormenorizado da mulher feito pelo médico,
para identificar a sua causa.

Tratamento
A atonia uterina é a causa mais comum de
hemorragia pós-parto. Como a hemostasia associada à
separação da placenta depende da contração
miometrial, a atonia é tratada inicialmente com
esvaziamento da bexiga, compressão bimanual do
útero, infusão de ocitocina, metilergonovina e

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 341


SAÚDE DA MULHER

misoprostol, conforme protocolos que devem estar


disponíveis na instituição (MONTENEGRO; REZENDE
FILHO, 2017).

INFECÇÃO PUERPERAL

Denomina-se infecção puerperal ou febre


puerperal a que se origina no aparelho reprodutor após
parto recente, caracterizada por uma temperatura de,
no mínimo 38°C, durante dois dias quaisquer, dos
primeiros dez dias do período pós-parto, excluídas as
24 horas iniciais (MONTENEGRO; REZENDE FILHO,
2017).
Após o parto, a cavidade uterina possui um sítio
de grande potencial de infecção, porém após a
dequitação, a atividade contrátil normal do útero e a
involução puerperal, além da reação leucocitária e da
hemostase trombótica na zona de implantação da
placenta, representam os mecanismos de defesa contra
a infecção (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).
A vagina e a cérvice da puérpera contêm grande
número de bactérias, algumas de potencial patogênico,
e muitos desses microrganismos tornam-se virulentos
no decorrer do pós-parto. Mulheres com endometrite
após o parto vaginal são potencialmente predispostas à

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 342


SAÚDE DA MULHER

infecção por patógeno único, sobressaindo-se o


Streptococcus. A operação cesariana é o fator
predisponente mais importante, aumentando
significativamente a morbiletalidade puerperal. Em
relação aos partos vaginais, a cesárea eleva o risco de
desenvolver infecções no miométrio em 5 a 30 vezes,
de bacteremia de 2 a 10 vezes, de abscesso ou de
tromboflebite pélvica de 2 vezes, e de morte por
infecção, de 80 vezes (MONTENEGRO; REZENDE
FILHO, 2017).
A infecção local ocorre a partir da penetração de
microrganismos, pela superfície onde a placenta
descolou, o endométrio desnudo ou ferida no canal
cérvico vaginal e na vulva. Passada esta barreira, se
alastra propagando-se ou se generalizando a infecção
que pode ter diferentes manifestações como se segue:
- Infecção simples: Limitada à pele e à fáscia
superficial adjacente. Apresenta edema, eritema e
deiscência da zona suturada.
- Infecção da fáscia superficial: Continuidade com as
da parede abdominal, região glútea e pernas, o edema
e o eritema costumam estender-se, atingindo total ou
parcialmente os sítios nomeados.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 343


SAÚDE DA MULHER

- Necrose da fáscia superficial: Infecção muito grave,


com manifestações cutâneas tardias, inicialmente,
edema e eritema. A pele se torna azulada ou castanha,
aspecto francamente gangrenoso, com formação de
vesículas e bolhas.
- Fascite necrosante: Infecção das duas camadas da
fáscia superficial, há inicialmente, edema e eritema.
Pode evoluir para fáscia da parede abdominal, ou
ainda, apresentar sinais tóxicos de septicemia elevar ao
choque. Se não houver tratamento cirúrgico, a
mortalidade atinge 100% dos casos; os antibióticos e a
cirurgia oportuna reduzem os óbitos para 50%.
- Mionecrose: Atinge os músculos do períneo e, na
maioria das vezes, é consequente à infecção por
Clostridium perfringens; pode ser consequente a fascite
necrosante (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).
Essas infecções ainda podem ser classificadas
de acordo com o órgão em que estão localizadas em
endometrite, parametrite, anexite (salpingite e ovarite) e
peritonite, que estão apresentadas abaixo.

Endometrite
Caracterizada pela infecção puerperal do útero e
vagina. Surge na área de implantação da placenta e

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 344


SAÚDE DA MULHER

geralmente aparece no quarto e quinto dia de pós-parto.


Manifesta-se clinicamente pelo aumento da temperatura
que atinge 38,5 a 39°C; os lóquios tornam-se purulentos
e com mau cheiro. O exame pélvico demonstra útero
amolecido e doloroso, engrandecido no abdome, e colo
permeável à polpa digital que, manipulado, deixa escoar
secreção purulenta. A miometrite acompanha, em geral,
a endometrite, com quadro clínico similar ou mais
intenso que o anterior. A endometrite após parto
vaginal, geralmente tem prognóstico benigno; poucos
casos se complicam por abscesso pélvico, peritonite
generalizada e tromboflebite pélvica (MONTENEGRO;
REZENDE FILHO, 2017).

Parametrite
É a infecção do tecido conjuntivo decorrente de
lacerações do colo uterino e/ou da vagina, em que os
microrganismos se propagam pela via linfática. O local
de eleição é o tecido parametrial laterocervical. A
temperatura se eleva em pouco tempo e atinge 39 a
39,5°C, com remissões matutinas. O toque vaginal
desperta dor intensa, o que revela endurecimento dos
paramétrios. Se não for tratado em tempo, o processo
evolui para a supuração e a flutuação, transformando-

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 345


SAÚDE DA MULHER

se em abscesso do paramétrio (MONTENEGRO;


REZENDE FILHO, 2017).

Anexite (salpingite e ovarite)


As anexites são representadas pela infecção e
inflamação das tubas uterinas e dos ovários. São mais
frequentes após abortamentos infectados e partos
vaginais prolongados. Clinicamente, inicia-se com dor
abdominal aguda, predominando nas fossas ilíacas,
febre alta (39 a 39,5°C) e discreta defesa abdominal. O
toque genital revela grande sensibilidade dos anexos
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

Peritonite
A pelviperitonite acompanha muitas formas de
infecção puerperal localizadas: endomiometrite e
salpingite. Clinicamente, surgem dor intensa e defesa
muscular no baixo-ventre, febre alta (40°C), alteração
no padrão intestinal, com retenção de gases e fezes
(íleo paralítico), pulso a 140 b.p.m e sinal de Blumberg
positivo (compressão e descompressão da parede
abdominal). O toque desperta intensa dor no fundo de
saco vaginal posterior. Quando há coleção purulenta,
nota-se abaulamento. A peritonite generalizada

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 346


SAÚDE DA MULHER

intercorre quando o microrganismo é muito virulento,


como no caso do estreptococo beta-hemolítico
(MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

TROMBOSE VENOSA PROFUNDA

A trombose venosa profunda (TVP) é


caracterizada pela formação de um tampão plaquetário
(aglomerado de plaquetas envoltos por rede de fibrina)
em vasos com localização profunda em membros
inferiores, estes tampões se formam devido a chamada
tríade de Virchow, a qual é composta pela
hipercoagulabilidade, lesão endotelial e estase do fluxo
sanguíneo, fatores estes que estão presentes no
período puerperal (PEREIRA et al., 2011).
Os principais sinais e sintomas relacionados à
TVP são: dor, edema, hipertermia, hiperemia e
sensação de peso nos membros inferiores; rigidez na
região da panturrilha e; presença de varizes (PEREIRA
et al., 2011).
Para avaliação dos sinais de TVP existem alguns
testes que podem ser realizados pelo profissional
médico e enfermeiro, como o Sinal de Homans, que
corresponde a dorsiflexão do pé em direção ao
tornozelo com resposta a dor. Tem-se também o Sinal

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 347


SAÚDE DA MULHER

de Bandeira, caracterizado pelo edema muscular à


palpação com diminuição da mobilidade da panturrilha,
e ainda Sinal de Bancroft, o qual consiste na
compressão da veia profunda contra a massa óssea
momento em que a pessoa refere dor. Entretanto,
apenas com a anamnese e exame físico não se
identifica a TVP. É necessária a realização de exames
complementares (PEREIRA et al., 2011).
Como foi possível verificar neste capítulo, a
assistência ao puerpério, seja no período de internação,
seja no acompanhamento domiciliar está intimamente
relacionada com a atuação da equipe de enfermagem,
em especial do técnico em enfermagem que estará
cotidianamente atendendo a mulher. Dominar os
fundamentos técnicos e científicos desse cuidado é
função de toda a equipe de saúde, de forma que a
mulher seja assistida com qualidade, afim de, continuar
o cuidado consigo e com seu filho no domicílio.

Leituras recomendadas

LIMA, D. M. O Cuidado de enfermagem no


puerpério cirúrgico: aplicação de um modelo de
cuidado. 146f. Dissertação [Mestrado em
Enfermagem]. Universidade Federal do Paraná.
Curitiba, 2013. Disponível em:

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 348


SAÚDE DA MULHER

<http://www.saude.ufpr.br/portal/ppgenf/wp-
content/uploads/sites/9/2016/01/O-CUIDADO-DE-
ENFERMAGEM-NO-PUERP%C3%89RIO-
CIR%C3%9ARGICO-APLICA%C3%87%C3%83O-
DE-UM-MODELO-DE-CUIDADO.pdf>. Acesso em:
16 jul. 2017.

MONTENEGRO, C. A. B.; REZENDE FILHO, J.


Obstetrícia fundamental. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde do


Paraná. Programa Rede Mãe Paranaense. Linha
guia. SESA-PR: Curitiba: SES-PR; 2014.
Disponível em:
<http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/MaePar
anaense_2014_LinhaGuia_Ed03_148x210mm__1.
pdf>. Acesso em: 16 jul. 2017.

UFRJ. Universidade Federal do Rio de Janeiro.


Assistência ao puerpério. Protocolos assistenciais.
Rio de Janeiro, 2013. Disponível em:
http://www.me.ufrj.br/portal/images/stories/pdfs/ob
stetricia/assistencia_ao_puerperio.pdf. Acesso em:
16 jul. 2017.

Sugestões de metodologias e recursos

- Aula expositiva e dialogada com auxílio de projetor


multimídia.
- Utilização de próteses mamárias para demonstração
das técnicas de amamentação.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 349


SAÚDE DA MULHER

- Utilização de vídeos educativos sobre as mudanças


físicas e hormonais do puerpério.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência integral à saúde


da mulher: bases da ação programática. Brasília: Ministério
da Saúde, 1984. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/assistencia_inte
gral_saude_acao_programatica.pdf>. Acesso em: 5 ago.
2016.

CABRAL, F. B; OLIVEIRA, D. L. L. C. Vulnerabilidade


de puérperas na visão de Equipes de Saúde da Família:
ênfase em aspectos geracionais e adolescência. Rev
Esc Enferm USP, v. 44, n. 2, p. 368-375, 2010.
Disponível: <http://dx.doi.org/10.1590/S0080-
62342010000200018>. Acesso em: 16 jul. 2017.

CATAFESTA, F. et al. A amamentação na transição


puerperal: o desvelamento pelo método de pesquisa-
cuidado. esc Anna Nery Rev Enferm. v. 13, n. 3, p.
609-16, jul./set, 2009. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ean/v13n3/v13n3a22.pdf>.
Acesso em: 16 jul. 2017.

FEBRASGO. Federação Brasileira das Associações de


Ginecologia e Obstetrícia. Manual de Orientação
Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério. São
Paulo, 2010. Disponível em:
<http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/ar
quivosUpload/13162/material/ASSIST%C3%8ANCIA%2

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 350


SAÚDE DA MULHER

0AO%20PARTO,%20PUERP%C3%89RIO%20E%20A
BORTAMENTO%20-%20FEBRASGO%202010.pdf>.
Acesso em: 7 nov. 2017.

LIMA, D. M. O Cuidado de enfermagem no puerpério


cirúrgico: aplicação de um modelo de cuidado. 146f.
Dissertação [Mestrado em Enfermagem]. Universidade
Federal do Paraná. Curitiba, 2013. Disponível em:
<http://www.saude.ufpr.br/portal/ppgenf/wp-
content/uploads/sites/9/2016/01/O-CUIDADO-DE-
ENFERMAGEM-NO-PUERP%C3%89RIO-
CIR%C3%9ARGICO-APLICA%C3%87%C3%83O-DE-
UM-MODELO-DE-CUIDADO.pdf>. Acesso em: 16 jul.
2017.

MONTENEGRO, C. A. B.; REZENDE FILHO, J.


Obstetrícia fundamental. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde do Paraná.


Programa Rede Mãe Paranaense. Linha guia. SESA-
PR: Curitiba: SES-PR; 2014. Disponível em:
<http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/MaeParanaen
se_2014_LinhaGuia_Ed03_148x210mm__1.pdf>.
Acesso em: 16 jul. 2017.

PEREIRA, M.A.M. et al. Diagnóstico da trombose


venosa profunda e particularidade na gravidez e
puerpério. Revista Med Minas Gerais, v. 21, n. 4, supl
6, p. 11-14, 2011. Disponível em:
<file:///C:/Users/Ana/Downloads/v21n4s6a03.pdf>.
Acesso em: 16 jul. 2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 351


SAÚDE DA MULHER

PINELLI, F. G. S.; ABRÃO, A. C. F. V. Cuidados com a


puérpera e o recém-nascido. In: BARROS, S. M. O.;
MARIN, H. F.; ABRÃO, A. C. F. V. Enfermagem
obstétrica e ginecológica: guia para a prática
assistencial. São Paulo: Roca, 2002.

RAVELLI, A. P. X. Consulta puerperal de enfermagem:


uma realidade na cidade de Ponta Grossa, Paraná,
Brasil.Rev. Gaúcha Enferm., Porto Alegre, v. 29, n. 1,
p. 54-59, 2008. Disponível em:
<http://www.seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermage
m/article/viewFile/5264/2998>. Acesso em: 16 jul. 2017.

REA, M. F. Os benefícios da amamentação para a


saúde da mulher. J Pediatria. Rio Janeiro, v. 80, n. 5
supl, p. 142-46, 2004. Disponível em:
<http://ibfan.org.br/documentos/outras/nov%202004%2
0rea.pdf>. Acesso em: Acesso em: 16 jul. 2017.

UFRJ. Universidade Federal do Rio de Janeiro.


Assistência ao puerpério. Protocolos assistenciais.
Rio de Janeiro, 2013. Disponível em:
http://www.me.ufrj.br/portal/images/stories/pdfs/obstetric
ia/assistencia_ao_puerperio.pdf. Acesso em: 16 jul.
2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 352


SAÚDE DA MULHER

ALEITAMENTO MATERNO1

Larissa Fungueto
Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você possa:


- Compreender a anatomia e fisiologia da mama.
- Conhecer os hormônios envolvidos no processo de
amamentação.
- Entender as fases do leite materno.
- Identificar complicações advindas do processo de
amamentação.
- Estar apto a orientar sobre amamentação.

O ALEITAMENTO MATERNO

Este espaço se destina ao registro de elementos


importantes que você técnico em enfermagem precisa
saber sobre o aleitamento materno. Sabe-se que há
inúmeros benefícios no ato de a mulher/mãe oferecer o

1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 353


SAÚDE DA MULHER

leite que produz, após o nascimento de seu filho. Mas


isso nem sempre acontece e, em alguns casos, por falta
de atuação dos profissionais de saúde, desde a
orientação para a gestante durante o pré-natal, até o
suporte a ela quando, porventura enfrente problemas
para implementar o aleitamento materno. Por isso, sua
atuação enquanto profissional de enfermagem,
embasada em conhecimento científico e técnico, pode
ser fundamental na garantia da manutenção do
aleitamento materno.
Em relação a fatores que podem contribuir para
o sucesso do aleitamento materno, o Ministério da
Saúde preconiza que o aleitamento materno deve ter
início logo após o nascimento, ainda na primeira hora
pós-parto, quando a criança está em estado de alerta
em decorrência do processo de nascimento (BRASIL,
2015; BRASIL, 2014a).
O aleitamento materno é considerado exclusivo
quando há apenas oferta do leite da mãe à criança,
podendo ser por contato direto da mama ou ordenhado.
Este contato da mãe com o filho se torna fase
importante para a construção do vínculo com a criança,
além de ser a principal fonte de nutrição, de baixo e

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 354


SAÚDE DA MULHER

nenhum custo e que diminui a morbimortalidade infantil


(BRASIL, 2015).
A oferta do leite materno deve ser exclusiva até
o sexto mês de idade da criança, a partir desta idade
poderão ser inseridos em sua dieta, outros alimentos,
juntamente com a amamentação, como alimentos
líquidos e pastosos que sejam adequados à criança até
dois anos. A exclusividade da amamentação nesse
período previne que a criança passe por algumas
patologias, como episódios de diarreia e quadros de
desnutrição, já que seu organismo está preparado para
digerir o leite materno (BRASIL, 2015).
Em 2007, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) definiu as classificações de aleitamento materno
e assim, passou a ser reconhecida no mundo inteiro,
conforme Quadro 1 (BRASIL, 2015).

Quadro 1. Classificação do aleitamento materno.


Aleitamento materno Apenas oferta de leite
exclusivo materno a criança de forma
direta ou por ordenha;
Aleitamento materno Oferta de leite materno e
predominante líquidos adicionais como
água, chás e sucos;
Aleitamento materno Oferta de leite materno
considerando a introdução
de outros alimentos ou não;
Aleitamento materno Oferta de leite materno além

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 355


SAÚDE DA MULHER

complementado de outros alimentos que


complementem a dieta e não
substituam a amamentação.
Aleitamento materno misto Oferta de leite materno e
ou parcial outros tipos de leite a
criança.
Fonte: Brasil(2015, p. 13).

Independente da alimentação de cada mulher, o


leite materno apresenta a mesma composição durante
toda a amamentação, tendo algumas concentrações
diferentes nos primeiros dias após o parto, quando
recebe a denominação de colostro. Nos primeiros dias,
o leite é mais concentrado em proteínas e possui
menos gordura que o leite considerado “maduro”, que é
formado a partir do sétimo dia após o parto. Esta
concentração também é alterada durante as mamadas,
em que a quantidade de gordura vai aumentando e o
leite do final de cada mamada se torna mais calórico,
sendo assim o que sacia a criança (BRASIL, 2009;
BRASIL, 2015).

Não esqueça:

O Colostro é o leite materno produzido a partir do


nascimento até aproximadamente 7 dias, é pouco gorduroso
(BRASIL, 2011; BRASIL, 2015), aspecto no início das
mamadas de água doce. Enquanto o leite “maduro”, é mais
gorduroso, aspecto encorpado, produzido a partir de

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 356


SAÚDE DA MULHER

aproximadamente de 7 dias até o final do processo de


amamentação (BRASIL, 2011; BRASIL, 2015), o qual deve
ser de 2 anos.

Além da nutrição que o leite humano oferece,


sua composição possui vários anticorpos vindos do
sistema imunológico da mãe e que protegem a criança
de possíveis infecções. Um dos principais anticorpos é
a Imunoglobulina A (IgA), que diminui sua concentração
no leite materno na primeira semana pós-parto e, após
este período volta a seus valores normais, necessários
para combater os microrganismos presentes nas
mucosas e secreções e, proteger a criança (BRASIL,
2009; BRASIL, 2011; BRASIL, 2015).

Anatomia e Fisiologia das Mamas

Para que a mama possa ser preparada para a


amamentação existem algumas fases de modificação
para que o objetivo final seja alcançado, o de produzir
leite, sendo então três fases. A fase I classifica-se como
a etapa de formação/adaptação da mama por meio dos
hormônios, em que o leite é produzido e armazenado.
Glândulas chamadas de lobos mamários são
constituídas por 15 a 25 lobos em cada mama. O lobo é
formado por 20 a 40 lóbulos (BRASIL, 2015). Os lóbulos
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 357
SAÚDE DA MULHER

são constituídos de até 100 alvéolos que produzem o


leite e o encaminham para ductos mamários, que
dilatam durante as mamadas e ejetam o leite, em
resposta a sucção (LOWDERMILK, et. al. 2012;
BRASIL, 2015). A Figura 1 mostra as estruturas das
mamas envolvidas na lactação.

Figura 1. Anatomia da mama.


Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (2017, sp).

Ainda na fase I, os hormônios femininos


começam a atuar de diferentes formas no corpo da
mulher durante a gravidez, como por exemplo, o
estrogênio que forma os ductos mamários e o
progestogênio que desenvolve os lóbulos. Estes dois
hormônios atuam nesta formação mamária nos
primeiros 4 meses de gestação, após este período as
secreções se intensificam e começa a produção do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 358
SAÚDE DA MULHER

colostro que distende os alvéolos (BRASIL, 2009;


BRASIL, 2015).
Outros hormônios importantes e presentes
durante o processo de amamentação e que
caracterizam a chegada da fase II da produção de leite,
é a prolactina e a ocitocina, que são liberadas na
corrente sanguínea da puérpera, a partir do estímulo da
sucção da mama pelo bebê. Estes hormônios são
liberados através de sinais que chegam ao cérebro no
hipotálamo, que libera outros hormônios da
adenohipófise, e estimula a parte anterior da hipófise
para secretar prolactina. Quando a parte posterior é
estimulada ocorre a liberação de ocitocina, que age nas
células dos lobos e ductos mamários, provocando a
contração e ejeção do leite. O leite pode ser ejetado no
período pós-parto imediato, levando cerca de minutos,
este fato ocorre também devido à alta sensibilidade dos
mamilos, que no primeiro contato sinalizam as
terminações nervosas a liberarem ocitocina, por isso é
importante o primeiro contato do recém-nascido com a
mama ainda na sala de parto. Além disso, a liberação
de ocitocina provoca a contração muscular do útero
durante a amamentação, o que ajuda na diminuição do
útero no puerpério, reduzindo o risco de hemorragia

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 359


SAÚDE DA MULHER

(BRASIL, 2011; LOWDERMILK, et. al, 2012; BRASIL,


2015).

Figura 2: Reflexo da ocitocina e da prolactina para produção de


leite.
Fonte: Lowdermilk et al. (2012, p. 608).

