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Teurgia Kabalística

Os rituais mágicos extraídos da kabalah


(parte 1)

Kabalah significa "Tradição" ou "Aquilo que é Recebido". A palavra hebraica Kabalah também
quer dizer “revelar”, alude à revelação de nossa natureza interior, que pode emergir a partir do
seu estudo e aplicação. O diagrama kabalístico conhecido como Árvore da Vida é um guia para
o corpo, personalidade, alma e Espírito. Ela encerra uma filosofia e psicologia de grande
conteúdo teórico e prático. A Kabalah não lida apenas com o intelecto; abrange a totalidade do
indivíduo e foi por isso chamada de “Misticismo do Ocidente”.

A Kabalah é a parte secreta, do judaísmo. Toda religião tem seu lado esotérico – filosófico. O
Hinduísmo tem os Sutras da Yoga, os Upanishads, o Budismo tem o Zen, o Islamismo tem o
Sufismo, o Cristianismo tem o Gnosticismo.

A doutrina da Kabalah parte da idéia de que Deus seria reconhecido somente através da
perspectiva da criação. Deus, o Ser Infinito e Transcendental, é inacessível em sua essência.
Os dois meios de realização da busca mística são a Tora e a língua hebraica com as letras que
a compõe.

Origem Histórica da Kabalah Hermética


No século II d.C os judeus começaram a adentrar a Europa pela Grécia e foram ao decorrer dos
tempos se estabelecendo na Itália, Espanha e redondezas. Os judeus passaram a estudar o
sentido mais místico da Bíblia e desenvolveram a Kabalah.
Nascida na Idade Média, simultaneamente na Provença, no Languedoc e na Espanha, a
corrente kabalísta encontrou sua expressão, no séc. XIII, no Zohar (Livro do Esplendor),
documento literário fundamental. Ampliou-se e difundiu-se em torno da bacia mediterrânea do
séc. XV ao XVII. Seu representante mais significativo foi Isaac Luria (1534-1572). O Livro Zohar
foi escrito em aramaico por Simom ben Yohai. É importante salientar que as autoridades
judaicas ortodoxas consideravam os ensinamentos kabalísticos perigosos. Esses tópicos só
eram divulgados como treinamento intelectual para os rabinos mais versados. A tradição
continuou se difundindo, entretanto.
Atualmente existem duas escolas diferentes que estudam a Kabalah: a do Judaísmo, ou da
Kabalah Hebraica, e a chamada Kabalah Hermética, que é resultado da Renascença Italiana.
As duas tem algo em comum, os nomes de Deus são aqueles do velho testamento, o Hebraico
é a língua básica e os principais textos pertencem à tradição judaica. Mas apesar de ambas
recorrerem às mesmas fontes existe acentuadas diferenças entre as duas tanto na
interpretação dos textos como nas práticas.
O Kabalismo Judeu e o Kabalismo Hermético ( Ocidental) são duas tradições bem diferentes. A
Kabalah Hermética é o resultado da fusão de alguns fragmentos da Kabalha Judaica com o
mundo não-judeu, onde ela também se combinou com outras tradições, para formar uma
síntese que recebeu, inicialmente, o nome genérico de Kabalah Ocidental. Essa fusão
provavelmente começou no início do século XII quando a Kabalah Judaica passou a difundir
sua mística de absoluto segredo e tornou-se mais conhecida entre os judeus europeus, que a
transmitiram para os vizinhos cristãos.

