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SUMÁRIO
1. Princípios da administração pública...................................9
1.1 Introdução........................................................................................................9
1.2. Conceito de direito administrativo........................................................................9
1.3. Princípios expressos na Constituição Federal........................................................10
1.3.1. Princípio da legalidade...........................................................................10
1.3.2. Princípio da impessoalidade....................................................................10
1.3.3. Princípio da moralidade.......................................................................... 11
1.3.4. Princípio da publicidade......................................................................... 11
1.3.5. Princípio da eficiência............................................................................12

2. Princípios implícitos na Constituição Federal..................... 13


2.1. Princípio da supremacia do interesse público sobre o particular..............................13
2.2. Princípio da indisponibilidade do interesse público...............................................14
2.3. Princípio da autotutela......................................................................................14
2.4. Princípio da continuidade dos serviços públicos....................................................14
2.5. Princípio da tutela ou controle............................................................................14
2.6. Princípio da isonomia.......................................................................................14
2.6.1. Considerações sobre a Lei n. 13.656/2018.................................................15
2.7. Princípio da motivação......................................................................................15
2.8. Princípio da razoabilidade e proporcionalidade.....................................................16
2.9. Princípio da boa-fé ou da confiança....................................................................16
2.10. Princípio da segurança jurídica..........................................................................16

3. Poderes da administração............................................... 17
3.1. Introdução.......................................................................................................17
3.2. Características dos poderes da administração.......................................................17
3.3. Poderes em espécie...........................................................................................18
3.3.1. Poder vinculado ou regrado.....................................................................18
3.3.2. Poder discricionário...............................................................................18
3.3.3. Poder disciplinar...................................................................................19
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3.3.4. Poder hierárquico..................................................................................19


3.3.5. Poder de polícia.....................................................................................19
3.3.5.1. Características do poder de polícia.............................................20
3.3.6. Poder regulamentar (ou normativo)..........................................................21

4. Atos administrativos.......................................................23
4.1. Introdução......................................................................................................23
4.2. Classificações importantes................................................................................23
4.2.1. Ato simples..........................................................................................23
4.2.2. Ato composto.......................................................................................23
4.2.3. Ato complexo.......................................................................................24
4.3. Atributos dos atos administrativos.....................................................................24
4.3.1. Presunção de legitimidade.....................................................................24
4.3.2. Autoexecutoriedade...............................................................................24
4.3.3. Tipicidade............................................................................................25
4.3.4. Imperatividade.....................................................................................25
4.4. Elementos ou requisitos dos atos administrativos.................................................25
4.4.1. Forma.................................................................................................25
4.4.2. Finalidade...........................................................................................25
4.4.3. Sujeito competente...............................................................................25
4.4.3.1. Critérios para definição de competência.....................................26
4.4.4. Motivo................................................................................................26
4.4.4.1. Motivação..............................................................................26
4.4.4.2. Teoria dos motivos determinantes..............................................27
4.4.5. Objeto ou conteúdo...............................................................................28
4.5. Extinção dos atos administrativos......................................................................29

5. Organização da administração.........................................30
5.1. Administração direta........................................................................................30
5.1.1. Descentralização versus desconcentração.................................................32
5.2. Autarquias.....................................................................................................33
5.2.1. Características.....................................................................................33
5.3. Agências reguladoras.......................................................................................33
5.4. Fundações públicas..........................................................................................34
5.5. Agências executivas.........................................................................................34
5.6. Empresas públicas versus sociedades de economia mista.......................................35
5.7. Associações públicas........................................................................................37
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6. Terceiro setor.................................................................39
6.1. Organizações sociais........................................................................................39
6.2. Serviços sociais autônomos...............................................................................40
6.3. Organizações da sociedade civil de interesse público..............................................41
6.4. Lei n. 13.019/2014...........................................................................................42
6.4.1. Introdução...........................................................................................42
6.4.2. Conceituações importantes....................................................................42
6.4.3. Vedações.............................................................................................44

7. Responsabilidade civil do Estado......................................45


7.1. Introdução......................................................................................................45
7.2. Fundamentos da responsabilidade civil do Estado................................................45
7.3. Sujeitos da responsabilidade do Estado..............................................................46
7.4. Exclusão da responsabilidade estatal..................................................................46
7.5. Teoria do risco integral.....................................................................................46
7.6. Responsabilidade civil do Estado em casos de omissão..........................................46
7.7. Responsabilidade do Estado por atos legislativos e judiciais..................................46
7.8. Jurisprudência sobre responsabilidade civil do Estado..........................................47
7.9. Direito de regresso...........................................................................................47

8. Serviços públicos e concessão de serviços públicos..............48


8.1. Introdução......................................................................................................48
8.2. Princípios dos serviços públicos.........................................................................48
8.2.1. Lei n. 13.460/2017................................................................................50
8.2.1.1. Considerações importantes.......................................................50
8.3. Concessão e permissão de serviços públicos (tema previsto na Lei n. 8.987/95 –
que regulamenta o art. 175, CF)..........................................................................51
8.4. Formas de extinção do contrato de concessão......................................................52
8.5. Concessão especial de serviços públicos (tema previsto na Lei n. 11.079/2004) –
parceria público-privada...................................................................................53
8.5.1. Conceito e modalidades.........................................................................53
8.5.2. Características importantes....................................................................53
8.6. Permissão de serviços públicos..........................................................................53
8.7. Autorização de serviços públicos........................................................................54
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9. Agentes públicos............................................................55
9.1. Acessibilidade.................................................................................................55
9.2. Jurisprudência sobre concurso público...............................................................56
9.3. Categorias de agentes públicos..........................................................................57
9.3.1. Agentes políticos..................................................................................57
9.3.2. Servidores estatais................................................................................58
9.3.2.1. Servidores públicos..................................................................58
9.3.2.2. Servidor de ente governamental de direito privado
(empregados públicos)...........................................................................58
9.3.3. Particulares em colaboração com o Estado...............................................59
9.3.4. Agentes de fato.....................................................................................59
9.3.5. Militares.............................................................................................59
9.3.5.1. Militares dos Estados, Distrito Federal e Territórios
(art. 42 e parágrafos da CF)......................................................59
9.3.5.2. Militares das Forças Armadas – integrantes da União
(art. 142, § 3º, CF)...................................................................59
9.4. Cargos versus empregos públicos.......................................................................60
9.5. Estabilidade....................................................................................................61
9.6. Provimento versus investidura...........................................................................62
9.7. Remuneração dos agentes públicos: considerações essenciais................................62
9.8. Direito de greve dos agentes públicos.................................................................63
9.9. Principais pontos da Lei n. 13.300/2016 – Lei do Mandado de Injunção..................64
9.10. Aposentadoria do servidor................................................................................65

10. Improbidade administrativa.............................................67


10.1. Introdução......................................................................................................67
10.2. Atos de improbidade administrativa...................................................................67
10.2.1. Enriquecimento ilícito (art. 9º da LIA) – necessidade de dolo ou má-fé
para sua configuração...........................................................................67
10.2.2. Dano ao erário (art. 10 da LIA) – necessidade de dolo ou culpa para
sua configuração..................................................................................68
10.2.2.1. Atos de improbidade administrativa decorrentes de concessão
ou aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário
(art. 10-A da LIA)....................................................................70
10.2.3. Violação aos princípios da administração (art. 11 da LIA) – necessidade
de dolo ou má-fé para sua configuração...................................................70
10.3. Sanções aplicáveis ao agente ímprobo................................................................70
10.4. Sujeito ativo do ato de improbidade administrativa...............................................71
10.5. Ação civil pública versus ação popular.................................................................71
10.5.1. Ação civil pública...................................................................................71
10.5.2. Ação popular........................................................................................72
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10.6. Prescrição na lei de improbidade administrativa..................................................72


10.7. Jurisprudência sobre improbidade administrativa................................................73

11. Processo administrativo federal – Lei n. 9.784/99..............75


11.1. Introdução.......................................................................................................75
11.2. Critérios observados no processo administrativo federal........................................75
11.3. Fases do processo administrativo federal............................................................76
11.4. Do recurso administrativo.................................................................................76
11.5. Da revisão do processo.....................................................................................77
11.6. Súmulas do STJ...............................................................................................77

12. Licitação.......................................................................78
12.1. Conceito e base constitucional (art. 37, XXI).......................................................78
12.2. Princípios da licitação......................................................................................78
12.3. Fases da licitação............................................................................................79
12.4. Modalidades de licitação..................................................................................80
12.4.1. Tipos de licitação (critério de julgamento das propostas).............................81
12.4.2. Contratação direta: licitação dispensável versus inexigibilidade de licitação..82
12.4.2.1. Licitação dispensável...............................................................82
12.4.2.2. Inexigibilidade de licitação.......................................................84
12.5. Desistência da licitação....................................................................................85

13. Regime Diferenciado para Contratações – RDC...................86


13.1. Aplicação do RDC............................................................................................86
13.2. Características principais.................................................................................87
13.3. Fases do RDC..................................................................................................87
13.4. Critérios de julgamento do RDC.........................................................................87

14. Contratos administrativos...............................................89

15. Intervenção do Estado na propriedade...............................92


15.1. Desapropriação...............................................................................................92
15.2. Características principais da desapropriação ordinária (art. 5º, XXIV, CF)................93
15.3. Desapropriação indireta...................................................................................95
15.4. Requisição administrativa.................................................................................95
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15.5. Tombamento...................................................................................................95
15.6. Servidão administrativa....................................................................................96
15.7. Limitação administrativa..................................................................................96
15.8. Ocupação temporária.......................................................................................97

16. Estatuto da Cidade.........................................................98


16.1.  Instrumentos jurídicos de política urbana...........................................................99
16.1.1. Parcelamento, edificação ou utilização compulsórios.................................99
16.1.2. Do IPTU progressivo no tempo................................................................99
16.1.3. Da desapropriação com pagamento em títulos..........................................99
16.1.4. Da usucapião especial de imóvel urbano...................................................99
16.1.5. Do direito de superfície..........................................................................99
16.1.6. Do direito de preempção.......................................................................100
16.1.7. Da outorga onerosa do direito de construir..............................................100
16.1.8. Das operações urbanas consorciadas......................................................100
16.2. Estudo de impacto de vizinhança (EIV)..............................................................100
16.3. Plano diretor..................................................................................................100

17. Controle da administração.............................................. 101

18. Bens públicos...............................................................103


18.1. Introdução.....................................................................................................103
18.2. Principais classificações dos bens públicos.........................................................103
18.2.1. Quanto à titularidade...........................................................................103
18.2.2. Quanto­à destinação.............................................................................103
18.3. Atributos dos bens públicos..............................................................................104

19. Referências bibliográficas...............................................105

20. Questões para treino......................................................107

Projeto Gráfico e Diagramação


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PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
Você tem a
oportunidade 1.1. Introdução
de escolher: O direito administrativo é um ramo recente. Teve o seu nascimen-

batalhar e
to no século XVIII no momento em que se consolidou o Princípio da
Tripartição dos Poderes de Montesquieu.

utilizar suas Os Estados eram governados por um soberano, e a ideia de poder vi-
nha porque diziam que os soberanos representavam a divindade – v.g.,
derrotas e Luís XIV, com a máxima “o Estado sou eu”.

lágrimas para
A partir dos séculos XVI e XVII surgem pensamentos visando à li-
mitação desse poder (sobretudo com John Locke em seus dois Tratados
alcançar o sobre o Governo, e em Montesquieu em O espírito das leis: “só o poder

que realmente
limita o poder”).
Assim, atribui-se as funções do Estado a diversos órgãos, objetivan-

almeja, ou do o combate ao poder através da imposição de limites a quem o exerce.


O direito administrativo aparece com o objetivo de estudar qual a
abater-se com as função administrativa do Estado e os órgãos que a desempenham.

tempestades e
jogar a culpa do 1.2. Conceito de direito administrativo
seu não agir em Diversos são os critérios para conceituar direito administrativo:

outra pessoa." a) escola do serviço público; b) critério do poder executivo; c) critério


das relações jurídicas; d) critério teleológico ou finalístico; e) crité-
rio negativo ou residual; e o mais recorrente em provas, f) critério da
Licínia Rossi
Administração Pública: o direito administrativo brasileiro consiste

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“no conjunto harmônico dos princípios jurídicos que Os atos ilegais podem ser anulados tanto pela
regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas Administração Pública (através do Princípio da
tendentes a realizar concreta, direta e imediatamen- Autotutela) quanto pelo Poder Judiciário (porque
te os fins desejados pelo Estado” (MEIRELLES, 2010, nenhuma lesão ou ameaça a direito será excluída da
p. 40). apreciação do Poder Judiciário). Os efeitos da anula-
ção são ex tunc.
O denominado “regime jurídico administrativo” é um
regime de direito público, aplicável aos órgãos e enti-
dades que compõem a administração pública e à atua-
O direito da Administração a anular os atos
ção dos agentes administrativos em geral. Baseia-se
administrativos de que decorram efeitos
na ideia de existência de poderes especiais passíveis de
favoráveis para os destinatários decai em
se­rem exercidos pela administração pública, contraba-
cinco anos, contados da data em que foram
lançados pela imposição de restrições especiais à atua-
ção dessa mesma administração, não existentes – nem
praticados, salvo comprovada má-fé.
os poderes nem as restrições – nas relações típicas do No caso de efeitos patrimoniais contínuos,
direito privado. Essas prerrogativas e limitações tradu- o prazo de decadência contar-se-á da
zem-se, respectivamente, nos princípios da supremacia percepção do primeiro pagamento.
do interesse público e da indisponibilidade do interesse
público (ALEXANDRINO; VICENTE, 2010, p. 10).

1.3.2. Princípio da impessoalidade

1.3. Princípios expressos na O princípio da impessoalidade estabelece que ao


administrador é vedado tratar o administrado de
Constituição Federal
forma benéfica ou detrimentosa, significa, portan-
to, ausência de subjetividade no exercício da ativi-
O art. 37, caput, CF estabelece que: “A admi-
dade administrativa.
nistração pública direta e indireta de qualquer dos
Alguns institutos do direito administrativo repre-
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
sentam a observância do princípio da impessoalida-
e dos Municípios obedecerá aos princípios de lega-
de: a) obrigatoriedade de licitação nos termos do art.
lidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
37, XXI, CF; b) obrigatoriedade de concurso público
e eficiência”.
nos termos do art. 37, II, CF; c) vedação ao nepotismo
nos termos da Súmula Vinculante 13:
1.3.1. Princípio da legalidade
Pela legalidade, só a lei obriga os homens e permi-
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em
te atuação do Estado, e administrar é atuar conforme
linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro
a lei.
grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servi-
Legalidade no direito privado não se confunde
dor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de
com legalidade no direito público. direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
Para o direito privado adota-se um critério de não cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de fun-
contradição à lei: ao particular é lícito realizar to- ção gratificada na administração pública direta e indi-
das as condutas, excetuadas aquelas que por lei es- reta em qualquer dos poderes da União, dos Estados,
tão proibidas. do Distrito Federal e dos Municípios, com­preendido
Já a legalidade no direito público pauta-se num o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
critério de subordinação à lei: o administrador só Constituição Federal.
pode fazer o que a lei autoriza ou determina.

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Atenção: O STF ainda vai definir se é inconstitu- A Constituição Federal prevê, em seu
cional a nomeação, para o exercício de cargo polí- art. 37, § 4º, quatro sanções diferentes
tico, de familiares da autoridade nomeante – como aplicáveis àquele que comete improbidade
cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, co- administrativa: sanções administrativas –
lateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclu- perda da função pública; sanções políticas
sive. A matéria, objeto do Recurso Extraordinário – suspensão dos direitos políticos e
1.133.118, teve repercussão geral reconhecida em 18 sanções civis – consistente na obrigação
de junho de 2018, por unanimidade, em deliberação de ressarcir ao erário e declaração de
no Plenário Virtual da Corte. indisponibilidade dos bens. E o art. 12 da
No julgamento de mérito do RE, ainda sem data Lei n. 8.429/92 estabelece em detalhes a
prevista, os ministros deverão definir se a proibição gradação dessas penalidades.
ao nepotismo, prevista na Súmula Vinculante 13, al-
cança a nomeação para cargos políticos.
1.3.4. Princípio da publicidade
1.3.3. Princípio da moralidade
Os atos praticados pela Administração Pública de-
A moralidade administrativa aparece de forma vem ser acessíveis aos administrados de modo que
expressa no Texto Constitucional de 1988. Por esse tenham ciência e possam controlar as ações do Poder
princípio a conduta do administrador deve ser pau- Público (e consequentemente saber o que está ocor-
tada em postulados da honestidade, ética, transpa- rendo na máquina administrativa).
rência, boa-fé, probidade.
Por exemplo, o administrador desapropria um
bem para prejudicar um inimigo. Há abuso de poder A publicidade é fundamental para controle e conheci-
nesta conduta na modalidade desvio de finalidade: mento dos atos praticados, e também representa con-
o ato é ilegal e imoral. dição de eficácia: é com a publicidade que o ato possui
Trata-se de princípio sistematizado por Hauriou condições de desencadear seus efeitos.
(nos Précis élémentaire de droit administratif e desen-
volvido pelo Conselho de Estado francês), no sentido
de buscar sempre a boa administração, distinguindo Por exemplo, quando o administrado recebe uma
o certo do errado, o legal do ilegal, o honesto do de- multa de trânsito, tem o prazo de trinta dias para se
sonesto, o moral do imoral. defender. Esse prazo começa a correr a partir do re-
Para o referido autor, a moral comum é a imposta cebimento da notificação de trânsito. Somente com a
ao homem para sua conduta externa; a moral admi- publicidade que haverá o início de contagem de prazo
nistrativa é a imposta ao agente público para sua con- para o recurso.
duta interna, segundo as exigências das instituições
a que serve, e a finalidade de sua ação: o bem comum. O princípio da publicidade pode ser reclamado através
A imoralidade administrativa surge como uma de dois instrumentos básicos: 1) o direito de petição, pelo
forma de ilegalidade; consequentemente, ao res- qual os indivíduos podem dirigir-se aos órgãos admi-
ponsável pela prática de atos imorais, é cabível sua nistrativos para formular qualquer tipo de postulação
responsabilização com base na Lei n. 8.429/92, (art. 5º, XXXIV, a, CF); e 2) as certidões, que, expedidas
que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agen- por tais órgãos, registram a verdade de fatos adminis-
trativos, cuja publicidade permite aos administrados
tes públicos nos casos de cometimento de im-
a defesa de seus direitos ou o esclarecimento de certas
probidade administrativa.
situações (art. 5º, XXXIV, b, CF). (CARVALHO FILHO,
2010, p. 23).

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A publicação que produz efeitos é a do órgão ofi- 1.3.5. Princípio da eficiência


cial da Administração (diário oficial ou jornais con-
tratados para publicações oficiais) e não a divulgação É o mais moderno princípio da Administração
pela imprensa particular, pela televisão ou pelo rá- Pública, introduzido pela reforma constitucional
dio, ainda que em horário oficial. É possível, ainda, através da Emenda Constitucional n. 19, de 4 de ju-
seja a publicação oficial realizada mediante afixa- nho de 1998.
ção dos atos e leis municipais na sede da Prefeitura
ou da Câmara, quando não houver órgão oficial A eficiência consiste no desempenho concreto das ati-

(MEIRELLES, 2010, p. 97). vidades necessárias à prestação das utilidades mate-


riais, de molde a satisfazer necessidades dos usuários,
As exceções à publicidade aparecem sempre que
com imposição do menor encargo possível, inclusive do
a publicidade colocar em risco a intimidade, a vida
ponto de vista econômico. Eficiência é a aptidão da ati-
privada, a honra e a imagem das pessoas, bem como
vidade a satisfazer necessidades, do modo menos one-
puder colocar em risco a segurança da sociedade e do
roso (JUSTEN FILHO, 1997, p. 130).
Estado – nesse sentido vide art. 5º, X, XXXIII e LX, CF.

O STF, ao julgar o ARE 652.777, decidiu,


por unanimidade, que é legítima a
publicação, inclusive em sítio eletrônico
mantido pela Administração Pública,
do nome de servidores e dos valores dos
correspondentes vencimentos e vantagens
pecuniárias. Foi após esse entendimento
que sobreveio a Lei de Acesso à Informação
– Lei n. 12.527/2011.

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PRINCÍPIOS
IMPLÍCITOS NA
CONSTITUIÇÃO
Nossa maior
fraqueza está
FEDERAL
em desistir. 2.1. Princípio da supremacia do interesse público
O caminho sobre o particular
mais certo de Uma vez que o objetivo fundamental da Administração é atingir o

vencer é tentar bem comum, os interesses coletivos prevalecem sobre os individuais


(em uma relação de verticalidade), e, para isto, utiliza-se do princípio

mais uma vez." da supremacia do interesse público.


Está intimamente conjugado ao princípio da finalidade e dele decorre
Thomas Edison o subprincípio da indisponibilidade, vez que não há faculdade na atua-
ção do Poder Público, mas sim “dever” de atuação.
Como exemplos de supremacia do Estado podemos citar: a) a exis-
tência legal de cláusulas exorbitantes em favor da Administração, nos
contratos administrativos; b) o exercício do poder de polícia; c) a en-
campação de serviços concedidos pela Administração (prevista no art.
37 da Lei n. 8.987/95); d) os atributos dos atos administrativos; e) as
formas de intervenção do Estado na propriedade (v.g., desapropriação,
requisição administrativa), entre outras.

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2.2. Princípio da indisponibilidade deve prestar os serviços de forma contínua e


sem interrupções.
do interesse público A Lei n. 8.987/95, em seu art. 6º, § 3º, estabelece
que não se caracteriza a descontinuidade do serviço
É o que afirma que o interesse público não pode
se houver sua interrupção em caso de urgência (in-
ser disposto livremente pelo administrador, que deve
dependentemente de aviso prévio ao usuário) e, com
sempre atuar dentro dos estritos limites da lei.
aviso prévio em se tratando de desobediência de nor-
O administrador cuida dos bens públicos, não é
mas técnicas ou de inadimplemento do usuário, ten-
senhor da coisa pública, é mero preposto e, assim,
do como fundamento o corte em caso de inadimple-
deve atuar conforme a vontade geral e coletiva, que
mento o Princípio da Supremacia do Interesse Público
é a vontade da lei, devendo gerir os bens, serviços e
sobre o particular e o Princípio da Indisponibilidade
interesses coletivos.
do Interesse Público e Isonomia.
Por exemplo, se o administrador dispensar a li-
citação em hipóteses que esta era indispensável, ele
terá violado o Princípio da indisponibilidade do inte-
resse Público, pois abriu mão de escolher a proposta 2.5. Princípio da tutela ou controle
mais vantajosa para a Administração Pública.
Impõe aos entes da Administração Pública Direta
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios) o
poder-dever de fiscalizar e controlar os entes da
2.3. Princípio da autotutela
Administração Indireta que vierem a criar. Exerce-se
um controle externo.
Autotutela é a revisão pela Administração Pública
O ente se sujeita à fiscalização da entidade pú-
de seus próprios atos. Pela autotutela a Administração
blica maior.
realizará a anulação dos atos ilegais e a revogação dos
A Constituição, ao prever a criação de autarquias
atos inconvenientes ou inoportunos.
e a autorização para a instituição das outras entida-
des da Administração indireta, no art. 37, XIX, por lei
STF – Súmula 346
específica, implicitamente dá poderes para a entida-
A Administração Pública pode declarar a
nulidade de seus próprios atos. de maior, criadora ou autorizadora, fiscalizar o ente
criado ou instituído.
STF – Súmula 473 No âmbito Federal, o controle é chamado de su-
A Administração Pública pode anular seus pervisão ministerial, porque cada ente indireto está
próprios atos quando eivados de vícios ligado a um Ministério. Temos como exemplo o
que os tornam ilegais, porque deles não Ibama – ligado ao Ministério do Meio Ambiente.
se originam direitos, ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos,
e ressalvada, em todos os casos,
2.6. Princípio da isonomia
a apreciação judicial.
A Constituição Federal, em seu art. 5º, caput, es-
tabelece que todos são iguais perante a lei, sem dis-
tinção de qualquer natureza. Com esta afirmação,
2.4. Princípio da continuidade dos o Texto Constitucional consigna uma igualdade for-
serviços públicos mal: trata-se da igualdade de todos perante a con-
cessão de benefícios, isenções, vantagens, sacrifí-
Esse princípio estabelece que a Administração cios, multas, sanções.

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Há, ainda, a igualdade material, que é aquela que ◼ cancelamento da inscrição e exclusão do concur-
se consubstancia na máxima aristotélica, presente so, se a falsidade for constatada antes da homolo-
também em “Oração aos moços”, de Rui Barbosa, gação de seu resultado;
no sentido de “tratar igualmente os iguais e desi- ◼ exclusão da lista de aprovados, se a falsidade for
gualmente os desiguais, na medida de suas desigual- constatada após a homologação do resultado e
dades”. Essa igualdade material aparece em diver- antes da nomeação para o cargo;
sos dispositivos constitucionais, a saber: a) art. 5º, l; ◼ declaração de nulidade do ato de nomeação, se a
b) art. 7º, XVIII e XIX; c) art. 143, §§ 1º e 2º. falsidade for constatada após a sua publicação.

Em 11 de março de 2016, o STF deu provimento ao RE


2.7. Princípio da motivação
778.889 para fixar que a legislação não pode prever
prazos diferenciados para concessão de licença-mater-
É a obrigação conferida ao administrador de mo-
nidade para servidoras públicas gestantes e adotantes,
tivar, justificar, expressar todos os atos que edita,
já que a Constituição Federal, ao estabelecer o período
mínimo de 120 dias de licença-maternidade, não faz sejam gerais, sejam de efeitos concretos.
qualquer ressalva ou distinção entre maternidade bio- Tem previsão expressão no art. 50 da Lei
lógica e adotiva e, ainda, que o Texto Constitucional, n. 9.784/99:
em seu art. 227, § 6º, equipara expressamente os fi- Os atos administrativos deverão ser motivados,
lhos biológicos e adotivos – portanto, razão não há com indicação dos fatos e dos fundamentos jurí-
para tratamento diferenciado. dicos, quando:
a) Neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses.
b) Imponham ou agravem deveres, encargos ou
2.6.1. Considerações sobre a sanções.
c) Decidam processos administrativos de concurso
Lei n. 13.656/2018
ou seleção pública.
A Lei n. 13.656, de 30 de abril de 2018, isenta da d) Dispensem ou declarem a inexigibilidade de pro-
taxa de inscrição os candidatos em concursos para cesso licitatório.
provimento de cargo efetivo ou emprego permanen- e) Decidam recursos administrativos.
te em órgão ou entidades da Administração Pública f) Decorram de reexame de ofício.
Direta e Indireta da União. g) Deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
A lei considera isentos: questão ou discrepem de pareceres, laudos, pro-
a) os candidatos que pertençam a família inscri- postas e relatórios oficiais.
ta no Cadastro Único para Programas Sociais h) Importem anulação, revogação, suspensão ou
(CadÚnico), do Governo Federal, cuja renda fami- convalidação de ato administrativo.
liar mensal per capita seja inferior ou igual a meio
Entre nós há, igualmente, valiosíssimo estudo de Carlos
salário mínimo nacional;
Ari Sundfeld no qual também se sustenta, e de modo en-
b) os candidatos doadores de medula óssea em enti-
fático, a necessidade de motivação, que deve ser anterior
dades reconhecidas pelo Ministério da Saúde.
ou contemporânea ao ato e como requisito indispensá-
Importante ressaltar que, independentemente de vel de sua validade, admitindo-se sua dispensa tão só
sanções penais cabíveis, se o candidato prestar in- ‘quando estiver contida implícita e claramente no con-
formações falsas com o intuito de burlar a norma le- teúdo do ato vinculado, de prática obrigatória, basea-
gal objetivando usufruir das benesses estabelecidas do em fato sem qualquer complexidade’ (SUNDFELD,
no art. 1º da referida lei (qual seja, isenção da taxa de 1985, notadamente p. 124-125; BANDEIRA DE MELLO,
inscrição), estará sujeito a: 2010, p. 74).

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2.8. Princípio da razoabilidade atos administrativos ser nulos ou anuláveis (CARVALHO


FILHO, 2010, p. 151).
e proporcionalidade
Em todas as situações que se revestem de forte
A Administração deve ter uma atuação equilibra-
aparência de legalidade, gerando convicção de sua
da, sensata, aceitável, pois visa evitar toda forma de
legitimidade, especialmente pelo decurso do tem-
intervenção ou restrição abusiva ou desnecessária
po, seria absurdo deixar ao administrador o poder
por parte da Administração Pública.
infinito de autotutela; aparece então, o princípio da
Esse Princípio possui três elementos: a)
boa-fé, para manter a situação criada pela reciproci-
Adequação: em que as medidas tomadas pelo Poder
dade de fidúcia.
Público devem ser aptas a atingir seus objetivos;
b) Necessidade ou Exigibilidade: impondo a verifi-
cação de inexistência de meios menos gravosos para
atingimento dos objetivos; c) Proporcionalidade 2.10. Princípio da segurança jurídica
stricto sensu: consistente na proporção entre o ônus
imposto e o benefício trazido, isto é, proporção entre É uma das vigas mestras do Estado de Direito e que
o meio e o fim. dá estabilidade ao sistema jurídico pátrio. Embora não
previsto, taxativamente, no texto constitucional como
princípio explícito, o seu preâmbulo coloca a seguran-
ça como um dos valores supremos da sociedade, e o
2.9. Princípio da boa-fé ou
caput do seu art. 5º garante a inviolabilidade do direito
da confiança à segurança. Mas a lei ordinária que regula o processo
administrativo no âmbito da Administração Pública
Serve para equilibrar o princípio da legalidade com Federal, Lei n. 9.784/99, no seu art. 1º, determina obe-
fatos que, pelas suas falhas ou vícios, deveriam ser diência ao princípio da segurança jurídica.
afastados do mundo jurídico, pois, sempre que um ato
for viciado em sua legalidade, teremos sua anulação, No direito comparado, especialmente no direito alemão,
com efeitos ex tunc, isto é, retroativos desde sua ori- os estudiosos se têm dedicado à necessidade de estabi-
gem. No entanto, às vezes, o interesse público exige lização de certas situações jurídicas, principalmente em
sua convalidação e preservação das relações jurídico- virtude do transcurso do tempo e da boa-fé, e distin-
-administrativas, e o princípio da boa-fé, que decorre guem os princípios da segurança jurídica e da proteção
da confiança recíproca, é invocado para esse benefício. à confiança. Pelo primeiro, confere-se relevo ao as-
pecto objetivo do conceito, indicando-se a inafastabi-
A convalidação (também denominada por alguns auto- lidade da estabilização jurídica; pelo segundo, o realce
res de aperfeiçoamento ou sanatória) é o processo de que incide sobre o aspecto subjetivo, e neste se sublinha o
se vale a Administração para aproveitar atos adminis- sentimento do indivíduo em relação a atos, inclusive e
trativos com vícios superáveis, de forma a confirmá-los principalmente do Estado, dotados de presunção de le-
no todo ou em parte. Só é admissível o instituto da con- gitimidade e com a aparência de legalidade (CARVALHO
validação para a doutrina dualista, que aceita possam os FILHO, 2010, p. 33; COUTO E SILVA, 2004).

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3.
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PODERES DA
ADMINISTRAÇÃO
3.1. Introdução
Nunca é tarde Os poderes da Administração são prerrogativas que a Administração

para o que Pública tem para buscar o interesse público e, dessa forma, fazer valer o
princípio da supremacia do interesse público sobre o particular e o prin-
nos amanhece." cípio da indisponibilidade do interesse público.
Os agentes públicos, então, deverão possuir certas prerrogativas para
Diogo Arrais a consecução desses fins públicos através de seus poderes: de polícia,
disciplinar, hierárquico, regulamentar, vinculado, discricionário (esses
poderes não se confundem com poderes políticos, que são estruturais
e orgânicos: compõem a estrutura do Estado e integram a organização
constitucional – MEIRELLES, 2010, p. 119).
Além de prerrogativas atribuídas ao agente público, o ordenamento
jurídico impõe também deveres administrativos. Há para o agente não
apenas prerrogativas, mas verdadeiros deveres, consistentes em um
poder-de­ver de agir.
Tais poderes são outorgados ao agente público, que devem agir no
interesse da coletividade.

3.2. Características dos poderes da administração


a) Irrenunciabilidade: de acordo com Hely Lopes Meirelles (2010,
p. 107): “se para o particular o poder de agir é uma faculdade, para o
administrador público é uma obrigação de atuar, desde que se apre-
sente o ensejo de exercitá-lo em benefício da comunidade”.
b) Observância ao princípio da legalidade: o administrador só
pode fazer o que a lei manda ou determina, estando inteiramente

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subordinado aos ditames legais. Aliás, se o admi- 3.3. Poderes em espécie


nistrador extrapolar os limites legais, poderá ser
responsabilizado. 3.3.1. Poder vinculado ou regrado
Sempre que o administrador extrapolar os limi-
tes legais de forma desproporcional, haverá abuso. Consiste na prerrogativa atribuída ao administra-
“Abuso de poder é toda ação que torna irregular a dor que não lhe confere qualquer traço de liberdade.
execução do ato administrativo, legal ou ilegal, e que O agente público deve estar inteiramente preso ao
propicia, contra seu autor, medidas disciplinares, ci- enunciado da lei. Não comporta juízo de valores, de
vis e criminais” (GASPARINI, 2009, p. 148). conve­niência e de oportunidade.
O abuso manifesta-se de duas maneiras: a) Como exemplo podemos citar a aposentadoria
excesso de poder; b) desvio de finalidade (ou desvio compulsória do agente público nos termos do art. 40,
de poder): § 1º, II, CF – com proventos proporcionais ao tempo
de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou
aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de
Abuso de poder lei complementar (com redação dada pela Emenda
Constitucional n. 88/2015).

3.3.2. Poder discricionário


Excesso de poder Desvio de finalidade No poder discricionário, o agente está inteira-
(art. 2º da Lei
n. 4.717/65) mente preso ao enunciado da lei, porém, a lei não es-
tabelece um único comportamento a ser adotado pelo
administrador, que deverá lançar mão de um juízo de
valor e de conveniência e oportunidade para escolher
O administrador vai qual a melhor opção para aquele caso. Por exemplo,
Há disfarce na
além do que por lei conduta praticada pelo concessão de porte de armas e a colocação de mesas
está autorizado. agente. O móvel do e cadeiras na calçada defronte a bares e restaurantes
agente está viciado.
(permissão de uso de bem público – calçada).
Há vício ideológico
em sua conduta.
Convém esclarecer que poder discricionário não se con-
funde com poder arbitrário. Discricionariedade e arbítrio
são atitudes inteiramente diversas. Discricionariedade
é liberdade de ação administrativa, dentro dos limites
permitidos em lei; arbítrio é ação contrária ou exceden-
c) Limite de competência: se o agente público in-
te da lei. Ato discricionário, quando autorizado é legal e
vadir atribuições de outro agente ou ainda exer-
válido; ato arbitrário é sempre ilegítimo e inválido. De há
cer atividades que a lei não lhe conferiu, cometerá­
muito já advertia Jèze: “II ne faut pas confondre pouvoir
abuso de poder na modalidade excesso de poder.
discrétionnaire et pouvoir arbitraire”. Mais uma vez insis-
d) Observância aos princípios da razoabilidade e timos nessa distinção, para que o administrador públi-
proporcionalidade: não é possível o administra- co, nem sempre familiarizado com os conceitos jurídi-
dor fazer uso imoderado dos meios para alcance cos, não converta a discricionariedade em arbítrio, como
de seus resultados. O atuar do administrador deve também não se arreceie de usar plenamente de seu poder
ser pautado em critérios equilibrados, sensatos, discricionário quando estiver autorizado e o interesse
com bom senso. público o exigir (MEIRELLES, 2010, p. 121-122).

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3.3.3. Poder disciplinar Nas lições de Hely Lopes Meirelles:

É a prerrogativa utilizada pela Administração para O poder hierárquico tem por objetivo ordenar, coorde-
aplicar sanção a um de seus agentes em razão da prá- nar, controlar e corrigir as atividades administrativas,
tica de uma infração disciplinar (v.g., demissão, ad- no âmbito interno da Administração Pública. Ordena
vertência, suspensão). Portanto, só poderá ser afeta- as atividades da Administração, repartindo e escalo-
do por esse poder aquele que está no exercício de uma nando as funções entre os agentes do Poder, de modo
função pública. que cada um possa exercer eficientemente seu encargo;

Ao agente público deve ser dada oportunidade coordena, entrosando as funções no sentido de obter o
funcionamento harmônico de todos os serviços a cargo
de exercício de contraditório e de ampla defesa –
do mesmo órgão; controla, velando pelo cumprimento
nos termos do art. 5º, LV, CF, todavia, o STF decidiu
da lei e das instruções e acompanhando a conduta e o
(Súmula Vinculante 5) que a falta de defesa técnica
rendimento de cada servidor; corrige os erros admi-
por advogado em processo administrativo disciplinar
nistrativos, pela ação revisora dos superiores sobre os
não ofende a Constituição Federal. atos dos inferiores. Desse modo, a hierarquia atua como
instrumento de organização e aperfeiçoamento do ser-
viço e age como meio de responsabilização dos agentes
Com a Constituição de 1988 firmou-se administrativos, impondo-lhes o dever de obediência
entendimento de que não é possível punir o (MEIRELLES, 2010, p. 124).
servidor com base no Princípio da Verdade
Sabida. Esse princípio autorizava o superior 3.3.5. Poder de polícia
a punir de imediato seu subordinado
sempre que aquele tivesse conhecimento Poder de polícia é a prerrogativa de direito público,
pessoal do cometimento da infração; por que, calcada na lei, autoriza a Administração Pública
exemplo, flagrar o subordinado cometendo a restringir o uso e gozo da liberdade e da proprieda-
infração configuraria situação apta a de, em favor do interesse da coletividade (CARVALHO
ensejar a punição do inferior, ainda que FILHO, 2010, p. 70).
sem oportunidade de defender-se em Consiste na faculdade de que dispõe a
contraditório e ampla defesa. Hoje, não é Administração Pública para condicionar e restringir
possível a punição com base no Princípio o uso e gozo de bens, atividades e direitos individu-
da Verdade Sabida, já que a Constituição ais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado
Federal de 1988, art. 5º, LV, trouxe o direito (MEIRELLES, 2010, p. 134). Figura como mecanismo
ao contraditório e ampla defesa inclusive de frenagem de que dispõe a Administração Pública
no âmbito administrativo. para conter os abusos do direito individual.
O poder de polícia encontra definição também
no art. 78 do Código Tributário Nacional, entendido
3.3.4. Poder hierárquico como atividade da Administração Pública que, limi-
tando ou disciplinando direito, interesse ou liberda-
Esse poder, também denominado “poder do hie- de, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em
rarca” tem por base a estruturação vertical dos qua- razão de interesse público concernente à seguran-
dros da Administração, estabelecendo quem manda, ça, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
quem obedece. Assim, é o instrumento de que dispõe produção e do mercado, ao exercício de atividades
o Executivo para distribuir e escalonar as funções de econômicas dependentes de concessão ou autoriza-
seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agen- ção do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
tes, estabelecendo a relação de subordinação entre respeito à propriedade e aos demais direitos indivi-
os servidores de seu quadro de pessoal. duais e coletivos.

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O poder de polícia limita a atuação do particular em rodovias e vielas. Não se trata de exercício do po-
nome do interesse público. Incide sobre a liberdade e der de polícia. Tal ato consubstancia defesa do pa-
a propriedade e não pode ser delegado para entes da trimônio público.
iniciativa privada (já que entes da iniciativa privada
4) Situação dos matriculados em escolas ou facul-
não são dotados do ius imperii estatal), exceto os atos
dades públicas e penalidades impostas, tais como
materiais ou de mera execução.
suspensão ao aluno que atirou contra o ventilador
uma pedra.
5) Situações dos inscritos em bibliotecas públicas
3.3.5.1. Características do poder de polícia que devolvem o livro com atraso e, como conse-
quência da inobservância das regras da biblioteca,
a) Editado pela Administração Pública: pode ser precisam pagar multa.
tanto através de atos preventivos de fiscalização 6) Situação dos internados em hospitais públicos,
ou repressivos. asilos ou estabelecimentos penais. O mero fato
b) Fundamenta-se no vínculo geral entre a adminis- de tais estabelecimentos fixarem horário de vi-
tração pública e os administrados. sitas não manifesta exercício do poder de polí-
◼ Supremacia geral: determinações que incidem cia. São apenas normas internas dos respectivos
para todos os indivíduos indistintamente. estabelecimentos relativas apenas às pessoas
Exemplos: aqui envolvidas.
1) Proibição de construções verticais acima da altura 7) Exigência imposta pelo Poder Permitente ao per-
fixada por determinado Estatuto da Cidade. missionário de uso de bem público para que abra a
2) Obrigatoriedade aos administrados em observa- cantina e atenda aos alunos aos sábados até o ho-
rem determinado recuo de construção. rário do meio-dia. Não é poder de polícia, uma vez
3) Imposição de denunciar determinada doença que não está fundado em vínculo geral.
contagiosa. c) Incide sobre liberdade e a propriedade.
4) Proibição de manutenção de certos animais na d) Está inserida no âmbito de atuação da função ad-
zona urbana. ministrativa – atuando em diversos setores: polí-
5) Proibição de promover determinada lavoura em cia edilícia; polícia sanitária; polícia de trânsito e
certa localidade. tráfego; polícia de diversões públicas; polícia de
6) Fixação de limite máximo de velocidade em cer- águas; polícia da atmosfera; polícia funerária etc.
ta rodovia. e) Atividade que se submete ao princípio da
7) Autorização para porte de arma de fogo. legalidade.
◼ Supremacia especial: situações que se funda- O STF, ao julgar a ADI 1.856, decidiu pela incons-
mentam em privilégios ou vínculos especiais da titucionalidade de lei fluminense que autorizava e
Administração Pública sobre os administrados. disciplinava o exercício do poder de polícia em com-
Normalmente são situações decorrentes de um petição entre “galos combatentes”.
estatuto ou contrato. O STF entendeu que essa prática afrontaria o art.
Exemplos: 225, caput e § 1º, VII, CF, que veda qualquer prática
1) Atos que impõem restrições ao servidor público capaz de submeter os animais à crueldade.
no sentido de obrigá-lo a trabalhar uniformizado. f) Os atributos do poder de polícia são:
2) Imposições atribuídas ao concessionário como ◼ Discricionariedade: em regra, os atos de polícia
decorrência do contrato de concessão de serviços são discricionários, ou seja, há juízo de conve-
públicos: obrigação de mencionar certos dizeres niência e oportunidade para sua prática. Alguns
no ônibus de transporte coletivo. atos de polícia, todavia, não são discricioná-
3) Ato de retirar invasores dos edifícios públicos e de rios – é o caso da licença para construir (que é
áreas públicas, tais como praças, ruas, estradas, ato vinculado).