Além da liberação dos hormônios pela sucção


do bebê, a ocitocina é secretada a partir de outros

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 360


SAÚDE DA MULHER

estímulos, como o contato mãe e criança durante a


amamentação, o olhar e o cheiro, fatores que trazem
tranquilidade para apuérpera. A ocitocina pode parar de
ser liberada ou ser diminuída, em situações em que o
evento amamentar torna-se desconfortável, por fatores
como a dor, estresse, cansaço, medo da puérpera,
entre outros. Com estas situações, a ejeção do leite
materno se altera. Nos primeiros dias pós-parto a
quantidade de leite costuma ser pequena, em média 40
a 50 ml no primeiro dia, chegando a 800 ml no quinto
dia “período de apojadura”, aumentando sua produção
com o passar dos dias. Esta etapa de pós-parto e
descida do leite dá início afase III da lactação, que se
estende por todo o período de amamentação
dependendo da sucção do bebê e esvaziamento da
mama (BRASIL, 2015).
A produção do leite materno também depende
do esvaziamento da mama, pois o leite possui
substâncias que inibem sua própria produção, por isso
sua remoção contínua garante sempre a reposição do
leite, um ciclo importante para garantir a produção do
leite em quantidade suficiente. Normalmente a nutriz
produz mais leite do que o necessário para seu bebê,
isto depende de quantas vezes a criança mama no dia,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 361


SAÚDE DA MULHER

em média a produção é de 800 ml quando a


amamentação é exclusiva (BRASIL, 2009; BRASIL,
2015).

Técnica de Amamentação

A técnica correta de amamentação não


depende apenas da forma como o recém-nascido faz a
sucção, mas também da posição que a mulher e o bebê
se colocam para este evento. Para que haja a ejeção do
leite de forma correta e eficaz, o bebê precisa fazer a
sucção abocanhando toda a aréola, conforme a Figura
2, esse contato forma um tipo de vácuo, em que a
língua faz a pressão das estruturas para a ejeção do
leite. O posicionamento da puérpera e do bebê durante
a amamentação são muito importantes, para que a
prática de sucção e ejeção do leite sejam eficientes,
uma dica é lembrar sempre a puérpera, que é o bebê
que vai até a mama e não ao contrário. Esse
movimento de encontro deve acontecer quando, o bebê
for levado ao peito, para que ambos estejam prontos
para o processo iniciar (BRASIL, 2015).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 362


SAÚDE DA MULHER

Figura 2. Local da pega correta do bebê.


Fonte: Brasil (2009) apud Brasil (2015, p. 26)

A mulher pode escolher a posição para a


amamentação que ela e o bebê melhor se adaptem. As
posições podem ser deitada, sentada ou em pé, o
importante é sentirem-se mãe e bebê confortáveis e
seguros. Quando amamentar deitada, a puérpera deve
atentar-se para alguns cuidados, como deitar-se
sempre de lado, utilizando um apoio para seu tronco e
cabeça, aproximando o bebê junto a seu corpo. A
puérpera com um braço deve segurar o pescoço e
tronco da criança alinhados e com o outro braço,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 363


SAÚDE DA MULHER

auxiliar na aproximação da boca do bebê ao seio. Para


amamentar sentada e garantir o contato entre a
puérpera e o bebê, conforme a Figura 3, o abdome do
bebê deve estar voltado para sua mãe, e sua boca de
frente para o mamilo materno, com o queixo tocando o
peito da puérpera (BRASIL, 2007). Ambas devem estar
com roupas confortáveis. Em geral independentemente
da posição é importante que a puérpera segure a
criança bem apoiada e alinhada a seu corpo. A cabeça
do bebê deve estar direcionada em frente ao seio
escolhido para aquela mamada, com o pescoço pouco
estendido, seu queixo deve estar encostado na mama e
o lábio superior voltado para fora (BRASIL, 2015).

Figura 3. Pega adequada do bebê no seio materno.


Fonte: Brasil (2009) apud Brasil (2015, p. 34).

A oferta do leite materno, deve ser sob livre


demanda, ou seja, quando o bebê quiser. Oferecer a
segunda mama, somente quando estiver esvaziada a
primeira, situação mais corriqueira após dias de

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 364


SAÚDE DA MULHER

nascimento, quando a necessidade nutricional é maior.


Esta situação deve garantir o esvaziamento das
mamas. Importante não interromper os episódios de
mamadas antes que o bebê atinja a porção final do
leite, pois este é rico em gorduras. Ao término dos
episódios de amamentação, o bebê deve soltar mamilo
e aréola espontaneamente. Caso este fato não ocorra,
a falange mínima (dedo menor) da puérpera deve ser
colocada na boca da criança, para que ela solte aos
poucos a mama, evitando o trauma pela tração. Caso
após a mamada não esvazie as mamas
completamente, é importante fazer a retirada manual
(ordenha) do leite, para que a próxima mamada não
fique comprometida, devido as mamas estarem turgidas
(BRASIL, 2007; BRASIL, 2015).

PROBLEMAS RELACIONADOS À AMAMENTAÇÃO

É possível que você se depare com situações


relacionadas à amamentação que exigirão intervenções
ou orientações para a gestante ou puérpera. Dentre
elas destacam-se, os mamilos planos ou invertidos, o
ingurgitamento mamário e os mamilos lesionados,
situações que são abordadas a seguir.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 365


SAÚDE DA MULHER

Mamilos planos ou invertidos


Não deve haver grande preocupação quando o
mamilo estiver com forma plana ou invertida, pois todos
os tipos possibilitam a amamentação, já que o bebê faz
a pega de toda a aréola, como demostrado na Figura
2(BRASIL, 2007; BRASIL, 2009; BRASIL, 2015). É
necessário que o profissional se dedique a
amamentação para que esta ocorra com sucesso,
iniciando o processo de orientação ainda no pré-natal, e
continuar logo após o nascimento do bebê, como
comentado no início deste capítulo.
Alguns pontos são destacados para ajudar as
puérperas, como a explicação de todo o processo de
amamentação. Conforme o bebê for se adaptando ao
formato dos mamilos, a própria sucção auxilia a eles se
tornarem mais propícios a amamentação.
É importante ajudar a mulher a realizar a pega do
bebê na aréola e mamilo, pois, inicialmente pode ser
difícil que o bebê abocanhe toda a aréola, por isso
deve-se colocar o mamilo primeiramente e auxiliar para
que ele abocanhe parte da aréola. Algumas posições
podem se tornar mais confortáveis para este processo,
então auxilie-a puérpera a escolher a mais confortável
para ela e seu filho(BRASIL, 2015).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 366


SAÚDE DA MULHER

Salienta-se a importância de seguir as


orientações relacionadas anteriormente em Técnicas de
Amamentação.

Ingurgitamento mamário
Esta situação acontece devido ao aumento da
vascularização da mama, a retenção de leite nos
alvéolos ou por edema, a partir da obstrução da
drenagem do sistema linfático, que dificulta assim, a
saída de leite dos alvéolos, podendo levar a interrupção
da produção de leite ou ainda ao acúmulo do mesmo,
que acaba se tornando mais grosso e é conhecido por
“leite empedrado” (BRASIL, 2015).
Existem dois tipos de ingurgitamento mamário, o
fisiológico que é normal, e aparece com sinais discretos
evidenciando a descida do leite, e o patológico,
normalmente entre o terceiro e quinto dia após o parto,
ocasionando inchaço nas mamas, distensão da pele e
hiperemia, além de levar o achatamento dos mamilos o
que dificulta a pega pelo bebê, o que leva a maior
acúmulo de leite, gerando infecção conhecida por
mastite, mais comum nos primeiros dias pós parto, no
entanto pode ocorrer em qualquer período da

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 367


SAÚDE DA MULHER

amamentação (LOWDERMILK, et. al, 2012; BRASIL,


2015).
Algumas medidas podem auxiliar na
amamentação, como verificar se antes da mamada a
aréola está tensa, se estiver, indica-se realizar
massagem e ordenha manual, possibilitando que esta
fique macia ajudando a pega adequada do bebê.
Devem ser possibilitadas, mamadas frequentes em livre
demanda, para que o leite não se acumule.
Compressas frias e pouca manipulação das mamas,
são importantes para reduzir a produção de leite
excessiva. Nos casos de mastites, quando a mama fica
quente, vermelha, edemaciada, com dor local, podendo
apresentar eliminação de secreção purulenta, além dos
cuidados acima mencionados o tratamento deve ser
com antibiótico específico (BRASIL, 2009;
LOWDERMILK, et. al, 2012; BRASIL, 2015).

Mamilos lesionados
A puérpera pode sentir algum desconforto após o
início do processo de amamentação, esse desconforto
tende a diminuir com os dias de aleitamento.
Geralmente as lesões mamilares como as fissuras,
ocorrem devido aomau posicionamento durante a

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 368


SAÚDE DA MULHER

amamentação ou pega inadequada, assim como, o uso


de cosméticos e pomadas, protetores de mamilo, que
deixam o local úmido e propício à formação de lesões.
Com isso, deve-se garantir uma boa pega, com a
identificação das causas de lesão mamilar, de forma a
manter os mamilos sempre secos, incentivar a
exposição ao sol, trocar forros com frequência, quando
houver vazamento de leite não utilizar nenhum tipo de
produto para limpeza ou hidratação dos mamilos
(BRASIL, 2009; BRASIL, 2015).

CURIOSIDADES SOBRE O LEITE MATERNO

Existem algumas situações que restringem a


puérpera de implementar a amamentação, as quais
devem ser monitoradas e orientadas de forma correta.
São poucas estas situações, mas o profissional de
saúde que acompanha a puérpera deve estar atento
para possível substituição total ou parcial do leite
materno. Nos casos descritos a seguir, deve haver
suspensão total do leite materno (BRASIL, 2015).
- Mães infectadas pelo vírus HIV e/ou pelo Vírus
linfotrópico da célula T humana (HTLV1 e 2);
- Puérperas que fazem uso de fármacos não
compatíveis com a amamentação e que são

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 369


SAÚDE DA MULHER

contraindicados, como no caso de antineoplásicos e


radiofármacos. Sugere-se para aprofundar o tema, a
leitura do manual do Ministério da Saúde, publicado sua
segunda edição em 2010, intitulado a Amamentação e
uso de medicamentos e outras substâncias (BRASIL,
2010);
- Crianças que não podem ingerir leite humano ou
qualquer leite que contenha lactose.
Em outros casos, ainda pode ser necessária a
suspensão temporária do leite materno (BRASIL, 2015):
- Casos em que a mãe possua infecção herpética, que
haja lesões na pele da mama, podendo ser oferecida a
mama que estiver sadia;
- Quando a puérpera tiver tido contado com o vírus da
Varicela no período de cinco dias antes do parto ou dois
após, deve ser mantida em isolamento até que as
lesões cicatrizem e fiquem em forma de crosta. Deve-se
atentar para que a criança receba a Imunoglobulina
Humana Antivaricela Zoster o mais precocemente
possível (BRASIL, 2014b);
- Puérperas portadoras de doença de Chagas;
- Uso de drogas.
Em todos os casos de suspensão temporária,
deve-se manter a ordenha manual com a retirada do

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 370


SAÚDE DA MULHER

leite, mantendo-se assim o esvaziamento e estímulo de


produção. Em outros casos a amamentação não deve
ser suspensa, como na:
- Tuberculose: mães não tratadas ou que estão nas
primeiras duas semanas de tratamento devem
amamentar fazendo o uso de máscaras e cuidando o
contato muito próximo a criança, para que não haja
transmissão via gotículas. O recém-nascido deve ser
acompanhado para receber tratamento e fazer teste
tuberculínico (BRASIL, 2015);
- Hanseníase: a primeira dose de Rifampicina é
suficiente para que a mãe não transmita a doença para
a criança, ou seja, pode-se manter a amamentação
desde que a mãe inicie tratamento (BRASIL, 2015);
- Hepatite B: realizar a administração de imunoglobulina
específica no recém-nascido, sendo o suficiente para
eliminar o risco de transmissão pela
amamentação(BRASIL, 2015).

Existe leite fraco? O leite materno é suficiente?


Quando iniciar a introdução de outros alimentos?
Em muitos casos as dúvidas frente à
amamentação acabam sendo as mesmas de puérpera
para puérpera, como, saber quando amamentar, a
quantidade necessária, se o leite do peito é o suficiente,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 371


SAÚDE DA MULHER

se o leite não é considerado “fraco” e entre outras.


Diante disso, algumas dúvidas devem ser esclarecidas
o quanto antes para garantir um aleitamento materno
eficiente e seguro.
O leite de uma puérpera nunca é considerado
fraco, ele altera sua constituição durante todo o período
pós-parto. Como comentando anteriormente, o leite
pode possuir mais ou menos gordura ou proteínas, e
ainda possuir características diferentes no seu aspecto
ou consistência, mas independente disso, ele possui
todos os nutrientes necessários para o recém-nascido.
Além disso, o leite é capaz de matar a sede e hidratar o
bebê, e também o protege contra doenças infecciosas e
alergias através da produção de anticorpos do corpo da
mãe que são passados durante a amamentação.
Lembrando que, cada mulher só tem condições de
amamentar seu filho, produz nutrientes em quantidades
específicas para ele, como é o caso das mães de
recém-nascidos pré-termo (BRASIL, 2014a).
Até o sexto mês a amamentação deve ser
exclusiva, pois o corpo do recém-nascido ainda não
está apto a digerir componentes de outros leites,
podendo assim desenvolver alergias, quadros de
diarreia e ainda atrapalhar em seu crescimento. A

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 372


SAÚDE DA MULHER

introdução de outros alimentos também pode interferir


na produção de leite da puérpera, por isso, só após os
seis meses, outros alimentos podem ser inseridos na
dieta do bebê. A mulher deve procurar uma equipe de
saúde para fazer o acompanhamento e receber as
indicações necessárias para iniciar a introdução de
outros alimentos (BRASIL, 2014a; BRASIL, 2015).
Outro ponto importante é esclarecer a puérpera
que seu leite é alimento suficiente para seu bebê, e que
isso pode ser garantido através da avaliação do ganho
de peso e altura no decorrer das semanas de vida. Na
primeira semana pós-parto é fisiológico que o bebê
perca peso, com a amamentação logo ele terá o peso
reposto e começará a aumentar em relação ao seu
nascimento, por isso também é importante oferecer o
peito várias vezes ao dia, em livre demanda, sem se
preocupar com a frequência das mamadas, porque o
recém-nascido precisa mamar várias vezes ao dia para
se sentir satisfeito, já que seu estômago é pequeno e
não comporta grande volume de leite. Torna-se então
imprescindível, o acompanhamento com uma equipe de
saúde para monitorar os ganhos e perdas do bebê e
consequentemente a eficácia da amamentação
(BRASIL, 2014a).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 373


SAÚDE DA MULHER

Leituras recomendadas

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da criança:


aleitamento materno e alimentação complementar.
Brasília: Ministério da Saúde, 2015. (Cadernos de
Atenção Básica 23). Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_cria
nca_aleitamento_materno_cab23.pdf>. Acesso em: 1
abr. 2017.

Sugestões de metodologias e recursos

- Materiais para apresentação audiovisuais;


- Maquetes e próteses para simulação das técnicas
de amamentação;

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Promovendo o aleitamento materno. Álbum
seriado. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da criança:


nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação
complementar. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
(Cadernos de Atenção Básica, n. 23).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria da Atenção à


Saúde. Amamentação e uso de medicamentos e
outras substâncias. 2. ed. Brasília: Ministério da
Saúde, 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Ações Programáticas e
Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido:

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 374


SAÚDE DA MULHER

guia para os profissionais de saúde. Brasília: Ministério


da Saúde, 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual dos centros de


referência para imunobiológicos especiais. 4. ed.
Brasília: Ministério da Saúde, 2014a.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde, Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas, Coordenação de Saúde no Sistema
Prisional. Aleitamento Materno para Mulheres
Privadas de Liberdade, v. 1, p. 14-22. Brasília:
Ministério da Saúde, 2014b.

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da criança:


aleitamento materno e alimentação complementar.
Brasília: Ministério da Saúde, 2015. (Cadernos de
Atenção Básica 23). Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_cria
nca_aleitamento_materno_cab23.pdf>. Acesso em: 1
abr. 2017.

LOWDERMILK, et. al. Obstetrícia e Saúde da Mulher.


10. ed.Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP).


Conversando com o Pediatra. sd. Disponível em:
<http://www.conversandocomopediatra.com.br/paginas/
materias_gerais/mamas_e_seu_funcionamento.aspx>.
Acesso em: 1 abr. 2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 375


SAÚDE DA MULHER

AFECÇÕES GINECOLÓGICAS1

Mateus Souza da Luz


Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você


possa:
- Conhecer as afecções mais frequentes em
ginecologia;
- Identificar as atribuições do técnico em
enfermagem durante o processo de cuidar da
mulher com afecção ginecológica;
- Atuar no cuidado a mulher com afecção
ginecológica;
- Realizar educação em saúde para mulheres sobre
afecções ginecológicas.

AS DOENÇAS DAS MULHERES E AS AFECÇÕES


GINECOLÓGICAS

1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 376


SAÚDE DA MULHER

Ao longo da história da humanidade, é percebido


que as desigualdades de poder masculino e feminino,
implicaram fortemente nas desigualdades de gênero e
com isso somam-se aos problemas de saúde que
acometem as mulheres mundialmente (BRASIL, 2013).
As questões de gênero que, no caso da mulher,
dizem respeito, “[...] ao conjunto de relações, atributos,
papéis, crenças e atitudes que definem o que significa
ser homem ou ser mulher as expõem a padrões
distintos de sofrimento, adoecimento e morte” (BRASIL,
2013, p. 23).
Tendo em vista essas vulnerabilidades é
necessário que se incorporem as questões de gênero
no perfil epidemiológico, bem como se pense em
políticas e programas que promovam “[...] a melhoria
das condições de vida, a igualdade e os direitos de
cidadania da mulher” (BRASIL, 2013, p. 23).
A pirâmide etária brasileira vem se modificando e
mostra que o envelhecimento está superando as taxas
de nascimento, e nota-se que a população que tem
maior expectativa de vida é a feminina, porém elas
adoecem com maior frequência. Os estudos têm
demonstrando que as causas de morte feminina têm
maior relação com a discriminação e com a

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 377


SAÚDE DA MULHER

vulnerabilidade a certas patologias do que às próprias


características biológicas (BRASIL, 2013).
As doenças crônico degenerativas, juntamente
com as infectocontagiosas, representam as maiores
causas de adoecimento atualmente e a população
feminina está exposta a toda sorte de patologias. Tendo
em vista, que esse capítulo abordará as afecções
ginecológicas, destacaremos aquelas que, segundo
perfil epidemiológico têm acometido em maior extensão
as mulheres fazendo-se necessário abordar as
Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), bem
como os cânceres de colo uterino e de mamas
(BRASIL, 2013).
O governo federal lançou uma proposta para o
enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis
no Brasil (2011-2022), que abrange quatro principais
patologias, quais sejam: “[...] doenças do aparelho
circulatório, respiratórias crônicas, diabetes e câncer; e
os fatores de risco: tabagismo, consumo nocivo de
álcool, inatividade física, alimentação inadequada e
obesidade” (BRASIL, 2013, p. 24).
Cabe aqui destacar as metas nacionais no que
se refere ao câncer feminino, definidas pelo Ministério
da Saúde que abrangem o aumento da cobertura da

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 378


SAÚDE DA MULHER

mamografia entre as mulheres de 50 a 69 anos; a


ampliação da cobertura do exame citopatológico nas
mulheres na faixa etária entre 25 e 64 anos; tratamento
de 100% das mulheres diagnosticadas com lesões
precursoras de câncer (BRASIL, 2013).
Já, as principais ações para o enfrentamento dos
cânceres do colo do útero e da mama, definidas para o
território nacional são:

1. Aperfeiçoamento do rastreamento
dos cânceres do colo do útero e da
mama.
2. Universalização desses exames a
todas as mulheres,
independentemente de renda, raça,
cor, reduzindo desigualdades, e
garantia de 100% de acesso ao
tratamento de lesões precursoras de
câncer (BRASIL, 2013, p. 24).

A equipe da atenção básica de saúde fica


responsável pela população da sua área adstrita, bem
como deve promover as ações que vão ao encontro dos
princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. No
que diz respeito ao rastreamento do câncer de colo
uterino e do câncer de mama, cabe a essa equipe o
acolhimento, a coleta do exame citopatológico de colo
uterino, a realização do exame clínico das mamas, a

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 379


SAÚDE DA MULHER

solicitação da mamografia, análise e interpretação dos


dados clínicos e laboratoriais, tratamento das IST, dos
achados anormais nos exames acima mencionados e
das vulvovaginites, bem como encaminhamento aos
serviços de referência, caso identifique alterações
celulares precursoras de câncer.
Você técnico em enfermagem ao compor uma
equipe da atenção básica, tem como atribuições:

a. Atender as usuárias de maneira


integral;
b. Realizar cuidado paliativo, na
unidade de saúde ou no domicílio, de
acordo com as necessidades da
usuária;
c. Participar do gerenciamento dos
insumos necessários para a
adequada realização do exame
citopatológico;
d. Contribuir, participar e realizar
atividades de educação permanente
(BRASIL, 2013, p. 35).

O câncer de mama é resultante da proliferação


descontrolada de células anormais, que surgiram em
decorrência de alterações genéticas hereditárias ou
aquelas adquiridas em exposição a fatores fisiológicos
ou ambientais, cabendo aqui destacar que os homens
também podem desenvolver o câncer de mamas,
porém em uma escala que chega a 1%(BRASIL, 2013).
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 380
SAÚDE DA MULHER

Para mulheres as estimativas, em 2014 e 2015


indicavam que seriam diagnosticados 57.120 novos
casos de câncer de mama constituindo-se no segundo
tipo de câncer mais frequente no Brasil depois do
câncer de pele não melanoma (INCA, 2015). A
apresentação de um tumor de mama é exemplificada na
figura 1 em que se observa o tumor e a rede linfática
das mamas que pode ser comprometida quando ocorre
o câncer de mama.