A Kabalah Hermética
O Kabalismo Ocidental parece ter começado a tomar forma durante a Renascença, combinando
elementos do movimento Rosacruz, da Astrologia, do Misticismo Sufi levado a Europa pelas
Cruzadas, da Magia, da Alquimia, do Misticismo Cristão, do Hermetismo e, é claro, da Kabalah
Judaica.
No começo, ela foi adotada pelos sacerdotes e pela aristocracia. A Kabalah passou a ser um
objeto legítimo de estudos e um disfarce para os cristãos que queriam se dedicar ao ocultismo
sem serem acusados de bruxaria ou heresia.
Nos meados do século XIX, o Tarô, que até então era visto como um sistema de adivinhação,
passou a fazer parte da Kabalah Ocidental.
O primeiro registro do Tarô surgiu na França, na década de 1850, no livro de dois volumes do
famoso ocultista Éliphas Levi, Dogma and Theory of High Magic (Dogma e Ritual da Alta
Magia). Nesse livro, o Tarô era retratado como sendo a base de um sistema transcendental de
expansão da consciência conhecido como magia, e fundamentado nos princípios da Kabalah.
A Kabalah Hermética ganhou fama e notoriedade na Inglaterra nos séculos XIX e XX, entre
grupos secretos tais como a da Aurora Dourada. A maioria dos cabalistas ocidentais modernos
baseia-se nos trabalhos desses exploradores ingleses, que acrescentaram alguns adornos
egípcios para arrematar o sistema.

Assim no século XIX o conjunto da tradição kabbalista foi retomado por importantes correntes
ocultistas, essencialmente franceses, e desenvolvido em aspectos ritualísticos ou teúrgicos,
aspectos que existem, de uma certa maneira, na tradição judaica. Trata-se do movimento
martinista, rosacruz, hermetista, etc.
A Kabalah Hermética alcançou seu apogeu na “Ordem Hermética do Alvorecer Dourado”
(Hermetic Order of the Golden Dawn), uma organização que foi sem sombra de dúvida o ápice
da Magia Cerimonial. Na “Alvorecer Dourado”, princípios kabalísticos como as dez emanações
(Sephirah), foram fundidas com deidades gregas e egípcias, o sistema Enochiano da Magia
Angelical de John Dee, e certos conceitos (particularmente Hinduístas e Budistas) da estrutura
organizacional estilo esotérico (Maçónica ou Rosacruz). Daqui em diante iremos nos basear
nas escolas herméticas, ou seja, demonstraremos a Kabalah com uma visão ocidental,
compreensão dos antigos ocultistas europeus, afim de não adentrarmos na religião judaica e
quebrarmos a sua milenar tradição. Mesmo assim será inevitável não esbarrar nesses conceitos
tão profundos que o judaísmo traz em sua longa tradição.

A Kabalah Judaica

A principal diferença entre a Kabalah Judaica e a Kabalah Hermética é que a escola judaica
impede que se faça qualquer representação, para impedir a formação de idolatria, e os judeus
reconhecem apenas 05 cabalistas. Um dos princípios básicos da Kabalah Judaica é que ela é
uma prática religiosa. Para um judeu ortodoxo a Kabalah é uma ferramenta de conhecimento
intelectual, que o ajuda a decifrar a Torah, é a Kabalah que dá a Torah uma forma una e
indivisível. Ou seja; se for tomada fora do contexto da Torá, não é a autêntica Kabalah. Isso
significa que sua experiência nunca será completa se você não pratica o que aprendeu dentro
do contexto da Torah, que é um outro nome para o Pentateuco ou Cinco Livros de Moíses
(Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) que compõem o Velho Testamento,
caminho da vida na religião judaica. Por sua vez a Kabalah da Escola Hermética é a forma
desenvolvida por entusiastas cristãos da Renascença italiana e por rosacruzes e ocultistas
pagãos do século XIX. Nessa escola a Kabalah veio a ser um pilar central do renascimento do
ocultismo moderno, que recebeu grande ímpeto de Eliphas Levi (Alphonse Louis Constant,
1810-1875), de Paris. Levi por sua vez influenciou os fundadores da Ordem Hermética da
Golden Dawn. Existem outras diferenças sutis entre ambas, que veremos no decorrer de nosso
curso.