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Observe que o ato de polícia é, em princípio, dis- poderia ocorrer em situações muito específicas,
cricionário, mas passará a ser vinculado se a norma como é o caso dos capitães de navio, que outorgariam
legal que o rege estabelecer o modo e forma de sua a particulares cometimentos tipicamente públicos
realização. Neste caso, a autoridade só poderá pra- relacionados à liberdade e à propriedade.
ticá-lo validamente atendendo a todas as exigên- Mas é possível delegação de atos materiais de
cias da lei ou regulamento pertinente (MEIRELLES, polícia ou de mera execução: v.g., empresa privada
2010, p. 139). pode realizar o serviço de executar a demolição de
◼ Autoexecutoriedade: em nome do princípio da uma obra clandestina. Porém, o decidir demolir a
eficiência e da supremacia do interesse público obra clandestina foi ato anterior e necessariamente
sobre o particular, os atos de polícia deverão ser emanado da autoridade administrativa.
realizados independentemente de autorização do
poder judiciário.
No RE 658.570, por seis votos a cinco, aos 6 de agosto
de 2015, o STF decidiu que as guardas municipais têm
Não confunda autoexecutoriedade das competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de
sanções de polícia com punição sumária infração de trânsito e impor multas.
e sem defesa: só é possível a aplicação de
sanção sumariamente e sem defesa em
situações urgentes, capazes de colocar em 3.3.6. Poder regulamentar (ou normativo)
risco a segurança ou saúde pública (v.g.,
a interdição de um bar que está vendendo É poder que o chefe do executivo tem de comple-
coxinhas estragadas) ou quando se tratar mentar a lei (através de um ato normativo secundá-
de situação de flagrância. Em todos os rio) e, assim, garantir sua fiel execução (regulamento
demais casos é necessária a instauração de executivo ou de execução). Esse poder regulamentar
processo administrativo. pode ser exercido através de diversos atos de regu-
lamentação, por exemplo, decretos, regulamentos,
portarias, editais, circulares etc.
◼ Coercibilidade: atributo que aparece sempre que o
ato constituir obrigação para o a
­ dministrado. Esse O regulamento não é lei, embora a ela se assemelhe no
atributo justifica o emprego de força física sempre conteúdo e poder normativo. Nem toda lei depende de
que houver oposição por parte do infrator – mas regulamento para ser executada, mas toda e qualquer
desde que ­pautado nos princípios da proporciona- lei pode ser regulamentada se o executivo julgar conve-

lidade e ­razoabilidade. niente fazê-lo (MEIRELLES, 2010, p. 132).

g) O STF, ao julgar a ADI 1.717, decidiu pela impos-


sibilidade de delegação do exercício do poder de A lei de drogas (ato normativo primário) esta-
polícia para entes da iniciativa privada, uma vez belece quais os crimes e procedimento envolvendo
que esses entes são carecedores do ius imperii ne- drogas, mas não fixa quais são as substâncias con-
cessário ao exercício deste poder. sideradas drogas. É necessário, assim, um ato de
Essa vedação também encontra respaldo na Lei complementação dessa lei, a fim de garantir sua fiel
n. 11.079/2004, lei que traz normas para o contra- execução. A Anvisa, então, através de ato normativo
to de concessão especial – Parceria Público-privada, secundário, expediu o ato de regulamentação, es-
e fixou como diretriz obrigatória a indelegabilidade tabelecendo quais as substâncias que seriam con-
do exercício do poder de polícia. sideradas proibidas e quais as consideradas de uso
Celso Antônio Bandeira de Mello (2010, p. 826) controlado. Em janeiro de 2015, o CBD (canabidiol),
entende que essa delegação para particulares só e, em março de 2016, o THC (tetra-hidrocanabinol

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– que são dois componentes extraídos da folha da


maconha e que têm propriedades para tratar algu-
mas doenças (v.g., câncer, esclerose múltipla, mal
de Parkinson) – deixaram de integrar a lista E e F2
da Anvisa (lista que inclui as substâncias entorpe-
centes) e passaram a integrar a lista C1 (que cuida da
lista de substâncias classificadas como controladas,
ou seja, aquelas cujo desenvolvimento e registro ne-
cessitam de aprovação). Dessa forma, com essa re-
classificação, os pacientes podem solicitar à Anvisa
a importação dessas substâncias – já que no Brasil
ainda não há registro de medicamentos ou produtos
semelhantes contendo essas substâncias. (Diversas
notícias e reportagens sobre esse tema você encontra
em www.liciniarossi.com.br).
Há, ainda, a figura dos regulamentos autônomos
ou independentes que podem ser conceituados como
“aqueles editados pela autoridade competente para
dispor sobre matérias constitucionalmente reserva-
das ao Executivo. Constituem reminiscências do an-
tigo poder de legislar, dantes concentrado nas mãos
dos Chefes de Estado. Não estão esses regulamentos,
verdadeiras leis em sentido material, atrelados a ne-
nhuma lei, nem dependem de qualquer delegação
prévia do Legislativo” (GASPARINI, 2009, p. 125).

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4.
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ATOS
ADMINISTRATIVOS
4.1. Introdução
Aprendi que a Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da

coragem não Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim
imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e de-
é a ausência clarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria

de medo, mas
(MEIRELLES, 2010, p. 153).

o triunfo sobre 4.2. Classificações importantes


ele. O homem
corajoso não 4.2.1. Ato simples
é aquele que Uma única manifestação de vontade que torna o ato perfeito e aca-

não sente
bado. Celso Antônio Bandeira de Mello (2007, p. 419) exemplifica com a
licença de habilitação para dirigir automóvel.

medo, mas Os atos simples podem ser singulares, quando há a vontade de apenas
uma autoridade, e colegiais, quando a decisão é tomada por Comissões

o que vence ou Conselhos.

esse medo." 4.2.2. Ato composto


Nelson Mandela Mais de uma manifestação de vontade e agentes em patamar de desi-
gualdade. Mesmo órgão: a vontade do órgão é única. Por exemplo, auto-
rização que depende de visto da autoridade superior.

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4.2.3. Ato complexo os elementos e requisitos de formação, mas faltando


ainda a verificação de algum fator de eficácia para a
Mais de uma manifestação de vontade e agentes produção dos efeitos, tais como condição ou termo)
em patamar de igualdade em órgãos diferentes. Por e consumados (quando já produziram ou estão pro-
exemplo, nomeação dirigente de agência reguladora duzindo todos os efeitos objetivados, tornando-se
– Presidente da República nomeia (ato 1) e depende irretratáveis ou imodificáveis)” (NETTO DE ARAÚJO,
de aprovação do Senado Federal (ato 2). 2007, p. 456).
Quanto aos destinatários, podem ser gerais ou
normativos. São aqueles que não têm destinatário
determinado. Possuem “sujeitos inespecificados,
porque colhidos em razão de se incluírem em uma
4.3. Atributos dos
situação determinada ou em uma classe de pessoas” atos administrativos
(GASPARINI, 2009, p. 416). Portanto, são atos de co-
mando abstrato, impessoal, aplicados erga omnes
e abarcando todos aqueles que se encontrarem na 4.3.1. Presunção de legitimidade
mesma situação de fato disciplinada pelo ato. Por
exemplo, horário de funcionamento da repartição Significa que, uma vez praticado o ato adminis-
pública das oito até dezessete horas. trativo, este presume-se que foi praticado em con-
Já os atos individuais ou especiais são aqueles que formidade com a lei, e que os atos e fatos alegados
possuem destinatários determinados e individua- pelo administrador são verdadeiros e morais.
lizados, trazendo-lhes uma situação jurídica pecu- Essa presunção é relativa, ou seja, admite pro-
liar e produzindo efeitos jurídicos no caso concreto, va em contrário, cabendo o ônus dessa prova
como é o caso do ato expropriatório que desapropria ao administrado.
a propriedade do José ou do ato de nomeação da ser-
vidora Joana para ocupar o cargo “x”. 4.3.2. Autoexecutoriedade
É possível que tais atos abarquem vários sujeitos,
desde que estes possam ser individualizados. Desta A Administração Pública pode colocar em prática
forma, podemos classificá-los em singular, quan- as decisões que tomou sem a necessidade de recorrer
do há somente um destinatário específico para o ao Poder Judiciário, gozando, para isso, de mecanis-
ato: nomeação do servidor Roberto, ou, ainda, pode mos coercitivos próprios, inclusive o uso da força se
ser classificado como plúrimo, quando há mais de necessário for. Desta forma, não há que se falar prima
um destinatário, os destinatários do ato são vários facie de contraditório e ampla defesa.
– exemplo: nomeação, em uma única lista, de múl- A autoexecutoriedade possui duas vertentes:
tiplos sujeitos especificados (BANDEIRA DE MELLO, a) Exigibilidade: “É a qualidade em virtude da qual
2007, p. 416); o ato de classificação dos aprovados em o Estado, no exercício da função administrativa,
concurso público (GASPARINI, 2009, p. 79). pode exigir de terceiros o cumprimento, a obser-
Quanto à exequibilidade “podemos considerar vância, das obrigações que impôs” (BANDEIRA DE
os atos administrativos perfeitos (que reúnem todos MELLO, 2007, p. 411).
os elementos necessários à sua operatividade, aptos b) Executoriedade: “É a qualidade pela qual o Poder
a produzir os efeitos objetivados), imperfeitos (cuja Público pode compelir materialmente o adminis-
formação é ainda incompleta, faltando ainda um ele- trado, sem precisão de buscar previamente as vias
mento ou requisito ou ato complementar para que judiciais, ao cumprimento da obrigação que impôs
seja operante), pendentes (os atos perfeitos, presentes e exigiu” (BANDEIRA DE MELLO, 2007, p. 411).

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4.3.3. Tipicidade
Vícios de forma

“Tipicidade é o atributo pelo qual o ato adminis-


trativo deve corresponder a figuras definidas previa-
mente pela lei como aptas a produzir determinados Meras Vícios sanáveis Vícios insanáveis
resultados. Para cada finalidade que a Administração irregularidades
pretende alcançar existe um ato definido em lei” (DI
PIETRO, 2007, p. 186-187).
O ato O ato é anulável, O ato é nulo, e
será válido porém poderá deverá proceder-se
4.3.4. Imperatividade ser convalidado à sua anulação

A imperatividade significa que o ato adminis-


trativo constitui unilateralmente em obrigações.
4.4.2. Finalidade
Por exemplo, se um indivíduo dirigir em alta ve-
locidade, receberá multa independentemente de A finalidade de todo e qualquer ato administrativo
sua concordância. é buscar o interesse público. Quando o administrador
passa a perseguir interesses pessoais (e não mais o
interesse da coletividade) haverá desvio de finalidade
4.4. Elementos ou requisitos dos na conduta do agente – o móvel (intenção) do agente
estará contaminado. Por exemplo, o agente confere
atos administrativos
uma autorização apenas para o seu melhor amigo,
porque sua intenção é a de beneficiá-lo. Tal ato, in-
clusive, configura improbidade administrativa (Lei
4.4.1. Forma
n. 8.429/92).
É o meio pelo qual se exterioriza a vontade, con-
Fins – Os fins da administração pública resumem-se
sistindo em verdadeiro requisito de validade do ato
num único objetivo: o bem comum da coletividade
administrativo. Em regra, a forma para a prática do
administrada. Toda atividade do administrador pú-
ato administrativo deverá ser a forma escrita – prin-
blico deve ser orientada para esse objetivo. Se dele o
cípio da solenidade. Excepcionalmente, poderá ser administrador se afasta ou desvia, trai o mandato de
admitida a forma verbal (normalmente em ordens que está investido, porque a comunidade não institui
dadas pelo superior ao seu subordinado) e o silêncio a Administração senão como meio de atingir o bem-
(sempre que a lei atribuir algum valor para o silêncio). -estar social. Ilícito e imoral será todo ato administra-
tivo que não for praticado no interesse da coletividade
(MEIRELLES, 2010, p. 87).

No processo administrativo federal (Lei n.


9.784/99, art. 22) vigora o princípio do infor-
malismo: “os atos do processo administrativo 4.4.3. Sujeito competente
não dependem de forma determinada senão
A competência funda-se na necessidade de divi-
quando a lei expressamente a exigir”.
são do trabalho entre os agentes estatais. Há neces-
sidade de distribuir a intensa quantidade de tarefas

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decorrentes de cada uma das funções entre os vários 4.4.4. Motivo


agentes do Estado.
Entende-se por motivo o evento ou fato da realidade
A competência administrativa é irrenunciável1, porque ontológica, que suscita a emissão do ato administrativo.
criada por lei e atribuída ao cargo ou função, não ao in- O prédio que se incendeia é um evento que se constitui
divíduo. Então, o sujeito pode renunciar ao cargo que em causa para a emissão de diversos atos administrati-
vos (interdição do imóvel, modificação nas mãos de di-
ocupa, mas não pode manter o cargo e eliminar a com-
reção das cercanias etc.). Um pedido de fornecimento de
petência correspondente (JUSTEN FILHO, 2010, p. 336).
determinada certidão é um fato que igualmente é moti-
vo para a expedição do correspondente ato administra-
4.4.3.1. Critérios para definição de competência
tivo (PESTANA, 2008, p. 223).

a) Em razão da matéria: traz intrínseca a ideia de es-


Pressupostos de fato + pressupostos de direito =
pecificidade da função para sua melhor execução.
embasamento necessário para a prática do ato.
Por essa razão são criados diversos Ministérios,
Pressuposto de fato (ou motivo de fato, conforme
Secretarias e suas subdivisões.
José dos Santos Carvalho Filho (2010, p. 105) são as
b) Em razão da hierarquia: normalmente terá atri-
circunstâncias ocorridas. Pressuposto de direito (ou
buições mais complexas aquele que estiver situa-
motivo de direito conforme José dos Santos Carvalho
do em um plano hierárquico mais elevado.
Filho (2010, p. 105) são os fundamentos legais que
c) Em razão do lugar: qual agente público é o com-
embasam a prática do ato. Por exemplo, um servidor
petente para cuidar do assunto “x” no local “y”?
comete uma infração e é punido.
d) Em razão do tempo: durante certo tempo, certo
O pressuposto de fato é o cometimento da infra-
período a norma confere a certo órgão compe-
ção. Esta é a circunstância ocorrida. O pressuposto
tência, como ocorre em situações de calamidades de direito é a legislação que diz que tal conduta é in-
públicas, quando poderá, excepcionalmente, atri- fração. É o fundamento legal que embasa a prática do
buir-se a determinado agente uma competência, ato. Assim, motivo é a razão da prática do ato.
que persistirá enquanto perdurar a situação.
A competência excepcionalmente poderá ser de- 4.4.4.1. Motivação
legada (delegação) e avocada (avocação), mas, em
algumas situações, a delegação não será permitida. A motivação é a justificativa do pronunciamento
tomado. Nos termos do art. 50 da Lei n. 9.784/99 será
obrigatória nos seguintes casos: a) neguem, limitem
ou afetem direitos ou interesses; b) imponham ou
Lei n. 9.784/99
agravem deveres, encargos ou sanções; c) decidam
Art. 13 (...)
processos administrativos de concurso ou seleção
I – a edição de atos de caráter normativo;
pública; d) dispensem ou declarem a inexigibilidade
II – a decisão de recursos administrativos;
de processo licitatório; e) decidam recursos admi-
III – as matérias de competência exclusiva do
nistrativos; f) decorram de reexame de ofício; g) dei-
órgão ou autoridade.
xem de aplicar jurisprudência firmada sobre a ques-
tão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e

1 É o que determina o art. 11 da Lei n. 9.784/99: A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a
que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.

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relatórios oficiais; h) importem anulação, revogação, Todavia, se a Administração, mesmo não preci-
suspensão ou convalidação de ato administrativo. sando elencar os motivos da exoneração, o dis-
ser, esse motivo alegado passará a integrar o ato.
A motivação se relaciona à forma do ato administrati- O motivo alegado deve ser verdadeiro e existente,
vo e consiste na exposição formal do motivo. O motivo sob pena de comprometer a legalidade do ato (in-
é esse processo mental interno ao agente que pratica o cidência da Teoria dos Motivos Determinantes).
ato. A motivação consiste na exteriorização formal do Assim, se a Administração disser que está exone-
motivo, visando a propiciar o controle quanto à regula- rando o servidor para “reduzir despesas com folha
ridade do ato (JUSTEN FILHO, 2010, p. 339). de pagamento”, este será o motivo da exoneração.
Importante ressaltar que a decisão do STF, ao jul-
Assim, “a motivação é necessária para todo e gar o tema 763 na repercussão geral no RE 786.540,
qualquer ato administrativo, consoante já decidiu firmou a tese de que “1. Os servidores ocupantes de
o STF” (RDP 34:141). Hoje, com mais razão, essa cargo exclusivamente em comissão não se sub-
afirmação é de todo pertinente, pois a Constituição metem à regra da aposentadoria compulsória pre-
Federal exige que até as decisões administrativas dos vista no art. 40, § 1º, II, da Constituição Federal, a
Tribunais sejam motivadas (art. 93, X). Daí a correta qual atinge apenas os ocupantes de cargo de pro-
observação de Lúcia Valle Figueiredo (2004, p. 53): vimento efetivo, inexistindo, também, qualquer
“Ora, se, quando o Judiciário exerce função atípica idade limite para fins de nomeação a cargo em
– a administrativa – deve motivar, como conceber comissão; 2. Ressalvados impedimentos de ordem
o administrador desobrigado da mesma conduta?”. infraconstitucional, não há óbice constitucional a
Não obstante tem-se apregoado que a motivação só que o servidor efetivo aposentado compulsoria-
é obrigatória quando se trata de ato vinculado (casos mente permaneça no cargo comissionado que já
de dispensa de licitação) ou quando, em razão da lei desempenhava ou a que seja nomeado para cargo
ou da Constituição, ela for exigida. “Nesta última hi- de livre nomeação e exoneração, uma vez que não
pótese, não importa a natureza vinculada ou discri- se trata de continuidade ou criação de vínculo efe-
cionária do ato, ela é indispensável à sua legalidade” tivo com a Administração”.
(GASPARINI, 2009, p. 23-24).

4.4.4.2. Teoria dos motivos determinantes A LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal – LC


101/2000) e o art. 169 da CF estabelecem
Gaston Jèze sistematizou a “teoria dos motivos limites com gastos destinados a folha de
determinantes”. Por essa teoria, os atos administra- pagamento de pessoal: “a despesa com
tivos, quando tiverem sua prática motivada, vincu- pessoal ativo e inativo da União, dos Estados,
lam-se aos motivos expostos, que devem correspon- do Distrito Federal e dos Municípios não
der perfeitamente à realidade. Os atos discricionários, poderá exceder os limites estabelecidos
se motivados, ficam vinculados aos motivos dados. em lei complementar. Quando os gastos
Ensina Caio Tácito: “Ocorrendo desconformidade estiverem acima dos limites previstos na
entre os motivos determinantes e a realidade, o ato é referida LC, algumas providências deverão
inválido” (RDA 36/78). ser tomadas: a) redução em pelo menos
Sobre este tema podemos destacar duas vinte por cento das despesas com cargos
peculiaridades: em comissão e funções de confiança;
◼ Exoneração ad nutum: consiste na exoneração b) exoneração dos servidores não estáveis.
do servidor ocupante de cargo em comissão, sem O tema em questão envolve não só conteúdo
para tanto ser necessário justificativa do porquê de direito administrativo, mas também o
da exoneração. direito constitucional e o direito financeiro.

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◼ Tredestinação legal: de acordo com o Decreto- b) O vício de forma consiste na omissão ou na obser-
lei n. 3.365/41, é possível a mudança de motivo vância incompleta ou irregular de formalidades
na desapropriação, sem que isso viole a teoria dos indispensáveis à existência ou seriedade do ato.
motivos determinantes, desde que mantida uma c) A ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado
razão de interesse público. Por exemplo, inicial- do ato importa em violação de lei, regulamento ou
mente desaproprio determinada área para a cons- outro ato normativo.
trução de uma escola pública. Em momento pos- d) A inexistência dos motivos se verifica quando a
terior, muda-se o motivo daquela desapropriação matéria de fato ou de direito, em que se funda-
e resolve-se fazer um hospital público. menta o ato, é materialmente inexistente ou juri-
dicamente inadequada ao resultado obtido.
4.4.5. Objeto ou conteúdo e) O desvio de finalidade se verifica quando o agen-
te pratica o ato visando a fim diverso daquele
Consiste em determinar qual o efeito jurídico
previsto, explícita ou implicitamente, na regra
imediato que o ato produz. Para que serve determi-
de competência.
nado ato? O objeto é o que se cria, modifica, extingue,
adquire, resguarda, transfere na ordem jurídica.
Os elementos do ato administrativo encon-
tram definição no art. 2º, parágrafo único, da Lei da 4.5. Extinção dos atos
Ação Popular: administrativos
a) A incompetência fica caracterizada quando o ato
não se incluir nas atribuições legais do agente que 1) Extinção do ato em razão do cumprimento de
o praticou. seus efeitos:

Cumprimento dos efeitos de


um ato administrativo:

1 – Esgotamento de seu 2 – Execução material 3 – Advento do termo final


conteúdo jurídico

Exemplificando: é o caso da Exemplificando: José Santos Carvalho Filho


concessão de férias para um uma ordem executada. exemplifica: autorização por
servidor. Gozadas as férias, a) A Administração Pública, prazo certo para o exercício
o ato será extinto em razão do no exercício do poder de polícia, de determinada atividade.
cumprimento de seus efeitos. determinou a demolição de uma
obra clandestina. Demolida a
obra, o ato terá cumprido seus
efeitos. b) A destruição de
mercadoria nociva ao consumo
público, conforme José dos
Santos Carvalho Filho.

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2) Extinção do ato em razão do desaparecimento do de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo


sujeito ou do objeto. de decadência contar-se-á da percepção do
3) Extinção do ato em razão da renúncia: com a re- primeiro pagamento. Considera-se exercício
núncia ocorre a extinção dos efeitos do ato em ra- do direito de anular qualquer medida de
zão da rejeição, pelo beneficiário, de uma situação autoridade administrativa que importe
jurídica favorável que gozava como consequência impugnação à validade do ato.
daquele ato. Assim, haverá renúncia quando um
agente público renunciar férias em dobro.
4) Extinção do ato em razão de anulação é a retirada
5) Extinção do ato em razão de revogação tem
de um ato em razão de ilegalidade.
por fundamento o Poder Discricionário da
Sobre este tema, o Supremo Tribunal Federal pos-
Administração Pública, repetindo-se o uso de
sui as Súmulas 346 e 473.
uma competência sobre uma mesma questão. Se a
Administração Pública verificar que o ato ou a si-
STF – Súmula 346
tuação jurídica por ele gerados são inconvenientes
A administração pública pode declarar a
ou inoportunos ao interesse público, o ato será re-
nulidade dos seus próprios atos.
tirado, revogado.
A revogação, ainda, pode ser expressa ou tácita.
STF – Súmula 473 É expressa quando a Administração Pública decla-
A Administração pode anular seus ra revogado tal ou qual ato. Há, portanto, um ato
próprios atos, quando eivados de vícios específico para determinada finalidade. Assim é
que os tornam ilegais, porque deles não se a Administração Pública declara revogado o ato
se originam direitos; ou revogá-los, por que outorgou a certo particular o uso privativo de
motivo de conveniência ou oportunidade, algum bem público, usando para tanto outro ato
respeitados os direitos adquiridos, administrativo. É tácita quando a Administração,
e ressalvada, em todos os casos, ao prover sobre certa situação, dispõe de forma in-
a apreciação judicial.
compatível com outra já existente. É o que ocorre
com uma permissão de uso de bem público quan-
Em regra, a anulação opera efeitos ex tunc, isto é, do a Administração Pública o aliena a terceiro ou
efeitos retroativos. ao próprio permissionário. Essas duas situações
Se o ato ilegal é restritivo de direitos, os seus efei- são incompatíveis (GASPARINI, 2009, p. 106).
tos, quando da anulação, serão ex tunc. Entretanto, 6) Extinção do ato em razão de cassação é a reti-
se o ato ilegal é ampliativo de direitos, aí então seus rada de um ato quando o destinatário descum-
efeitos serão ex nunc, conforme ensinamentos de pre condições que deveria continuar atendendo
Celso Antônio Bandeira de Mello (2010, p. 417-418): (BANDEIRA DE MELLO, 2010, p. 437).
7) Extinção do ato em razão de caducidade consiste
na retirada do ato em razão da superveniên­cia de
O direito da Administração de anular os atos norma que não mais admite a situação antes per-
administrativos de que decorram efeitos mitida e concedida pelo ato.
favoráveis para os destinatários decai em 8) Extinção do ato em razão de contraposição (ou derru-
cinco anos, contados da data em que foram bada) é a retirada do ato em razão do advento de um se-
praticados, salvo comprovada má-fé. No caso gundo ato que impede que o primeiro produza efeitos.

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5.
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ORGANIZAÇÃO DA
ADMINISTRAÇÃO
5.1. Administração direta
Não queira Integrando a organização político-administrativa da República

ser melhor do Federativa do Brasil, temos a Administração Direta (ou centraliza-


da), composta pelos entes políticos: União, Estados, Distrito Federal e
que alguém. Municípios – todos autônomos, com personalidade jurídica de direito

Queria apenas
público e regidos pela Constituição Federal.
À União compete:

ser melhor do
◼ Manter relações com Estados estrangeiros e participar de organiza-
ções internacionais.

que você foi ◼ Declarar a guerra e celebrar a paz.


◼ Assegurar a defesa nacional.

ontem. Não ◼ Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças es-
trangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
se compare. temporariamente.

Você é único
◼ Decretar o estado de sítio (art. 137, CF), o estado de defesa (art. 136,
CF) e a intervenção federal (art. 34, CF).

e especial
◼ Autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico (in-
clusive se houver danos decorrentes da manipulação de material bé-

por isso." lico, adota-se a teoria da responsabilidade objetiva na modalidade


risco integral).
◼ Emitir moeda.
Licínia Rossi
◼ Administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de
natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitali-
zação, bem como as de seguros e de previdência privada.
◼ Elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do ter-
ritório e de desenvolvimento econômico e social.

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◼ Manter o serviço postal e o correio aéreo nacio- ◼ Planejar e promover a defesa permanente contra
nal (tema que inclusive foi objeto de análise pelo as calamidades públicas, especialmente as secas e
STF quando do julgamento da ADPF 46 – que fi- as inundações (quando em nome do princípio da
xou para as Empresas de Correios e Telégrafos – supremacia do interesse público sobre o do par-
que têm tratamento de Fazenda Pública – a exclu- ticular será possível intervenção do Estado na
sividade na prestação do serviço postal). propriedade particular com, v.g., o instituto da re-
◼ Explorar, diretamente ou mediante autorização, quisição administrativa do art. 5º, XXV, CF – que
concessão ou permissão, os serviços de teleco- será estudado oportunamente).
municações, nos termos da lei, que disporá sobre ◼ Instituir sistema nacional de gerenciamento de
a organização dos serviços, a criação de um órgão recursos hídricos e definir critérios de outorga de
regulador e outros aspectos institucionais. direitos de seu uso.
◼ Explorar, diretamente ou mediante autorização, ◼ Instituir diretrizes para desenvolvimento urbano,
concessão ou permissão: inclusive habitação, saneamento básico e trans-
a) Os serviços de radiodifusão sonora, e de sons portes urbanos.
◼ Estabelecer princípios e diretrizes para o Sistema
e imagens.
Nacional de Viação.
b) Os serviços e instalações de energia elétrica e o
◼ Executar serviços de polícia marítima, aeroportu-
aproveitamento energético dos cursos de água,
ária de fronteiras.
em articulação com os Estados onde se situam
◼ Explorar os serviços e instalações nucleares de
os potenciais hidroenergéticos.
qualquer natureza e exercer monopólio estatal
c) A navegação aérea, aeroespacial e a infraestru-
sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e re-
tura aeroportuária.
processamento, a industrialização e o comércio de
d) Os serviços de transporte ferroviário e aquavi-
minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
ário entre portos brasileiros e fronteiras nacio-
seguintes princípios e condições:
nais, ou que transponham os limites de Estado
a) Toda atividade nuclear em território nacional
ou Território.
somente será admitida para fins pacíficos e
e) Os serviços de transporte rodoviário interesta-
mediante aprovação do Congresso Nacional.
dual e internacional de passageiros.
b) Sob regime de permissão, são autorizadas a
f) Os portos marítimos, fluviais e lacustres. comercialização e a utilização de radioisóto-
◼ Organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério pos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas
Público do Distrito Federal e dos Territórios e a e industriais.
Defensoria Pública dos Territórios. c) Sob regime de permissão, são autorizadas a
◼ Organizar e manter a polícia civil, a polícia mi- produção, comercialização e utilização de ra-
litar e o corpo de bombeiros militar do Distrito dioisótopos de meia-vida igual ou inferior a
Federal, bem como prestar assistência financei- duas horas.
ra ao Distrito Federal para a execução de serviços d) A responsabilidade civil por danos nuclea-
públicos, por meio de fundo próprio. res independe da existência de culpa (essa
◼ Organizar e manter os serviços oficiais de esta- responsabilidade é objetiva na modalidade
tística, geografia, geologia e cartografia de âm- risco integral).
bito nacional. ◼ Organizar, manter e executar a inspeção
◼ Exercer a classificação, para efeito indicativo, do trabalho.
de diversões públicas e de programas de rádio ◼ Estabelecer as áreas e as condições para o exer-
e televisão. cício da atividade de garimpagem, em forma
◼ Conceder anistia. associativa.

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Além dessas atribuições da União (art. 21), a sentido jurídico-administrativo, é atribuir a ou-
Constituição Federal (art. 23) trouxe também um trem poderes da Administração. O detentor dos po-
rol de competências comuns da União, dos Estados, deres da Administração é o Estado, pessoa única,
do Distrito Federal e dos Municípios: embora constituída dos vários órgãos que inte-
◼ Zelar pela guarda da Constituição, das leis e das gram sua estrutura.
instituições democráticas e conservar o patrimô- Despersonalizados, esses órgãos não agem em
nio público. nome próprio, mas no do Estado, de que são ins-
◼ Cuidar da saúde e assistência pública, da prote- trumentos indispensáveis ao exercício de suas
ção e garantia das pessoas portadoras de defi­ funções e atividades típicas. A descentralização
ciência (nesse sentido vide Estatuto das Pessoas administrativa pressupõe, portanto, a existên-
com Deficiência). cia de uma pessoa, distinta da do Estado, a qual,
◼ Proteger os documentos, as obras e outros bens investida dos necessários poderes de adminis-
de valor histórico, artístico e cultural, os monu- tração, exercita atividade pública ou de utilida-
mentos, as paisagens naturais notáveis e os sí- de pública. O ente descentralizado age por ou-
tios arqueológicos.
torga do serviço ou atividade, ou por delegação
◼ Impedir a evasão, a destruição e a descaracteri-
de sua execução, mas sempre em nome próprio”
zação de obras de arte e de outros bens de valor
(MEIRELLES, 2010, p. 784-785). Com a descen-
histórico, artístico ou cultural (vide art. 216, CF).
tralização ocorrerá a criação de uma nova pessoa
◼ Proporcionar os meios de acesso à cultura,
jurídica que “ajudará” na execução e prestação
à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e
dos serviços públicos.
à inovação.
◼ Desconcentração: “O fenômeno da distribuição
◼ Proteger o meio ambiente e combater a poluição
interna de plexos de competências decisórias,
em qualquer de suas formas.
agrupadas em unidades individualizadas, deno-
◼ Preservar as florestas, fauna e flora.
mina-se desconcentração. Tal desconcentração se
◼ Fomentar a produção agropecuária e organizar o
faz tanto em razão da matéria, isto é, do assun-
abastecimento alimentar.
to (por exemplo, Ministério da Justiça, da Saúde,
◼ Promover programas de construção de moradias e
da Educação etc.), como em razão do grau (hierar-
a melhoria das condições habitacionais e de sane-
amento básico. quia), ou seja, do nível de responsabilidade deci-
◼ Combater as causas da pobreza e os fatores de sória conferido aos distintos escalões que corres-
marginalização, promovendo a integração social ponderão aos diversos patamares de autoridade
dos setores desfavorecidos. (por exemplo, diretor de Departamento, diretor
◼ Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de Divisão, chefe de Seção, encarregado de Setor).
de direitos de pesquisa e exploração de recursos Também se desconcentra com base em critério
hídricos e minerais em seus territórios. territorial ou geográfico (por exemplo, delegacia
◼ Estabelecer e implantar política de educação para regional da Saúde em São Paulo, Minas Gerais, Rio
a segurança do trânsito. de Janeiro etc.). A aludida distribuição de com-
petências não prejudica a unidade monolítica do
5.1.1. Descentralização versus Estado, pois todos os órgãos e agentes permane-
desconcentração cem ligados por um sólido vínculo denominado
hierarquia” (BANDEIRA DE MELLO, 2007, p. 150).
◼ Descentralização: “Descentralizar, em senti- Na desconcentração não há criação de nova pes-
do comum, é afastar do centro; descentralizar, em soa jurídica.

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5.2. Autarquias autarquias prescrevem em cinco anos – prescri-


ção quinquenal.
Autarquia é uma pessoa jurídica de direito público que j) Sobre a OAB, o STF decidiu (na ADI 3.026) não é
integra a Administração indireta e Descentralizada do considerada autarquia e que não integra nem
Estado, criada por lei específica, para o exercício de fun- a Administração Pública direta nem a indire-
ções próprias e típicas do Estado, com independência ta. Dessa forma, goza de algumas caracterís-
de autoadministração e sujeição ao controle de tutela. ticas específicas:
As atividades que podem ser outorgadas a uma autar- 1) Seu pessoal é regido pela CLT, porém não sub-
quia variam desde a previdência pública (INSS), poder de
metidos a concurso público (enquanto nas
polícia (Ibama) e regulamentação (Cade, Banco Central,
demais autarquias profissionais – Conselhos
CVM), passam por atividade assistencial (Incra) e che-
Profissionais – devem sujeitar-se ao regime
gam até mesmo à saúde (FHEMIG) e educação (UFRJ).
estatutário da Lei n. 8.112/90).
Em todos estes casos tem-se uma pessoa administrati-
va, sujeita ao regime jurídico de direito público, que de- 2) As contribuições pagas pelos inscritos não tem
sempenha atividade típica dos entes federativos: senão natureza tributária.
serviço público, poder de polícia, atividade regulatória 3) A OAB não está sujeita a controle financeiro e
ou assistência social previstas na Constituição como orçamentário pelo Tribunal de Contas. É, por-
de competência própria do Estado (CARVALHO, 2009, tanto, um regime diferente e, assim, é consi-
p. 671-672). derada entidade sui generis.
k) O STF, em julho de 2016, ao julgar o RE 704.292,
5.2.1. Características com repercussão geral, decidiu que Conselhos de
profissão não podem fixar anuidade acima da pre-
a) Regidas pelo Decreto-lei n. 200/67. visão legal.
b) Personalidade jurídica de direito público (o que é
confirmado pelo CC – art. 41, IV).
c) Criação por lei (art. 37, XIX, CF).
5.3. Agências reguladoras
d) Seus atos e contratos são classificados como
administrativos. As agências reguladoras são autarquias de regime
e) Quanto ao nível federativo, as autarquias podem especial criadas com o escopo de disciplinar e contro-
ser federais, estaduais, distritais ou municipais. lar determinadas atividades, tais como (BANDEIRA
f) Desempenha funções e atividades típicas de DE MELLO, 2007, p. 170-171):
Estado – e podem ter diversos objetivos: autar- 1) Serviços públicos propriamente dito. Como é o
quias assistenciais; autarquias previdenciárias; caso da Aneel; Anatel; ANTT; Antaq; ANAC.
autarquias profissionais; autarquias administra- 2) Atividades de fomento e fiscalização de atividades
tivas; autarquias de controle (que são as agências privada – como é o caso da ANCINE.
reguladoras); autarquias associativas (que são as 3) Atividades exercitáveis para promover a regula-
associações públicas). ção, a contratação e a fiscalização das atividades
g) As autarquias, nos termos do art. 37, § 6º, da CF, econômicas integrantes da indústria do petróleo.
respondem objetivamente pelos danos que seus Como é o caso da ANP.
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. 4) Atividades em que o Estado também protagoniza
h) Gozam de imunidade tributária para impostos so- (e quando o fizer serão serviços públicos), mas,
bre o patrimônio, a renda e os serviços (art. 150, § paralelamente, são facultadas aos particulares.
2º, da CF) – desde que vinculados às suas finali- Como é o caso da Anvisa e da ANS.
dades essenciais. 5) Agência reguladora do uso de bem público. Como é
i) Dívidas e direitos em favor de terceiros contra o caso da ANA.

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As características principais das agências direito privado? Qual a interpretação que a doutrina
reguladoras: faz desse dispositivo?
a) Autonomia de seus dirigentes: que são nomea­dos Para a doutrina administrativista, se essa expres-
por ato complexo (aquele em que existe mais de são fundação for entendida como fundação pública
uma manifestação de vontade expedida por agen- de direito público, seu regime será muito semelhan-
tes em patamar de igualdade, porém em órgãos te ao das autarquias, e, portanto deverá ser concei-
diferentes): Presidente da República nomeia, mas tuada como autarquia fundacional – e então lei será
sob aprovação do Senado Federal. responsável por sua criação (lei cria autarquia e lei
b) Autonomia normativa: que traz a ideia de disci- cria autarquia fundacional – que é a fundação pública
plinar e normatizar (através de normas técnicas e de direito público).
específicas relacionadas à área de atuação) as ati- Mas, se a expressão fundação foi entendida como
vidades a que estão submetidas. fundação pública de direito privado, seu regime será
c) Autonomia gerencial, orçamentária e financei- muito semelhante ao das empresas públicas e so-
ra: que demonstra que estas entidades têm re- ciedades de economia mista e, portanto, deverá ser
cursos próprios. classificada como fundação governamental – tendo,
d) Nos dizeres da Súmula Vinculante 27, compete à assim, sua criação autorizada por lei.
Justiça Estadual julgar causas entre consumidor A lei cria autarquia e fundação pública de direi-
e concessionária de serviço público de telefonia, to público (autarquias fundacionais) e lei autoriza a
quando a Anatel não seja litisconsorte passiva ne- criação de empresas públicas, sociedade de economia
cessária, assistente nem opoente. mista e fundações públicas de direito privado (fun-
dações governamentais).

5.4. Fundações públicas


5.5. Agências executivas
De nossa parte, definimos fundação pública como a en-
tidade da administração indireta instituída pelo poder Define Diógenes Gasparini:
público mediante a personificação jurídica de direito
público ou personalidade jurídica de direito privado, Pode-se conceituar a agência executiva como sendo a
à qual a lei atribui competências administrativas espe- autarquia ou a fundação governamental assim qualifi-
cíficas, consubstanciadas, regra geral, em atividades de cada por ato do Executivo, responsável pela execução de
interesse social (a serem definidas em lei complemen- certo serviço público, livre de alguns controles e dotada
tar) (ALEXANDRINO; VICENTE, 2010, p. 56). de maiores privilégios que as assim não qualificadas,
desde que celebre com a Administração Pública a que
Nos termos do art. 37, XIX, CF, somente por lei se vincula um contrato de gestão. A qualificação não cria
específica poderá ser criada autarquia e autorizada a uma nova pessoa (GASPARINI, 2009, p. 341-342).
instituição de empresa pública, de sociedade de eco-
nomia mista e de fundação, cabendo à lei complemen- As agências executivas não exercem controle so-
tar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação. bre particulares prestadores de serviços públicos,
É, portanto, lei complementar que definirá as áre- mas, desempenham atividade estatal objetivando
as de atuação e finalidades da fundação. maior desenvoltura e resultados. Exemplos atuais de
Mas essa expressão fundação que o Texto agências executivas são Inmetro (Instituto Nacional
Constitucional menciona diz respeito à fundação de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial);
pública de direito público ou à fundação pública de ABIN (Agência Brasileira de Inteligência).

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5.6. Empresas públicas versus ◼ Sociedades de economia mista: “são pessoas


jurídicas de direito privado integrantes da
sociedades de economia mista
Administração Indireta do Estado, criadas por
autorização legal, sob a forma de sociedades anô-
◼ Empresas públicas: “Deve-se entender que em-
nimas, cujo controle acionário pertença ao poder
presa pública federal é a pessoa jurídica criada por
público, tendo por objetivo, como regra, a explo-
força de autorização legal como instrumento de
ração de atividades gerais de caráter econômico
ação do Estado, dotada de personalidade de Direito
e, em algumas ocasiões, a prestação de serviços
Privado, mas submetida a certas regras especiais
públicos” (CARVALHO FILHO, 2016, p. 599). Por
decorrentes de ser coadjuvante da ação governa-
exemplo, Banco do Brasil S.A., Banco da Amazônia
mental, constituída sob quaisquer das formas ad-
S.A., Petrobras.
mitidas em Direito e cujo capital seja formado uni-
→ Finalidade: a) prestação de serviço público ou
camente por recursos de pessoas de Direito Público
b) exploração da atividade econômica.
interno ou de pessoas de suas Administrações indire-
→ Capital misto: uma parte pública e outra privada.
tas, com predominância acionária residente na esfe-
→ Interessante é observar-se que não é o capital
ra federal” (BANDEIRA DE MELLO, 2007, p. 186).
misto que configura a sociedade de economia
Por exemplo, Empresa Brasileira de Correios e
mista, pois o termo “economia” sugere con-
Telégrafos; Financiadora de Estudos e Projetos –
teúdo mais amplo que “capital”. Na verdade,
Finep; Casa da Moeda do Brasil; Caixa Econômica
o traço marcante é a participação necessá-
Federal; Banco Nacional de Desenvolvimento ria do Estado na direção da empresa, pois este
Econômico Social – BNDES; Serviço Federal de é o elemento que lhe confere o poder de atuar,
Processamento de Dados – Serpro. vale dizer, de decidir em nível de execução so-
→ Finalidade: a) prestação de serviço público ou bre a específica atividade que lhe foi cometi-
b) exploração da atividade econômica. da por delegação legal (MOREIRA NETO, 2014,
→ Capital exclusivamente público. p. 354-355).
→ Constituídas sob qualquer modalidade → Só pode ser constituída sob a modalidade de
empresarial. sociedade anônima.
→ Tem sua criação autorizada por lei (art. 37, → Tem sua criação autorizada por lei (art. 37,
XIX, CF) somente por lei específica poderá ser XIX, CF) somente por lei específica poderá ser
criada autarquia e autorizada a instituição de criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia empresa pública, de sociedade de economia
mista e de fundação, cabendo à lei comple- mista e de fundação, cabendo à lei comple-
mentar, neste último caso, definir as áreas de mentar, neste último caso, definir as áreas de
sua atuação. sua atuação.
→ As empresas públicas prestadoras de serviços → As sociedades de economia mista prestadoras
públicos responderão objetivamente pelos da- de serviços públicos responderão objetiva-
nos que seus agentes causarem a terceiros (art. mente pelos danos que seus agentes causarem
37, § 6º, CF). a terceiros – art. 37, § 6º, CF.
→ As empresas públicas exploradoras da ativi- → As sociedades de economia exploradoras da
dade econômica em sentido estrito terão seu atividade econômica em sentido estrito terão
regime de responsabilidade pautado nas regras seu regime de responsabilidade pautado nas
do Código Civil e, portanto, fundada na teoria regras do Código Civil e, portanto, fundada na
da responsabilidade subjetiva. teoria da responsabilidade subjetiva.