Figura 1. Câncer de mama


Fonte: http://cancer-de-mama.com/como-prevenir-el-cancer-de-
seno/

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 381


SAÚDE DA MULHER

Considerado um problema de saúde pública, pois


sua heterogeneidade no que diz respeito às variações
clínicas, morfológicas e variabilidade genética tem
grande repercussão nas respostas terapêuticas. O
processo de proliferação das células anormais até o
surgimento do câncer é lenta, podendo demorar anos
até que seja possível palpar o tumor. Esse processo de
formação tumoral consiste em três fases: “iniciação,
fase em que os genes sofrem ação de fatores
cancerígenos; promoção, fase em que os agentes
oncopromotores atuam na célula já alterada; e
progressão, caracterizada pela multiplicação
descontrolada e irreversível da célula” (BRASIL, 2013,
p. 54).
A história natural do câncer de mama é dividida
em duas fases. A primeira denominada de pré-clínica,
diz respeito ao tempo necessário para que a primeira
célula maligna se multiplique até a formação do tumor,
já a segunda fase é a clínica que corresponde ao
período posterior ao diagnóstico do tumor (BRASIL,
2013).
A mama possui uma riqueza de vasos linfáticos e
após o aparecimento do tumor acabam surgindo novas
cadeias que são denominadas de peritumorais, sendo a

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 382


SAÚDE DA MULHER

parede desses altamente permeáveis, permitindo assim


a disseminação através da linfa de células malignas que
afetam os gânglios regionais, chegando na circulação
sanguínea e através de metástase se implantando em
outros órgãos, dos quais os principais sítios são os
“ossos, pulmões e pleura, fígado, e com menor
frequência cérebro, ovário e pele” (BRASIL, 2013, p.
87).
São considerados fatores de risco para o
desenvolvimento de câncer de mama, as situações
descritas no Quadro1.

Quadro 1 –Fatores de Risco para o desenvolvimento de


câncer de mama:
Idade
Menarca precoce
Menopausa tardia
Primeira gravidez após os 30 anos
Nuliparidade
Exposição à radiação
Terapia de reposição hormonal
Obesidade
Ingestão regular de álcool
Sedentarismo
História familiar
Fonte: Brasil (2013, p. 87); Inca (2014).

As manifestações clínicas mais encontradas em


mulheres portadores de câncer de mama são: “Nódulo
palpável, endurecimento da mama, secreção mamilar,
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 383
SAÚDE DA MULHER

eritema, mama com aspecto de "casca de laranja",


Retração ou abaulamento, inversão, descamação ou
ulceração do mamilos, linfonodos axilares palpáveis”
(BRASIL, 2013, p. 90).
O diagnóstico ou detecção precoce é o principal
aliado para a redução de diagnósticos tardios que
culminam em maiores agravos, aumentando assim a
incidência de mortalidade. Uma das alternativas para a
detecção precoce consiste na educação em saúde,
outras não menos importantes são o acesso facilitado
aos serviços de saúde e o rastreamento por meio da
mamografia em pacientes com idade igual e superior a
40 anos, assintomáticas (BRASIL, 2013; INCA 2015).
A detecção precoce busca o diagnóstico dos
casos de câncer na sua fase inicial, quando o
prognóstico pode ser promissor e a mortalidade
diminuída. Ela se diferencia das ações de prevenção,
as quais têm o objetivo de evitar a ocorrência da
doença e suas estratégias se voltam “[...] para a
redução da exposição aos fatores de risco. Por outro
lado, os métodos existentes para a detecção precoce
do câncer de mama não reduzem a incidência, mas
podem reduzir a mortalidade pela doença” (INCA, 2015,
p. 19).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 384


SAÚDE DA MULHER

Deve-se incentivar as mulheres o autopalpação


das mamas, para que elas conheçam seu corpo e, na
presença de qualquer alteração saibam que devem
procurar os serviços de saúde, cabendo aos
profissionais, o atendimento humanizado mediante
achados anormais. Esta ação contribui para o
diagnóstico precoce do câncer de mama e deve ser
realizado rotineiramente pela mulher sem a
necessidade de seguimento de um método específico
(BRASIL, 2013; INCA, 2015).

AUTOPALPAÇÃO DAS MAMAS

Até 2015 era consenso o ensino da técnica de


auto exame de mamas que encontra-se em discussão,
dada a inconclusão dos estudos ou a dificuldade em se
realizar estudos quantitativos que pudessem medir o
efeito das ações de diagnóstico precoce através do auto
exame das mamas. Contudo, indica-se a continuidade
de campanhas de conscientização da população acerca
do conhecimento anatômico da mama e de suas
alterações ao longo da vida e, na mulher, durante o
ciclo menstrual, além dos sinais de alerta para
existência do câncer de mama (INCA, 2015).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 385


SAÚDE DA MULHER

O valor da autopalpação se sustenta no fato de


que cada mulher possui características individuais em
suas mamas que elas podem reconhecer como normais
ou identificar possíveis anormalidades ao longo do ciclo
vital.

A observação e a autopalpação
ocasional das mamas podem
contribuir para que as mulheres
avaliem melhor o que é normal para
elas e percebam possíveis
mudanças. As alterações, como um
nódulo persistente na mama ou um
nódulo na axila de aparecimento
recente, devem ser valorizadas e
merecem uma avaliação médica
imediata. Outras alterações, como
abaulamento ou retração da pele das
mamas, eritema ou edema
persistentes, mudanças no formato e
presença de secreção espontânea
pelos mamilos (descarga papilar),
também merecem uma avaliação
médica (INCA, 2015, p. 73).

Para a realização correta do autopalpação das


mamas a mulher ou o homem sugere-se a seguinte
sequência, embora cada pessoa possa aprender a se
tocar e identificar, a seu modo, possíveis alterações:
“Inspeção estática, inspeção dinâmica, palpação das

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 386


SAÚDE DA MULHER

mamas e das cadeias ganglionares axilares e


supraclaviculares” (BRASIL, 2013, p. 95).
A inspeção estática assim como a dinâmica
consiste em observar alterações que podem ser
sugestivas de câncer, tais como: assimetrias, alterações
na coloração da pele, disposição da rede venosa e a
textura da pele. A única diferença está na realização de
ambos, ou seja, na inspeção estática os braços ficam
parados ao longo do corpo, e já na dinâmica deve-se
elevar lentamente os membros superiores para
observação de achados (BRASIL, 2013).
A palpação pode ser realizada deitada ou em pé
de preferência no chuveiro durante o banho, pois as
mãos deslizam com maior facilidade. Orientar a mulher
para tocar ambas as mamas, uma de cada vez. Coloca-
se a mão atrás da cabeça respeitando a mama que
será palpada. Em movimentos circulares ou em aro de
bicicleta a mulher realiza a palpação observando
principalmente alterações na temperatura da pele ou
presença de nódulos. Deve ainda palpar as cadeias de
linfonodos da região axilar e finalizar a palpação com a
leve pressão sobre o mamilo para averiguar presença
de descarga papilar. São achados normais as
secreções leitosas que indicam relação com a fase do

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 387


SAÚDE DA MULHER

ciclo ovariano e anormais aquelas purulentas ou com


raias de sangue (BRASIL, 2013).

Métodos Diagnósticos

O método diagnóstico mais conhecido e


difundido é a mamografia, porém existem outros
métodos não invasivos que também são importantes,
tais como: a ultrassonografia e a ressonância magnética
(BRASIL, 2013).
Existem ainda os métodos invasivos que são
responsáveis pelo fechamento histopatológico, que irá
definir o tratamento no qual deverá se submeter a
pessoa acometida pelo tumor. São métodos invasivos:
a biópsia cirúrgica, biópsia percutânea com agulha
grossa, punção com agulha fina e a biópsia percutânea
a vácuo (mamotomia) (BRASIL, 2013).

Tratamento

O tratamento será implementado de acordo com


o estágio da doença e sua localização, quando a equipe
de saúde optará por tratamentos locais ou sistêmicos.
Os locais seriam, sempre que possível conservadores
realizando-se a retirada do quadrante onde está
localizado o tumor, usando uma margem de segurança

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 388


SAÚDE DA MULHER

para que não ocorram recidivas devido a presença de


células malignas, associa-se a retirada com o uso da
radioterapia e para garantia de eliminação de estruturas
microscópicas. Já o tratamento sistêmico seria eleito de
início quando a doença já está em estágio avançado,
com metástases a distância. Nestes casos a
quimioterapia deverá ser realizada para redução da
massa tumoral para que possa, posteriormente ser
retirada por meio de procedimento cirúrgico (BRASIL,
2013).

CÂNCER DE COLO UTERINO

É caracterizado pelo crescimento desordenado


das células do epitélio do útero, podendo comprometer
as partes mais internas do tecido e atingir órgãos que
estão próximos ou a distância do útero, em um
processo denominado de metástase (BRASIL, 2013).
“Com aproximadamente 530 mil casos novos por
ano no mundo, o câncer do colo do útero é o terceiro
tipo de câncer mais comum entre as mulheres, sendo
responsável pelo óbito de 274 mil mulheres por ano”
(WHO, 2008 apud BRASIL, 2013, p. 42).
Estudos realizados pelos diferentes autores e em
diversos países e localidades, demonstraram que, em

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 389


SAÚDE DA MULHER

aproximadamente 99% dos carcinomas cervicais de


colo uterino, tiveram como isolamento o Papilomavírus
Humano (HPV) (IARC, 2007 apud BRASIL, 2013). A
contaminação pelo HPV atinge número expressivo de
mulheres tendo em vista que, “[...] até 80% das
mulheres sexualmente ativas irão adquiri-la ao longo de
suas vidas” (SANJOSE, 2007 apud BRASIL, 2013, p.
43).
Mas afinal quem é o HPV de quem tanto
falamos? O HPV é um DNA-vírus que está associado
com verrugas na região anogenital, podendo também
aparecer em outras regiões do corpo. “Atualmente, há
mais de 200 tipos de HPV descritos, sendo que
aproximadamente 40 tipos infectam o trato anogenital e
pelo menos 20 subtipos estão associados ao carcinoma
do colo uterino” (BRASIL, 2015, p. 80). Os estudos
investigativos comprovam que os subtipos 16 e 18,
foram isolados em cerca de 70% dos casos
diagnosticados de câncer de colo uterino (SMITH et al.,
2007, apud BRASIL, 2013).
O HPV é mundialmente considerado a infecção
sexualmente transmissível com maior ocorrência. Suas
apresentações clínicas são:

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 390


SAÚDE DA MULHER

a. Apresentação latente: ocorre


quando as pessoas infectadas por
HPV não desenvolvem qualquer
lesão. Essa condição pode
permanecer durante toda a vida.
b. Apresentação subclínica: a lesão
subclínica ocorre quando as
microlesões pelo HPV são
diagnosticadas por meio de exame de
Papanicolaou e/ou colposcopia com
ou sem biópsia.
c. Apresentação clínica (lesão
macroscópica): a forma mais comum
de apresentação é conhecida como
verruga genital ou condiloma
acuminado (BRASIL, 2015, p. 82).

Tendo em vista o acentuado número de


ocorrência de HPV, vulvovaginites, infecções
sexualmente transmissíveis e corrimentos vaginais
(leucorreia) evidencia-se a importância da realização do
exame citopatológico de colo uterino.
O exame é coletado durante a consulta
ginecológica realizada pelo profissional médico ou
enfermeiro, mediante as recomendações prévias,
destacadas logo no Quadro 2:

Quadro 2 –Recomendações para coleta de Papanicolau.


1. A utilização de lubrificantes, espermicidas ou
medicamentos vaginais deve ser evitada por 48
horas antes da coleta, pois essas substâncias
recobrem os elementos celulares dificultando a

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 391


SAÚDE DA MULHER

avaliação microscópica, prejudicando a qualidade da


amostra para o exame citopatológico.

2. A realização de exames intravaginais, como a


ultrassonografia, também deve ser evitada nas
horas anteriores à coleta, pois é utilizado gel para a
introdução do transdutor.

3. A recomendação de abstinência sexual prévia ao


exame só é justificada quando são utilizados
preservativos com lubrificante ou espermicidas. Na
prática, a presença de espermatozoides não
compromete a avaliação microscópica.

1. O exame não deve ser feito no período menstrual,


pois a presença de sangue pode prejudicar o
diagnóstico citopatológico. Deve-se aguardar o
quinto dia após o término da menstruação.

Fonte: Brasil (2013, p. 60).

Para proceder a coleta da amostra é necessário


dispor de instrumentos e materiais como expostos no
Quadro 3.

Quadro 3 –Materiais necessários para exame de


Papanicolau.
1. Espéculo
2. Lâminas de vidro com extremidade fosca.
3. Espátula de Ayre.
4. Escova endocervical.
5. Par de luvas descartáveis.
6. Pinça de Cherron.
7. Solução fixadora, álcool a 96% ou spray de
polietilenoglicol.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 392


SAÚDE DA MULHER

8. Gaze.
9. Formulários de requisição do exame citopatológico.
10. Lápis grafite ou preto nº 2.
11. Avental ou camisola, preferencialmente
descartáveis.
12. Lençóis, preferencialmente descartáveis.
Fonte: Brasil (2013, p. 61-62)

Os resultados são consideradosnormais nas


seguintes situações: alterações celulares benignas
(reativas ou reparativas), resultado indicando
metaplasia escamosa imatura, resultado indicando
reparação, resultado indicando atrofia com inflamação,
resultado indicando achados microbiológicos:
Lactobacillus sp., Cocos e Outros bacilos (BRASIL,
2013; INCA, 2016). Resultados que apresentem
qualquer outro tipo de alteração deve ser avaliado por
um profissional médico para avaliação e conduta.
Outras afecções podem acometer a mulher,
neste sentido, o Quadro 4, traz a correlação entre
agentes etiológicos e a lesão por eles causadas.

Quadro 4 – Principais afecções ginecológicas que


acometem o trato reprodutor feminino

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 393


SAÚDE DA MULHER

Fonte: Brasil (DDAHV/SVS/MS, 2006 apud BRASIL, 2015, p. 55).

Cabe destacar as principais manifestações

Agente etiológico Infecção

Chlamydia trachomatis Linfogranulom


a venéreo
Haemophilus ducrey Cancróide
Úlcera Herpes simplex vírus (tipo 2) Herpes
Anogenital genital
Klebsiela granulomatis Donovanose
Treponema pallidum Sífilis
Candida albicans Candidíase
Corrimento vulvovaginal
Uretral/ Chlamydia trachomatis Infecção por
vaginal Clamídia
Neisseria gonorrhoeae Gonorreia
Trichomonas vaginalis Tricomoníase
Múltiplos agentes Vaginose
bacteriana
Chlamydia trachomatis, Endometrite,
Doença Neisseria gonorrhoeae anexite,
Inflamatória Bactérias facultativas salpingite,
Pélvica anaeróbias (ex: Gardnerella miometrite,
vaginalis, Haemophilus ooforite,
influenza, Streptococcus parametrite,
agalactiae) e outros pelviperitonite
microrganismos , abscesso
tubo ovariano
Verruga Papilomavírus Humano Condiloma
Anogenital (HPV) acuminado

clínicas desencadeadas pelos agentes etiológicos


mencionados no Quadro 4. É de fundamental

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 394


SAÚDE DA MULHER

importância que você técnico em enfermagem, conheça


as medicações e posologias que serão utilizadas nos
tratamentos das patologias, tendo em vista que muitas
das vezes você ficará responsável pela administração
desses fármacos seja em nível hospitalar ou na atenção
básica. Para tanto, no Quadro 5, você pode conferir as
doenças mais comuns, a via transmissão, suas
manifestações clínicas e os recursos farmacológicos
utilizados.

Quadro 5 – As afecções ginecológicas e seus tratamentos.


Doença – Transmissão Manifestações Tratamento
agente clínicas
etiológico
Sífilis latente – Relação Variante clínica da Penicilina injetável.
Treponema sexual Sífilis onde não se
pallidum desprotegida observam sinais e
sintomas.
Sífilis latente recente
(até um ano de
infecção);
Sífilis latente tardia
(mais de um ano de
infecção).
Gonorréia- Relação Geralmente Ciprofloxacina 500
Neisseria sexual assintomática, mg, VO, dose única
gonorrhoeae desprotegida podendo haver + Azitromicina 500
corrimento mg, 2 comprimidos,
amarelado, dor em VO, dose única;
baixo ventre ou Ou
durante relação
sexual (dispareunia). Ceftriaxona 500 mg,
IM, dose única +
Azitromicina 500
mg, 2 comprimidos,
VO, dose única.

Obs: Em menores
de 18 anos e
gestantes: A
ciprofloxacina é
contraindicada,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 395


SAÚDE DA MULHER

sendo a ceftriaxona
o medicamento de
escolha.
Linfogranuloma Relação Geralment Azitromici
venéreo– sexual e na 500
Chlamydia desprotegida assintomá mg, 2
trachomatis ticas (em comprimid
torno de os, VO,
70% a dose única
80%). Nos Ou
casos Doxiciclina
sintomátic 100 mg,
os, as VO, 2xdia,
principais 7 dias
queixas (Exceto
são gestantes)
corrimento Ou
vaginal, Amoxicilin
ciclo a 500 mg,
menstrual VO, 3xdia,
desregula 7 dias.
do e,
dispareuni
a (dor
durante a
relação
sexual) e
disúria
(dor ao
urinar).
Cancro Mole Relação Lesões do Azitromicin
(cancróide) – sexual tipo úlcera, a 500 mg,
Haemophilusduc desprotegida de 2
reyi coloração comprimid
rósea- os, VO,
avermelha dose única
da, Ou
podendo Ceftriaxona
haver 500 mg,
pontos de IM, dose

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 396


SAÚDE DA MULHER

necrose e única
pus. Pode Ou
haver Ciprofloxac
compromet inaa 500
imento mg, 1
ganglionar comprimid
da região o, VO,
inguinal. 2xdia, por
três dias
Donovanose – Relação Úlceras de Doxiciclina
Klebsiella sexual borda 100 mg, 1
granulomatis desprotegida plana ou comprimid
aumentada o, VO,
, bem 2xdia, por
delimitada, pelo
com fundo menos 21
granuloso, dias ou até
de aspecto o
vermelho desapareci
vivo e de mento
sangramen completo
to fácil. das lesões
Azitromicin
a 500 mg,
2
comprimid
os, VO, 1x
semana,
por pelo
menos três
semanas,
ou até a
cicatrizaçã
o das
lesões
Ou
Ciprofloxac
ina 500mg,
1 e ½
comprimid

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 397


SAÚDE DA MULHER

o, VO,
2xdia, por
pelo
menos 21
dias ou até
a
cicatrizaçã
o das
lesões
(dose total
750 mg)
Ou
Sulfametox
azoltrimeto
prima
(400/80
mg), 2
comprimid
os, VO,
2xdia, por
no mínimo
3
semanas,
ou até a
cicatrizaçã
o das
lesões.
Herpes Genital- Relação Apresenta- Aciclovira
Herpes simplex sexual se como 200 mg, 2
vírus (tipo 2) desprotegida vesículas comprimid
múltiplas os, VO,
na vulva, 3xdia, por
períneo ou 7 dias
ao redor do Ou
ânus. Aciclovir
Podendo 200 mg, 1
aparecer comprimid
lesões no o, VO,
colo 5xdia por
uterino. sete dias.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 398


SAÚDE DA MULHER

Dor,
dispareuni
a,
corrimento,
prurido
(coceira) e
disúria são
sintomas
frequentes.
Tricomoníase- Relação Corrimento Metronidaz
Tricomonas sexual abundante, olb 400
vaginalis desprotegida amarelado mg, 5
ou comprimid
esverdead os, VO,
o, prurido dose única
e/ou VO,
irritação Ou
vulvar, Dor Metronidaz
pélvica, ol 250 mg,
disúria, 2
polaciúria comprimid
(aumento os, VO,
do número 2xdia, por
de 7 dias
micções),
hiperemia
da
mucosa.
Fonte: Brasil (2015); Tortora; Funke e Case (2010); Carvalho
(1996).

Tendo em vista as afecções ginecológicas acima


mencionadas é de fundamental importância que a
equipe de enfermagem realize abordagens educativas
com a população em geral. Quanto às infecções
sexualmente transmissíveis é importante salientar o uso

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 399


SAÚDE DA MULHER

de preservativo durante as relações sexuais e os


benefícios do tratamento precoce, tanto do indivíduo
quanto do parceiro.
No que tange aos cânceres de mama e de colo
uterino, salientar a importância do autopalpação das
mamas, bem como incentivar sua realização e explicar
a importância da coleta anual de exame citopatológico
de colo uterino, contribuindo assim para redução de
agravos e, consequentemente da mortalidade feminina
pelas doenças crônicas degenerativas.

Leituras recomendadas

INCA. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da


Silva. Diretrizes para a detecção precoce do câncer de
mama no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2015. Disponível
em:
<http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Diretrizes_Deteccao
Precoce_CM.pdf>. Acesso em: 3 set. 2017.

INCA. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da


Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de
Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede.
Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do
colo do útero. 2. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro: INCA,
2016.
<http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/DDiretrizes_para_o_
Rastreamento_do_cancer_do_colo_do_utero_2016_corrigido
.pdf>. Acesso em: 4 set. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 400


SAÚDE DA MULHER

em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites


Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas
para Atenção Integral às Pessoas com Infecções
Sexualmente Transmissíveis. Brasília, 2015.

Sugestões de metodologias e recursos

- Exposição pelo professor, Elaboração Conjunta,


Trabalhos em Grupos, e Trabalho Independente;
-Utilização de recursos audiovisuais para demonstração
de imagens referentes as principais afecções
ginecológicas;
- Aula prática com uso de pelve ou protótipo feminino
para demonstração da coleta de exame citopatológico
de colo uterino;
- Demonstração em maquete, de como é realizado o
autoexame das mamas, bem como moldes de achados
anormais durante a auto palpação e exame clínico das
mamas.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Controle dos cânceres


do colo do útero e da mama. 2. ed. Brasília: Ministério
da Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção Básica, 13).
Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/controle_ca
nceres_colo_utero_2013.pdf>. Acesso em: 15 maio
2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância


em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites
Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas
para Atenção Integral às Pessoas com Infecções
Sexualmente Transmissíveis. Brasília, 2015.
Disponível em:

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 401


SAÚDE DA MULHER

<http://www.aids.gov.br/sites/default/files/anexos/public
acao/2015/58357/pcdt_ist_10_2015_final_2_pdf_15143.
pdf>. Aceso em: 15 maio 2017.

