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Sumário

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Introdução 3

Medicina preventiva 6

Clínica e diagnóstico 47

Manejo 59

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Introdução
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Chegou o momento de falarmos sobre COVID-19, mais especificamente sobre seus aspectos relacionados
à prova de Medicina preventiva. Qual máscara utilizar em cada situação? Qual a distância preconizada para
o isolamento social? Como notificar a doença? Quais são as vacinas disponíveis e quais suas principais
diferenças? Teste sensível ou específico? O que, de fato, tem relevância científica à luz da Medicina baseada
em evidências?
Nesse material, responderemos a essas e outras perguntas, baseado no que mais apareceu nas
provas de Residência médica nos concursos do último ano.

Tudo começou há quase dois anos, quando os primeiros casos de infecção pela COVID-19 foram
identificados em um mercado de frutos do mar, na China, mais especificamente na cidade de Wuhan.
A partir daí, o número de casos foi crescendo de forma exponencial até se tornar a maior pandemia
do século XXI.
Por ser uma doença nova, ela constantemente apresenta novidades, se tornando um grande desafio para
as suas provas, pois as questões sobre COVID-19 podem acabar sendo uma “caixinha de surpresas”.
Sabemos da sua preocupação, mas fique tranquilo, pois, colocando em prática a infalível metodologia de
estudo JJ, você estará preparado para a realidade e para a prova.
Primeiramente, saber bem Preventiva vai garantir muitos pontos a você. Quase um terço das questões
é de Preventiva, mas disfarçada de COVID-19. Foque em saber ler e interpretar dados de Epidemiologia
e gráficos, como funciona a notificação compulsória, calcular e interpretar indicadores, como incidência e
letalidade, fazer a interpretação de testes diagnósticos, tipos de estudo, saber das fases do ensaio clínico
(usadas no estudo das vacinas) e um pouco de gestão do SUS (como a APS lidou com as adaptações na
pandemia). Ou seja, nada muito além do que você já estudaria em outros anos.
Paralelo a isso, é bom saber que as questões que realmente tratam da doença COVID-19 focam em
conduta: como diagnosticá-la, tratá-la e principalmente saber quais são as recomendações de isolamento.
As definições epidemiológicas de caso suspeito/confirmado e a classificação de gravidade clínica também
foram bem incidentes.
Tiveram destaque também os principais aspectos de biossegurança, como protocolos em cirurgia
eletiva e RCP e uso adequado de EPI, além de pontos principais sobre o manejo em gestantes e
puérperas, principalmente no contato com RN, e questões sobre síndrome inflamatória multissistêmica.
A ventilação mecânica, assunto complexo que vem preocupando muita gente nas provas, teve uma
incidência baixa (< 5%).

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Para clarear seu pensamento, elaboramos um gráfico apontando as incidências sobre a doença
nas provas. Depois vamos nos aprofundar nos conteúdos Pareto na Preventiva e Clínica médica.
Olha só:

Análise da incidência das questões 2021

COVID
Preventiva
Biossegurança
Gestante
Síndrome inflamatória
multissistêmica (SIMS / MIS-C)
Ventilação Mecânica (VM)

4% 6% 9% 11% 27% 43%


Análise de incidência das questões 2021.

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Medicina
preventiva
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Principais aspectos epidemiológicos
A pandemia de COVID-19 iniciou ao final de 2019, na cidade de Wuhan, na China. Os primeiros
casos estavam relacionados a um mercado de frutos do mar e animais, o que sugeriu uma
possível transmissão de animais para pessoas. Pouco tempo depois, constatou-se a transmissão
pessoa-pessoa e, em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou
pandemia pelo novo coronavírus.
O coronavírus é um importante patógeno, já conhecido das autoridades mundiais desde os anos 60.
A maioria das infecções por ele resulta em quadros respiratórios leves a moderados, acometendo
humanos e animais. Porém, alguns tipos são relacionados a quadros mais graves, como o
SARS-CoV, o MERS-CoV e, o responsável pela atual pandemia, SARS-CoV-2.

Definições iniciais

Sigla (em inglês) para síndrome respiratória aguda grave. Como o nome indica, consiste
em uma síndrome respiratória aguda com manifestações graves, como dispneia e/
SARS
ou dor torácica. Os casos de SARS associados à infecção por coronavírus são de
notificação compulsória e imediata há vários anos, muito antes da atual pandemia.

Coronavírus identificado em 2003, responsável pela epidemia de SARS na China no


SARS-COV
ano anterior (2002)
Coronavírus identificado em 2012, responsável pela epidemia de síndrome
MERS-COV
respiratória no Oriente Médio (daí a sigla “MERS”) entre os anos 2012 e 2014.
Coronavírus identificado em Wuhan, na China, ao final de 2019, responsável pela
SARS-CoV-2
atual pandemia de COVID-19.

COVID-19 Nome da doença provocada pelo SARS-CoV-2.

Vamos logo ver uma questão sobre o assunto?

Questão
(SES - PE - 2021) Quais das seguintes doenças/epidemias são ocasionadas por um coronavírus de
origem animal?
(A) MERS (Oriente Médio, 2012); SARS (China, 2002).
(B) MERS (Oriente Médio, 2012); Gripe Suína (México, 2009).
(C) SARS (China, 2002); Ebola (Congo, 2019).
(D) Ebola (Congo, 2019); Gripe Suína (México, 2009).
(E) MERS (Oriente Médio, 2012); Ebola (Congo, 2019).

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CCQ: Compreender os aspectos epidemiológicos (incluindo a origem)
que envolvem as variantes do coronavírus

Galera, SARS-COV é a sigla que se refere ao coronavírus identificado na China em 2003.


Por outro lado, MERS-COV é o coronavírus identificado em 2012 no Oriente Médio e, por fim,
SARS-CoV-2 é o novo coronavírus identificado em 2019 na China, responsável pela pandemia
atual de COVID-19. Todas essas variantes de coronavírus parecem ter origem animal e iniciaram
como uma zoonose de acordo com estudos mais atuais. Mas que animais são esses? Possivelmente
frutos do mar e morcegos são responsáveis pela transmissão da doença a humanos.
GABARITO: Alternativa A.

Conceitos em epidemias
Como você perceberá em sua revisão inteligente, uma grande parte das questões sobre o tema COVID-19
abordou tópicos de Epidemiologia no contexto da pandemia. Por isso, vamos revisar alguns conceitos
importantes que caíram nas provas do ano passado:

Curva epidêmica e o limiar epidêmico

Incidência máxima

Progressão
Regressão

Egressão
Limiar endêmico

Incremento inicial
de casos

Decréscimo
endêmico

A curva epidêmica.

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A linha tracejada é denominada limiar endêmico (também pode ser chamada de limiar epidêmico).
Abaixo dela temos a endemia, que pode ser definida como variação constante no número de casos
de determinado agravo em determinado período, o que representa um padrão. Qualquer variação do
número de casos do agravo que ultrapasse o limiar epidêmico é definida como epidemia.
Veja com atenção a imagem extraída da Organização Pan-Americana de Saúde e que retrata a situação
pan-americana de casos da COVID-19:

Situação pan-americana de casos da COVID-19 em 2020.

Temos, no gráfico, o eixo horizontal, relacionado ao tempo de evolução do início de 2020 até o início
de 2021. Já no eixo vertical, temos o número de infectados pelo SARS-Cov-2 em milhões de pessoas.
Atenção: como, até então, não havia casos de COVID-19, o limiar epidêmico da doença era zero.
Portanto, os primeiros casos que surgiram em cada país já configuraram uma epidemia!
Podemos verificar, então, um incremento inicial de casos que já faz na sequência a egressão
(o limiar epidêmico é de 0 casos) e a progressão até atingir a incidência máxima (o topo da curva).
E, na verdade, com relação à COVID-19, até o momento, não podemos dizer que já alcançamos a
incidência máxima. Posteriormente, podemos esperar (e aguardamos muito por isso) a melhor parte
da curva, isto é, a regressão dos casos e o decréscimo endêmico.

Tipos de epidemia
• Surto: epidemia restrita a um determinado local bem delimitado (todos os casos têm relação entre si);
• Pandemia: epidemia que ocorre em vários países simultaneamente (ampla).

Tipos de casos
• Alóctone: indivíduo desenvolve o agravo longe da área de infecção.
• Autóctone: indivíduo desenvolve o agravo na própria região onde o contraiu.

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Veja, a seguir, um trecho de uma notícia veiculada nas mídias nacionais em 26 de fevereiro de 2021,
dia em que foi confirmado o primeiro caso de infecção pelo SARS-CoV-2 no Brasil:

Fonte: Revista Veja Saúde / Acessado em: 11 jul. 2021.

Perceba que se trata de uma pessoa que estava retornando de uma viagem da Itália, que, na ocasião,
vivia um cenário caótico da pandemia.

Agora, vamos refletir: trata-se de um caso autóctone ou alóctone?

Ora, um caso alóctone, porque o indivíduo em questão desenvolveu o agravo longe da área de infecção.
Ele se infectou na Itália, mas desenvolveu a doença no Brasil.

Notificação da COVID-19
Para entendermos como ocorre a notificação da COVID-19, precisamos entender alguns conceitos:

Caso suspeito de COVID-19


Indivíduo com quadro respiratório agudo, caracterizado por pelo menos
dois dos seguintes sinais e sintomas: febre (mesmo que referida), calafrios,
Síndrome gripal (SG)
dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza, distúrbios olfativos ou
distúrbios gustativos.
Síndrome respiratória Indivíduo com SG que apresente: dispneia/desconforto respiratório OU
aguda grave pressão ou dor persistente no tórax, OU saturação de O₂ menor que 95%
(SARS ou SRAG) em ar ambiente, OU coloração azulada (cianose) dos lábios ou rosto.

Caso confirmado de COVID-19


Caso de SG ou SRAG associado a anosmia (disfunção olfativa) OU ageusia
Por critério clínico
(disfunção gustatória) aguda sem outra causa pregressa.

Por critério Caso de SG ou SRAG com histórico de contato próximo ou domiciliar,


nos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais e sintomas com caso
clínico-epidemiológico confirmado para COVID-19.

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Caso de SG ou SRAG, ou óbito por SRAG que não foi possível confirmar por
Por critério critério laboratorial E que apresente pelo menos uma das seguintes alterações
tomográficas: opacidade em vidro fosco OU sinal do halo reverso (área com
clínico-imagem atenuação em vidro fosco circundada, parcial ou completamente, por um anel
de consolidação), OU outros achados de pneumonia em organização.

Caso de SG ou SRAG com teste de:


Por critério • Biologia molecular → Resultado DETECTÁVEL para SARS-CoV-2
laboratorial em realizado pelos seguintes métodos: RT-PCR ou RT-LAMP;
indivíduo não • Imunológico → Resultado REAGENTE para IgM, IgA e/ou IgG pelos
métodos Elisa, teste rápido, imunoensaio por eletroquimioluminescência
vacinado contra
(ECLIA) ou imunoensaio por quimioluminescência (CLIA);
COVID-19
• Pesquisa de antígeno → Resultado REAGENTE para SARS-CoV-2 pelo
método de imunocromatografia para detecção de antígeno.

Indivíduo que recebeu a vacina contra COVID-19 e apresentou quadro posterior


Por critério de SG ou SRAG com resultado de exame:
laboratorial em • Biologia molecular → Resultado DETECTÁVEL para SARS-CoV-2
indivíduo vacinado realizado pelo método RT-PCR em tempo real ou RT-LAMP;
contra COVID-19 • Pesquisa de antígeno → Resultado REAGENTE para SARS-CoV-2 pelo
método de imunocromatografia para detecção de antígeno.

Indivíduo ASSINTOMÁTICO com resultado de exame:


Por critério
laboratorial • Biologia molecular → Resultado DETECTÁVEL para SARS-CoV-2
realizado pelo método RT-PCR em tempo real ou RT-LAMP;
em indivíduo
assintomático • Pesquisa de antígeno → Resultado REAGENTE para SARS-CoV-2 pelo
método de imunocromatografia para detecção de antígeno.

Caso de SG ou SRAG não especificada

Caso de SG ou de SRAG em que não houve identificação de nenhum outro agente etiológico, OU que
não foi possível coletar/processar amostra clínica para diagnóstico laboratorial, OU que não foi possível
confirmar por critério clínico-epidemiológico, clínico-imagem ou clínico.

Caso de SG descartado para COVID

Caso de SG em que houve identificação de outro agente etiológico confirmado por método laboratorial
específico, excluindo-se a possibilidade de uma coinfecção OU confirmação por causa não infecciosa,
atestada pelo médico responsável.

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Além disso, há algumas observações importantes. Veja só:

• Para fins de vigilância, notificação e investigação de casos e monitoramento de contatos, o critério


laboratorial deve ser considerado o padrão-ouro, não excluindo os demais critérios de confirmação;

• U
m exame negativo para COVID-19 isoladamente não é suficiente para descartar um caso para a
doença;

• U
m resultado IgG reagente só deve ser considerado para fins de notificação e registro de caso em
indivíduos não vacinados, sem diagnóstico laboratorial anterior para COVID-19 e que tenham
apresentado sinais e sintomas compatíveis, no mínimo 8 dias antes da realização desse exame.

Tendo em vista essas definições, vamos responder algumas perguntas!

O que notificar?

Notificaremos duas circunstâncias:

• Casos SG, de SRAG hospitalizado ou óbito por SRAG;

• C
asos assintomáticos com confirmação laboratorial (biologia molecular ou imunológico) de infecção
recente por COVID-19.
Ou seja, na prática, devemos notificar todos os casos suspeitos (incluindo os descartados) e confirmados
para COVID!

Quem deve notificar?

Profissionais e instituições de saúde, incluindo laboratórios e universidades, do setor público ou privado,


em todo o território nacional.

Qual o prazo para notificar?

A notificação deve ser feita em até 24h.

Onde notificar?

No “sistema e-SUS Notifica” (https://notifica.saude.gov.br/login), com exceção dos casos de SG


diagnosticados em Unidades de Vigilância Sentinela de SG, dos casos de SRAG hospitalizados e
dos casos de óbitos por SRAG, que devem ser notificados no Sistema de Informação da Vigilância
Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), no site: https://sivepgripe.saude.gov.br/sivepgripe/. Confira
os formulários para a notificação dos casos abaixo. Ah, não se preocupe em decorá-los, apenas
vamos conhecê-los!

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Ficha de notificação de caso de SG no E-SUS Notifica - Parte 1.

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Ficha de notificação de caso de SG no E-SUS Notifica - Parte 2.

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Ficha de notificação de caso de SRAG (casos hospitalizados e óbitos) no SIVEP-GRIPE - Parte 1.

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Ficha de notificação de caso de SRAG (casos hospitalizados e óbitos) no SIVEP-GRIPE - Parte 2.

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Já cientes das fichas de notificação, vamos ver outra questão:

Questão
(UERJ - RJ - 2021) Mulher de 36 anos chega à Clínica de Família com queixa de coriza, febre
não aferida, tosse sem secreção, sensação de falta de ar. Ao exame físico: pressão arterial
= 88 x 56 mmHg, temperatura axilar = 38,4 °C, frequência respiratória = 31 irpm. Nesse caso,
a classificação do quadro clínico e a melhor conduta, respectivamente, são:
(A) Síndrome gripal com sinais de gravidade; estabilização do quadro enquanto é realizado o
encaminhamento para centro de referência/ urgência/ hospitais e notificação imediata de
caso suspeito de COVID-19.
(B) Síndrome gripal com sinais de gravidade de doença sistêmica; estabilização do quadro
clínico, acompanhamento domiciliar via contato telefônico e notificação só após
confirmação do diagnóstico de COVID-19.
(C) Síndrome gripal sem sinais de gravidade de doença sistêmica; estabilização do quadro
clínico, acompanhamento domiciliar via contato telefônico e notificação imediata de caso
suspeito da COVID-19.
(D) Síndrome gripal sem sinais de gravidade; estabilização do quadro enquanto é realizado
o encaminhamento para centro de referência/ urgência/ hospitais e notificação após
confirmação do diagnóstico de COVID-19.