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STF – Súmula 517 pública, de sociedade de economia mista e de


As sociedades de economia mista só têm suas subsidiárias.
foro na Justiça Federal, quando a União b) A constituição de empresa pública ou de sociedade
intervém como assistente ou opoente. de economia mista dependerá de prévia autori-
zação legal que indique, de forma clara, relevante
STF – Súmula 556 interesse coletivo ou imperativo de segurança na-
É competente a Justiça comum para cional, nos termos do art. 173 da CF.
julgar as causas em que é parte sociedade c) O art. 3º da referida lei define “empresa pública”
de economia mista. como a entidade dotada de personalidade jurídi-
ca de direito privado, com criação autorizada por
lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é
A Empresa Brasileira de Correios e integralmente detido pela União, pelos Estados,
Telégrafos é empresa pública, porém com pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.
tratamento de Fazenda Pública. Assim, d) O art. 4º da lei define “sociedade de economia
o STF, ao julgar o RE 773.992, reconheceu mista” como a entidade dotada de personalida-
a imunidade tributária da EBCT no que de jurídica de direito privado, com criação au-
tange ao pagamento de IPTU – aplicou, no torizada por lei, sob a forma de sociedade anô-
caso, a imunidade recíproca entre os entes nima, cujas ações com direito a voto pertençam
federativos, prevista no art. 150, VI, a, CF. em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito
Federal, aos Municípios ou a entidade da ad-
ministração indireta.
Ainda sobre a Empresa Brasileira de Correios e e) A sociedade de economia mista será constituída
Telégrafos, o STF, ao julgar o tema 402 com reper- sob a forma de sociedade anônima e, ressalvado
cussão geral no RE 627.051, fixou a tese de que “não o disposto nessa lei, estará sujeita ao regime pre-
incide o ICMS sobre o serviço de transporte de enco- visto na Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
mendas realizado pela Empresa Brasileira de Correios f) O estatuto da empresa pública, da sociedade de
e Telégrafos – ECT, tendo em vista a imunidade re- economia mista e de suas subsidiárias deverá
cíproca prevista no art. 150, VI, a, da Constituição observar regras de governança corporativa, de
Federal”. transparência (esses requisitos de transparência
A Lei n. 13.303, de 30 de junho de 2016, dispõe estão elencados no art. 8º da Lei n. 13.303/2016),
sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da so- de estruturas, práticas de gestão de riscos e de
ciedade de economia mista e de suas subsidiárias, controle interno, composição da administração e,
abrangendo toda e qualquer empresa pública e so- havendo acionistas, mecanismos para sua prote-
ciedade de economia mista da União, dos Estados, ção, todos constantes da Lei n. 13.303/2016.
do Distrito Federal e dos Municípios que explorem g) A empresa pública e a sociedade de economia mis-
atividade econômica de produção ou comercialização ta terão a função social de realização do interesse
de bens ou de prestação de serviços, ainda que a ati- coletivo ou de atendimento a imperativo da segu-
vidade econômica esteja sujeita ao regime de mono- rança nacional expressa no instrumento de auto-
pólio da União ou seja de prestação de serviços públi- rização legal para a sua criação.
cos, trazendo diversos pontos específicos sobre essas h) As licitações realizadas e os contratos celebrados
empresas estatais. por empresas públicas e sociedades de economia
Os principais aspectos trazidos pela lei são: mista destinam-se a assegurar a seleção da pro-
a) A exploração de atividade econômica pelo posta mais vantajosa, inclusive no que se refere ao
Estado será exercida por meio de empresa ciclo de vida do objeto, e a evitar operações em que

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se caracterize sobrepreço ou superfaturamento, de que o consórcio público é associação pública ou


devendo observar os princípios da impessoali- pessoa jurídica de direito privado sem fins econômi-
dade, da moralidade, da igualdade, da publici- cos, critérios para, em assuntos de interesse comum,
dade, da eficiência, da probidade administrativa, autorizar o consórcio público, representar os entes
da economicidade, do desenvolvimento nacional da federação consorciados perante outras esferas do
sustentável, da vinculação ao instrumento convo- governo, as normas de convocação e funcionamen-
catório, da obtenção de competitividade e do jul- to da assembleia geral, inclusive para a elaboração,
gamento objetivo. aprovação e modificação dos estatutos do consórcio
i) O art. 29 da Lei n. 13.303/2016 elenca as hipóteses público; a previsão de que a assembleia geral é a ins-
em que será dispensável a realização de licitação, tância máxima do consórcio público e o número de
e o art. 30 lista os casos em que a contratação será votos para as suas deliberações.
direta (em se tratando de hipótese de inviabilida- Nos termos do art. 6º, § 1º, da Lei n. 11.107/2005,
de de competição).
o consórcio público com personalidade jurídica de
Importante ressaltar que a Lei n. 13.303/2016 é
direito público integra Administração Indireta de
objeto de ADI no STF – ADI 5924. Questiona-se a pri-
todos os entes da Federação consorciados.
meira parte da lei – especificamente os dispositivos
do capítulo que trata do regime societário da empresa
Resulta, pois, que, formado consórcio público com a fi-
pública e da sociedade de economia mista (arts. 5º a sionomia jurídica de associação pública – sempre para
26). A argumentação para a propositura da referida consecução de objetivos de interesse comum dos entes
ação é pautada no fato de que a lei exige que esta- pactuantes e para implementação do sistema de gestão
tais e subsidiárias adotem uma estrutura societária associada, está com base no art. 241, CF – terá ela per-
não prevista no Código Civil e na Lei das S/A (Lei n. sonalidade jurídica de direito público e natureza jurídi-
6.404/76), bem como instituam órgãos de controle e ca de autarquia. Consequentemente, a tais associações
de fiscalização (auditoria interna e comitê de audi- serão atribuídas todas as prerrogativas que a ordem
toria estatutário) e estruturem conselhos fiscal e de jurídica dispensa às autarquias em geral (CARVALHO
administração com critérios restritivos de nomeação FILHO, 2016, p. 598).
de seus membros. Até o presente momento não há
decisão definitiva. Já o consórcio público adquirirá personalidade ju-
rídica de direito privado, mediante o preenchimento
dos requisitos da legislação civil, e neste caso obser-
vará as normas de direito público no que concerne
5.7. Associações públicas
à realização de licitação, celebração de contratos,
O consórcio público (Lei n. 11.107/2005) constitui- prestação de contas e admissão de pessoal, que será
rá a associação pública ou pessoa jurídica de direito regido pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
privado (art. 1º, § 1º). Considerações Finais:
O consórcio público adquirirá personalidade jurí- O Decreto n. 9507, de 21 de setembro de 2018,
dica de direito público, no caso de constituir associa- dispõe sobre a execução indireta, mediante contra-
ção pública, mediante vigência das leis de ratificação tação, de serviços da administração pública federal
do protocolo de intenções (art. 6º, I) e é o art. 4º da direta, autárquica e fundacional e das empresas pú-
referida lei que estabelece as cláusulas necessárias blicas e das sociedades de economia mista contro-
do protocolo de intenções, por exemplo: denomina- ladas pela União. Será ato do Ministro de Estado do
ção, finalidade, prazo de duração, sede do consórcio, Planejamento, Desenvolvimento e Gestão que esta-
identificação dos entes da federação consorciados, belecerá os serviços que serão preferencialmente ob-
indicação da área de atuação do consórcio, previsão jeto de execução indireta mediante contratação.

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Para a execução indireta de serviços, as contra- de referência e no contrato como exclusivamente de


tações deverão ser precedidas de planejamento e prestação de serviços.
o objeto será definido de forma precisa no instru- O que não pode ser objeto dessa execução indire-
mento convocatório, no projeto básico ou no termo ta? Vejamos:

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL DIRETA, EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE


AUTÁRQUICA E FUNDACIONAL ECONOMIA MISTA CONTROLADAS PELA UNIÃO

Art. 3° do Decreto n. 9.507, de 21 de setembro de 2018 Art. 4° do Decreto n. 9.507, de 21 de setembro de 2018

Não serão objeto de execução indireta na Nas empresas públicas e nas sociedades de economia
administração pública federal direta, autárquica e mista controladas pela União, não serão objeto de
fundacional, os serviços: execução indireta os serviços que demandem a utilização,
I − que envolvam a tomada de decisão ou posicionamento pela contratada, de profissionais com atribuições inerentes
institucional nas áreas de planejamento, coordenação, às dos cargos integrantes de seus Planos de Cargos e
supervisão e controle; Salários, exceto se contrariar os princípios administrativos
II − que sejam considerados estratégicos para o órgão ou da eficiência, da economicidade e da razoabilidade,
a entidade, cuja terceirização possa colocar em risco o tais como na ocorrência de, ao menos, uma das
controle de processos e de conhecimentos e tecnologias; seguintes hipóteses:
III − que estejam relacionados ao poder de polícia, de I − caráter temporário do serviço;
regulação, de outorga de serviços públicos e de aplicação II − incremento temporário do volume de serviços;
de sanção; e III − atualização de tecnologia ou especialização de
IV − que sejam inerentes às categorias funcionais serviço, quando for mais atual e segura, que reduzem o
abrangidas pelo plano de cargos do órgão ou da entidade, custo ou for menos prejudicial ao meio ambiente; ou
exceto disposição legal em contrário ou quando se tratar IV − impossibilidade de competir no mercado
de cargo extinto, total ou parcialmente, no âmbito do concorrencial em que se insere.
quadro geral de pessoal.

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6.
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TERCEIRO SETOR
6.1. Organizações sociais
Organização social é uma associação civil sem fim lucrativo ou fundação que,
em virtude do preenchimento de certos requisitos legais, é submetida a um

Você perde
regime jurídico especial, que contempla benefícios especiais do Estado para
a execução de determinadas atividades de interesse coletivo (JUSTEN FILHO,

100% dos tiros


2010, p. 255).

que nunca dá." São características das Organizações Sociais:


a) Regidas pela Lei n. 9.637/98.
Wayne Gretzky, jogador b) Têm personalidade jurídica de direito privado.
c) Não integram nem a Administração Pública Direta nem a Indireta.
de hóquei cujo nome
d) Sem fins lucrativos.
está no Hall da Fama e) Suas atividades são dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao de-
senvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio am-
biente, à cultura e à saúde.
f) Para uma entidade privada ser classificada como “organização so-
cial” deverá preencher alguns requisitos previstos no art. 2º da Lei
n. 9.637/98, v.g., comprovar o registro de seu ato constitutivo, dis-
pondo sobre: natureza social de seus objetivos relativos à respectiva
área de atuação; finalidade não lucrativa, com a obrigatoriedade de
investimento de seus excedentes financeiros no desenvolvimento das
próprias atividades; previsão expressa de a entidade ter, como órgãos
de deliberação superior e de direção, um conselho de administração e
uma diretoria definidos nos termos do estatuto; previsão de partici-
pação, no órgão colegiado de deliberação superior, de representantes
do Poder Público e de membros da comunidade, de notória capaci-
dade profissional e idoneidade moral; composição e atribuições da
diretoria; haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de
sua qualificação como organização social, do Ministro ou titular de
órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente

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ao seu objeto social e do Ministro de Estado da à supervisão do Ministério em cuja área de atua-
Administração Federal e Reforma do Estado etc. ção exerçam competência (art. 183 do Decreto-lei
g) Celebram com o Poder Público contrato de gestão n. 200/67).
– elaborado de comum acordo entre o órgão ou e) Art. 183 do Decreto-lei n. 200/67: “as entidades e
entidade supervisora e a organização social, com organizações em geral, dotadas de personalidade
discriminação das atribuições, responsabilidades jurídica de direito privado, que recebem contri-
e obrigações do Poder Público e da organização buições parafiscais e prestam serviços de interes-
social (art. 6º da Lei n. 9.637/98). se público ou social, estão sujeitas à fiscalização
h) O contrato de gestão deve ser submetido, após do Estado nos termos e condições estabelecidos
aprovação pelo Conselho de Administração da na legislação pertinente a cada uma”.
entidade, ao Ministro de Estado ou autorida- f) Não podem alvitrar fins lucrativos, portanto, são
de supervisora da área correspondente à ativi- entidades de caráter não econômico.
dade fomentada (art. 6º, parágrafo único, Lei g) Estão obrigadas a realizar licitação antes de suas
n. 9.637/98). contratações. O TCU também entendia nesse sen-
i) Para as organizações sociais poderão ser destina- tido, todavia mudou seu entendimento (com fun-
dos recursos orçamentários e bens públicos ne- damento no art. 22, XXVII, CF), excluindo essas
cessários ao cumprimento do contrato de gestão entidades da incidência da Lei n. 8.666/93.
(art. 12, Lei n. 9.637/98). h) Em setembro de 2014, o STF, ao julgar o RE
789.874, sustentou que as entidades que com-
põem os serviços sociais autônomos, por possu-
6.2. Serviços sociais autônomos írem natureza jurídica de direito privado e não
integrarem a administração indireta, não estão
Os serviços sociais autônomos são entes paraestatais, or- sujeitas à regra prevista no art. 37, II, CF, mesmo
ganizados para fins de amparo, de educação ou de as- que desempenhem atividades de interesse pú-
sistência social, comunitária ou restrita a determina-
blico em cooperação com Estado. Portanto, en-
das categorias profissionais, com patrimônio e renda
tidade do “Sistema S” não está obrigada a rea-
próprios, que, no caso da União, pode ser auferida por
lizar concurso para contratação de pessoal. Por
contribuições parafiscais, tudo obedecendo a parâmetros
constitutivos instituídos por lei, que lhes confere dele-
exemplo, Sesi (Serviço Social da Indústria), Sesc
gação legal no campo do ordenamento social e do fo- (Serviço Social do Comércio); Senai (Serviço
mento público (MOREIRA NETO, 2014, p. 359). Nacional de Aprendizagem Industrial) e Senac
(Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial);
São características dos Serviços Sociais Autônomos: Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
a) São pessoas jurídicas de direito privado. Pequenas Empresas).
b) São entidades que cooperam com o Poder Público
e que não integram a Administração Pública STF – Súmula 516
Indireta. O Serviço Social da Indústria – SESI – está
c) Prestam serviços de utilidade pública, benefician- sujeito à jurisdição da Justiça Estadual.
do determinados grupos sociais ou profissionais.
d) Recebem contribuições parafiscais, “recolhidas i) A Medida Provisória n. 850, de 10 de setembro de
compulsoriamente pelos contribuintes que as di- 2018, autorizou o Poder Executivo Federal a ins-
versas leis estabelecem, para enfrentarem os cus- tituir a Agência Brasileira de Museus − Abram,
tos decorrentes de seu desempenho, sendo vin- serviço social autônomo, na forma de pessoa ju-
culados aos objetivos da entidade” (CARVALHO rídica de direito privado sem fins lucrativos, de
FILHO, 2016, p. 636) – e, assim, estão vinculados interesse coletivo e de utilidade pública, com a

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finalidade de gerir instituições museológicas e paz, da cidadania, dos direitos humanos, da de-
seus acervos e promover o desenvolvimento do mocracia e de outros valores universais; estudos
setor cultural e museal. e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al-
Diversos são os objetivos da Abram – que podem ternativas, produção e divulgação de informações
ser conferidos no parágrafo único do art. 1º da referi- e conhecimentos técnicos e científicos relaciona-
da Medida Provisória. das às atividades aqui listadas; estudos e pesqui-
Ainda, três são os órgãos da Abram: I − Conselho sas para o desenvolvimento, a disponibilização e a
Deliberativo; II – Diretoria Executiva; III – Conselho implementação de tecnologias voltadas à mobili-
Fiscal. dade de pessoas, por qualquer meio de transporte.
A Abram firmará contrato de gestão com o Poder d) Não integram nem a Administração Pública Direta
Executivo Federal para execução das finalidades de nem a Indireta.
que trata na referida Medida Provisória. e) Não tem fins lucrativos, ou seja, não distribui,
entre os seus sócios ou associados, conselheiros,­
diretores, empregados ou doadores, eventuais
excedentes operacionais, brutos ou líquidos, di-
6.3. Organizações da sociedade civil
videndos, bonificações, participações ou parcelas
de interesse público do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício
de suas atividades, e que os aplica integralmente
São características das organizações da sociedade na consecução do respectivo objeto social.
civil de interesse público: f) Não podem receber o qualificativo de organi-
a) Regidas pela Lei n. 9.790/99. zações da sociedade civil de interesse público as
b) Têm personalidade jurídica de direito privado que seguintes entidades: as sociedades comerciais;
tenham sido constituídas e se encontrem em fun- os sindicatos, as associações de classe ou de re-
cionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos presentação de categoria profissional; as institui-
e desde que os respectivos objetivos sociais e nor- ções religiosas ou voltadas para a disseminação
mas estatutárias atendam aos requisitos instituí- de credos, cultos, práticas e visões devocionais e
dos pela Lei n. 9.790/99. confessionais; as organizações partidárias e as-
c) Seus objetivos sociais devem ter ao menos uma semelhadas, inclusive suas fundações; as entida-
das seguintes finalidades: promoção da assistên- des de benefício mútuo destinadas a proporcionar
cia social; promoção da cultura, defesa e conser- bens ou serviços a um círculo restrito de associa-
vação do patrimônio histórico e artístico; promo- dos ou sócios; as entidades e empresas que co-
ção gratuita da educação, observando-se a forma mercializam planos de saúde e assemelhados; as
complementar de participação das organizações instituições hospitalares privadas não gratuitas e
de que trata esta Lei; promoção gratuita da saúde; suas mantenedoras; as escolas privadas dedicadas
promoção da segurança alimentar e nutricional; ao ensino formal não gratuito e suas mantenedo-
defesa, preservação e conservação do meio am- ras; as organizações sociais; as cooperativas; as
biente e promoção do desenvolvimento susten- fundações públicas; as fundações, sociedades ci-
tável; promoção do voluntariado; promoção do vis ou associações de direito privado criadas por
desenvolvimento econômico e social e combate à órgão público ou por fundações públicas; as orga-
pobreza; experimentação, não lucrativa, de novos nizações creditícias que tenham quaisquer tipos
modelos socioprodutivos e de sistemas alterna- de vinculação com o sistema financeiro nacional a
tivos de produção, comércio, emprego e crédito; que se refere o art. 192, CF.
promoção de direitos estabelecidos, construção g) Para formação do vínculo de cooperação, firmam
de novos direitos e assessoria jurídica gratuita com o Poder Público o Termo de Parceria – nos
de interesse suplementar; promoção da ética, da termos do art. 9º da Lei n. 9.790/99 – que conterá

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os direitos, responsabilidades e obrigações das em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal ou so-


partes signatárias. cial; as alcançadas por programas e ações de combate
h) Caso a organização adquira bem imóvel com re- à pobreza e de geração de trabalho e renda; as voltadas
para fomento, educação e capacitação de trabalhado-
cursos provenientes da celebração do Termo
res rurais ou capacitação de agentes de assistência téc-
de Parceria, este será gravado com cláusula de
nica e extensão rural; e as capacitadas para execução
inalienabilidade.
de atividades ou de projetos de interesse público e de
cunho social. (Incluído pela Lei n. 13.204/2015)

ESPÉCIE 3
6.4. Lei n. 13.019/2014
as organizações religiosas que se dediquem a ativida-
6.4.1. Introdução des ou a projetos de interesse público e de cunho social
distintas das destinadas a fins exclusivamente religio-
A Lei n. 13.019, de 31 de julho de 2014, institui nor- sos; (Incluído pela Lei n. 13.204/2015)
mas gerais para as parcerias entre a Administração
Pública e Organizações da Sociedade Civil, em re-
gime de mútua cooperação, para a consecução de b) Administração Pública: União, Estados, Distrito
finalidades de interesse público e recíproco. Isso é Federal, Municípios e respectivas autarquias, fun-
efetivado mediante a execução de atividades ou de dações, empresas públicas e sociedades de econo-
projetos previamente estabelecidos em planos de mia mista prestadoras de serviço público, e suas
trabalho inseridos em a) termos de colaboração; subsidiárias, alcançadas pelo disposto no § 9º do
b) termos de fomento; ou c) acordos de cooperação. art. 37 da CF;
Foi a Lei n. 13.204/2015 que fixou essas situações. c) Parceria: conjunto de direitos, responsabilidades
e obrigações decorrentes de relação jurídica es-
6.4.2. Conceituações importantes tabelecida formalmente entre a Administração
Pública e Organizações da Sociedade Civil, em
a) Organização da Sociedade Civil; regime de mútua cooperação, para a consecução
de finalidades de interesse público e recíproco,
mediante a execução de atividade ou de projeto
ESPÉCIE 1 expressos em termos de colaboração, em termos
entidade privada sem fins lucrativos que não distribua de fomento ou em acordos de cooperação;
entre os seus sócios ou associados, conselheiros, di- d) Atividade: conjunto de operações que se realizam
retores, empregados, doadores ou terceiros eventuais de modo contínuo ou permanente, das quais resul-
resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos ou ta um produto ou serviço necessário à satisfação
líquidos, dividendos, isenções de qualquer natureza, de interesses compartilhados pela administração
participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos pública e pela organização da sociedade civil;
mediante o exercício de suas atividades, e que os apli- e) Projeto: conjunto de operações, limitadas no
que integralmente na consecução do respectivo objeto tempo, das quais resulta um produto destinado
social, de forma imediata ou por meio da constituição à satisfação de interesses compartilhados pela
de fundo patrimonial ou fundo de reserva; (Incluído
Administração Pública e pela Organização da
pela Lei n. 13.204/2015)
Sociedade Civil;
ESPÉCIE 2 f) Dirigente: pessoa que detenha poderes de ad-
ministração, gestão ou controle da organização
as sociedades cooperativas previstas na Lei n. 9.867,
da sociedade civil, habilitada a assinar termo
de 10 de novembro de 1999; as integradas por pessoas
de colaboração, termo de fomento ou acordo de

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cooperação com a Administração Pública para a de interesse público e recíproco que não envol-
consecução de finalidades de interesse público e vam a transferência de recursos financeiros;
recíproco, ainda que delegue essa competência l) Conselho de Política Pública: órgão criado pelo
a terceiros; Poder Público para atuar como instância consulti-
g) Administrador Público: agente público revesti- va, na respectiva área de atuação, na formulação,
do de competência para assinar termo de cola- implementação, acompanhamento, monitora-
boração, termo de fomento ou acordo de coope- mento e avaliação de políticas públicas;
ração com organização da sociedade civil para a m) Comissão de Seleção: órgão colegiado destina-
consecução de finalidades de interesse público e do a processar e julgar chamamentos públicos,
recíproco, ainda que delegue essa competência constituído por ato publicado em meio oficial de
a terceiros; comunicação, assegurada a participação de pelo
h) Gestor: agente público responsável pela gestão menos um servidor ocupante de cargo efetivo ou
de parceria celebrada por meio de termo de cola- emprego permanente do quadro de pessoal da
boração ou termo de fomento, designado por ato Administração Pública;
publicado em meio oficial de comunicação, com n) Comissão de Monitoramento e Avaliação: órgão
poderes de controle e fiscalização; colegiado destinado a monitorar e avaliar as par-
i) Termo de Colaboração: instrumento por meio do cerias celebradas com organizações da sociedade
qual são formalizadas as parcerias estabelecidas civil mediante termo de colaboração ou termo de
pela Administração Pública com Organizações da fomento, constituído por ato publicado em meio
Sociedade Civil para a consecução de finalidades oficial de comunicação, assegurada a participação
de interesse público e recíproco propostas pela de pelo menos um servidor ocupante de cargo efe-
Administração Pública que envolvam a transfe- tivo ou emprego permanente do quadro de pessoal
rência de recursos financeiros. da Administração Pública;
O termo de colaboração deve ser adotado pela o) Chamamento Público: procedimento destinado
Administração Pública para consecução de planos a selecionar Organização da Sociedade Civil para
de trabalho de sua iniciativa, para celebração de firmar parceria por meio de termo de colaboração
parcerias com Organizações da Sociedade Civil que ou de fomento, no qual se garanta a observân-
envolvam a transferência de recursos financeiros; cia dos princípios da isonomia, da legalidade, da
j) Termo de Fomento: instrumento por meio do impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da
qual são formalizadas as parcerias estabelecidas publicidade, da probidade administrativa, da vin-
pela Administração Pública com Organizações da culação ao instrumento convocatório, do julga-
Sociedade Civil para a consecução de finalidades mento objetivo e dos que lhes são correlatos.
de interesse público e recíproco propostas pelas A Administração Pública deverá adotar proce-
Organizações da Sociedade Civil, que envolvam a dimentos claros, objetivos e simplificados que
transferência de recursos financeiros. orientem os interessados e facilitem o acesso di-
O termo de fomento deve ser adotado pela reto aos seus órgãos e instâncias decisórias, inde-
Administração Pública para consecução de pla- pendentemente da modalidade de parceria pre-
nos de trabalho propostos por Organizações da vista na Lei n. 13.019/2014;
Sociedade Civil que envolvam a transferência de p) Bens Remanescentes: os de natureza permanente
recursos financeiros; adquiridos com recursos financeiros envolvidos
k) Acordo de Cooperação: instrumento por meio do na parceria, necessários à consecução do objeto,
qual são formalizadas as parcerias estabelecidas mas que a ele não se incorporam;
pela Administração Pública com Organizações da q) Prestação de Contas: procedimento em que se
Sociedade Civil para a consecução de finalidades analisa e se avalia a execução da parceria, pelo

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qual seja possível verificar o cumprimento do ob- c) a apreciação das contas estiver pendente de
jeto da parceria e o alcance das metas e dos resul- decisão sobre recurso com efeito suspensivo;
tados previstos, compreendendo duas fases: q.1) d) tiver sido punida com uma das seguintes san-
apresentação das contas, de responsabilidade da ções, pelo período que durar a penalidade: d.1)
organização da sociedade civil; q.2) análise e ma- suspensão de participação em licitação e im-
nifestação conclusiva das contas, de responsabi- pedimento de contratar com a Administração;
lidade da administração pública, sem prejuízo da d.2) declaração de inidoneidade para licitar
atuação dos órgãos de controle. ou contratar com a Administração Pública;
d.3) a prevista no inciso II do art. 73 da Lei
6.4.3. Vedações n. 13.019/2014; d.4) a prevista no inciso III do
art. 73 da Lei n. 13.019/2014;
Ficará impedida de celebrar qualquer modali- e) tiver tido contas de parceria julgadas irregula-
dade de parceria prevista na Lei n. 13.019/2014 a res ou rejeitadas por Tribunal ou Conselho de
Organização da Sociedade Civil que: Contas de qualquer esfera da Federação, em
◼ não esteja regularmente constituída ou, se es- decisão irrecorrível, nos últimos 8 (oito) anos;
trangeira, não esteja autorizada a funcionar no f) tiver entre seus dirigentes pessoa: f.1) cujas
território nacional; contas relativas a parcerias tenham sido jul-
◼ esteja omissa no dever de prestar contas de parce- gadas irregulares ou rejeitadas por Tribunal
ria anteriormente celebrada; ou Conselho de Contas de qualquer esfera da
◼ tenha como dirigente membro de Poder ou do Federação, em decisão irrecorrível, nos úl-
Ministério Público, ou dirigente de órgão ou en- timos 8 (oito) anos; f.2) julgada responsável
tidade da administração pública da mesma esfera por falta grave e inabilitada para o exercício
governamental na qual será celebrado o termo de de cargo em comissão ou função de confiança,
colaboração ou de fomento, estendendo-se a ve- enquanto durar a inabilitação; f.3) considerada
dação aos respectivos cônjuges ou companheiros, responsável por ato de improbidade, enquan-
bem como parentes em linha reta, colateral ou por to durarem os prazos estabelecidos nos inci-
afinidade, até o segundo grau; sos I, II e III do art. 12 da Lei de Improbidade
◼ tenha tido as contas rejeitadas pela Administração Administrativa.
Pública nos últimos cinco anos, exceto se: Importante: é vedada a celebração de parcerias
a) sanada a irregularidade que motivou a re- previstas nesta Lei que tenham por objeto, en-
jeição e quitados os débitos eventualmente volvam ou incluam, direta ou indiretamente,
imputados; delegação das funções de regulação, de fisca-
b) for reconsiderada ou revista a decisão pela lização, de exercício do poder de polícia ou de
rejeição; outras atividades exclusivas de Estado.

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7.
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RESPONSABILIDADE
CIVIL DO ESTADO
7.1. Introdução
Um dia você Entende-se por responsabilidade patrimonial extracontratual do Estado a

vai acordar e obrigação que lhe incumbe de reparar economicamente os danos lesivos à
esfera juridicamente garantida de outrem e que lhe sejam imputáveis em de-

não haverá corrência de comportamentos unilaterais, lícitos ou ilícitos, comissivos ou


omissivos, materiais ou jurídicos (BANDEIRA DE MELLO, p. 977).

mais tempo Assim, a responsabilidade civil do Estado (também denominada de


para fazer as responsabilidade aquiliana) ocorrerá sempre que houver por parte do

coisas que você


Estado uma conduta causadora de um dano ao particular e existir nexo
­causal entre a referida conduta e o dano – essa responsabilidade é obje-

sempre quis.
tiva na modalidade risco administrativo.

Faça-as agora." Teoria do risco administrativo – A teoria do risco administrativo faz surgir
a obrigação de indenizar o dano do só ato lesivo e injusto causado à vítima
pela Administração. Não se exige qualquer falta do serviço público, nem culpa
Paulo Coelho de seus agentes. Basta a lesão, sem o concurso do lesado. Na teoria da culpa
administrativa exige-se a falta do serviço; na teoria do risco administrativo
exige-se, apenas, o fato do serviço. Naquela, a culpa é presumida da falta ad-
ministrativa; nesta, é inferida do fato lesivo da Administração (MEIRELLES,
2010, p. 682).

7.2. Fundamentos da responsabilidade civil


do Estado
a) Se o Estado praticar atos ilícitos, por desobedecer ao princípio da le-
galidade, deverá indenizar o administrado.

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b) Se o Estado praticar atos lícitos e mesmo assim Neste caso, o Estado só responderá se ficar confi-
causar danos ao particular, com fundamento no gurada sua culpa” (ROSSI, 2016, p. 281).
princípio da distribuição igualitária dos ônus e
encargos a que estão sujeitos os administrados,
deverá indenizar o administrado. 7.5. Teoria do risco integral
A teoria do risco integral é vertente mais radical
7.3. Sujeitos da responsabilidade da responsabilidade objetiva e somente é utilizada
do Estado em nosso ordenamento jurídico nos casos de: a) da-
nos decorrentes de manipulação de material bélico;
Nos termos do art. 37, § 6º, CF as pessoas jurídi- b) danos nucleares; c) danos ambientais; d) atos ter-
cas de direito público (v.g., União, Estados, Distrito roristas em aeronaves.
Fe­deral, Municípios, Autarquias, Fundações Públicas
de Direito Público) e as de direito privado presta-
doras de serviços públicos (v.g., concessionários de 7.6. Responsabilidade civil do
serviços públicos, empresas públicas e sociedades Estado em casos de omissão
de economia mista prestadoras de serviços públicos)
responderão pelos danos que seus agentes, nessa Só haverá a responsabilidade do Estado por omis-
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito são (caso em que será considerada subjetiva) se no
de regresso contra o responsável nos casos de dolo caso concreto estiverem presentes os seguintes ele-
ou culpa. mentos: a) conduta estatal omissa (porque houve
As pessoas jurídicas de direito privado, quando comportamento aquém dos padrões legais por parte
prestadoras de serviços públicos, responderão obje- do Estado); b) dano; c) nexo causal entre a conduta
tivamente pelos danos causados tanto aos usuários omissa e o dano; d) faute du service, ou seja, no caso
quanto aos não usuários de serviços públicos – deci- ou o serviço não funcionou ou funcionou mal ou fun-
são do STF no RE 591.874. cionou atrasado – tudo isso por dolo ou culpa por
parte do Estado; e e) se o Estado tivesse atuado e fos-
se possível atuar, o dano teria sido evitado (princípio
7.4. Exclusão da da reserva do possível).

responsabilidade estatal
Não haverá responsabilidade do Estado, justa- 7.7. Responsabilidade do Estado
mente por não ser possível demonstração do nexo por atos legislativos e judiciais
causal entre a conduta do Estado e o dano causado,
nos principais casos: a) Atos legislativos: em regra não haverá para o
a) Culpa exclusiva da vítima: ocorre quando a víti- Estado responsabilidade decorrente de atos le-
ma deu causa ao evento danoso e se atirou sobre gislativos, exceto se houver lei declarada incons-
as rodas do carro do INSS (que é uma autarquia). titucional (ou em controle difuso ou em contro-
b) Caso fortuito ou força maior. le concentrado) causadora de dano ao particular
c) Ato de terceiro: “ocorre nas hipóteses em que o – por se tratar de atuação indevida por parte do
prejuízo pode ser atribuído a pessoa estranha aos Poder Legislativo.
quadros da Administração Pública (como é o caso b) Atos judiciais: haverá a responsabilidade do
de prejuízos decorrentes de atos de multidão). Estado no caso de erro judiciário conforme

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estabelecido no art. 5º, LXXV, CF: “o Estado in- O STF ao julgar o RE 580.252 (tema 365)
denizará o condenado por erro judiciário, assim fixou a tese de que “considerando que é
como o que ficar preso além do tempo fixado na dever do Estado, imposto pelo sistema
sentença” ou em se tratando de condutas mani- normativo, manter em seus presídios
festamente dolosas por parte do magistrado (nos padrões mínimos de humanidade
termos do art. 143 do CPC/2015). previstos no ordenamento jurídico, é de
sua responsabilidade, nos termos do art.
37, § 6º, da CF, a obrigação de ressarcir os
7.8. Jurisprudência sobre danos, inclusive morais, comprovadamente
causados a detentos em decorrência da
responsabilidade civil do Estado falta ou insuficiência das condições legais
de encarceramento”.
Em 4 de abril de 2016, o STF decidiu que a mor-
te de detento em estabelecimento penitenciário O tema em questão envolve, entre outros,
gera responsabilidade civil do Estado quando hou- a análise do art. 37, § 6º; art. 5º, III; art. 5º,
ver inobservância do seu dever específico de pro- X; art. 5º, XLIX, todos da CF, além do art. 1º
teção (RE 841.526). A tese fixada tem a seguinte da Lei de Execução Penal.
redação: “em caso de inobservância do seu dever
específico de proteção previsto no art. 5º, XLIX, da
Constituição Federal, o Estado é responsável pela
morte de detento”.

7.9. Direito de regresso


Ação regressiva é de rito ordinário, que possibilita ao
Estado reaver o que desembolsou à custa do patrimônio
do agente causador direto do dano, que tenha agido com
dolo ou culpa no desempenho de suas funções (ROSSI,
2016, p. 297).

O Estado, após pagar indenização para a vítima


pelos danos sofridos (responsabilidade objetiva),
poderá, em momento posterior, reaver o que de-
sembolsou e entrar – via ação regressiva – contra
o agente público causador do dano (e que agiu com
dolo ou culpa, portanto, responsabilidade subjetiva).

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8.
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SERVIÇOS
PÚBLICOS E
CONCESSÃO
A reputação
de mil anos
DE SERVIÇOS
pode ser PÚBLICOS
determinada
pelo 8.1. Introdução
comportamento Serviço público é a atividade material que o Estado assume como pertinente a

de uma
seus deveres em face da coletividade para satisfação de necessidades ou utili-
dades públicas singularmente fruíveis pelos administrados cujo desempenho

única hora."
entende que deva se efetuar sob a égide de um regime jurídico outorgador de
prerrogativas capazes de assegurar a preponderância do interesse residente
no serviço e de imposições necessárias para protegê-lo contra condutas co-
Provérbio Japonês missivas ou omissivas de terceiros ou dele próprio gravosas a direitos ou in-
teresses dos administrados em geral e dos usuários do serviço em particular
(BANDEIRA DE MELLO, 2010, p. 282).

8.2. Princípios dos serviços públicos


Além dos princípios que regem toda atuação da Administração
Pública, há, ainda, princípios previstos expressamente na Lei n. 8.987/95
– e que cuidam especificamente da prestação dos serviços públicos pelos
concessionários de serviços públicos: a) Princípio da Continuidade dos
Serviços Públicos; b) princípio da eficiência; c) princípio da segurança;

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d) princípio da atualidade; e) princípio da generali- a) Serviços delegáveis: são aqueles em que o ordena-
dade; f) princípio da cortesia na sua prestação; e g) mento jurídico possibilita a transferência de sua
modicidade das tarifas (nesse sentido vide art. 6º da prestação, ou seja, ou são executados diretamente
Lei n. 8.987/95). pelo próprio Estado, ou por outra entidade – via
O princípio da segurança estabelece que os servi- delegação. Por exemplo, serviço de energia elétri-
ços públicos não podem, durante sua prestação, co- ca, telefonia etc.
locar em risco a segurança dos usuários. Devem ser b) Serviços indelegáveis: são os que só podem ser
prestados de maneira cuidadosa para que dano al- prestados pelo Estado – de forma direta – através
gum aconteça aos usuários. de seus próprios órgão ou agentes. É o caso do ser-
O princípio da atualidade compreende a moderni- viço de defesa nacional.
dade das técnicas, do equipamento e das instalações c) Serviços coletivos (uti universi): “são aqueles
e a sua conservação, bem como a melhoria e expan- prestados a grupamentos indeterminados de in-
são do serviço. divíduos, de acordo com as opções e prioridades
A modicidade das tarifas impõe a fixação de pre- da Administração, e em conformidade com os re-
ços acessíveis aos usuários. “Destarte, em um país cursos de que disponha. São exemplos os serviços
como o Brasil, no qual a esmagadora maioria do povo de pavimentação de ruas, de iluminação pública,
vive em estado de pobreza ou miserabilidade, é ób- de implantação do serviços de abastecimento de
vio que o serviço público, para cumprir sua função água, de prevenção de doenças e outros do gêne-
jurídica natural, terá de ser remunerado por valores ro” (CARVALHO FILHO, 2016, p. 414-415).
baixos, muitas vezes subsidiados. Tal circunstância d) Serviços singulares (uti singuli): “preordenam-
– que não ocorre em países desenvolvidos – dificulta -se a destinatários individualizados, sendo men-
ou impossibilita a obtenção de resultados bem-suce- surável a utilização por cada um dos indivíduos.
didos com o impropriamente chamado movimento Exemplos desses serviços são os de energia domi-
das ‘privatizações’, isto é, da concessão de tais servi- ciliar ou de uso de linha telefônica” (CARVALHO
ços a terceiros para que os explorem com evidentes e FILHO, 2016, p. 415).
naturais objetivos de lucro” (BANDEIRA DE MELLO, e) Serviços que o Estado tem obrigação de promover,
2007, p. 667)2. e o particular, por determinação constitucional,
E, por fim, o princípio da cortesia estabelece que, também tem sua titularidade, é o caso do serviço
aquele incumbido da prestação do serviço deve- de saúde e de educação.
rá fazê-lo de forma cortês, educada, com respeito f) Serviços que pelas características intrínsecas
ao usuário. é conveniente sejam prestados por particula-
Os demais princípios já foram estudados em capí- res (até mesmo como forma de garantia do mo-
tulo anterior. delo de Estado Democrático) – é o caso do ser-
Várias são as possíveis categorias de serviços pú- viço de rádio e televisão previsto no art. 222 da
blicos. Vejamos algumas: Constituição Federal.

2 Em abono dessas concessões, alega-se, muitas vezes, que o Estado é mau prestador de serviços, ao contrário do
particular. Esquece-se, entretanto, de atentar para o fato de que o Estado é muito pior fiscalizador ou “controlador” do
que prestador de serviços. Assim, dando em concessão ou permissão um bem, pode-se imaginar que os interesses do
público em geral serão facilmente postergados sem que o Poder Público os defenda como teria de fazê-lo. Bem por isso,
os serviços públicos, depois de concedidos, tornaram-se muito mais caros do que ao tempo em que o Estado os prestava
por meio de empresas estatais, e sua qualidade, ao menos em alguns setores, decaiu visivelmente.

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Alguns enunciados de súmulas vinculantes mere- sugestões, elogios e demais pronunciamentos de


cem destaque no estudo dos serviços públicos. usuários que tenham como objeto a prestação de
serviços públicos e a conduta de agentes públicos
STF – Súmula Vinculante 12 na prestação e fiscalização de tais serviços.
A cobrança de taxa de matrícula nas As manifestações (que deverão obedecer aos prin-
universidades públicas viola o disposto no cípios da eficiência e celeridade) serão apresentadas
art. 206, IV, da Constituição Federal. perante a Administração Pública acerca da prestação
de serviços públicos, podendo ser realizada por meio
STF – Súmula Vinculante 19 eletrônico, correspondência convencional ou verbal-
A taxa cobrada exclusivamente em razão mente (hipótese em que será reduzida a termo).
dos serviços públicos de coleta, remoção c) Princípios expressos previstos na Lei n.
e tratamento ou destinação de lixo ou 13.460/2017: c.1) regularidade, c.2) continuida-
resíduos provenientes de imóveis, não de, c.3) efetividade, c.4) segurança, c.5) atuali-
viola o art. 145, II, CF. dade, c.6) generalidade, c.7) transparência e c.8)
cortesia.
STF – Súmula Vinculante 41 A esse respeito, recomenda-se a consulta ao art.
O serviço de iluminação pública não pode 6º, § 1º, da Lei n. 8.987/95, que também elenca di-
ser remunerado mediante taxa. versos princípios dos serviços públicos.
d) Principais Direitos e Deveres dos Usuários:
8.2.1. Lei n. 13.460/2017
DIREITOS DEVERES
8.2.1.1. Considerações importantes
DOS USUÁRIOS DOS USUÁRIOS

a) Esta lei estabelece normas básicas para partici- Participação no


pação, proteção e defesa dos direitos do usuário Utilizar adequadamente
acompanhamento da
dos serviços públicos prestados direta ou indire- os serviços, procedendo
prestação e na avaliação
tamente pela Administração Pública. com urbanidade e boa-fé
dos serviços
b) Conceitos importantes previstos na referida Lei:
◼ Usuário: pessoa física ou jurídica que se benefi- Obtenção e utilização
Prestar as informações
cia ou utiliza, efetiva ou potencialmente, de ser- dos serviços com
pertinentes ao serviço
viço público; liberdade de escolha entre
prestado quando
◼ Serviço Público: atividade administrativa ou de os meios oferecidos e
solicitadas
prestação direta ou indireta de bens ou serviços sem discriminação
à população, exercida por órgão ou entidade da
Administração Pública; Acesso e obtenção de
◼ Administração Pública: órgão ou entidade in- informações relativas à
tegrante da administração pública de qualquer sua pessoa constantes
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito de registros ou bancos
Colaborar para a
Federal e dos Municípios, a Advocacia Pública e a de dados, observado
adequada prestação
Defensoria Pública; o disposto no inciso X
do serviço
◼ Agente Público: quem exerce cargo, emprego ou do caput do art. 5º da
função pública, de natureza civil ou militar, ainda Constituição Federal e na
que transitoriamente ou sem remuneração; Lei n. 12.527, de 18 de
◼ Manifestações: reclamações, denúncias, novembro de 2011

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e) Das principais atribuições das ouvidorias:


DIREITOS DEVERES
◼ promover a participação do usuário na adminis-
DOS USUÁRIOS DOS USUÁRIOS
tração pública, em cooperação com outras entida-
Proteção de suas des de defesa do usuário;
informações pessoais, nos ◼ acompanhar a prestação dos serviços, visando a
termos da Lei n. 12.527, Preservar as condições garantir a sua efetividade;
de 18 de novembro de 2011 dos bens públicos por ◼ propor aperfeiçoamentos na prestação dos
Atuação integrada e meio dos quais lhes são serviços;
sistêmica na expedição prestados os serviços ◼ auxiliar na prevenção e correção dos atos e pro-
de atestados, certidões previstos na Lei n. 13.460 cedimentos incompatíveis com os princípios es-
e documentos de 2017 tabelecidos na Lei n. 13.460/2017;
comprobatórios de ◼ propor a adoção de medidas para a defesa dos di-
regularidade reitos do usuário, em observância às determina-
ções previstas na Lei n. 13.460/2017;
Obtenção de informações ◼ receber, analisar e encaminhar às autoridades
precisas e de fácil acesso competentes as manifestações, acompanhando o
nos locais de prestação do tratamento e a efetiva conclusão das manifesta-
serviço, assim como sua ções de usuário perante órgão ou entidade a que
disponibilização na internet, se vincula;
especialmente sobre: ◼ promover a adoção de mediação e conciliação en-
a) horário de tre o usuário e o órgão ou a entidade pública, sem
funcionamento das prejuízo de outros órgãos competentes.
unidades administrativas;
b) serviços prestados
pelo órgão ou entidade,
8.3. Concessão e permissão de
sua localização exata
e a indicação do setor serviços públicos (tema previsto na
responsável pelo Lei n. 8.987/95 – que regulamenta
atendimento ao público; o art. 175, CF)
c) acesso ao agente
público ou ao órgão ◼ Concessão de serviço público consiste na delega-
encarregado de receber ção de sua prestação, feita pelo poder concedente,
manifestações; mediante licitação, na modalidade de concorrên-
d) situação da cia, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas
tramitação dos processos que demonstre capacidade para seu desempenho,
administrativos em que por sua conta e risco e por prazo determinado.
figure como interessado; e O concedente tem os seguintes poderes: “a) poder
e) valor das taxas e de inspeção e fiscalização; b) poder de alteração
tarifas cobradas pela unilateral das cláusulas regulamentares; c) poder
prestação dos serviços, de extinguir a concessão antes de findo o pra-
contendo informações zo inicialmente estatuído; d) poder de interven-
para a compreensão ção; e) poder de aplicar sanções ao concessioná-
exata da extensão do rio inadimplente” (BANDEIRA DE MELLO, 2007,
serviço prestado. p. 716-717).