CARVALHO, G. M. Enfermagem em Ginecologia. São


Paulo: ed. EPU. 1996.

INCA. Instituto Nacional de Câncer José Alencar


Gomes da Silva. Câncer de mama: é preciso falar
disso. Rio de Janeiro: Inca, 2014. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cancer_ma
ma_preciso_falar_disso.pdf>. Acesso em: 3 set. 2017.

INCA. Instituto Nacional de Câncer José Alencar


Gomes da Silva. Diretrizes para a detecção precoce
do câncer de mama no Brasil. Rio de Janeiro: INCA,
2015. Disponível em:
<http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Diretrizes_Dete
ccaoPrecoce_CM.pdf>. Acesso em: 3 set. 2017.

INCA. Instituto Nacional de Câncer José Alencar


Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e
Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à
Organização de Rede. Diretrizes brasileiras para o
rastreamento do câncer do colo do útero. 2. ed. rev.
atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016.
<http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/DDiretrizes_par
a_o_Rastreamento_do_cancer_do_colo_do_utero_201
6_corrigido.pdf>. Acesso em: 4 set. 2017.

TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C


L.Microbiologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 402


SAÚDE DA MULHER

ATUAÇÃO DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM NA SAÚDE


SEXUAL E REPRODUTIVA1

Karen Peres Hernandes


Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você possa:


- Compreender os meios utilizados durante o ciclo
reprodutivo para o planejamento familiar;
- Conhecer os métodos contraceptivos e suas
indicações;
- Identificar o papel do técnico em enfermagem na
atenção à saúde sexual e reprodutiva.
SAÚDE REPRODUTIVA E PLANEJAMENTO FAMILIAR

Mais do que controlar a fecundidade e a geração


de filhos, o planejamento familiar, também chamado de
planejamento reprodutivo, visa propiciar aos indivíduos,
a vivência de sua vida sexual de forma autônoma,
prazerosa e segura, independente de sua orientação

1
Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do
Governo Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 403


SAÚDE DA MULHER

sexual e identidade de gênero (BRASIL, 2016). Neste


sentido, a Lei nº 9.263 de 12 de janeiro de 1996, que
trata do planejamento familiar determina que este é
direito de todo cidadão e estabelece que sejam
ofertados os métodos de concepção e contracepção
que sejam cientificamente sustentados e “que não
coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas,
garantida a liberdade de opção” (BRASIL, 1996 p. 2).
Desta forma, o conjunto de ações é direcionado
para mulheres e homens, tanto adultos quanto jovens e
adolescentes, que já iniciaram a vida sexual ou que se
preparam para iniciá-la, que tenham parceiros fixos ou
não. Neste contexto, as ações de planejamento
reprodutivo/familiar direcionam-se para a consolidação
dos direitos sexuais e reprodutivos, atentando-se ainda
para mulheres lésbicas e bissexuais que,
independentemente de sua opção sexual e identidade
de gênero, devem ter assegurado o direito à
maternidade, considerando técnicas de reprodução
assistida como a inseminação artificial e a fertilização in
vitro, ambas disponíveis pelo SUS, independente do
diagnóstico de infertilidade (BRASIL, 2016).
Estas ações não se limitam à oferta de métodos
e técnicas de concepção ou contracepção, mas na

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 404


SAÚDE DA MULHER

disseminação de informações e conhecimentos que


possibilitem ao sujeito uma escolha livre e esclarecida
(BRASIL, 2013).
Seguindo este raciocínio, destaca-se o papel dos
profissionais da saúde, em especial Técnicos em
Enfermagem que, por contemplarem a classe
profissional que está diretamente e por mais tempo em
contato com as pessoas que acessam os serviços de
saúde são fundamentais na efetivação destas ações.
Para tanto, faz-se necessária uma nova postura
profissional, abstendo-se de preconceitos e estigmas
que envolvem o assunto sexualidade, tendo em vista
que atualmente as famílias assumem diferentes
conformações (BRASIL, 2013).
Diante disso, serão abordados neste capítulo
conceitos relacionados aos métodos de
contracepção/anticoncepção, suas indicações e
manuseio e as ações assistenciais do técnico em
enfermagem nesta temática.

MÉTODOS DE CONTRACEPÇÃO OU
ANTICONCEPÇÃO

Os métodos anticoncepcionais ou contraceptivos


são nada mais que, maneiras, medicamentos, objetos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 405


SAÚDE DA MULHER

ou cirurgias, tanto femininos quanto masculinos,


utilizados para evitar a gravidez. São divididos em
reversíveis ou temporários, ou seja, quando cessado
seu uso, a pessoa continua tendo a possibilidade de
concepção; ou os métodos considerados irreversíveis
ou permanentes, na maioria das vezes, cirúrgicos,
quando não há possibilidades de o indivíduo voltar a
promover a concepção (BRASIL, 2009).
A literatura também classifica os métodos
contraceptivos de acordo com sua característica de
ação, ou seja, o meio pelo qual eles agem para evitar a
concepção. Desta forma, são categorizados em
métodos contraceptivos de barreira, hormonais,
Dispositivo Intrauterino (DIU), métodos cirúrgicos e
métodos naturais ou comportamentais, os quais serão
abordados a seguir.

Métodos de Barreira

Impedem que os espermatozoides cheguem até


o útero, por meio de obstáculos mecânicos, químicos ou
mistos. Nesta classificação, os mais conhecidos são os
preservativos masculinos, ou camisinha masculina; seu
uso é amplamente recomendado, pois representa o
único método que previne, além da gravidez, a grande

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 406


SAÚDE DA MULHER

maioria das doenças/infecções sexualmente


transmissíveis (DST/IST) (ALDRIGHI & PETTA, 2005
apud MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017;
BRASIL, 2009).

1 Preservativo Masculino
Feitos de látex, poliuretano ou silicone, bem
finos, porém resistentes, as camisinhas masculinas
formam um envoltório que deve ser colocado recobrindo
o pênis ereto, antes da penetração, para impedir o
contato entre pênis, esperma, epitélio e microbiota da
vagina. Como mencionado, este método é bastante
recomendado e incentivado por sua eficácia não só na
prevenção da gravidez, quanto no contato com a
maioria das IST.
Atualmente estão disponíveis em de vários
tamanhos, cores e texturas, sendo que alguns já são
lubrificados com silicone ou lubrificantes a base de
água, outros ainda revestidos com espermicidas além
do lubrificante.
Para que sua eficácia seja ainda maior, além de
utiliza-lo em todas as relações sexuais, são necessários
alguns cuidados durante seu manuseio, conforme os
passos a seguir e na Figura 1.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 407


SAÚDE DA MULHER

1. Abrir a embalagem cuidadosamente, não utilizar


tesouras ou os dentes, apenas rasgar conforme
indicado na embalagem;
2. Colocá-la no pênis ereto, segurar a ponta da
camisinha durante a colocação, de modo que a
extremidade fique vazia, sem ar, desta forma, no
momento da ejaculação, o esperma ficará
depositado neste espaço;
3. Não desenrolar o preservativo antes de sua
colocação, encaixar sua extremidade fechada na
glande do pênis já ereto, segurar a ponta do
preservativo com a mão não dominante e
desenrolá-lo na extensão do pênis, até sua base;
4. O preservativo masculino é de uso único, e deve
ser adequadamente descartado, no lixeiro,
jamais no vaso sanitário (BRASIL, 2013).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 408


SAÚDE DA MULHER

Figura 1: Utilização do preservativo masculino.


Fonte: Brasil (2010).

Vale ressaltar, que o armazenamento


inadequado dos preservativos pode comprometer sua
eficácia, danificando o material de sua composição,
desta forma, os preservativos devem ser guardados em
locais frescos, e escuros, pois calor, luz e umidade
deterioram o material. Atentar-se também para
embalagens danificadas, prazo de validade e aspecto
inadequado. Na presença de uma ou mais situações
como essas é necessário descartá-lo e abrir um novo
preservativo (BRASIL, 2013).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 409


SAÚDE DA MULHER

2 Preservativo Feminino
Assim como o preservativo masculino, a
camisinha feminina é feita de poliuretano, macio e fino,
já lubrificado, possui o formato de um saco cilíndrico de
aproximadamente 17 cm, contendo dois anéis flexíveis
nas extremidades. O anel menor possui sua
extremidade fechada, e corresponde a parte interna da
camisinha, deve ser introduzida no canal vaginal e
encaixada ao colo do útero. O outro anel, que é maior,
corresponde à parte externa, é vazado/aberto, deve ser
adaptando a vulva e cobrir os grandes lábios vaginais,
servindo como fixação, como se observa na Figura 2
(BRASIL, 2013).
Assim, como no caso do preservativo masculino,
quando usado adequadamente, previne a gravidez e a
maioria das IST, deve ser colocado antes de iniciar a
penetração, podendo ser com antecedência de até duas
horas. Para que sua eficácia seja sempre garantida,
deve ser utilizada corretamente em todas as relações
sexuais, mesmo durante a menstruação, pois por ser
um método de barreira, seu mecanismo de ação é
impedir o contato entre os fluídos e microrganismos
vaginais e do sêmen. Os cuidados com o
armazenamento, danificações na embalagem, prazo de

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 410


SAÚDE DA MULHER

validade e aspecto do preservativo, devem ser


observados antes de utilizá-lo, seguindo as mesmas
regras do preservativo masculino (BRASIL, 2013).
Ressalta-se que em hipótese alguma os
preservativos feminino e masculino devem ser utilizados
concomitantemente, pois o atrito entre o material dos
dois aumenta grandemente o risco de rompimento dos
produtos, desta forma, é preciso que o casal opte ou
pela camisinha masculina ou pela feminina (BRASIL,
2013).

Figura 2: Utilização do preservativo feminino.


Fonte: Mulher descomplicada: descomplicando os métodos
anticoncepcionais de barreiras. Disponível em:
<http://www.mulherdescomplicada.com.br/descomplicando-os-
metodos-anticoncepcionais-de-barreira/>. Acesso em:3 set. 2017.

3 Diafragma
Trata-se de um método aplicado via vaginal que,
assim como a camisinha feminina, deve ser inserido na
vagina e encaixado no colo do útero, recobrindo-o.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 411


SAÚDE DA MULHER

Possui um formato oval e côncavo, com bordas flexíveis


(Figura 3), feito de látex ou silicone, disponibilizado em
vários tamanhos, sendo necessária a medição por um
profissional de saúde adequadamente treinado, para
precisar o tamanho apropriado para cada mulher.

Figura 3: Diafragma
Fonte: Crescer: Diafragma: conhece esse método contraceptivo?
Disponível em: <http://revistacrescer.globo.com/Familia/Saude-e-
Beleza-dos-pais/noticia/2017/06/diafragma-conhece-esse-metodo-
contraceptivo.html>. Acesso em: 3 set. 2017

O diafragma forma uma barreira revestindo o


colo do útero (Figura 4), impossibilitando a passagem
dos espermatozoides, tendo a possibilidade de associar
ou não a um gel espermicida. Sua eficácia na
contracepção está diretamente associada ao uso
correto e em todas as relações sexuais, no entanto, não

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 412


SAÚDE DA MULHER

previne IST. Deve ser colocado antes da penetração,


podendo ser com antecedência de até duas horas da
relação sexual, e deve ser retirado no prazo mínimo de
oito horas após a última relação sexual, não excedendo
24 horas (BRASIL, 2013).

Figura 4. Posição do diafragma


Fonte: Tua saúde: como usar o diafragma e evitar a
gravidez. Disponível em: <https://www.tuasaude.com/diafragma/>.
Acesso em: 3 set. 2017

Diferente dos preservativos/camisinhas


masculino e feminino, o diafragma não é descartável,
podendo ser utilizado inúmeras vezes, desde que
higienizado corretamente após a utilização, com água e
sabão neutro, e seco em seguida, além de armazenado
adequadamente em um recipiente limpo, em local
fresco e escuro. Seu prazo de validade chega a até três
anos (BRASIL 2013).
Antes de iniciar o uso do diafragma, é importante
que a mulher saiba identificar o colo do útero através do

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 413


SAÚDE DA MULHER

auto toque vaginal, que deve ser explicado por um


profissional de saúde adequadamente capacitado. O
caderno de atenção à saúde da mulher traz orientações
quanto à técnica do autotoque e inserção do diafragma
(Figura 5):

Figura 5. Inserção do diafragma.


Fonte:Brasil (2013, p. 187).

4
Espermicidas
Os espermicidas são substâncias químicas ‘
de destruir ou imobilizar os espermatozoides. São
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 414
SAÚDE DA MULHER

apresentados em forma de gel, espuma, creme e


comprimidos vaginais, que devem ser aplicados
diretamente na vagina ou associado ao diafragma
(Figura 6).
Geralmente, o produto vem acompanhado de
um aplicador vaginal. Após preencher o interior do
aplicador com o espermicida, este deve ser
introduzido na vagina, e aplicado todo o conteúdo.
Sua aplicação deve ocorrer em dois momentos,
primeiro pelo menos uma hora antes da relação
sexual, e o segundo imediatamente antes da
penetração. Após a relação sexual, evitar utilizar
duchas vaginais por no mínimo seis horas (BRASIL,
2013).

Figura 6.Espermicidas.

Fonte:Vivendo a adolescência:Espermecidas. Disponível


em:
<http://www.adolescencia.org.br/site-pt-br/espermicida>.
Acesso em 2 set. 2017.
Portal São Francisco: Espermecidas. Disponível em:

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 415


SAÚDE DA MULHER

<http://www.portalsaofrancisco.com.br/saude/espermicidas>.
Acesso em: 2 set. 2017.

Métodos Contraceptivos Hormonais

Comumente utilizados e disponibilizados


gratuitamente na atenção básica são compostos por
hormônios sintéticos, semelhantes ao estrogênio e
progesterona produzidos pela mulher, e que vão atuar
na prevenção da gravidez através do controle hormonal
da ovulação. Ressalta-se que este método é eficaz
apenas na contracepção, não tendo efeito algum na
prevenção das infecções sexualmente transmissíveis,
sendo necessário sempre, associar seu uso ao
preservativo masculino ou feminino, como método de
dupla proteção (BRASIL, 2013).
Os métodos contraceptivos hormonais são
disponibilizados em conformações e composições
diferentes, podendo ser de uso oral, injetável,
intravaginal ou implante subcutâneo.

1 Contraceptivos Hormonais Orais


Também conhecidos como pílulas
anticoncepcionais, são amplamente utilizados, não
somente para evitar uma gravidez indesejada, mas

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 416


SAÚDE DA MULHER

também no tratamento de patologias ovarianas,


menorragias, dismenorreias, acne entre outros.
A pílula deve ser tomada todos os dias, de
preferência no mesmo horário. Pausas para descanso
não são necessárias, uma vez que não há acumulo
hormonal derivado de seu uso. A fertilidade da mulher é
retomada, assim que sua utilização for interrompida.
Podem ser usadas por mulheres de qualquer idade, a
partir da primeira menstruação, desde que não
apresentem nenhuma contraindicação (BRASIL, 2009).
Este método possui como vantagem ser seguro,
eficiente e fácil de usar, não interferir na atividade
sexual, regular o ciclo menstrual, intensidade do
sangramento e controlar cólicas e acnes. No entanto,
existem desvantagens no uso da pílula pois, além de
não ter ação na prevenção de IST, existem possíveis
efeitos colaterais, tais como, náuseas, ganho de peso,
sensibilidade nos seios, cefaleia, enjoos, e alterações
de humor (BRASIL, 2002).
Os anticoncepcionais orais são classificados de
acordo com sua composição hormonal, podendo ter
dois hormônios sintéticos combinados, o estrogênio e
progestogênio, ou conter apenas um hormônio, o
progestogênio.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 417


SAÚDE DA MULHER

1.1 Anticoncepcionais orais combinados


As pílulas combinadas se dividem em
monofásicas, bifásicas, trifásicas e quadrifásicas, de
acordo com a distribuição da carga hormonal em seus
comprimidos, conforme Quadro 1.
De maneira geral, o mecanismo de ação das
pílulas combinadas ocorre através da inibição da
ovulação, e alteração no muco cervical, que fica mais
espesso, dificultando a passagem dos
espermatozoides. Alteram também as características
físico-químicas do endométrio, de forma que não
ofereça condições para a implantação do blastócito, e
interferem na motilidade e na qualidade da secreção
glandular tubária (BRASIL, 2013).

Quadro 1.Anticoncepcionais hormonais orais combinados.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 418


SAÚDE DA MULHER

CLASSIFICAÇÃO EXEMPLO APRESENTAÇÃO

Monofásicos Diane 35® Cartela contendo


21 ou 22
Selene® comprimidos ativos,
ou cartela com 28
Ciclo 21®
comprimidos,
Microvlar® sendo 21 ou 22
ativos e o restante
Gestinol® placebo (não
contem hormônio).
Minesse®

Imagem 1.

Bifásicos Gracial® Contêm dois tipos


de comprimidos
Mercilon Conti® ativos, de
diferentes cores,
com os mesmos
hormônios, mas em
proporções
diferentes. Devem
ser tomadas na
Imagem 2. ordem indicada na
embalagem.

Trifásicos Trinordiol® Contêm três tipos


de comprimidos
Triquilar® ativos, de
diferentes cores,
Novial®
com os mesmos
hormônios, mas em
proporções
diferentes. Devem
Imagem 3. ser tomadas na
ordem indicada na

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 419


SAÚDE DA MULHER

embalagem.

Qlaira® Contém quatro


tipos de pílulas
ativas, de cores
diferentes, com os
mesmos
hormônios, em
proporções
diferentes.
Quadrifásicos

Imagem 4.

Fonte: Brasil (2013).


Imagem 1: Fonte: Gazeta do Povo: Escolha do tipo certo de
anticoncepcional. Disponível em:
<http://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/saude-e-bem-
estar/saude/escolha-o-tipo-certo-de-anticoncepcional-contra-
trombose/>. Acesso em: 2 set. 2017.
Imagem 2: Fonte: Procuro mais saúde: como usar o Gracial®.
Disponível em: <http://www.procuromaissaude.com/2013/02/como-
tomar-gracial.html>. Acesso em: 2 set. 2017.
Imagem 3: Fonte: Procuro mais saúde: como usar otrinordiol®
(etinilestradiol +lenonorgestrel). Disponível em:
<http://www.procuromaissaude.com/2014/03/trinordiol-
etinilestradiol.html>. Acesso em: 2 set. 2017.
Imagem 4: Fonte: Procuro mais saúde: como usar o Qlaira®
(valerato de estradiol + dienogest) dúvidas e respostas. Disponível
em: <http://www.procuromaissaude.com/2013/12/qlaira-duvidas-e-
respostas.html>. Acesso em: 2 set. 2017.

Quanto ao uso dos anticoncepcionais hormonais


orais combinados, orienta-se a mulher que no primeiro
mês de uso, ingira o 1° comprimido no 1° dia do ciclo
menstrual, a seguir ingerir um comprimido por dia até o
término da cartela, preferencialmente no mesmo
horário. Se usada corretamente, a pílula oferece

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 420


SAÚDE DA MULHER

proteção anticoncepcional no primeiro mês de uso. É


importante verificar a cartela todas as manhãs para
certificar-se do seu uso no dia anterior. Ao final da
cartela (21 dias), fazer pausa de 7 dias e iniciar nova
cartela, independentemente, do dia de início do fluxo
menstrual. Se a cartela tem 22 pílulas, este intervalo
deverá ser de 6 dias. Alguns tipos já possuem sete
comprimidos de placebo, quando deve ocorrer o
sangramento, não sendo necessário haver interrupção.
Caso não ocorra a menstruação no intervalo entre as
cartelas, a usuária deve iniciar uma nova cartela e
procurar o serviço de saúde para descartar a hipótese
de gravidez (BRASIL, 2009).
Ressalta-se a necessidade dos profissionais de
saúde informarem, em todas as consultas, sobre o uso
adequado dos anticoncepcionais, pois existem alguns
tipos de medicações, como antibióticos, analgésicos e
antifúngicos que podem alterar o efeito hormonal da
pílula.
Em caso de esquecimento, a pílula esquecida
deve ser tomada imediatamente, e a pílula regular, no
horário habitual e, prosseguir com o restante
normalmente, uma a cada dia. No caso de
esquecimento de duas ou mais pílulas, a usuária deve

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 421


SAÚDE DA MULHER

tomar uma pílula imediatamente, e pode continuar a


tomar as pílulas seguintes, mas deve associar um
método de barreira ou evitar relações sexuais por sete
dias, ou interromper a anticoncepção hormonal oral,
aguardar até o próximo ciclo menstrual e reiniciar uma
nova cartela (BRASIL, 2009).

1.2 Anticoncepcionais hormonais orais com apenas


Progestogênio – Minipílulas
As minipílulas possuem uma dose muito baixa de
progestogênio e não contém estrogênio (Quadro 2).
São as mais indicadas para mulheres lactantes, com as
quais é mais eficaz, principalmente quando a
amamentação é exclusiva e nos primeiros seis meses,
isso se deve às alterações hormonais fisiológicas
decorrentes da própria amamentação. No entanto, as
minipílulas podem ser utilizadas tranquilamente em
qualquer fase da vida da mulher, porém a taxa de
inibição da ovulação vai de 15 a 40%.O mecanismo de
ação das minipílulas é diferente das combinadas,
devido à ausência de estrogênio. Sua ação mais efetiva
se dá sobre o endométrio e na promoção do
espessamento do muco cervical, dificultando a
passagem dos espermatozoides (BRASIL, 2013).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 422


SAÚDE DA MULHER

Quadro 2–Minipílulas
CLASSIFICAÇÃO EXEMPLO APRESENTAÇÃO

Minipílulas Minipil® Contém apenas


progestogênio em
Micronor® baixa dosagem,
encontrado em
embalagens com
28 ou 35 pílulas
ativas, com a
mesma proporção
hormonal.

Fonte:Planejamento familiar: Pílula de progestogênio ou minipílula.