CCQ: Reconhecer um caso suspeito de COVID-19


e a necessidade de notificação compulsória imediata

A síndrome gripal (SG) e a síndrome respiratória aguda grave (SRAG) definem um caso suspeito de
COVID-19! Nesse caso, temos um quadro de febre aferida associada a tosse e coriza, que constituem
classicamente a SG. Só que não para por aí… A paciente do exemplo também apresenta dispneia e
taquipneia, caracterizando a SRAG!
Outra forma de definir SRAG é dizer que se trata de um quadro de SG com sinais de gravidade da
doença: dispneia, dor no tórax, dessaturação menor que 95% ou cianose. Diante de um quadro grave
como esse, é sempre necessário indicar internação hospitalar para o centro de referência.
Ah, não se esqueça de que todos os casos de COVID-19, sejam eles suspeitos ou confirmados, devem
ser notificados em até 24 horas.
GABARITO: Alternativa A.

Testes diagnósticos e indicadores de saúde


Aqui se concentrou o maior número de questões sobre o tema COVID-19 nas provas do último ano.
E detalhe: nessas questões, as bancas não cobraram conhecimentos específicos da pandemia, mas
sim que o candidato soubesse utilizar os dados fornecidos no enunciado, no contexto da pandemia
de COVID-19, para fazer afirmações ou cálculos sobre os conceitos de sensibilidade, especificidade
e valores preditivos. Por isso, vamos revisar esses conceitos.

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Utilizaremos nossa famosa “tabelinha” para fazermos os cálculos:

Tabela para teste diagnóstico.

• Letra “a”: representa o número de verdadeiros positivos (VP) - indivíduos com a doença cujo
teste foi positivo;

• Letra “b”: representa o número de falsos positivos (FP) - indivíduos sem a doença cujo teste foi positivo;

• Letra “c”: representa o número de falsos negativos (FN) - indivíduos com a doença cujo teste foi negativo;

• Letra “d”: representa o número de verdadeiros negativos (VN) - indivíduos sem a doença cujo
teste foi negativo.

Sensibilidade
Proporção de indivíduos com a doença (a+c) que é corretamente identificada em um teste (a) como doente.

S = a / (a+c)

Especificidade
Proporção de indivíduos sem a doença (b+d) que é corretamente identificada em um teste de rastreamento
como não doente (d).

E = d / (b+d)

Valores preditivos
Os valores preditivos são conhecidos como probabilidade pós-teste, pois representam a probabilidade de
o indivíduo ter a doença após conhecer o resultado do teste. Relembrando que a probabilidade pré-teste
(probabilidade de um indivíduo ter a doença antes de fazer o teste) é a própria prevalência da doença
naquela população.

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→ Valor preditivo positivo (VPP)
O VPP é a probabilidade de uma pessoa ter a doença quando o teste é positivo.

VPP = a / (a + b)

→ Valor preditivo negativo (VPN)


O VPN é a probabilidade de uma pessoa não ter a doença quando o teste é negativo.

VPN = d / (c + d)

Considerações importantes:

• Sensibilidade e especificidade são características inerentes ao teste diagnóstico. Isso quer dizer
que não são influenciadas com alteração na prevalência da doença.

• Por outro lado, VPP e VPN sofrem influência quando ocorre alteração da prevalência. Se a prevalência
aumenta, o VPP aumenta e o VPN diminui. Se a prevalência diminui, o VPP diminui e o VPN aumenta.

Agora vamos para a próxima questão:

Questão
(UFSC - SC - 2021) Suponha um teste PCR-RT de material coletado por swab nasal para a
identificação da presença do vírus SARS-CoV-2, agente etiológico da COVID-19. Considere que
a sensibilidade é maior se o teste for realizado no 7º dia de início dos sintomas do que no 2º dia
ou 15º dia. Isso significa que:
(A) A probabilidade de um resultado falso positivo é maior se a coleta for realizada no 2º ou
14º dia de início dos sintomas.
(B) A probabilidade de um resultado falso positivo será menor se a coleta for realizada no 2º ou
14º dia de início dos sintomas.
(C) A probabilidade de um resultado verdadeiro positivo é maior se a coleta for realizada no
7º dia que no 2º ou 14º dia de início dos sintomas.
(D) A probabilidade de que a pessoa com um teste positivo não tenha a doença será maior
se a coleta foi realizada no 7º que no 2º ou 14º dia de início dos sintomas.
(E) A probabilidade de que a pessoa tenha a doença será maior se um teste com resultado
positivo tiver sido coletado no 2º ou 14º dia de início dos sintomas.

CCQ: Saber aplicar conceitos de sensibilidade e valor preditivo positivo


na validação do teste diagnóstico de PCR-RT para COVID-19

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Vamos começar lembrando que a sensibilidade é a probabilidade de o teste ser positivo dentre
os doentes porque é calculada pelo número de verdadeiros positivos dentre os doentes.
Por isso, entendemos com o enunciado que podemos confiar mais no resultado negativo do
PCR-RT quando ele é realizado no 7º dia de sintomas se comparado a quando ele é realizado no
2º ou 15º dia. Afinal, quanto maior a sensibilidade, menor a chance de falsos negativos dentre
os doentes.
Também é importante notar que a probabilidade de o indivíduo ter COVID-19 quando o PCR-RT
vier positivo relaciona-se ao conceito de valor preditivo positivo. Para calculá-lo, precisaríamos
ter a prevalência da doença em uma determinada população.
GABARITO: Alternativa C.

Indicadores de saúde

→ Incidência (I)
Avalia de maneira longitudinal, dentro de uma população exposta, o número de casos novos de
um agravo que surgiram durante determinado período. É um bom parâmetro para avaliar doenças
agudas, como a COVID-19.

I = (número de casos novos / população exposta) x “n”

O que é o “n”?

As questões costumam trazer os indicadores sobre um número “n” de habitantes. Nesses casos,
multiplicamos esse número pelo resultado da divisão. Confuso? Vamos aprender com base em dados
de uma questão que caiu na prova AMS-LONDRINA (no contexto de COVID-19), no ano passado:

Suponhamos que, em Londrina, no período de 09/03/2020 a 31/08/2020 o número de casos de


COVID-19 de residentes confirmados laboratorialmente foi de 6.000. Ocorreram 200 óbitos.
A população do município é de 500.000 habitantes. Qual a incidência, a cada 100.000 habitantes,
de casos confirmados no período?

Nesse caso, o “n” é 100.000. Veja como ficaria o cálculo:

I = (número de casos novos / população exposta) x “n”


I = (6000 / 500.000) x 100.000
I = (0,012) x 100.000
I = 1.200

Ou seja, nesse período, a incidência foi de 1.200 casos por 100.000 habitantes.

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→ Prevalência (P)
Avalia de maneira transversal (pontual) o número total de casos de um agravo dentro de uma população
exposta em um determinado momento.

P = (número total de casos / população exposta) x “n”

→ Mortalidade (ou coeficiente de mortalidade) (M)


Representa o risco que um indivíduo, pertencente a determinado grupo/população, tem de morrer por
qualquer (mortalidade geral) ou determinada (mortalidade específica) condição, como por
exemplo, por COVID-19. Nesse caso, o cálculo é feito com a seguinte fórmula:

M = (número de óbitos por determinada condição / população exposta) x “n”

Questão
(PUC-PR - 2021) No dia 07/11/2020, o boletim epidemiológico do Governo do Estado do Paraná
trazia as seguintes informações a respeito dos números da COVID-19. Sobre a interpretação
desses dados, assinale a alternativa CORRETA.

(A) O risco relativo de morte é maior entre os homens do que entre as mulheres.
(B) A mortalidade por COVID-19 no Estado do Paraná na data de divulgação do Boletim era
de 2,4%.
(C) A média móvel de óbitos é calculada pelo número de óbitos em um dia dividido pelo número
total de casos.
(D) No dia do boletim, o número de casos ativos no Estado era de 566.
(E) A
curva de casos acumulados é ascendente, o que é preocupante, pois o esperado, caso as
políticas de distanciamento social estivessem sendo seguidas, seria uma curva descendente.

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CCQ: Interpretar dados atuais dos impactos da pandemia pelo novo coronavírus
de acordo com os indicadores de saúde coletiva

Mentorando, você deve lembrar que o risco de morte se refere ao coeficiente de mortalidade,
responsável por medir o risco de morrer de um certo agravo em um determinado período e
local. No gráfico, 53% dos casos ocorreram em mulheres contra 47% de casos em homens.
Dentre esses casos, 40% dos óbitos ocorreram no grupo das mulheres e 60% no grupo dos
homens. Portanto, proporcionalmente ao número de casos, o risco relativo de morte foi maior
em homens (grupo com menor número de casos com maior número de óbitos).
Para fins de prova, fique sabendo também que a média móvel de óbitos é o total de óbitos
naquele dia acrescido ao número de mortes nos seis dias anteriores, dividido por sete.
GABARITO: Alternativa A.

→ Letalidade (ou coeficiente de letalidade - L)


É calculada dividindo o número de óbitos por determinado agravo em relação ao número de indivíduos
doentes. Portanto, avalia a gravidade da doença.

L = (número de óbitos por determinado agravo / número de indivíduos acometidos pelo agravo) x “n”

Questão
(SEMAD - RJ - 2021) Ainda sobre a mortalidade e letalidade do COVID-19, avalie as proposições
abaixo:
I. O aumento da incidência da infecção pelo vírus COVID-19 no cenário mundial influencia em sua taxa
de letalidade diretamente.
II. A taxa de mortalidade pode vir a ser afetada pelo diagnóstico e tratamento precoce em unidade de
terapia intensiva da insuficiência respiratória.
III. A raiva possui alta taxa de mortalidade no Brasil.
Marque a opção correta:
(A) I e II são corretas.
(B) Todas incorretas.
(C) II e III são corretas.
(D) I e III são corretas.
(E) N.R.A.

CCQ: Relacionar os conceitos de incidência, prevalência, letalidade, mortalidade


e morbidade aos impactos mundiais da pandemia por COVID-19

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Mentorando, aqui temos conceitos clássicos dos indicadores de saúde aplicados no contexto
atual da pandemia pelo novo coronavírus. A incidência é responsável por medir a frequência de
um agravo, e o seu aumento significa o incremento do número de novos casos de COVID-19 no
mundo. Contudo, a letalidade mede a gravidade da doença, calculada pelo número de óbitos
na população que adquiriu o vírus. Logo, com o aumento da incidência, a letalidade é constante
porque ocorre aumento do número de óbitos proporcionalmente ao número de doentes.
Quanto à mortalidade, que é o número de óbitos por um agravo na população geral, saiba que
esta pode ser reduzida com diagnóstico e instituição de tratamento precocemente em casos
moderados/ graves de COVID-19, de acordo com estudos atuais.
GABARITO: Alternativa E.

Medidas de controle
As medidas de prevenção e controle para enfrentar a COVID-19 foram o centro da discussão sobre
a pandemia durante boa parte de 2020. Veja a seguir algumas delas:

Isolamento

ara indivíduos com quadro de síndrome gripal (SG) – leve a moderado – com confirmação
• P
para COVID-19 por qualquer um dos critérios (clínico, clínico-epidemiológico, clínico-imagem ou
clínico-laboratorial) ou que ainda não coletaram amostra biológica para investigação etiológica,
as medidas de isolamento e precaução devem iniciar imediatamente e só podem ser suspensas
após 10 dias do início dos sintomas, desde que permaneça afebril sem o uso de medicamentos
antitérmicos há pelo menos 24 horas e com remissão dos sintomas respiratórios;

• Para indivíduos com quadro de síndrome gripal (SG) – leve a moderado – em que não foi possível
a confirmação pelos critérios (clínico, clínico-epidemiológico ou clínico-imagem), e que apresentaram
resultado de exame laboratorial não reagente ou não detectável para COVID-19 pelo método molecular
(RT-qPCR ou RT-LAMP) ou teste rápido para detecção de antígeno para SARS-CoV-2, as medidas de
isolamento e precaução podem ser suspensas desde que o paciente permaneça afebril sem o uso de
medicamentos antitérmicos há pelo menos 24 horas e com remissão dos sintomas respiratórios;

ara indivíduos com quadro de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) – grave/crítico –
• P
com confirmação para COVID-19 por qualquer um dos critérios (clínico, clínico-epidemiológico,
clínico-imagem ou clínico-laboratorial), as medidas de isolamento e precaução devem iniciar
imediatamente e só podem ser suspensas após 20 dias do início dos sintomas, desde que se
permaneça afebril sem o uso de medicamentos antitérmicos há pelo menos 24 horas e com
remissão dos sintomas respiratórios, mediante avaliação médica;

• Para indivíduos hospitalizados com quadro de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em
que não foi possível a confirmação pelos critérios (clínico, clínico-epidemiológico ou clínico-
imagem), caso um primeiro teste de RTqPCR venha com resultado negativo, um segundo teste
na mesma metodologia, preferencialmente com material de via aérea baixa, deve ser realizado

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48 horas após o primeiro. Sendo os dois negativos, o paciente poderá ser retirado da precaução
para COVID-19 (atentar para o diagnóstico de outros vírus respiratórios, como influenza);

• Para indivíduos assintomáticos confirmados laboratorialmente para COVID-19 (resultado


detectável pelo método RT-qPCR ou teste rápido para detecção de antígeno para SARS-CoV-2),
deve-se manter isolamento, suspendendo-o após 10 dias da data de coleta da amostra.

Questão
(UFT - TO - 2021)A infecção ocasionada pelo SARS-CoV-2 teve sua origem a partir de um novo
vírus zoonótico no final de 2019, variando desde infecção assintomática a pneumonia grave
e falência de múltiplos órgãos, principalmente em idosos e pacientes com outras doenças ou
condições subjacentes. Até o mês de novembro de 2020, mais de 57 milhões de pessoas em
todo o mundo foram infectadas, com mais de 1.300.000 mortes. Como medida para redução da
transmissão, recomenda-se que casos suspeitos ou confirmados para SARS-CoV-2 realizem o
isolamento, sendo que a Anvisa, em nota técnica publicada no mês de agosto, definiu critérios
para o término do isolamento. Qual a correta associação entre o grau de doença do paciente e o
período para término de isolamento?
(A) Pacientes assintomáticos não gravemente imunossuprimidos: pelo menos vinte dias após
a data do primeiro teste RT-PCR positivo.
(B) Pacientes assintomáticos e gravemente imunossuprimidos: pelo menos trinta dias desde o
primeiro teste RT-PCR positivo.
(C) Pacientes com quadro grave/crítico OU gravemente imunossuprimidos: pelo menos dez
dias desde o início dos sintomas + pelo menos 24 horas sem febre (sem uso de antitérmicos)
+ melhora dos sintomas.
(D) Pacientes com quadro leve a moderado, não gravemente imunossuprimidos: pelo menos dez
dias desde o início dos sintomas + pelo menos 24 horas sem febre (sem uso de antitérmicos)
+ melhora dos sintomas.

CCQ: Saber relacionar o grau de doença por COVID-19


ao período de isolamento de acordo com a Anvisa

Para acertar essa questão, você precisa lembrar que todo indivíduo assintomático com diagnóstico
laboratorial confirmado, seja ele imunossuprimido ou não, deve permanecer em isolamento
durante 10 dias contados a partir da data da coleta da amostra do exame.
Já os pacientes com quadro grave/crítico, ou seja, apresentando síndrome respiratória aguda
grave confirmada laboratorialmente, ficarão 20 dias a partir da data de início de sintomas em
isolamento. E, por fim, quadros leves/moderados, também chamados de síndrome gripal, ficarão
isolados por pelo menos 10 dias após o início dos sintomas.
Não esqueça que, em todos os casos, é importante que o paciente esteja afebril nas últimas
24 horas sem usar antitérmicos e com melhora evidente dos sintomas respiratórios para
suspender o isolamento.
GABARITO: Alternativa D.