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Diferentemente da permissão de serviços b) A concessionária descumprir cláusulas contratu-


públicos – que pode ser realizada por ais ou disposições legais ou regulamentares con-
pessoas jurídicas ou pessoas físicas –, cernentes à concessão.
a concessão de serviços públicos só poderá c) A concessionária paralisar o serviço ou concorrer
ser delegada para pessoa jurídica ou para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes
consórcio de empresas. de caso fortuito ou força maior.
d) A concessionária perder as condições econômicas,
técnicas ou operacionais para manter a adequada
A responsabilidade das concessionárias de servi- prestação do serviço concedido.
ços públicos por eventuais danos causados a tercei- e) A concessionária não cumprir as penalidades im-
ros é objetiva tanto com relação aos usuários do ser- postas por infrações, nos devidos prazos.
viço quanto em relação aos não usuários (Decisão do
f) A concessionária não atender a intimação do po-
STF, no RE 591.874).
der concedente no sentido de regularizar a pres-
tação do serviço.
g) A concessionária não atender a intimação do po-
8.4. Formas de extinção do contrato der concedente para, em 180 (cento e oitenta)
de concessão dias, apresentar a documentação relativa a regu-
laridade fiscal, no curso da concessão, na forma
As formas de extinção do contrato de concessão do art. 29 da Lei n. 8.666/93.
estão previstas no art. 35 da Lei n. 8.987/95: a) adven- Extinta a concessão, retornam ao poder conce-
to do termo contratual; b) encampação; c) caducida- dente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios
de; d) rescisão; e) anulação; f) falência ou extinção da transferidos ao concessionário conforme previsto no
empresa concessionária e falecimento ou incapaci-
edital e estabelecido no contrato e haverá a imediata
dade do titular, no caso de empresa individual.
assunção do serviço pelo poder concedente, proce-
dendo-se aos levantamentos, avaliações e liquida-
ções necessários.
Encampação consiste na extinção da concessão pelo
Poder Concedente por razões de interesse público. Portanto, reversão pode ser conceituada como:
Necessita de autorização legislativa para sua ocorrên- a passagem ao poder concedente dos bens do con-
cia (vide art. 37 da Lei n. 8.987/95). cessionário aplicados ao serviço, uma vez extinta a
concessão (art. 35, § 2º). Portanto, através da cha-
Caducidade consiste na extinção da concessão pelo
mada reversão, os bens do concessionário, necessá-
Poder Concedente considerando o descumprimento to-
tal ou parcial do contrato de concessão pelo concessio- rios ao exercício do serviço público, integram-se no
nário nos termos do art. 38 da Lei n. 8.987/95. patrimônio do concedente ao se findar a concessão.
Está visto que a reversão também não é, de modo al-
gum – ao contrário do que, às vezes, se vê afirmado
A caducidade da concessão poderá ser declarada –, uma forma de extinção da concessão. É isto sim,
pelo poder concedente quando: uma consequência dela; portanto, a pressupõe. Sem
a) O serviço estiver sendo prestado de forma inade- a extinção da concessão não há reversão. Esta pro-
quada ou deficiente, tendo por base as normas, cede dela, mas, evidentemente, não se confundem as
critérios, indicadores e parâmetros definidores da duas coisas (STF, RDA 40/313, e TJDF, RDA 45/218;
qualidade do serviço. BANDEIRA DE MELLO, 2007, p. 740-741).

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8.5. Concessão especial de n. 9.469/98, que previa a delegação a entidades pri-


vadas do poder de fiscalização de profissões regu-
serviços públicos (tema previsto
lamentadas, fundando-se a decisão na indelegabi-
na Lei n. 11.079/2004) – parceria lidade do poder de polícia”. Assim, não é possível a
público-privada outorga a pessoas da iniciativa privada do exercício
do poder de polícia, vez que carecedoras do ius impe-
8.5.1. Conceito e modalidades rii necessário ao exercício desse poder.
e) No contrato de parceria público-privada de-
◼ Parceria público-privada é o contrato adminis- verá haver a repartição objetiva de riscos entre
trativo de concessão, na modalidade patrocinada as partes.
ou administrativa. f) O prazo de vigência do contrato de concessão es-
◼ Concessão patrocinada é a concessão de serviços pecial deverá ser compatível com a amortização
públicos ou de obras públicas de que trata a Lei dos investimentos realizados, não inferior a 5
n. 8.987/95 quando envolver, adicionalmente, à (cinco), nem superior a 35 (trinta e cinco) anos,
tarifa cobrada dos usuários contraprestação pe- incluindo eventual prorrogação.
cuniária do parceiro público ao parceiro privado. g) Repartição de riscos entre as partes, inclusive os
◼ Concessão administrativa é o contrato de pres- referentes a caso fortuito, força maior, fato do
tação de serviços de que a Administração Pública príncipe e álea econômica extraordinária.
seja a usuária direta ou indireta, ainda que envol- h) A contraprestação da Administração Pública nos
va execução de obra ou fornecimento e instalação contratos de parceria público-privada poderá
de bens. ser feita por ordem bancária, cessão de créditos
não tributários, outorga de direitos em face da
8.5.2. Características importantes Administração Pública, outorga de direitos sobre
bens públicos dominicais e outros meios admiti-
a) O art. 6º da Lei n. 13.529/2017 deu nova redação ao dos em lei.
art. 2º, § 4º, da Lei n. 11.079/2004. Alterou o va-
lor de vedação do contrato de PPP – que não podia
ser inferior a 20 milhões de reais para o valor de
8.6. Permissão de serviços públicos
10 milhões de reais. Assim, a nova redação fixou
a impossibilidade de contrato de PPP, cujo valor
Permissão de serviço público é a delegação, a títu-
seja inferior a 10 milhões de reais.
lo precário, mediante licitação, da prestação de ser-
b) É vedada a celebração de contrato de parceria cujo
viços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa
período de prestação do serviço seja inferior a 5
física ou jurídica que demonstre capacidade para seu
(cinco) anos.
desempenho, por sua conta e risco (nesse sentido
c) É vedada a celebração de contrato de parceria que
vide arts. 2º, IV, e 40, ambos da Lei n. 8.987/95).
tenha como objeto único o fornecimento de mão
de obra, o fornecimento e instalação de equipa-
mentos ou a execução de obra pública.
A Lei n. 12.869/2013 regulou nova forma
d) Na contratação de parceria público-privada deve
de permissão, a permissão lotérica, assim
ser observada a diretriz de indelegabilidade das
considerada como a outorga, a título
funções de regulação, jurisdicional, do exercício
precário e mediante licitação, do serviço
do poder de polícia e de outras atividades exclusi-
de comercialização das loterias federais e
vas do Estado.
de outros produtos autorizados, bem como
O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 1.717/
a delegação de outros serviços definidos
DF, “declarou inconstitucional dispositivo da Lei

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na legislação, como é o caso de serviços A Lei n. 12.815/2013 regula a exploração pela


bancários, figurando como outorgante a União, direta ou indiretamente, dos portos e insta-
Caixa Econômica Federal e como outorgado lações portuárias e as atividades desempenhadas pe-
o permissionário lotérico particular. los operadores portuários e fixa, além do contrato de
arrendamento portuário, também uma modalidade
unilateral de parceria outorgada por ato adminis-
As principais características dessa nova modali- trativo (nos termos do art. 8º da referida lei). Assim,
dade são: a) é forma de delegação de serviço público serão exploradas mediante autorização, precedida de
e que não impede o exercício de atividades comple- chamada ou anúncio públicos e, quando for o caso,
mentares e comerciais pelo particular; b) remune- processo seletivo público, as instalações portuárias
ração do permissionário através de comissão (inci- localizadas fora da área do porto organizado, com-
dentes sobre o preço de venda das apostas, deduzidos preendendo as seguintes modalidades: a) terminal
os devidos repasses); c) a extinção dessa permissão de uso privado; b) estação de transbordo de carga;
pode ocorrer por rescisão, por caducidade ou pelas c) instalação portuária pública de pequeno porte;
demais formas previstas na Lei n. 8.987/95. d) instalação portuária de turismo.

8.7. Autorização de
serviços públicos
Os autorizados de serviços públicos são entes privados,
executores de administração associada de interesses
públicos de natureza econômica por parceria, instru-
mentada por ato administrativo que delega precaria-
mente a um particular a execução de certos serviços
públicos em caráter instável, emergente ou transitório
(CARVALHO FILHO, 2016, p. 525).

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9.
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AGENTES PÚBLICOS
É comum entre todos os agentes públicos o fato de todos eles se-
rem, embora muitas vezes apenas em alguns aspectos das respectivas
atividades, agentes que exprimem um poder estatal, munidos de uma
autoridade que só podem exercer por lhes haver o Estado emprestado

O essencial é
sua força jurídica, exigindo ou consentindo-lhes o uso, para satisfação
de fins públicos. Em suma, é o exercício do poder estatal (GASPARINI,

invisível aos 2009, p. 140).

olhos, só se
9.1. Acessibilidade
vê bem com
o coração."
A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação
prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo
com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma pre-
Antoine de
vista em lei.
Saint-Exupéry
Baseia-se o concurso em três postulados fundamentais. O primeiro é o prin-
cípio da igualdade, pelo qual se permite que todos os interessados em ingres-
sar no serviço público disputem a vaga em condições idênticas para todos.
Depois, o princípio da moralidade administrativa, indicativo de que o concurso
veda favorecimentos e perseguições pessoais, bem como situações de nepo-
tismo, em ordem a demonstrar que o real escopo da Administração é o de
selecionar os melhores candidatos. Por fim, o princípio da competição, que
significa que os candidatos participam de um certame, procurando alçar-se
a classificação que os coloque em condições de ingressar no serviço público
(CAETANO, 1991, v. 2, p. 638; CARVALHO FILHO, 2010, p. 574).

Todavia, o próprio Texto Constitucional (art. 37, II) excetua a regra


e ressalva as nomeações para cargo em comissão (declarado em lei de
livre nomeação e exoneração – ad nutum).

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Sobre cargos em comissão, em 1º de outubro de temporária de excepcional interesse público realiza-


2018, o STF reafirmou a jurisprudência dominante da em desconformidade com os preceitos do art. 37,
no sentido de que a criação de cargos em comissão IX, da Constituição Federal não gera quaisquer efei-
somente se justifica para o exercício de funções de tos jurídicos válidos em relação aos servidores con-
direção, chefia e assessoramento, não se prestando tratados, com exceção do direito à percepção dos sa-
ao desempenho de atividades burocráticas, técnicas lários referentes ao período trabalhado e, nos termos
ou operacionais. O tema foi objeto do RE 1.041.210, do art. 19-A da Lei n. 8.036/90, ao levantamento dos
que teve repercussão geral reconhecida e julgamento depósitos efetuados no Fundo de Garantia do Tempo
de mérito no Plenário Virtual. de Serviço – FGTS”.
A tese de repercussão geral fixada foi a seguinte:
“a) A criação de cargos em comissão somente se jus-
tifica para o exercício de funções de direção, che-
9.2. Jurisprudência sobre
fia e assessoramento, não se prestando ao de-
sempenho de atividades burocráticas, técnicas
concurso público
ou operacionais;
b) tal criação deve pressupor a necessária relação de a) Súmula Vinculante 43: É inconstitucional toda
confiança entre a autoridade nomeante e o servi- modalidade de provimento que propicie ao ser-
dor nomeado; vidor investir-se, sem prévia aprovação em con-
c) o número de cargos comissionados criados deve curso público destinado ao seu provimento, em
guardar proporcionalidade com a necessidade que cargo que não integra a carreira na qual anterior-
eles visam suprir e com o número de servidores mente investido.
ocupantes de cargos efetivos no ente federativo b) Súmula Vinculante 44: Só por lei se pode sujeitar
que os criar; e a exame psicotécnico a habilitação de candidato a
d) as atribuições dos cargos em comissão devem es- cargo público.
tar descritas, de forma clara e objetiva, na própria c) O STF, em 15 de abril de 2016, decidiu que a com-
lei que os instituir”. provação do triênio de atividade jurídica exigida
Ainda, a CF excetua a regra constitucional da obri- para ingresso no cargo de juiz substituto (art. 93,
gatoriedade de concurso para as contratações tempo- I, CF) se dá na inscrição definitiva no concurso e
rárias (art. 37, IX) em caso de necessidade de excep- não no momento da posse (RE 655.265).
cional interesse público. Inclusive o STF, ao julgar o d) Em 10 de dezembro de 2015, o STF (RE 837.311)
tema 612 de repercussão geral no RE 658.026, fixou a decidiu que “o surgimento de novas vagas ou a
seguinte tese: “Nos termos do art. 37, IX, da CF, para abertura de novo concurso para o mesmo cargo,
que se considere válida a contratação temporária de durante o prazo de validade do certame anterior,
servidores, é preciso que: a) os casos excepcionais não gera automaticamente o direito à n ­ omeação
estejam previstos em lei; b) o prazo de contratação dos candidatos aprovados fora das ­vagas previs-
seja predeterminado; c) a necessidade seja tempo- tas no edital, ressalvadas as hipóteses de preteri-
rária; d) o interesse público seja excepcional; e) a ção arbitrária e imotivada por parte da adminis-
contratação seja indispensável, sendo vedada para tração, caracterizada por comportamento tácito
os serviços ordinários permanentes do Estado que ou expresso do Poder Público capaz de revelar a
estejam sob o espectro das contingências normais inequívoca necessidade de nomeação do aprova-
da Administração”. do durante o período de validade do certame, a ser
Mais, sobre contratações temporárias o STF, demonstrada de forma cabal pelo candidato”.
ao julgar o tema 916 de repercussão geral no RE Desta forma, o direito subjetivo à nomeação do
765.320, fixou a tese de que: “a contratação por tem- candidato aprovado em concurso público exsurge
po determinado para atendimento de necessidade nos seguintes casos:

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◼ Se a aprovação ocorrer dentro do número de vagas selecionar apenas os candidatos mais bem classi-
dentro do edital. ficados para prosseguir no certame”.
◼ Se houver preterição na nomeação por não obser- j) O STF, ao julgar o tema 838 de repercussão ge-
vância da ordem de classificação. ral no RE 898.450, firmou a tese de que “editais
◼ Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo de concurso público não podem estabelecer res-
concurso durante a validade do certame anterior, trições a pessoas com tatuagem, salvo situações
e ocorrer a preterição de candidatos de forma ar- excepcionais em razão de conteúdo que viole va-
bitrária e imotivada por parte da administração lores constitucionais”.
nos termos acima. k) O STF, ao julgar o tema 569 de repercussão geral
e) Em 27 de abril de 2015, o STF (RE 632.853) decidiu no RE 789.874, firmou a tese de que “os serviços
que os critérios adotados por banca examinado- sociais autônomos integrantes do denominado
ra de concurso não podem ser revistos pelo Poder Sistema ‘S’ não estão submetidos à exigência de
Judiciário. Apenas em casos de flagrante ilegali- concurso público para contratação de pessoal, nos
dade ou inconstitucionalidade que o Judiciário moldes do art. 37, II, da Constituição Federal”.
poderá ingressar no mérito administrativo para l) A Lei n. 13.656, de 30 de abril de 2018, isenta
rever critérios de correção e de avaliação impostos do pagamento de taxa de inscrição em concur-
pela banca examinadora. sos públicos para provimento de cargo efetivo ou
f) O STF decidiu, ao julgar o RE 705.140, com re- emprego permanente em órgãos ou entidades da
percussão geral (tema 308), que contratação pela administração pública direta e indireta de qual-
Administração Pública sem realização de concur- quer dos Poderes da União: a) os candidatos que
so público é nula (não gerando efeitos jurídicos pertençam a família inscrita no Cadastro Único
válidos) a não ser o direito à percepção dos salá- para Programas Sociais (CadÚnico), do Governo
rios em razão do período trabalhado e o levanta- Federal, cuja renda familiar mensal per capita seja
mento do FGTS. inferior ou igual a meio salário-mínimo nacional;
g) O STF, ao julgar o tema 671 de repercussão geral b) os candidatos doadores de medula óssea em
no RE 724.347, firmou a tese de que “na hipótese entidades reconhecidas pelo Ministério da Saúde.
de posse em cargo público determinada por deci- m) Em 24 de setembro de 2018, o STF reafirmou sua
são judicial, o servidor não faz jus a indenização, jurisprudência no sentido de que, caso o exame
sob fundamento de que deveria ter sido investido psicotécnico previsto em lei e em edital de con-
em momento anterior, salvo situação de arbitra- curso seja considerado nulo, o candidato só po-
riedade flagrante”. derá prosseguir no certame após a realização de
h) O STF, ao julgar o tema 335 de repercussão geral nova avaliação com critérios objetivos. O tema
no RE 630.733, fixou a tese de que “inexiste di- (com repercussão) foi abordado no RE 1.133.146,
reito dos candidatos em concurso público à prova de relatoria do Ministro Luiz Fux.
de segunda chamada nos testes de aptidão física,
salvo contrária disposição editalícia, em razão de
circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fi- 9.3. Categorias de agentes públicos
siológico ou de força maior, mantida a validade
das provas de segunda chamada realizadas até
9.3.1. Agentes políticos
15/5/2013, em nome da segurança jurídica”.
i) O STF, ao julgar o tema 376 de repercussão geral São os titulares dos cargos estruturais à organização
no RE 635.739, fixou a tese de que “é constitucio- política do País, ou seja, ocupantes dos que integram o
nal a regra inserida no edital de concurso público, arcabouço constitucional do Estado, o esquema funda-
denominada cláusula de barreira, com o intuito de mental do Poder. Daí que se constituem nos formadores

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da vontade superior do Estado. São agentes políticos das pessoas federativas, das autarquias e das fun-
apenas o Presidente da República, os Governadores, dações públicas de natureza autárquica (CARVALHO
Prefeitos e respectivos vices, os auxiliares imediatos FILHO, 2016, p. 714).
dos Chefes de Executivo, isto é, Ministros e Secretários
São os que trabalham nas entidades da
das diversas Pastas, bem como os Senadores, Deputados
Administração Pública que tem personalidade jurí-
federais e estaduais e os Vereadores (BANDEIRA DE
dica de direito público e, em regra, são titulares de
MELLO, 2007, p. 245-246).
cargo público – portanto gozam da estabilidade pre-
Importante ressaltar a decisão do STF de 3 de maio vista no art. 41 da CF.
de 2018 no sentido de que o foro por prerrogativa de Na esfera federal, a União disciplinou o seu regime
função conferido aos deputados federais e senado- estatutário através da Lei n. 8.112/90.
res se aplica apenas a crimes cometidos no exercício A Lei n. 13.370, de 12 de dezembro 2016, deu nova
do cargo e em razão das funções a ele relacionadas. redação ao § 3º da Lei n. 8.112/90, estabelecendo a
A decisão foi tomada no julgamento de questão de possibilidade de concessão de horário especial ao
ordem na Ação Penal (AP) 937. O entendimento deve servidor estudante nos seguintes casos:
ser aplicado aos processos em curso, ficando res- a) se houver comprovada incompatibilidade entre o
guardados os atos e as decisões do STF – e dos juízes horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do
de outras instâncias – tomados com base na juris- exercício do cargo;
prudência anterior, assentada na questão de ordem b) quando o servidor tiver cônjuge, filho ou depen-
no Inquérito (INQ) 687. dente com deficiência.
Ainda, o Plenário do STF decidiu, por maioria de
votos, que a Corte não tem competência para pro- 9.3.2.2. Servidor de ente governamental de
cessar e julgar ação de improbidade administrati- direito privado (empregados públicos)
va contra agente político. O foro por prerrogativa
de função previsto na Constituição Federal em re- São os que trabalham nas entidades da
lação às infrações penais comuns, segundo os mi- Administração Pública que tem personalidade ju-
nistros, não é extensível às ações de improbidade rídica de direito privado. Esse regime se caracteri-
administrativa, que têm natureza civil. O Plenário za “pelo princípio da unicidade normativa, porque o
negou provimento a agravo regimental interposto conjunto integral das normas reguladoras se encon-
contra decisão do relator originário, Ministro Ayres tra em um único diploma legal – a CLT” (CARVALHO
Britto (aposentado) na Petição (PET) 3240, na qual FILHO, 2016, p. 720).
determinou a baixa para a primeira instância de ação Esses servidores não gozam da estabilidade pre-
por improbidade administrativa contra o então de-
vista no art. 41, CF (por serem titulares de um em-
putado federal Eliseu Padilha, por atos praticados no
prego público e não de um cargo público), mas o STF
exercício do cargo de ministro de Estado. Assim, é da
decidiu, ao julgar o RE 589.998, com repercussão ge-
competência de primeira instância julgar ação de
ral (tema 131), que, apesar de não terem a estabilida-
improbidade contra agente político.
de, é obrigatória a motivação da dispensa unilateral
de empregado por empresa pública e sociedade de
9.3.2. Servidores estatais economia mista tanto da União quanto dos Estados,
9.3.2.1. Servidores públicos do DF e dos Municípios. A tese fixada foi a seguin-
te: “Os empregados públicos das empresas públicas
São todos os agentes que, exercendo com caráter e sociedades de economia mista não fazem jus à es-
de permanência uma função pública em decorrência tabilidade prevista no art. 41 da Constituição Federal,
de relação de trabalho, integram o quadro funcional mas sua dispensa deve ser motivada”.

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9.3.3. Particulares em colaboração jus à percepção da remuneração – para não configu-


com o Estado rar enriquecimento sem causa da Administração.

1) Concessionários e permissionários de serviços 9.3.5. Militares


públicos.
2) Mesários em época de eleição. 9.3.5.1. Militares dos Estados, Distrito Federal e
3) Jurados integrantes do tribunal do júri. Territórios (art. 42 e parágrafos da CF)
4) Titulares de registro e ofícios de notas (cujas fun-
ções são desempenhadas em caráter privado) por
delegação do Poder Público, nos termos do art. Art. 42. Os membros das Polícias Militares e
236, CF. Corpos de Bombeiros Militares, instituições
5) Agentes honoríficos “são cidadãos convocados, organizadas com base na hierarquia e disci-
designados ou nomeados para prestar, transito- plina, são militares dos Estados, do Distrito
riamente, determinados serviços ao Estado, em Federal e dos Territórios.
razão de sua condição cívica, de sua honorabili-
dade ou de sua notória capacidade profissional,
mas sem qualquer vínculo empregatício ou esta-
tutário e, normalmente, sem remuneração. Tais Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito
serviços constituem o chamado múnus público, Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixa-
ou serviços públicos relevantes, de que são exem- do em lei, as disposições constitucionais do art. 14,
plos a função de jurado, de mesário eleitoral, de § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo
comissário de menores, de presidente ou membro a lei estadual específica dispor sobre as matérias do
de comissão de estudo ou de julgamento e outros art. 142, § 3º, X, sendo as patentes dos oficiais confe-
dessa natureza” (MEIRELLES, 2010, p. 81). ridas pelos respectivos governadores.
Aos pensionistas dos militares dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for
9.3.4. Agentes de fato
fixado em lei específica do respectivo ente estatal.
Nomenclatura empregada para distingui-los dos agen-
tes de direito. O ponto marcante dos agentes de fato é 9.3.5.2. Militares das Forças Armadas –
que o desempenho da função pública deriva de situação integrantes da União (art. 142, § 3º, CF)
excepcional, sem prévio enquadramento legal, mas sus-
cetível de ocorrência no âmbito da Administração, dada
a grande variedade de casos que se originam da dinâ-
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela
mica social. Podem ser agrupados em duas categorias:
agentes necessários e agentes putativos (CARVALHO
Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica,
FILHO, 2016, p. 713). são instituições nacionais permanentes e re-
gulares, organizadas com base na hierarquia
Os agentes necessários realizam atividades de e na disciplina, sob a autoridade suprema do
emergência em situações excepcionais. Os agentes Presidente da República, e destinam-se à defe-
putativos realizam atividade pública, sem que haja sa da Pátria, à garantia dos poderes constitucio-
tido investidura para isso (é o caso do agente investido nais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e
sem aprovação em concurso público). Os atos pratica- da ordem.
dos pelos agentes putativos devem ser convalidados, § 3º Os membros das Forças Armadas são
a fim de que terceiros de boa-fé não sejam prejudica- denominados militares, aplicando-se-lhes,
dos. Ainda, mesmo que ilegítima a investidura, fará além das que vierem a ser fixadas em lei, as

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seguintes disposições: com prevalência da atividade militar, no art.


I – as patentes, com prerrogativas, direitos e 37, XVI, c;
deveres a elas inerentes, são conferidas pelo IX – revogado
Presidente da República e asseguradas em X – a lei disporá sobre o ingresso nas Forças
plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou Armadas, os limites de idade, a estabilidade
reformados, sendo-lhes privativos os títu- e outras condições de transferência do mili-
los e postos militares e, juntamente com os tar para a inatividade, os direitos, os deveres,
demais membros, o uso dos uniformes das a remuneração, as prerrogativas e outras si-
Forças Armadas; tuações especiais dos militares, consideradas
II – o militar em atividade que tomar posse em as peculiaridades de suas atividades, inclusive
cargo ou emprego público civil permanente, aquelas cumpridas por força de compromis-
ressalvada a hipótese prevista no art. 37, XVI, sos internacionais e de guerra.
alínea c, será transferido para a reserva, nos
termos da lei;
III – o militar da ativa que, de acordo com a
lei, tomar posse em cargo, emprego ou fun-
Súmula Vinculante 51
ção pública civil temporária, não eletiva, ain-
“O reajuste de 28,86%, concedido aos
da que da administração indireta, ressalvada
servidores militares pelas Leis n. 8.622/93
a hipótese prevista no art. 37, XVI, alínea C,
e 8.627/93, estende-se aos servidores
ficará agregado ao respectivo quadro e so-
civis do poder executivo, observadas as
mente poderá, enquanto permanecer nes-
eventuais compensações decorrentes dos
sa situação, ser promovido por antiguidade,
reajustes diferenciados concedidos pelos
contando-se-lhe o tempo de serviço apenas
mesmos diplomas legais”.
para aquela promoção e transferência para a
reserva, sendo depois de dois anos de afasta-
mento, contínuos ou não, transferido para a
reserva, nos termos da lei; 9.4. Cargos versus
IV – ao militar são proibidas a sindicaliza- empregos públicos
ção e a greve;
V – o militar, enquanto em serviço ativo, não Os regimes jurídicos de pessoal para os agentes
pode estar filiado a partidos políticos; públicos são, basicamente: o estatutário, de direi-
VI – o oficial só perderá o posto e a patente se to público, no qual o Estado se coloca em posição
for julgado indigno do oficialato ou com ele de supre­macia, podendo alterar certas condições de
incompatível, por decisão de tribunal militar trabalho unilateralmente (o que reforça a suposição
de caráter permanente, em tempo de paz, ou antiga de que “estatutário” e “contrato de função
de tribunal especial, em tempo de guerra; pública” seriam meros jogos de palavras); (ARAÚJO,
VII – o oficial condenado na justiça comum ou Contrato administrativo, cit., p. 118-125, ao comen-
militar a pena privativa de liberdade superior tar a posição (bastante criticada na época) assumi-
a dois anos, por sentença transitada em julga- da por José Cretella Júnior – 1967, v. III, p. 185 e s.),
do, será submetido ao julgamento previsto no e contratual, de direito privado, pelo qual a posição
inciso anterior; do Estado não detém tal supremacia, embora sofra
VIII – aplica-se aos militares o disposto no art. algumas derrogações em sua pureza, em virtude da
7º, VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, pessoa do empregador e dos serviços públicos que o
XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e órgão ou entidade prestam.

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No primeiro caso, são ocupantes de cargos, e nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
chamam-se atualmente servidores públicos; no se- investido em cargo de direção, chefia ou assessora-
gundo, são ocupantes de empregos públicos ou de mento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança ou, ainda, de função gratificada na admi-
funções (na Administração estadual de São Paulo,
nistração pública direta e indireta em qualquer dos
função-atividade), e denominam-se servido-
poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
res celetistas (CASTRO, 1981, p. 14, 17 e 11 e s.). Mas
dos Municípios, compreendido o ajuste mediante de-
também são servidores estatutários em algumas
signações recíprocas (Súmula Vinculante 13).
Administrações, por exemplo, na do Estado de São
Paulo, aqueles que não são efetivos (remanescentes
dos antigos extranumerários, servidores temporá-
Importante ressaltar que a lei que veda o nepotis-
rios etc.), e ocupam funções, não cargos (NETTO DE
mo não tem iniciativa exclusiva do Executivo. Assim,
ARAÚJO, 2007, p. 25).
há legitimidade ativa partilhada entre o Legislativo e
Três são as categorias de cargos públicos:
o chefe do Executivo na propositura de leis que ver-
a) Cargos vitalícios: são aqueles que conferem ao
sam sobre nepotismo (STF, RE 570.392).
agente maiores garantias, só possibilitando a per-
da do cargo através de processo judicial (art. 95, I,
CF). São vitalícios os cargos dos magistrados, dos
membros do Ministério Público e dos membros 9.5. Estabilidade
dos Tribunais de Contas.
b) Cargos efetivos: seu conceito é obtido de forma São estáveis após três anos de efetivo exercício os
residual: se o cargo não for classificado nem como servidores nomeados para cargo de provimento efe-
vitalício nem como cargo em comissão, será con- tivo em virtude de concurso público. Como condição
siderado efetivo. Para titulares de cargos efetivos, para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a ava-
as hipóteses de perda do cargo só podem ocorrer liação especial de desempenho por comissão insti-
nos casos estabelecidos pelo art. 41, § 1º, CF. tuída para essa finalidade.
c) Cargos em comissão: são de ocupação transitória O servidor público estável só perderá o cargo: a) em
e seus titulares são nomeados em razão da exis- virtude de sentença judicial transitada em julgado; b)
tência de relação de confiança entre a autorida- mediante processo administrativo em que lhe seja
de nomeante e o agente escolhido. Os cargos em assegurada ampla defesa; c) mediante procedimento
comissão somente podem destinar-se a funções de avaliação periódica de desempenho, na forma de
de direção, chefia e assessoramento. A nomea- lei complementar, assegurada ampla defesa.
ção das pessoas que ocuparão cargos em comis- Cuidado:
são é livre, bem como a exoneração (exoneração
ad nutum), devendo apenas respeitar o teor da Estabilidade, como vimos acima, é a garantia constitu-
Súmula Vinculante 13 – que para essas nomeações cional do servidor público estatutário de permanecer no
serviço público, após o período de três anos de efetivo
veda o nepotismo.
exercício. Efetividade nada mais é do que a situação jurí-
dica que qualifica a titularização de cargos efetivos, para
distinguir-se da que é relativa aos ocupantes de cargos
Viola a Constituição Federal a nomeação de cônjuge,
em comissão. Se um servidor ocupa um cargo efetivo,
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
tem efetividade; se ocupa cargo em comissão, não a tem
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
(CARVALHO FILHO, 2010, p. 615).

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9.6. Provimento versus investidura d) Reversão: é o retorno à atividade de servidor apo-


sentado ou por invalidez, quando junta médica
Provimento é o fato administrativo que traduz o preen- oficial declarar insubsistentes os motivos da apo-
chimento de um cargo público. Como esse fato depende sentadoria; ou interesse da administração em ca-
da manifestação volitiva da autoridade competente em sos especificados pelo art. 25, II, Lei n. 8.112/90.
cada caso, tem-se que o fato provimento é consubstan- e) Aproveitamento: consiste no retorno à atividade
ciado através de um ato administrativo de caráter fun- de servidor em disponibilidade; far-se-á median-
cional: são os atos de provimento (CARVALHO FILHO,
te aproveitamento obrigatório em cargo de atri-
2010, p. 563).
buições e vencimentos compatíveis com o ante-
A investidura consiste no aperfeiçoamento jurídico da
riormente ocupado.
aquisição da titularidade da posição jurídica correspon-
f) Reintegração: é a reinvestidura do servidor estável
dente ao cargo público no qual um sujeito foi aprovado.
Sob esse prisma, deve ser bem entendida a considera- no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo re-
ção de Márcio Cammarosano no sentido de que o pro- sultante de sua transformação, quando invalidada
vimento diz respeito ao cargo, enquanto a investidura a sua demissão por decisão administrativa ou judi-
é concernente à pessoa. O cargo é provido, alguém é cial, com ressarcimento de todas as vantagens.
investido. A distinção decorre, portanto, do ângulo de Trata-se de uma especialíssima forma de execu-
observação: se tenho em vista o cargo. Refiro-me ao ção de sentença in natura contra a Administração
provimento; se a pessoa que o titulariza, refiro-me à Pública, que, tal como a anulação, atua ex tunc, im-
investidura (apud BANDEIRA DE MELLO, 2007, p. 294; pondo, ainda, como corolário, à Fazenda Pública
JUSTEN FILHO, 2010, p. 899).
condenada, o ressarcimento indenizatório de todas
as importâncias que deveriam ter sido pagas des-
Nos termos da Lei n. 8.112/90, art. 8º, os atos de de a demissão anulada e, finalmente, a reposição
provimento são: a) nomeação; b) promoção; c) rea-
dos demais direitos estatutários, que teriam sido
daptação; d) reversão; e) aproveitamento; f) reinte-
hipoteticamente deferidos ao servidor durante
gração; g) recondução.
o período, como promoções, licenças, progres-
a) Nomeação: a nomeação para cargo de carreira ou
são horizontal, tempo de serviço etc. (MOREIRA
cargo isolado de provimento efetivo depende de
NETO, 2014, p. 403).
prévia habilitação em concurso público de pro-
g) Recondução: é o retorno do servidor estável ao
vas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de
cargo anteriormente ocupado; decorrerá de ina-
classificação e o prazo de sua validade. Pode ocor-
bilitação em estágio probatório relativo a outro
rer em caráter efetivo quando se tratar de cargo
cargo ou reintegração do anterior ocupante.
isolado de provimento efetivo ou de carreira; ou
em comissão.
b) Promoção: “é o provimento que eleva o servidor
a uma classe imediatamente superior dentro da 9.7. Remuneração dos agentes
mesma carreira” (MOREIRA NETO, 2014, p. 405) públicos: considerações essenciais
– desde que haja vaga e de acordo com critérios de
merecimento, antiguidade, realização de cursos a) A remuneração dos servidores públicos e o subsí-
de aperfeiçoamento, por exemplo. dio de que trata o § 4º do art. 39, CF, somente po-
c) Readaptação: é a investidura do servidor em car- derão ser fixados ou alterados por lei específica,
go de atribuições e responsabilidades compatíveis observada a iniciativa privativa em cada caso, as-
com a limitação que tenha sofrido em sua capaci- segurada revisão geral anual, sempre na mesma
dade física ou mental verificada em inspeção mé- data e sem distinção de índices.
dica. Se julgado incapaz para o serviço, o readap- b) A remuneração e o subsídio dos ocupan-
tando será aposentado. tes de cargos, funções e empregos públicos da

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administração direta, autárquica e fundacional, f) O STF, ao julgar o RE 609.381, entendeu que a re-
dos membros de qualquer dos Poderes da União, gra do teto remuneratório dos servidores públi-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, cos é de eficácia imediata, admitindo a redução
dos detentores de mandato eletivo e dos demais de vencimentos daqueles que recebem acima do
agentes políticos e os proventos, pensões ou outra limite constitucional.
espécie remuneratória, percebidos cumulativa-
mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou
de qualquer outra natureza, não poderão exceder O STF (RE 675.978) decidiu que o
o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do teto constitucional do funcionalismo
Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como público deve ser aplicado sobre o
limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e valor bruto da remuneração, sem os
nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio men- descontos do Imposto de Renda (IR) e
sal do Governador no âmbito do Poder Executivo, da contribuição previdenciária. Assim,
o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais “subtraído o montante que exceder
no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos o teto e subteto previsto no art. 37,
Desembargadores do Tribunal de Justiça, limita- XI, CF, tem-se o valor que vale como
do a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos base para o Imposto de Renda e para a
por cento do subsídio mensal, em espécie, dos contribuição previdenciária”.
Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âm-
bito do P­ oder Judiciário, aplicável este limite aos
membros do Ministério Público, aos Procuradores
e aos Defensores Públicos.
c) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo
9.8. Direito de greve dos
e do Poder Judiciário não poderão ser superiores agentes públicos
aos pagos pelo Poder Executivo.
d) É vedada a vinculação ou equiparação de quais- A Constituição Federal no art. 37, VII (norma
quer espécies remuneratórias para o efeito de re- constitucional de eficácia limitada), possibilita o di-
muneração de pessoal do serviço público. reito de greve aos servidores, porém condiciona seu
e) É vedada a acumulação remunerada de cargos pú- exercício nos termos da lei.
blicos, exceto nos seguintes casos: Ocorre que essa lei ainda não foi editada (ocorre o
◼ a dois cargos de professor; fenômeno da “síndrome da inefetividade das normas
◼ a um cargo de professor com outro técnico ou constitucionais”).
científico; Diante desse cenário surge o remédio constitucio-
◼ dois cargos ou empregos privativos de profissio- nal mandado de injunção (previsto no art. 5º, LXXI,
nais de saúde, com profissões regulamentadas. CF e regulamentado pela Lei n. 13.300, de 23 de junho
de 2016) que tem por objetivo forçar a norma a pro-
duzir seus efeitos.
Para ser possível a acumulação remunerada, alguns Assim, com a falta de norma regulamentado-
requisitos devem ser preenchidos: 1) existir compa- ra, três mandados de injunção foram impetrados no
tibilidade de horários; 2) observar o disposto no art. STF (MI 670, 708 e 712) com o escopo de assegurar o
37, XI, CF; 3) a proibição de acumular estende-se a direito de greve para os seus filiados ante a falta de
empregos e funções e abrange autarquias, fundações, norma infraconstitucional regulamentando o exer-
empresas públicas, sociedades de economia mista,
cício do direito de greve.
suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou
Nesses julgamentos, o STF declara a omissão le-
indiretamente, pelo Poder Público.
gislativa e decide que, enquanto não for editada a lei

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específica regulamentando a greve no funcionalismo pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam ti-
público, aplica-se, no que couber, as leis que regula- tulares dos direitos, das liberdades ou das prer-
mentam a greve no setor privado (Leis ns. 7.783/89 rogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e
e 7.701/88). à cidadania.
Ainda sobre o tema “greve”, em 27 de outu- d) São legitimados passivos (impetrado) o poder,
bro de 2016 o STF concluiu o julgamento do RE o órgão ou a autoridade com atribuição para editar
693.456, com repercussão geral, e fixou a tese de que a norma regulamentadora.
“a Administração Pública deve proceder ao desconto e) Reconhecido o estado de mora legislativa, será
dos dias de paralisação decorrentes do exercício do deferida a injunção para: I – determinar prazo
direito de greve pelos servidores públicos, em virtude razoável para que o impetrado promova a edição
da suspensão do vínculo funcional que dela decorre, da norma regulamentadora (determinação que só
permitida a compensação em caso de acordo. O des- será dispensada quando comprovado que o impe-
conto será, contudo, incabível se ficar demonstra- trado deixou de atender, em mandado de injun-
do que a greve foi provocada por conduta ilícita do ção anterior, ao prazo estabelecido para a edição
Poder Público”. da norma) e II – estabelecer as condições em que
O STF, ao julgar o ARE 654.432 e a RCL 17.358, fi- se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou
xou que as atividades desempenhadas por grupos ar- das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as
mados (policiais civis, policiais federais, por exem- condições em que poderá o interessado promover
plo – art. 144 da CF) são análogas às dos militares ação própria visando a exercê-los, caso não seja
(Marinha, Exército e Aeronáutica – art. 142, § 3°, IV, suprida a mora legislativa no prazo determinado.
da CF) e, portanto, encaixam-se na proibição do di- f) A norma regulamentadora superveniente pro-
reito de greve – já que configuram atividades essen- duzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficia-
ciais para a manutenção da ordem pública e da inco- dos por decisão transitada em julgado, salvo se a
lumidade das pessoas e do patrimônio. aplicação da norma editada lhes for mais favorá-
vel. Todavia, estará prejudicada a impetração se
a norma regulamentadora for editada antes da
decisão, caso em que o processo será extinto sem
9.9. Principais pontos da Lei
resolução de mérito.
n. 13.300/2016 – Lei do Mandado g) A Lei n. 13.300/2016 fixou, ainda, os legiti-
de Injunção mados para a propositura do mandado de in-
junção coletivo:
a) A Lei n. 13.300/2016 trouxe a figura não só da re- ◼ Ministério Público: quando a tutela requerida for
gulamentação total, mas da regulamentação par- especialmente relevante para a defesa da ordem
cial de norma. Assim, conceder-se-á mandado jurídica, do regime democrático ou dos interesses
de injunção sempre que a falta total ou parcial de sociais ou individuais indisponíveis.
norma regulamentadora torne inviável o exercí- ◼ Partido político com representação no Congresso
cio dos direitos e liberdades constitucionais e das Nacional: para assegurar o exercício de direitos,
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobe- liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou
rania e à cidadania. relacionados com a finalidade partidária.
b) Definiu o que seria parcial regulamentação: con- ◼ Organização sindical, entidade de classe ou as-
sidera-se parcial a regulamentação quando forem sociação legalmente constituída e em funciona-
insuficientes as normas editadas pelo órgão legis- mento há pelo menos 1 (um) ano: para assegurar
lador competente. o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas
c) São legitimados ativos (impetrantes) para a pro- em favor da totalidade ou de parte de seus mem-
positura do mandado de injunção individual as bros ou associados, na forma de seus estatutos e

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desde que pertinentes a suas finalidades, dispen- c) A Constituição Federal (art. 40, § 4º) veda (em
sada, para tanto, autorização especial. nome do princípio da igualdade ou isonomia)
◼ Defensoria Pública: quando a tutela requerida for a adoção de requisitos e critérios diferenciados
especialmente relevante para a promoção dos di- para a concessão de aposentadoria aos abrangidos
reitos humanos e a defesa dos direitos individuais pelo regime próprio de previdência social – RPPS.
e coletivos dos necessitados, na forma do art. 5º, Porém, faz uma ressalva: permite em três situa-
LXXIV, CF. ções (que devem estar definidas em leis comple-
mentares) um tratamento diferenciado: I – aos
portadores de deficiência; II – pa­ra aqueles que
Os legitimados para a propositura do mandado de se- exercem atividades de risco; e III – para aqueles
gurança coletivo são: partido político com representa- cujas atividades sejam exercidas sob condições
ção no Congresso Nacional e organização sindical, en- especiais que prejudiquem a saúde ou a integrida-
tidade de classe ou associação legalmente constituída de física.
e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa Ocorre que, para essa terceira hipótese, não há lei
dos interesses de seus membros ou associados.
complementar definindo os critérios para concessão
dessa aposentadoria.
Assim, diante dessa falta de norma regulamenta-
dora (síndrome da inefetividade das normas cons-
9.10. Aposentadoria do servidor titucionais) diversos mandados de injunção fo-
ram propostos no STF, até que foi editada a Súmula
Sobre o tema aposentadoria do servidor, alguns Vinculante 33 fixando que “aplicam-se ao servidor
pontos merecem destaque e atenção: público, no que couber, as regras do regime geral da
a) A Emenda Constitucional n. 88/2015 estabeleceu previdência social sobre aposentadoria especial de
que aos servidores titulares de cargos efetivos que trata o artigo 40, § 4º, inciso III, da Constituição
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Federal, até a edição de lei complementar específica”.
Municípios, incluídas suas autarquias e funda- Ou seja, enquanto não houver lei complementar
ções, é assegurado regime de previdência de ca- específica que regulamenta a aposentadoria especial
ráter contributivo e solidário, mediante contri- do servidor que exerce atividades sob condições espe-
buição do respectivo ente público, dos servidores ciais que prejudiquem a sua saúde ou sua integridade
ativos e inativos e dos pensionistas, observados física (prevista no art. 40, § 4º, III, da CF), utiliza-se,
os critérios que preservem o equilíbrio financeiro no que couber, a lei que regulamenta essa mesma si-
e atuarial. E, assim, determinou que a aposenta- tuação no setor privado e, portanto, no Regime Geral
doria compulsória ocorrerá, com proventos pro- de Previdência Social (RGPS).
porcionais ao tempo de contribuição, aos 70 anos Sobre esse assunto vide este precedente
de idade, ou aos 75 anos de idade, na forma de lei representativo:
complementar (Lei Complementar n. 152/2015).
b) Serão aposentados compulsoriamente aos Ementa: Mandado de injunção.
75 anos de idade, com proventos proporcio- Aposentadoria especial do servidor
nais, os servidores titulares de cargos efetivos público. Art. 40, § 4º, da Constituição da
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos República. Ausência de lei complementar
Municípios, incluídas suas autarquias e funda- a disciplinar a matéria. Necessidade de
ções; os membros do Poder Judiciário; os mem- integração legislativa. 1. Servidor público.
bros do Ministério Público; os membros das Investigador da polícia civil do Estado de
Defensorias Públicas; os membros dos Tribunais São Paulo. Alegado exercício de atividade
e dos Conselhos de Contas. sob condições de periculosidade e

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insalubridade. 2. Reconhecida a omissão


legislativa em razão da ausência de lei
complementar a definir as condições para
o implemento da aposentadoria especial.
3. Mandado de injunção conhecido e
concedido para comunicar a mora à
autoridade competente e determinar a
aplicação, no que couber, do art. 57 da
Lei n. 8.213/91 (MI 795, Relatora Ministra
Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgamento
em 15-4-2009, DJe 22-5-2009).