Disponível em:
<http://www.misodor.com/PLANNING.html>. Acesso em: 3 set.
2017.

A minipílula é de uso contínuo, sem necessidade


de intervalo entre as cartelas, desta forma, assim que
uma cartela termina, no dia seguinte toma-se a primeira
pílula da próxima cartela. O horário da ingestão da
minipílula deve ser rigorosamente cumprido
diariamente, pois o atraso de algumas horas prejudica
sua ação, da mesma forma, o esquecimento de duas ou
mais pílulas comprometem ainda mais seu efeito
contraceptivo (BRASIL, 2013).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 423


SAÚDE DA MULHER

Com relação às lactantes, orienta-se que iniciem


após seis semanas do parto. A amamentação exclusiva
por si é tida como um método anticoncepcional natural,
contudo, as minipílulas asseguram uma proteção a
mais. Caso a mulher não venha a amamentar, a
minipílula pode ser iniciada imediatamente após o parto,
sem necessidade de aguardar o retorno da
menstruação (BRASIL, 2013).

1.3 Contraceptivos hormonais injetáveis


São compostos de hormônios similares aos
produzidos fisiologicamente pela mulher, o estrogênio e
a progesterona, administrados por via intramuscular
profunda no músculo deltoide ou no glúteo. Agem
inibindo a ovulação, e tornam o muco cervical mais
espesso, impedindo a passagem dos espermatozoides,
e ainda, provocam alterações no endométrio. A
literatura descreve alguns efeitos adversos observados
entre as usuárias destes tipos de anticoncepcional,
dentre eles, cefaleia, sensibilidade mamária,
desconforto abdominal, alterações do humor, náuseas,
queda de cabelos, diminuição da libido, acne e ganho
de peso. Há dois tipos de anticoncepcionais injetáveis,
os mensais, e os trimestrais (BRASIL, 2009, 2013).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 424


SAÚDE DA MULHER

Os injetáveis mensais são combinados, contendo


estrogênio, estradiol e progestogênio. A primeira dose
deve ser feita até o quinto dia do início da menstruação,
seguida das próximas doses, a cada 30 dias. O efeito
contraceptivo é obtido já no primeiro mês de uso, não
havendo necessidade de pausas entre as aplicações.
Caso ocorra um atraso de mais de três dias para a
aplicação da nova injeção, orienta-se a utilização dos
métodos de barreira, ou evitar relações sexuais até a
próxima injeção (BRASIL, 2009, 2013).
Os injetáveis trimestrais são compostos apenas
por progestogênio, na composição de acetato de
medroxiprogesterona de depósito (AMP-D). Sua
liberação no organismo é lenta, devendo ser aplicado a
cada três meses. Seu mecanismo de ação é idêntico ao
dos injetáveis mensais (BRASIL, 2009, 2013).
A primeira injeção deve ser administrada até o
sétimo dia do início da menstruação, as seguintes, a
cada três meses, tendo como tolerância no máximo
duas semanas antes ou depois da data prevista. Nos
casos em que a primeira dose for administrada após
sete dias de início da menstruação, orienta-se o uso de
contraceptivos de barreira, ou evitar relações sexuais

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 425


SAÚDE DA MULHER

por uma semana, até que inicie o efeito do AMP-D


(BRASIL, 2009, 2013).

1.4 Contraceptivos hormonais de implante


subcutâneo
São dispositivos constituídos de um sistema de
silicone em formato de bastonete, medindo quatro
centímetros (4cm) de comprimento e dois milímetros
(2mm) de diâmetro, contendo hormônios sintéticos
(geralmente progestogênio) em seu interior que serão
liberados lentamente na corrente sanguínea,
produzindo efeito anticoncepcional.
Os dispositivos deverão ser inseridos por
profissional capacitado, através de técnica de assepsia
adequada e bloqueio anestésico local. A inserção é feita
no subcutâneo da face interna do braço, no esquerdo
das mulheres destras e no direito das canhotas, a cerca
de quatro dedos transversos acima da prega do
cotovelo (Figura 7). O tempo de permanência efetiva do
dispositivo é de até três anos, não necessitando de
intervalo para novo implante. Seu mecanismo de ação
consiste na inibição da ovulação, aumento da
viscosidade do muco cervical, e redução da espessura
do endométrio (BRASIL, 2013).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 426


SAÚDE DA MULHER

Figura 7. Dispositivos de implante subcutâneo.


Fonte:Melhor com saúde: Implantes anticoncepcionais. Disponível
em: <https://melhorcomsaude.com/implantes-anticoncepcionais/>.
Acesso em: 2 set. 2017.

1.5 Contraceptivos orais de emergência

Conhecidos como pílulas do dia seguinte, os


contraceptivos de emergência, consistem em pílulas
contendo estrogênio e progestogênio, ou apenas o
segundo hormônio, em altas doses, e que devem ser
utilizadas com a intenção de evitar uma gravidez
indesejada (BRASIL, 2009; 2013).
Deve ser ingerida em até cinco dias após a
relação sexual desprotegida, tomando-se os dois
comprimidos de uma vez só ou em duas doses (a
primeira até cinco dias após a relação sexual e a
segunda, doze horas após a primeira pílula). Seu uso é
recomendado apenas como contracepção de
emergência, e não regular. Este método é

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 427


SAÚDE DA MULHER

regulamentado pela Lei Nº 9.263, sendo disponibilizado


pelo SUS desde 2001 (BRASIL, 2009; 2013).
Quando ingerida antes da ovulação, inibe ou
atrasa a liberação do óvulo, e prejudica a migração dos
espermatozoides até a tuba uterina. Se a fecundação já
ocorreu antes da ingestão da pílula, as chances de
nidação e gravidez são de 50%, a mesma possibilidade
de uma implantação espontânea. Se o zigoto é viável, a
pílula de emergência não impedirá nem alterará seu
desenvolvimento, já que o levonorgestrel é um
progestogênio sintético que tem efeito protetor sobre a
gravidez. Isso explica porque o método é
progressivamente menos eficaz quanto mais tarde seja
utilizado, bem como se pode afirmar que este não é um
método abortivo, pois não interrompe uma gravidez já
estabelecida (CROXATTO, 2001 apud BRASIL, 2013).

Figura 8. Pílula do dia seguinte.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 428


SAÚDE DA MULHER

Fonte:Nursing: Pílula do dia seguinte. Disponível em:


<http://www.nursing.com.br/pilula-do-dia-duvidas-frequentes/>.
Acesso em: 2 set. 2017.

Dispositivo Intrauterino – DIU

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL,


2013) é o método contraceptivo mais usado no mundo
por ser seguro e eficaz. Trata-se de um objeto de
plástico flexível, em forma de T, que mede
aproximadamente 31 mm, no qual pode ser adicionado
cobre ou hormônios, geralmente o levonorgestrel
(Figura 9). Este objeto é inserido pelo médico ou pelo
enfermeiro na cavidade uterina, exercendo função
contraceptiva.

Figura 9. Tipos de DIU.


Fonte:Um como: como funciona o DIU - Dispositivo Intra uterino.
Disponível em: <https://relacoes.umcomo.com.br/artigo/como-
funciona-o-diu-dispositivo-intra-uterino-3372.html>. Acesso em: 2
set.2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 429


SAÚDE DA MULHER

O DIU contendo cobre impede a fecundação por


dificultar a passagem do espermatozoide pelo trato
reprodutivo feminino, além de estimular reações
inflamatórias pronunciadas ou reação à presença de
corpos estranhos no útero. Afeta os espermatozoides,
ao passo que se algum chegar até as trompas estarão
inaptos para fertilização. Após sua inserção, é
necessário realizar uma consulta de retorno em três a
seis semanas, para verificar o posicionamento e
descartar possíveis infecções. O efeito contraceptivo do
DIU de cobre é de dez anos (BRASIL, 2009; 2013).
O DIU contendo levonorgestrel dessensibiliza o
endométrio ao estradiol circulante, tornando-o inapto à
nidação. Diminui a produção e aumenta a viscosidade
do muco cervical, além de inibir a ovulação. Pode ser
utilizado como método anticoncepcional, no tratamento
da menorragia e na terapia de reposição hormonal da
mulher em menopausa, associado ao estrogênio. A
duração de uso recomendada é de cinco a sete anos
(BRASIL, 2009; 2013).

MÉTODOS CIRÚRGICOS

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 430


SAÚDE DA MULHER

São métodos contraceptivos definitivos,


realizados através de procedimentos cirúrgicos simples,
com uso de anestesia geral ou local, algumas vezes
necessitando de internamento por um ou dois dias. Nas
mulheres é realizado através da ligadura ou laqueadura
das tubas uterinas, e nos homens pela ligadura dos
canais deferentes, com o procedimento
denominadovasectomia. Por ser definitivo, a escolha
por esse método deve ser bem instruída, pois a
reversão cirúrgica dificilmente devolve a capacidade de
fecundação (Figura 10) (BRASIL, 2009; 2013).

Figura 10. Métodos cirúrgicos.


Fonte:Brasil (2013, p. 233).

A Lei do Planejamento Familiar, Nº 9.263 de 12


de janeiro de 1996, traz no Art. 10, algumas
considerações a respeito dos métodos cirúrgicos de
anticoncepção:

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 431


SAÚDE DA MULHER

Art. 10. Somente é permitida a esterilização


voluntária nas seguintes situações: (Artigo vetado e
mantido pelo Congresso Nacional –Mensagem nº 928,
de 19.8.1997).
I - em homens e mulheres com capacidade civil
plena e maiores de vinte e cinco anos de idade ou, pelo
menos, com dois filhos vivos, desde que observado o
prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da
vontade e o ato cirúrgico, período no qual será
propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de
regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento
por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a
esterilização precoce;
II - risco à vida ou à saúde da mulher ou do
futuro concepto, testemunhado em relatório escrito e
assinado por dois médicos.
§ 1º É condição para que se realize a
esterilização o registro de expressa manifestação da
vontade em documento escrito e firmado, após a
informação a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis
efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e
opções de contracepção reversíveis existentes.
§ 2º É vedada a esterilização cirúrgica em
mulher durante os períodos de parto ou aborto, exceto

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 432


SAÚDE DA MULHER

nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas


sucessivas anteriores.
§ 3º Não será considerada a manifestação de
vontade, na forma do § 1º, expressa durante ocorrência
de alterações na capacidade de discernimento por
influência de álcool, drogas, estados emocionais
alterados ou incapacidade mental temporária ou
permanente.
§ 4º A esterilização cirúrgica como método
contraceptivo somente será executada através da
laqueadura tubária, vasectomia ou de outro método
cientificamente aceito, sendo vedada através da
histerectomia e ooforectomia.
§ 5º Na vigência de sociedade conjugal, a
esterilização depende do consentimento expresso de
ambos os cônjuges.
§ 6º A esterilização cirúrgica em pessoas absolutamente
incapazes somente poderá ocorrer mediante autorização judicial,
regulamentada na forma da Lei (BRASIL, 1996, p. 1).

A laqueadura ou ligadura das tubas uterinas


pode ser realizada por diferentes técnicas cirúrgicas; as
duas tubas uterinas podem ser cortadas e amarradas,
cauterizadas ou fechadas com grampos ou anéis. Com
essa interrupção na continuidade da tuba, não ocorre o
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 433
SAÚDE DA MULHER

encontro entre espermatozoide e óvulo. Mesmo sendo


um procedimento simples, oferece riscos como
qualquer outra cirurgia (BRASIL, 2009; 2013).
Já a vasectomia é realizada através da ligadura
dos ductos deferentes, interrompendo o fluxo dos
espermatozoides em direção à próstata e vesículas
seminais, onde constituem o líquido seminal (BRASIL,
2009; 2013).
Tanto a laqueadura, quanto a vasectomia não
interferem na vida sexual dos indivíduos. No homem, a
quantidade e aspecto do esperma não mudam, apenas
deixa de conter espermatozoides (BRASIL, 2013).

MÉTODOS COMPORTAMENTAIS OU NATURAIS

Os métodos comportamentais, também


conhecidos como métodos naturais, consistem em
técnicas para evitar ou obter a gravidez, mediante
observação e identificação do período fértil da mulher.
Se há o desejo de engravidar, o casal intensifica a
frequência das relações sexuais nessa fase, caso
contrário, para evitar a gravidez, abstêm-se de relações
sexuais vaginais nesse período. Ressalta-se que
nenhum dos métodos comportamentais previne o
contato com IST (BRASIL, 2013).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 434


SAÚDE DA MULHER

A segurança contraceptiva desses métodos é


muito variável, pois depende de como são utilizados e,
principalmente do organismo de cada mulher. De
maneira geral, são pouco eficazes, apresentando uma
taxa de gravidez de 20 a cada 100 mulheres no primeiro
ano de uso. No entanto, alguns métodos são indicados,
desde que usados de forma correta e constante, dentre
esses a tabelinha ou calendário, muco cervical ou
Billings e a temperatura corporal basal (BRASIL, 2013).
O método do coito interrompido comumente
utilizado, não é indicado. Trata-se da retirada do pênis
da vagina antes da ejaculação. Este método também é
conhecido como “goza fora”. Não é um método seguro
para prevenir a gravidez, pois as secreções do pênis
antes da ejaculação podem conter espermatozoides
(BRASIL, 2009).

1 Tabelinha
Baseia-se na observação de vários ciclos
menstruais, para determinar o período fértil da mulher, e
abster-se de relações sexuais vaginais durante este
período. Para utilizar este método, a mulher deve
conhecer bem o seu ciclo menstrual, anotando o início
da menstruação por alguns meses. Sua segurança para

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 435


SAÚDE DA MULHER

evitar a gravidez é baixa, pois depende de um ciclo


menstrual regular. A tabela é individual e cada mulher
tem que fazer a sua. A mulher que quiser usar este
método deve ser orientada a marcar em um calendário,
durante pelo menos seis meses, o primeiro dia de cada
menstruação, para verificar o número de dias que durou
cada ciclo menstrual e, com esses dados, calcular o
período fértil, com a ajuda de um profissional enfermeiro
ou médico (BRASIL, 2009; 2013).

2 Muco cervical ou Billings


Baseia-se na identificação do período fértil,
através da observação das alterações no muco cervical
e sensação de umidade na vagina, durante o ciclo
menstrual. O muco cervical apresenta alterações
características ao longo do ciclo menstrual, resultantes
de ações hormonais, dessa forma, é possível identificar
em qual fase do processo ovulatório a mulher se
encontra (BRASIL, 2009; 2013).
As modificações do muco cervical, ao longo do
período menstrual podem ser observadas na Figura 11
e estão abaixo descritas. Nestas modificações podem
ser identificadas a fase pré-ovulatória e a fase
ovulatória.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 436


SAÚDE DA MULHER

1. Fase pré-ovulatória: não há produção de muco,


chamada de fase seca. Nessa fase o casal pode
ter relações sexuais vaginais, preferencialmente
em dias alternados, para que o sêmen não
prejudique a avaliação do muco. Em seguida,
surge um muco esbranquiçado e pegajoso, que
quando esticado, rompe-se (BRASIL, 2009;
2013).
2. Fase ovulatória: no início o muco é
esbranquiçado, turvo e pegajoso. Com ação do
estrogênio, vai ficando mais elástico e
lubrificante, semelhante à clara de ovo, que não
se rompe quando esticada. Nesse período há
uma sensação de umidade e lubrificação na
vagina, indicando a fertilidade (BRASIL, 2009;
2013).
Para evitar a gravidez, o casal deve abster-se de
relações sexuais vaginais quando a mulher perceber
mudanças na secura, até o quarto dia após cessar o
muco (BRASIL, 2009; 2013).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 437


SAÚDE DA MULHER

Figura 11. Evolução do muco cervical.

Fonte:Projetando um bebê: tudo sobre o muco cervical – como


identificar corretamente cada um. Disponível em:
<http://projetandoumbebe.blogspot.com.br/2017/01/tudo-sobre-
muco-cervical-como.html>. Acesso em: 2 set. 2017.

3 Temperatura corporal basal


Fundamenta-se nas alterações da temperatura
basal (corpo em repouso), que ocorrem na mulher
durante o ciclo menstrual. Antes da ovulação, a
temperatura basal mantém-se baixa, após a ovulação
tem um leve aumento, permanecendo assim até a
próxima menstruação. Esse efeito termogênico é
resultante da elevação dos níveis de progesterona
(BRASIL, 2009; 2013).
Dessa forma, através da mensuração diária da
temperatura basal, pode-se determinar a fase infértil
pós-ovulatória. Para evitar a gravidez, abstém-se de
relações sexuais vaginais no período de quatro a cinco
dias antes da data prevista da ovulação, até o quarto
dia da temperatura basal alta. A temperatura pode ser

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 438


SAÚDE DA MULHER

verificada por via oral, retal ou vaginal (BRASIL, 2009;


2013).

PRINCIPAIS INFECÇÕES SEXUALMENTE


TRANSMISSÍVEIS

Atualmente, são conhecidos mais de 30 agentes


etiológicos entre fungos, vírus e bactérias causadores
de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), os
quais podem ser transmitidos tanto por contato sexual
desprotegido, quanto por transmissão vertical de mãe
para feto durante a gestação e ainda pela
amamentação (BRASIL, 2015).
Normalmente, a apresentação clínica das IST
manifestam-se como úlceras genitais, corrimentos
vaginais e uretrais, e Doenças Inflamatórias Pélvicas
(DIP). A maioria apresenta complicações graves,
principalmente em mulheres, além de favorecer a
transmissão e contaminação pelo HIV (BRASIL, 2015).

O surgimento, a disseminação e a
manutenção de uma epidemia de IST
dependem da interação de três fatores:
• Eficácia da transmissão, fator biológico
intrínseco a cada infecção;
• Taxas de variação de parceria sexual,
influenciadas por aspectos
socioeconômicos, culturais e
comportamentais;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 439


SAÚDE DA MULHER

• Duração da infecção, influenciada por


aspectos socioeconômicos, culturais e
estruturais, qualidade da rede de saúde e
acesso aos serviços (BRASIL, 2015, p.
17).

A seguir serão abordadas as principais IST, suas


consequências ou sintomatologias e as medidas de
controle.

1 HIV/ AIDS/SIDA
O HIV é a sigla em inglês do Vírus da
Imunodeficiência Humana. Este vírus é o responsável
pelo desenvolvimento da AIDS/SIDA (Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida). São conhecidos dois
subtipos virais, que têm o homem como reservatório, o
HIV-1 e HIV-2, ambos retrovírus da família Lentiviridae.
Quanto à transmissão, pode ocorrer por contato sexual
(oral, vaginal e anal) desprotegido, por via parenteral e
através do leite materno (BRASIL, 2010).
Os infectados pelo HIV evoluem para uma grave
disfunção do sistema imunológico, ao passo que os
linfócitos TCD4+, uma das principais células alvo do
vírus, vão sendo destruídos. É uma infecção que
envolve várias fases, com durações variáveis,
dependendo da carga viral e da resposta imunológica

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 440


SAÚDE DA MULHER

do indivíduo, podendo ou não apresentar sintomas


(BRASIL, 2010).

Fase aguda: é primeira fase da infecção. É o tempo


para o surgimento de sinais e sintomas inespecíficos da
doença, que ocorrem entre a primeira e terceira semana
após a infecção. Os portadores podem apresentar
sintomas de infecção viral, como febre, adenopatia,
faringite, mialgia, artralgia, rash cutâneo maculopapular
eritematoso; ulcerações muco-cutâneas, envolvendo
mucosa oral, esôfago e genitália; hiporexia, adinamia,
cefaleia, fotofobia, hepatoesplenomegalia, perda de
peso, náuseas e vômitos. Alguns deles, ainda, podem
apresentar candidíase oral, neuropatia periférica,
meningoencefalite asséptica e síndrome de Guillain-
Barré (BRASIL, 2010).

Fase assintomática: pode durar de meses até anos.


Os exames sorológicos para o HIV são reagentes e a
contagem de linfócitos TCD4+ pode estar estável ou em
declínio. Alguns portadores podem apresentar uma
linfoadenopatia generalizada persistente, “flutuante” e
indolor (BRASIL, 2010).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 441


SAÚDE DA MULHER

Fase sintomática inicial: surgem sinais e sintomas


inespecíficos, além de processos oportunistas de menor
gravidade, conhecidos como Complexo Relacionado à
AIDS/SIDA (ARC). São indicativos de ARC: Candidíase
oral; testes de hipersensibilidade tardia negativos; e a
presença de mais de um dos seguintes sinais e
sintomas, com duração superior a um mês, sem causa
identificada: linfadenopatia generalizada, diarreia, febre,
astenia sudorese noturna e perda de peso superior a
10%. Há uma elevação da carga viral e a contagem de
linfócitos TCD4+ já pode se encontrar abaixo de
500cel/mm3 (BRASIL, 2010).

Aids/doenças oportunistas: ao passo que a


imunodepressão se agrava, o portador do HIV passa a
apresentar infecções oportunistas (IO). As infecções
oportunistas podem ser causadas por:
1. Vírus: citomegalovirose, Herpes Simples,
leucoencefalopatia multifocal progressiva;
2. Bactérias: micobacterioses (Tuberculose e
complexo Mycobacterium avium-intracellulare),
pneumonias (S. pneumoniae), salmonelose;
3. Fungos: pneumocistose, candidíase,
criptococose, histoplasmose;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 442


SAÚDE DA MULHER

4. Protozoários: toxoplasmose, criptosporidiose,


isosporíase (BRASIL, 2010).

Algumas neoplasias frequentes incluem o


sarcoma de Kaposi (Figura 12,13), linfomas não
Hodgkin, neoplasias intraepiteliais anal e cervical. Em
mulheres, o câncer do colo do útero também é
considerado indicativo para AIDS/SIDA (BRASIL, 2010).

Figura 12.Sarcoma de Kaposi em mucosa da cavidade oral.


Fonte:Knoow.net-Enciclopédia temática: Sarcoma de Kaposi.
Disponível em:
<http://knoow.net/ciencmedicas/medicina/sarcoma-de-kaposi/>.
Acesso em: 2 set. 2017

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 443


SAÚDE DA MULHER

Figura 13.Sarcoma de Kaposi: pele.