24
Distanciamento social
Limitar o contato próximo entre pessoas infectadas (mesmo assintomáticas) e pessoas saudáveis
com o objetivo de reduzir a transmissão do vírus foi uma medida defendida pela Organização Mundial
da Saúde e por líderes do mundo inteiro. Porém, qual a distância mínima considerada “segura”?
Pois bem, aqui não houve um consenso. A maioria das referências defendeu a distância mínima de
1 m de outras pessoas. E aquelas tossindo e/ou espirrando? Algumas referências defenderam que a
distância mínima de 1 m era suficiente. Porém, outras citaram 1,5 m - 2 m nesses casos.
A higienização das mãos é a medida isolada considerada mais efetiva na redução da disseminação
de doenças de transmissão respiratória. Lembremos que o vírus é transmitido por meio de gotículas
respiratórias ou por contato, quando as mãos contaminadas tocam a mucosa oral, nasal ou dos olhos.

Muito se falou também sobre a etiqueta respiratória, que consiste em um conjunto de medidas que
objetiva a redução da disseminação de gotículas respiratórias, como:

• Cobrir nariz e boca com lenço de papel ou com o antebraço, e nunca com as mãos ao tossir ou
espirrar. Descartar adequadamente o lenço utilizado;

• E
vitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas. Se tocar, sempre higienize as mãos
como já indicado;

• Manter uma distância mínima citada anteriormente;

• H
igienizar com frequência os brinquedos das crianças e aparelho celular. Não compartilhar objetos
de uso pessoal, como talheres, toalhas, pratos e copos;

• E
vitar aglomerações, principalmente em espaços fechados e manter os ambientes limpos e bem
ventilados.

Uso de máscara
A recomendação do uso de máscara se dá tanto para proteção de pessoas saudáveis (quando em contato
com algum indivíduo infectado), como para controle da fonte (quando é utilizada por uma pessoa infectada
a fim de evitar a transmissão subsequente).
Nesse período, muito se falou sobre os diferentes tipos de máscaras. Vamos citar algumas de suas
principais características e seus principais usos - falaremos mais sobre esse ponto logo em seguida.

Máscaras de tecido
São máscaras produzidas com materiais como tecido e malha, não utilizadas em serviços de saúde.
Passaram a ser amplamente utilizadas pela população devido a seu baixo custo e possibilidade de
reutilização depois de lavadas. A OMS, diante da situação econômica de diversos países, mostrou-se a
favor do seu uso (exceto em serviços de saúde) e passou a fornecer algumas recomendações, como a
fabricação de máscaras de tecido com 3 camadas;

25
Máscara cirúrgica

Equipamentos descartáveis, logo, não econômicos. É o equipamento amplamente utilizado quando


falamos sobre precaução de contaminação por gotículas em serviços de saúde;

Máscara N95/PFF2
Chegamos ao suprassumo das máscaras, o padrão-ouro quando utilizado em serviços com risco de
aerolização (ex.: intubação orotraqueal), porém, também descartáveis e pouco econômicas. Apresentam
poder de filtragem maior que as máscaras cirúrgicas. Como citado anteriormente, protege quem a
utiliza de gotículas e aerossóis (partículas que podem ficar suspensas no ar por várias horas).

Observação importante conforme a NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020 (atualizada


em 25/02/2021): “máscaras de tecido devem ser usadas para impedir que a pessoa que a está
usando espalhe secreções respiratórias ao falar, espirrar ou tossir (controle da fonte), desde que
estejam limpas e secas, porém, elas NÃO SÃO Equipamentos de Proteção Individual (EPI), portanto,
não devem ser usadas por profissionais do serviço de saúde durante a permanência em áreas de
assistência a pacientes ou quando realizarem atividades em que é necessário uso de máscara
cirúrgica ou de máscara de proteção respiratória N95/PFF2”.

E quanto às siglas N95 e PFF2?

Simples: são a “mesma coisa”. PFF2 é a designação brasileira (peça semifacial filtrante) para a N95,
como é conhecida nos EUA.

N95/PFF2 com válvula - pode usar?

Não é recomendada, pois a válvula permite que partículas sejam dispersas por quem a utiliza
para o ambiente.

E quanto à KN95?

Foi a opção “barata” encontrada por muitos brasileiros, devido ao seu valor mais baixo. É uma máscara
chinesa com várias características que a aproximam da N95/PFF2, porém sua fabricação - ao contrário
dessas - não tem padronização. Logo, a qualidade e poder de filtração podem não ser garantidos.

Recomendações de uso de EPIs


Na tabela abaixo, baseada na NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020 (atualizada em
25/02/2021), vamos sintetizar as principais recomendações sobre uso de EPIs em diversas situações
durante o período da pandemia de COVID-19.

26
Serviços hospitalares

Pessoas
Cenário Atividades Principais EPI’s
envolvidas

Profissionais
Triagem Máscara cirúrgica
da saúde

Pacientes
com sintomas Triagem Máscara cirúrgica
Triagem
respiratórios

Pacientes
sem sintomas Triagem Máscara de tecido
respiratórios

Todos
Enfermaria / os profissionais Qualquer atividade
Máscara cirúrgica
quartos do serviço nessas áreas
de saúde

Máscara cirúrgica
Durante a assistência,
Profissionais sem procedimentos Óculos ou protetor facial
da saúde que possam Avental
gerar aerossóis
Luvas de procedimento

Máscara N95/PFF2
Enfermaria / ou equivalente
quartos
de pacientes Durante a realização Óculos ou protetor facial
suspeitos ou Profissionais de procedimentos
confirmados da saúde que possam gerar Avental
com aerossóis
Luvas de procedimento
COVID-19
Gorro descartável

Máscara cirúrgica

Avental
Durante permanência
Acompanhantes
em enfermaria / quarto Obs.: deve ser orientado a sair
do quarto do paciente durante realização
de procedimentos que geram aerossóis

27
Serviços ambulatoriais

Pessoas
Cenário Atividades Principais EPI’s
envolvidas

Igual
à triagem Igual à triagem
Triagem Igual à triagem em serviços hospitalares
em serviços em serviços hospitalares
hospitalares

Máscara cirúrgica
Realização
de exame físico Óculos ou protetor facial
em pacientes
com sintomas Avental
respiratórios
Profissionais Luvas de procedimento
da saúde
Realização
de exame físico
em pacientes Máscara cirúrgica
sem sintomas
Consultórios respiratórios

Pacientes
com Máscara cirúrgica
Qualquer atividade
sintomas
respiratórios

Pacientes
sem Máscara de tecido
Qualquer atividade
sintomas
respiratórios

Pacientes Máscara cirúrgica


com Obs.: preferencialmente, colocar
Qualquer atividade
sintomas paciente imediatamente em uma sala
respiratórios de isolamento
Sala de
espera
Pacientes
sem
Qualquer atividade Máscara de tecido
sintomas
respiratórios

28
Serviços móveis de urgência

Pessoas
Cenário Atividades Principais EPI’s
envolvidas

Apenas condução de paciente


com suspeita ou confirmado
Máscara cirúrgica
para COVID-19 e em
compartimento separado

Máscara cirúrgica
Auxiliar na colocação ou
retirada de paciente com Óculos ou protetor facial
Ambulâncias
suspeita ou confirmado Avental
e veículos de
Motorista para COVID-19
transporte Luvas de procedimento
de pacientes
Máscara cirúrgica
Nenhum contato < 1 m com
Se houver a realização de procedimento
paciente com suspeita ou
que possa gerar aerossol no interior do
confirmado para COVID-19,
veículo:
mas sem separação de
compartimento • Máscara N95/PFF2 ou equivalente
• Gorro

Pacientes Máscara cirúrgica


com Obs.: deve-se melhorar a ventilação do
Qualquer atividade
sintomas veículo (ar condicionado com exaustão ou
Ambulâncias respiratórios
e veículos de manter as janelas abertas)
transporte
de pacientes Pacientes
sem
Qualquer atividade Máscara de tecido
sintomas
respiratórios

Máscara cirúrgica (trocar por máscara


N95/PFF2 ou equivalente) + gorro se
realizado procedimento que possa gerar
Transporte de pacientes aerossóis
suspeitos ou confirmados
Ambulâncias para COVID-19 Óculos ou protetor facial
e veículos de Profissionais
Avental
transporte da saúde
de pacientes Luvas de procedimento

Transporte de pacientes
sem suspeita ou confirmação Máscara cirúrgica
para COVID-19

29
Questão
(HIAE - SP - 2021) Dentre as medidas a serem implementadas para a prevenção e o controle
da disseminação do SARS-CoV-2 em serviços hospitalares, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária recomenda, em sua Nota Técnica GVIMS/GGTES no 04/2020, atualizada em 8 de maio
de 2020, procedimentos e uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Recomenda-se
que o profissional de saúde use a máscara N95/PFF2, ou o equivalente:

(A) Em consultórios, durante realização de exame físico em pacientes com sintomas


respiratórios.
(B) No quarto/ área/ enfermaria/ box de pacientes suspeitos ou confirmados de COVID-19,
durante a realização de procedimentos que possam gerar aerossóis.
(C) Na área de triagem preliminar, em enfermarias com pacientes confirmados de COVID-19
durante assistência sem procedimentos que possam gerar aerossóis.
(D) No quarto/ área/ enfermaria/ box de pacientes suspeitos ou confirmados de COVID-19,
durante a assistência sem procedimentos que possam gerar aerossóis.
(E) Em áreas coletivas, em que não há procedimentos geradores de aerossóis, com pacientes
com suspeita de COVID-19.

CCQ: Saber quais são as recomendações para o uso de máscara N95/PFF2


pelos profissionais de saúde durante a pandemia pelo COVID-19
nas diferentes situações da assistência hospitalar e ambulatorial

Os profissionais de saúde devem utilizar a máscara N95/PFF2 durante a realização de


procedimentos que envolvam a aerolização, seja no transporte, seja nas enfermarias de
pacientes suspeitos ou confirmados para COVID-19. Lembre-se que entubação orotraqueal,
nebulização e ventilação não invasiva (recursos terapêuticos frequentemente explorados
no combate ao coronavírus) são exemplos de procedimentos geradores de aerossóis. Nos
demais casos, a doença é transmitida por inalação de gotículas, por isso, a proteção com
uso de máscara cirúrgica é suficiente.
Fique atento à pegadinha: a triagem preliminar não é área adequada para a realização de
procedimentos que geram aerossóis, por isso não está contemplada como indicação de uso
de N95/PFF2.
GABARITO: Alternativa B.

Veja a seguir os momentos recomendados para a realização da higiene das mãos:

30
Os 5 momentos para a HIGIENE DAS MÃOS

2 Antes de realizar procedimento


limpo/asséptico

1 Antes de tocar
o paciente 4 Após tocar
o paciente

3 Após risco de exposição


a fluidos corporais

Após tocar superfícies


5 próximas ao
paciente

Antes de Quando? Higienize as mãos antes de entrar em contato com o paciente


1 tocar
Para a proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos presentes
o paciente Por quê?
nas mãos do profissional e que podem causar infecções
Higienize as mãos imediatamente antes da realização de qualquer procedimento
Antes de Quando?
asséptico
realizar
2 procedimento Para a proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos
limpo/ Por quê? das mãos do profissional para o paciente, incluindo os microrganismos do
asséptico próprio paciente

Higienize as mãos imediatamente após risco de exposição a fluidos corporais


Após risco Quando?
(e após a remoção de luvas)
3 de exposição
a fluidos Para a proteção do profissional e do ambiente de assistência imediatamente
corporais Por quê? próximo ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a
outros profissionais ou pacientes
Higienize as mãos após contato com o paciente, com as superfícies e objetos
Quando?
próximos a ele e ao sair do ambiente de assistência ao paciente
4 Após tocar
o paciente Para a proteção do profissional e do ambiente de assistência à saúde, incluindo
Por quê? as superfícies e os objetos próximos ao paciente, evitando a transmissão de
microrganismos do próprio paciente
Higienize as mãos após tocar qualquer objeto, mobília e outras superfícies nas
Após tocar Quando?
proximidades do paciente - mesmo sem ter tido contato com o paciente
5 superfícies
próximas Para a proteção do profissional e do ambiente de assistência à saúde, incluindo
ao paciente Por quê? superfícies e objetos imediatamente próximos ao paciente, evitando a transmissão
de microrganismos do paciente a outros profissionais ou pacientes

Fonte: GVIMS/GGTES/ANVISA
NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020 – 25/02/2021 ORIENTAÇÕES PARA SERVIÇOS DE SAÚDE: MEDIDAS
DE PREVENÇÃO E CONTROLE QUE DEVEM SER ADOTADAS DURANTE A ASSISTÊNCIA AOS CASOS SUSPEITOS OU
CONFIRMADOS DE INFECÇÃO PELO NOVO CORONAVÍRUS (SARS-CoV-2).

31
E você sabe como se desparamentar ao sair do quarto do paciente? Qual é a ordem de desparamentação?
O que devemos retirar no quarto e o que devemos retirar ao lado de fora? Veja a figura:

Desparamentação
Equipamentos de proteção individual (EPI) utilizados em procedimentos geradores de aerossóis

(exemplos: intubação ou aspiração traqueal, ventilação mecânica não invasiva, ressuscitação


cardiopulmonar, coletas de amostras nasotraqueais, broncoscopias, etc.)
Ainda dentro do quarto/box do paciente

1 Retirar as luvas 2 Retirar o avental 3 Higienizar as mãos

Sair do quarto/box onde se encontra o paciente

6 Retirar óculos de proteção


4 Higienizar as mãos 5 Retirar o gorro
ou protetor facial

7 Higienizar as mãos 8 Retirar a máscara N95/PFF2 9 Higienizar as mãos

Fonte: GVIMS/GGTES/ANVISA, 2020


NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020 – 25/02/2021 ORIENTAÇÕES PARA SERVIÇOS DE SAÚDE: MEDIDAS
DE PREVENÇÃO E CONTROLE QUE DEVEM SER ADOTADAS DURANTE A ASSISTÊNCIA AOS CASOS SUSPEITOS OU
CONFIRMADOS DE INFECÇÃO PELO NOVO CORONAVÍRUS (SARS-CoV-2).

32
Outros pontos
Vamos citar brevemente alguns pontos envolvendo tópicos menos prevalentes, mas que apareceram
nas últimas provas.

→ Ressuscitação cardiopulmonar de pacientes com diagnóstico ou suspeita de COVID-19

• Ainda que possa ocorrer atraso no início das compressões torácicas, a segurança da equipe é prioritária.
Ou seja, não se deve iniciar a RCP em um paciente portador suspeito ou confirmado de COVID-19
até que a equipe esteja totalmente paramentada;

• D
eve constar no kit de EPI: máscara N95, face shield, avental impermeável, gorro, luvas descartáveis
de cano alto, óculos de proteção;

• S
e o paciente estiver com uma máscara facial de oxigenação antes da ocorrência da PCR, mantenha-a
até a intubação, porém sem um alto fluxo de oxigênio (6- 10 L/min no máximo), a fim de evitar geração
de aerossol;

• S
e o paciente não estiver com dispositivo de via aérea, o profissional deve colocar um pano/toalha
sobre a boca e o nariz da vítima e realizar compressões contínuas;

• D
eve-se evitar a ventilação com bolsa-válvuva-máscara (BVM) ou bolsa-tubo endotraqueal, pelo
elevado risco de gerar aerossóis e contaminação da equipe. No caso de absoluta necessidade de
ventilação com BMV, a técnica de selamento da máscara deve sempre envolver dois profissionais e
deve-se utilizar uma cânula orofaríngea (Guedel);

• A
pós o atendimento, remova o EPI com segurança, evitando a autocontaminação. Para esse passo,
deve ser dada toda atenção, considerando que a maior parte da contaminação dos profissionais de
saúde ocorre nesse ponto, por contato com secreções e gotículas.