FUNDAMENTOS JUDAICOS DA KABALA

No início, a Kabalah era um sistema estritamente judeu. Ela se desenvolveu como uma
explicação esotérica, ou secreta, do significado da Tora. Reza uma lenda que a Torá, foi
entregue a Moisés no monte Sinai, juntamente com o alfabeto hebraico (A Torá foi escrita em
hebraico), e inclui Gênesis, Êxodo, Números, Levítico e Deuteronômino.
A Kabalah substituiria cada letra hebraica que compõe a Torá por números, afim de extrair um
significado oculto de seus textos. Temos que ter em mente que os números (como conhecemos
atualmente, foram adotados recentemente, por volta de 1200), nos tempos antigos em Israel (e
ainda nos dias de hoje) as letras do alfabeto hebraico são também usadas como números.
Surge então no século III e VI d.C, o livro Sêpher Yetziráh (Livro da Formação), que lança a
idéia que Deus criou o universo a partir das letras hebraicas. Letras que possuem um poder
individual, mesmo sozinha (não fazendo parte de uma palavra). O Sêpher Yetzirah tem a ver
com a origem do Universo e com a importância vital da humanidade dentro desse contexto
universal. O livro ressalta a importância do alfabeto hebraico como chave para a compreensão
do universo.
O livro Sêpher Yetziráh foi o primeiro livro explicitamente cabalístico. Esta obra nos mostra pela
primeira vez uma maneira diferente de ver Deus e suas relações com os homens e o mundo. O
alfabeto hebraico é aqui evocado como auxiliar da criação (o que vemos igualmente no Zohar).
As correspondências entre as partes do corpo, os astros, os meses do ano, os metais, etc. são
muito importantes. Essa tradição desenvolveu práticas e ritos bastante interessantes.
Os escritos posteriores mais significativos foram Sepher Raziel ou “O Livro do Anjo Raziel”,
que fez a ligação entre Magia e Kabala, o Sepher Bahir, ou o “O Livro da Iluminação”, que
apresenta uma realidade cósmica ampla, invisível, multiplânica, bem além da nossa “realidade”
perceptível costumeira. Em seguida, nos primórdios do século XIV, é publicado o Zohar; ou “O
Livro da Luz Resplandecente”. De acordo com algumas fontes, o Zohar foi descoberto por
Moses de Leon, que vivia na Espanha por volta de 1290.
Eles foram, de certa forma, os Pilares dessa tradição oculta. Ninguém sabe quem são os
verdadeiros autores desses livros, se foram criados por quem os escreveu ou se são simples
registros de uma tradição oral mais antiga.

AS QUATRO CATEGORIAS/RAMOS DE KABALAH


O assunto da Kabalah é tão vasto que, a fim de lidar com ele de maneira mais inteligente,
deve ser feita uma divisão arbitrária de seu conteúdo material em quatro segmentos
específicos. Devemos lembrar o tempo todo, porém, que essa divisão é inteiramente arbitrária e
feita apenas para nossa conveniência. Cada seção é realmente desprovida de linha divisória,
derramando-se em todas as demais seções e espalhando-se por elas.