Fonte:MD Saúde: Sarcoma de Kaposi – HIV, sintomas e
tratamento. Disponível em:
<http://www.mdsaude.com/2010/12/sarcoma-kaposi.html>. Acesso
em:2 set. 2017.

2 Sífilis

Doença infecto contagiosa, causada pela


bactéria Treponema pallidum. Suas manifestações
clínicas ocorrem de acordo com o estágio em que se
encontra caracterizando a doença em sífilis primária,
secundária, latente e terciária. Nos estágios primário e
secundário da infecção, a possibilidade de transmissão
é maior (BRASIL, 2010).

Manifestações clínicas na sífilis primária

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 444


SAÚDE DA MULHER

Ferida, geralmente única, no local de entrada da


bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca,
ou outros locais da pele), que aparece entre 10 a 90
dias após o contágio (Figura 14).
1. Não dói, não coça, não arde e não tem pus,
podendo estar acompanhada de enfartamento
dos gânglios da virilha (caroços), conhecidos

como ínguas (BRASIL, 2010).


Figura 14.Sífilis primária.
Fonte:Mulher descomplicada: Descomplicando a Sífilis (parte 2).
Disponível em:
<http://www.mulherdescomplicada.com.br/descomplicando-a-sifilis-
parte-2/>. Acesso em:2 set. 2017

Manifestações clínicas na sífilis secundária

1 Os sinais e sintomas aparecem entre seis


semanas e seis meses do aparecimento da
ferida inicial e após a cicatrização espontânea.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 445


SAÚDE DA MULHER

2. Aparecem manchas no corpo, principalmente,


nas palmas das mãos e plantas dos pés (Figura
15).
3. Não coçam, mas podem surgir gânglios
enfartados no corpo (BRASIL, 2010).

Figura 15.Sífilis secundária.


Fonte:Mulher descomplicada: Descomplicando a Sífilis (parte 2).
Disponível em:
<http://www.mulherdescomplicada.com.br/descomplicando-a-sifilis-
parte-2/>. Acesso em 2 set. 2017

Manifestações clínicas na sífilis latente – fase


assintomática

1. Não aparecem sinais ou sintomas.


2. É dividida em sífilis latente recente (menos de
um ano de infecção) e sífilis latente tardia (mais
de um ano de infecção).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 446


SAÚDE DA MULHER

3. A duração é variável, podendo ser interrompida


pelo surgimento de sinais e sintomas da forma
secundária ou terciária (BRASIL, 2010).

Manifestações clínicas na sífilis terciária

1. Pode surgir de dois a 40 anos depois do início da


infecção.
2. Costuma apresentar sinais e sintomas,
principalmente lesões cutâneas, ósseas,
cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à
morte (BRASIL, 2010).

Sífilis congênita

É transmitida de mãe para criança durante a


gestação, podendo apresentar as seguintes
complicações: aborto espontâneo, parto prematuro, má-
formação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental
e/ou morte ao nascer (BRASIL, 2010).
Pode se manifestar logo após o nascimento,
durante ou após os primeiros dois anos de vida da
criança. Na maioria dos casos, os sinais e sintomas
estão presentes já nos primeiros meses de vida. Ao
nascer, a criança pode ter pneumonia, feridas no corpo,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 447


SAÚDE DA MULHER

cegueira, dentes deformados, problemas ósseos,


surdez ou deficiência mental. Em alguns casos, a sífilis
pode ser fatal (BRASIL, 2010).

Tratamento

O tratamento de escolha é a Penicilina benzatina,


mas recomenda-se procurar um profissional de saúde
para diagnóstico correto e tratamento adequado,
dependendo de cada estágio (BRASIL, 2010).

3 Hepatite B
É uma doença infecciosa, geralmente
assintomática, causada pelo vírus HBV da família
Hepadnaviridae. Como o vírus está presente no
sangue, no esperma e no leite materno, a hepatite B é
considerada uma doença sexualmente transmissível. As
formas de transmissão envolvem as relações sexuais
desprotegidas com pessoas infectadas, por via
placentária, durante o parto vaginal, na amamentação,
compartilhamento de materiais de higiene pessoal, com
pessoas contaminadas, por exemplo, lâminas de
barbear, escova de dentes, alicates de unha (BRASIL,
2010).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 448


SAÚDE DA MULHER

A hepatite B desenvolve-se de duas formas,


aguda e crônica. Na forma aguda, a infecção é de curta
duração, menos de seis meses. Quando ultrapassa
esse período, já pode ser considerada crônica.

Manifestações clínicas
A doença pode manifestar-se por cansaço, tontura,
enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos
amarelados, colúria (urina escura), hipocolia fecal
(fezes brancas) constituindo um quadro de
comprometimento hepático (BRASIL, 2010).

Tratamento
Além dos medicamentos (quando necessários),
indica-se a suspensão do consumo de bebidas
alcoólicas pelo período mínimo de seis meses e
remédios para aliviar sintomas como vômito e febre
(BRASIL, 2010).

Vacinação
Atualmente, o Sistema Único de Saúde
disponibiliza gratuitamente vacina contra a hepatite B
em qualquer posto de saúde. A imunização só é efetiva
quando se toma as três doses, com intervalo de um

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 449


SAÚDE DA MULHER

mês entre a primeira e a segunda dose e de seis meses


entre a primeira e a terceira dose (BRASIL, 2010).

4 Hepatite C
Causada pelo vírus HCV, é uma doença
infecciosa que pode ser sintomática ou assintomática.
Sua transmissão é predominantemente por via
parenteral, logo são consideradas populações de risco
indivíduos que receberam transfusão de sangue e/ou
hemoderivados antes de 1993, pessoas que
compartilham materiais para uso de drogas injetáveis,
inaláveis e pipadas (crack), além de pessoas com
piercing e tatuagens ou que apresentem outras formas
de exposição percutânea. Quanto à transmissão por via
sexual, ocorre principalmente em pessoas com
múltiplos parceiros, e que não utilizem métodos
preservativos de barreira. A transmissão intrauterina é
rara, no entanto pode ocorrer durante o parto vaginal
(BRASIL, 2010).
Dentre as complicações geradas pelo
desenvolvimento da hepatite C, estão a cronificação da
infecção, cirrose hepática e suas complicações (ascite,
hemorragias digestivas, peritonite bacteriana
espontânea, encefalopatia hepática) e carcinoma

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 450


SAÚDE DA MULHER

hepatocelular. O uso concomitante de bebida alcoólica,


em pacientes portadores do HCV, determina uma maior
propensão para desenvolver cirrose hepática (BRASIL,
2010).

Manifestações clínicas
Quando sintomáticas são caracterizadas por mal-
estar, cefaleia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga,
artralgia, náuseas, vômitos, desconforto no hipocôndrio
direito e aversão a alguns alimentos e ao cigarro. A
icterícia é encontrada entre 18% a 26% dos casos. Na
fase aguda pode apresentar ainda colúria (urina
escura), hipocolia fecal (fezes brancas), hepatomegalia
ou hepatoesplenomegalia (BRASIL, 2010).

Tratamento
O tratamento típico para a fase aguda da doença
é complexo, e ainda passa por estudos. Devido à sua
alta complexidade deve ser realizado em serviços
especializados de média ou alta complexidade do SUS,
para que tenha acompanhamento e manejo adequados
dos efeitos colaterais. Orienta-se repouso, adequar a
dieta de acordo com o paladar do paciente, restringir

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 451


SAÚDE DA MULHER

absolutamente a ingestão de álcool por pelo menos seis


meses (BRASIL, 2010).
No tratamento da hepatite C crônica pode-se
administrar interferon convencional ou peguilado
associado a ribavirina dependendo do genótipo
infectante (PARANÁ, 2017).

5 Gonorreia e Clamídia
São classificadas como cervicites ou
endocervicites. É a inflamação da mucosa endocervical,
ou seja, do epitélio colunar do colo uterino. Os agentes
etiológicos mais frequentes são C. trachomatis e N.
gonorrhoeae (BRASIL, 2015).
Geralmente são assintomáticas, no entanto,
quando há manifestações clínicas, difere-se entre
homens e mulheres (BRASIL, 2010).

Manifestações clínicas no homem


No homem a infecção pode apresentar dor e
ardência ao urinar, prurido uretral, secreção abundante
de pus pela uretra (Figura 16), dor ou inchaço em um
dos testículos (BRASIL, 2010).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 452


SAÚDE DA MULHER

Figura 16.Gonorreia no homem.


Fonte:<https://1.bp.blogspot.com/_pMxMXFn7L-
4/TEidkFW6crI/AAAAAAAAQDM/AXGBH1pj4sQ/s1600/gonorreia-
fotos.jpg>.

Manifestações clínicas na mulher


Na mulher as manifestações clínicas são
caracterizadas por aumento no corrimento vaginal, que
passa a ter cor amarelada e odor desagradável, dor e
ardência ao urinar, sangramento fora do período
menstrual, dores abdominais e dor pélvica (BRASIL,
2010).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 453


SAÚDE DA MULHER

Figura 17.Gonorreia na mulher.


Fonte:http://pirzaherbs.com/wp-
content/uploads/2017/03/image002.jpg

Tratamento
O Ministério da Saúde recomenda que o
tratamento seja feito com Ciprofloxacina 500mg em
dose única, mais Azitromicina 1g dose única, ou
Doxiciclina 100mg de 12/12 horas, por sete dias
(BRASIL, 2010).

6 Papiloma Vírus Humano (HPV)


O HPV conhecido popularmente como “crista de
galo”, tem como agente etiológico Papiloma Vírus
Humano (HPV). Sua transmissão ocorre por contato

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 454


SAÚDE DA MULHER

direto, principalmente através de relações sexuais


desprotegidas, no entanto, pode haver autoinoculação e
infecção por fômites. Existem mais de 70 sorotipos do
vírus, no entanto, os grupos considerados de alto risco
oncogênico, ou seja, que podem causar o câncer são o
16, 18, 31, 33, 45 e 58 (BRASIL, 2010).

Manifestações clínicas
De maneira geral, apresentam lesões tipo
pápulas circunscritas, verrugas ásperas e indolores, que
podem ser múltiplas, localizadas ou difusas, e de
tamanho variável, podendo também aparecer como
lesão única. Nos homens, as lesões localizam-se no
pênis (Figura 16), sulco balanoprepucial e região
perianal (Figura 18); na mulher, são encontradas na
vulva, períneo, vagina e colo do útero (BRASIL, 2010).

Figura 18.HPV – Verrugas penianas.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 455


SAÚDE DA MULHER

Fonte: Dra. Paula Carturan: HPV: Dúvidas frequentes. Disponível


em: <http://paulacarturan.com.br/duvidas-frequentes/hpv/>. Acesso
em: 7 set. 2017.

Figura 19.HPV –Verrugas perianais.


Fonte:Dra. Paula Carturan: HPV: Dúvidas frequentes. Disponível
em: <http://paulacarturan.com.br/duvidas-frequentes/hpv/>. Acesso
em: 7 set. 2017.

Tratamento
A escolha do método vai depender da quantidade
e conformação das lesões ou se existe associação com
neoplasias. As lesões condilomatosas (verrugas)
visíveis e subclínicas devem ser removidas. Podem ser
utilizadas as alternativas: ácido tricloroacético (ATA) a
80% ou 90%, nas lesões do colo, vagina, vulva,
períneo, região perianal e pênis. A aplicação deve ser
realizada cuidadosamente, direcionada apenas ao local
da lesão, uma a duas vezes por semana (BRASIL,
2010).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 456


SAÚDE DA MULHER

7 Herpes Simples
Trata-se de uma virose, transmitida, na grande
maioria das vezes, por contato sexual, inclusive
orogenital, além do contato direto com as lesões ou
objetos contaminados. Há dois tipos de vírus: o tipo 1,
responsável por infecções na face e tronco, e o tipo 2,
relacionado às infecções na genitália e de transmissão
geralmente sexual, no entanto, ambos os vírus podem
infectar qualquer área da pele ou das mucosas. O vírus
do Herpes Simples é comumente associado a lesões de
membranas mucosas e pele, ao redor da cavidade oral
(herpes oro labial) e da genitália (herpes ano genital)
(BRASIL, 2010).
Em alguns casos mais graves, pode gerar
ceratoconjuntivite herpética que pode evoluir para
cegueira, ainda acometer o sistema neurológico
levando a meningites e encefalites. Quando transmitida
pela mãe para o recém-nascido durante o parto vaginal
é ainda mais grave, gerando sequelas neurológicas e
cegueira, quando não fatal (BRASIL, 2010).
Manifestações clínicas
Os sinais e sintomas diferem-se de acordo com o
estado imunológico do hospedeiro, alternando entre
quadros variáveis benignos ou graves. Na maioria dos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 457


SAÚDE DA MULHER

casos, o indivíduo contrai o vírus sem apresentar


sintomas.
Quando sintomático, caracteriza-se pelo
aparecimento de lesões vesiculosas que, em poucos
dias, transformam-se em pequenas úlceras, precedidas
de sintomas de ardência, prurido e dor (Figura 20).
O vírus pode ficar em estado de latência em
gânglios e nervos cranianos ou da medula, sendo
reativado por causas diversas, assim, retorna para a
pele e mucosa, produzindo novas erupções.

Figura 20 –Herpes simples – orolabial e anogenital

Fonte:<http://pediatravirtual.net/wp-content/uploads/Genital-
Herpes-HV1-e1423608033412.jpg>.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 458


SAÚDE DA MULHER

Tratamento
Iniciar o tratamento, o mais precocemente
possível, com:
1. Aciclovir, 200mg, 4/4 horas, 5x/dia, por 7 dias; ou
2. Aciclovir 400mg, via oral, 8/8 horas, por 7 dias;
ou
3. Valaciclovir, 1g, via oral, 12/12 horas, por 7 dias;
ou
4. Famciclovir, 250mg, via oral, 8/8 horas, por 7
dias (BRASIL, 2010).

ATUAÇÃO DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM NA


SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA

O técnico em enfermagem, como integrante da


equipe de saúde atua em todas as frentes de atenção à
saúde sexual e reprodutiva dos sujeitos que entram em
contato com os serviços de saúde, seja os recebendo,
seja dispensando cuidados, seja encaminhando as
necessidades apresentadas, desde as relativas à
contracepção até às infecções sexualmente
transmissíveis.
De especial importância são as ações educativas
em saúde que obrigatoriamente estão implícitas na
assistência ao ciclo reprodutivo e aos cuidados com as

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 459


SAÚDE DA MULHER

infecções sexualmente transmissíveis. Ao participar da


educação em saúde, o técnico em enfermagem deve
eleger como linha condutora de suas ações, o
acolhimento dialógico dos sujeitos e o desenvolvimento
de práticas educativas igualmente pautadas no diálogo
e livres de avaliações morais. Sua atuação profissional,
portanto, deverá estar sustentada em princípios éticos,
respeitando a autonomia, a privacidade, a
confidencialidade e o sigilo, no trato com as pessoas
que buscam assistência na vivência de suas
experiências sexuais e reprodutivas (BRASIL, 2013).
Para tanto, o técnico em enfermagem poderá
desenvolver habilidades que qualifiquem a assistência
que ele direciona a estas pessoas quando ele:
- Respeita e tem empatia pelos usuários;
- Desenvolve boa capacidade de comunicação;
- Busca utilizar linguagem acessível, simples e
clara;
- Atua de forma gentil, favorecendo o vínculo e
uma relação de confiança;
- Acolhe o saber e o sentir das(os) usuárias(os);
- Respeita e desenvolve tolerância aos princípios
e às distintas crenças e valores que não sejam os seus
próprios;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 460


SAÚDE DA MULHER

- Procura dispor-se de forma confortável para


falar sobre sexualidade e sobre sentimentos e,
- Tem conhecimentos técnicos sobre o assunto
(BRASIL, 2013).

Portanto, sua atuação será o diferencial nas


estratégias de acolhimento e de implementação das
ações de cuidado às pessoas com necessidades de
atenção relativas à saúde sexual e reprodutiva.

Leituras recomendadas

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde
sexual e saúde reprodutiva. 1ª reimpressão. Brasília:
Ministério da Saúde, 2013. Disponível em:
<http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_
ab/abcad26.pdf>.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância


em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites
Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas
para Atenção Integral às Pessoas com Infecções
Sexualmente Transmissíveis. Brasília: Ministério da
Saúde, 2015. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_c
linico_diretrizes_terapeutica_atencao_integral_pessoas
_infeccoes_sexualmente_transmissiveis.pdf>.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 461


SAÚDE DA MULHER

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância


em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica.
Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso.
Brasília, 2010. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_in
fecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf>.

Sugestões de metodologias e recursos

•Aulas expositivas e dialogadas;

•Utilização de vídeos que abordem o conteúdo;

•Aulas práticas que possibilitem o contato e manuseio


dos métodos contraceptivos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da saúde. Assistência em


planejamento familiar. Orientação dos principais
contraceptivos durante a adolescência: manual
técnico. Brasília: Ministério da saúde, 2002.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei Nº


9.263 de janeiro de 1996. Regula o § 7º do art. 226 da
Constituição Federal, que trata do planejamento
familiar, estabelece penalidades e dá outras
providências. Brasília, 1996. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9263.htm>.
Acesso em: 3 set. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Direitos sexuais, direitos reprodutivos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 462


SAÚDE DA MULHER

e métodos anticoncepcionais. Brasília: Ministério da


Saúde, 2009. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/direitos_se
xuais_reprodutivos_metodos_anticoncepcionais.pdf>
Acesso em: 21 mai. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde
sexual e saúde reprodutiva. 1ª reimpressão. Brasília:
Ministério da Saúde, 2013. Disponível em:
<http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_
ab/abcad26.pdf> Acesso em: 21 mai. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância


em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica.
Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso.
Brasília, 2010. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_in
fecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf>. Acesso em: 5
set. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância


em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites
Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas
para Atenção Integral às Pessoas com Infecções
Sexualmente Transmissíveis. Brasília: Ministério da
Saúde, 2015. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_c
linico_diretrizes_terapeutica_atencao_integral_pessoas
_infeccoes_sexualmente_transmissiveis.pdf>. Acesso
em: 3 set. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção


Básica: Saúde das Mulheres. Brasília: Ministério da

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 463


SAÚDE DA MULHER

Saúde, 2016. Disponível em:


<http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/
protocolo_saude_mulher.pdf> Acesso em: 21 maio
2017.

MONTENEGRO, C. A. B.; REZENDE FILHO, J.


Obstetrícia fundamental. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

PARANÁ. Secretaria Estadual de Saúde. Hepatite C -


CID10: B17.1. Doenças Infecciosas e Parasitárias.
Curitiba, 2017. Disponível em:
<http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteud
o.php?conteudo=519>. Acesso em: 16. jul. 2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 464


SAÚDE DA MULHER

CLIMATÉRIO E MENOPAUSA1

Mateus Souza da Luz


Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você


possa:
1. Conceituar climatério e menopausa, bem
como sua distinção;
2. Conhecer a evolução fisiológica da mulher
no período climatérico;
3. Assimilar os principais sinais e sintomas
desencadeados pela redução hormonal
estrogênica;
4. Identificar os principais cuidados de
enfermagem no que tange ao climatério;
5. Compreender a importância da equipe de
enfermagem na atuação com a mulher

1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 465


SAÚDE DA MULHER

desde a fase climatérica até o pós-


menopausa;
6. Conhecer as formas terapêuticas
disponíveis para amenizar as
sintomatologias exacerbadas no período do
climatério.

MULHER, CLIMATÉRIO E MENOPAUSA

A mulher em seu ciclo de vida, após cumprir a


possibilidade de vivenciar a reprodução ou não,
inevitavelmente alcança o climatério e a menopausa.
Nem sempre este momento é vivenciado de forma que
ela o ultrapasse com o menor sofrimento possível. A
falta de informação a respeito dele potencializa os
problemas que podem chegar. É possível que a mulher
apresente alterações para além da dimensão biológica,
as quais podem afetar suas relações afetivas/familiares.
As alterações deste momento de sua vida podem estar
relacionadas à “autoimagem (dimensão psicológica),
papel e as relações sociais (dimensão social),
expectativas e projetos de vida (dimensão espiritual)”,
as quais podem contribuir para o surgimento, a duração
e a intensidade deste período (VALENÇA; GERMANO,
2010).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 466


SAÚDE DA MULHER

Por isso, a sua atuação como técnico em


enfermagem é determinante para que a mulher possa
ser bem orientada e assistida de forma que ultrapasse
esta fase da vida com as menores intercorrências
possíveis. As alterações fisiológicas, que estão
relacionadas com a diminuição da produção de
hormônios sexuais femininos, podem desencadear
exacerbações de sinais e sintomas e,
consequentemente, podem gerar maior procura dos
serviços de saúde.
Levando-se em conta a maior procura pelos
serviços de saúde, se torna fundamental o papel da
enfermagem, munida de conhecimento acerca da
mulher no contexto climatérico, como por exemplo, os
sinais e sintomas dessa fase, para contribuir com
informação por meio da educação em saúde, a fim de
esclarecer questionamentos relacionados as queixas,
bem como, distingui-las entre climatério e a
menopausa. A enfermagem pode “[...] amenizar o
sofrimento causado pelos sinais e sintomas desta fase,
atentando para a melhoria da qualidade de vida da
população, sobretudo das mulheres, ressaltando a
prevenção de doenças e a recuperação da saúde”
(ROCHA; ROCHA, 2010, p. 24).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 467


SAÚDE DA MULHER

DEFINIÇÃO DE CLIMATÉRIO E MENOPAUSA

O climatério é definido pela Organização Mundial


da Saúde (1996, apud BRASIL, 2008, p. 21), como
“uma fase biológica da vida e não um processo
patológico, que compreende a transição entre o período
reprodutivo e o não reprodutivo da vida da mulher”. É
comum, o equívoco quanto aos conceitos de climatério
e menopausa, quando são reconhecidos popularmente
como sinônimos, visto que, existe relação entre ambos,
porém são fenômenos distintos. A menopausa,
portanto, “é um marco dessa fase, correspondendo ao
último ciclo menstrual, somente reconhecida depois de
passados 12 meses de sua ocorrência [...]” (BRASIL,
2008, p. 11).
O climatério não deve ser tratado como uma
doença e sim como um evento natural, pois
muitasmulheres passam por ele sem apresentar
queixas ou necessidades de assistência e, portanto,
não necessitam utilizar medicações (BRASIL, 2008).
Quando esse evento é caracterizado por alterações
físicas e emocionais exacerbadas, diz-se então, que a
mulher está passando pela síndrome do climatério
(ALVES et al., 2015).