→ Telemedicina

• A Lei Nº 13.989, de 15 de abril de 2020 autorizou, em caráter emergencial, o uso da telemedicina


enquanto durar a crise ocasionada pelo novo coronavírus;

• E
ntende-se por telemedicina, entre outros, o exercício da medicina mediado por tecnologias para
fins de assistência, pesquisa, prevenção de doenças e lesões, e promoção de saúde;

• O
médico deverá informar ao paciente todas as limitações inerentes ao uso da telemedicina, tendo
em vista a impossibilidade de realização de exame físico durante a consulta;

• A
prestação de serviço de telemedicina seguirá os padrões normativos e éticos usuais do
atendimento presencial, inclusive em relação à contraprestação financeira pelo serviço prestado,
não cabendo ao poder público custear ou pagar por tais atividades quando não for exclusivamente
serviço prestado ao Sistema Único de Saúde (SUS).

33
Questão
(UDI - MA - 2021) Assinale a alternativa correta de acordo com a Lei nº13.989, de 15 de abril de
2020, que dispõe sobre o uso da telemedicina durante a crise causada pelo coronavírus
(SARS-Cov-2).
(A) A prestação de serviço de telemedicina segue os mesmos padrões normativos e éticos
usuais do atendimento presencial.
(B) A receita com assinatura digital tem o mesmo valor que a receita digitalizada,
independentemente do tipo de medicação prescrita.
(C) O médico preenche os formulários médicos (receitas, laudos e atestados), assina e envia
o documento ao paciente ou responsável somente por e-mail.
(D) A telemedicina é definida como o exercício da Medicina mediado por tecnologias apenas
para fins assistenciais.
(E) Toda a teleconsulta deve ser gravada para respaldo jurídico do médico.

CCQ: Compreender as normas e preceitos que envolvem o exercício da telemedicina


como recurso diagnóstico e terapêutico para facilitação do acesso à saúde
durante a pandemia por COVID-19

Precisamos entender que a teleconsulta tem facilitado o acesso à assistência, prevenção e


promoção à saúde a todos durante o período da pandemia. Ela também inclui a realização
de pesquisas no âmbito da saúde.
Essa forma de atendimento amplamente difundida nos últimos meses segue os mesmos
padrões de regras do atendimento presencial, contudo, a receita digitalizada só apresenta o
mesmo valor quando possuir assinatura eletrônica ou digitalizada do prescritor! Vale reforçar
que não está presente em nenhum documento que a teleconsulta precisa ser gravada.
GABARITO: Alternativa A.

→ Amamentação

• Em mães infectadas pela COVID-19, é recomendada a manutenção do aleitamento materno,


considerando o benefício do aleitamento e a ausência, até o momento, de evidências de transmissão
do SARS-CoV-2 por essa via.

Vacinação
Tema que pouco caiu nas provas do ano passado - afinal, nem vacina tínhamos ainda -, porém, deve
ser tema quente nesse ano! Vamos falar um pouco sobre o Plano Nacional de Operacionalização
da Vacinação contra a COVID-19, do Ministério da Saúde, as diferentes vacinas que integram o
programa e os grupos prioritários.

34
Campanha nacional de vacinação
A campanha teve início no dia 18 de janeiro de 2021, com o objetivo de estabelecer as ações
e estratégias para a operacionalização da vacinação contra a COVID-19 no Brasil. Para interromper
a cadeia de circulação do vírus, estima-se que 60% a 70% da população precisa estar imune, ou
seja, seria necessária a vacinação de, pelo menos, 85% da população (devido a efetividade das
vacinas não ser 100%).

Tipos de vacina

Vacinas de vírus inativados


É produzida uma grande quantidade de vírus em cultura de células. Posteriormente, são inativados por
procedimentos físicos e/ou químicos. Geralmente são vacinas seguras e imunogênicas, pois os vírus
inativados não possuem a capacidade de replicação.

Vacinas de vetores virais


Utilizam vírus humanos ou de outros animais, geneticamente modificados. Quando inoculados,
estimulam as células humanas a produzir a proteína antigênica Spike (ou proteÍna S), que estimula
a resposta imune específica. O vírus recombinante funciona como um transportador do material
genético do vírus alvo, ou seja, é um vetor inócuo, incapaz de causar doenças.

Vacina de RNA mensageiro


Tecnologia nova, cujo mecanismo é parecido com o anterior. Aqui, a estimulação da produção
da proteína antígena Spike é realizada após a inoculação de segmento de RNA mensageiro
viral encapsulado em nanopartículas lipídicas. Ponto negativo: requerem temperaturas muito
baixas para conservação (variando entre -20 °C e -70 °C).

Unidades proteicas (recombinante)


A estimulação da resposta imune ocorre pela exposição do organismo a fragmentos do vírus
SARS-CoV-2, mais especificamente a nanopartículas da proteína S após a recombinação genética.

35
As vacinas em uso no Brasil

Vacina adsorvida COVID-19 (inativada) – Sinovac/ Instituto Butantan


A eficácia dessa vacina foi demonstrada em estudos cujo esquema de vacinação foi composto por doses
com intervalo de 14 a 28 dias. Para prevenção de casos sintomáticos de COVID-19 que precisaram de
assistência ambulatorial ou hospitalar, a eficácia foi de 78%. Não ocorreram casos graves nos indivíduos
vacinados, contra 7 casos graves no grupo placebo.

Vacina adsorvida COVID-19 (inativada)

Plataforma Vírus inativado

Indicação de uso Pessoas com idade maior ou igual a 18 anos

Forma farmacêutica Suspensão injetável

Apresentação Frascos-ampola, multidose 10 doses

Via de administração IM (intramuscular)

Esquema vacinal/ intervalos 2 doses de 0,5 ml, intervalo entre doses de 4 semanas

0,5 ml contém 600 SU de antígeno do vírus inativado SARS-CoV-2

Composição por dose Excipientes: hidróxido de alumínio, hidrogenofosfato dissódico,


di-hidrogenofosfato de sódio, cloreto de sódio, água para injetáveis
e hidróxido de sódio para ajuste de pH

Prazo de validade
12 meses, se conservado entre 2 °C e 8 °C
e conservação

Validade após abertura


8 horas após abertura em temperatura de 2 °C a 8 °C
do frasco

Fonte: CGPNI/SVS/MS *Dados sujeitos a alterações

36
Vacina COVID-19(recombinante) – AstraZeneca/Fiocruz
Os resultados dos estudos apontaram soroconversão em 98% dos indivíduos após a primeira dose
e em 99% após a segunda dose - espaçadas por 12 semanas.

AstraZeneca/ Fiocruz/
Características AstraZeneca/ Fiocruz AstraZeneca/ COVAX
Serum Instituto of India
Vacina contra COVID-19
Vacina COVID-19 Vacina COVID-19
Triagem (ChAdOx1-S) -
(recombinante) (recombinante)
recombinante)

Faixa etária A partir de 18 anos A partir de 18 anos A partir de 18 anos

Via de administração Intramuscular Intramuscular Intramuscular

Frasco ampola Frasco ampola Frasco ampola


Apresentação multidose de multidose de multidose de
5 doses 10 doses 10 doses
Forma farmacêutica Suspensão Suspensão Solução
Intervalo
recomendado 12 semanas 12 semanas 12 semanas
entre as doses
6 meses a partir da 6 meses a partir da 6 meses a partir da
Validade frasco data de fabricação data de fabricação data de fabricação
multidose fechado em temperatura em temperatura em temperatura
de 2 °C a 8 °C de 2 °C a 8 °C de 2 °C a 8 °C

Vaidade frasco 48 horas em 48 horas


6 horas em temperatura
multidose aberto temperatura em temperatura
de 2 °C a 8 °C
de 2 °C a 8 °C de 2 °C a 8 °C
Temperatura e
armazenamento 2 °C a 8 °C 2 °C a 8 °C 2 °C a 8 °C

Fonte: CGPNI/SVS/MS *Dados sujeitos a alterações

37
Vacina COVID-19 (RNAm) /Comirnaty – Pfizer/Wyeth
Comprovou-se alta efetividade vacinal quando duas doses são aplicadas com intervalo de 12 semanas
ou mais:

• Trabalhadores de saúde da linha de frente → 80% após a primeira dose e 90% após a segunda contra
infecção pelo SARS-CoV-2;

• I dosos acima de 70 anos → redução do risco de internação hospitalar de cerca de 80% e de risco de
óbito pela COVID-19 de 85%;

• População geral → 97% contra casos sintomáticos, necessidade de internação ou morte pela COVID-19.

Vacina COVID-19 (RNAm) - Cominarty

Plataforma RNA mensageiro

Indicação de uso Pessoas com idade maior ou igual a 18 anos

Forma farmacêutica Suspensão injetável

Apresentação Frascos multidose de 6 doses

Via de administração IM (intramuscular)

Esquema vacinal/
2 doses de 0,3 ml, intervalo entre doses de 12 semanas
intervalos

0,3 ml contém 30 ug de RNAm codificando a proteína S (spike)


do SARS-CoV-2
Composição Excipientes: di-hexildecanoato de di-hexilaminobutanol,
por dose da ditetradecilmetoxipolietilenoglicolacetamida, levoalfafosfatidicolina
vacina diluída distearoila, colesterol, sacarose, cloreto de sódio, cloreto de potássio,
fosfato de sódio dibásico di-hidratado, fosfato de potássio monobásico,
água para injetáveis
• no máximo 5 dias à temperatura de +2 °C a +8 °C;
Prazo de validade • até 14 dias (2 semanas) à temperatura de -25 °C a 15 °C
e conservação • durante toda a validade (6 meses) em freezer de ultra baixa temperatura
(-80 °C a -60 °C)

Validade após
6 horas após a diluição em temperatura de 2 °C a 8 °C
abertura do frasco

Fonte: CGPNI/SVS/MS *Dados sujeitos a alterações

38
Vacina COVID-19 (recombinante) – Janssen
A vacina da Janssen ficou conhecida por ser, até o momento, a única (dentre as aplicadas no Brasil)
a ser feita em dose única. Em relação à capacidade da vacina de evitar hospitalizações, conforme
dados preliminares (estudos em fase III), a eficácia estimada foi de 93,1% com 14 ou mais dias após
a vacinação. Ao passar de 28 dias, não houve hospitalizações no grupo vacinado.

Vacina COVID-19 (recombinante)

Plataforma Vetor viral (não replicante)

Indicação de uso Pessoas com idade maior ou igual a 18 anos

Forma farmacêutica Suspensão injetável

Apresentação Frascos multidose de 5 doses

Via de administração IM (intramuscular)

Esquema vacinal/
Dose única de 0,5 ml
intervalos

0,5 ml contém adenovírus tipo 26, que codifica a glicoproteína spike


SARS-CoV-2* (Ad26.CoV2-S), não inferior a 8,92 log10 unidades
Composição por dose infecciosas (Inf.U)
Excipientes: hidroxipropilbetaciclodextrina, ácido cítrico monoidratado,
etanol**, ácido clorídrico, polissorbato 80, cloreto de sódio, hidróxido
de sódio, citrato trissódico di-hidratado e água para injetáveis.

Prazo de validade 4-5 meses à temperatura de +2 °C a +8 °C


e conservação (atualizado em 14/06/2021)

Validade após
6 horas após a abertura do frasco em temperatura de 2 °C a 8 °C
abertura do frasco

Fonte: CGPNI/SVS/MS *Dados sujeitos a alterações

Observações importantes:
• P
reconiza-se um intervalo mínimo de 14 dias entre as vacinas contra COVID-19 e as diferentes
vacinas do Calendário Nacional de Vacinação;
• E
m caso de coadministração em intervalo menor de 14 dias de uma vacina contra COVID-19
com outra vacina e/ou imunoglobulina específica, seja por uma justificativa citada acima ou por
erro de imunização, as doses dos imunobiológicos deverão ser consideradas válidas e não há
necessidade de repetição.

39
Questão
(HASP - SP - 2021) A vacina de Oxford contra o SARS-CoV-2 é feita com um adenovírus de chimpanzé
que possui em seu código genético a sequência de um antígeno do vírus da COVID-19. Sendo assim,
assinale a alternativa CORRETA:
(A) A vacina provavelmente não é capaz de prevenir contra a COVID-19, pois esta doença
é causada pelo coronavírus e não pelo adenovírus.
(B) Considera-se uma ideia improcedente inocular um vírus de outro animal em seres
humanos, pois o sistema imune humano não poderá se defender deste vírus.
(C) É importante que o adenovírus esteja presente na vacina, infecte e replique em células
humanas sem causar doença, pois só assim haverá ativação adequada do sistema imune.
(D) A simples presença de uma proteína do SARS-CoV-2 na superfície do adenovírus já é o
suficiente para induzir uma resposta imunológica eficaz e duradoura.

CCQ: Entender como funcionam as tecnologias envolvidas na resposta


imune das vacinas contra COVID-19 disponíveis no Brasil

Essa é uma questão interessante para você entender como o conhecimento sobre vacinas
contra COVID-19 pode ser cobrado! Sabemos que a vacina de Oxford, também conhecida
como AstraZeneca, estimula a produção de anticorpos ligadores da proteína de superfície
spike, essencial para a entrada do coronavírus na célula. Mas como ela faz isso? Por meio
de instruções genéticas para síntese da proteína spike contidas no adenovírus inoculado.
O adenovírus de Chimpanzé é modificado para carregar o DNA da proteína do coronavírus,
mas sem capacidade replicativa, portanto, sem capacidade de provocar a doença.
GABARITO: Alternativa C.

Grupos prioritários
Citamos anteriormente que seria necessária a vacinação (com esquema completo) de 85%
da população para interromper a cadeia de circulação do vírus. No entanto, não há ampla
disponibilidade de vacina no mercado mundial, por isso, num primeiro momento, o objetivo
principal da vacinação passa a ser focado na redução da morbimortalidade causada pela
COVID-19, bem como a proteção da força de trabalho para manutenção do funcionamento dos
serviços de saúde e dos serviços essenciais.

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GRUPO GRUPO PRIORITÁRIO POPULAÇÃO ESTIMADA

1 Pessoas com 60 anos ou mais institucionalizadas 160.472

2 Pessoas com deficiência institucionalizadas 6.472

3 Povos indígenas vivendo em terras indígenas 413.739

4 Trabalhadores de saúde 7.337.807

5 Pessoas de 90 anos ou mais 893.873

6 Pessoas de 85 a 89 anos 1.299.948

7 Pessoas de 80 a 84 anos 2.247.225

8 Pessoas de 75 a 79 anos 3.614.384

9 Povos e comunidades tradicionais Ribeirinhas 632.815

10 Povos e comunidades tradicionais Quilombolas 1.184.383

11 Pessoas de 70 a 74 anos 5.408.657

12 Pessoas de 65 a 69 anos 7.349.241

13 Pessoas de 60 a 64 anos 9.383.724

Pessoas de 18 a 59 anos com comorbidades** (n =


18.218.730);
14 Pessoas com Deficiência Permanente cadastradas 22.174.259
no BPC*** (n=1.467.477); Gestantes e Puérperas
(n=2.488.052)
Pessoas com Deficiência Permanente cadastradas
15 no BPC*** (n=1.467.477); Gestantes e Puérperas 6.281.581
(n=2.488.052)

16 Pessoas em situação de rua (18 a 59 anos) 140.559

Funcionários do Sistema de Privação de Liberdade


17 (n=108.949) 862.915
e População Privada de Liberdade (n=753.966)
Trabalhadores da Educação do Ensino Básico (creche,
18 pré-escolas, ensino fundamental, ensino médio, 2.707.200
profissionalizantes e EJA)

41
19 Trabalhadores da Educação do Ensino Superior 719.818

Forças de Segurança e Salvamento (n=604.511) e Forças


Armadas (n=364.631) (Na 11ª etapa da Campanha iniciou-
20 se a vacinação escalonada desses trabalhadores, restrita aos 969.142
profissionais envolvidos nas ações de combate à covid-19,
conforme Nota Técnica nº 297/2021)
Trabalhadores de Transporte Coletivo Rodoviário de
21 678.264
Passageiros

22 Trabalhadores de Transporte Metroviário e Ferroviário 73.504

23 Trabalhadores de Transporte Aéreo 165.944

24 Trabalhadores de Transporte de Aquaviário 41.515

25 Caminhoneiros 1.241.061

26 Trabalhadores portuários 111.397

27 Trabalhadores industriais 5.323.291

Trabalhadores da limpeza urbana e manejo de resíduos


28 228.218
sólidos

TOTAL 81.651.408

População Geral - Pessoas de 18 a 59 anos 76.443.686*

**Dados sujeitos a alterações (atualizados em 15/06/2021).


**Ver quadro “Comorbidades” para detalhamento das comorbidades.
***BPC - Benefício de Prestação Continuada (18 a 59 anos). Exceto trabalhadores de saúde, pois já
estão contemplados nas estimativas desse grupo.

