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A Magia Cerimonial Moderna adquiriu a forma atual nos séculos XVIII e XIX e se
refere à muitas tradições diferentes, mas a maioria é geralmente baseada na
Kabalah, Hermética, Rosacrucismo, Alquimia e outras ciências ocultas. A Magia
Cerimonial não é obra de nenhum indivíduo ou cultura ¡solada e têm sua origem
nos antigos mistérios ensinados na Grécia, Egito, Caldéia e Israel.
Entretanto os rituais de Alta Magia não são religiosos, isto é: não envolvem a fé ou
a veneração a um Deus ou panteão de deuses. No contexto da Magia Cerimonial, o
emprego de símbolos e práticas inspiradas nas Egrégoras Mitológicas ou
“Divindades da Antiguidade” não deve ser confundido com o culto pagão da
Natureza. De fato, a Alta Magia não tem nada a ver com esses ritos particulares,
individuais ou coletivos. Exemplificando: quando adotamos um deus pagão como
foco do cerimonial mágico, não estamos querendo reviver uma espécie de adoração
religiosa. Pelo contrário, essas formas divinas são apenas lentes psíquicas, nas quais
devem ser concentradas forças de tipo apropriado, que emanam ou do inconsciente
coletivo ou dos domínios objetivos internos da existência.
“Os conceitos da Sabedoria Antiga podem ser rudes do ponto de vista da filosofia
moderna, mas somos forçados a admitir que a força causativa por atrás da
manifestação é afim, em sua natureza, antes à mente do que à matéria. Dar um
passo à frente e personificar os diferentes tipos de força é uma analogia legítima,
desde que compreendamos que a entidade que é a alma da força pode diferir em
espécie e grau de nossas mentes, assim como nossos corpos diferem em tipo e escala
dos corpos dos planetas.” (Dion Fortune)
Muitos magos cerimoniais trabalham com energia interna (shakti) combinada com a
energia de diversas entidades supra-físicas (deuses, anjos, gênios etc) para realizar
suas operações mágicas. Em geral, o mago cerimonial domina e ordena as entidades
de diversas hierarquias e para tal tem que ter controle tanto interno como externo.
Algumas vezes uma forma de energia espiritual mais geral (planetária, elemental ou
zodiacal) pode ser usada para criar elementais artificiais, consagrar talismãs e
amuletos, lançar feitiços etc. Outras vezes ele precisa pedir ajuda a um arcanjo ou
mesmo evocar um daemon, gênio ou elemental para fazer sua magia.
Na verdade a Magia Cerimonial, em seu mais amplo sentido, inclui pelo menos três
tipos distintos de trabalho cerimonial, todos, porém, sujeitos a um único conjunto
geral de regras ou governados por uma única fórmula principal. A palavra
“cerimonial” inclui rituais para iniciação, para invocação de dos chamados deuses e
para evocação de espíritos elementares e planetários. Há também a enorme esfera
de talismãs, e sua consagração e carga. O método da Magia Cerimonial é
provavelmente o mais ideal de todos os métodos para desenvolvimento espiritual,
suas técnicas incluem “inflamar-se” por meio da oração, da meditação, do ritual, da
música, incenso, nomes exóticos e assim por diante. Todos os métodos têm o
objetivo comum de desligar o “diálogo interior” e de concentrar o magista, de modo
que o resultado desejado possa acontecer. Uma invocação, por exemplo, é completa
quando o magista purifica sua consciência, concentra-se e deixa a nova energia
penetre, informe e enriqueça seu ser.
A Magia Cerimonial, como ciência, deve ser praticada com seriedade e constância, e
os rituais devem ter sempre uma boa e segura orientação, não se deve abrir portais
dimensionais se não sabe como fechá-los e, principalmente, como lidar com as
energias e entidades que você dá passagem em um ritual. As técnicas de Magia
Cerimonial abrem portais e atrai as mais poderosas forças da natureza. Como
praticante de Magia Cerimonial você lida com um complexo sistema de energias
sutis. Na magia cerimonial o praticante usa o usa o ritual, sob forma específica de
cerimônia, para obter uma mudança desejada. Esse resultado é alcançado usando os
símbolos e as técnicas que correspondem à energia específica com que se vai tratar.