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 468


SAÚDE DA MULHER

Segundo Alves et al. (2015), as sintomatologias


no período do climatério têm influência dos fatores
biológicos, psicológicos e sociais. As questões
biológicas estão relacionadas principalmente com a
baixa dosagem circulante do hormônio estrógeno e com
o avanço da senilidade. Os aspectos psicológicos levam
em conta a auto percepção da mulher, frente ao período
do climatério. As questões sociais levam em
consideração os relacionamentos e interação da mulher
com os indivíduos pertencentes à família e comunidade.
A redução do estrógeno está relacionada
diretamente com os sintomas apresentados durante o
climatério, esse hormônio é secretado principalmente
pelos ovários e, em menor quantidade pela glândula
adrenal. O estrógeno é precursor de outros três
esteroides estruturalmente semelhantes.
O climatério está associado com o esgotamento
folicular ovariano, ou seja, com a redução do número de
ovócitos II, que afeta todas as mulheres durante a meia
idade. Esse esgotamento é iniciado ainda no
desenvolvimento intrauterino, por volta da 22ª segunda
semana de gestação, quando o ovário possui uma
quantidade aproximada de oito milhões dos ovócitos I,
que devido a um processo fisiológico de degeneração e

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 469


SAÚDE DA MULHER

reabsorção contínuo, reduzem para dois milhões no


nascimento. No período da primeira menstruação
(menarca), encontram-se em uma quantidade que varia
entre trezentos e quatrocentos mil (LORENZI et al.,
2009).
O fenômeno fisiológico de degeneração também
denominado de atresia, ocorrerá mensalmente a cada
ciclo menstrual, acarretando o esgotamento folicular, e,
consequente a queda progressiva dos níveis de
estradiol, culminando, portanto com a menopausa e
aumento das queixas relacionadas à esse período
(LORENZI et al., 2009).
Já a menopausa é caracterizada como um
processo biológico, que faz parte do envelhecimento
feminino e corresponde exatamente a data da última
menstruação, em decorrência do esgotamento
ovariano. Seu diagnóstico é feito única e
exclusivamente pela clínica apresentada pela mulher,
quando se realiza uma análise retrospectiva, após 12
meses de amenorreia (ausência de menstruação).
Segundo Cavadaset al. (2010), a menopausa
costuma ocorrer, entre 45 e 55 anos, com forte
influência da genética, mas também pode estar
associada a outros fatores externos, como por exemplo,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 470


SAÚDE DA MULHER

o tabagismo, além da “[...] nuliparidade, quimioterapia,


radiação pélvica, epilepsia e tratamento de depressão.
Os fatores que podem atrasar o seu aparecimento
incluem obesidade, multiparidade, e alcoolismo”.
(SOCIETY OF OBSTETRICIANS AND
GYNAECOLOGISTS OF CANADA, 2006 apud
CAVADAS et al. 2010, p. 228).
Em relação à menopausa é importante destacar
alguns outros termos que estão descritos no Quadro 1 a
seguir:

Quadro 1 – Conceitos relacionados à menopausa.


Perimenopausa Inclui a fase imediatamente
anterior à menopausa (quando se
iniciam as alterações
endocrinológicas, biológicas e
clínicas da aproximação da
menopausa) e o primeiro ano após
a menopausa.
Cessação da menstruação como
consequência da remoção cirúrgica
Menopausa dos ovários (com ou sem
Iatrogênica histerectomia) ou após ablação
iatrogênica da função dos ovários
(quimioterapia ou radiação).
Pré-menopausa Inclui toda a fase reprodutiva
anterior à Menopausa.
Pós-menopausa Denomina o período de tempo
após a última menstruação.
Quando ocorre antes dos 40 anos
Menopausa Precoce de idade. Pode ocorrer
espontaneamente ou como
manifestação de doença

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 471


SAÚDE DA MULHER

autoimune, induzida por patologia


médica, alterações genéticas,
medicação, irradiação ou cirurgia.
Fonte:Society of Obstetricians and Gynaecologists of
Canada (2006 apud CAVADAS et al., 2010, p. 228).

O climatério e a menopausa são marcos de


grande representatividade na vida das mulheres. A
ocorrência do climatério provoca adequações
fisiológicas, conforme já estudado. Essas adequações
modificam alguns processos orgânicos associados com
a queda da produção do estrogênio. Pode-se afirmar
que o enfrentamento das condições provocadas pela
diminuição hormonal depende da condição emocional,
física, modo de vida e do ambiente sociocultural no qual
a mulher está inserida (ALVES et al., 2015). Os sinais e
sintomas podem ser transitórios ou não-transitórios,
conforme apresentado no Quadro 2.

Quadro 2 – Sinaise sintomas do climatério.


● Menstruais: o intervalo entre as
menstruações pode diminuir ou
pode estar aumentado; as
menstruações podem ser
abundantes e com maior
duração.
Manifestações ● Neurogênicas: ondas de calor
Transitórias (fogachos), sudorese, calafrios,
palpitações, cefaleia, tonturas,
parestesias, insônia, perda da
memória e fadiga.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 472


SAÚDE DA MULHER

● Psicogênicas: diminuição da
autoestima, irritabilidade,
labilidade afetiva, sintomas
depressivos, dificuldade de
concentração e memória,
diminuição do desejo sexual e
insônia.
● Urogenitais: mucosa mais
delgada, propiciando prolapsos
genitais, ressecamento e
sangramento vaginal,
dispareunia (dor nas relações
sexuais), disúria (dor ao urinar),
aumento da frequência e
urgência miccional.
Manifestações ● Metabolismo lipídico: a
Não-transitórias mudança dos níveis de
estrogênio na pós-menopausa é
considerada como fator relevante
na etiopatogenia da doença
cardiovascular e das doenças
cerebrovasculares isquêmicas; é
comum haver aumento das
frações LDL (colesterol ruim)
redução da HDL (colesterol
bom).
● Metabolismo ósseo: há
mudanças no metabolismo
ósseo, variáveis de acordo com
características genéticas,
composição corporal, estilo de
vida, hábitos (como tabagismo e
sedentarismo) e comorbidades.
As mudanças na massa e
arquitetura ósseas costumam ser
mais evidentes nas regiões da
coluna e do colo do fêmur.
● Ganho de peso e modificação
no padrão de distribuição de
gordura corporal: tendência ao

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 473


SAÚDE DA MULHER

acúmulo de gordura na região


abdominal (padrão androide).
Atenção: a adoção de estilo de
vida saudável, com prática
regular de atividade física e
alimentação adequada para as
necessidades da pessoa, reduz
essas manifestações.
Fonte: Brasil (2016, p. 201).

Levando em consideração as consequências


fisiológicas e psicológicas, que vão do período
climatérico, até o pós-menopausa, nota-se a
importância da informação para as mulheres, quanto ao
papel da enfermagem em esclarecer as dúvidas
pertinentes, às adequações naturais que culminarão
com a ausência da menstruação e dos sinais e
sintomas característicos que já foram mencionados
anteriormente. Portanto, é essencial que o profissional
esteja munido de conhecimento e condições para
oferecer orientações corretas. No Quadro 3são
elencados os principais cuidados de enfermagem.

Quadro 3 –Cuidados de enfermagem durante o climatério.


1. Orientar que o climatério e a menopausa são eventos
fisiológicos na vida da mulher e que o enfrentamento
dos sinais e sintomas dependerão das condições de
vida e do estado psicológico da mesma;
2. Orientar que o estresse e a fadiga agravam os
sintomas neurogênicos, principalmente as ondas de
calor (fogachos);

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 474


SAÚDE DA MULHER

3. Orientar quanto à importância da prática regular de


exercícios, bem como de uma alimentação
balanceada (ingestão de todas as formas de
nutrientes, principalmente os ricos em cálcio, tendo
em vista o aumento da possibilidade de
desenvolvimento de osteoporose);
4. Reforçar a importância do controle do peso corporal,
visto que essa condição ajudará a manter o bem-
estar físico e emocional;
5. Orientar que a atividade sexual frequente ajuda a
manter a elasticidade da vagina, ressaltando a
importância do uso de preservativo para evitar a
aquisição de infecções sexualmente transmissíveis;
6. Identificar as estratégias e os métodos para evitar ou
tratar o prurido ou queimação das áreas vulvares. Na
exacerbação desses sinais e sintomas, consultar o
médico para excluir as anormalidades dermatológicas
e, quando apropriado, obter uma prescrição de creme
lubrificante ou hormonal;
7. Reforçar (no que diz respeito à dor na relação
sexual), o uso de lubrificante, pois o ressecamento
vaginal contribui com a algia e sangramentos da
mucosa;
8. Orientar para evitar o fumo, álcool e cafeína
excessiva, tendo em vista que essas substâncias
aumentam a perda óssea;
9. Orientar a importância da ingesta hídrica diária, tendo
em vista o risco para infecção do trato urinário (ITU);
10. Orientar a procurar um médico se sangramento
vaginal, independentemente da quantidade, em um
período após 1 ano sem menstruação.
Fonte: Smeltzer; Bare (2011, p. 2386-2387).

TRATAMENTO DOS SINTOMAS DO CLIMATÉRIO

As sintomatologias no climatério poderão ocorrer


em maior ou menor intensidade dependendo do

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 475


SAÚDE DA MULHER

contexto biológico, psicológico e social de cada mulher.


Levando em consideração esses aspectos é que
ocorrerá, quando diante de sintomas exacerbados, a
instituição de alguma forma terapêutica, podendo ser,
medicamentosa hormonal ou não hormonal e/ou outras
formas de terapias não farmacológicas, como: a
fitoterapia, homeopatia, medicina tradicional chinesa-
acupuntura e a medicina antroposófica.Vale ressaltar
que antes da instituição de qualquer terapêutica é
necessária uma visão holística a respeito da mulher,
para contemplar medidas gerais, como, a orientação
dietética e o acompanhamento psicológico (BRASIL,
2008).
A terapêutica hormonal consiste em amenizar os
sintomas relacionados com a diminuição dos esteroides
no organismo, suas formulações são, portanto
baseadas nos hormônios estrógeno e progesterona. A
terapêutica não hormonal consiste no tratamento
farmacológico quando não se deseja fazer reposição
hormonal e na presença de sintomatologias que não
serão resolvidas com o uso da hormonioterapia. Este
tratamento tende a melhorar os sinais e sintomas
vasomotores, quadros de ansiedade e de depressão

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 476


SAÚDE DA MULHER

que podem estar relacionados ou não com o climatério


(BRASIL, 2008).
Além dos tratamentos farmacológicos tradicionais
hormonais e não hormonais dispõe-se de terapêuticas
naturais e práticas complementares tais como a
homeopatia, fitoterapia, acupuntura, medicina
atroposófica e o termalismo que estão contempladas na
Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares no SUS e que podem ser
aprofundadas em Brasil(2008).
Diante do conteúdo exposto percebe-se a
importância da equipe de enfermagem em compreender
a distinção entre climatério e menopausa, importante e
crítica fase de vida feminina que marca o fim da vida
reprodutiva, quando o climatério corresponde às
alterações fisiológicas que desencadeiam a
menopausa, definida como o último sangramento em
consequência do esgotamento ovariano.
Conhecer e entender os sinais e sintomas munirá
o profissional de informações necessárias para que
possa orientar o melhor enfrentamento desse evento
fisiológico tão importante para a qualidade de vida das
mulheres.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 477


SAÚDE DA MULHER

Leituras recomendadas

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Manual de Atenção à Mulher no
Climatério/Menopausa. Brasília: Editora do Ministério
da Saúde, 2008. Disponível em:
<https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/image
m/1934.pdf>. Acesso em: 08 mar. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção


Básica: saúde das mulheres. Instituto Sírio-Libanês de
Ensino e Pesquisa. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
Disponível em:
<http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/
protocolo_saude_mulher.pdf>. Acesso em: 22 mar.
2017.

CAVADAS, L. F. et al. Abordagem da menopausa nos


cuidados de saúde primários. Acta Med Port. Portugal.
v. 23, n. 2, p. 227-236, 2010. Disponível em:
<http://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.p
hp/amp/article/viewFile/612/29>. Acesso em: 15 mar.
2017.

Sugestões de metodologias e recursos

-Aulas expositivas, dialogadas, com leituras e


discussões de textos e apresentação de trabalhos de
forma individual e/ou em grupo.
REFERÊNCIAS

ALVES, E. R. P. et al. Climatério: a intensidade dos


sintomas e o desempenho sexual. Texto Contexto
Enferm, Florianópolis, v. 24, n. 1, p. 64-71, jan./mar.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 478


SAÚDE DA MULHER

2015. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/0104-


07072015000590014>. Acesso em: 6 mar. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Profissionalização de


Auxiliares de Enfermagem: caderno do aluno. Brasília,
2003. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/pae
_cad8.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Manual de Atenção à Mulher no
Climatério/Menopausa. Brasília: Editora do Ministério
da Saúde, 2008. Disponível em:
<https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/image
m/1934.pdf>. Acesso em: 08 mar. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção


Básica: saúde das mulheres. Instituto Sírio-Libanês de
Ensino e Pesquisa. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
Disponível em:
<http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/
protocolo_saude_mulher.pdf>. Acesso em: 22 mar.
2017.

CAVADAS, L. F. et al. Abordagem da menopausa nos


cuidados de saúde primários. Acta Med Port. Portugal.
v. 23, n. 2, p. 227-236, 2010. Disponível em:
<http://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.p
hp/amp/article/viewFile/612/29>. Acesso em: 15 mar.
2017.

LORENZI, D. R. S. etal.Assistência à mulher


climatérica: novos paradigmas. Rev. bras. enferm.
Brasília, v. 62, n. 2, p. 287-293, 2009. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 479


SAÚDE DA MULHER

S0034-71672009000200019&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em: 5 mar. 2017.

ROCHA, M. D. H. A; ROCHA, P. A. Do climatério à


menopausa. Revista científica do ITPAC. Tocantins, v.
3, n. 1, p. 24-27 2010. Disponível em:
<http://www.itpac.br/arquivos/Revista/31/4.pdf>. Acesso
em: 18 mar. 2017.

SMELTZER, S. C; BARE, B. G. Brunner & Suddarth:


tratado de enfermagem médico cirúrgica. 12. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 2v. Disponível
em:
<http://www.abennacional.org.br/home/Tratado_de_Enf
ermagem.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2017.

VALENÇA, C. N.; GERMANO, R. M. Concepções de


mulheres sobre menopausa e climatério. Rev. Rene.
Fortaleza, v. 11, n. 1, p. 161-171, jan./mar.2010.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 480


SAÚDE DA MULHER

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER1

Manoela Cristina Berticelli


Alessandra Crystian Engles dos Reis
Eledir Ignácio dos Santos
Gicelle Galvan Machineski
Lorete Lopes Montanari
Maria Salete da Silva Bozza
Rosa Maria Rodrigues
Solange de Fátima Reis Conterno

Ao final deste capítulo espera-se que você


possa:
- Conhecer os principais tipos de violência contra a
mulher brasileira;
- Identificar as principais leis que protegem as
mulheres;
- Denunciar agravos decorrentes da violência
doméstica e sexual;
- Prestar cuidado de enfermagem a mulher vítima
de violência.

1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo


Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 481


SAÚDE DA MULHER

ASPECTOS GERAIS DA VIOLÊNCIA CONTRA A


MULHER

A violência sofrida pelas mulheres têm


recebidocrescente atenção desde o início dos anos 1970,
associado ao movimento feminista e luta pelos direitos das
mulheres. Atualmente esse tema é importante questão de
saúde no mundo todo. Dentre os tipos de violência,
destacam-se a violência de gênero, que são as causadas por
homens, por vezes companheiros íntimos dessas mulheres
que cometem a violência física e a sexual.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE, 2012)estima-se que até o primeiro
semestre de 2012 (dados mais recentes) foram registrados
no Brasil, cerca de 47 mil casos na Central de Atendimento à
Mulher. Durante o ano de 2010, esses registros alcançaram
108 mil casos, dentre esses de exploração sexual, assédio
no trabalho e lesão corporal de leve a alto grau.

OS TIPOS DE VIOLÊNCIA SOFRIDOS PELAS


MULHERES

Existem diversos tipos e graus de violência, como:


agressões físicas e sexuais, abusos emocionais, exploração
sexual, estupros, assassinatos, violência de gênero,
mutilação genital ou violência por preconceito quantoa
orientação sexual. Porém, a intenção do presente capítulo é

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 482


SAÚDE DA MULHER

explanar quais os principais tipos de violência sofrida pelas


mulheres brasileiras (SCHRAIBER, et al., 2002).

Violência Doméstica

A chamada “violência doméstica’’ é aquela que


ocorre no espaço familiar ou doméstico entre qualquer
membro familiar, sendo mãe, marido, amante, namorado, ex-
marido, filho, dentre outros familiares (SILVA;COELHO;
CAPONI,2007). A violência doméstica pode se manifestar
em diversos tipos que caracterizam a ocorrência de um ato
violento no ambiente doméstico, os quais são tratados a
seguir.

Violência Física

A maioria dos casos de agressão física contra uma


mulher ocorre por pessoas próximas a ela, como parceiros e
familiares. A violência sofrida pelo cônjuge, por exemplo,
atinge cerca de 20% a 50% das mulheres, considerando
estatísticas mundiais ao redor do mundo e está intimamente
relacionada com a violência doméstica, que é aquela sofrida
dentro da própria casa. Esse tipo de violência traz sérias
repercussões para a saúde e qualidade de vida da mulher e
tem sido associada ao suicídio, abuso de drogas e álcool,
distúrbios gastrointestinais e distúrbios psíquicos em geral.
Os episódios de violência são característicos, pois tendem a

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 483


SAÚDE DA MULHER

se repetir e tornarem-se potencialmente mais graves com o


passar do tempo (SCHRAIBERet al., 2002).
Menezes et al. (2003, p. 311) define violência física
como sendo o

[…] uso intencional de força física


com potencial para determinar morte,
incapacidade, injúria e ferimento, que
inclui, mas não está limitado a
arranhões, bofetadas, empurrões,
perfurações, chutes, contusões,
queimaduras, fraturas ósseas,
espancamento, lesões na cabeça,
lesões internas, lesões permanentes
e o uso de arma.

O trauma da violência física não se estende apenas


à vítima, mas também a outras pessoas do seu convívio,
como os filhos, familiares e comunidade. Isso, de certa forma
gera uma desordem na vida de todos ao seu redor, com
fortes consequências sociais, econômicas, comportamentais
e profissionais (ACOSTA, et al., 2015).

Violência Psicológica

A violência psicológica nem sempre é identificada


pela vítima, por não envolver o ato de agressão corporal,
geralmente não é associada com algum ato violento.
Frequentemente esse tipo de violência é associada a fatores
como: álcool, situação financeira, problemas com filhos ou

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 484


SAÚDE DA MULHER

demais situações que coloquem o casal em crise


(SILVA;COELHO; CAPONI,2007).
Ao contrário da violência física na qual estão
presentes as agressões corporais, a psicológica não utiliza
desse recurso; ela decorre de palavras, manipulações,
gestos e humilhações dirigidas à pessoa sem que,
necessariamente ocorra contato físico. Novamente a
violência, tanto psicológica quanto a física não afetam
somente a vítima, mas atinge a todos que vivenciam a
situação, principalmente os filhos que presenciam a violência
sofrida pelas mães e podem pelo exemplo vivenciado,
reproduzir esse comportamento no futuro (SILVA;COELHO;
CAPONI,2007).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde
(1998),as formas mais comuns de violência psicológica
incluem: ofensa verbal de forma repetida, reclusão ou
privação de recursos materiais, financeiros e pessoais. Para
a mulher, essas agressões podem trazer sérias
consequências como: baixa autoestima, insegurança e falta
de confiança em si mesma, depressão, ansiedade, crises de
pânico, transtornos alimentares, dentre outros.
Em muitos casos, a violência psicológica é uma
precursora da violência física. Isso se dá pelo fato, de a
mesma não ser reconhecida como uma agressão e passar
despercebida pela vítima e seus familiares repercutindo em
outras formas de violência (SILVA;COELHO; CAPONI,2007)
até chegar a agressão física.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 485


SAÚDE DA MULHER

Violência Sexual

Violência sexual é aquela onde são cometidos atos


que violam os direitos sexuais da vítima, caracterizada pelo
abuso e exploração do corpo sem o seu consentimento,
praticado a força ou de forma coercitiva. Geralmente a ideia
de violência sexual vem associada com a de que o abusador
é uma pessoa estranha, fora do círculo social da vítima,
porém o abuso sexual pode ocorrer dentro da própria casa.
Quando associada à uma ocorrência no meio público por
algum estranho, o abuso sexual é rapidamente associado a
um crime, em contrapartida quando esse ocorre dentro do
ambiente doméstico por vezes, não é encarado da mesma
maneira (CAVALCANTI; GOMES; MINAYO, 2006).
O abuso sexual está presente dentro dos
relacionamentos como um ato que contraria a vontade da
vítima. Por ser praticado pelo parceiro, ela é dificilmente
identificada pela vítima, mas consiste no ato sexual sem a
permissão ou sem que a mulher tenha vontade de
estabelecer relação sexual com o parceiro naquele
momento, além de toques e carícias não permitidas pela
vítima (CAVALCANTI; GOMES; MINAYO, 2006).
Como todo tipo de violência, a sexual deixa
profundas marcas na vida da vítima. Não só os ferimentos
externos e internos, mas a vítima de abuso acaba sofrendo
dano psicológico, que pode perdurar. Medo de sair sozinha,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 486


SAÚDE DA MULHER

receio ao toque até mesmo de familiares e parceiros,


depressão, ansiedade, crises de pânico são alguns dos
problemas enfrentados pelas vítimas de abuso sexual e, por
vezes as consequências são exponencialmente severas
podendo levar a tentativa e a cometer
suicídio(CAVALCANTI; GOMES; MINAYO, 2006).