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Veja a lista de comorbidades:

Grupo de comorbidades Descrição

Diabetes mellitus Qualquer indivíduo com diabetes

Indivíduos com pneumopatias graves incluindo doença pulmonar obstrutiva


crônica, fibrose cística, fibroses pulmonares, pneumoconioses, displasia
Pneumopatias
broncopulmonar e asma grave (uso recorrente de corticoides sistêmicos
crônicas graves
ou internação prévia por crise asmática ou uso de doses altas de corticoide
inalatório e de um segundo medicamento de controle no ano anterior)
HAR - Quando a pressão arterial (PA) permanece acima das metas
recomendadas com o uso de três ou mais anti-hipertensivos de diferentes
Hipertensão arterial
classes, em doses máximas preconizadas e toleradas, administradas com
resistente (HAR)
frequência, dosagem apropriada e comprovada adesão ou PA controlada
em uso de quatro ou mais fármacos anti-hipertensivos

Hipertensão arterial PA sistólica ≥ 180mmHg e/ou diastólica ≥ 110mmHg independente


estágio 3 da presença de lesão em órgão-alvo (LOA)

Hipertensão arterial
PA sistólica entre 140 e 179mmHg e/ou diastólica entre 90 e 109mmHg
estágios 1 e 2 com lesão
na presença de lesão em órgão-alvo.
em órgão-alvo

Doenças cardiovasculares

IC com fração de ejeção reduzida, intermediária ou preservada; em estágios


Insuficiência cardíaca (IC)
B, C ou D, independente de classe funcional da New York Heart Association

Cor-pulmonale e
Cor-pulmonale crônico, hipertensão pulmonar primária ou secundária
hipertensão pulmonar

Cardiopatia hipertensiva (hipertrofia ventricular esquerda ou dilatação,


Cardiopatia
sobrecarga atrial e ventricular, disfunção diastólica e/ou sistólica, lesões
hipertensiva
em outros órgãos-alvo)

Síndromes Síndromes coronarianas crônicas (Angina Pectoris estável, cardiopatia


coronarianas isquêmica, pós Infarto Agudo do Miocárdio, outras)

Lesões valvares com repercussão hemodinâmica ou sintomática ou


com comprometimento miocárdico (estenose ou insuficiência aórtica;
Valvopatias
estenose ou insuficiência mitral; estenose ou insuficiência pulmonar;
estenose ou insuficiência tricúspide, e outras)

Miocardiopatias Miocardiopatias de quaisquer etiologias ou fenótipos; pericardite


e pericardiopatias crônica; cardiopatia reumática

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Doenças da aorta,
dos grandes vasos e Aneurismas, dissecções, hematomas da aorta e demais grandes vasos
fístulas arteriovenosas
Arritmias cardíacas com importância clínica e/ou cardiopatia associada
Arritmias cardíacas
(fibrilação e flutter atriais; e outras)
Cardiopatias congênitas com repercussão hemodinâmica, crises
Cardiopatias
hipoxêmicas; insuficiência cardíaca; arritmias; comprometimento
congênitas no adulto
miocárdico
Portadores de próteses valvares biológicas ou mecânicas;
Próteses valvares e
e dispositivos cardíacos implantados (marca-passos, cardio
dispositivos cardíacos
desfibriladores, ressincronizadores, assistência circulatória
implantados
de média e longa permanência)
Doença cerebrovascular (acidente vascular cerebral isquêmico ou
hemorrágico; ataque isquêmico transitório; demência vascular); doenças
Doenças
neurológicas crônicas que impactem na função respiratória, indivíduos
neurológicas
com paralisia cerebral, esclerose múltipla, e condições similares;
crônicas
doenças hereditárias e degenerativas do sistema nervoso ou muscular;
deficiência neurológica grave.
Doença renal crônica estágio 3 ou mais (taxa de filtração glomerular
Doença renal crônica
< 60 ml/min/1,73 m²) e/ou síndrome nefrótica.
Indivíduos transplantados de órgão sólido ou de medula óssea; pessoas
vivendo com HIV; doenças inflamatórias imunomediadas em atividade
e em uso de dose de prednisona ou equivalente > 10 mg/dia; demais
Imunocomprometidos
indivíduos em uso de imunossupressores ou com imunodeficiências
primárias; pacientes oncológicos que realizaram tratamento quimioterápico
ou radioterápico nos últimos 6 meses; neoplasias hematológicas.
Hemoglobinopatias
Doença falciforme e talassemia maior
graves

Obesidade mórbida Índice de massa corpórea (IMC) ≥ 40

Síndrome de down Trissomia do cromossomo 21

Cirrose hepática Cirrose hepática Child-Pugh A, B ou C

Observação:
• Nenhuma das vacinas contra COVID-19 aprovadas atualmente é de vírus vivo atenuado, portanto,
é improvável que a administração simultânea com as demais vacinas do Calendário vacinal incorra
em redução da resposta imune ou risco aumentado de eventos adversos. No entanto, devido
à ausência de dados de segurança e eficácia, e visando um melhor monitoramento de eventos adversos
pós-vacinação, nesse momento não é recomendada a administração simultânea com as demais
vacinas do Calendário vacinal.

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Medicina baseada em evidências
Mais um tema que esteve presente em peso nas questões relacionadas a COVID-19 no último ano!
Vamos rever os níveis de evidência?

Níveis de evidência
Você conhece os níveis de evidência conforme a classificação Oxford?
Não era um assunto muito prevalente nas nossas provas de Residência, mas, com a pandemia de
COVID-19, há grandes chances de vermos questões sobre esse tópico nos próximos anos.
Nessa classificação, os diferentes tipos de delineamentos são classificados em diferentes níveis
(1a, 1b, 2a, 2b, 2c, 3a, 3b, 4 e 5), em ordem decrescente de nível de evidência → ex.: nível 1a
apresenta o maior nível de evidência, enquanto o 5 apresenta o menor nível de evidência.

Vamos à classificação:
Níveis de Evidência conforme a Classificação Oxford
• IA: Revisão sistemática de ensaio clínico randomizado
• IB: Ensaio clínico randomizado
• IIA: Revisão sistemática de coorte
• IIB: Coorte
• IIC: Ecológico
• IIIA: Revisão sistemática de caso-controle
• IIIB: Caso-controle
• IV: Série de casos
• V: Opinião do especialista

Etapas de uma pesquisa clínica


Antes de ser testado em seres humanos, um novo composto químico passa por testes in vitro
e em animais (fase pré-clínica). Depois, inicia-se a pesquisa clínica propriamente dita. Esta pode ser
dividida em quatro etapas ou fases:
• Fase I: avalia-se a segurança da nova droga;
• Fase II: avalia-se a eficácia da nova droga em um número pequeno de participantes;
• F
ase III: avalia-se eficácia e segurança da nova droga em larga escala, ou seja, em um número
maior de participantes;
• F
ase IV: ocorre após a aprovação do uso do medicamento para a população e consiste na vigilância
de novos efeitos adversos.
45
Depois de todas essas importantes informações, vamos finalizar a aula com uma questão?

Questão
(UNB - DF - 2021) Considerando que uma das vacinas contra a COVID-19 esteja na fase III de teste,
julgue o seguinte item. A fase III dos ensaios clínicos é conhecida como farmacovigilância e consiste
em um estudo do tipo caso-controle, com a ampliação do número de indivíduos assintomáticos
participantes da pesquisa.
(A) CERTO.
(B) ERRADO.

CCQ: Saber quais são as fases ou etapas dos ensaios clínicos randomizados
para validação de novas vacinas contra COVID-19

Questão de um tema fresquinho em provas: estudos epidemiológicos para validação de


vacinas contra a COVID-19! O tipo de estudo ideal para testar novas drogas ou vacinas é o
ensaio clínico randomizado, por ser intervencionista e prospectivo. Ele é dividido em algumas
etapas. Como vimos, a fase III é responsável pela avaliação da eficácia e da segurança da
vacina em um grande número de participantes. Ela não é um estudo do tipo caso-controle
observacional e retrospectivo.
Todas as fases do ensaio clínico estão relacionadas ao conceito de farmacovigilância, que
contribui para a segurança do paciente e com o uso correto de novas drogas/vacinas.
GABARITO: Alternativa B.

46
Clínica e
diagnóstico
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Apresentação clínica
A COVID-19 é uma síndrome infecciosa causada pelo coronavírus SARS-CoV-2. Vamos ver a seguir
os seus principais aspectos em relação a sua apresentação clínica, período de incubação e muito
mais? Acompanhe:

Período de incubação
Antes de discutirmos os principais sinais e sintomas da infecção pela COVID-19, vamos ver importantes
definições, como o período de incubação, pois será assim que ficará melhor a compreensão sobre a
progressão clínica e outros importantes conceitos.
De uma forma geral, o período de incubação para COVID-19 é de aproximadamente 14 dias, porém
o tempo médio entre a exposição e o início dos sintomas é de cerca de 4 a 5 dias.

Sinais e sintomas
As manifestações clínicas da COVID-19 comumente se apresentam como uma síndrome gripal,
com sinais e sintomas variados. Dentre estes, os principais são tosse, febre ou calafrios, dificuldade
para respirar, fadiga, cefaleia, mialgia, anosmia, ageusia, dor de garganta, congestão nasal, náuseas/
vômitos e diarreia. A dispneia, se ocorrer, tende a ocorrer na maioria dos pacientes entre quatro a
oito dias após o início dos sintomas, embora possa surgir após 10 dias.
Esses sintomas variam conforme a gravidade de cada caso, por exemplo, nas formas mais
brandas, as manifestações mais comuns são a fadiga, cefaleia e mialgia, porém, nas formas
graves, em que há necessidade de internação hospitalar, a dispneia é uma das queixas mais
comuns. Algumas particularidades ocorrem também de acordo com o perfil clínico de cada
paciente acometido, em que a idade avançada e/ou comorbidades são fatores de risco para
evolução desfavorável da doença, quando comparado aos jovens e hígidos.
É importante destacar também em relação os casos assintomáticos. Muitos estudos recentes
demonstraram a presença do vírus Sars-Cov 2 (agente etiológico da Covid-19) em pessoas
sem qualquer tipo de sinal ou sintoma. Essa informação se torna muito importante no contexto de
prevenção da transmissão do vírus, levantando discussões fervorosas em relação ao maior número
de testagem dos pacientes, independente da presença de sinais clínicos da infecção viral.

Achados radiográficos
Os principais achados na radiografia de tórax dos pacientes acometidos pela COVID-19 são as
consolidações do espaço aéreo bilateral, porém, muitos deles podem ser totalmente normais
no início da doença.

48
COVID-19 - achados na radiografia de tórax.

A tomografia computadorizada (TC) de tórax tem como principais achados nessa patologia as
opacidades em vidro fosco periféricas bilaterais, principalmente nos lobos pulmonares inferiores.
O mais importante aqui, além desses principais achados radiográficos, é entender que esses exames
de imagem são inespecíficos, ou seja, outros tipos de doenças também podem cursar com essas
alterações, por isso que o seu valor diagnóstico tem muitas limitações.
Então, quando devo solicitar a TC de tórax na abordagem da COVID-19? Deve ser usada com moderação
e reservada para pacientes sintomáticos hospitalizados com indicações clínicas específicas para TC.
Além disso, procedimentos apropriados de controle de infecção devem ser seguidos antes de examinar
pacientes subsequentes.

COVID-19 - achados na TC de tórax.

Importante: segundo importantes referências internacionais literárias da área, como o American


College of Radiology, devido à variabilidade nos achados de imagem do tórax, a radiografia e
TC de tórax sozinhas não são recomendadas para o diagnóstico da COVID-19, e muito menos
para rastreamento da doença.

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Aprendeu tudo sobre os exames de imagens na COVID-19? Veja a questão a seguir e revise os seus
principais CCQs.

Questão
(IAMSPE - SP - 2021) Assinale a alternativa que apresenta os achados diagnósticos na tomografia
de tórax mais frequentes na COVID-19:
(A) Escavação e opacidade lineares.
(B) Nódulos discretos e pavimentação em mosaico.
(C) Linfadenopatia e escavação.
(D) Opacidades em vidro fosco e distribuição bilateral.
(E) Derrame pleural e consolidação.

CCQ: Saber que opacidades em vidro fosco são os


achados mais frequentes na tomografia de tórax na COVID-19

A tomografia de tórax tem sido muito citada como exame complementar na COVID-19.
Antes de tudo, temos que lembrar que, apesar de ser mais sensível que a radiografia, não
deve ser usada como método diagnóstico. É mais utilizada na avaliação de pacientes graves.
O achado mais comum são as opacidades em vidro fosco com ou sem consolidações,
características de muitas outras pneumonias virais. Assim, não é um achado específico da
doença. Indicam o preenchimento dos alvéolos por edema e secreção. O comprometimento
costuma ser bilateral, mais periférico e nas bases pulmonares, e a pavimentação em mosaico
também é um achado, mas muito menos comum que as opacidades em vidro fosco.
GABARITO: Alternativa D

Progressão clínica
A COVID-19 pode ser dividida conforme a sua gravidade: leve a moderada, grave e crítica.

• Leve a moderada: caracterizada por sintomas leves até pneumonia leve, corresponde à maioria
dos casos.
• G
rave: caracterizada pela presença de hipóxia, dispneia ou mais de 50% do parênquima pulmonar
acometido no exame de imagem.
• C
rítica: caracterizada pela presença de insuficiência respiratória, choque ou disfunção múltipla dos
órgãos.

Em relação a sua progressão clínica, o tempo médio entre o início da doença e o momento em que inicia
a queixa de dispneia geralmente é de 5 a 8 dias. Já o tempo médio entre o início da doença e a síndrome
da angústia respiratória aguda (SDRA) é entre 8 e 12 dias; e o intervalo médio entre o início da doença e
a admissão na UTI gira em torno de 9,5 e 12 dias.

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Portanto, de uma forma geral, é importante estar atento depois de, aproximadamente, uma semana
do início dos sintomas, pois alguns pacientes podem evoluir com rápida deterioração clínica.

Síndrome inflamatória multissistêmica


A síndrome inflamatória multissistêmica é uma apresentação da infecção pelo Sars-Cov-2 nas crianças
e adolescentes, que se assemelha muito à doença de Kawasaki, síndrome de ativação macrofágica e
à síndrome de choque tóxico. Esse é um tema da Pediatria, mas que também pode ser cobrado na
parte de Clínica médica, por isso, vamos ver os principais tópicos também nesse material.