Um ritual pode ter um objetivo específico, por exemplo: a celebração de um festival,
ascensão espiritual, paz planetária, a obtenção de dinheiro, a conquista de amor,
praticamente qualquer coisa, na verdade. Em última análise e sempre, porém, o
processo envolve:
1- A purificação da personalidade
2- Contato da energia da alma
3- União final com o espírito
Assim, a regra era a cristianização dos ritos e das fórmulas mágicas. Os apelos divinos
eram feitos em nome de Jesus Cristo, e as alusões ao Novo Testamento eram comuns.
Nomes hebraicos de poder, como Agla e Tetragrammaton, foram substituídos por
frases cristãs e assim por diante.
Em seu livro “As Ciências Ocultas” Arthur Edward Waite admitia que as técnicas de
Magia Cerimonial deviam “ter hoje (1891) efeito tão forte quanto em qualquer período
da Antigüidade. (...) Ora, o valor real e demonstrável do cerimonial da magia tem dois
aspectos. Produzia no operador uma exaltação que desenvolvia as faculdades latentes
de seu ser interior; e as condições ambientais necessárias para o sucesso de todo tipo
de experiência mágica eram produzidas por (...) um apelo aos sentidos, exercido por
um ritual exuberante e irresistível (...), seus perfumes e incensos.” Para Arthur Waite,
o princípio fundamental para a comunicação com várias classes de inteligências
transcendentais ( tais como anjos, espíritos elementares, demônios etc) “...residia no
exercício de certa força oculta existente no mago e intensamente exercida para o
estabelecimento daquela correspondência entre os dois planos da natureza capaz de
efetuar o propósito almejado. A síntese desses métodos e processos tinha o nome de
Magia Cerimonial e constituía, de fato, uma tremenda válvula multiplicadora das
faculdades latentes da natureza espiritual do homem.” Aqui vale observar que Waite
insiste em que a magia não é uma violação das leis da natureza nem produz efeitos a
partir de causas evidentemente inadequadas. Ao invés disso, os processos mágicos
seguem suas próprias leis, inteiramente adequadas aos resultados que produzem,
especialmente quando se atenta que eles operam fundamentalmente na psicologia do
mago, alterando seu estado de consciência e ativando suas energias psíquicas. Waite
também criticava o excesso de observâncias rituais grotescos dos grimórios
medievais, bem como o uso de meios violentos e não naturais como o haxixe e outras
drogas.
Surge assim a Alta Magia Cerimonial, que combina aspectos do misticismo judaico-
cristão com as antigas Tradições de Mistérios da Grécia, Egito e Mesopotâmia. Os
principais agentes dessa mudança foram a Ordem Hermética da Golden Dawn e seu
mais conhecido membro Aleister Crowley. A primeira mudança veio em relação às
entidades as quais se dirigiam. Embora mantivessem as hostes judaico-cristãs, a
Golden Dawn também se dirigia a deuses do panteão egípcio e greco-romano, sempre
trajando túnicas e adornos sugestivos das deidades invocadas. Depois que Crowley
seguiu por conta própria, continuou a dirigir-se aos antigos deuses. Mais adiante, ele
negou a existência de um poderoso Ente Supremo no topo da hierarquia universal.
Proclamou que o objetivo do Mago era "alcançar o Conhecimento e Conversação do
Sagrado Anjo Guardião", satisfação da "verdadeira vontade", e a realização da própria
divindade. Apesar de alguns magos terem sido influenciados pela própria obra de Carl
Jung, que considerava todos os deuses como imagens arquetípicas projetados por um
inconsciente coletivo, e por filosofia orientais, outros entendem os deuses como seres
reais ou personalidades incorpóreas onipresentes, intimamente ligadas com sua
cultura de origem e com a essência universal de onde vieram.