Ainda, sobre aposentadoria especial, em 20 de ju-


nho de 2018, o STF fixou entendimento de que não
pode ser estendida às guardas municipais a possi-
bilidade de aplicação de aposentadoria especial por
meio de mandado de injunção. A decisão foi tomada
no julgamento de agravos regimentais nos Mandados
de Injunção (MIs) 6770, 6773, 6780, 6874 e 6515.
Para complementar, em 29 de junho de 2018,
o Ministro Alexandre de Moraes concedeu medida
cautelar na ADI 5948 para autorizar suspender os
efeitos de trecho da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do
Desarmamento) que proíbe o porte de arma para in-
tegrantes das guardas municipais de munícipios com
menos de 50 mil habitantes e permite o porte nos
municípios que têm entre 50 mil e 500 mil habitantes
apenas quando em serviço. Pautado nos princípios
da isonomia e da razoabilidade, o relator disse que
é preciso conceder idêntica possibilidade de porte de
arma a todos os integrantes das guardas civis, em
face da efetiva participação na segurança pública e na
existência de similitude nos índices de mortes vio-
lentas nos diversos municípios.

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IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA
10.1. Introdução
Os pais A Lei n. 8.429/92 é um dos maiores diplomas de combate à corrupção

somente e às condutas desonestas, não éticas, eivadas de vícios de moralidade


cometidos pelo agente público contra a administração direta, indireta ou
podem dar fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito

bons conselhos
Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao pa-
trimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário

e indicar bons
haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patri-
mônio ou da receita anual. Serão punidos na forma desta lei e também

caminhos, mas contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou in-
centivo, fiscal ou creditício, de órgão público, bem como daquelas para

a formação cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos
de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se,
final do caráter nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a con-

de uma pessoa
tribuição dos cofres públicos.

está em suas 10.2. Atos de improbidade administrativa


próprias mãos."
Anne Frank 10.2.1. Enriquecimento ilícito (art. 9º da LIA) –
necessidade de dolo ou má-fé para sua configuração

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Art. 9º da LIA seja desproporcional à evolução do patrimô-


I – receber, para si ou para outrem, dinheiro, nio ou à renda do agente público;
bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra van- VIII – aceitar emprego, comissão ou exercer
tagem econômica, direta ou indireta, a título atividade de consultoria ou assessoramento
de comissão, percentagem, gratificação ou para pessoa física ou jurídica que tenha inte-
presente de quem tenha interesse, direto ou resse suscetível de ser atingido ou amparado
indire to, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribui-
por ação ou omissão decorrente das atribui- ções do agente público, durante a atividade;
ções do agente público; IX – perceber vantagem econômica para in-
II – perceber vantagem econômica, direta ou termediar a liberação ou aplicação de verba
indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou pública de qualquer natureza;
locação de bem móvel ou imóvel, ou a contra- X – receber vantagem econômica de qualquer
tação de serviços pelas entidades referidas no natureza, direta ou indiretamente, para omitir
art. 1º por preço superior ao valor de mercado; ato de ofício, providência ou declaração a que
III – perceber vantagem econômica, direta ou esteja obrigado;
indireta, para facilitar a alienação, permuta ou XI – incorporar, por qualquer forma, ao seu
locação de bem público ou o fornecimento de patrimônio bens, rendas, verbas ou valores
serviço por ente estatal por preço inferior ao integrantes do acervo patrimonial das entida-
valor de mercado; des mencionadas no art. 1º desta lei;
IV – utilizar, em obra ou serviço particular, ve- XII – usar, em proveito próprio, bens, rendas,
ículos, máquinas, equipamentos ou material verbas ou valores integrantes do acervo pa-
de qualquer natureza, de propriedade ou à trimonial das entidades mencionadas no art.
disposição de qualquer das entidades men- 1º desta lei.
cionadas no art. 1º desta lei, bem como o tra-
balho de servidores públicos, empregados ou
terceiros contratados por essas entidades;
V – receber vantagem econômica de qual-
quer natureza, direta ou indireta, para tolerar
10.2.2. Dano ao erário (art. 10 da LIA) –
a exploração ou a prática de jogos de azar, de necessidade de dolo ou culpa para sua
lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, configuração
de usura ou de qualquer outra atividade ilíci-
ta, ou aceitar promessa de tal vantagem;
VI – receber vantagem econômica de qual- Art. 10 da LIA
quer natureza, direta ou indireta, para fazer I – facilitar ou concorrer por qualquer forma
declaração falsa sobre medição ou avaliação para a incorporação ao patrimônio particular,
em obras públicas ou qualquer outro serviço, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas,
ou sobre quantidade, peso, medida, qualida- verbas ou valores integrantes do acervo pa-
de ou característica de mercadorias ou bens trimonial das entidades mencionadas no art.
fornecidos a qualquer das entidades mencio- 1º desta lei;
nadas no art. 1º desta lei; II – permitir ou concorrer para que pessoa fí-
VII – adquirir, para si ou para outrem, no exer- sica ou jurídica privada utilize bens, rendas,
cício de mandato, cargo, emprego ou função verbas ou valores integran tes do acervo pa-
pública, bens de qualquer natureza cujo valor trimonial das entidades mencionadas no art.

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1º desta lei, sem a observância das formali- lei, bem como o trabalho de servidor público,
dades legais ou regulamentares aplicáveis à empregados ou terceiros contratados por es-
espécie; sas entidades.
III – doar à pessoa física ou jurídica bem como XIV – celebrar contrato ou outro instrumen-
ao ente despersonalizado, ainda que de fins to que tenha por objeto a prestação de ser-
educativos ou assistências, bens, rendas, ver- viços públicos por meio da gestão associada
bas ou valores do patrimônio de qualquer das sem observar as formalidades previstas na lei;
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, (Incluído pela Lei n. 11.107, de 2005)
sem observância das formalidades legais e XV – celebrar contrato de rateio de consór-
regulamentares aplicáveis à espécie; cio público sem suficiente e prévia dotação
IV – permitir ou facilitar a alienação, permuta orçamentária, ou sem observar as formalida-
ou locação de bem integrante do patrimônio des previstas na lei. (Incluído pela Lei n. 11.107,
de qualquer das entidades referidas no art. 1º de 2005)
desta lei, ou ainda a prestação de serviço por XVI – facilitar ou concorrer, por qualquer for-
parte delas, por preço inferior ao de mercado; ma, para a incorporação, ao patrimônio par-
V – permitir ou facilitar a aquisição, permuta ticular de pessoa física ou jurídica, de bens,
ou locação de bem ou serviço por preço su- rendas, verbas ou valores públicos transferi-
perior ao de mercado; dos pela administração pública a entidades
VI – realizar operação financeira sem obser- privadas mediante celebração de parcerias,
vância das normas legais e regulamentares ou sem a observância das formalidades legais ou
aceitar garantia insuficiente ou inidônea; regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído
VII – conceder benefício administrativo ou fis- pela Lei n. 13.019, de 2014)
cal sem a observância das formalidades legais XVII – permitir ou concorrer para que pessoa
ou regulamentares aplicáveis à espécie; física ou jurídica privada utilize bens, rendas,
VIII – frustrar a licitude de processo licitatório verbas ou valores públicos transferidos pela
ou de processo seletivo para celebração de administração pública a entidade privada
parcerias com entidades sem fins lucrativos, mediante celebração de parcerias, sem a ob-
ou dispensá-los indevidamente; (Redação servância das formalidades legais ou regula-
dada pela Lei n. 13.019, de 2014) mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela
IX – ordenar ou permitir a realização de des- Lei n. 13.019, de 2014)
pesas não autorizadas em lei ou regulamento; XVIII – celebrar parcerias da administração
X – agir negligentemente na arrecadação de pública com entidades privadas sem a obser-
tributo ou renda, bem como no que diz res- vância das formalidades legais ou regulamen-
peito à conservação do patrimônio público; tares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei
XI – liberar verba pública sem a estrita obser- n. 13.019, de 2014)
vância das normas pertinentes ou influir de XIX – agir negligentemente na celebração,
qualquer forma para a sua aplicação irregular; fiscalização e análise das prestações de con-
XII – permitir, facilitar ou concorrer para que tas de parcerias firmadas pela administração
terceiro se enriqueça ilicitamente; pública com entidades privadas; (Incluído
XIII – permitir que se utilize, em obra ou ser- pela Lei n. 13.019, de 2014)
viço particular, veículos, máquinas, equipa- XX – liberar recursos de parcerias firmadas
mentos ou material de qualquer natureza, pela administração pública com entidades
de propriedade ou à disposição de qualquer privadas sem a estrita observância das nor-
das entidades mencionadas no art. 1º desta mas pertinentes ou influir de qualquer forma

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para a sua aplicação irregular. (Incluído pela obrigado a fazê-lo;


Lei n. 13.019, de 2014) VII – revelar ou permitir que chegue ao co-
XXI – liberar recursos de parcerias firmadas nhecimento de terceiro, antes da respectiva
pela administração pública com entidades divulgação oficial, teor de medida política ou
privadas sem a estrita observância das nor- econômica capaz de afetar o preço de merca-
mas pertinentes ou influir de qualquer forma doria, bem ou serviço.
para a sua aplicação irregular. (Incluído pela VIII – descumprir as normas relativas à cele-
Lei n. 13.019, de 2014) bração, fiscalização e aprovação de contas de
parcerias firmadas pela administração pública
com entidades privadas. (Redação dada pela
Lei n. 13.019, de 2014)
10.2.2.1. Atos de improbidade administrativa
decorrentes de concessão ou aplicação IX – deixar de cumprir a exigência de requisi-
indevida de benefício financeiro ou tributário tos de acessibilidade previstos na legislação.
(art. 10-A da LIA) (Incluído pela Lei n. 13.146, de 2015)

De acordo com a Lei Complementar n. 157/2016,


constitui ato de improbidade administrativa qual-
quer ação ou omissão para conceder, aplicar ou
manter benefício financeiro ou tributário contrário
10.3. Sanções aplicáveis ao
ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei agente ímprobo
Complementar n. 116, de 31 de julho de 2003.
Para a configuração dessa hipótese de improbida- ◼ Enriquecimento ilícito (art. 9º da LIA): perda dos
de é indispensável a presença de dolo ou má-fé. bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patri-
mônio, ressarcimento integral do dano, quando
houver, perda da função pública, suspensão dos
10.2.3. Violação aos princípios da
direitos políticos de oito a dez anos, pagamento
administração (art. 11 da LIA) – de multa civil de até três vezes o valor do acrés-
necessidade de dolo ou má-fé para cimo patrimonial e proibição de contratar com
sua configuração o Poder Público ou receber benefícios ou incen-
tivos fiscais ou creditícios, direta ou indireta-
mente, ainda que por intermédio de pessoa jurí-
Art. 11 da LIA dica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
dez anos.
I – praticar ato visando fim proibido em lei ou
◼ Dano ao erário (art. 10 da LIA): ressarcimento in-
regulamento ou diverso daquele previsto, na
tegral do dano, perda dos bens ou valores acresci-
regra de competência;
dos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta
II – retardar ou deixar de praticar, indevida-
circunstância, perda da função pública, suspen-
mente, ato de ofício;
são dos direitos políticos de cinco a oito anos,
III – revelar fato ou circunstância de que tem
pagamento de multa civil de até duas vezes o va-
ciência em razão das atribuições e que deva
lor do dano e proibição de contratar com o Poder
permanecer em segredo;
Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais
IV – negar publicidade aos atos oficiais;
ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
V – frustrar a licitude de concurso público;
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja só-
VI – deixar de prestar contas quando esteja
cio majoritário, pelo prazo de cinco anos.

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◼ Violação aos princípios da administração (art. 11 ou dele se beneficie sob qualquer forma direta
da LIA): ressarcimento integral do dano, se hou- ou indireta.
ver, perda da função pública, suspensão dos di- ◼ Sucessor: o sucessor daquele que causar lesão ao
reitos políticos de três a cinco anos, pagamento patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente
de multa civil de até cem vezes o valor da re- está sujeito às cominações desta lei até o limite do
muneração percebida pelo agente e proibição de valor da herança.
contratar com o Poder Público ou receber benefí-
cios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pes- 10.5. Ação civil pública versus
soa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
prazo de três anos.
ação popular
Ainda, o art. 12 da LIA sofreu alteração por meio
A criação da ação civil pública constitui um avanço do
da inclusão do inciso IV pela Lei Complementar
nosso ferramental jurídico para conferir proteção a bens
n. 157/2016. Assim, na hipótese prevista no art.
que, até então, escapavam, ao alcance das ações co-
10-A, as penalidades atribuídas ao agente ímprobo muns. Diríamos ao mesmo tempo que a ação civil públi-
são: perda da função pública, suspensão dos direi- ca é a arma mais forte de que se dispõe para dar combate
tos políticos de cinco a oito anos e multa civil de até aos desvios de toda sorte que se praticam com sérios
três vezes o valor do benefício financeiro ou tribu- prejuízos no patrimônio público, no patrimônio social,
tário concedido. no meio ambiente e, de forma muito mais abrangente,
nos interesses difusos e coletivos (BASTOS, p. 151).

A perda da função pública e a suspensão dos direitos Tanto a ação civil pública (prevista na Lei
políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da n. 7.347/85) quanto a ação popular (prevista na Lei
sentença condenatória. n. 4.717/65) podem ter por finalidade a repressão de
atos ímprobos. Vejamos as principais diferenças en-
A aplicação das sanções previstas na LIA independe da
efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, sal- tre essas duas ações:
vo quanto à pena de ressarcimento, e da aprovação ou
rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou 10.5.1. Ação civil pública
pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
Tem por objeto a tutela do meio ambiente; consu-
midor; bens e direitos de valor artístico, estético, his-
tórico, turístico e paisagístico; honra e à dignidade de
grupos raciais, étnicos ou religiosos; patrimônio pú-
10.4. Sujeito ativo do ato de blico e social e demais direitos difusos, coletivos ou
improbidade administrativa individuais homogêneos (art. 1º da Lei n. 7.347/85).

◼ Agente público em sentido lato: todo aquele que


exerce, ainda que transitoriamente ou sem remu-
Art. 81, parágrafo único, do CDC
neração, por eleição, nomeação, designação, con-
A defesa coletiva será exercida quando se tra-
tratação ou qualquer outra forma de investidura
tar de:
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função
I – interesses ou direitos difusos, assim en-
nas entidades mencionadas no art. 1º da LIA.
tendidos, para efeitos deste código, os tran-
◼ Aquele que não é agente público mas que induza
sindividuais, de natureza indivisível, de que
ou concorra para a prática do ato de improbidade

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sejam titulares pessoas indeterminadas e li- Art. 5º, LXXIII, CF


gadas por circunstâncias de fato; Qualquer cidadão é parte legítima para pro-
II – interesses ou direitos coletivos, assim por ação popular que vise a anular ato lesivo
entendidos, para efeitos deste código, os ao patrimônio público ou de entidade de que
transindividuais, de natureza indivisível de o Estado participe, à moralidade administra-
que seja titular grupo, categoria ou classe de tiva, ao meio ambiente e ao patrimônio his-
pessoas ligadas entre si ou com a parte con- tórico e cultural, ficando o autor, salvo com-
trária por uma relação jurídica base. provada má-fé, isento de custas judiciais e do
III – interesses ou direitos individuais ho- ônus da sucumbência.
mogêneos, assim entendidos os decorrentes
de origem comum.

Legitimidade ativa: cidadão – a prova da cidada-


nia, para ingresso em juízo, será feita com o título
Legitimidade ativa: eleitoral, ou com documento que a ele corresponda.
a) Ministério Público; Em 4 de setembro de 2015, o STF (no ARE 824.781)
b) Defensoria Pública; reafirmou a jurisprudência no sentido de que não é
c) União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; necessária a comprovação de prejuízo material aos
d) Autarquia, empresa pública, fundação ou socieda- cofres públicos como condição para a propositura de
de de economia mista; ação popular.
e) Associação que, concomitantemente esteja cons-
tituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da
lei civil e inclua, entre suas finalidades institucio-
10.6. Prescrição na lei de
nais, a proteção ao patrimônio público e social, ao
meio ambiente, ao consumidor, à ordem econô-
improbidade administrativa
mica, à livre concorrência, aos direitos de grupos
raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio ar- As ações destinadas a levar a efeito as sanções
tístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. previstas na lei de improbidade administrativa po-
Em 5 de novembro de 2015, ao julgar o RE 733.433, dem ser propostas:
o STF decidiu que a Defensoria Pública tem legitimi- a) E até cinco anos após o término do exercício de
dade para a propositura da ação civil pública que ob- mandato, de cargo em comissão ou de função
jetiva promover a tutela judicial de direitos difusos e de confiança.
coletivos de que sejam titulares pessoas necessitadas. b) Dentro do prazo prescricional previsto em lei es-
Em 15 de agosto de 2018, o STF decidiu que o pecífica para faltas disciplinares puníveis com
Ministério Público tem legitimidade para ajuizar demissão a bem do serviço público, nos casos de
ação civil pública com o objetivo de buscar o forneci- exercício de cargo efetivo ou emprego.
mento de medicamentos a portadores de determina- c) Em até cinco anos da data da apresentação à ad-
das doenças. A questão foi analisada no julgamento do ministração pública da prestação de contas final
RE 605.533 – que teve repercussão geral conhecida. pelas entidades referidas no parágrafo único do
art. 1º da Lei de Improbidade Administrativa.
10.5.2. Ação popular Até então o entendimento majoritário acerca da
prescrição nas ações de improbidade era no sentido
Tem por objeto a defesa da moralidade adminis- de que a eventual prescrição das sanções decorrentes
trativa, meio ambiente e patrimônio público (art. 1º de atos de improbidade administrativa não obsta-
da Lei n. 4.717/65). riam o prosseguimento da demanda quanto ao pleito

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de ressarcimento dos danos causados ao erário, que 10.7. Jurisprudência sobre


é imprescritível. Nesse sentido: STJ, AgRg no AREsp
improbidade administrativa
663.951/MG, Rel. Ministro Humberto Martins, 2ª
Turma, julgado em 14-4-2015, DJe 20-4-2015; AgRg
a) (…) A improbidade administrativa é a caracteriza-
no REsp 1.481.536/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell
ção atribuída pela Lei n. 8.429/92 a determinadas
Marques, 2ª Turma, julgado em 18-12-2014, DJe 19-
condutas praticadas por qualquer agente público
12-2014; REsp 1.289.609/DF, Rel. Ministro Benedito
e também por particulares contra “a administra-
Gonçalves, 1ª Seção, julgado em 12-11-2014, DJe
ção direta, indireta ou fundacional de qualquer
2-2-2015; AgRg no REsp 1.287.471/PA, Rel. Ministro
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Castro Meira, 2ª Turma, julgado em 6-12-2012,
Federal, dos Municípios, de Território, de empre-
DJe 4-2-2013.
sa incorporada ao patrimônio público ou de en-
tidade para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com mais de cinquenta
O STF reconheceu a existência por cento do patrimônio ou da receita anual” (art.
de repercussão geral em Recurso 1º). […] Pela Ação Civil Pública por ato de impro-
Extraordinário (RE 852.475) que trata da bidade administrativa busca-se, além da puni-
prescrição nas ações de ressarcimento ção do agente, o ressarcimento do dano causado
ao erário por parte de agentes públicos ao patrimônio público, bem como a reversão dos
em decorrência de ato de improbidade produtos obtidos com o proveito do ato ímprobo
administrativa. O relator do referido […] (REsp 1.319.515/ES, Rel. Ministro Napoleão
RE, Ministro Teori Zavascki, assinalou Nunes Maia Filho, Rel. p/ Acórdão Ministro Mauro
que, no RE 669.069, de sua relatoria, Campbell Marques, 1ª Seção, julgado em 22-8-
o STF reconheceu a repercussão geral da 2012, DJe 21-9-2012).
matéria, mas, no julgamento do mérito, b) É inadmissível a responsabilidade objetiva na
firmou-se a tese de que é prescritível a ação aplicação da Lei n. 8.429/92, exigindo – se a pre-
de reparação de danos à Fazenda Pública sença de dolo nos casos dos arts. 9º e 11 (que
decorrente de ilícito civil, não alcançando, coíbem o enriquecimento ilícito e o atentado aos
portanto, as ações decorrentes de ato de princípios administrativos, respectivamente) e ao
improbidade. Portanto, “em face disso, menos de culpa nos termos do art. 10, que censu-
incumbe ao Plenário pronunciar-se acerca ra os atos de improbidade por dano ao erário (STJ,
do alcance da regra do § 5º do art. 37 da AgRg no REsp 1.500.812/SE, Rel. Ministro Mauro
Constituição, desta vez especificamente Campbell Marques, 2ª Turma, julgado em 21-5-
quanto às ações de ressarcimento ao 2015, DJe 28-5-2015).
erário fundadas em atos tipificados como c) O Ministério Público tem legitimidade ad causam
ilícitos de improbidade administrativa”. para a propositura de Ação Civil Pública objetivan-
Até o fechamento desta edição, não houve do o ressarcimento de danos ao erário, decorren-
decisão definitiva do RE 852.475. tes de atos de improbidade (STJ, REsp 1.261.660/
SP, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho,

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Rel. p/ Acórdão Ministro Benedito Gonçalves, 1ª


Turma, julgado em 24-3-2015, DJe 16-4-2015).
d) O termo inicial da prescrição em improbidade ad-
ministrativa em relação a particulares que se be-
neficiam de ato ímprobo é idêntico ao do agente
público que praticou a ilicitude (STJ, AgRg no REsp
1510589/SE, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, 1ª
Turma, julgado em 26/05/2015, DJe 10-6-2015).
e) É inviável a propositura de ação civil de impro-
bidade administrativa exclusivamente contra o
particular, sem a concomitante presença de agen-
te público no polo passivo da demanda (STJ, AgRg
no AREsp 574.500/PA, Rel. Ministro Humberto
Martins, 2ª Turma, julgado em 2-6-2015, DJe
10-6-2015).

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PROCESSO
ADMINISTRATIVO
FEDERAL –
Toda dor pode
ser suportada
LEI N. 9.784/99
se sobre ela 11.1. Introdução
puder ser É a sucessão de atos e atividades (tanto do Estado quanto de particu-
contada uma lares) ordenados para a obtenção de decisão sobre uma controvérsia no

história."
âmbito administrativo, produzindo uma vontade final da Administração
Pública (ROSSI, 2016, p. 497).

Hannah Arendt
11.2. Critérios observados no processo
administrativo federal
a) Atuação conforme a lei e o Direito.
b) Atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou
parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei.
c) Objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promo-
ção pessoal de agentes ou autoridades.
d) Atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé.
e) Divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses
de sigilo previstas na Constituição.
f) Adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações,
restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente ne-
cessárias ao atendimento do interesse público.

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g) Indicação dos pressupostos de fato e de direito do processo disciplinar, p. 196; NETTO DE ARAÚJO,
que determinarem a decisão. 2007, p. 889).
h) Observância das formalidades essenciais à garan- e) Decisão: arts. 48 e 49 da Lei n. 9.784/99.
tia dos direitos dos administrados. f) Pedido de reconsideração.
i) Adoção de formas simples, suficientes para pro- g) Recurso.
piciar adequado grau de certeza, segurança e res- h) Revisão do processo.
peito aos direitos dos administrados.
j) Garantia dos direitos à comunicação, à apresen-
tação de alegações finais, à produção de provas e 11.4. Do recurso administrativo
à interposição de recursos, nos processos de que
possam resultar sanções e nas situações de litígio. a) Das decisões administrativas cabe recurso, em
k) Proibição de cobrança de despesas processuais, face de razões de legalidade e de mérito.
ressalvadas as previstas em lei.
l) Impulsão, de ofício, do processo administrativo, O mérito administrativo consubstancia-se, portanto, na
sem prejuízo da atuação dos interessados. valoração dos motivos e na escolha do objeto do ato, fei-
m) Interpretação da norma administrativa da forma tas pela Administração incumbida de sua prática, quan-
que melhor garanta o atendimento do fim públi- do autorizada a decidir sobre a conveniência, oportuni-
co a que se dirige, vedada aplicação retroativa de dade e justiça do ato a realizar. Daí a exata afirmativa
nova interpretação. de Seabra Fagundes de que “o merecimento é aspecto
pertinente apenas aos atos administrativos praticados
no exercício de competência discricionária” (SEABRA
FAGUNDES, RDA 23/1-16; MEIRELLES, 2010, p. 159).
11.3. Fases do processo
administrativo federal b) O recurso administrativo tramitará no máximo
por três instâncias administrativas, salvo dispo-
a) Instauração: art. 5º da Lei n. 9.784/99. sição legal diversa.
b) Instrução: arts. 29 a 47 da Lei n. 9.784/99 – c) Têm legitimidade para interpor recurso adminis-
“Instruir significa esclarecer, informar, cienti- trativo: os titulares de direitos e interesses que
ficar, mas, no campo jurídico, quer dizer princi- forem parte no processo; aqueles cujos direitos
palmente ‘pôr (um processo, uma causa etc.) em ou interesses forem indiretamente afetados pela
estado de ser julgado’, ou anexar, a uma petição decisão recorrida; as organizações e associações
ou representação, os documentos comprobatórios representativas, no tocante a direitos e interes-
das alegações nela feitas” (HOLANDA, Novo dicio- ses coletivos; os cidadãos ou associações, quanto
nário Aurélio; NETTO DE ARAÚJO, 2007, p. 884). a direitos ou interesses difusos.
c) Defesa: art. 44 da Lei n. 9.784/99. d) É de dez dias o prazo para interposição de recurso
d) Relatório: art. 47 da Lei n. 9.784/99 – “Trata-se administrativo, contado a partir da ciência ou di-
de manifestação que possui a natureza jurídica de vulgação oficial da decisão recorrida.
‘ato de administração consultiva’, que vai infor- e) Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso
mar, elucidar e sugerir providências de ‘adminis- administrativo deverá ser decidido no prazo má-
tração ativa’, ao contrário do ato decisório, que ximo de trinta dias, a partir do recebimento dos
não é vinculado à proposta que o relatório con- autos pelo órgão competente.
tém, e caracteriza-se como ‘ato administrativo f) Salvo disposição legal em contrário, o recurso não
constitutivo’, que pode modificar situação jurídi- tem efeito suspensivo. Porém, havendo justo re-
ca anterior” (LEITE, Luciano Ferreira. A instrução ceio de prejuízo de difícil ou incerta reparação

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decorrente da execução, a autoridade recorrida ou


a imediatamente superior poderá, de ofício ou a
pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.

11.5. Da revisão do processo


Os processos administrativos de que resultem
sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo,
a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos
ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar
a inadequação da sanção aplicada.
Da revisão do processo não poderá resultar agra-
vamento da sanção, ou seja, não será admitida a
reformatio in pejus.

11.6. Súmulas do STJ


a) Súmula 591: É permitida a “prova emprestada”
no processo administrativo disciplinar, desde que
devidamente autorizada pelo juízo competente e
respeitados o contraditório e a ampla defesa.
b) Súmula 592: O excesso de prazo para a conclusão
do processo administrativo disciplinar só cau-
sa nulidade se houver demonstração de prejuízo
à defesa.

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12.
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LICITAÇÃO
12.1. Conceito e base constitucional (art. 37, XXI)
Licitação é um procedimento prévio para a escolha da proposta mais vanta-
josa para a Administração Pública antes da celebração de um contrato admi-

Decida que
nistrativo. Também objetiva assegurar igualdade de oportunidades àqueles
que desejam e têm condições de contratar com ela, garantindo, assim, a efi-

hoje é o dia ciência, impessoalidade e moralidade aos negócios administrativos (ROSSI,


2016, p. 519).

que você vai ser


melhor do que
Tem previsão no art. 37, XXI, do Texto Constitucio­nal, que estabele-
ce: “ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,

imagina. Decida compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação


pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes,
que jogará fora com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as

pensamentos
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente per-
mitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis

e recordações à garantia do cumprimento das obrigações”.

ruins. Decida que


o importante 12.2. Princípios da licitação
não é ganhar A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitu-

ou perder, mas
cional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a admi-
nistração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será
batalhar e processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos
da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da pu-
sempre continuar blicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento

batalhando."
convocatório do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

Licínia Rossi

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12.3. Fases da licitação possa, ainda que indiretamente, elidir o princípio da


igualdade entre os licitantes.

◼ Instauração ou abertura: com o instrumento


convocatório (edital ou carta-convite a depender
do caso) – art. 21 da Lei n. 8.666/93. Assim, a empresa que cumprir todos os requisitos
será considerada classificada. Ao contrário, aquela
que não os cumprir, será desclassificada (art. 48 da
A Administração não pode descumprir Lei n. 8.666/93).
◼ Julgamento das propostas: de acordo com o tipo
as normas e condições do edital, ao
de licitação: menor preço; melhor técnica; técnica
qual se acha estritamente vinculada –
e preço; maior lance ou oferta.
observância ao princípio de vinculação ao
◼ Homologação: a homologação é a fase de ve-
instrumento convocatório.
rificação, pela autoridade superior que no-
meou a Comissão da Licitação, da regularidade
do procedimento.
A vinculação ao edital é princípio básico de toda licitação.
Nem se compreenderia que a Administração fixasse no
A homologação se situa no âmbito do poder de contro-
edital a forma e o modo de participação dos licitantes e
le hierárquico da autoridade superior e tem a natureza
no decorrer do procedimento ou na realização do julga-
jurídica de ato administrativo de confirmação. Quando
mento se afastasse do estabelecido, ou admitisse docu-
a autoridade procede à homologação do julgamen-
mentação e propostas em desacordo com o solicitado.
to, confirma a validade da licitação e o interesse da
O edital é a lei interna da licitação, e, como tal, vincula aos
Administração em ver executada a obra ou o serviço,
seus termos tanto os licitantes como a Administração
ou contratada a compra, nos termos previstos no edital.
que o expediu (art. 41) (MEIRELLES, 2010, p. 285).
A lei, além de referir-se à homologação, alude também à
expressão aprovação do procedimento, que possui o mes-
◼ Habilitação ou qualificação: (arts. 27 e s. da Lei mo significado (art. 49 do Estatuto).
n. 8.666/93) nessa fase será exigida e verificada Consequência jurídica da homologação é a adjudicação,
toda a documentação dos licitantes: habilitação que espelha o ato pelo qual a Administração, através da
jurídica (art. 28); qualificação técnica (art. 30); autoridade competente, atribui ao vencedor do certa-
qualificação econômico-financeira (art. 31); re- me a atividade (obra, serviço ou compra) que consti-
gularidade fiscal e trabalhista (art. 29); cumpri- tui o objeto da futura contratação (CARVALHO FILHO,
2010, p. 271).
mento do disposto no art. 7º, XXXIII, CF.
◼ Classificação das propostas: no julgamento das
◼ Adjudicação: com a adjudicação dá-se ao vence-
propostas, a Comissão levará em consideração
dor o status de vencedor. É o resultado oficial.
os critérios objetivos definidos no edital ou con-
vite, os quais não devem contrariar as normas e
São efeitos jurídicos da adjudicação: a) a aquisição do
princípios estabelecidos na Lei n. 8.666/93, des-
direito de contratar com a Administração nos termos
considerando qualquer oferta de vantagem não
em que o adjudicatário venceu a licitação; b) a vincula-
prevista no edital ou no convite, inclusive finan-
ção do adjudicatário a todos os encargos estabelecidos
ciamentos subsidiados ou a fundo perdido, nem no edital e aos prometidos, na proposta; c) a sujeição
preço ou vantagem baseada nas ofertas dos de- do adjudicatário às penalidades previstas no edital e
mais licitantes. normas legais pertinentes se não assinar o contrato no
prazo e condições estabelecidas; d) o impedimento de a
Administração contratar o objeto licitado com outrem;
É vedada a utilização de qualquer elemento, critério e) a liberação dos licitantes vencidos de todos os encar-
ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que gos da licitação e o direito de retirarem os documentos e

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levantarem as garantias oferecidas, salvo se obrigados a de prêmios ou remuneração aos vencedores, con-
aguardar a efetivação do contrato por disposição do edi- forme critérios constantes de edital publicado na
tal ou norma legal (MEIRELLES, 2010, p. 323). imprensa oficial com antecedência mínima de 45
(quarenta e cinco) dias.
◼ Fase contratual: tema estudado no capítulo “con- ◼ Leilão: é a modalidade de licitação entre quais-
tratos administrativos”. quer interessados para a venda de bens móveis
inservíveis para a administração ou de produtos
legalmente apreendidos ou penhorados, ou para
12.4. Modalidades de licitação a alienação de bens imóveis prevista no art. 19,
a quem oferecer o maior lance, igual ou superior
◼ Concorrência: é a modalidade de licitação entre ao valor da avaliação.
quaisquer interessados que, na fase inicial de ha- ◼ Pregão: disciplinado na Lei n. 10.520/2002 – é
bilitação preliminar, comprovem possuir os re- modalidade licitatória adequada para a aquisição
quisitos mínimos de qualificação exigidos no edi- de bens e serviços comuns.
tal para execução de seu objeto.
◼ Tomada de preços: é a modalidade de licitação
entre interessados devidamente cadastrados ou Consideram-se bens e serviços comuns aqueles
que atenderem a todas as condições exigidas para cujos padrões de desempenho e qualidade possam
cadastramento até o terceiro dia anterior à data do ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de
recebimento das propostas, observada a necessá- ­especificações usuais no mercado.
ria qualificação.
◼ Convite: é a modalidade de licitação entre interes-
sados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ◼ A modalidade licitatória pregão goza das se-
ou não, escolhidos e convidados em número míni- guintes características: I – a fase de julgamento
mo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual das propostas ocorre antes da fase de habilitação;
afixará, em local apropriado, cópia do instrumento II – para julgamento e classificação das propos-
convocatório e o estenderá aos demais cadastrados tas, será adotado o critério de menor preço, ob-
na correspondente especialidade que manifestarem servados os prazos máximos para fornecimento,
seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e as especificações técnicas e parâmetros mínimos
quatro) horas da apresentação das propostas. de desempenho e qualidade definidos no edital;
III – declarado o vencedor, qualquer licitante po-
derá manifestar imediata e motivadamente a in-
Existindo na praça mais de três possíveis tenção de recorrer, quando lhe será concedido o
interessados, a cada novo convite, prazo de 3 (três) dias para apresentação das ra-
realizado para objeto idêntico ou zões do recurso, ficando os demais licitantes des-
assemelhado, é obrigatório o convite a, de logo intimados para apresentar contrarrazões
no mínimo, mais um interessado, enquanto em igual número de dias, que começarão a correr
existirem cadastrados não convidados nas do término do prazo do recorrente, sendo-lhes
últimas licitações. assegurada vista imediata dos autos; IV – a falta
de manifestação imediata e motivada do licitante
importará a decadência do direito de recurso e a
◼ Concurso: é a modalidade de licitação entre quais- adjudicação do objeto da licitação pelo pregoei-
quer interessados para escolha de trabalho técni- ro ao vencedor; V – aplicação subsidiária da Lei
co, científico ou artístico, mediante a instituição n. 8.666/93, no que couber.

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12.4.1. Tipos de licitação (critério de


julgamento das propostas) elaboração de projetos, cálculos, fiscalização,
supervisão e gerenciamento e de engenharia
◼ Menor preço: quando o critério de seleção da pro- consultiva em geral e, em particular, para a ela-
posta mais vantajosa para a Administração deter- boração de estudos técnicos preliminares e pro-
minar que será vencedor o licitante que apresen- jetos básicos e executivos.
tar a proposta de acordo com as especificações do ◼ Técnica e preço: esse critério conjuga os dois cri-
edital ou convite e ofertar o menor preço. térios anteriores e deve obedecer ao fixado no art.
◼ Melhor técnica: esse critério será utilizado ex- 46, § 2º, da Lei n. 8.666/93.
clusivamente para serviços de natureza pre- ◼ Maior lance ou oferta: nos casos de alienação de
dominantemente intelectual, em especial na bens ou concessão de direito real de uso.

Art. 23 da Lei n. 8.666/93 Atualização do art. 23 da Lei n. 8.666/93 pelo


Considerações antes do Decreto n. 9.412, de 18 de junho de 2018
Decreto n. 9.412, de 18 de Embasamento para a referida alteração:
Modalidades de licitação – junho de 2018. a) art. 84, IV, da CF;
definidas em razão do valor da (Portanto, antes do dia b) art. 120 da Lei n. 8.666/93 (estabelece que
futura contratação (art. 23 da 19-7-2018 – já que o Decreto “os valores fixados por esta Lei poderão ser
Lei n. 8.666/93) entra em vigor 30 dias após anual­mente revistos pelo Poder Executivo Federal,
a data de sua publicação, que os fará publicar no Diário Oficial da União,
nos termos do art. 2° do observando como limite superior a variação geral
referido Decreto.) dos preços do mercado, no período”).

OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA

Convite Até R$ 150.000,00 Até R$ 330.000,00

Tomada de Preços Até R$ 1.500.000,00 Até R$ 3.300.000,00

Concorrência Acima de R$ 1.500.00,00 Acima de R$ 3.300.00,00

COMPRAS E OUTROS SERVIÇOS (QUE NÃO ENGENHARIA)

Convite Até R$ 80.000,00 Até R$ 176.000,00

Tomada de Preços Até R$ 650.000,00 Até R$ 1.430.000,00

Concorrência Acima de R$ 650.000,00 Acima de R$ 1.430.000,00

DISPENSA DE LICITAÇÃO – ART. 24 DA LEI N. 8.666/93 (VIDE ITEM 12.4.2.1)

Obras e Serviços de Engenharia


Até R$ 15.000,00 Até R$ 33.000,00
(art. 24, I, da Lei n. 8.666/93)

Compras e Outros Serviços –


que não engenharia (art. 24, II, Até R$ 8.000,00 Até R$ 17.600,00
da Lei n. 8.666/93)

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12.4.2. Contratação direta: licitação V – quando não acudirem interessados à li-


dispensável versus inexigibilidade citação anterior e esta, justificadamente,
de licitação não puder ser repetida sem prejuízo para a
Administração, mantidas, neste caso, todas
12.4.2.1. Licitação dispensável as condições preestabelecidas;
VI – quando a União tiver que intervir no do-
Licitação dispensável é toda aquela que a Administração mínio econômico para regular preços ou nor-
pode dispensar se assim lhe convier (MEIRELLES, malizar o abastecimento;
2010, p. 291): VII – quando as propostas apresentadas con-
signarem preços manifestamente superio-
res aos praticados no mercado nacional, ou
forem incompatíveis com os fixados pelos
Art. 24 da Lei n. 8.666/93
órgãos oficiais competentes, casos em que,
I – para obras e serviços de engenharia de
observado o parágrafo único do art. 48 desta
valor até 10% (dez por cento) do limite pre-
Lei e, persistindo a situação, será admitida a
visto na alínea a, do inciso I do art. 23, des-
adjudicação direta dos bens ou serviços, por
de que não se refiram a parcelas de uma
valor não superior ao constante do registro de
mesma obra ou serviço ou ainda para obras
preços, ou dos serviços;
e serviços da mesma natureza e no mesmo
VIII – para a aquisição, por pessoa jurídica de
local que possam ser realizadas conjunta e
direito público interno, de bens produzidos
concomitantemente;
ou serviços prestados por órgão ou entidade
II – para outros serviços e compras de valor
que integre a Administração Pública e que te-
até 10% (dez por cento) do limite previsto na
nha sido criado para esse fim específico em
alínea a, do inciso II do art. 23 anterior e para
data anterior à vigência desta Lei, desde que
alienações, nos casos previstos nesta Lei, des- o preço contratado seja compatível com o
de que não se refiram a parcelas de um mes- praticado no mercado;
mo serviço, compra ou alienação de maior IX – quando houver possibilidade de com-
vulto que possa ser realizada de uma só vez; prometimento da segurança nacional,
III – nos casos de guerra ou grave perturbação nos casos estabelecidos em decreto do
da ordem; Presidente da República, ouvido o Conselho
IV – nos casos de emergência ou de calamida- de Defesa Nacional;
de pública, quando caracterizada urgência de X – para a compra ou locação de imóvel des-
atendimento de situação que possa ocasio- tinado ao atendimento das finalidades precí-
nar prejuízo ou comprometer a segurança de puas da administração, cujas necessidades de
pessoas, obras, serviços, equipamentos e ou- instalação e localização condicionem a sua es-
tros bens, públicos ou particulares, e somente colha, desde que o preço seja compatível com
para os bens necessários ao atendimento da o valor de mercado, segundo avaliação prévia;
situação emergencial ou calamitosa e para as XI – na contratação de remanescente de obra,
parcelas de obras e serviços que possam ser serviço ou fornecimento, em consequência
concluídas no prazo máximo de 180 (cento de rescisão contratual, desde que atendida a
e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, ordem de classificação da licitação anterior e
contados da ocorrência da emergência ou ca- aceitas as mesmas condições oferecidas pelo
lamidade, vedada a prorrogação dos respec- licitante vencedor, inclusive quanto ao preço,
tivos contratos; devidamente corrigido;

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XII – nas compras de hortifrutigranjeiros, pão seu valor não exceda ao limite previsto na alí-
e outros gêneros perecíveis, no tempo neces- nea a do inciso II do art. 23 desta Lei;
sário para a realização dos processos licitató- XIX – para as compras de material de uso pe-
rios correspondentes, realizadas diretamente las Forças Armadas, com exceção de mate-
com base no preço do dia; riais de uso pessoal e administrativo, quando
XIII – na contratação de instituição brasileira houver necessidade de manter a padroniza-
incumbida regimental ou estatutariamente ção requerida pela estrutura de apoio logís-
da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimen- tico dos meios navais, aéreos e terrestres,
to institucional, ou de instituição dedicada à mediante parecer de comissão instituída
recuperação social; por decreto;
XIV – para a aquisição de bens ou serviços nos XX – na contratação de associação de porta-
termos de acordo internacional específico dores de deficiência física, sem fins lucrati-
aprovado pelo Congresso Nacional, quando vos e de comprovada idoneidade, por órgãos
as condições ofertadas forem manifestamen- ou entidades da Administração Pública, para
te vantajosas para o Poder Público; a prestação de serviços ou fornecimento de
XV – para a aquisição ou restauração de obras mão de obra, desde que o preço contratado
de arte e objetos históricos, de autenticidade seja compatível com o praticado no mercado;
certificada, desde que compatíveis ou ineren- XXI – para a aquisição ou contratação de pro-
tes às finalidades do órgão ou entidade; duto para pesquisa e desenvolvimento, limi-
XVI – para a impressão dos diários oficiais, de tada, no caso de obras e serviços de enge-
formulários padronizados de uso da admi- nharia, a 20% (vinte por cento) do valor de que
nistração, e de edições técnicas oficiais, bem trata a alínea b do inciso I do caput do art. 23
como para prestação de serviços de informá- (Incluí­do pela Lei n. 13.243, de 2016);
tica a pessoa jurídica de direito público inter- XXII – na contratação de fornecimento ou su-
no, por órgãos ou entidades que integrem primento de energia elétrica e gás natural com
a Administração Pública, criados para esse concessionário, permissionário ou autorizado,
fim específico; segundo as normas da legislação específica;
XVII – para a aquisição de componentes ou XXIII – na contratação realizada por empre-
peças de origem nacional ou estrangeira, ne- sa pública ou sociedade de economia mis-
cessários à manutenção de equipamentos ta com suas subsidiárias e controladas, para
durante o período de garantia técnica, junto a aquisição ou alienação de bens, prestação
ao fornecedor original desses equipamentos, ou obtenção de serviços, desde que o preço
quando tal condição de exclusividade for in- contratado seja compatível com o praticado
dispensável para a vigência da garantia; no mercado;
XVIII – nas compras ou contratações de servi- XXIV – para a celebração de contratos de
ços para o abastecimento de navios, embarca- prestação de serviços com as organizações
ções, unidades aéreas ou tropas e seus meios sociais, qualificadas no âmbito das respecti-
de deslocamento quando em estada even- vas esferas de governo, para atividades con-
tual de curta duração em portos, aeroportos templadas no contrato de gestão;
ou localidades diferentes de suas sedes, por XXV – na contratação realizada por Instituição
motivo de movimentação operacional ou de Científica e Tecnológica – ICT ou por agência
adestramento, quando a exiguidade dos pra- de fomento para a transferência de tecnolo-
zos legais puder comprometer a normalidade gia e para o licenciamento de direito de uso
e os propósitos das operações e desde que ou de exploração de criação protegida;

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XXVI – na celebração de contrato de programa de Saúde – SUS, no âmbito da Lei n. 8.080, de


com ente da Federação ou com entidade de 19 de setembro de 1990, conforme elencados
sua administração indireta, para a prestação em ato da direção nacional do SUS, inclusive
de serviços públicos de forma associada nos por ocasião da aquisição destes produtos du-
termos do autorizado em contrato de consór- rante as etapas de absorção tecnológica;
cio público ou em convênio de cooperação; XXXIII – na contratação de entidades priva-
XXVII – na contratação da coleta, processa- das sem fins lucrativos, para a implementação
mento e comercialização de resíduos sóli- de cisternas ou outras tecnologias sociais de
dos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em acesso à água para consumo humano e pro-
áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, dução de alimentos, para beneficiar as famí-
efetuados por associações ou cooperativas lias rurais de baixa renda atingidas pela seca
formadas exclusivamente por pessoas físi- ou falta regular de água;
cas de baixa renda reconhecidas pelo poder XXXIV – para a aquisição por pessoa jurídica
público como catadores de materiais reciclá- de direito público interno de insumos estraté-
veis, com o uso de equipamentos compatí- gicos para a saúde produzidos ou distribuídos
veis com as normas técnicas, ambientais e de por fundação que, regimental ou estatutaria-
saúde pública; mente, tenha por finalidade apoiar órgão da
XXVIII – para o fornecimento de bens e servi- administração pública direta, sua autarquia
ços, produzidos ou prestados no País, que en- ou fundação em projetos de ensino, pesqui-
volvam, cumulativamente, alta complexidade sa, extensão, desenvolvimento institucional,
tecnológica e defesa nacional, mediante pa- científico e tecnológico e estímulo à inovação,
recer de comissão especialmente designada inclusive na gestão administrativa e financei-
pela autoridade máxima do órgão; ra necessária à execução desses projetos, ou
XXIX – na aquisição de bens e contratação de em parcerias que envolvam transferência de
serviços para atender aos contingentes mili- tecnologia de produtos estratégicos para o
tares das Forças Singulares brasileiras empre- Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos
gadas em operações de paz no exterior, ne- do inciso XXXII deste artigo, e que tenha sido
cessariamente justificadas quanto ao preço e criada para esse fim específico em data ante-
à escolha do fornecedor ou executante e rati- rior à vigência desta Lei, desde que o preço
ficadas pelo Comandante da Força; contratado seja compatível com o praticado
XXX – na contratação de instituição ou orga- no mercado.
nização, pública ou privada, com ou sem fins
lucrativos, para a prestação de serviços de as-
sistência técnica e extensão rural no âmbito
12.4.2.2. Inexigibilidade de licitação
do Programa Nacional de Assistência Técnica
e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Inexigível é o que não pode ser exigido, asseguram os
Reforma Agrária, instituído por lei federal; dicionaristas; inexigibilidade, a seu turno, é a qualidade
XXXI – nas contratações visando ao cumpri- do que não pode ser exigido. Desse modo, a inexigibi-
mento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da lidade da licitação é a circunstância de fato encontrada
Lei n. 10.973, de 2 de dezembro de 2004, ob- na pessoa que se quer contratar, ou com quem se quer
servados os princípios gerais de contratação contratar, que impede o certame, a concorrência; que
dela constantes; impossibilita o confronto das propostas para os negó-
XXXII – na contratação em que houver trans- cios pretendidos por quem, em princípio, está obriga-
ferência de tecnologia de produtos estratégi- do a licitar, e permite a contratação direta, isto é, sem
a prévia licitação. Assim, ainda que a administração
cos para o Sistema Único

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desejasse a licitação, esta seria inviável ante a absoluta o profissional ou empresa cujo conceito no
ausência de concorrentes. Com efeito, onde não há dis- campo de sua especialidade, decorrente de
puta ou competição não há licitação. É uma particula- desempenho anterior, estudos, experiências,
ridade da pessoa que se quer contratar, encontrável, por publicações, organização, aparelhamento,
exemplo, no profissional de notória especialização e no
equipe técnica, ou de outros requisitos rela-
artista consagrado pela crítica especializada. É circuns-
cionados com suas atividades, permita inferir
tância encontrada na pessoa com quem se quer contratar
que o seu trabalho é essencial e indiscutivel-
a qualidade de ser a proprietária do único ou de todos os
mente o mais adequado à plena satisfação do
bens existentes (GASPARINI, 2009, p. 551).
objeto do contrato.
§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer
Assim, é inexigível a licitação quando houver in-
dos casos de dispensa, se comprovado super-
viabilidade de competição, em especial:
faturamento, respondem solidariamente pelo
dano causado à Fazenda Pública o fornecedor
ou o prestador de serviços e o agente público
Art. 25 da Lei n. 8.666/93 responsável, sem prejuízo de outras sanções
I – para aquisição de materiais, equipamen- legais cabíveis.
tos, ou gêneros que só possam ser forneci-
dos por produtor, empresa ou representante
comercial exclusivo, vedada a preferência de
marca, devendo a comprovação de exclusivi-
dade ser feita através de atestado fornecido 12.5. Desistência da licitação
pelo órgão de registro do comércio do lo-
cal em que se realizaria a licitação ou a obra Importante é a situação envolvendo o conceito de
ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou desistência da licitação:
Confederação Patronal, ou, ainda, pelas enti-
dades equivalentes; Há desistência quando a entidade licitante, antes do fi-
nal da licitação, renuncia ao seu prosseguimento, inter-
II – para a contratação de serviços técnicos
rompe o seu curso. O motivo da desistência é qualquer
enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza um, desde que de interesse público e superveniente.
singular, com profissionais ou empresas de Assim, deve, por exemplo o Município desistir da lici-
notória especialização, vedada a inexigibilida- tação em andamento para a aquisição de mil e duzentas
de para serviços de publicidade e divulgação; caixas de laranja se um benemérito citricultor se propõe
III – para contratação de profissional de qualquer a doá-las. Conseguido o objeto da licitação, mesmo que
por outros meios, não há sentido lógico, nem jurídico,
setor artístico, diretamente ou através de em-
para o prosseguimento da licitação. Aliás, sua continui-
presário exclusivo, desde que consagrado pela
dade em tais casos seria ilegal dada a ausência de inte-
crítica especializada ou pela opinião pública. resse público (GASPARINI, 2009, p. 690).
§ 1º Considera-se de notória especialização

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13.
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REGIME
DIFERENCIADO
PARA
Não farão
grandes coisas
CONTRATAÇÕES –
os que se RDC
deixarem levar
por tendências, É a Lei n. 12.462/2011 que institui o RDC (Regime Diferenciado de
Contratações Públicas).

novidades e a
opinião geral." 13.1. Aplicação do RDC
Jack Kerouac O RDC é aplicável exclusivamente às licitações e contratos necessá-
rios à realização de:
a) Dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, constantes da Carteira
de Projetos Olímpicos a ser definida pela Autoridade Pública
Olímpica (APO).
b) Da Copa das Confederações da Federação Internacional de Futebol
– Fifa 2013 e da Copa do Mundo Fifa 2014, definidos pelo Grupo
Executivo – Gecopa 2014 do Comitê Gestor instituído para definir,
aprovar e supervisionar as ações previstas no Plano Estratégico das
Ações do Governo Brasileiro para a realização da Copa do Mundo Fifa
2014 – CGCOPA 2014, restringindo-se, no caso de obras públicas, às
constantes da matriz de responsabilidades celebrada entre a União,
Estados, Distrito Federal e Municípios.

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c) De obras de infraestrutura e de contratação de quando: o objeto da contratação puder ser executa-


serviços para os aeroportos das capitais dos do de forma concorrente e simultânea por mais de
Estados da Federação distantes até 350 km (tre- um contratado; ou a múltipla execução for conve-
zentos e cinquenta quilômetros) das cidades-se­de niente para atender à administração pública.
dos mundiais referidos nos itens a e b acima. d) As licitações deverão ser realizadas preferen-
d) Das ações integrantes do Programa de Aceleração cialmente sob a forma eletrônica, admitida
do Crescimento – PAC (Incluído pela Lei n. 12.688, a presencial.
de 2012). e) Será admitida a participação de licitantes sob
e) Das obras e serviços de engenharia no âmbito do a forma de consórcio, conforme estabelecido
Sistema Único de Saúde – SUS (Incluído pela Lei em regulamento.
n. 12.745, de 2012). f) Poderão ser exigidos requisitos de sustentabilida-
f) Das obras e serviços de engenharia para cons- de ambiental, na forma da legislação aplicável.
trução, ampliação e reforma e administração de g) Nas licitações (de acordo com o combinado na
estabelecimentos penais e de unidades de atendi- forma do regulamento), poderão ser adotados
mento socioeducativo (Incluído pela Lei n. 13.190, os modos de disputa aberto (em que os licitan-
de 2015). tes apresentarão suas ofertas por meio de lances
g) Das ações no âmbito da segurança pública públicos e sucessivos, crescentes ou decrescen-
(Incluído pela Lei n. 13.190, de 2015). tes, conforme o critério de julgamento adotado) e
h) Das obras e serviços de engenharia, relacionadas fechado (em que as propostas apresentadas pelos
a melhorias na mobilidade urbana ou amplia- licitantes serão sigilosas até a data e hora desig-
ção de infraestrutura logística (Incluído pela Lei nadas para que sejam divulgadas).
n. 13.190, de 2015). h) As hipóteses de dispensa e inexigibilidade de li-
i) Dos contratos a que se refere o art. 47-A da Lei n. citação estabelecidas nos arts. 24 e 25 da Lei
12.462/2011 (Incluído pela Lei n. 13.190, de 2015). n. 8.666/93, aplicam-se, no que couber, às con-
j) Das ações em órgãos e entidades dedicados à ci-
tratações realizadas com base no RDC.
ência, à tecnologia e à inovação (Incluído pela Lei
n. 13.243, de 2016).

13.3. Fases do RDC


13.2. Características principais a) preparatória;
b) publicação do instrumento convocatório (edital);
a) O objeto da licitação deverá ser definido de forma
c) apresentação de propostas ou lances;
clara e precisa no instrumento convocatório, ve-
d) julgamento;
dadas especificações excessivas, irrelevantes ou
e) habilitação;
desnecessárias.
f) recursal;
b) Na execução indireta de obras e serviços de enge-
g) encerramento.
nharia, são admitidos os seguintes regimes: em-
preitada por preço unitário; empreitada por preço
global; contratação por tarefa; empreitada inte-
gral; ou contratação integrada. 13.4. Critérios de julgamento
c) A administração pública poderá, mediante justi- do RDC
ficativa expressa, contratar mais de uma empresa
ou instituição para executar o mesmo serviço, des- No RDC poderão ser utilizados os seguintes crité-
de que não implique perda de economia de escala, rios de julgamento:

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a) Menor preço ou maior desconto: o julgamento


pelo menor preço ou maior desconto considerará
o menor dispêndio para a administração pública,
atendidos os parâmetros mínimos de qualidade
definidos no instrumento convocatório.
b) Técnica e preço: será utilizado esse critério de
julgamento quando a avaliação e a ponderação da
qualidade técnica das propostas que superarem os
requisitos mínimos estabelecidos no instrumento
convocatório forem relevantes aos fins pretendi-
dos pela administração pública, e destinar-se-á
exclusivamente a objetos de natureza predomi-
nantemente intelectual e de inovação tecnológica
ou técnica; ou que possam ser executados com di-
ferentes metodologias ou tecnologias de domínio
restrito no mercado, pontuando-se as vantagens
e qualidades que eventualmente forem oferecidas
para cada produto ou solução.
c) Melhor técnica ou conteúdo artístico: esse cri-
tério de julgamento poderá ser utilizado para a
contratação de projetos, inclusive arquitetônicos,
e trabalhos de natureza técnica, científica ou ar-
tística, excluindo-se os projetos de engenharia.
Serão consideradas exclusivamente as propostas
técnicas ou artísticas apresentadas pelos licitan-
tes com base em critérios objetivos previamente
estabelecidos no instrumento convocatório, no
qual será definido o prêmio ou a remuneração que
será atribuída aos vencedores.
d) Maior oferta de preço: esse critério será utilizado
no caso de contratos que resultem em receita para
a administração pública.
e) Maior retorno econômico: esse critério será uti-
lizado exclusivamente para a celebração de con-
tratos de eficiência, as propostas serão conside-
radas de forma a selecionar a que proporcionará
a maior economia para a administração pública
decorrente da execução do contrato.

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14.
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CONTRATOS
ADMINISTRATIVOS
Os contratos administrativos são as manifestações de vontade entre duas ou

Corra atrás de
mais pessoas visando à celebração de negócio jurídico, havendo a participa-
ção do Poder Público, atuando com todas as prerrogativas decorrentes da su-

seus sonhos,
premacia do interesse público, visando sempre à persecução de um fim cole-
tivo. Este contrato é regido pelo direito público, sendo inerentes a ele todas as

ainda que prerrogativas e limitações de Estado (CARVALHO, 2014, p. 513).

todos digam a) Os contratos administrativos sujeitam-se aos preceitos do Direito

que você é
Público e têm peculiaridades que ultrapassam os ajustes de Direito
Privado – as “cláusulas exorbitantes” (art. 58 da Lei n. 8.666/93).

louco ou não São exemplos de cláusulas exorbitantes:


◼ A alteração e rescisão unilaterais do contrato pela Administração.

vai conseguir. ◼ O reajustamento de preços e tarifas; a alegação da cláusula da ex-

Infelizmente
ceção do contrato não cumprido – que num primeiro momento
não será aplicada nos contratos administrativos devido ao princí-

a maioria pio da continuidade dos serviços públicos.


◼ Controle e fiscalização da execução contratual pelo Poder Público.

não é modelo ◼ Aplicação de penalidades contratuais etc.

de sucesso."
b) É vedado o contrato com prazo de vigência indeterminado.
c) O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à
Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na
Licínia Rossi execução do contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabili-
dade, a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado.
d) O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciá-
rios, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.
e) A inexecução total ou parcial do contrato enseja a sua rescisão.

89
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São exemplos de motivos para a rescisão: travamento do liame”. Esta noção de equivalên-
1) O não cumprimento de cláusulas contratuais, cia, de igualdade, que deverá persistir, fica mui-
especificações, projetos ou prazos; o cumpri- to bem esclarecida nas seguintes expressões com
mento irregular de cláusulas contratuais, es- que Marcel Waline a descreve: “Assim, o equilí-
pecificações, projetos e prazos. brio econômico e financeiro do contrato é uma
2) A lentidão do seu cumprimento, levando a relação que foi estabelecida pelas próprias partes
Administração a comprovar a impossibilidade contratantes no momento da conclusão de encar-
da conclusão da obra, do serviço ou do forneci- gos deste, que pareceram equivalentes, donde o
mento, nos prazos estipulados. nome de ‘equação’; desde então esta equivalên-
3) O atraso injustificado no início da obra, servi- cia não mais pode ser alterada” (WALINE, 1963,
ço ou fornecimento; a paralisação da obra, do p. 618; BANDEIRA DE MELLO, 2010, p. 211).
serviço ou do fornecimento, sem justa causa e h) O equilíbrio econômico-financeiro pode ser que-
prévia comunicação à Administração. brado em razão de ato ou medida instituídos pelo
4) A dissolução da sociedade ou o falecimento próprio Estado – e daí decorrem dois conceitos
do contratado. importantes:
5) Razões de interesse público, de alta relevância 1) Fato do príncipe: é toda determinação estatal,
e amplo conhecimento, justificadas e determi- positiva ou negativa, geral, imprevista e impre-
nadas pela máxima autoridade da esfera admi- visível, que onera substancialmente à execução
nistrativa a que está subordinado o contratante do contrato administrativo (MEIRELLES, 2010,
e exaradas no processo administrativo a que se p. 244).
refere o contrato etc. 2) Fato da administração: é toda ação ou omis-
f) A cláusula da exceção do contrato não cumprido são do Poder Público que, incidindo direta e
(que estabelece que ambos os contratantes têm a especificamente sobre o contrato, retardam ou
obrigação de cumprir, ao mesmo tempo, as pres- impedem sua execução. O fato da Administração
tações que assumiram e nenhum poderá exigir, equipara-se à força maior e produz os mesmos
isoladamente, que o outro cumpra sua parte, se efeitos excludentes da responsabilidade do
não adimpliu o que lhe cabia) só poderá ser alega- particular pela inexecução do ajuste3. É o que
da pelo contratado quando o Poder Público incor- ocorre, p. ex., quando a Administração deixa
rer em atraso superior a 90 (noventa) dias da data de entregar o local da obra ou serviço, ou não
do pagamento devido ao contratado – nos termos providencia as desapropriações necessárias,
do art. 78, XV, Lei n. 8.666/93. ou atrasa os pagamentos por longo tempo,
g) Manutenção do equilíbrio econômico-financei- ou pratica qualquer ato impeditivo dos traba-
ro: “A palavra equação econômico-financeira sig- lhos a cargo da outra parte (art. 78, XIV-XVI)
nifica ‘igualdade’, ‘equivalência’. Corresponde ao (MEIRELLES, 2010, p. 245).
termo de equilíbrio que se definiu na conformida- i) Diversas são as espécies de contratos administra-
de do que os contratantes estipularam quando do tivos. Cada um com uma característica peculiar:

3 No mesmo sentido: MARIENHOFF (1970, v. III, p. 639); LAUBADÈRE (1956, II, p. 55 e s.); GASTON SIR (1950, IV, p. 286).

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1) Contratos de obras: objetiva uma constru-


ção, reforma, fabricação, recuperação de um
bem público.
2) Contratos de serviços: nos termos do art. 6º da
Lei n. 8.666/93, são os que objetivam a reali-
zação de uma atividade de interesse concreto
para a Administração.
3) Contratos de fornecimento (ou compras): ob-
jetivam a aquisição de bens móveis para a rea-
lização dos serviços administrativos.
4) Contratos de concessão e de permissão: defi-
nidos e regidos pela Lei n. 8.987/95.
5) Contratos de gerenciamento: aqueles firma-
dos com empresas que conduz empreendi-
mentos de engenharia.
6) Contratos de trabalhos artísticos: objetivando
a realização de obras de arte.

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15.
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INTERVENÇÃO
DO ESTADO NA
PROPRIEDADE
Não desanime
no primeiro
O direito de propriedade é direito fundamental previsto inclusive no
art. 5º, caput, CF e garantido pelo inciso XXII.
obstáculo, nem A propriedade urbana cumprirá sua função social (art. 5º, XXIII, CF)

no segundo e
quando atender as exigências previstas no plano diretor (que deverá ser
aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de

nem quantas vinte mil habitantes).


A propriedade rural cumprirá sua função social quando atender si-
vezes a vida te multaneamente aos seguintes requisitos: aproveitamento racional e

empurrar para adequado; utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e pre-
servação do meio ambiente; observância das disposições que regulam as
baixo. Viver é relações de trabalho; exploração que favoreça o bem-estar dos proprie-

um constante
tários e dos trabalhadores.

aprendizado,
portanto tire 15.1. Desapropriação
lições boas de A própria análise etimológica do vocábulo deixa evidente o significado que

cada etapa
lhe é inerente: privar alguém da sua propriedade. Desapropriar (des + apro-
priar) significa retirar a propriedade do seu titular. Afinal, o prefixo “des”

que percorrer. traz consigo a ideia de perda, sendo clara a privação que decorre da figura
em tese. O direito de propriedade do terceiro, que seria por ele exercido com
Sempre há perpetuidade, é suprimido pelo Estado em razão do procedimento desapro-

um propósito."
priatório, independentemente da aquiescência do titular do bem.
Adequando tais ideias ao delineamento jurídico estabelecido no ordena-
mento brasileiro, pode-se conceituar a desapropriação como o procedi-
Licínia Rossi mento por meio do qual o Estado, fundado em interesse público, despoja

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compulsoriamente alguém de um bem e o adquire para si, agrária, com cláusula de preservação do valor real,
de forma originária e mediante indenização, ressalvada resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
a exceção constitucional (art. 243 da CR) (CARVALHO, segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será
2009, p. 1097). definida em lei.
Indenização: em títulos da dívida agrária com
a) Desapropriação ordinária – art. 5º, XXIV, CF: a prazo de resgate de até 20 anos.
lei estabelecerá o procedimento para desapro- d) Desapropriação sancionatória ou confiscatória
priação por necessidade ou utilidade pública (art. (art. 243, CF): as propriedades rurais e urbanas
5º do Decreto-lei n. 3.365/41), ou por interesse de qualquer região do País onde forem localizadas
social (art. 2º da Lei n. 4.132/62), mediante justa culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a ex-
e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os ploração de trabalho escravo na forma da lei se-
casos previstos nesta Constituição. rão expropriadas e destinadas à reforma agrária e
Indenização: justa, prévia e em dinheiro. a programas de habitação popular, sem qualquer
b) Desapropriação por descumprimento da função indenização ao proprietário e sem prejuízo de ou-
social da propriedade urbana (art. 182, § 4º, III, tras sanções previstas em lei, observado, no que
CF): a política de desenvolvimento urbano, exe- couber, o disposto no art. 5º.
cutada pelo Poder Público municipal, conforme Indenização: não há.
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por obje- O STF, ao julgar o tema 399 de repercussão geral
tivo ordenar o pleno desenvolvimento das fun- no RE 635.336, fixou a tese de que “a expropriação
ções sociais da cidade e garantir o bem-estar de prevista no art. 243 da CF pode ser afastada, desde
seus habitantes. que o proprietário comprove que não incorreu em
É facultado ao Poder Público municipal, mediante culpa, ainda que in vigilando ou in elegendo”.
lei específica para área incluída no plano diretor,
exigir, nos termos da lei federal, do proprietário
do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado, que promova seu adequado aproveita-
15.2. Características principais da
mento, sob pena, sucessivamente, de: desapropriação ordinária (art. 5º,
I – parcelamento ou edificação compulsórios; XXIV, CF)
II – imposto sobre a propriedade predial e ter-
ritorial urbana progressivo no tempo; a) A desapropriação tem natureza jurídica de forma
III – desapropriação com pagamento mediante originária de aquisição da propriedade.
títulos da dívida pública de emissão previa- b) A finalidade da desapropriação é a busca do inte-
mente aprovada pelo Senado Federal, com resse público.
prazo de resgate de até dez anos, em parce- c) A competência para legislar sobre desapropriação
las anuais, iguais e sucessivas, assegurados é privativa da União – para normas gerais – po-
o valor real da indenização e os juros legais. dendo lei complementar autorizar os Estados a
Indenização: em títulos da dívida pública com disciplinar matéria específica (art. 22, parágrafo
prazo de resgate de até 10 anos. único, CF).
c) Desapropriação por descumprimento da função d) A competência declaratória da desapropriação –
social da propriedade rural (art. 184, CF): com- consiste na competência para declaração da ne-
pete à União desapropriar por interesse social, cessidade, utilidade pública (art. 5º do Decreto-lei
para fins de reforma agrária, o imóvel rural que n. 3.365/41) ou interesse social (Lei n. 4.132/62).
não esteja cumprindo sua função social, median- O STF, ao julgar o tema 399 de repercussão geral
te prévia e justa indenização em títulos da dívida no RE 635.336, fixou a tese de que “a expropriação

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prevista no art. 243 da CF pode ser afastada, desde mérito discutirá o quantum indenizatório propos-
que o proprietário comprove que não incorreu em to pelo Poder Público – é o que determina o art. 13
culpa, ainda que in vigilando ou in elegendo. do Decreto-lei n. 3.365/41: “a petição inicial, além
Nos termos do art. 2º do Decreto-lei n. 3.365/41, dos requisitos previstos no Código de Processo
esta competência é concorrente da União, Estados, Civil, conterá a oferta do preço e será instruída
Distrito Federal e Municípios – “Mediante declaração com um exemplar do contrato, ou do jornal oficial
de utilidade pública, todos os bens poderão ser de- que houver publicado o decreto de desapropria-
sapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, ção, ou cópia autenticada dos mesmos, e a planta
Distrito Federal e Territórios”. ou descrição dos bens e suas confrontações”.
e) Aspectos da declaração expropriatória: i) Feita a citação do proprietário expropriado, a ação
◼ É formalizada normalmente por decreto (de- seguirá com o rito ordinário e a contestação só po-
creto expropriatório do chefe do executi- derá versar sobre vício do processo judicial ou im-
vo – Presidente da República, Governador ou pugnação do preço; qualquer outra questão deverá
Prefeito – art. 6º do Decreto-lei n. 3.365/41), ser decidida por ação direta (art. 20 do Decreto-lei
mas pode ser formalizada também por lei (art. n. 3.365/41).
8º do Decreto-lei n. 3.365/41). j) A imissão provisória na posse é possível, desde­
◼ Declarada a utilidade pública, ficam as autori- que o Poder Público expropriante alegue urgên-
dades administrativas autorizadas a penetrar cia na desapropriação e desde que haja depósito
nos prédios compreendidos na declaração, po- da quantia arbitrada nos termos do art. 874 do
dendo recorrer, em caso de oposição, ao auxílio CPC/2015. Concedida a imissão provisória na pos-
de força policial. se, ao final da ação será concedido ao proprietário
◼ É com a declaração expropriatória que se inicia expropriado direito ao recebimento de juros com-
a contagem de prazo para a caducidade, afinal pensatórios (justamente a título de compensação
a desapropriação deverá efetivar-se median- pela imissão provisória e antecipada na posse do
te acordo ou intentar-se judicialmente, den- bem) – sobre o cálculo desses juros, vide Súmula
tro de cinco anos, contados da data da expe- 408 do STJ, e, no STF, Súmula 618 e ADI 2.332.
dição do respectivo decreto e findos os quais Em 17 de maio de 2018, o STF decidiu que devem
este caducará. ser de 6%, e não mais de 12%, os juros compensató-
f) A competência executória consiste na atribuição rios incidentes sobre as desapropriações por neces-
para promover a desapropriação, ou seja, para a sidade ou utilidade pública e interesse social ou para
realização de todos os atos desde a negociação fins de reforma agrária, no caso em que haja imissão
com o proprietário até a efetiva transferência prévia na posse pelo Poder Público e divergência en-
da propriedade. tre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado
Podem propor a ação expropriatória a União, em sentença judicial.
Estados, DF e Municípios (de forma incondicionada) Por maioria de votos, os Ministros julgaram par-
e os concessionários de serviços públicos e os esta- cialmente procedente a ADI 2.332 contra disposi-
belecimentos de caráter público ou que exerçam fun- tivos da Medida Provisória n. 2.027-43/2000 e de-
ções delegadas de poder público, desde que haja au- mais reedições, que alterou o Decreto-lei n. 3.365/41.
torização expressa, constante de lei ou contrato (de Os dispositivos estavam suspensos desde setembro
forma condicionada). de 2001, em razão de medida liminar concedida pelo
g) Na ação de desapropriação há a figura do Plenário do STF.
Poder Público expropriante e do proprietário
­ Os juros compensatórios se destinam apenas a
expropriado. compensar a perda de renda comprovadamente so-
h) A petição inicial da ação de desapropriação deve frida pelo proprietário.
conter os requisitos do art. 319 do CPC/2015 e no k) Os juros moratórios destinam-se a recompor a

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perda decorrente do atraso no efetivo pagamento São características da Requisição Administrativa:


da indenização fixada na decisão final de mérito, a) A requisição pode ser civil (que tem por escopo evi-
portanto, são devidos ao proprietário expropria- tar danos à vida, coletividade ou saúde) ou militar
do sempre que houver demora no pagamento da (nos casos de guerra ou de perturbação da ordem).
condenação – nos termos do art. 15-B do Decreto- b) Incide sobre bens móveis (v.g., requisição de lei-
lei n. 3.365/41. tos de hospitais particulares para atender a de-
l) Honorários sucumbenciais são devidos ao advo- manda nos hospitais públicos), imóveis (requisi-
gado sempre que houver diferença entre o valor ção do ginásio esportivo da escola particular para
ofertado inicialmente pelo Poder Público expro- abrigar os desabrigados da chuva) ou serviços
priante e o valor, ao final, fixado na sentença – (requisição dos serviços de médicos de hospitais
art. 27 do Decreto-lei n. 3.365/41. Nesse sentido, particulares para cuidar dos pacientes infectados
vide Súmulas 141, 378 e 617 do STF. pela epidemia).
c) Atinge o caráter exclusivo da propriedade.

São insuscetíveis de desapropriação


para fins de reforma agrária a pequena 15.5. Tombamento
e média propriedade rural, desde que
seu proprietário não possua outra, e a Previsão no Decreto-lei n. 25/37 e no art. 216 da
propriedade produtiva (art. 185, CF). Constituição Federal. É forma de intervenção do
Estado na propriedade responsável pela proteção do
patrimônio histórico e artístico nacional.

15.3. Desapropriação indireta


Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional
o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no
A desapropriação indireta é o irregular comportamento
País e cuja conservação seja de interesse público, quer
do Poder Público de descumprir o procedimento exigi-
por sua vinculação a fatos memoráveis da história do
do pelo ordenamento para que a aquisição compulsória
do bem se realize, imitindo-se indevidamente na sua
Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou
posse. Assim, o estado, em vez de cumprir as regras que
etnográfico, bibliográfico ou artístico.
condicionam o modo de aquisição originária e coercitiva
da propriedade, limita-se a materialmente apossar-se
da coisa alheia, esbulhando-lhe a posse, em flagran- O tombamento pode ser: a) voluntário ou b)
te ilicitude. O instituto é resultado de construção pre- compulsório.
toriana que foi absorvida pela doutrina e, na realidade a) Será voluntário sempre que o proprietário o pe-
administrativa, consubstancia procedimento comum
dir e a coisa se revestir dos requisitos necessários
(CARVALHO, 2009, p. 1196).
para constituir parte integrante do patrimônio
histórico e artístico nacional, a juízo do Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e
15.4. Requisição administrativa Artístico Nacional, ou sempre que o mesmo pro-
prietário anuir, por escrito, à notificação, que se
Tem previsão no art. 5º, XXV, CF, que estabelece lhe fizer, para a inscrição da coisa em qualquer
que “no caso de iminente perigo público, a autorida- dos Livros do Tombo.
de com­petente poderá usar de propriedade particu- b) Será compulsório quando o proprietário se re-
lar, assegurada ao proprietário indenização ulterior, cusar a anuir à inscrição da coisa (vide art. 9º do
se houver dano”. Decreto-lei n. 25/37).

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Os efeitos do tombamento são: Nas lições de José dos Santos Carvalho Filho pode
a) As coisas tombadas, que pertençam à União, aos ser conceituada como: “direito real público que au-
Estados ou aos Municípios, inalienáveis por na- toriza o Poder Público a usar a propriedade imóvel
tureza, só poderão ser transferidas de uma a outra para permitir a execução de obras e serviços de inte-
das referidas entidades. resse coletivo” (2010, p. 946).
b) A coisa tombada não poderá sair do país, senão por São características da Servidão Administrativa:
curto prazo, sem transferência de domínio e para a) É direito real sobre coisa alheia.
fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho b) Na servidão duas figuras importantes merecem
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e destaque: dominante – que é o serviço; serviente
Artístico Nacional.
– que é a propriedade do particular.
c) As coisas tombadas não poderão, em caso ne-
c) Em regra, a servidão não acarreta o dever de inde-
nhum ser destruídas, demolidas ou mutiladas,
nizar, salvo se houver dano.
nem, sem prévia autorização especial do Serviço
d) A servidão administrativa acarreta ao proprietá-
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ser
rio um dever de suportar. Um exemplo de servi-
reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de
dão administrativa é a passagem de fios elétri-
multa de 50% do dano causado.
cos (dominante) por uma propriedade particular
d) Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio
(serviente).
Histórico e Artístico Nacional, não se poderá, na
vizinhança da coisa tombada, fazer construção e) Normalmente, a servidão administrativa é forma-
que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela lizada por acordo entre o Poder Público e o parti-
colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser cular, mas pode ser instituída por sentença judi-
mandado destruir a obra ou retirar o objeto, im- cial ou lei específica.
pondo-se neste caso a multa de 50% do valor do
mesmo objeto.
e) O proprietário de coisa tombada, que não dispuser 15.7. Limitação administrativa
de recursos para proceder às obras de conserva-
ção e reparação que a mesma requerer, levará ao Limitação administrativa é toda imposição geral, gra-
conhecimento do Serviço do Patrimônio Histórico tuita, unilateral e de ordem pública condicionadora
e Artístico Nacional a necessidade das menciona- do exercício de direitos ou atividades particulares às
das obras, sob pena de multa correspondente ao exigências do bem-estar social (MEIRELLES, 2010,
dobro da importância em que for avaliado o dano p. 664).
sofrido pela mesma coisa.
f) Com a entrada em vigor do CPC/2015, o instituto São características da Limitação Administrativa:
do “direito de preferência” desde sempre previsto a) Atinge indivíduos indeterminados: modalidade de
no Decreto-lei n. 25/37 foi revogado. expressão de supremacia geral.
b) Em regra, não acarreta o dever de indenizar.
c) Atinge o caráter absoluto da propriedade.
15.6. Servidão administrativa d) Considerada direto pessoal e não direito real.
Por exemplo, é limitação administrativa a impo-
A servidão administrativa consiste no regime jurídico sição de altura máxima para construir até o oitavo
específico, imposto por ato administrativo unilateral de andar do prédio “x” no terreno “y” – é determina-
cunho singular, quanto ao uso e fruição de determinado ção geral que vale para qualquer particular que quei-
bem imóvel e que acarreta dever de suportar e de não
ra construir naquele local.
fazer, podendo gerar direito de indenização (JUSTEN
FILHO, 2010, p. 598).

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A limitação administrativa difere Pontos importantes:


tanto da servidão administrativa a) A ocupação temporária pode estar vinculada à de-
como da desapropriação. A limitação sapropriação, neste caso será remunerada e com
administrativa, por ser uma restrição indenização – art. 36 do Decreto-lei n. 3.365/41 –
geral e de interesse coletivo, em regra, caso em que será efetivada por ato formal.
não obriga o Poder Público a qualquer b) Quando a ocupação temporária não estiver vincu-
indenização (TJSP, RJTJSP 127/85 e lada à desapropriação, será formalizada mediante
136/101); a servidão administrativa ou simples desocupação material.
pública, como ônus especial a um ou a
algumas propriedades, exige indenização
dos prejuízos que a restrição acarretar aos
particulares; a desapropriação, por retirar
do particular sua propriedade ou parte
dela, impõe cabal indenização do que foi
expropriado e dos consequentes prejuízos.
Distingue-se da desapropriação indireta
porque esta pressupõe o apossamento do
bem, ao reverso do que ocorre na limitação
(MEIRELLES, 2010, p. 671).

15.8. Ocupação temporária


Ocupação temporária consiste no apossamento, me-
diante ato administrativo unilateral, de bem privado
para uso temporário, em caso de iminente perigo públi-
co, com o dever de restituição no mais breve espaço de
tempo e o pagamento da indenização pelos danos even-
tualmente produzidos (JUSTEN FILHO, 2010, p. 608).
Nas conceituações de José dos Santos Carvalho Filho
“é instituto típico de utilização da propriedade imóvel,
porque seu objetivo é o de permitir que o Poder Público
deixe alocados, em algum terreno desocupado, máqui-
nas, equipamentos, barracões de operários, por peque-
no espaço de tempo. Esse fim, como é lógico, não se co-
aduna com o uso de bens móveis” (CARVALHO FILHO,
2016, p. 955).

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ESTATUTO
DA CIDADE
O Estatuto da Cidade vem para regulamentar os arts. 182 e 183, CF,

Nossa maior
e cuida da política urbana estabelecendo normas de ordem pública e in-
teresse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem

fraqueza está
coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equi-
líbrio ambiental.

em desistir. Diversas são as diretrizes estabelecidas no Estatuto da Cidade, dentre


elas destacam-se:

O caminho a) Garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito


à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura
mais certo de urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer,

vencer é tentar
para as presentes e futuras gerações.
b) Gestão democrática por meio da participação da população e de as-

mais uma vez."


sociações representativas dos vários segmentos da comunidade na
formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e
projetos de desenvolvimento urbano.
Thomas Edison
c) Cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais se-
tores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao
interesse social.
d) Proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e
construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico
e arqueológico.
e) Audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos
processos de implantação de empreendimentos ou atividades com
efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou
construído, o conforto ou a segurança da população.
f) Estímulo à utilização, nos parcelamentos do solo e nas edificações
urbanas, de sistemas operacionais, padrões construtivos e aportes
tecnológicos que objetivem a redução de impactos ambientais e a

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economia de recursos naturais – incluído pela Lei Município procederá à aplicação do imposto sobre a
n. 12.836/2013. propriedade predial e territorial urbana (IPTU) pro-
g) Tratamento prioritário às obras e edificações de gressivo no tempo, mediante a majoração da alíquota
infraestrutura de energia, telecomunicações, pelo prazo de cinco anos consecutivos.
abastecimento de água e saneamento – incluído
pela Lei n. 13.116/2015. 16.1.3. Da desapropriação com pagamento
h) garantia de condições condignas de acessibilida- em títulos
de, utilização e conforto nas dependências inter-
nas das edificações urbanas, inclusive nas desti- Se decorridos cinco anos de cobrança do IPTU
nadas à moradia e ao serviço dos trabalhadores progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a
domésticos, observados requisitos mínimos de obrigação de parcelamento, edificação ou utilização,
dimensionamento, ventilação, iluminação, ergo- o Município poderá proceder à desapropriação do
nomia, privacidade e qualidade dos materiais em- imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública.
pregados – incluído pela Lei n. 13.699/2018. O prazo de resgate desses títulos será de até dez
anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas, as-
segurados o valor real da indenização e os juros le-
16.1. Instrumentos jurídicos de gais de seis por cento ao ano.

política urbana
16.1.4. Da usucapião especial de
O estatuto da cidade prevê diversos instrumentos imóvel urbano
de política urbana, dentre eles destacam-se:
Os requisitos para implementação desse instru-
mento são:
16.1.1. Parcelamento, edificação ou
◼ Possuir como sua área ou edificação urbana de até
utilização compulsórios duzentos e cinquenta metros quadrados.
◼ Por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição.
Lei municipal específica para área incluída no plano
◼ Utilizando-a para sua moradia ou de sua família,
diretor poderá determinar o parcelamento (“é a sub-
divisão do solo em tratos juridicamente autônomos” adquirir-lhe-á o domínio.
(MOREIRA NETO, 2014, p. 633), a edificação ou a utili- ◼ Desde que não seja proprietário de outro imóvel
zação compulsórios do solo urbano não edificado, su- urbano ou rural.
butilizado (cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo São partes legítimas para a propositura da ação
definido no plano diretor ou em legislação dele decor- de usucapião especial urbana: o possuidor, isola-
rente); ou não utilizado, devendo fixar as condições e os damente ou em litisconsórcio originário ou super-
prazos para implementação da referida obrigação. veniente; os possuidores, em estado de composse;
Prazos: como substituto processual, a associação de mo-
◼ Não inferior a um ano: a partir da notificação, para radores da comunidade, regularmente constituída,
que seja protocolado o projeto no órgão municipal com personalidade jurídica, desde que explicitamen-
competente. te autorizada pelos representados.
◼ Não inferior a dois anos: a partir da aprovação do
projeto, para iniciar as obras do empreendimento. 16.1.5. Do direito de superfície

16.1.2. Do IPTU progressivo no tempo O proprietário urbano poderá conceder a outrem o


direito de superfície do seu terreno, por tempo deter-
Se houver o não cumprimento das condições e minado ou indeterminado, mediante escritura públi-
prazos estabelecidos no item “a” anterior, então o ca registrada no cartório de registro de imóveis.