Diagnóstico
As manifestações clínicas da síndrome inflamatória multissistêmica causada pela COVID-19 são
extremamente variáveis devido ao seu acometimento em múltiplos sistemas, e as principais são:
tosse, febre alta persistente (> 38,5 °C), dispneia com necessidade de suporte com oxigênio,
hipotensão arterial, dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia, adenopatia cervical, conjuntivite
não exsudativa, exantema polimorfo, edema e descamação de mãos e pés, síncope, cefaleia e
rebaixamento do nível de consciência.

Síndrome inflamatória multissistêmica associada à COVID-19 - manifestações clínicas.

Em relação às alterações laboratoriais, as principais estão relacionadas à maior atividade inflamatória,


tais como a PCR, VHS, ferritina e procalcitonina. As provas de função miocárdica também se elevam,
com destaque para a troponina e o BNP. Os marcadores de coagulação ficam aumentados também,
como o D-dímero, tempo de protrombina e o tempo de tromboplastina ativado parcial (TTPa).
Calma aí! Todas essas alterações clínicas e laboratoriais são muito inespecíficas, já que diversas
outras doenças também cursam de forma parecida. E agora? Como vou diferenciar COVID-19 das
outras patologias e, de fato, estabelecer um diagnóstico correto dessa síndrome? Ainda bem que
existem critérios diagnósticos para o estabelecimento desse distúrbio, publicados há pouco tempo
pela Organização Mundial de Saúde (OMS):

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Crianças e adolescentes (0-19 anos) com febre por mais de 3 dias ou mais dois dos seguintes
critérios:
• Hipotensão ou choque;
• E
xantema ou conjuntivite não exsudativa bilateral, ou sinais de inflamação
mucocutâneas nas mãos ou pés e boca;
• Evidência de coagulopatia (D-dímero, TTPa e TP elevados);
• Distúrbios gastrointestinais, como diarreia, náuseas, vômitos ou dor abdominal;
• Sinais de disfunção miocárdica (troponina e BNP elevados);

Soma-se a isso alguns dos marcadores abaixo:


• Marcadores elevados de inflamação → VHS, PCR, procalcitonina;
• Evidência de COVID-19 (RT-PCR positivo);
• A
usência de outra causa de inflamação microbiana (sepse, síndrome de choque
estreptocócico, etc.).

Manejo
O manejo desses pacientes merece extrema atenção, necessitando sempre da individualização
de cada caso. O uso de antibiótico está indicado de forma empírica nos pacientes com choque e
sinais de sepse; os antivirais ainda não possuem um papel bem estabelecido no manejo clínico
desse distúrbio; e os corticosteroides, assim como a imunoglobulina endovenosa, estão indicados
nos casos moderados e graves, sendo que a imunoglobulina também está indicada nos casos de
suspeita da síndrome de Kawasaki e/ou síndrome de ativação macrofágica associada.
Os antiagregantes plaquetários (destaque aqui para o ácido acetilsalicílico - AAS) e os anticoagulantes
(ex.: heparina de baixo peso molecular) também estão indicados quando existem evidências de
trombose. Especificamente, a associação desses fármacos ganha maior importância na presença
de aneurismas coronarianos com z-score ≥ 10, e o AAS isolado quando existem manifestações
clássicas da síndrome de Kawasaki e/ou trombocitose (Plq ≥ 450.000/µL).
Nos pacientes apresentando instabilidade hemodinâmica, todos os cuidados intensivos já conhecidos
devem ser estabelecidos, tendo destaque aqui o suporte inotrópico com dobutamina ou milrinona quando
houver sinais de baixo débito cardíaco.
Aproveite as questões a seguir para revisar os pontos mais importantes sobre a síndrome
inflamatória multissistêmica na COVID-19:

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Questão
(HEA - AC - 2021) A síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) potencialmente
associada ao COVID-19, foi descrita inicialmente na Europa e América do Norte e posteriormente
em vários países da América Latina, sendo de notificação obrigatória aqui no Brasil.
A SIM-P ocorre em dias ou semanas após a infecção pelo SARS-CoV-2 e compartilham
manifestações clínicas semelhantes a qual doença infantil, das descritas abaixo?
(A) Penfigoide bolhoso.
(B) Síndrome de Kawasaki.
(C) Sarampo.
(D) Síndrome da pele escaldada estafilocócica.

CCQ: Saber que a síndrome inflamatória multissistêmica causada pelo SARS-COV-2


é um diagnóstico diferencial de doença de Kawasaki

Apenas sabendo esse CCQ você já vai pontuar muitas questões sobre o assunto. Além dos
critérios típicos do Kawasaki clássico (febre prolongada, alterações de extremidades, alterações
em cavidade oral, conjuntivite, linfonodomegalia cervical e rash), essa síndrome ainda pode
apresentar miocardite, sintomas gastrointestinais e distúrbios de coagulação.
Geralmente acomete crianças acima de 5 anos e acontece pela tempestade de citocinas tão
característica da infecção grave por COVID-19. Lembrando que a infecção concomitante por
SARS-COV-2 não é critério obrigatório para o diagnóstico, podendo ter apenas história de
contato prévio. Mesmo nesses casos graves, a mortalidade não é significativa, com recuperação
completa da maioria dos pacientes. Outros diferenciais importantes são a síndrome do choque
tóxico e a síndrome de ativação macrofágica.
GABARITO: Alternativa B

Questão
(SCMSP - SP - 2021) Uma das características mais intrigantes da pandemia por COVID-19 é
o comportamento da doença em crianças. Em relação à síndrome inflamatória multissistêmica
pediátrica associada à COVID-19 (SIM-P), assinale a alternativa correta:
(A) Desde os primeiros relatos na Europa, os lactentes têm sido os mais frequentemente
acometidos.
(B) A terapia de escolha nesses casos é a base de uso precoce de ivermectina e azitromicina.
(C) Está associada a taxas de letalidade acima de 10%.
(D) Intensa replicação viral é um achado frequente nesses casos, com a maioria apresentando
RT-PCR positivo para SARS-CoV-2.
(E) Alterações cardiovasculares e gastrointestinais são frequentemente observadas nesses casos.

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CCQ: Saber que os principais sistemas acometidos na síndrome inflamatória
multissistêmica na criança são o cardiovascular e o gastrointestinal

Conforme vimos nos critérios diagnósticos da MIS-C, as alterações cardíacas incluem hipotensão
ou choque, disfunção do miocárdio, pericardite, valvulite e anormalidades coronarianas.
Já as gastrointestinais incluem diarreia, vômitos e dor abdominal. Inclusive, na infecção por
SARS-COV-2 em crianças os sintomas gastrointestinais são mais comuns que nos adultos.
A faixa etária mais acometida pela MIS-C são escolares em torno dos 10 anos. Os lactentes
têm maior risco de doença grave por COVID-19, mas não de MIS-C. Além disso, não há intensa
replicação viral no momento da doença, tanto que grande parte dos casos tem RT-PCR negativo.
Costuma se apresentar cerca de 1 mês após a infecção. A terapia de escolha é a imunoglobulina
intravenosa. Apesar de grave, a letalidade é baixa (em torno de 2%).
GABARITO: Alternativa E

Fatores de risco para evolução desfavorável


Como já citado nesse material, muitas informações sobre essa doença modificam o tempo todo, visto
que ainda se trata de um distúrbio com muitos aspectos pouco esclarecidos até o momento. Um dos
conceitos que vem ficando cada vez mais evidente é quanto aos fatores de risco relacionados à evolução
desfavorável, tais como: idade avançada (principalmente acima de 80 anos); presença de comorbidades,
principalmente aquelas relacionadas aos distúrbios cardiovasculares - diabetes mellitus, hipertensão
arterial, história prévia de acidente vascular encefálico, doença coronariana, insuficiência cardíaca,
doença renal crônica e obesidade. Outras comorbidades que também se relacionam com o maior risco
das formas graves da COVID-19 são: doença respiratória crônica e história prévia de câncer.

Diagnóstico
Idealmente, o diagnóstico da COVID-19 deve ser realizado através de um conjunto de sinais e
sintomas característicos somado a um teste microbiológico. Os testes utilizados são o antigênico,
sorológico e RT-PCR, então vamos ver com calma as principais particularidades de cada um deles.
Em locais onde os recursos são limitados, infelizmente não existirão testes diagnósticos disponíveis
para todos, portanto, nessas situações o recomendado é a priorização de pacientes, serão eles os
hospitalizados (principalmente os gravemente enfermos) e os sintomáticos que são profissionais de
saúde ou têm fatores de risco para doenças graves.

Quem deve ser testado


Uma dúvida que até hoje muitas pessoas têm é sobre quem deve ser testado para COVID-19, e aí?
Você sabe responder a essa pergunta? A recomendação atual é que, se possível, todos os
pacientes sintomáticos com suspeita de infecção devem ser submetidos aos testes, lembrando que
o diagnóstico, salvo em situações de falta de testes, não pode ser feito de forma definitiva sem esses
testes microbiológicos.
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E os assintomáticos? Devo testá-los também?
Excelente pergunta! O teste de determinados indivíduos assintomáticos também pode ser importante
para a saúde pública ou para o controle de infecções. As indicações para testar indivíduos assintomáticos
incluem:

• Indivíduos que tiveram contato próximo a pessoas com COVID-19. A recomendação atual pelo
CDC (Centers for Disease Control and Prevention) é a realização imediata do teste logo após o
contágio e, se o teste for negativo, retestar cinco a sete dias após a última exposição.
• I nstituições de convivência que abrigam indivíduos em risco de doenças graves (ex.: asilos, presídios,
etc.) para identificação precoce de infecção. Isso inclui testes em resposta a casos de COVID-19
identificados dentro das instalações, bem como triagem intermitente de funcionários e residentes.
• Antes de procedimentos cirúrgicos ou procedimentos geradores de aerossóis.
• Triagem de pacientes hospitalizados em locais onde a prevalência é alta.
• Antes de receber terapia imunossupressora.

RT-PCR
O RT-PCR é um teste que consiste na amplificação de ácido nucleico através de um ensaio de reação em
cadeia da polimerase de transcrição reversa para conseguir identificar o RNA do SARS-CoV-2 do trato
respiratório, sendo o teste diagnóstico inicial preferido!
Ele deve ser realizado preferencialmente na primeira semana de sintoma, quando (em um cenário ideal)
a sensibilidade e especificidade são bastante elevadas, sendo 60%-80% e 99%, respectivamente.
Muito cuidado, pois não é de qualquer local que esse material deve ser coletado. O swab deve ser
da secreção da nasofaringe posterior. Geralmente o resultado é liberado em um período maior de
12 horas. Lembrando que o resultado pode continuar positivo em algumas situações por períodos
acima de 12 semanas, mas o potencial transmissor já não é mais possível.

Assoalho nasal e palato


Dorso nasal

Nasofaringe
Narina anterior

Meato nasal médio

COVID-19 - coleta de amostra (RT-PCR).

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Geralmente, um teste RT-PCR positivo confirma o diagnóstico de COVID-19, assim como um único
teste negativo pode ser o suficiente para excluir a doença, porém tenha cuidado, pois os falso-negativos
podem variar em um percentual de 100% (1º dia) à 20% (no 8º dia), e inclusive voltar a subir para
66% no 21º dia. Ou seja, o resultado negativo não muda a conduta de isolamento e, se a suspeita
de COVID-19 permanecer (por exemplo, sintomas sugestivos sem causa alternativa evidente),
é importante para o manejo e controle da infecção a repetição do teste. O tempo ideal para essa
repetição ainda não é conhecido, mas geralmente é realizado entre 24 e 48 horas após o teste inicial,
sendo importante destacar que ele não deve ser repetido antes de 24 horas.
Vale destacar também que se a influenza e o vírus sincicial respiratório (RSV) estiverem circulando
na comunidade, é razoável testar também esses vírus ao testar o SARS-CoV-2, pois isso pode
ter implicações no seu manejo clínico. Dependendo também da apresentação (por exemplo,
sintomas consistentes com pneumonia, faringite), testes para outros patógenos também podem ser
necessários.

Teste antigênico
Esse é o famoso “teste rápido” para COVID-19, que consiste na identificação de antígenos do
nucleocapsídeo do vírus SARS-CoV-2 por anticorpos monoclonais do kit. O seu resultado pode sair
em até 15 minutos, mas vale destacar que ele deve ser realizado apenas na primeira semana de
sintomas, e a localização de coleta do swab também é na nasofaringe posterior.
Uma das suas grandes vantagens é que esses testes conseguem detectar o antígeno SARS-CoV-2
de forma rápida e já no local de atendimento, portanto, podem ser mais acessíveis com um tempo de
resposta mais rápido do que alguns testes RT-PCR, porém, normalmente são menos sensíveis. Eles
são muito úteis quando o RT-PCR não está disponível ou quando o seu tempo de resposta é muito
longo para ser clinicamente útil.

Teste sorológico
Os testes sorológicos detectam anticorpos para SARS-CoV-2 no sangue, e aqueles que foram
adequadamente validados podem ajudar a identificar pacientes que já tiveram infecção por
SARS-CoV-2, bem como pacientes com infecção atual que tiveram sintomas por três a quatro
semanas. Como os testes sorológicos são menos propensos a serem reativos dos primeiros
dias a semanas de infecção, eles têm utilidade muito limitada para o diagnóstico no cenário
agudo. A verificação da sorologia de três a quatro semanas após o início dos sintomas otimiza
a precisão do teste, uma vez que a sua sensibilidade além de cinco semanas é incerta.
Dessa forma, resumindo o que você mais precisa saber para sua prova de Residência sobre o
teste sorológico para COVID-19 é que o IgM é pouco frequente na primeira semana dos sintomas
e vai aumentando um pouco mais na segunda semana. O IgG está presente apenas a partir da
terceira semana do início dos sintomas e, por fim, os testes sorológicos não são recomendados
para o diagnóstico de doença ativa e ainda assim sua positividade não é garantia de imunidade.

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Diagnóstico de reinfecção
A reinfecção pelo SARS-CoV-2 é um grande desafio diagnóstico, pois apenas a coleta do RT-PCR
de forma isolada não garante essa confirmação, como comentado anteriormente nesse material.
Mesmo sem infectar outras pessoas, ainda é possível um indivíduo após infecção aguda por
esse vírus liberar de forma prolongada o seu RNA viral, portanto, a positividade desse teste não
confirmaria se realmente é uma nova infecção. E agora? O que fazer?
O primeiro ponto a destacar é que a reinfecção só pode ser confirmada quando for usado
um sequenciamento genômico para estabelecer que as infecções de fato foram causadas por
dois vírus diferentes. Outras características que falam a favor de uma reinfecção é quando o
intervalo é mais longo desde a primeira infecção e há um alto nível de RNA viral na repetição
do teste, além de um anticorpo IgG indetectável no momento em que a reinfecção está sendo
considerada.
Seguindo as orientações americanas (CDC), a possibilidade de reinfecção deve ser investigada
nos seguintes casos:

• RT-PCR positivo de repetição 90 dias após a infecção inicial, independentemente dos sintomas OU;
• RT-PCR positivo repetido 45 a 89 dias após a infecção inicial E apresentar sintomas consistentes
com COVID-19 sem explicação alternativa ou no cenário de exposição recente.

A abordagem diagnóstica da COVID-19 através dos exames microbiológicos é um dos CCQs


que as bancas de Residência mais gostam de cobrar, por isso, vamos aproveitar as questões a
seguir para analisar como geralmente elas aparecem:

Questão
(SMSCG - MS - 2021) Em relação à COVID-19 e os testes diagnósticos, assinale a alternativa que não
pode ser afirmada:
(A) O teste padrão-ouro para diagnóstico da COVID-19 é o RT-PCR em tempo real, o qual detecta
o RNA do vírus SARS-CoV-2.
(B) O melhor momento para coleta do RT-PCR é entre o 3º e 7º dia a partir do início dos sintomas,
por meio da coleta de swab de naso ou orofaringe.
(C) Os testes sorológicos (testes rápidos) são aqueles que detectam anticorpos produzidos contra
o vírus SARS-CoV-2.
(D) Os testes sorológicos podem ser usados isoladamente para diagnóstico de infecção por
COVID-19.
(E) O
s testes sorológicos possuem melhor momento para sua coleta a partir de 10 a 15 dias do
início dos sintomas.