1- Kabalah literal ou exegética - É o ramo da Kabalah que trata das letras e seus
valores numerológicos. Está ligada a decodificação das informações contidas nos textos
cabalísticos, a Bíblia em particular. A Kabalah literal se baseia na idéia de que as escrituras
podem ser interpretadas através da análise das palavras e letras propriamente ditas, bastante
distintas do significado óbvio do texto.
2- Kabalah dogmática ou doutrinária - Poderia ser melhor chamada de Kabalah
“teórica” ou mesmo de Kabalah “acadêmica”. Ela debruça-se sobre o estudo da própria
literatura kabalística, no estudo dos muitos textos sobre o assunto, como o Zohar (Livro de
Esplendor). Dito de outra forma a Kabalah dogmática é uma exposição místico-teológica de
alguns dos grandes problemas que sempre preocuparam a humanidade. A Kabalah tradicional
tem seus próprios e únicos pontos de vista. Duvido, porém, que ela tenha muito validade no
mundo de hoje. Ainda assim, é uma atitude crítica e como tal deve ser respeitada e comparada
com outros sistemas esotéricos.
3- Kabalah simbólica ou oral – Se ocupa do estudo comparativo dos símbolos ou
conjuntos de correspondências (sistemas simbólicos) e como eles estão dispostos na Árvore da
Vida e suas 32 vias ou caminhos. Pode ser empregada para aumentar o conhecimento,
relacionando um conjunto de conceitos conhecidos com outros de um sistema muito diferente e
distante, reduzindo assim os muitos a Um. A Kabalah simbólica estrutura-se basicamente no
diagrama da Árvore da Vida, e está relacionada à compreensão e à integração de nossas
próprias experiências de vida, onde tudo que nos diz respeito é percebido como uma
representação simbólica de algo mais profundo.
4- Kabalah prática ou mágica – Esse ramo da Kabalah lida com práticas místicas e
mágicas para induzir estados alterados de consciência, ascensão para os mundos superiores, a
comunicação com espíritos e anjos, bem como fornece técnicas para a cura e a feitura e a
carga de amuletos e talismãs. A Kabalah prática relaciona-se com a Magia Cerimonial que é
considerada o outro lado da ascensão através dos reinos sutis, pois aqui o mago está tentando
fazer com que o poder destes reinos (ou esferas cabalísticas) descenda e se manifeste na
Terra. Ele se torna um elo vivo entre o Céu e a Terra – um processo que requer um rigoroso
treinamento. A Kabalah prática prescreve o modo de purificação que assimila a Alma à
Divindade e ensina a meditação sobre os símbolos e nomes sagrados, como o meio de agir nas
esferas visível e invisível.
Das quatro divisões, o ocultista ocidental praticamente está interessado principalmente na
Kabalah prática e simbólica, embora seja feito algum trabalho com a numerologia kabalística,
envolvendo letras e palavras hebraicas, que contitui parte da Kabala Literal. Não é necessário
dominar o idioma hebraico, mas é importante que os caracteres do alfabeto sejam decorados
pois compõem o corpo do trabalho kabalístico. Aliás, em trabalhos mais adiantados de Kabalah
Prática ou Mágica utilizamos substitutos para o alfabeto hebraico tais como o alfabeto angelical
ou celeste e o alfabeto malachim, que a tradição afirma serem alfabetos sagrados anteriores ao
cativeiro da Babilônia. Esses alfabetos sagrados apontam em direção a uma sabedoria mágica
de origem antediluviana, tão velha quanto à humanidade decaída. Em sua origem lendária
afirma-se que a Kabalah teria chegado aos antigos iniciados hebreus através do ministério dos
anjos. Talvez a ciência que velamos sob o nome de ocultismo seja o fragmento sobrevivente
de uma religião de origem celestial que foi dada a humanidade por “deuses” e “anjos” a
milhares (ou mesmo milhões) de anos.

O QUE É OCULTISMO ?

“O fim do século XIX foi marcado na França pela renovação dos estudos esotéricos.
Uma palavra nova foi “lançada” : Ocultismo.” ( Jean-Claude Frere)

O estudo da Kabalah e do seu grande símbolo, a Árvore da Vida, talvez seja um dos melhores
meios de nos iniciarmos na teoria e prática do Ocultismo. O Ocultismo é o estudo do espírito e
da matéria, de DEUS e da humanidade, das origens e do Destino. É a verdadeira ciência da
vida. Não há nenhum dogma no ocultismo, mas há um certo número de hipóteses, como em
qualquer ciência.

Os Ocultistas, julgam que "nada existe sem um propósito"; eles argumentam que deve haver
um " PLANO SUPERIOR' para a criação e evolução do Universo, que abrange as galáxias e os
sistemas solares, os sóis e os planetas, os átomos e as plantas, os animais e toda a
humanidade. Dentro deste PLANO SUPERIOR estão os incontáveis Planos Secundários de
toda a Criação, cada qual entrelaçado e inter-relacionado num todo orgânico.