Existe pouca dúvida de que Crowley acreditasse que o Sagrado Anjo Guardião fosse
uma entidade externa à própria pessoa, uma das inúmeras inteligências operando de
outras dimensões da existência. Para Crowley, a realização da divindade do mago não
significa sua absorção no absoluto, significava a realização de sua linha de evolução
individual. Na verdade essa realização é um processo gradativo de iluminação da
consciência humana rumo a Consciência Cósmica.
Escolas Principais
Como qualquer outra forma de Arte e principalmente por ser muito antiga, a Magia
ramificou-se em uma infinidade de escolas e linhas distintas, de forma inumerável.
Estudaremos, a princípio, as antigas escolas de magia.
Escolas Antigas
A Teurgia surgiu através de Jâmblico de Chalcis (250 – 330 d.C) místico e filósofo
neoplatônico do século IV da nossa era. A Filosofia Hermética formava a base teórica
que fundamentava as práticas teúrgicas entre os neoplatônicos. Esta filosofia
fundamentava-se num tipo de gnose emanacionista que buscava elevar o iniciado as
alturas do Uno Transcendental pela escada da Natureza. Nessa ascensão as esferas
celestiais o iniciado travava comunicação com aqueles poderes espirituais
denominados “deuses”. Os caminhos de busca do Mago, deixados pela Hermética, são:
alcançar o limiar do Espírito para ser onipotente e conquistar o conhecimento (gnose)
da Mente Cósmica; e conseqüentemente, entender a natureza do Universo. Os
teurgistas foram muito perseguidos pelos cristãos, e, por isso, além de serem reduzidos
em seu número, passaram a formar grupos secretos, operadores da Magia Teúrgica. A
Teurgia grega, ou Magia dos Deuses, era originalmente egípcia. Isto não surpreende
visto os rituais de mistérios desenvolvidos no Egito influenciaram de maneira
determinante praticamente todas as escolas de magia e ocultismo que se
desenvolveram posteriormente no Ocidente. A Teurgia é a raiz da Alta Magia ocidental
moderna.
Para Aleister Crowley, a etapa atual, que ele batizou de Novo Aeon, é marcada pelo
desenvolvimento da nossa capacidade de nos comunicarmos com Inteligências
Superiores Praeter-humanas, seres que, desprovidos de corpos orgânicos, mesmo
assim são capazes de organizar memória e inteligência, e estabelecer o contato conosco.
O contato com as inteligências praeter-humanas, entretanto, não é novidade. Sempre
existiram magos e videntes capazes de estabelecer a comunicação telepática com seres
transcendentais, derivando dela sabedoria, conhecimento e poder. A diferença hoje é
que esta habilidade é cada vez menos o domínio misterioso de uma elite, e com o
avançar do Novo Aeon, essa capacidade será cada vez mais entendida e difundida,
tornando enfim obsoletas todas as formas religiosas onde existe a necessidade do
sacerdote como intermediário.
Escolas Modernas
Modernamente salientam-se algumas pelo seu caráter filosófico singular ou pelo
expressivo número de seus adeptos.
Alta Magia - Toda a base histórica da Magia Antiga lançou as sementes para o
florescimento, no séc. XIX, do que ficou conhecido como Alta Magia.
Em sua busca no resgate dos valores, ritos e instrumentos da antiga Bruxaria medieval
e mesmo pré-cristã a Wicca trabalha com o culto às Forças da Natureza através dos
Antigos Deuses pagãos: a Grande Deusa-Mãe e o Grande Deus Chifrudo Cernunnos,
que não se confunde com o Diabo, como querem alguns de seus detratores.
