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UNIDADE
NO SISTEMA PRISIONAL
UNIDADE 2 – ASSISTÊNCIA E GÊNERO NO SISTEMA
PRISIONAL
FIQUE ATENTO
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Na tentativa de organizar a discussão, esta Unidade está dividida em seis itens:
1. O gênero no sistema prisional
2. O gênero feminino
3. O gênero conforme a opção afetiva
4. Separação etária
5. Separação conforme a situação jurídica
6. Separação conforme a natureza do crime
OBJETIVOS
Esperamos que você, ao final do estudo desta Unidade, seja capaz de:
• Identificar a questão do gênero no sistema.
• Compreender as relações entre gênero, natureza do crime e condições da
pessoa presa
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AGENDA
A agenda é um instrumento importante para você planejar melhor sua participação em
nosso curso, pois apresenta a sequência de atividades previstas para a Unidade. Marque
com um “X” as datas em que pretende realizar as atividades descritas, bem como as
atividades já concluídas.
Concluída
Período Atividade Seg Ter Qua Qui Sex
2. O GÊNERO FEMININO
A Constituição Federal, já em seu Artigo 5º, positiva garantias em favor da presa. Consta
no inciso XLVIII que “a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com
a natureza do delito, a idade e o sexo da pessoa presa”. As garantias inscritas no Artigo 5º
da Constituição Federal revelam também a relevância do tratamento de gênero adequado
no sistema prisional, que assumiu nível e dignidade constitucional.
O aumento da prisionalização de mulheres é desproporcionalmente maior em relação
a dos homens. O motivo é, principalmente, a prática de tráfico de drogas por mulheres.
As pesquisas são unânimes ao concluir que os motivos que tem levado ao aumento da
criminalidade entre mulheres é a pobreza.
O tratamento penal que é dado a uma pessoa do sexo feminino não pode ser igual a uma
pessoa do sexo masculino. Em todos os aspectos deve ser adequado ao gênero feminino.
Assim, os profissionais da unidade prisional devem ser, em sua grande maioria, do sexo
feminino. Os homens eventualmente trabalhando em uma unidade prisional feminina
deverão estar lotados em atividades que exijam menor contato com as detentas. O ideal
é que todos os profissionais que trabalham diretamente no trato penitenciário sejam
femininos.
Em tema de atenção à saúde não basta um médico clínico geral atuando numa unidade
prisional feminina. É preciso, também, um ginecologista. E exames de rotina específicos,
como mamografia e papanicolau, devem ser realizados periódica e continuamente.
Questões como visita íntima e preservação dos laços de família são especialmente
importantes durante o aprisionamento feminino. Não podem ser esquecidos os papéis
importantes e de referência que uma mãe ou dona de casa exercem na dinâmica familiar.
O Artigo 5º, inciso L da Constituição Federal consigna que “às presidiárias serão
asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período
de amamentação”. Logo, deve haver espaço apropriado para que as mães presas possam
estar com os filhos até os seis meses de vida.
É de especial relevância a necessidade de educação, profissionalização e trabalho
dispensados à população carcerária feminina. Tais tratamentos aumentarão a
probabilidade de emprego para as egressas, reduzirão os níveis de reincidência e
melhorarão a sociabilidade. O trabalho realizado já dentro da unidade prisional permitirá
ganhos financeiros e remição.
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As atividades de educação, profissionalização e trabalho tem o poder de, principalmente,
conferir maior independência à egressa, a fim de que consiga livrar-se da dependência ou
submissão ao gênero masculino.
Podemos resumir o tratamento penal para o gênero feminino com a conclusão de que se
trata de processo diferenciado, com especial atenção à saúde, à manutenção dos laços de
família e ao asseguramento de meios que possibilitem à egressa alcançar independência.
4. SEPAR AÇ ÃO ETÁRIA
A Constituição Federal de 1988, a Convenção Americana de Direitos Humanos e a Lei de
Execução Penal determinam que os presos sejam separados conforme: o sexo; a idade; a
situação jurídica (definitivos e provisórios); e a natureza do delito.