CCQ: Saber que os testes sorológicos não devem ser usados


para diagnóstico de infecção ativa por SARS-COV-2

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Esta é uma ótima questão para memorizar conceitos-chave do diagnóstico de COVID-19.
Há vários testes ainda em desenvolvimento, mas você precisa saber as características dos que
são mais utilizados no Brasil e no mundo: o RT-PCR e os sorológicos. Pela grande disponibilidade
dos testes rápidos em farmácias, é muito comum a interpretação equivocada dos resultados.
A presença de anticorpos não confirma infecção atual pelo vírus e sim contato prévio, como
qualquer outro IgM e IgG. A presença de anticorpos totais pode indicar que houve infecção
há 1 ano ou há 1 semana, ou seja, não é um teste útil para controle de contatos. Além de que é
um teste que deve ser coletado mais tardiamente para ter maior acurácia, o que também diminui
a efetividade do isolamento. Portanto, não deve ser usado de forma isolada para diagnóstico da
infecção. O padrão-ouro para diagnóstico de infecção ativa por SARS-COV-2 é o RT-PCR, pois
detecta o material genético viral. O que pode acontecer é o teste ainda ser positivo em pacientes
que já não transmitem o vírus, pois pode detectar material genético residual do vírus já inviável.
Mesmo assim, é um teste muito mais efetivo em termos de controle de transmissão.
GABARITO: Alternativa D.

Questão
(SCMA-SP - 2021) Homem de 60 anos com quadro de tosse, febre e odinofagia iniciado
há 7 dias, evoluindo com anosmia, disgeusia e dispneia há 1 dia. Traz resultado de teste RT-PCR
para Sars-Cov-2 em swab naso-orofaríngeo coletado no primeiro dia de sintomas com resultado
negativo. Traz também resultado de teste rápido para SARS-Cov-2 no terceiro dia de sintomas, com
resultado IgG negativo e IgM negativo. Em relação ao caso, assinale a correta:
(A) Trata-se de provável paciente com COVID-19, com resultados de exames falso-negativos.
(B) Mediante resultado negativo dos dois testes, pode-se afastar o diagnóstico de COVID-19,
sendo necessária investigação de outras etiologias, como pneumonia bacteriana.
(C) Trata-se de provável COVID-19 causada por vírus com mutação que não permite diagnóstico
pelos métodos habituais.
(D) Para que seja definitivamente descartada a hipótese de COVID-19, deve-se coletar novo
teste de RT-PCR para Sars-Cov-2 a partir de 10 dias do início dos sintomas.

CCQ: Saber que os testes diagnósticos para COVID-19 devem ser interpretados
de acordo com a data da coleta em relação aos dias de sintomas

O paciente tem uma suspeita clínica importante de COVID-19, não é? Mas tanto o swab para RT-PCR
quanto o teste sorológico deram negativos. Eles são confiáveis? Lembre-se: são confiáveis quando
coletados na hora certa! O RT-PCR coletado muito precocemente (< 48h de sintomas) aumenta os
resultados falso-negativos, pois a replicação viral ainda pode não ser suficiente para a detecção.
Os testes sorológicos são mais confiáveis quando coletados mais tardiamente (após 7-10 dias de
sintomas), pois detectam anticorpos e a resposta imune leva alguns dias para acontecer. Nosso
paciente coletou PCR no primeiro dia e testes sorológicos no terceiro dia de sintomas e tem uma
clínica muito sugestiva, portanto, deve se tratar de falso-negativo. Provavelmente se os testes forem
coletados no momento certo darão resultado positivo.
GABARITO: Alternativa A.

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Manejo
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Manejo dos pacientes

Avaliação de critérios de gravidade


Um dos pilares do manejo dos pacientes com COVID-19 é a sua avaliação dos critérios de gravidade,
pois através deles é possível determinar quais pacientes necessitarão de atendimento hospitalar ou
apenas acompanhamento ambulatorial.
A avaliação inicial envolve a pesquisa de fatores de risco, além da idade avançada, que se relacionam
com as formas graves da doença. Todos esses fatores de risco já foram citados anteriormente neste
material, mas se você esqueceu algum, volte lá e revise cada um deles.
O curso da doença também nos deixa com maior atenção, pois sabemos que quando a sua evolução
é para uma forma grave, geralmente acontece a partir do 8º-12º dia do início dos sintomas.
Os dados clínicos mais investigados inicialmente são a presença e a gravidade da dispneia,
frequência respiratória (taquipneia) e o nível de saturação de oxigênio (SatO₂). Lembrando que esse
último parâmetro é extremamente falho, portanto, um nível de saturação de oxigênio normal não
pode ser usado para excluir envolvimento respiratório clinicamente significativo em um paciente
com sintomas preocupantes, como dispneia progressiva ou grave, pois o frio, uso de esmalte nas
unhas, hiperpigmentação da pele, entre outros, são exemplos de fatores que falseiam os valores da
oximetria de pulso.
Os principais sinais e sintomas de gravidade no paciente com COVID-19 são: dificuldade para
respirar, cianose central, retração sub/intercostal severa, satO₂ < 90%, taquipneia (FR > 30 irpm),
hipotensão, alteração do estado mental (ex.: confusão e letargia), persistência ou aumento da febre
por mais de três dias, piora nas condições clínicas de doença de base. Sempre na presença de
qualquer uma dessas manifestações clínicas, a internação hospitalar está indicada. Além dessas
indicações, algumas referências bibliográficas americanas dividem as indicações de internação
de uma maneira mais direta, da seguinte forma: saturação de oxigênio < 91% em ar ambiente,
frequência respiratória > 30 irpm, PaO₂/ FiO₂ < 300 mmHg ou infiltrados pulmonares > 50%.
Na presença de qualquer uma dessas alterações já está indicada a internação hospitalar.
Já nos pacientes que apresentam apenas dispneia leve com saturação de oxigênio em ar ambiente
entre 91% a 94%, ou dispneia leve com quaisquer fatores de risco para doença grave, e/ou dispneia
moderada, a indicação é a avaliação em uma clínica ambulatorial.

Manejo extra-hospitalar
O manejo extra-hospitalar, como explicado anteriormente, envolve os casos leves de COVID-19,
e as medidas farmacológicas devem ser basicamente através do uso de sintomáticos. Os principais
são os analgésicos comuns, como a dipirona e o paracetamol. Corticoides não estão indicados, e o
uso de anti-inflamatórios não esteroidais deve ser evitado.
As medidas não-farmacológicas envolvem orientações em relação ao isolamento domiciliar por
10 dias a partir da data do início dos sintomas, hidratação adequada, repouso, alimentação balanceada
e manter um ambiente bem ventilado, além da orientação em relação aos sinais de gravidade da
doença que indicam a procura de atendimento em uma unidade hospitalar.

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Perceba então que nos pacientes com apresentação clínica leve da COVID-19 (ausência de pneumonia
viral e hipóxia) o seu tratamento é domiciliar, não necessitando de abordagem terapêutica hospitalar.

Manejo hospitalar

Suporte de oxigênio
Além das medidas terapêuticas iniciais que devem ser implementadas em qualquer tratamento de
um paciente hospitalizado, em relação à COVID-19, uma das prioridades é o suporte de oxigênio.
A oxigenoterapia nesses casos está indicada na presença de dispneia ou saturação de O₂ menor
que 95%. A primeira opção é o bom e velho cateter nasal de O₂ em baixo fluxo (até 5L/min).
Fluxos mais altos de oxigênio podem ser administrados através do uso da macronebulização,
máscara de O₂ com bolsa reservatória, cateter nasal de alto fluxo e ventilação não invasiva (VNI).
A VNI ganha destaque nas suas indicações já consagradas e comprovadas cientificamente,
que são a exacerbação da DPOC e edema agudo de pulmão, ambas no cenário de estarem
concomitantes às formas moderadas a graves da COVID-19.

Cateter de alto fluxo.

Lembrando que, conforme o fluxo ofertado aumenta, o risco de dispersão de aerossóis também
aumenta, elevando assim a contaminação do ambiente e das pessoas em volta, e reforçando
a importância das medidas de biossegurança, principalmente com o uso da máscara N-95.

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Máscara N-95.

Em relação às metas de oxigenação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere a titulação do


oxigênio para uma saturação de O₂ ≥ 94% durante a ressuscitação inicial e ≥ 90% para a oxigenação
de manutenção. Para a maioria dos pacientes, preferimos a menor fração possível de oxigênio
inspirado (FiO₂) necessária para atingir as metas de oxigenação, idealmente visando uma SpO₂ entre
90% e 96%, se possível. A hiperóxia deve ser evitada. Se uma SpO₂ mais alta é alcançada durante
a ressuscitação e estabilização iniciais, como durante a intubação, o oxigênio suplementar deve ser
retirado assim que for seguro e possível para evitar hiperóxia prolongada. A individualização da
meta é importante para que alguns pacientes possam justificar uma meta inferior (por exemplo,
pacientes com insuficiência respiratória hipercápnica aguda concomitante a uma doença pulmonar
obstrutiva crônica - DPOC), e outros possam justificar uma meta maior (por exemplo, gravidez).

Dexametasona
Um passo importantíssimo na terapêutica da COVID-19 foi a descoberta dos benefícios da
dexametasona, uma medicação de baixo custo e fácil acesso. Mas eu posso tratar todos os
pacientes com COVID-19 com dexametasona? Não! Esse corticoide apresenta benefícios quando bem
indicado : pacientes sob ventilação mecânica ou suporte de oxigênio. Aqueles que não necessitam de
O₂ não têm indicação, pois os estudos não encontraram sinais de recuperação nesses tipos de pacientes.
A dose de dexametasona recomendada é de 6 mg por via oral ou endovenosa 1x/dia por um total de 10
dias ou até a alta, o que for mais curto.
Lembrando que os glicocorticoides apresentam efeitos adversos e devem ser monitorados. Os
principais são a hiperglicemia e o risco aumentado de infecções (incluindo infecções bacterianas,
fúngicas e por Strongyloides).

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Anticoagulação profilática
A COVID-19 é uma doença nova e ainda estamos buscando entender muitos dos seus conceitos,
mas já foi observada a grande agressão que o seu agente etiológico pode causar no endotélio vascular,
gerando um estado hipercoagulável e com risco aumentado de trombose venosa e arterial de grandes
e pequenos vasos. As principais anormalidades laboratoriais observadas nos pacientes hospitalizados
com coagulopatia associada a COVID-19 são a trombocitopenia leve, níveis aumentados de dímero D,
produtos de degradação de fibrina aumentados e tempo de protrombina prolongado.

Então quer dizer que se o paciente com COVID-19 estiver com D-dímero elevado eu posso fazer
anticoagulação plena?

De maneira alguma! Qualquer terapêutica deve ser norteada fundamentalmente pela clínica, sendo os
exames laboratoriais um apoio para complementar e nos auxiliar na determinação do diagnóstico adequado,
portanto, a anticoagulação profilática está indicada, na ausência de contraindicações absolutas, em
todos os pacientes com COVID-19 que precisaram ser hospitalizados, mas aqueles que tiveram indicação
terapêutica ambulatorial e/ou domiciliar não têm indicação.
A anticoagulação plena está indicada na presença de qualquer evento tromboembólico
(ex.: trombose venosa profunda, tromboembolismo pulmonar, etc.) associado ao COVID-19.
Deve ser feito o uso para tromboprofilaxia desses pacientes de heparina de baixo peso molecular
(40 mg, SC, 1x dia) ou, como alternativa, a heparina não fracionada (HNF) ou fondaparinux (particularmente
para pacientes com trombocitopenia induzida por heparina). No caso de a tromboprofilaxia farmacológica
ser contraindicada, a profilaxia mecânica deve ser usada como alternativa.
Não é uma regra absoluta, mas como também pode cair na sua prova, incluímos nesse material uma
orientação da Associação Médica Brasileira (AMB), que consiste na realização de doppler venoso em
pacientes na admissão em leito de UTI e feito regularmente (idealmente a cada 4-5 dias), conforme
disponibilidade, para detectar TVP e prevenir suas complicações. É sugerido também a vigilância para
sinais clínicos e ecográficos de TEP, tendo em vista que o TEP parece ser mais incidente do que TVP em
pacientes com COVID-19.

Mais uma vez → a triagem de rotina para TEV com base apenas nos valores de D-dímero não pode
ser recomendada para pacientes hospitalizados com COVID-19!

Avaliar tocilizumabe e redemsivir


O tocilizumabe e redemsivir são opções terapêuticas novas para COVID-19. Até o momento ainda
são discutidos muitos tópicos em relação aos estudos que indicaram o seu uso nessa patologia,
mas para as suas provas o importante é entender as principais indicações atuais sobre essas drogas.
Partindo do entendimento sobre a fisiopatologia da COVID-19 em que caracteristicamente os
seus marcadores inflamatórios (PCR, ferritina, etc.) e citocinas pró-inflamatórias estão elevadas
(incluindo interleucina IL -6) nas formas graves, o bloqueio da via inflamatória pode então prevenir
a progressão da doença.

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Dessa maneira, vários agentes que têm como alvo a via da IL-6 foram avaliados em ensaios
randomizados para o tratamento da COVID-19; estes incluem principalmente os bloqueadores do
receptor de IL-6, ou seja, o tocilizumabe.
Atualmente, está indicado o uso de tocilizumabe em dose única EV (8 mg/kg) como uma opção
para indivíduos que necessitam de oxigênio de alto fluxo ou suporte respiratório mais intensivo e que
estão dentro de 24 a 48 horas após a admissão em uma unidade de terapia intensiva (UTI). Também
está indicado naqueles pacientes em que a suplementação de oxigênio de baixo fluxo não está sendo
suficiente e que clinicamente estão progredindo para oxigênio de alto fluxo. Além disso, apesar do
início da dexametasona, há marcadores inflamatórios significativamente elevados, lembrando que
o tocilizumabe é usado apenas nos pacientes que também estão tomando dexametasona ou outro
glicocorticoide.
O redemsivir é um novo análogo de nucleotídeo que tem atividade in vitro contra a SARS-CoV-2,
suas indicações são muito parecidas com as do tocilizumabe, porém as evidências são ainda menos
claras em relação à melhora dos pacientes hospitalizados devido a COVID-19.

Antibióticos são indicados apenas se houver suspeita de infecção bacteriana concomitante


Não se confunda! Se não houver suspeita de infecção bacteriana concomitante a COVID-19, não
está indicado nenhum tipo de antibiótico de forma rotineira, nem mesmo a azitromicina! Lembrando
que a associação dessa pneumonia viral com uma bacteriana não é um evento comum.
Portanto, muito cuidado para não cair em pegadinha de prova em relação a esse tópico, ou
seja, se você não encontrou qualquer indício de alguma infecção bacteriana na questão de um
paciente com COVID-19, não indique antibiótico a ele.
Em relação à COVID-19 associada a influenza, isso pode ser possível e pode se sobressair,
dificultando assim a definição diagnóstica do caso, e podendo ser diferenciado com segurança
apenas através de testes microbiológicos. Portanto, pode ser recomendada a terapia empírica
para influenza para pacientes hospitalizados com suspeita ou documentação de COVID-19
em locais onde o vírus da influenza está circulando. Fique atento porque a terapia antiviral para
influenza deve ser descontinuada se o teste molecular para influenza for negativo.