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O direito de superfície abarca o direito de utilizar o pelo Poder Público municipal, com a participação dos
solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, proprietários, moradores, usuários permanentes e
na forma estabelecida no contrato respectivo, aten- investidores privados, com o objetivo de alcançar em
dida a legislação urbanística. uma área transformações urbanísticas estruturais,
melhorias sociais e a valorização ambiental.
16.1.6. Do direito de preempção
O direito de preempção confere ao Poder Público
16.2. Estudo de impacto de
municipal preferência para aquisição de imóvel ur-
bano objeto de alienação onerosa entre particulares.
vizinhança (EIV)
Esse direito será exercido sempre que o Poder
Público necessitar de áreas para: Lei municipal definirá os empreendimentos e ati-
a) Regularização fundiária. vidades privados ou públicos em área urbana que de-
b) Execução de programas e projetos habitacionais penderão de elaboração de estudo prévio de impacto
de interesse social. de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autori-
c) Constituição de reserva fundiária. zações de construção, ampliação ou funcionamento a
d) Ordenamento e direcionamento da expansão cargo do Poder Público municipal.
urbana.
e) Implantação de equipamentos urbanos e
comunitários. 16.3. Plano diretor
f) Criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes.
g) Criação de unidades de conservação ou proteção A propriedade urbana cumpre sua função so-
de outras áreas de interesse ambiental. cial quando atende os requisitos previstos no
h) Proteção de áreas de interesse histórico, cultural plano diretor.
ou paisagístico. O plano diretor é obrigatório para:
a) Cidades com mais de vinte mil habitantes.
16.1.7. Da outorga onerosa do direito b) Integrantes de regiões metropolitanas e aglome-
de construir rações urbanas.
c) Onde o Poder Público municipal pretenda utilizar
O plano diretor poderá fixar áreas nas quais o di- os instrumentos previstos no § 4º do art. 182, CF.
reito de construir poderá ser exercido acima do coe- d) Integrantes de áreas de especial interesse turístico.
ficiente­de aproveitamento básico adotado, median- e) Inseridas na área de influência de empreendi-
te contrapartida a ser prestada pelo beneficiário. mentos ou atividades com significativo impacto
ambiental de âmbito regional ou nacional.
16.1.8. Das operações f) Incluídas no cadastro nacional de Municípios
urbanas consorciadas com áreas suscetíveis à ocorrência de des-
lizamentos de grande impacto, inundações
Considera-se operação urbana consorciada o bruscas ou processos geológicos ou hidroló-
conjunto de intervenções e medidas coordenadas gicos correlatos.

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CONTROLE DA
ADMINISTRAÇÃO
a) “Pode-se conceituar controle administrativo como o conjunto de

A pressa para o
instrumentos definidos pelo ordenamento jurídico a fim de permi-
tir a fiscalização da atuação estatal por órgãos e entidades da própria

sucesso descola
Administração Pública, dos Poderes Legislativo e Judiciário, assim
como pelo povo diretamente, compreendendo ainda a possibilidade

a alma." de orientação e revisão da atuação administrativa de todas as enti-


dades e agentes públicos, em todas as esferas de poder” (CARVALHO,
2014, p. 368).
Diogo Arrais
b) Em 10 de agosto de 2016, o STF decidiu (no RE 848.826 e RE 729.744)
que a competência para julgar as contas de prefeitos é exclusivamen-
te da Câmara de Vereadores, cabendo ao Tribunal de Contas auxiliar
o Poder Legislativo municipal, emitindo parecer prévio e opinativo,
que somente poderá ser derrubado por decisão de 2/3 dos vereadores.
c) Coisa julgada administrativa: “a denominada coisa julgada adminis-
trativa, que, na verdade, é apenas uma preclusão de efeitos internos,
não tem o alcance da coisa julgada judicial, porque o ato jurisdicio-
nal da Administração não deixa de ser um simples ato administra-
tivo decisório, sem a força conclusiva do ato jurisdicional do Poder
Judiciário (MEIRELLES, 2010, p. 714-715)4.

4 Não se confunda ato jurisdicional com ato judicial. Jurisdição é atividade de dizer
o direito, de decidir na sua esfera de competência. E tanto decide o Judiciário
como o Executivo e até o Legislativo, quando interpretam e aplicam a lei.
Portanto, todos os Poderes e órgãos exercem jurisdição, mas somente o Poder
Judiciário tem o monopólio da jurisdição judicial. Isto é, de decidir com força de
coisa julgada, definitiva e irreformável por via recursal ou por lei subsequente
(CF, art. 5º, XXXVI). Há, portanto, coisa julgada administrativa e coisa julgada
judicial, inconfundíveis entre si, porque resultam de jurisdições diferentes.

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d) Em 14 de agosto de 2015, o STF decidiu (RE


592.581) que o Poder Judiciário pode determinar
que a Administração Pública realize obras ou re-
formas emergenciais em presídios para garantir
os direitos fundamentais dos presos, como sua
integridade física e moral.

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18.
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BENS PÚBLICOS
18.1. Introdução
São considerados bens públicos aqueles bem jurídicos cuja titulari-
dade é do Estado. São bens submetidos ao regime jurídico de direito pú-

Em nome de blico, e, justamente por isso merecem proteção especial.


A regra básica deste tema (e mais aceita pelas bancas examinadoras)

interesses está prevista no art. 98 do CC, que estabelece que: são públicos os bens
do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
pessoais, interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que

muitos
pertencerem (corrente exclusivista).

abdicam do 18.2. Principais classificações dos bens públicos


pensamento
crítico, engolem
18.2.1. Quanto à titularidade

abusos e
Os bens pertencentes à União estão elencados no art. 20, CF; os bens
dos Estados, no art. 26; os bens do distrito federal, no art. 32; e os bens

sorriem dos municípios a CF/88 não faz referência, mas devem ser considerados
as ruas, praças, jardins, estradas municipais.

para quem 18.2.2. Quanto à destinação


desprezam.
Abdicar de
Os bens de uso comum do povo (v.g., ruas, praças, mares, meio am-
biente) encontram previsão no art. 99 do CC; os bens de uso especial

pensar também
(aqueles que fazem parte do patrimônio administrativo, v.g, os veículos
da Administração, os cemitérios públicos, os edifícios das repartições

é crime." públicas) estão previstos no art. 100 do CC. Por fim, os bens dominicais
ou dominiais são aqueles que não têm destinação específica nem se en-
contram sujeitos ao uso comum do povo, tais como as viaturas sucatea-
Hannah Arendt
das, os terrenos baldios, os imóveis desocupados.

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18.3. Atributos dos bens públicos


a) Inalienabilidade: os bens públicos de uso comum
do povo e os de uso especial são inalienáveis, en-
quanto conservarem essa qualificação. Quando
passarem para a categoria de bens públicos domi-
nicais podem ser alienados, desde que respeitadas
algumas condições (alienabilidade condicionada).
b) Impenhorabilidade: os bens públicos não estão
sujeitos à constrição judicial.
c) Imprescritibilidade: os bens públicos não são
passíveis de usucapião – arts. 183, § 3º, e 191, pa-
rágrafo único, ambos da CF, e art. 102 do CC.
d) Não onerabilidade: impossibilidade de recaída de
ônus real sobre os bens públicos.

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19.
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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A competência
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é uma ave rara


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25. ed. São Paulo: Malheiros, 2007.

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e eu sempre a
2010.

aprecio quando
BASTOS, Celso Ribeiro. Comentários à Constituição do Brasil. 4. v., t. IV.
São Paulo: Saraiva, 2000.

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Almedina, 1991. v. 1, 2 e 3.
Frank Underwood,
House of Cards. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
24. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.

______. Manual de direito administrativo. 30. ed. São Paulo: Atlas-Gen,


2016.

CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo. Salvador:


JusPodivm, 2014.

CARVALHO, Raquel Melo Urbano de. Curso de direito administrativo. 2. ed.


Salvador: JusPodivm, 2009.

CASTRO, Carlos Borges de. Regime jurídico da CLT no funcionalismo.


São Paulo: Saraiva, 1981.

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ça jurídica (proteção à confiança) no Direito Público administrativo. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense-Gen,
Brasileiro e o direito da Administração Pública de 2014.
anular seus próprios atos administrativos: o prazo
decadencial do art. 54 da lei do processo adminis- NETTO DE ARAÚJO, Edmir. Curso de direito adminis-
trativo da União (Lei n. 9.784/99). RDA 237: 271-315, trativo. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
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PESTANA, Marcio. Direito administrativo brasileiro.
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ROSSI, Licínia. Manual de direito administrativo. 2. ed.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrati- São Paulo: Saraiva, 2016.
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SEABRA FAGUNDES, M. Conceito de mérito no direito
FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de direito administra- administrativo. RDA 23/1-16.
tivo. 7. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Malheiros,
SUNDFELD, Carlos Ari. Motivação do ato adminis-
2004.
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São Paulo: Saraiva, 2009.
TÁCITO, Caio. A inexistência dos motivos nos atos
GASTON SIR. Tratado de derecho administrativo. administrativos. RDA 36/78.
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JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrati- Sirey, 1963.
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blicos. São Paulo: Dialética, 1997.

LAUBADÈRE, André de. Contrats administratifs. Paris,


1956. v. II.

MARIENHOFF, Miguel S. Tratado de derecho adminis-


trativo. Buenos Aires, 1970. v. III.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasi-


leiro. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2010.

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20.
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QUESTÕES
PARA TREINO
Acredite! XIX Exame de Ordem Unificado / FGV)

As coisas boas Fulano, servidor público federal lotado em órgão da


administração pública federal no Estado de São Paulo,
só têm o devido contesta ordens do seu chefe imediato, alegando que

valor porque são proibidas pela legislação. A chefia, indignada com


o que entende ser um ato de insubordinação, remo-
um dia você ve Fulano, contra a sua vontade, para órgão da ad-

conheceu o
ministração pública federal no Distrito Federal, para
exercer as mesmas funções, sendo certo que havia
lado ruim. insuficiência de servidores em São Paulo, mas não no

Tire proveito e
Distrito Federal.

tente enxergar Considerando as normas de Direito Administrativo, assinale a


tudo como afirmativa correta.

uma grande A) A remoção de Fulano para o Distrito Federal é válida, porque

oportunidade
configura ato arbitrário da Administração.
B) Não é cabível a remoção do servidor com finalidades punitivas,

para ser por se ter, em tal hipótese, desvio de finalidade.

melhor."
C) A remoção pode ser feita, uma vez que Fulano não pautou sua
conduta com base nos princípios e regras aplicáveis aos servi-
dores públicos.
Licínia Rossi

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D) O ato de insubordinação deveria ter sido B) O consórcio de direito privado a ser cons-
constatado por meio de regular processo tituído pelo Estado e pelos Municípios não
administrativo, ao fim do qual poderia ser está alcançado pela exigência de prévia lici-
aplicada a penalidade de remoção. tação para os contratos que vier a celebrar.
C) O consórcio entre o Estado e os Municípios
RESPOSTA será constituído por contrato e adquirirá per-
sonalidade jurídica mediante o atendimento
A) A remoção não é válida.
dos requisitos da legislação civil.
B) No caso, houve o abuso de poder na moda-
D) Por se tratar de consórcio para atuação em
lidade desvio de finalidade, ou seja, há vício
área de relevante interesse coletivo, não se
no móvel (intenção) do agente que praticou
admite que seja constituído com personali-
o ato. Assim, nos termos fixados pelo art. 2º,
dade de direito privado.
parágrafo único, e, da Lei da Ação Popular
“o desvio de finalidade se verifica quando o
agente pratica o ato visando a fim diverso RESPOSTA
daquele previsto, explícita ou implicitamen-
A) Não é obrigatória a participação da União.
te, na regra de competência”.
B) Há exigência de licitação, sim (art. 37, XXI, CF
C) A remoção não poderia ter sido feita.
e art. 6º, § 2º, da Lei n. 11.107/2005).
D) Ao final não poderia ser aplicada a penalida-
C) Esta alternativa está de acordo com o art. 6º,
de de remoção.
II, da Lei n. 11.107/2005.
D) Um consórcio público adquirirá personali-
dade jurídica de direito público, no caso de
constituir associação pública, mediante a vi-
(XIX Exame de Ordem Unificado / FGV) gência das leis de ratificação do protocolo de
intenções e/ou de direito privado, mediante
O Estado X e os Municípios A, B e C
o atendimento dos requisitos da legislação
subscreveram protocolo de inten- civil (art. 6º da Lei n. 11.107/2005).
ções para a constituição de um con-
sórcio com personalidade jurídica
de direito privado para atuação na
coleta, descarte e reciclagem de lixo (XIX Exame de Ordem Unificado / FGV)
produzido no limite territorial da-
queles municípios. A pretexto de regulamentar a Lei
n. 8.987/1995, que dispõe sobre a
concessão e a permissão de serviços
Com base no caso apresentado, assinale a públicos, o Presidente da República
afirmativa correta. editou o Decreto XYZ, que estabe-
lece diversas hipóteses de gratui-
A) Por se tratar de consórcio a ser constituído
entre entes de hierarquias diversas, a saber,
dade para os serviços de transporte
Estado e Municípios, é obrigatória a partici- de passageiros.
pação da União.

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A respeito da possibilidade de controle do seus postos para acompanhar um


Decreto XYZ, expedido pelo chefe do Poder jogo de futebol na televisão. Na fuga,
Executivo, assinale a afirmativa correta.
ao pular de um viaduto próximo ao
A) Como ato de natureza essencialmente polí- hospital, sofreu uma queda e, em ra-
tica, o Decreto XYZ não está sujeito a qual- zão dos ferimentos, veio a falecer.
quer forma de controle.
B) Como ato discricionário, o Decreto XYZ não
está sujeito a qualquer forma de controle. Nesse caso,
C) Como ato normativo infralegal, o Decreto A) o Estado não responde pela morte do pa-
XYZ está sujeito apenas ao controle pelo ciente, uma vez que não configurado o nexo
Poder Judiciário. de causalidade entre a ação ou omissão es-
D) Como ato normativo infralegal, o Decreto tatal e o dano.
XYZ sujeita-se ao controle judicial e ao con- B) o Estado responde de forma subjetiva, uma
trole legislativo. vez que não configurado o nexo de cau-
salidade entre a ação ou omissão estatal e
RESPOSTA o dano.

A) Esse ato está sujeito a controle. C) o Estado não responde pela morte do pa-
ciente, mas, caso comprovada a negligên-
B) O decreto XYZ está sujeito a controle.
cia dos servidores, estes respondem de for-
C) Esse ato está sujeito a controle tanto por ma subjetiva.
parte do Poder Judiciário quanto por parte
D) o Estado responde pela morte do pacien-
do Poder Legislativo, o que torna esta alter-
te, garantido o direito de regresso contra os
nativa incompleta.
servidores no caso de dolo ou culpa.
D) O poder regulamentar ou normativo consis-
te na edição de atos normativos secundários RESPOSTA
que têm por finalidade a complementação
da lei para, assim, garantir sua efetividade. A) Há responsabilidade do Estado e essa res-
Esse ato normativo infralegal está sujeito ao ponsabilidade é objetiva.
controle (tanto por parte do Poder Judiciário B) A responsabilidade do Estado nesse caso
quanto por parte do Poder Legislativo). não é subjetiva.
C) O Estado responde, sim, pela morte do
paciente.
D) Nos termos fixados pelo art. 37, § 6º, da
(XIX Exame de Ordem Unificado / FGV) Constituição, “as pessoas jurídicas de direi-
to público e as de direito privado prestado-
Um paciente de um hospital psiquiá- ras de serviços públicos responderão pelos
trico estadual conseguiu fugir da danos que seus agentes, nessa qualidade,
instituição em que estava internado, causarem a terceiros, assegurado o direito
ao aproveitar um momento em que de regresso contra o responsável nos casos
os servidores de plantão largaram de dolo ou culpa”.

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(XIX Exame de Ordem Unificado / FGV) RESPOSTA

A associação de moradores do A) O ato não é válido.


Município F solicitou ao Poder B) O vício ocorreu, pois a Administração não se
Público municipal autorização para vinculou aos motivos que ela mesmo elegeu
o fechamento da “rua de trás”, por quando da prática do ato.
uma noite, para a realização de C) Pela teoria dos motivos determinantes,
uma festa junina aberta ao público. a Administração se vincula aos motivos que
O Município, entretanto, negou o elegeu para a prática do ato. O motivo ale-
pedido, ao fundamento de que aque- gado deve ser verdadeiro e existente, sob
pena de invalidação do ato.
la rua seria utilizada para sediar o
encontro anual dos produtores de D) O ato não é válido.
abóbora, a ser realizado no mes-
mo dia.

(XX Exame de Ordem Unificado / FGV)


Considerando que tal fundamentação não
Determinada empresa apresenta
está correta, pois, antes da negativa do pedi-
impugnação ao edital de concessão
do da associação de moradores, o encontro
dos produtores de abóbora havia sido trans- do serviço público metroviário em
ferido para o mês seguinte, conforme publi- determinado Estado, sob a alegação
cado na imprensa oficial, assinale a afirma- de que a estipulação do retorno ao
tiva correta. poder concedente de todos os bens
A) Mesmo diante do erro na fundamentação, reversíveis já amortizados, quando
o ato é válido, pois a autorização pleiteada é do advento do termo final do con-
ato discricionário da Administração. trato, ensejaria enriquecimento sem
B) Independentemente do erro na fundamen- causa do Estado.
tação, o ato é inválido, pois a autorização
pleiteada é ato vinculado, não podendo a
Administração indeferi-lo. Assinale a opção que indica o princípio que
C) Diante do erro na fundamentação, o ato é justifica tal previsão editalícia.
inválido, uma vez que, pela teoria dos mo- A) Desconcentração.
tivos determinantes, a validade do ato
está ligada aos motivos indicados como B) Imperatividade.
seu fundamento. C) Continuidade dos Serviços Públicos.
D) A despeito do erro na fundamentação, o D) Subsidiariedade.
ato é válido, pois a autorização pleiteada é
ato vinculado, não tendo a associação de
RESPOSTA
moradores demonstrado o preenchimento
dos requisitos. A) Desconcentração é instituto relacionado ao
tema “organização” da Administração.

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B) Imperatividade é um dos atributos do ato beneficiário do esquema, está sujeito a


administrativo – o que não tem relação algu- eventual ação de improbidade, mas o geren-
ma com a questão da prova. te da empresa pública, por não ser servidor
público, não está sujeito a tal ação.
C) Em nome do princípio da continuidade dos
serviços públicos, os serviços devem ser D) O diretor-presidente da construtora e o ge-
prestados de forma contínua, com regulari- rente de licitações da empresa pública es-
dade e sem interrupções (previsão do art. 6º tão sujeitos a eventual ação de improbidade
da Lei n. 8.987/95). administrativa.
D) Subsidiariedade é instituto utilizado no estu-
do da responsabilidade. RESPOSTA

A) Errada a palavra “somente”.


B) Esses agentes estão sujeitos à Lei de
Improbidade Administrativa.
(XX Exame de Ordem Unificado / FGV)
C) Esses agentes estão sujeitos à Lei de
O diretor-presidente de uma cons- Improbidade Administrativa.
trutora foi procurado pelo gerente D) Nos termos do art. 9º da Lei n. 8.429/92,
de licitações de uma empresa públi- responderá por improbidade administrativa
ca federal, que propôs a contratação aquele que auferir qualquer tipo de vanta-
direta de sua empresa, com dispensa gem patrimonial indevida em razão do exer-
cício de cargo, mandato, função ou empre-
de licitação, mediante o pagamento
go. E será considerado sujeito ativo do ato
de uma “contribuição” de 2% (dois
de improbidade não só o agente público
por cento) do valor do contrato, a ser (nos termos do art. 2º), mas também todo
depositado em uma conta no exte- aquele que, mesmo não sendo agente públi-
rior. Contudo, após consumado o co, induzir, concorrer ou se beneficiar do ato
acerto, foi ele descoberto e publicado de improbidade.
em revista de grande circulação.

A respeito do caso descrito, assinale a afir- (XX Exame de Ordem Unificado / FGV)
mativa correta.
Carlos Mário, chefe do Departamento
A) Somente o gerente de licitações da empresa
de Contratos de uma autarquia fede-
pública, agente público, está sujeito a even-
tual ação de improbidade administrativa. ral descobre, por diversos relatos,
que Geraldo, um dos servidores a
B) Nem o diretor-presidente da construtora
ele subordinado, deixara de com-
e nem o gerente de licitações da empresa
pública, que não são agentes públicos, es- parecer a uma reunião para acom-
tão sujeitos a eventual ação de improbidade panhar a tarde de autógrafos de um
administrativa. famoso artista de televisão. Em ou-
C)
O diretor-presidente da construtora, tra ocasião, Geraldo já se ausentara

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do serviço, durante o expediente, e recursos a ela inerentes”. A não observân-


sem prévia autorização do seu che- cia de contraditório e ampla defesa acarre-
tarão a nulidade da penalidade aplicada.
fe, razão pela qual lhe fora aplicada
advertência. Irritado, Carlos Mário B) O erro da assertiva não diz respeito ao tipo
determina a instauração de um pro- de penalidade aplicada, mas à inobservância
do art. 5º, LV, CF.
cesso administrativo disciplinar,
aplicando a Geraldo a penalidade de C) Esta alternativa também discute o tipo de pe-
suspensão, por 15 (quinze) dias, sem nalidade aplicada – e o fato principal é a inob-
servância de contraditório e ampla defesa.
a sua oitiva, em atenção ao princípio
da verdade sabida. D) O vício não é sanável.

Considerando o exposto, assinale a afirma-


tiva correta. (XX Exame de Ordem Unificado / FGV)
A) A penalidade aplicada é nula, em razão de A fim de pegar um atalho em seu ca-
violação às garantias constitucionais da am- minho para o trabalho, Maria atra-
pla defesa e do contraditório, razão pela qual
vessa uma área em obras, que está
o princípio da verdade sabida não guarda
interditada pela empresa contratada
compatibilidade com a ordem constitucio-
nal vigente. pelo Município para a reforma de um
viaduto. Entretanto, por desatenção
B) A penalidade aplicada é nula, pois a ausên-
de um dos funcionários que traba-
cia do serviço sem autorização do chefe é
hipótese de aplicação da penalidade de ad- lhava no local naquele momento,
vertência e jamais poderia dar ensejo à apli- um bloco de concreto se desprendeu
cação da penalidade de suspensão. da estrutura principal e atingiu o pé
C) A penalidade aplicada é correta, pois a au- de Maria.
sência do servidor no horário de expediente
é causa de aplicação da penalidade de sus-
pensão, e o fato era de ciência de vários ou- Nesse caso,
tros servidores.
A) a empresa contratada e o Município respon-
D) A penalidade aplicada contém vício saná-
dem solidariamente, com base na teoria do
vel, devendo ser ratificada pelo Diretor-
risco integral.
Presidente da autarquia, autoridade compe-
tente para tanto. B) a ação de Maria, ao burlar a interdição da
área, exclui o nexo de causalidade entre a
obra e o dano, afastando a responsabilidade
RESPOSTA
da empresa e do Município.
A) Nos termos do art. 5º, LV, CF “aos litigan- C) a empresa contratada e o Município respon-
tes, em processo judicial ou administrativo, dem de forma atenuada pelos danos cau-
e aos acusados em geral são assegurados o sados, tendo em vista a culpa concorrente
contraditório e ampla defesa, com os meios da vítima.

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D) a empresa contratada responde de for- Sobre a hipótese apresentada, assinale a


ma objetiva, mas a responsabilidade do afirmativa correta.
Município demanda comprovação de culpa
A) Trata-se de um exemplo de parceria públi-
na ausência de fiscalização da obra.
co-privada, na modalidade concessão
administrativa.
RESPOSTA
B) Trata-se de um consórcio público com per-
A) Não há que se falar neste caso em risco in- sonalidade de direito público entre a autar-
tegral. Em nosso ordenamento jurídico ado- quia federal e a pessoa jurídica de direito
tamos, como regra, a teoria do risco admi- privado.
nistrativo e, apenas em casos excepcionais,
C) Trata-se de um exemplo de parceria públi-
a teoria do risco integral.
co-privada, na modalidade concessão
B) Há nexo causal, e não se trata de caso de ex- patrocinada.
clusão da responsabilidade do Estado.
D) Trata-se de um exemplo de consórcio públi-
C) Neste caso descrito pelo problema ocorreu co com personalidade jurídica de direito
o denominado “problema das concausas” privado.
(ou culpa concorrente): todo aquele que
concorrer de alguma forma para o evento
RESPOSTA
danoso responderá na exata medida de sua
participação. A) Duas são as formas de PPP previstas na Lei
n. 11.079/2004: concessão patrocinada e
D) Não há que se falar em presença de “culpa” nes-
concessão administrativa. Concessão patro-
te caso. Para complementar, vide art. 37, § 6º, CF.
cinada é a concessão de serviços públicos ou
de obras públicas de que trata a Lei n. 8.987,
de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver,
adicionalmente à tarifa cobrada dos usuá-
(XXI Exame de Ordem Unificado / FGV) rios, contraprestação pecuniária do parcei-
ro público ao parceiro privado. Concessão
Uma autarquia federal divulgou administrativa é o contrato de prestação de
edital de licitação para a conces- serviços de que a Administração Pública seja
são da exploração de uma rodovia a usuária direta ou indireta, ainda que en-
que interliga diversos Estados da volva execução de obra ou fornecimento e
Federação. A exploração do serviço instalação de bens. Seguindo essas concei-
tuações, a alternativa A não se refere à con-
será precedida de obras de dupli-
cessão administrativa.
cação da rodovia. Como o fluxo es-
perado de veículos não é suficiente B) Não se trata de consórcio público.

para garantir, por meio do pedágio, C) A questão define exatamente o conceito de


a amor­tização dos investimentos e a concessão patrocinada (prevista no § 1º do
remuneração do concessionário, ha- art. 2º da Lei n. 11.079/2004).

verá, adicionalmente à cobrança do D) Não estamos diante de consórcio público.


pedágio, contraprestação pecuniária
por parte do Poder Público.

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(XXI Exame de Ordem Unificado / FGV) própria assertiva deixa claro que estão au-
sentes os elementos configuradores da res-
José, acusado por estupro de meno- ponsabilidade civil do Estado.
res, foi condenado e preso em decor-
C) Não adotamos como regra a teoria do risco
rência da execução de sentença penal
integral, vertente mais radical da teoria da
transitada em julgado. Logo após responsabilidade objetiva que só é válida
seu recolhimento ao estabelecimen- para algumas situações, por exemplo, danos
to prisional, porém, foi assassinado decorrentes de acidentes nucleares.
por um colega de cela. D) Os elementos configuradores da responsa-
bilidade civil do Estado são: conduta estatal,
dano decorrente dessa conduta e relação de
Acerca da responsabilidade civil do Estado causalidade – nexo causal – entre a conduta
pelo fato ocorrido no estabelecimento pri- e o dano. Estamos diante de nítido caso de
sional, assinale a afirmativa correta. responsabilidade civil do Estado, seguindo a
teoria da responsabilidade objetiva na mo-
A) Não estão presentes os elementos configu- dalidade risco administrativo.
radores da responsabilidade civil do Estado,
porque está presente o fato exclusivo de
terceiro, que rompe o nexo de causalidade,
independentemente da possibilidade de o
Estado atuar para evitar o dano. (XXI Exame de Ordem Unificado / FGV)
B) Não estão presentes os elementos configu-
A sociedade “Limpatudo” S/A é em-
radores da responsabilidade civil do Estado,
porque não existe a causalidade necessária presa pública estadual destinada à
entre a conduta de agentes do Estado e o prestação de serviços públicos de
dano ocorrido no estabelecimento estatal. competência do respectivo ente fe-
C) Estão presentes os elementos configurado- derativo. Tal entidade administrati-
res da responsabilidade civil do Estado, por- va foi condenada em vultosa quantia
que o ordenamento jurídico brasileiro adota, em dinheiro, por sentença transitada
na matéria, a teoria do risco integral. em julgado, em fase de cumprimento
D) Estão presentes os elementos configurado- de sentença.
res da responsabilidade civil do Estado, por-
que o poder público tem o dever jurídico de
proteger as pessoas submetidas à custódia Para que se cumpra o título condenatório,
de seus agentes e estabelecimentos. considerar-se-­
á que os bens da empresa
pública são
RESPOSTA
A) impenhoráveis, certo que são bens públi-
A) A própria assertiva enfatiza que não estão cos, de acordo com o ordenamento jurí-
presentes os elementos configuradores da dico pátrio.
responsabilidade civil do Estado.
B) privados, de modo que, em qualquer caso,
B) A justificativa é a mesma da alternativa A: a estão sujeitos à penhora.

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C) privados, mas, se necessários à presta- Diante dessa situação hipotética, assinale a


ção de serviços públicos, não podem ser afirmativa correta.
penhorados.
A) A Constituição da República não autoriza a
D) privados, mas são impenhoráveis em de- contratação temporária sem a realização de
corrência da submissão ao regime de concurso público.
precatórios.
B) O Município Beta somente poderia se uti-
lizar da contratação temporária para os
RESPOSTA
cargos permanentes de direção, chefia e
A) Os bens das empresas públicas não podem assessoramento.
ser considerados bens públicos. C) A contratação temporária, nos termos da
B) A expressão “em qualquer caso” não cabe lei, é possível, considerando que a situação
nesta definição. apresentada caracteriza necessidade tem-
porária de excepcional interesse público.
C) As empresas públicas são entidades da
Administração Pública Indireta e gozam de D)
A contratação temporária de servido-
personalidade jurídica de direito privado. res, independentemente de previsão le-
A empresa pública pode ter por finalidade ou gal, é possível.
a prestação de um serviço público – caso em
que seus bens não poderão ser penhorados RESPOSTA
– ou a exploração de atividade econômica.
A) A Constituição Federal autoriza, sim, a con-
D) O tema “regime de precatórios” não tem re- tratação temporária.
lação com o tema abordado nesta questão.
B) Não existe essa restrição para a realização
de contratação temporária.
C) Essa alternativa está de acordo com o art. 37,
IX, da Constituição Federal: “a lei estabele-
(XXI Exame de Ordem Unificado / FGV) cerá os casos de contratação por tempo de-
O Município Beta verificou grave terminado para atender a necessidade tem-
porária de excepcional interesse público”.
comprometimento dos serviços de
educação das escolas municipais, D) A contratação temporária depende de previ-
considerando o grande número de são legal, conforme a redação do inciso IX do
art. 37 da Constituição Federal.
professoras gozando licença-ma-
ternidade e de profissionais em li-
cença de saúde, razão pela qual fez
editar uma lei que autoriza a con-
(XXI Exame de Ordem Unificado / FGV)
tratação de professores, por tempo
determinado, sem a realização de João foi aprovado em concurso
concurso, em situações devidamente público para o cargo de agente ad-
especificadas na norma local. ministrativo do Estado Alfa. Após

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regular investidura, recebeu sua D) Não se trata de remuneração inconstitucional.


primeira remuneração. Contudo, os
valores apontados na folha de paga-
mento causaram estranheza, consi-
derando que a rubrica de seu venci- (XXII Exame de Ordem Unificado / FGV)
mento-base se mostrava inferior ao
O Município Beta foi assolado por
salário mínimo vigente, montante
chuvas que provocaram o desaba-
que só era alcançado se considera-
mento de várias encostas, que abala-
dos os demais valores (adicionais e
ram a estrutura de diversos imóveis,
gratificações) que compunham a sua
os quais ameaçam ruir, especial-
remuneração total.
mente se não houver imediata lim-
peza dos terrenos comprometidos.
Diante do iminente perigo públi-
Diante dessa situação hipotética, assinale a
co a residências e à vida de pessoas,
afirmativa correta.
o Poder Público deve, prontamente,
A) A remuneração de João é constitucional, utilizar maquinário, que não consta
porque a garantia do salário mínimo não é de seu patrimônio, para realizar as
aplicável aos servidores públicos.
medidas de contenção pertinentes.
B) A remuneração de João é inconstitucional,
porque o seu vencimento-base teria que ser
superior ao salário mínimo.
Assinale a opção que indica a adequada
C) A remuneração de João é constitucional, modalidade de intervenção na proprieda-
porque a garantia do salário mínimo se refe- de privada para a utilização do maquinário
re ao total da remuneração percebida. necessário.

D) A remuneração de João é inconstitucional, A) Requisição administrativa.


pois todo servidor público deve receber por
B) Tombamento.
subsídio, fixado em parcela única.
C) Desapropriação.
RESPOSTA D) Servidão administrativa.

A) A garantia de salário mínimo legal é aplicá-


RESPOSTA
vel, sim, aos servidores públicos.
B) A remuneração de João não é inconstitucional. A) Utiliza-se a requisição administrativa para
C) A garantia do salário mínimo se refere ao total enfrentar iminente perigo público, como
da remuneração percebida. Recomendo a lei- dispõe expressamente o art. 5º, XXV, da CF,
tura (sobre o tema remuneração dos agentes evitando danos à vida, à saúde e aos bens da
públicos) dos arts. 37, X, XI, XIII, e 38, todos comunidade, mediante ulterior indenização,
atendendo situações urgentes e transitórias.
da Constituição Federal. Remuneração dos
agentes públicos é um tema recorrente no B) O tombamento é intervenção do Estado
Exame da OAB. Fica a dica para você, leitor. para preservar valores históricos, artísticos,

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paisagísticos, naturais, turísticos, culturais D) É obrigatória a utilização da modalidade con-


ou científicos, como forma de proteção ao vite, independentemente do valor orçado.
patrimônio cultural do país.
C) A desapropriação consiste na transferência RESPOSTA
compulsória da propriedade. Aqui não há
A) O RDC foi criado para viabilizar obras e con-
necessidade dessa forma originária de aqui-
tratações necessárias para criar a infraestru-
sição da propriedade, mas somente de sua
tura indispensável para eventos específicos
utilização temporária. Nesse sentido, vide o
da Lei n. 12.462/2011 e não para simples aqui-
art. 5º, XXIV, da CF.
sição de materiais de papelaria.
D) Servidão administrativa é direito real público
B) O leilão é destinado à venda de bens móveis
sobre a propriedade alheia, restringindo sua
inservíveis ou de produtos legalmente apre-
utilização. Geralmente é perpétua, só se ex-
endidos ou penhorados, ou alienação de
tinguindo com o desaparecimento do bem,
bens imóveis (art. 19 da Lei n. 8.666/93), sen-
ou com a incorporação ao domínio público,
do usado, também, no Programa Nacional de
ou por manifesto desinteresse do Estado,
Desestatização (Leis n. 8.031/90 e 9.491/97).
o que não ocorre na hipótese, na qual há
apenas atuação emergencial e transitória. C) O pregão é utilizado para a aquisição de
bens e serviços comuns, caracterizados pela
padronização, que permite a substituição de
uns por outros, com o mesmo padrão de qua-
lidade. Produtos de papelaria gozam dessa
(XXII Exame de Ordem Unificado / FGV) característica – vide a Lei n. 10.520/2002.

A Administração Federal irá realizar D) O valor é o fator mais importante na classifi-


sucessivos contratos de compra de cação da modalidade de licitação a ser efeti-
produtos de papelaria, de uso con- vada, sendo o convite só para bens ou servi-
ços de pequeno valor.
tínuo nos órgãos para os quais os
bens estão destinados. Para tanto,
pretende fazer uso dos mecanismos
legais que melhor atendam ao prin-
cípio da eficiência.
(XXII Exame de Ordem Unificado / FGV)

A Associação Delta se dedica à pro-


moção do voluntariado e foi qualifi-
No caso, acerca da modalidade de licitação cada como Organização da Sociedade
a ser adotada, assinale a afirmativa correta. Civil sem fins lucrativos – OSCIP,
A) É cabível a utilização do regime diferenciado após o que formalizou termo de par-
de contratações públicas (RDC). ceria com a União, por meio do qual
B) Deverá ser utilizada a modalidade leilão para recebeu recursos que aplicou inte-
cada uma das compras a contratar. gralmente na realização de suas ati-
C) É possível o processamento das compras
vidades, inclusive na aquisição de
pelo sistema de registro de preços, median- um imóvel, que passou a ser a sede
te a utilização da modalidade pregão. da entidade.

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Com base nessa situação hipotética, assina- só com a anuência da Administração poderá
le a afirmativa correta. ser alienado, com o produto utilizado para
os fins institucionais.
A) A Associação não poderia ter sido qualifica-
da como OSCIP, considerando que o seu ob-
jeto é a promoção do voluntariado.
B) A qualificação como OSCIP é ato discricio-
nário da Administração Pública, que poderia (XXII Exame de Ordem Unificado / FGV)
indeferi-lo, mesmo que preenchidos os re-
quisitos legais. O governador do estado Alfa, diante
de grave crise financeira que assola
C) A qualificação como OSCIP não autoriza o
recebimento de recursos financeiros por
as contas estaduais, elaborou nu-
meio de termo de parceria, mas somente merosos projetos de lei para dimi-
mediante contrato de gestão. nuir os gastos públicos e atender ao
D) A Associação não tem liberdade para alienar
disposto na Lei de Responsabilidade
livremente os bens adquiridos com recursos Fiscal. Dentre esses projetos encon-
públicos provenientes de termo de parceria. tram-se: i) corte de 25% (vinte e
cinco por cento) dos cargos em co-
RESPOSTA missão do Poder Executivo; ii) redu-
ção dos subsídios e vencimentos dos
A) A promoção do voluntariado é um serviço
social não exclusivo do Estado e tem por fim servidores públicos estáveis em 10%
institucional a promoção da cultura, da edu- (dez por cento) de seu valor nominal.
cação e de outras atividades que auxiliarão
a comunidade.
B) O qualificativo é recebido por meio de ato vin- Com relação à constitucionalidade de tais
culado do Ministro da Justiça. Preenchidos projetos, assinale a afirmativa correta.
os requisitos legais, não há juízo de oportu-
A) Os projetos são constitucionais, porque
nidade ou conveniência.
cabe ao Estado zelar por suas finanças, à luz
C) O vínculo estabelecido com o poder público dos princípios aplicáveis à Administração
ocorre por meio de termo de parceria; o con- Pública.
trato de gestão é para as organizações so-
B) O projeto que determina o corte de cargos
ciais, que assumem atividade por delegação.
em comissão é inconstitucional, pois resul-
E, pelo termo de parceria, podem receber
tará na exoneração dos servidores que os
recursos financeiros.
ocupam.
D) A Associação, de fato, não tem liberdade
C) O projeto que reduz diretamente os subsí-
para alienar livremente os bens adquiridos
dios e vencimentos pagos aos servidores
como recursos públicos provenientes de
públicos é inconstitucional.
termo de parceria. Os recursos do erário de-
vem ser usados conforme previsão do Termo D) Os projetos são inconstitucionais, porque há
de Parceria, e, se utilizados na aquisição de direito adquirido à imutabilidade de regime
um imóvel, este ficará vinculado ao acordo e jurídico dos servidores públicos.

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RESPOSTA Com base na situação hipotética des-


crita, acerca da prescrição no Direito
A) Mesmo considerando a importância de zelar
Administrativo, assinale a afirmativa correta.
por suas finanças, impossível sob esse argu-
mento ferir direitos e garantias individuais A) Operou-se a prescrição para a execução do
resguardados pela Constituição. Nesse sen- crédito, considerando o lapso de cinco anos
tido, o art. 169 da CF. transcorrido entre a data da autuação e a do
ajuizamento da ação.
B) Os cargos em comissão são de confiança do
nomeante e destituíveis ad nutum, a qual- B) Não se operou a prescrição para a execução
quer tempo. do crédito, que pode ser cobrado pela admi-
nistração federal a qualquer tempo.
C) Ao ingressar no serviço público, cria-se um
vínculo trabalho-remuneração, que gera di- C) Operou-se a prescrição para a execução do
reitos que integram o patrimônio do servi- crédito, considerando o lapso de três anos
dor. Este não poderá ser prejudicado com decorrido entre a data de sua constituição
redução salarial. definitiva e a do ajuizamento da ação.
D) O direito adquirido prende-se à não redu- D) Não se operou a prescrição para a execução
ção de vencimentos, mas, quanto à redução do crédito, considerando o lapso de cinco
de cargos em comissão, era de competên- anos entre a data de sua constituição defini-
cia do Governador a iniciativa da lei, projeto tiva e a do ajuizamento da ação.
constitucional.
RESPOSTA

A) A prescrição não é contada da data do fato,


mas da constituição definitiva do crédito,
(XXII Exame de Ordem Unificado / FGV) com a certidão da dívida ativa.

A Agência Nacional do Petróleo B) Já houve tentativas de tornar o crédito fa-


– ANP, no exercício do poder de zendário imprescritível, mas o STF firmou
posição sobre sua prescritibilidade, garan-
polícia, promoveu diligência, no
tindo a segurança jurídica.
dia 05/01/2010, junto à sociedade
Petrolineous S/A, que culminou na C) O art. 174 do CTN é preciso: o crédito tribu-
tário prescreve em cinco anos, segundo a
autuação desta por fatos ocorridos
tradição que vem desde o Decreto n. 20.910,
naquela mesma data. Encerrado o
de 1932.
processo administrativo, foi aplica-
D) Não se operou a prescrição para a execução
da multa nos limites estabelecidos
do crédito, considerando o lapso de cinco
na lei de regência. O respectivo cré-
anos decorrido entre a data de sua consti-
dito não tributário resultou definiti- tuição definitiva e a do ajuizamento da ação.
vamente constituído em 19/01/2011, De 19-1-2011 até 15-10-2015, não transcorre-
e, em 15/10/2015, foi ajuizada a per- ram os cinco anos para a prescrição, previs-
tinente execução fiscal. tos em lei.