Os ciclos lunares, bem como os equinócios e solstícios, desempenham papel
fundamental nessa escola. Também são essenciais as datas específicas do culto,
relacionadas com o ciclo da Terra e das colheitas. Hoje em dia a Escola Wicca é uma
das correntes mais atuantes dentro da Magia Moderna.
A Wicca também apresenta divisões como a Wicca Alexandrina, Diânica, Eclética etc,
sendo que algumas dessas tradições (como a Diânica) buscam um retorno as origens
espirituais da Wicca presentes no Xamanismo. Estes grupos buscam um diferencial das
práticas wiccanas gardnerianas que são fortemente influenciadas pela Magia
Cerimonial de raiz thelêmica.
Thelêmica - A mais moderna dentre as linhas da escola inglesa é também a mais
radical. Deriva diretamente das obras de Aleister Crowley (1875-1947), um caso à parte
na História da Magia. Amado, odiado, admirado, invejado, Crowley é uma figura
extremamente polêmica, certamente um nome maldito e evitado por aqueles que
sustentam e defendem ortodoxamente os padrões vigentes da sociedade ocidental
moderna. Auto-intitulado "A Besta do Apocalipse", foi inimigo prático do cristianismo
organizado. Proclamou-se, além de pleno praticante e disseminador do saber antigo,
profeta e visionário do neopaganismo, do Lúcifer redivivo e revelador de uma nova
tradição/religião de Thelema. Aleister Crowley integrou e fundou algumas das mais
poderosas sociedades secretas de seu tempo, como a Golden Dawn, na Inglaterra, a
qual transformou completamente imprimindo a sua marca pessoal; e a O.T.O., "Ordo
Templi Orientis", grupo alemão de magia sexual de grande importância no cenário
ocultista da época.
Em suas inúmeras obras, tais como "Magick", "777" e "O Livro da Lei", Crowley criou
um sistema próprio de Magia Sexual com base no seu extenso e profundo
conhecimento das técnicas orientais do tantrismo e Yoga. Sua estruturação moderna
da Magia, e do papel do Homem no Universo, está casado com a visão profética
telêmica constante no Livro da Lei. A contribuição feita por Crowley às ciências
ocultas, especialmente a Magia foi enorme deixando um legado cultural fundamental
para aqueles que procuram entender como a Magia pôde adentrar o século XX como
uma forma ainda válida para compreender o mundo.
Divisão - De uma forma geral o Tantra Indiano divide-se em duas linhas: a da “Mão
Esquerda” (Vama-Marga), que trabalha com práticas sexuais concretas (maithuna) e a
da “Mão Direita” (Dakshina Marga), que utiliza elementos simbólicos como mandalas
e yantras para evocar a energia sexual do cosmos. Nos dois casos o poder da
sexualidade é utilizado a fim de obter uma consciência espiritual intensificada e uma
mente iluminada. O objetivo final do Tantra é fundir o mundo fenomenal e o mundo
divino numa realidade integradora e transcendente.
O ponto comum entre elas é o trabalho sobre a Kundalini, o poder sexual que jaz mais
ou menos adormecido em todo ser humano. As doutrinas Tântricas constituem um
importante elemento incorporado pelos Magos modernos.
No final do século dezenove houve a penetração de ensinamentos tântricos orientais na
Magia Cerimonial que terminaram por serem incorporados e organizados dentro de
uma visão hermética. Isto permitiu que o tantrismo ocidental evoluísse para um
sistema híbrido altamente complexo e assumisse inúmeras formas. Atualmente,
podemos identificar um sistema de Tantrismo Ocidental muito distinto do Tantra
hindu e budista. Benjamin Walker, diplomata e autor indiano, disse que “o Tantrismo
encontrado nas escolas ocultistas de hoje consiste em uma mistura de elementos do
Oriente Médio, Ásia Central e China, acrescentado ao núcleo indiano essencial, e pode
ser mais revestido ainda das várias formas adotadas pelos Rosacrucianos, a Hermética,
a Maçonaria e a Cabala”.