Pacientes graves (Síndrome do desconforto respiratório agudo - SDRA)


Alguns pacientes evoluem com a forma grave da COVID-19, desenvolvendo a síndrome do
desconforto respiratório agudo (SDRA), uma complicação muito incidente no ambiente de terapia
intensiva que exige cuidados específicos e que já foram explicitados na aula correspondente
ao tema, mas mesmo assim vamos revisar os seus principais CCQs. Outras complicações da
COVID-19 grave, além dessas, são: pneumonia, sepse e choque séptico, cardiomiopatia e
arritmia, lesão renal aguda e complicações de hospitalização prolongada, incluindo infecções
bacterianas e fúngicas secundárias, tromboembolismo, sangramento gastrointestinal e a
polineuropatia/miopatia do doente crítico.

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Além de todas as medidas terapêuticas citadas nesse material e que também valem para
o tratamento da SDRA, um momento marcante nesses pacientes graves com COVID-19
é a intubação orotraqueal, cujas principais indicações são: a rápida progressão
(ao longo de horas) da hipoxemia; necessidade persistente de altos fluxos de O₂ associada a ausência
de melhora; evolução da hipercapnia; aumento do trabalho respiratório; piora do estado mental;
aumento da duração e profundidade das dessaturações; instabilidade hemodinâmica ou falha de
múltiplos órgãos. Muito cuidado para não postergar a intubação nos pacientes com alguma
dessas indicações.
Assim como no tratamento da SDRA por outras etiologias, a ventilação mecânica deve ser protetora.
Veja quais são os seus principais parâmetros ventilatórios:

• Ventilação com baixo volume corrente (≤ 6 ml/kg);

• PEEP de 10 a 15 cmH2O para iniciar;

• T
itule o oxigênio para alcançar uma PaO₂ de 55 a 80 mmHg e uma SpO₂ de 88% a 96% para
a maioria dos pacientes;

• Pressão de platô < 30 cmH2O.

Outra importante forma de tratamento na SDRA é a pronação, indicada caso a ventilação


protetora com baixo volume corrente falhe, ou seja, quando a relação P/F é menor que
150 mmHg mesmo com uso de uma FIO2 > 60% e uma PEEP ≥ 5 cmH2O. O ideal é que o
paciente fique na posição em prona diariamente por 12 a 16 horas (esse período de prona pode
mudar conforme a referência bibliográfica). Uma das suas desvantagens é que precisa de uma
equipe experiente.

SDRA na COVID-19: pronação.

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E aqueles pacientes que também são refratários à ventilação mecânica em pronação
(ex.: P/F < 150 mmHg mesmo em prona)? O que fazer?
Existem também as terapias de resgate adicionais na SDRA. São elas:

• Manobras de recrutamento e estratégias de alta PEEP;

• B
loqueio neuromuscular para pacientes com hipoxemia refratária (por exemplo, P/F < 100 mmHg)
ou dissincronia do ventilador;

• E
CMO (oxigenação por membrana extracorpórea) como último recurso, no entanto, ainda é pouco
disponível.

SDRA - COVID-19: ECMO.

Medicações que comprovadamente não funcionam para tratamento ou prevenção


A discussão sobre fármacos que previnam ou que auxiliam no tratamento da COVID-19 foi
motivo de grandes debates em todo o mundo, por isso, muito cuidado, pois provavelmente as
provas vão questionar você a respeito. Já adianto que a ivermectina, zinco, vitamina D, cloroquina
ou hidroxicloroquina e a azitromicina não demonstraram benefícios nem na terapêutica, nem na
prevenção da COVID-19. Mas como esse é um assunto confuso até os dias de hoje, vamos
reforçar, na tabela a seguir, os principais fármacos que demonstraram benefícios e suas principais
indicações para a doença, e também as drogas que não apresentam evidências científicas de
melhoria desse quadro infeccioso.

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Medicações que comprovadamente não funcionam no tratamento da COVID-19
Drogas que apresentaram benefícios no tratamento da COVID-19

Dexametasona → indicada nos pacientes que necessitam de suporte de oxigênio.

Tocilizumabe → indicada nos pacientes que apresentam piora respiratória mesmo com uso de oxigênio
e corticoide nas primeiras horas de admissão na UTI.

Anticoagulação (HPBM e HNF) → indicada na dose profilática nos pacientes hospitalizados e na forma
plena na presença de alguma doença tromboembólica (ex.: TVP, TEP).

Drogas que não apresentaram benefícios no tratamento da COVID-19

Azitromicina e outros antibióticos

Zinco

Vitamina D

Ivermectina

Cloroquina ou hidroxicloroquina

Quando encerrar isolamento domiciliar


O encerramento do isolamento domiciliar e das medidas gerais de precaução de um paciente infectado
pela COVID-19 é um tema que gera muitas dúvidas, portanto, veremos a seguir o que as principais
referências internacionais sobre o assunto falam. Já te adianto que isso vai variar de acordo com a forma
de apresentação da doença (leve/moderada ou grave) e não depende de um novo teste sorológico para
sua definição.

Quadro leve
Para pacientes com doença leve a moderada (por exemplo, sinais e sintomas de COVID-19 sem hipóxia
[saturação de O₂ ≥ 94% em ar ambiente]), as precauções de controle de infecção específicas para
COVID-19, incluindo o isolamento domiciliar, podem ser interrompidas, conforme os seguintes critérios:

• Passaram-se pelo menos 10 dias desde o aparecimento dos primeiros sintomas; E


• P
assou pelo menos um dia (24 horas) desde a resolução da febre sem o uso de medicamentos
para baixar a febre; E
• Há melhora dos sintomas (por exemplo, tosse, falta de ar).

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Para os pacientes assintomáticos, as precauções de controle de infecção específicas para
COVID-19/isolamento domiciliar podem ser interrompidas quando pelo menos 10 dias se
passaram a partir da data de seu primeiro teste COVID-19 positivo, desde que não haja
evidência de doença subsequente. Se os sintomas se desenvolverem, a estratégia baseada em
sintomas deve ser usada.

Quadro grave
Para pacientes com doença grave (por exemplo, saturação de O₂ < 94% em ar ambiente, necessidade de
oxigenação ou suporte ventilatório), a duração do isolamento é estendida, pois eles podem espalhar o vírus
por mais tempo do que aqueles com doença leve. Esses pacientes podem descontinuar as precauções de
controle de infecção específicas para COVID-19 quando os seguintes critérios forem atendidos:
• Passaram-se pelo menos 10 a 20 dias desde o aparecimento dos primeiros sintomas; E
• Passou pelo menos um dia (24 horas) desde a resolução da febre sem o uso de medicamentos para
baixar a febre; E
• Há melhora dos sintomas (por exemplo, tosse, falta de ar).
Lembrando que a decisão de descontinuar as precauções dentro deste período de 10 a 20 dias deve
ser individualizada de acordo com a história clínica de cada paciente.
E assim terminamos um dos assuntos mais recentes da sua prova. Como se trata de uma doença super
nova, com certeza muitas atualizações ainda vão ocorrer até o dia da sua avaliação, mas fique tranquilo,
pois estamos atentos a tudo de novo que sai sobre o assunto para repassarmos para você através dos
nossos materiais JJ.
Agora que você já viu tudo que cai nas provas sobre COVID-19, use as questões a seguir como
forma de treinamento e revisão de todo esse conteúdo:

Questão
(UEL - PR - 2021) Em relação ao tratamento da COVID-19, assinale a alternativa correta:
(A) Na fase inicial da COVID-19, o uso da ivermectina tem indicação, pois, comprovadamente,
diminui o risco de progressão da doença e a necessidade de ventilação mecânica.
(B) Na fase inicial da COVID-19, o uso de azitromicina tem indicação, pois, comprovadamente,
diminui o risco de progressão da doença, sepse e uso de drogas vasoativas.
(C) A hidroxicloroquina, comprovadamente, diminui a mortalidade em pacientes com doença leve
ou moderada, e seu uso deve ser indicado apenas em pacientes menores de 60 anos e sem
doenças cardíacas prévias devido a seus potenciais efeitos colaterais.
(D) O uso da dexametasona está indicado para pacientes com COVID-19, independentemente da
gravidade da doença.
(E) C
aso não haja contraindicação, o uso de anticoagulante profilático está indicado nos pacientes
que necessitem de internação devido à COVID-19.

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CCQ: Saber que dexametasona e anticoagulação são as únicas medidas para tratamento
de COVID-19 com evidência científica de eficácia quando bem indicadas

A dexametasona diminui a mortalidade em pacientes com COVID-19 que necessitam de


oxigênio suplementar, evidência comprovada no ensaio clínico RECOVERY, sendo o efeito maior
em pacientes de ventilação mecânica. A dose utilizada é de 6 mg/dia VO ou EV por 10 dias,
ou até a alta, o que for mais curto.
Já a anticoagulação é indicada em dose profilática para pacientes que necessitem de internação e
em dose plena apenas para pacientes com evidência de evento tromboembólico como TVP ou TEP.
A azitromicina só deve ser utilizada em casos de suspeita de pneumonia bacteriana, não tendo
evidências de eficácia no tratamento da COVID.
Outras drogas tão polêmicas como ivermectina, hidroxicloroquina, zinco e vitamina D não
mostraram nenhum tipo de resultado em ensaios clínicos.
GABARITO: Alternativa E.

Questão
(HUSE-SE - 2021) Paciente portador de COVID-19 há 10 dias dá entrada na UTI em respiração
espontânea em ar ambiente com nível de consciência com Escala de Glasgow 6 e com relação
PaO₂/ FiO₂ de 92. Qual sua melhor conduta?
(A) Máscara de venturi a 50%.
(B) Ventilação mecânica não invasiva.
(C) Oxigenioterapia com cateter nasal.
(D) Intubação e ventilação mecânica invasiva.
(E) Máscara de oxigênio de Hudson a 60%.

CCQ: Saber manejar progressivamente o uso de dispositivos


de oxigênio suplementar em caso de insuficiência respiratória aguda

Esse é outro CCQ que não é específico da COVID-19. Diante de uma insuficiência respiratória
aguda, independente da etiologia, mas dependendo da disponibilidade dos dispositivos,
temos que saber indicar qual é o melhor para a situação daquele paciente.
É um conceito já batido de que em pacientes com rebaixamento do nível de consciência
(ECG 8 ou menos) a única medida que realmente protege a via aérea do paciente contra
broncoaspiração é a intubação orotraqueal (IOT). Além disso, dentro dos conceitos da
SDRA, sabemos que uma relação P/F < 100 é um quadro grave.
Então cateter nasal, máscara ou VNI não seriam suficientes para esse paciente, além de não
garantir a proteção da via aérea.
GABARITO: Alternativa D.

69
Questão
(UFT - TO - 2021) Mulher, assintomática, procura a Unidade de Saúde da Família, relatando
que o seu namorado testou positivo para COVID-19. Ao ser questionada pelo médico,
ela menciona que moram juntos e que seu último contato com ele foi há poucas horas.
Diante do caso apresentado, para prevenção da propagação da doença, a contactante
domiciliar deve realizar isolamento domiciliar por:
(A) 14 dias. (B) 10 dias. (C) 7 dias. (D) 5 dias.

CCQ: Saber indicar a duração correta de isolamento para pacientes com COVID-19

Uma questão típica sobre o manejo da COVID-19 geralmente envolve a indicação da duração
do isolamento de acordo com o quadro clínico do paciente.
Em contactantes de casos sintomáticos, o isolamento deve ser mantido até 10 dias após
o início dos sintomas, contando a partir de 48h antes do início dos sintomas ou antes da
coleta do RT-PCR positivo.
Em casos confirmados, o isolamento depende da gravidade da doença.

GABARITO: Alternativa B.

Questão
(HIAE - SP - 2021) Dentre as medidas a serem implementadas para a prevenção e o controle da
disseminação do SARS-CoV-2 em serviços hospitalares, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
recomenda, em sua Nota Técnica GVIMS/GGTES no 04/2020, atualizada em 8 de maio de 2020,
procedimentos e uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Recomenda-se que o profissional
de saúde use a máscara N95/PFF2, ou equivalente:
(A) Em consultórios, durante realização de exame físico em pacientes com sintomas respiratórios.
(B) No quarto/ área/ enfermaria/ box de pacientes suspeitos ou confirmados de COVID-19,
durante a realização de procedimentos que possam gerar aerossóis.
(C) Na área de triagem preliminar, em enfermarias com pacientes confirmados de COVID-19
durante assistência sem procedimentos que possam gerar aerossóis.
(D) No quarto/ área/ enfermaria/ box de pacientes suspeitos ou confirmados de COVID-19,
durante a assistência sem procedimentos que possam gerar aerossóis.
(E) E
m áreas coletivas, em que não há procedimentos geradores de aerossóis, com pacientes com
suspeita de COVID-19.

CCQ: Saber que a máscara N95 é indicada para profissionais de saúde


que podem entrar em contato com aerossóis produzidos
por procedimentos com intubação e aspiração de vias aéreas

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Há mais de 1 ano inseridos num contexto pandêmico, a indústria e os serviços de saúde
já tiveram melhoras importantes em relação à produção e disponibilidade de EPI’s aos
profissionais de saúde. Mas nem sempre isso foi e será uma realidade em alguns locais,
havendo indicações precisas de quando a N95 deve ser utilizada. E a principal indicação
está explicada na alternativa B. Nas outras situações, a máscara cirúrgica é suficiente.
É claro que é preferível o uso da melhor proteção possível, mas nem sempre é viável. Então,
de acordo com a nota técnica, o empregador é obrigado a oferecer o EPI ao empregado
em situações específicas conforme o ambiente, o tipo de paciente e os procedimentos que
poderão ser realizados.
GABARITO: Alternativa B.

E se um paciente intubado tiver uma parada cardiorrespiratória justamente no momento em que está em
posição pronada. E aí? O que fazer? Aproveite a última questão desta apostila digital para entender qual
conduta deve ser implementada nessa distinta situação:

Questão
(ISCMSC - SP - 2021) Para Ressuscitação Cardiopulmonar de Pacientes com Diagnóstico ou Suspeita
de COVID-19 em situações de ocorrência de parada cardiorrespiratória durante a ventilação mecânica
e em posição pronada, indica como correto o item:
(A) Não demandam peculiaridades de ajustes do ventilador e posicionamento de compressões
torácicas distintas do padrão de ressuscitação cardiopulmonar.
(B)
Demandam peculiaridades de ajustes do ventilador e não de posicionamento de
compressões torácicas distintas do padrão de ressuscitação cardiopulmonar.
(C) Demandam peculiaridades de ajustes do ventilador e posicionamento de compressões
torácicas distintas do padrão de ressuscitação cardiopulmonar.
(D) Demandam peculiaridades de ajustes do ventilador e posicionamento de compressões
torácicas iguais ao de ressuscitação cardiopulmonar.

CCQ: Saber que a massagem cardíaca pode ser realizada através do dorso do paciente
quando em posição prona para o tratamento da SDRA por COVID-19

A posição prona tem sido uma medida utilizada em pacientes de COVID-19 quando a SDRA não
responde de forma esperada ao suporte ventilatório. Você já parou para pensar na dificuldade
que é pronar um paciente adulto com acesso venoso, sondas, intubação...? Agora imagine se
esse paciente tivesse uma parada cardiorrespiratória pronado. Quanto tempo será perdido
reposicionando o paciente em decúbito dorsal? É por isso que a AHA publicou recomendações
especiais para a RCP no contexto do SARS-COV-2. É possível que a massagem cardíaca seja
realizada no dorso do paciente pronado e que as pás do desfibrilador sejam posicionadas de uma
forma alternativa para o choque. Por ser um conceito contraintuitivo (fazer massagem cardíaca
reversa), é que trouxemos essa questão para você. Lembrando que as recomendações reforçam
que a prioridade é a segurança da equipe com uso completo de EPI durante o atendimento.
GABARITO: Alternativa C.

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