Violência Obstétrica

Apesar de presente em nosso dia-dia, a


discussão desse tipo de violência, ainda é muito recente
entre a população e no cenário da saúde. Foi somente
em 1980 que grupos defensores dos direitos humanos
unidos ao movimento feminista, introduziram esse
assunto para debate, a fim de promover um maior
conhecimento sobre a violência no parto e formas de
combatê-la. Essa luta se concentra no reconhecimento
da participação da gestante e do seu protagonismo no
momento do parto, considerando que a mulher não é
apenas um útero carregando um outro ser, mas
também um ser humano composto de emoções, medos,
ansiedades e vontades (SENA;TESSER, 2017).
A violência durante o trabalho de parto, apesar
das políticas oficiais terem avançado, ainda é constante
nos ambientes de cuidado a mulher durante o trabalho
de parto. Estudo mostrou uma prevalência da violência

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 487


SAÚDE DA MULHER

obstétrica de 86,57% expondo a gravidade do problema


que mostrou-se associada, neste estudo, à baixa
escolaridade e a ter sido assistida por profissional
médico (ANDRADE, et al., 2016).
Quando a mulher escolhe os profissionais que
vão acompanhar seu parto, tanto parto vaginal quanto
cesárea, elas depositam confiança não só nos
profissionais, mas também na instituição em que estará,
pois é lá que ela vai passar um dos momentos mais
importantes da sua vida, que é a chegada de um filho.
Por isso, os profissionais de enfermagem têm grande
importância para garantir que a mulher se sinta segura
em todos os momentos que precedem, nos momentos
do intraparto e no pós-parto (AGUIAR; OLIVEIRA,
2010).
Conforme Sena e Tesser (2017, p. 211) existem
diversas formas de se praticar violência obstétrica
dentro de uma instituição de saúde, dentre elas as mais
comuns são:

- Proibir a mulher de estar


acompanhada por seu parceiro ou
pessoa de sua escolha;
- Realizar quaisquer
procedimentos sem aviso prévio,

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 488


SAÚDE DA MULHER

explicação da real necessidade e


sem consentimento;
- Realizar procedimentos
dolorosos ou constrangedores
sem necessidade, como:
tricotomia, ausência de
privacidade, enema, restrição de
movimento com permanência por
tempo demasiado na posição
litotômica;
- Tratar a mulher de maneira
agressiva ou rude, ou também
fazer piadas ou insultá-la;
- Separar o bebê saudável da mãe
após o nascimento sem uma
justificativa;
- Realizar episiotomia, quando as
evidências científicas demostram
não haver necessidade;
- Induzir a mulher a escolher parto
cesáreo quando há perfeitas
condições de que o parto ocorra
normalmente por via vaginal;
- Negligência na assistência;
- Discriminação social ou racial;
- Uso de fórceps sem
necessidade;
-Manobra de kristeller (empurrar a
barriga da parturiente);
- Privar a mulher de alimentação
quando não há necessidade real
de jejum.

Esses são apenas alguns dos tratamentos


violentos, mais vistos nos hospitais no momento do

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 489


SAÚDE DA MULHER

parto. Diariamente formas mais brandas e, até mais


agressivas de violência obstétrica são vivenciadas pelas
mulheres no período gravídico puerperal (SENA;
TESSER, 2017).
Em março de 2017, o Ministério da Saúde
publicou no Diário Oficial da União, a Portaria 353/2017
que aprovou as Diretrizes Nacionais de Assistência ao
Parto Normal no Brasil, as quais oferecem orientações
baseadas em evidências científicas para a equipe
multiprofissional de saúde, incluindo técnicas de alívio à
dor, como massagens e banhos mornos, que devem ser
realizados pela equipe de enfermagem, as quais estão
contidas no anexo da Portaria (BRASIL, 2017a).
Uma importante recomendação do documento
anexo à Portaria é a contraindicação da manobra de
Kristeller, quando o útero da parturiente é pressionado
para expulsar mais rapidamente o feto. O procedimento
além de ser psicologicamente doloroso para a mulher
traz riscos físicos, tanto para ela quanto para o bebê,
como ruptura do útero, fratura das costelas e
hemorragias (BRASIL, 2017b).
Outra consideração é o sobre o uso da
episiotomia (corte feito na região do períneo para ajudar
na expulsão do feto). A técnica de episiotomia deveria

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 490


SAÚDE DA MULHER

ser feita apenas em casos extremos nos quais a mulher


não consegue realizar a expulsão completa do feto e o
mesmo entra em sofrimento fetal, porém ela é feita em
quase todas as mulheres que estão em período
expulsivo no parto vaginal na maioria dos hospitais
(BRASIL, 2017b).
As diretrizes são uma importante conquista para
os profissionais de enfermagem, os quais são os
responsáveis pelos cuidados com a mulher em todas as
fases do trabalho de parto. Esse fato possibilitou
respaldo técnico e legal para a enfermagem, somado a
Lei do Exercício de Enfermagem 7.498/86 e a
Resolução Cofen no 516/2016. A Lei do Exercício
Profissional de Enfermagem foi uma grande conquista
para os profissionais de enfermagem brasileiros, pois
ofereceu um respaldo legal pelas ações e técnicas
desenvolvidas. A criação da Lei 7.498/86 permitiu que
os mesmos se posicionassem face às limitações da
profissão. Sendo assim, o conhecimento da legislação
por todos os profissionais da área é imprescindível, pois
é nela que se explanam os direitos e obrigações por
parte do profissional e da equipe de enfermagem
(PEREIRA, 2014), inclusive no que tange as

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 491


SAÚDE DA MULHER

competências profissionais no cuidado a mulher durante


o trabalho de parto.
Já a Resolução 516/2016 do Conselho Federal
de Enfermagem delibera em seu artigo 1º por
normatizar a atuação e a responsabilidade do
Enfermeiro, Enfermeiro Obstetra e Obstetriz na
assistência às gestantes, parturientes, puérperas e
recém-nascidos nos Serviços de Obstetrícia, Centros de
Parto Normal e/ou Casas de Parto e demais locais onde
ocorra essa assistência e estabelecer critérios para
registro de títulos de Enfermeiro Obstetra e Obstetriz no
âmbito do Sistema Confen/Conselhos Regionais de
Enfermagem (COFEN, 2016).
A resolução estabelece ainda as funções do
profissional de Enfermagem atuante na área da
Obstetrícia. Cabe a ele executar algumas ações como:
- Acolher a mulher e seus familiares ou acompanhantes;
- Avaliar as condições de saúde materna, clínicas e
obstétricas assim como as do feto;
- Garantir o atendimento à mulher no pré-natal, parto e
puerpério por meio da consulta de enfermagem;
- Promover modelo de assistência centrado na mulher,
no parto e nascimento, ambiência favorável ao parto e
nascimento de evolução fisiológica e garantir a

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 492


SAÚDE DA MULHER

presença do acompanhante de escolha da mulher,


conforme previsto em Lei;
- Prestar assistência ao parto normal de evolução
fisiológica (sem distócia) e ao recém-nascido;
- Prestar informações escritas e verbais, completas e
fidedignas necessárias ao acompanhamento e
avaliação do processo do cuidado (COFEN, 2016).

LEI MARIA DA PENHA

Mesmo que a violência contra a mulher tenha


surgido junto com a humanidade, no Brasil foi somente
em agosto de 2006, por meio da Lei Federal n o 11.340,
também chamada de Lei Maria da Penha, que a
violência doméstica e familiar contra as mulheres se
tornou crime.
Maria da Penha Maia Fernandes é farmacêutica.
Em 1983 foi baleada pelo marido enquanto dormia, e
consequentemente perdeu a movimentação dos
membros inferiores. Porém, isso não impediu que o
marido continuasse a lhe agredir, levando a mesma a
fugir de casa com as filhas para procurar ajuda.
Somente após 19 anos de luta por justiça, o marido e
agressor foi condenado a 10 anos de prisão. Ele ficou
encarcerado por apenas 2 anos e depois lhe foi

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 493


SAÚDE DA MULHER

concedida a liberdade. A luta por justiça, por segurança


e pelos direitos das mulheres de Maria da Penha Maia
Fernandes foi o que motivou diversos movimentos
feministas exigindo a criação de uma punição específica
para os indivíduos que agredissem mulheres de
qualquer idade. Por esse motivo é que a Lei
11.340/2006 leva também o nome de Lei Maria da
Penha (BRASIL, 2010).
QUAL O PAPEL DA ENFERMAGEM NESSE
CONTEXTO?

Na intenção de prestar o melhor cuidado


possível, o profissional de enfermagem deve saber
quais medidas imediatas oferecer à mulher vítima de
violência doméstica ou sexual, em conformidade com a
Norma Técnica do Ministério da Saúde, sendo
oferecidas medidas preventivas para evitar uma
gravidez indesejada e a ocorrência de Infecções
Sexualmente Transmissíveis quando vítimas de
violência (MORAIS; MONTEIRO; ROCHA, 2010).
Após qualquer ato de violência devem ser
aplicadas medidas de proteção para a vítima. Assim a
Norma Técnica foi publicada através de um caderno
desenvolvido pelo Ministério da Saúde no ano de 2005,
e busca informar os profissionais de saúde sobre os

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 494


SAÚDE DA MULHER

seus deveres frente a uma vítima de violência sexual e


como devem atuar de acordo com as competências de
cada um (BRASIL, 2005).
É de suma importância que o profissional de
enfermagem saiba reconhecer uma mulher que possa
ter sofrido qualquer tipo de violação. Após constatar que
houve violência, devem ser feitas orientações que
ajudem a mulher a obter proteção, então se deve
acionar a delegacia de polícia mais próxima por meio do
telefone 190 ou para a Delegacia Especial de
Atendimento à Mulher (DEAM). Esses órgãos terão um
prazo de 48 horas para remeter ao juiz o pedido da
ofendida para a concessão de medidas protetivas de
urgência (VIZA; SARTORI; ZANELLO, 2017).

IMPORTANTE: DISQUE DENÚNCIA EM CASO DE


QUALQUER TIPO DE VIOLÊNCIA CONTRA A
MULHER, LIGUE 180.

Entre as medidas de proteção expostas pelo Art. 22


da Lei 11.340 (BRASIL, 2006, p. 24-27) estão as medidas
restritivas para o agressor:
– suspensão da posse ou restrição do porte de armas,
com comunicação ao órgão competente, nos termos da
Lei n° 10.826, de 22 de dezembro de 2003;

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 495


SAÚDE DA MULHER

– afastamento do lar, domicílio ou local de convivência


com a ofendida;
– proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre
estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus
familiares e testemunhas por qualquer meio de
comunicação; c) frequentar determinados lugares a fim
de preservar a integridade física e psicológica da
ofendida;
– restrição ou suspensão de visitas aos dependentes
menores, ouvida a equipe de atendimento
multidisciplinar ou serviço similar;
– prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
Já entre as medidas de proteção a vítima, segundo o
Art. 23 da Lei 11.340/2006 encontram-se:
– encaminhar a ofendida e seus dependentes a
programa oficial ou comunitário de proteção ou de
atendimento (casa abrigo, rede – saúde, educação,
Defensoria Pública, etc.);
– determinar a recondução da ofendida e a de seus
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento
do agressor (em casos nos quais a vítima foge de casa)

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 496


SAÚDE DA MULHER

– determinar o afastamento da ofendida do lar, sem


prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos
e alimentos (oferecer as condições ideais à vítima
quando a mesma decide não voltar para o antigo lar);
– determinar a separação de corpos (BRASIL, 2006).

Segundo o Art. 9 § 3o da Lei 11.340 (BRASIL,


2006, p.17), quando sob assistência de uma equipe de
saúde, após ter sido vítima de violência doméstica e
familiar deverá ser assegurado à mulher:

[...] o acesso aos benefícios decorrentes


do desenvolvimento científico e
tecnológico, incluindo os serviços de
contracepção de emergência, a profilaxia
das Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DST) e da Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e
outros procedimentos médicos
necessários e cabíveis nos casos de
violência sexual.

A mulher, ao buscar o serviço de saúde deve receber


uma assistência que envolva toda a equipe de saúde, ou
seja: assistência médica, ginecológica, assistência social,
assistência psicológica que, em conjunto vão prevenir os
agravos imediatos e de longo prazo, como por exemplo:
lacerações genitais, edemas, equimoses, escoriações. Além,
de danos físicos, a vítima, pode sofrer de depressão,
ansiedade, insônia, risco de suicídio, fobias, entre outros
distúrbios psicológicos, os quais precisam ser monitorados e

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 497


SAÚDE DA MULHER

assistidos por equipe multidisciplinar (MORAIS; MONTEIRO;


ROCHA, 2010).
Nesse contexto, o cuidado de enfermagem deve ser
direcionado para a mulher vítima de violência, priorizando o
tratamento das lesões, assistência imediata para prevenção
de Infecções Sexualmente Transmissíveis além da hepatite
B, prevenção de gravidez indesejada, bem como oferecer
conforto emocional imediato (MORAIS; MONTEIRO;
ROCHA, 2010).
Compreender e problematizar a temática da
violência contra a mulher consolida o entendimento de
que o cuidar em enfermagem é fundamental para a
mulher vítima de violência doméstica ou sexual, pois
além de traumas físicos, o abuso pode deixar marcas
profundas na vítima de qualquer tipo de violência,
sendo ela sexual, psicológica, doméstica ou obstétrica.
Por isso, a equipe de enfermagem, na maioria
das vezes, a primeira a receber a mulher nos serviços
precisa estar instrumentalizada para saber identificar
uma mulher que, possivelmente sofreu algum tipo de
violência, para que os cuidados oferecidos sejam os
melhores possíveis, além de fornecer encaminhamento
resolutivo para a vítima com a intenção de, ao seu lado
e, de acordo com suas necessidades encontrar o
melhor encaminhamento para o seu caso, de acordo

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 498


SAÚDE DA MULHER

com as determinações e proteções legais a que ela tem


direito.

Leituras recomendadas

CORTES, L. F. et al. Cuidar mulheres em situação


de violência: empoderamento da enfermagem em
busca de equidade de gênero. Rev. Gaúcha
Enferm. v. 36, esp. p. 77-84, 2015. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v36nspe/0102-6933-
rgenf-36-spe-0077.pdf>. Acesso em: 6 nov. 2017.

MORAIS, S. C. R. V.; MONTEIRO, C. F. S.;


ROCHA, S. S. o cuidar em enfermagem à mulher
vítima de violência sexual. Texto Contexto
Enferm, Florianópolis, v. 19, n. 1, p. 155-60,
jan./mar, 2010. Disponível em: <http://www.index-
f.com/textocontexto/2010pdf/19-155.pdf>. Acesso
em: 6 nov. 2017.

MOURA, M. P. B. et al. Assistência de Enfermagem


às mulheres vítimas de violência: revisão
integrativa. R. Enferm. Cent. O. Min. v. 1, n. 4, p.
571-582, out./dez. 2011. Disponível em:
<http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/article
/view/132/245>. Acesso em: 6 nov. 2017.

Sugestões de metodologias e recursos

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 499


SAÚDE DA MULHER

- Exposição dialogada sobre a temática;

- Recurso de vídeos para problematizar a violência em


suas diferentes formas;

- Dramatização de situação de cuidado à mulher vítima


de violência dentro e fora das instituições de cuidado.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, P. O. N. et al. Fatores associados à


violência obstétrica na assistência ao parto vaginal em
uma maternidade de alta complexidade em Recife,
Pernambuco. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant.,
Recife, v. 16, n. 1, p. 29-37,jan./mar., 2016. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/rbsmi/v16n1/1519-3829-
rbsmi-16-01-0029.pdf>. Acesso em: 8 nov. 2017.

ACOSTA, D. F. et. al. Violência contra a mulher por


parceiro íntimo: (in)visibilidade do problema. Texto
Contexto Enferm,Florianópolis, v. 24,n. 1, p. 121-27.
2015. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n1/pt_0104-0707-tce-
24-01-00121.pdf>. Acesso em: 11 maio 2017.

AGUIAR, J. M; OLIVEIRA, A. F. L. Violência


institucional em maternidades públicas sob a ótica das
usuárias. Interface-Comunicação, Saúde, Educação.
v. 15, n. 36. p. 79-91,jan./mar., 2011. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/icse/v15n36/aop4010.pdf>.
Acesso em: 14 maio 2017.

BRASIL, Ministério da Saúde. Prevenção e tratamento


dos agravos resultantes da violência sexual contra
mulheres e adolescentes: norma técnica. Brasília
(DF), 2005. Disponível em:

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 500


SAÚDE DA MULHER

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/prevencao_
agravo_violencia_sexual_mulheres_3ed.pdf>. Acesso
em: 15 jun. 2017.

BRASIL, Lei. nº. 11.340 de ago. de 2006.Cria


mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar
contra a mulher, nos termos do § 8odo art. 226 da
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação contra as
Mulheres e da Convenção Interamericana para
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher;
dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código
de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de
Execução Penal; e dá outras providências. Brasília-DF,
2006. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em:10 maio 2017.

BRASIL, Câmara dos Deputados. Lei nº 11.340/2006.


Brasília-DF, 2010. Disponível em:
<http://www.cairu.br/biblioteca/arquivos/Direito/lei_maria
_penha.pdf>. Acesso em: 10 maio 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 353, de 14


de fevereiro de 2017. Aprova as Diretrizes Nacionais
de Assistência ao Parto Normal. Brasília: Secretaria de
Atenção à Saúde, 2017a. Disponível em:
<http://www.conasems.org.br/wp-
content/uploads/2017/02/portaria353.pdf>. Acesso em:
14 maio 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes Nacionais de


Assistência ao Parto Normal. Brasília, DF, 2017.
Disponível em:

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 501


SAÚDE DA MULHER

<http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/ma
rco/08/Diretrizes-Parto-Normal-resumida-FINAL.pdf>.
Acesso em: 14 maio 2017.

CAVALCANTI, L.F; GOMES, R; MINAYO, M.C.S.


Representações sociais de profissionais de saúde sobre
violência sexual contra a mulher: estudo em três
maternidades públicas municiais do Rio de Janeiro,
Brasil. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 22, n. 1,
p. 31-39. 2006. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/%0D/csp/v22n1/04.pdf>.
Acesso em: 14 maio 2017.

COFEN.Resolução COFEN nº 0516 de 2016.


Normatiza a atuação e a responsabilidade do
Enfermeiro, Enfermeiro Obstetra e Obstetriz a
assistência às gestantes, parturientes, puérperas e
recém-nascidos nos Serviços de Obstetrícia, Centros de
Parto Normal e/ou Casas de Parto e outros locais onde
ocorra essa assistência; estabelece critérios para
registro de títulos de Enfermeiro Obstetra e Obstetriz no
âmbito do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de
Enfermagem, e da outras providências. Bol. COFEN,
2016. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/wp-
content/uploads/2016/06/RES.-COFEN-516-2016.pdf>.
Acesso em:10 maio 2017.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e estatística.
Violência contra mulher. [online] Disponível
em:<https://teen.ibge.gov.br/noticias-teen/2822-
violencia-contra-mulher>. Acesso em:10 maio 2017.

MENEZES, T.C. et. al. Violência Física Doméstica e


Gestação: Resultados de um Inquérito no Puerpério.
RBGO. v. 25, n. 5, p. 309-316, 2003. Disponível em:

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 502


SAÚDE DA MULHER

<http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v25n5/16815.pdf>.
Acesso em: 11 maio 2017.

MORAIS, S.C.R.V; MONTEIRO, C.F.S; ROCHA, S.S. O


cuidar em enfermagem à mulher vítima de violência
sexual. Texto & Contexto - Enfermagem,
Florianópolis, v. 19, n. 1, p. 155-160, jan./mar. 2010.
Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/tce/v19n1/v19n1a18.pdf>.
Acesso em:20 maio 2017.

PEREIRA, M. S. Lei do exercício profissional de


enfermagem e a autonomia profissional do enfermeiro.
Rev.Enfermagem em Foco.v. 4,n. 3/4, p. 171-174,
2014. Disponível em:
<http://revista.portalcofen.gov.br/index.php/enfermagem
/article/view/543/226>. Acesso em: 15 jun. 2017.

SENA, L.M; TESSER, C.D. Violência obstétrica no


Brasil e o ciberativismo de mulheres mães: relato de
duas experiências. Interface - Comunicação, Saúde,
Educação. v.21, n. 60, p. 209-220, 2017. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/icse/v21n60/1807-5762-
icse-1807-576220150896.pdf >. Acesso em: 15 jun.
2017.

SILVA, L.L.;COELHO, E. B. S.; CAPONI, S. N. C. Silent


violence: psychological violence as a condition of
domestic physical violence.Interface - Comunicação,
Saúde, Educação.v.11, n.21, p.93-103, jan./abr. 2007.
Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/icse/v11n21/v11n21a09.pdf>.
Acesso em:12 maio 2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 503


SAÚDE DA MULHER

SCHRAIBER, L.B. et. al. Violência contra a mulher:


estudo em uma unidade de atenção primária à saúde.
Rev. Saúde Pública. São Paulo, n. 36, n. 4, p. 470-77,
ago. 2002. Disponível em:
<http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v36n4/11766>. Acesso
em: 10 maio 2017.

VIZA, B-H; SARTORI, M. T.; ZANELLO, V. (Org.). Maria


da Penha vai à escola: educar para prevenir e coibir a
violência doméstica e familiar contra a mulher. Brasília-
DF, 2017. Disponível em:
<http://www.tjdft.jus.br/institucional/2a-vice-
presidencia/nupecon/centro-judiciario-mulher/e-book-
maria-da-penha-vai-a-escola>. Acesso em: 10 maio
2017.

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID 2017 504

Você também pode gostar