No Ocultismo se estuda as relações que existem entre o Homem, a Natureza e o Plano


Superior ou Divino. O Ocultismo é o aprofundamento dos estudos esotéricos, o Caminho do
Iluminismo Ocidental. O campo ocultista é extenso e abrange fenômenos psicológicos,
espirituais, cósmicos, físicos e fisiológicos. O escritor e mago Eliphas Levi foi um dos líderes do
movimento ocultista na França que foi abraçado com entusiasmo por maçons, gnósticos e
rosacruzes; prosperando ainda hoje dentro e fora das ordens iniciáticas. Aqui vale citar o
Mestre do Ocultismo francês Dr. Encausse (Papus) que ajudou muito o desenvolvimento do
Ocultismo moderno e criou várias ordens iniciáticas.
A filosofia ocultista permanece inalterável desde épocas imemoriais apenas adaptando-se ao
tempo e as culturas mais diversas.

O significado da palavra “oculto” é misterioso ou escondido, e a real função do Ocultismo é


identificar a fonte do poder ou energia que saturam um sistema simbólico; o poder atrás do
poder que permanece oculto ao observador casual. Este padrão de energia é aquilo que
denominamos de corrente mágica. Ao contrário do que muitos pensam as técnicas ocultas não
visam obter um controle ou domínio sobre a Natureza, mas sim colocar-nos em harmonia e
trabalhar com estas grandes Forças Cósmicas, que os antigos chamavam de deuses, anjos e
gênios.

O Ocultismo pode ser considerado como uma síntese dos vários ramos do esoterismo e do
misticismo, ele é ciência aplicada como arte, é a arte de viver. A filosofia ocultista não visa o
estudo do puramente transcendental como fazem os teólogos. Também não nega a realidade
do mundo espiritual como fazem os cientistas positivistas que abraçam uma visão
newtoniana/cartesiana do mundo. O ocultista visa conciliar às duas visões da realidade
(material e espiritual) propondo um elemento de ligação entre as duas que é conhecida no
Ocultismo como Luz Astral.

O Ocultismo prático emprega uma série de teorias, fórmulas e rituais visando ao controle das
forças metafísicas da Luz Astral e a exploração dos Planos Interiores que a compõem. A
importância disso foge a esse texto, mas basta saber que a Luz Astral forma o pano de fundo
do mundo material/realidade em que vivemos. O termo “Luz Astral” provém da natureza
translúcida ou estrelada da matéria astral ou, resumindo, de aster, que pode ser traduzido por
astro, astros. Essa é a razão por que transmite, especialmente, as influências astrológicas. No
homem influi em sua psique, ou alma, que está diretamente ligada ao sistema nervoso. Tal é o
motivo de a medicina estar hoje aplicando, com resultados satisfatórios, o tratamento
psicossomático. No plano astral a consciência é influenciada pelo desejo, ou kama.

Sem dúvida, a filosofia ocultista é espiritualista no sentido que estuda todos os planos ocultos
intermediários que existem entre a matéria e o reino do puro espírito, mas sem negar tanto a
matéria como o espírito. Na base da teoria ocultista está a certeza de que o homem é
multidimensional e atua em vários níveis de consciência, e em cada nível entra em operação
uma diferente faceta de seu ser. Ou seja, o mundo físico onde ocorrem as experiências
naturais dos cinco sentidos não é a única área de operação do ser humano em todos os níveis
de sua existência.