Da primeira (separação conforme o sexo) já tratamos. As demais separações obrigatórias
são, também, ditadas em razão do gênero. Como já dissemos acima: a questão de gênero
em tema prisional é mais conhecida como aquela respectiva ao encarceramento feminino.
Todavia, existem outras muito importantes. Vejamos.
A separação dos presos conforme a idade é obrigatória e está prevista na Constituição
Federal em seu Artigo 5º, inciso XLVIII, acima citado. A razão de ser deste dispositivo está
na tendência natural que o ser humano tem para agrupar-se em razão da faixa etária.
É da natureza do homem formar grupos de pessoas cujas idades dos integrantes sejam
mais próximas entre si. Estes grupamentos convivem de modo mais pacífico e ao mesmo
tempo constituem um meio no qual as individualidades são mais preservadas, pois entre
os seus membros as preferências costumam ser semelhantes, assim como as abjeções, os
costumes, os valores etc.
Ademais, grupos mais jovens, fortes e impulsivos, serão mais violentos e tentarão dominar
os demais pela força, enquanto grupos de idade mais avançada tentarão subjugar os
demais grupos usando a força da argumentação, isto é, a experiência de vida. Uma vez
que deve ser evitada toda forma de dominação entre detentos em uma unidade prisional,
a separação dos detentos conforme a idade é medida fundamental.
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Recomenda-se que sejam separados os grupos conforme a faixa etária que vai dos 18 aos
21 anos; dos 22 aos 30 anos; dos 31 aos 40 anos; dos 41 aos 55 anos; dos 55 aos 69 anos;
e dos 70 anos em diante.
Essa é uma recomendação conforme fases de maturidade psicológica e capacidade de
interações e contatos sociais. Veja bem, é uma recomendação e nada impede que outros
modelos sejam adotados, desde que preservem as semelhanças comportamentais dos
grupos etários. Por exemplo, existem classificações de apenas três níveis: dos 18 aos 21
anos; dos 22 anos aos 69 anos; e dos 70 anos em diante.
Nota-se que, no caso da separação obrigatória da mulher e do preso maior de 70 anos,
a LEP dá providência específica: “Artigo 82, § 1° – A mulher e o maior de sessenta anos,
separadamente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à sua condição
pessoal”.
VOCÊ SABIA?
Você sabia que uma das organizações criminosas mais conhecidas do Brasil, o
Comando Vermelho, surgiu justamente porque a administração penitenciária
misturou presos políticos e presos criminais no presídio de Ilha Grande/RJ, na década
de setenta? Graças ao contato entre presos por delitos comuns e presos políticos,
uns ensinaram aos outros as técnicas de organização, dominação e violência, que
resultou no surgimento da primeira grande facção criminosa no Brasil.
Quanto se fala em separação de presos conforme a natureza do delito nada mais se faz
que determinar uma boa prática ensinada pela criminologia, que é evitar a escolarização
do criminoso, ao mesmo tempo que dar maior segurança à unidade prisional.
O melhor a fazer é classificar o preso no momento de seu ingresso na unidade prisional,
a fim de se traçar o perfil criminológico deste indivíduo. Esta classificação permitirá
agrupar os presos conforme suas características desviantes e conforme suas respectivas
personalidades. Trata-se de um exame inicial, realizado por uma equipe multidisciplinar,
que muito ajudará para que se conheça melhor o detento e situá-lo no universo dos
demais detentos consoante suas características pessoais.
ATIVIDADE DE FIX AÇ ÃO
Imagine presos condenados por delitos violentos (por exemplo, roubos e latrocínios)
ocupando os mesmos ambientes prisionais que detentos cujo perfil é a prática de
crimes não violentos (por exemplo, estelionatos). O que você acha que aconteceria?
Como isso iria se refletir no cotidiano da unidade prisional? Como isso se refletiria
nos trabalhos dos profissionais do estabelecimento penal? Haveria consequências
para a sociedade? Quais?
Vá ao forum da unidade e apresente suas reflexões.
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