Não existe nenhum credo ou dogma no Ocultismo. Ora, uma hipótese é uma idéia que parece
ser eficaz quando posta em prática, mas que pode ser modificada com a ajuda da experiência
posterior. O Ocultismo é a Ciência da Vida. A vida evolui e, com ela, a experiência. Para o
Ocultismo a experiência direta é o único caminho para a verdade. Os grandes segredos do
Ocultismo são obtidos através da experiência, não da leitura. Um “Mistério” é definido como
“uma verdade que está além da razão”, de modo que dificilmente pode ser registrado num livro.
Para encontrar o Santo Graal, temos que fazer uma viagem; não devemos cavalgar uma
poltrona! Ao mesmo tempo, o Ocultismo jamais pode ser restringido a uma série de fórmulas
rígidas. A experiência humana é individual e alguns aspectos dela podem ser singulares.
Tampouco duas pessoas reagem do mesmo modo a uma experiência.
Segundo Michael Bertiaux:

“Embora sempre expressando em grande extensão a própria humanidade,


tomando parte em todos os tipos de atividades e vivendo a vida em sua plenitude –
na qualidade de ocultista – expectativas e responsabilidades adicionais caem sobre
você. O ocultista não é mais um ser humano “comum”; ele é, em primeiro lugar, um
iniciado e como tal pertence a uma classe particular da elite espiritual. Nunca se
esqueça disso. O que o torna diferente do seu vizinho é a sua busca pela Iniciação”.

A primeira parte do trabalho ocultista consiste em transformar a nossa própria pessoa num
instrumento digno para ser utilizado pelas forças da luz; e, a segunda parte, como
conseqüência direta, é a dedicação ao serviço a Deus e em prol da humanidade. Um ocultista,
seja ele mago ou místico, atua como um instrumento através do qual atuam as energias
cósmicas. Ele não é a causa dessas energias, isto porque elas têm sua própria realidade
independente da vontade do iniciado, o qual só pode dirigi-las com sua maestria.
Podemos entender o Ocultismo como um conhecimento adquirido através de um processo
de manifestação da Gnose. Isso significa que o grande repositório de conhecimentos que o
compõem só é acessado e passível de compreensão por aqueles que o procuram e a ele se
dedicam. O verdadeiro conhecimento oculto se revela aos poucos, na medida que o homem
evolui em sua compreensão e permite que a Luz (LUX) Divina abra seu caminho na densidade
ilusória da matéria.
José Ribamar de Carvalho (teosofista, rosa-cruz e maçon) discorre sobre os fundamentos ou
princípios do Ocultismo Moderno, seus axiomas:

1º) a essencialidade unitária de toda existência, isto é, tudo é uma única e mesma
essência ou substância primordial;
2º) nada há que exista no mundo fenomênico, que não exista no mundo oculto;
3º) o conhecido é um reflexo do desconhecido e nele tem sua raiz;
4º) no oculto está o modelo de tudo o que é manifestado;
5º) O mundo fenomênico é uma parte do mundo oculto e por ele se acha
interpenetrado e integrado e contido;
6º) nada há que seja conhecido que não seja uma idéia divina;
7º) na realidade nada existe que não seja Deus manifestado;
8º) a força, a energia, a matéria, a consciência, o espírito são formas diferentes de
uma mesma e única vibração que é puro movimento;
9º) nada há, quer seja simples ou complexo, que não seja o resultado de uma
coletividade de causas, que tem sua causa no movimento universal das correntes das
ondas de vida;
10º) nada há, no mundo físico, que não tenha sua contraparte correspondente, em
todos os outros mundos dimensionais;
11º) não há nada morto, tudo é vida e essência em diferentes graus de expressão;
12º) a matéria física é apenas uma das expressões da consciência, mas suas infinitas
densidades se estendem para muito além da percepção dos sentidos. Na realidade, a
densidade da matéria física é o resultado das densificações progressivas de uma
mesma energia-movimento;
13º) os fenômenos da consciência humana devem ser considerados como atividades
de alguma outra forma de Ser Real e não como moléculas em movimento no cérebro.
Esse ser real é a mente. As faculdades mentais são modos de comportamento da
consciência da mente. A ciência, com seus axiomas e sua lógica racional,
reducionista e mecanicista, exclui de seu campo de estudo e de observação, a maior
parte da natureza, tudo aquilo que não possa ser explicado pelo seu saber
preconceituoso de seu status intelectual, taxando-o de absurdo, inexistente, de não-
digno de investigação, de mera loucura.

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