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(XXII Exame de Ordem Unificado / FGV) RESPOSTA

O Município Beta procedeu ao re- A) A medida é inválida porque o provimento


cadastramento de seus servidores originário de cargo efetivo em determina-
efetivos e constatou que 6 (seis) ba- da carreira exige concurso ­público especí-
charéis em contabilidade exerciam fico. Essa alternativa decorre da CF, art. 37,
variados cargos na estrutura admi- II, do concurso público. Com a investidu-
ra do agente, conferem-se as prerrogati-
nistrativa, todos providos mediante
vas, os direitos e os deveres daquele cargo
concurso público. Verificou também
ou mandato.
que existiam 10 (dez) cargos vagos
B) Certo que o Executivo pode ter iniciativa de
de auditores fiscais de tributos, de-
lei para transformação de cargos, mas, se a
correntes de aposentadorias havi-
transformação, como no caso, “implicar em
das nos últimos anos. O Município, alteração do título e das atribuições do car-
considerando a necessidade de in- go, configura novo provimento” (STF, Pleno,
crementar receitas, editou lei re- ADI 266-0/RJ, DJU 6-8-1993; ADIn 1.267,
organizando sua estrutura funcio- Inf. STF 363, 6-10-2004), que exige o con-
nal de modo a reenquadrar aqueles curso público.

servidores como auditores fiscais C) Para agentes públicos ocupantes de cargo


de tributos. em comissão, de livre nomeação e exonera-
ção, não há concurso público – vide a parte
final do art. 37, II, da CF.

Com base na hipótese apresentada, acerca D) Não é o aspecto econômico que interfere
do provimento de cargo público, assinale a na questão, mas as decorrências dos títulos
afirmativa correta. profissionais que serviram de base para o in-
gresso no serviço público e a não coincidên-
A) A medida é inválida, porque o provimen- cia de atribuições entre os cargos.
to originário de cargo efetivo em uma de-
terminada carreira exige concurso público
específico.
B) A medida é válida, porque os servidores
(XXIII Exame de Ordem Unificado/ FGV)
reenquadra­dos são concursados, configu-
rando-se na espécie mera transformação de O Estado Alfa, mediante a respecti-
cargos, expressamente prevista na CRFB/88. va autorização legislativa, constituiu
C) A medida é inválida, porque o provimento de uma sociedade de economia mista
todo e qual­quer cargo faz-se exclusivamen- para o desenvolvimento de certa ati-
te mediante concurso ­público. vidade econômica de relevante inte-
D) A medida é válida, porque os servidores re- resse coletivo.
enquadrados são concursados e não há au-
mento de despesa, uma vez que os cargos
preenchidos já existiam.

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Acerca do Regime de Pessoal de tal entida- empregados públicos (ou servidor de ente
de, integrante da Administração Indireta, as- governamental de direito privado) não. No
sinale a afirmativa correta. caso de dispensa de empregados públicos
(regidos pelo regime celetista), é indispen-
A) Por se tratar de entidade administrativa que
sável a motivação da dispensa – como já de-
realiza atividade econômica, não será neces-
sária a realização de concurso público para cidiu o STF ao julgar o RE 589.998.
a admissão de pessoal, bastando proces- C) Essa é a resposta que deveria ser assina-
so seletivo simplificado, mediante análise lada como gabarito. O teto remuneratório
de currículo. previsto no art. 37, X, da CF estabelece: “a
B) É imprescindível a realização de concur- remuneração e o subsídio dos ocupantes de
so público para o provimento de cargos e cargos, funções e empregos públicos da ad-
empregos em tal entidade administrativa, ministração direta, autárquica e fundacio-
certo que os servidores ou empregados re- nal, dos membros de qualquer dos Poderes
gularmente nomeados poderão alcançar da União, dos Estados, do Distrito Federal e
a estabilidade mediante o preenchimento dos Municípios, dos detentores de manda-
dos requisitos estabelecidos na Constituição to eletivo e dos demais agentes políticos e
da República. os proventos, pensões ou outra espécie re-
C) Deve ser realizado concurso público para muneratória, percebidos cumulativamente
a contratação de pessoal por tal entidade ou não, incluídas as vantagens pessoais ou
administrativa, e a remuneração a ser paga de qualquer outra natureza, não poderão
aos respectivos empregados não pode ul- exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
trapassar o teto remuneratório estabelecido Ministros do Supremo Tribunal Federal, apli-
na Constituição da República, caso sejam re- cando-se como limite, nos Municípios, o sub-
cebidos recursos do Estado Alfa para paga- sídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
mento de despesas de pessoal ou de custeio
Federal, o subsídio mensal do Governador
em geral.
no âmbito do Poder Executivo, o subsídio
D) A entidade administrativa poderá optar en- dos Deputados Estaduais e Distritais no âm-
tre o regime estatutário e o regime de em- bito do Poder Legislativo e o subsídio dos
prego público para a admissão de pessoal, Desembargadores do Tribunal de Justiça, li-
mas, em qualquer dos casos, deverá realizar mitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen-
concurso público para a seleção de pessoal. tésimos por cento do subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
RESPOSTA Federal, no âmbito do Poder Judiciário, apli-
A) Essa alternativa está incorreta, pois o art. cável este limite aos membros do Ministério
37, II, da Constituição Federal estalebece, Público, aos Procuradores e aos Defensores
como forma de consagração dos princípios Públicos.
da impessoalidade, isonomia e indisponibili- D) O regime de pessoal das empresas estatais
dade de concurso público a obrigatoriedade (empresas públicas ou sociedades de eco-
de licitação. nomia mista) é o regime celetista, devendo
B) Os ocupantes de cargos públicos gozam os interessados prestarem concurso público
da estabilidade do art. 41 da CF, porém os para ingresso no emprego público.

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(XXIII Exame de Ordem Unificado / FGV) RESPOSTA

Após a Polícia Federal colher far- A) A sindicância pode ou não ocorrer. Não é
to material probatório, o Ministério condição indispensável para instauração de
processo administrativo disciplinar. A alter-
Público denunciou Ricardo, servidor
nativa “a” está, portanto, incorreta.
público federal estável, por crime
funcional e comunicou o fato às au- B) Há um princípio intitulado “princípio da in-
dependência das instâncias” que estabelece
toridades competentes para eventu-
que as esferas civil, penal e administrativas
al apuração administrativa.
são independentes. Assim, o mero recebi-
Antes do recebimento da denún- mento de denúncia não teria o condão de
cia, diante da vasta documentação suspender o processo administrativo disci-
que demonstrava a materialidade de plinar contra Ricardo, portanto, incorreta a
violação de dever funcional remetida alternativa “b”.
para a Administração, foi instaurado C) Essa alternativa está incorreta. Importante
o processo administrativo discipli- ressaltar que o decidido na esfera penal ape-
nar, sem a realização de sindicân- nas vinculará as demais esferas nos seguin-
cia, que, mediante regular processa- tes casos: 1- absolvição no processo-crime
em razão de prova de que o réu não foi o
mento do inquérito administrativo,
autor e 2- absolvição no processo-crime em
culminou na aplicação da pena de
razão de inexistência do fato.
demissão de Ricardo.
D) Alternativa correta. De fato, não há que se
falar em qualquer nulidade no fato apresen-
tado. O art. 5º, LV, da CF foi integralmente
Sobre a situação hipotética narrada, assina- observado.
le a afirmativa correta.

A) Ricardo não poderia ser demitido sem a rea-


lização de sindicância, que é procedimento
prévio imprescindível para a instauração de
(XXIII Exame de Ordem Unificado/ FGV)
processo administrativo disciplinar.
B) O recebimento da denúncia deveria ter sus- O Estado Alfa, com o objetivo de ar-
pendido o processo administrativo discipli- ticular a prestação dos serviços de
nar contra Ricardo, e o prosseguimento de saneamento básico entre municí-
tal apuração só poderia ocorrer após a con- pios limítrofes, instituiu uma região
clusão do Juízo criminal. metropolitana, de modo a promover
C) O processo administrativo disciplinar instau- a organização, o planejamento e a
rado contra Ricardo é nulo, pois não é ca- execução de tais atividades.
bível a utilização de prova produzida para a
apuração criminal.
D) A hipótese não apresenta qualquer nulida- Acerca da criação de regiões metropolitanas
de que contamine o processo administrativo para a realização de serviços públicos, assi-
disciplinar instaurado contra Ricardo. nale a afirmativa correta.

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A) A instituição de região metropolitana para a (XXIII Exame de Ordem Unificado/ FGV)


organização, o planejamento e a execução
dos serviços públicos é de competência do O Ministério Público estadual ajui-
Estado Alfa, por meio de lei complementar. zou ação civil pública por improbi-
dade em desfavor de Odorico, prefei-
B) A organização, o planejamento e a exe-
cução dos serviços de saneamento básico to do Município Beta, perante o Juízo
entre municípios limítrofes deveria, neces- de 1º grau.
sariamente, ser promovida por meio de con- Após os devidos trâmites e do rece-
sórcio público. bimento da inicial, surgiram pro-
C) A competência para a criação de regiões vas contundentes de que Odorico se
metropolitanas é exclusiva da União, sob utilizava da máquina administrativa
pena de violar a autonomia dos municípios para intimidar servidores e prejudi-
que seriam por elas alcançados. car o andamento das investigações,
D) A criação da região metropolitana pretendi- razão pela qual o Juízo de 1º grau de-
da pelo Estado Alfa não é possível, diante da terminou o afastamento cautelar do
ausência de previsão para tanto no nosso or- chefe do Poder Executivo municipal
denamento jurídico.
pelo prazo de sessenta dias.

RESPOSTA

A) Nos termos do art. 25, § 3º da CF, Os Estados Nesse caso, o Juízo de 1º grau
poderão, mediante lei complementar, insti- A) não poderia ter dado prosseguimento ao fei-
tuir re­
giões metropolitanas, aglomerações to, na medida em que Odorico é agente po-
urbanas e microrregiões, constituídas por lítico e, por isso, não responde com base na
agrupamentos de municípios limítrofes, lei de improbidade, mas somente na esfera
para integrar a organização, o planejamen- política, por crime de responsabilidade.
to e a execução de funções públicas de in-
teresse comum. Trata-se de tema de direito B) não tem competência para o julgamento da
constitucional e que tem relação interdisci- ação civil pública por improbidade ajuizada
plinar com o direito administrativo. Essa é a em face de Odorico, ainda que o agente te-
alternativa que deveria ter sido assinalada nha foro por prerrogativa junto ao respectivo
nessa questão. Tribunal de Justiça estadual.

B) O erro dessa assertiva é a expressão “neces- C) não poderia ter determinado o afastamento
sariamente”, que traduz ideia de “obrigato- cautelar de Odorico, pois a perda da função
riedade”, o que não é verdade. pública só se efetiva com o trânsito em jul-
gado da sentença condenatória.
C) Essa competência não é exclusiva da União,
conforme podemos observar da leitura do D) agiu corretamente ao determinar o afasta-
art. 25, § 3º, da CF, portanto, incorreta a al- mento cautelar de Odorico, que, apesar de
ternativa “c”. constituir medida excepcional, cabe quando
o agente se utiliza da máquina administra-
D) Incorreta essa alternativa, conforme redação tiva para intimidar servidores e prejudicar o
conferida pelo art. 25, § 3º, da CF. andamento do processo.

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RESPOSTA Sobre a questão apresentada, assinale a afir-


mativa correta.
A) Prefeito é agente político e hoje prefeito
responde por improbidade administrativa, A) A União pode desapropriar imóveis dos
muito embora haja sobre esse tema reco- Estados, atendidos os requisitos previstos
nhecimento de repercussão geral pelo STF em lei, mas os Estados não podem desapro-
(com mérito ainda não julgado até a data de priar imóveis da União.
fechamento desta edição) – no tema 576 no
B) Para que haja a desapropriação pelo Estado
RE 976.566.
“X”, é imprescindível que este ente federado
B) Tem sim competência, portanto, incorreta demonstre, em ação judicial, estar presente
essa alternativa. o interesse público.
C) É possível o afastamento cautelar confor- C) A desapropriação é possível, mas deve ser
me previsão no parágrafo único do art. 20 precedida de autorização legislativa dada
da Lei n. 8.429/92. Aliás a perda da função pela Assembleia Legislativa.
pública e a suspensão dos direitos políticos
D) A desapropriação é possível, mas deve ser
só se efetivam com o trânsito em julgado da
precedida de autorização legislativa dada
sentença condenatória. Todavia, a autori-
pelo Congresso Nacional.
dade judicial ou administrativa competente
poderá determinar o afastamento do agen-
RESPOSTA
te público do exercício do cargo, emprego
ou função, sem prejuízo da remuneração,
A) A alternativa “a” está correta. Aqui segue a
quando a medida se fizer necessária à ins-
regra: “entidade maior pode desapropriar
trução processual.
bens pertencentes à entidade menor, mas a
D) Essa é a alternativa correta conforme previ- recíproca não é verdadeira”.
são no art. 20 da Lei 8.429/92.
B) A entidade menor – no caso o Estado – não
poderá desapropriar bens pertencentes
à União.
C) Entidade menor não pode desapropriar bens
(XXIII Exame de Ordem Unificado/ FGV) pertencentes a entidade maior.

O Estado “X” pretende fazer uma D) Nem mesmo com autorização legislativa
reforma administrativa para cor- dada pelo Congresso Nacional poderá ser
tar gastos. Com esse intuito, espera realizada a desapropriação nos moldes fixa-
dos pelo enunciado da questão.
concentrar diversas secretarias es-
taduais em um mesmo prédio, mas
não dispõe de um imóvel com a área
necessária. Após várias reuniões
com a equipe de governo, o governa- (XXIV Exame de Ordem Unificado/FGV)
dor decidiu desapropriar, por utili-
João foi aprovado em concurso
dade pública, um enorme terreno de
público promovido pelo Estado Alfa
propriedade da União para construir
o edifício desejado. para o cargo de analista de políticas

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públicas, tendo tomado posse no toda atuação do administrador, todavia, há


cargo, na classe inicial da respecti- instrumentos e prerrogativas que deverão
ser utilizados na busca do interesse públi-
va carreira. Ocorre que João é uma
co, e uma dessas prerrogativas é o poder
pessoa proativa e teve, como gestor,
hierárquico.
excelentes experiências na iniciativa
C) Essa assertiva traz o próprio conceito de po-
privada. Em razão disso, ele decidiu
der hierárquico.
que não deveria cumprir os coman-
dos determinados por agentes supe- D) A expressão “somente” faz com que a as-
sertiva fique incorreta. O Controle finalístico
riores na estrutura administrativa,
pode ser realizado, todavia, não é o único
porque ele as considerava contrárias
tipo de controle realizado.
ao princípio da eficiência, apesar de
serem ordens legais.

(XXIV Exame de Ordem Unificado/FGV)


A partir do caso apresentado, assinale a afir-
mativa correta. Marcelo é médico do Corpo de
Bombeiros Militar do Estado Beta e
A) João possui total liberdade de atuação, não
se submetendo a comandos superiores, em foi aprovado em concurso público
decorrência do princípio da eficiência. para o cargo de médico civil junto a
B) A liberdade de atuação de João é pautada
um determinado hospital da União,
somente pelo princípio da legalidade, con- que é uma autarquia federal.
siderando que não existe escalonamento de
competência no âmbito da Administração
Pública. A partir do fato apresentado, acerca da acu-
C) João tem dever de obediência às ordens le- mulação de cargos públicos, assinale a afir-
gais de seus superiores, em razão da rela- mativa correta.
ção de subordinação decorrente do poder
A) Por exercer atividade militar, Marcelo não
hierárquico.
pode acumular os cargos em comento.
D) As autoridades superiores somente podem
B) Marcelo pode acumular os cargos em ques-
realizar o controle finalístico das atividades
tão, pois não existe, no ordenamento pátrio,
de João, em razão da relação de vinculação
qualquer vedação à acumulação de cargos
estabelecida com os superiores hierárquicos.
ou de empregos públicos em geral.
C) A acumulação de cargos por Marcelo não
RESPOSTA
é viável, sendo cabível somente quando
A) João se submete ao comando de seus supe- os cargos pertencem ao mesmo ente da
riores. Tal relação de subordinação e escalo- Federação.
namento vertical decorre do poder hierár-
D) É possível a acumulação de cargos por
quico ou poder do hierarca.
Marcelo, desde que haja compatibilidade de
B) De fato o princípio da legalidade norteia horários.

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RESPOSTA Apresentado o recurso pertinente, ob-


serva-se que a aludida decisão
A) Incorreta essa assertiva. Fundamentação:
art. 37, XVI, da CF. A) não merece reforma, na medida em que
José deve responder com todo o seu pa-
B) Há sim vedação da acumulação. A acumula-
trimônio, independentemente do prejuízo
ção só será permitida nas hipóteses consti-
causado pelos atos de improbidade que lhe
tucionalmente previstas.
são imputados.
C) A assertiva da questão inventou uma si-
B) deve ser reformada, considerando que so-
tuação não presente em nosso orde-
mente podem ser objeto da cautelar os bens
namento jurídico.
adquiridos depois da prática dos atos de im-
D) O Texto Constitucional prevê a possibilida- probidade imputados a José.
de de acumulação desde que respeitados
C) deve ser reformada, pois não é possível, por
os seguintes requisitos: 1 – compatibilida-
ausência de previsão legal, a determinação
de de horários e 2 – em se tratando de dois
de tal medida cautelar em ações civis públi-
cargos de professor ou de um cargo de pro-
cas por ato de improbidade.
fessor com outro técnico ou científico ou
de dois cargos ou empregos privativos de D) deve ser reformada, porquanto a cautelar
profissionais de saúde, com profissões re- somente pode atingir tantos bens quantos
gulamentadas (nesse sentido vide art. 37, bastassem para garantir as consequências
XVI, da CF). financeiras dos atos de improbidade impu-
tados a José.

RESPOSTA

(XXIV Exame de Ordem Unificado/FGV) A) A decisão merece reforma. A cautelar so-


mente poderá atingir quantidade suficientes
Em ação civil pública por atos de im- de bens para garantir consequências finan-
probidade que causaram prejuízo ao ceiras e demais ressarcimentos decorrentes
erário, ajuizada em desfavor de José, da prática do ato de improbidade.
servidor público estadual estável, B) Incorreta ao dizer que somente podem ser
o Juízo de 1º grau, após os devidos objeto da cautelar os bens adquiridos depois
trâmites, determinou a indisponi- da prática dos atos de improbidade impu-
tados a José. Incorretas as expressões “so-
bilidade de todos os bens do deman-
mente” e “depois”
dado, cujo patrimônio é superior aos
danos e às demais imputações que C) É previsto na Lei 8.429/92 tal medida – fato
que torna a referida assertiva incorreta.
constam na inicial.
D) De fato e em nome dos princípios da razo-
abilidade e proporcionalidade, não pode-
rão ser requisitados mais bens do que os
necessários para reprimir a conduta ím-
proba cometida.

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(XXIV Exame de Ordem Unificado/FGV) B) De fato não há possibilidade de aquisição


do bem por usucapião. Nesse sentido vide
Determinado município é proprie- artigos 98 a 103 do Código Civil – questão
tário de um extenso lote localizado que demonstra, neste aspecto, conteúdo
em área urbana, mas que não vem multidisciplinar.
sendo utilizado pela Administração C) A regra é a inalienabilidade de bens públi-
há anos. Em consequência do aban- cos, todavia, é possível a alienabilidade con-
dono, o imóvel foi ocupado por uma dicionada – quando passarem a categoria de
família de desempregados, que deu bens dominicais.
à área uma função social. O poder D) O bem não será classificado como de uso
público teve ciência do fato, mas, especial, afinal “praça” não estaria inserida
como se tratava do final da gestão do nessa classificação.
então prefeito, não tomou qualquer
medida para que o bem fosse deso-
cupado. A situação perdurou mais
de trinta anos, até que o município (XXIV Exame de Ordem Unificado/FGV)
ajuizou a reintegração de posse.
Um fiscal de posturas públicas mu-
nicipais verifica que um restaurante
continua colocando, de forma irre-
Sobre a questão apresentada, assinale a afir-
gular, mesas para os seus clientes
mativa correta.
na calçada. Depois de lavrar autos
A) O terreno não estava afetado a um fim públi- de infração com aplicação de multa
co, razão pela qual pode ser adquirido por por duas vezes, sem que a sociedade
usucapião. empresária tenha interposto recurso
B) O terreno é insuscetível de aquisição por administrativo, o fiscal, ao verificar a
meio de usucapião, mesmo sendo um bem situação, interdita o estabelecimen-
dominical. to e apreende as mesas e cadeiras co-
C) O poder público municipal não poderá alie- locadas de forma irregular, com base
nar a área em questão, dado que todos os na lei que regula o exercício do poder
bens públicos são inalienáveis. de polícia correspondente.
D) O bem será classificado como de uso es-
pecial, caso haja a reintegração de posse e
o município decida construir uma grande A partir da situação acima, assinale a afir-
praça no local anteriormente ocupado pela mativa correta.
família.
A) O fiscal atuou com desvio de poder, uma vez
RESPOSTA que o direito da sociedade empresária de
continuar funcionando é emanação do direi-
A) Bens públicos são insuscetíveis de aquisição to de liberdade constitucional, que só pode
por usucapião. Esse é um dos atributos dos ser contrastado a partir de um provimento
bens públicos. jurisdicional.

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B) A prática irregular de ato autoexecutório (XXIV Exame de Ordem Unificado/FGV)


pelo fiscal é clara, porque não homenageou
o princípio do contraditório e da ampla de- Um Estado da Federação lançou um
fesa ao não permitir à sociedade empresária, grande programa de concessões
antes da apreensão, a possibilidade de pro- como forma de fomentar investi-
duzir, em processo administrativo específi- mentos, diante das dificuldades fi-
co, fatos e provas em seu favor. nanceiras por que vem passando.
C) O ato praticado pelo fiscal está dentro da Por meio desse programa, ele pre-
visão tradicional do exercício da polícia ad- tende executar obras de interesse da
ministrativa pelo Estado, que pode, em situ- população e ceder espaços públicos
ações extremas, dentro dos limites da razo-
para a gestão da iniciativa privada.
abilidade e da proporcionalidade, atuar de
Como parte desse programa, lançou
forma autoexecutória.
edital para restaurar um complexo
D) A atuação do fiscal é ilícita, porque os atos
esportivo com estádio de futebol, gi-
administrativos autoexecutórios, como
mencionado acima, exigem, necessariamen-
násio de esportes, parque aquático e
te, autorização judicial prévia. quadras poliesportivas.

RESPOSTA
Diante da situação acima, assinale a afirma-
A) Não houve desvio de poder. Pautado na pre-
tiva correta.
sunção de legitimidade dos atos administra-
tivos e também no atributo da coercibilida- A) O Estado pode optar por celebrar uma
de do poder de polícia, a conduta do fiscal parceria público-privada na modalida-
foi perfeitamente lícita, portanto, incorreta a de de concessão patrocinada, desde que
alternativa “a”. o contrato tenha valor igual ou superior a
R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais) e
B) Não há que se falar em prática irregular por
que as receitas decorrentes da exploração
parte do fiscal. O atributo da discricionarie-
dos serviços não sejam suficientes para re-
dade, da coercibilidade e da autoexecutorie-
munerar o particular.
dade justificam e amparam a conduta prati-
cada pelo fiscal. B) A constituição de sociedade de propósito
específico – SPE, sociedade empresária do-
C) De fato a autoexecutoriedade é atributo do
tada de personalidade jurídica e incumbida
poder de polícia presente sempre que hou-
de implantar e gerir o objeto da parceria,
ver situação de emergência capaz de justifi-
deve ocorrer após a celebração de um con-
car a utilização de meios diretos de coerção.
trato de PPP.
Correta essa alternativa. Inclusive foi exata-
mente esse o exemplo dado em minha aula C) O contrato deverá prever o pagamento de
na MARATONA SARAIVA APROVA alguns remuneração fixa vinculada ao desempe-
dias antes da realização do referido Exame nho do parceiro privado, segundo metas e
XXIV da OAB/FGV. padrões de qualidade e disponibilidade nele
definidos.
D) A atuação do fiscal não é ilícita.

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D) A contraprestação do Estado deverá ser município, para nivelar o terreno re-


obrigatoriamente precedida da disponibili- cém adquirido.
zação do serviço que é objeto do contrato de
O Ministério Público teve ciência do
parceria público-privada; dessa forma, não é
fato em maio de 2015 e ajuizou, em
possível o pagamento de contraprestação re-
lativa à parcela fruível do serviço contratado. setembro do mesmo ano, ação de
improbidade administrativa contra
RESPOSTA Raimundo. Após análise da respos-
ta preliminar, o juiz recebeu a ação e
A) A Lei n. 11.079/2004 prevê no art. 2º, § 4º, ordenou a citação do réu em dezem-
requisitos que um contato de PPP devem bro de 2015.
obedecer.
B) A constituição da sociedade de propósito
específico (SPE) deve ocorrer antes da cele- Considerando o enunciado da questão e a
bração do contrato – como fixa o art. 9º da Lei de Improbidade Administrativa, em espe-
Lei n. 11.079/2004. cial as disposições sobre prescrição, o prazo
C) Não há previsão em lei de pagamento de re- prescricional das eventuais sanções a serem
muneração condicionada ao desempenho aplicadas a Raimundo é de
do parceiro privado.
A) cinco anos, tendo como termo inicial a data
D) Nesse sentido vide art. 6º da Lei n. 11.079/2004 da infração (abril de 2010); logo, como a ação
– que estabelece a possibilidade de plurali- foi ajuizada em setembro de 2015, ocorreu a
dade compensatória. prescrição no caso concreto.
B) três anos, tendo como termo inicial a data
em que os fatos se tornaram conhecidos pelo
Ministério Público (maio de 2015); logo, como
(XXV Exame de Ordem Unificado/FGV) a ação foi ajuizada em setembro de 2015, não
ocorreu a prescrição no caso concreto.
Raimundo tornou-se prefeito de um
C) cinco anos, tendo como termo inicial o tér-
pequeno município brasileiro. Seu mino do exercício do mandato (dezembro
mandato teve início em janeiro de de 2012); logo, como a ação foi ajuizada em
2009 e encerrou-se em dezembro setembro de 2015, não ocorreu a prescrição
de 2012. Em abril de 2010, sabendo no caso concreto.
que sua esposa estava grávida de gê- D) três anos, tendo como termo inicial o tér-
meos e que sua residência seria pe- mino do exercício do mandato (dezembro
quena para receber os novos filhos, de 2012); logo, como a ação foi ajuizada em
Raimundo comprou um terreno e setembro de 2015, ocorreu a prescrição no
caso concreto.
resolveu construir uma casa maior.
No mesmo mês, com o orçamento
RESPOSTA
familiar apertado, para não incor-
rer em novos custos, ele usou um A) A alternativa “A” está incorreta. O termo ini-
trator de esteiras, de propriedade do cial é o término do exercício do mandato.

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B) A alternativa “B” fixa prazo de três anos, B) A reiteração da mesma falha não enseja a
o que não obedece ao prazo previsto no art. aplicação da pena de suspensão; neste caso,
23 da Lei n. 8.429/92. a única sanção possível é a advertência.
C) A alternativa “C” deveria ser assinalada. Com C) A sindicância pode dar ensejo à aplicação da
base no art. 23 da LIA, que estabelece que pena de suspensão, desde que a sanção seja
“as ações destinadas a levar a efeitos as san- de até 30 (trinta) dias.
ções previstas nesta lei podem ser propos-
D) A pena de demissão independe da instaura-
tas até cinco anos após o término do exer-
ção de processo administrativo disciplinar,
cício de mandato, de cargo em comissão ou
podendo ser aplicada após sindicância.
de função de confiança”.
D) Por fim, o prazo previsto na alternativa “D” RESPOSTA
também está incorreto, tendo como funda-
mento o mesmo art. 23 da mencionada Lei. A) A alternativa “A” está incorreta ao trazer a
expressão “em nenhuma hipótese”.
B) A alternativa “B” é incorreta, já que a única
sanção possível não é a advertência.
(XXV Exame de Ordem Unificado/FGV) C) A alternativa “C” deveria ser assinalada. Com
fulcro no art. 145, II, da Lei n. 8.112/90, da sin-
Ricardo, servidor público federal, dicância poderá resultar: I – arquivamento
especializou-se no mercado imo- do processo; II – aplicação de penalidade de
biliário, tornando-se corretor de advertência ou suspensão de até 30 (trinta)
imóveis. Em razão do aumento da dias; III – instauração de processo disciplinar.
demanda, passou a atender seus D) Por fim, a alternativa “D” traz grave erro ao
clientes durante o horário de expe- estabelecer a não dependência da instaura-
diente, ausentando-se da repartição ção de processo administrativo disciplinar.
pública sem prévia autorização do Nesse sentido, vide art. 5º, LV, da CF.

chefe imediato.
Instaurada sindicância, Ricardo foi
punido com uma advertência. A des-
peito disso, ele passou a reincidir na (XXV Exame de Ordem Unificado/FGV)
mesma falta que ensejou sua puni- A organização religiosa Tenhafé,
ção. Nova sindicância foi aberta. além dos fins exclusivamente reli-
giosos, também se dedica a ativi-
dades de interesse público, notada-
Com base na situação narrada, assinale a mente à educação e à socialização de
afirmativa correta.
crianças em situação de risco. Ela não
A) A sindicância não pode resultar, em nenhu- está qualificada como Organização
ma hipótese, na aplicação da pena de sus- Social (OS), nem como Organização
pensão; neste caso, deve ser instaurado pro- da Sociedade Civil de Interesse
cesso administrativo disciplinar.
Público (OSCIP), mas pretende obter

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verbas da União para a promoção sociedade civil as organizações religiosas


de projetos incluídos no plano de que se dediquem a atividades ou a projetos
de interesse público e de cunho social dis-
Governo Federal, propostos pela
tintas das destinadas a fins exclusivamente
própria Administração Pública.
religiosos. Assim, podem firmar “termo de
colaboração” (como pontuou a assertiva “D”
da questão), que é o instrumento por meio
Sobre a pretensão da organização religiosa do qual são formalizadas as parcerias esta-
Tenhafé, assinale a afirmativa correta. belecidas pela Administração Pública com
organizações da sociedade civil para a con-
A) Por ser uma organização religiosa, Tenhafé
secução de finalidades de interesse público
não poderá receber verbas da União.
e recíproco propostas pela administração
B) A transferência de verbas da União para a or- pública que envolvam a transferência de re-
ganização religiosa Tenhafé somente poderá cursos financeiros. Essa conceituação teve
ser formalizada por meio de contrato admi- sua redação dada pela Lei n. 13.204/2015.
nistrativo, mediante a realização de licitação
na modalidade concorrência.
C) Para receber verbas da União para a finali-
dade em apreço, a organização religiosa
Tenhafé deverá qualificar-se como OS ou (XXV Exame de Ordem Unificado/FGV)
OSCIP.
João foi aprovado em concurso pú-
D) Uma vez selecionada por meio de cha- blico para ocupar um cargo federal.
mamento público, a organização religio- Depois de nomeado, tomou posse e
sa Tenhafé poderá obter a transferência de
entrou em exercício imediatamente.
recursos da União por meio de termo de
colaboração.
Porém, em razão da sua baixa pro-
dutividade, o órgão ao qual João es-
RESPOSTA tava vinculado entendeu que o ser-
vidor não satisfez as condições do
A) A alternativa “A” está errada ao estabelecer
estágio probatório.
a impossibilidade de recebimento de verbas
da União.
B) A alternativa “B” está incorreta ao trazer a
Considerando o Estatuto dos Servidores
expressão “somente”. Normalmente expres-
Públicos Civis da União, à luz do caso narra-
sões assim aparecem como “pegadinha” nas
do, assinale a afirmativa correta.
assertivas.
C) A alternativa “C” está errada ao exigir a forma A) A Administração Pública deve exonerar
e a qualificação de OS ou OSCIP. João, após o devido processo legal, visto que
ele não mostrou aptidão e capacidade para o
D) Por fim, a alternativa D, que deveria ter sido
exercício do cargo.
assinalada, está correta. A prova exigiu teor
da Lei n. 13.019/2014, art. 2º, I, c, c.c. inciso B) A Administração Pública deve demitir João,
VII do mesmo artigo. Nos termos da refe- solução prevista em lei para os casos de
rida lei, são consideradas organização da inaptidão no estágio probatório.

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C) João deve ser redistribuído para outro órgão que um terreno de sua propriedade
ou outra entidade do mesmo Poder, a fim havia sido invadido, em setembro de
de que possa desempenhar suas atribuições
2015, pelo Município Beta, que nele
em outro local.
construiu uma estação de tratamen-
D) João deve ser readaptado em cargo de atri- to de água e esgoto.
buições afins.

RESPOSTA
Em razão disso, Josué procurou você para,
na qualidade de advogado(a), traçar a orien-
A) A alternativa “A” deveria ser assinalada pelo
tação jurídica adequada, em consonância
candidato. Nesse sentido, vide art. 41, § 4º,
com o ordenamento vigente.
da CF: como condição para a aquisição da
estabilidade, é obrigatória a avaliação espe- A) Deve ser ajuizada uma ação possessória,
cial de desempenho por comissão instituída diante do esbulho cometido pelo Poder
para essa finalidade. Público municipal.
B) A alternativa “B” está errada. Importante B) Não cabe qualquer providência em Juízo,
atentar para as diferenças entre “demissão” considerando que a pretensão de Josué está
e “exoneração”, que sempre são cobradas prescrita.
nas provas.
C) Impõe-se que Josué aguarde que o bem ve-
C) A alternativa “C” traz o conceito de “redistri- nha a ser destinado pelo Município a uma
buição”, que nada tem relação com a situa- finalidade alheia ao interesse público, para
ção descrita na questão. que, somente então, possa pleitear uma in-
D) Por fim, a alternativa “D” também está erra- denização em Juízo.
da. O instituto da readaptação tem previsão D) É pertinente o ajuizamento de uma ação
no art. 24 da Lei n. 8.112/90 e consiste na in- indenizatória, com base na desapropriação
vestidura do servidor em cargo de atribui- indireta, diante da incorporação do bem ao
ções e responsabilidades compatíveis com patrimônio público pela afetação.
a limitação que tenha sofrido em sua capa-
cidade física ou mental verificada em inspe- RESPOSTA
ção médica. Se julgado incapaz para o servi-
ço público, o readaptando será aposentado. A) A alternativa “A” está errada – não é caso de
ação possessória.
B) A alternativa “B” está incorreta ao impedir
providência em Juízo.
(XXV Exame de Ordem Unificado/FGV) C) A alternativa “C” criou situação esdrúxula e
totalmente absurda, razão pela qual não po-
Em novembro de 2014, Josué decidiu deria ter sido assinalada pelo candidato.
gozar um período sabático e passou,
D) A alternativa que deveria ter sido assinalada
a partir de então, quatro anos via-
nessa questão é a “D”. Ocorreu verdadeiro es-
jando pelo mundo. Ao retornar ao bulho possessório no caso, fato em que fica
Brasil, foi surpreendido pelo fato de configurado o instituto da desapropriação

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indireta. Não há dúvidas de que se trata de vista a inexecução parcial do negócio jurídi-
forma de intervenção do Estado na proprie- co por parte da concessionária.
dade, todavia sem as formalidades neces-
C) O poder concedente deve, necessariamente,
sárias para esse ato – no caso, sem o com-
aplicar todas as sanções contratuais antes
petente decreto expropriatório e a justa e
de decidir pelo encerramento do contrato.
prévia indenização em dinheiro. As demais
alternativas, nessa questão, acabaram por D) O processo administrativo tem natureza de
“inventar” situações totalmente imperti- inquérito e visa coletar informações precisas
nentes com o problema descrito na questão dos fatos; por isso, não há necessidade de
em análise. observar o contraditório e a ampla defesa da
concessionária.

RESPOSTA

A) A alternativa “A” está incorreta por violar dis-


(XXV Exame de Ordem Unificado/FGV)
positivo previsto expressamente em lei (nes-
A União celebrou com a empresa se sentido, vide art. 2º, III, da Lei n. 8.987/95).
Gama contrato de concessão de ser- B) A alternativa “B” deveria ter sido assinala-
viço público precedida de obra pú- da pelo candidato. Ocorreu a caducidade
blica. O negócio jurídico tinha por da concessão nos termos do art. 38 da Lei
n. 8.987/95 – tema que inclusive foi aponta-
objeto a exploração, incluindo a du-
do em nossa MARATONA SARAIVA APROVA
plicação, de determinada rodovia fe-
como o tema “bola da vez” dessa prova e, de
deral. Algum tempo após o início do fato, foi cobrado!
contrato, o poder concedente identi-
C) A alternativa “C” traz erro ao inserir a expres-
ficou a inexecução de diversas obri- são “necessariamente aplicar todas as san-
gações por parte da concessionária, ções contratuais”.
o que motivou a notificação da con-
D) Por fim, a alternativa “D” falou da não ne-
tratada. Foi autuado processo ad- cessidade de contraditório e ampla defe-
ministrativo, ao fim do qual o poder sa – o que viola o dispositivo constitucional
concedente concluiu estar prejudi- do art. 5º, LV, da CF (que fixa observância
cada a prestação do serviço por culpa de contraditório e ampla defesa não apenas
da contratada. em âmbito judicial, mas também na esfera
administrativa).

Com base na hipótese apresentada, assinale


a afirmativa correta.
(XXVI Exame de Ordem Unificado/FGV)
A) O contrato é nulo desde a origem, eis que a
concessão de serviços públicos não pode ser Raul e Alberto inscreveram-se para
precedida da execução de obras públicas. participar de um concorrido con-
B) O poder concedente pode declarar a cadu- curso público. Como Raul estava
cidade do contrato de concessão, tendo em mais preparado, combinaram que

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ele faria a prova rapidamente e, logo administrativa leia os arts. 2º, 3º e 8º da Lei n.
após, deixaria as respostas na lixeira 8.429/92.
do banheiro para que Alberto pudes- B) Como dito na alternativa anterior, não
se ter acesso a elas. A fraude só veio houve o cometimento de improbidade
a ser descoberta após o ingresso de administrativa.
Raul e de Alberto no cargo, fato que C) Não frustraram a licitude de concurso públi-
ensejou o afastamento deles. Após co. Essa alternativa foi uma pegadinha para
rígida investigação policial e admi- induzir o oabeiro a assinalar – consideran-
nistrativa, não foi identificada, na do o teor do art. 11 da Lei de Improbidade
Administrativa.
época do certame, a participação de
agentes públicos no esquema. D) Esta é a alternativa que deveria ter sido
assinalada, afinal, no caso em tela, não
houve o cometimento de improbidade
administrativa.
Sobre os procedimentos de Raul e de
Alberto, com base nas disposições da Lei de
Improbidade Administrativa, assinale a afir-
mativa correta.

A) Eles enriqueceram ilicitamente graças aos (XXVI Exame de Ordem Unificado/FGV)


salários recebidos e, por isso, devem respon-
der por ato de improbidade administrativa. Em uma movimentada rodovia con-
cedida pela União a uma empresa
B) Eles causaram prejuízo ao erário, consisten-
privada, um veículo particular co-
te nos salários pagos indevidamente e, por
isso, devem responder por ato de improbi- lidiu com outro, deixando diversos
dade administrativa. destroços espalhados pela faixa de
C) Eles frustraram a licitude de concurso pú- rolamento. Um dos objetos deixados
blico, atentando contra os princípios da sobre a pista cortou o pneu de um ter-
Administração Pública, e, por isso, de- ceiro automóvel, causando a colisão
vem responder por ato de improbidade deste em uma mureta de proteção.
administrativa.
D) Eles não praticaram ato de improbidade
administrativa, pois, no momento em que Com base no fragmento acima, assinale a
ocorreu a fraude no concurso público, não afirmativa correta.
houve a participação de agentes públicos.
A) A concessionária deve responder objetiva-
RESPOSTA mente pelos danos causados, com funda-
mento na teoria do risco administrativo.
A) Não há o cometimento de ato de improbi-
B) Em nenhuma hipótese a concessionária po-
dade administrativa, afinal, no momento em
derá ser responsabilizada pelo evento danoso.
que a fraude ocorreu, não houve a partici-
pação de agentes públicos. Acerca do con- C) A concessionária responde pelos danos ma-
ceito de sujeito ativo do ato de improbidade teriais causados ao terceiro veículo, com

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fundamento na teoria do risco integral, isto benefício ao órgão competente. O pe-


é, ficou comprovado que o dano foi causa- dido foi negado pela Administração.
do por culpa exclusiva de terceiro ou por
Não satisfeito com a decisão, Marcos
força maior.
interpôs recurso administrativo.
D) O proprietário do terceiro automóvel só será
reparado pelos danos materiais caso de-
monstre a culpa da concessionária, caracte-
Tendo o enunciado como parâmetro e consi-
rizada, por exemplo, pela demora excessiva
derando o disposto na Lei n. 9.784/99, assi-
em promover a limpeza da rodovia.
nale a afirmativa correta.

RESPOSTA A) O recurso, salvo disposição legal diversa,


tramitará por, no mínimo, três instâncias
A) Esta é a alternativa que deveria ter sido as- administrativas.
sinalada. Nos termos do art. 37, § 6º, da CF, B) O recurso será dirigido à autoridade que pro-
a concessionária (pessoa jurídica de direi- feriu a decisão, que, se não a reconsiderar,
to privado prestadora de serviço público) encaminhará o apelo à autoridade superior.
responde objetivamente pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a C) O recurso e todos os atos subsequentes pra-
terceiros. ticados pela Administração no âmbito do
processo administrativo, em regra, devem
B) O erro dessa assertiva é a expressão “em ne- apresentar forma determinada.
nhuma hipótese”.
D) Marcos somente poderá alegar questões de
C) Risco integral é vertente mais radical da teo- legalidade, como a incompetência da auto-
ria da responsabilidade objetiva, mas não é ridade que proferiu a decisão, não lhe sendo
a teoria regra adotada por nós (essa teoria permitido solicitar o reexame do mérito da
aparece apenas e tão somente para casos questão apreciada.
pontuais – como em acidentes decorrentes
da manipulação de material bélico, atos ter-
RESPOSTA
roristas em aeronaves, dano ambiental, da-
nos nucleares). A) O erro dessa assertiva é a expressão “no mí-
D) A responsabilidade da concessionária por nimo”. O correto deveria ser “no máximo”.
ser objetiva independe da demonstração de B) A alternativa B deveria ter sido assinalada.
dolo ou culpa. Trata-se do chamado pedido de reconside-
ração, que só pode ser formulado uma úni-
ca vez e que deve ser encaminhado para a
própria autoridade que proferiu a decisão.
Essa autoridade irá reconsiderar ou, se não
(XXVI Exame de Ordem Unificado/FGV)
reconsiderar, deverá encaminhar o recurso
Marcos, servidor do Poder Executivo para a autoridade imediatamente superior.
federal, entende que completou os C) No processo administrativo federal vigora o
requisitos para a aposentadoria vo- princípio do informalismo, portanto, incorre-
luntária, razão pela qual requereu, ta a alternativa “C”.
administrativamente, a concessão do

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D) O recurso pode ser proposto tanto por ra- RESPOSTA


zões de legalidade, quanto por razões de
A) O princípio da razoável duração do processo
mérito. Incorreta essa assertiva.
é aplicável em âmbito administrativo.
B) A ação popular é o remédio constitucio-
nal adequado interposto pelo cidadão para
proteger a probidade administrativa, o meio
(XXVI Exame de Ordem Unificado/FGV) ambiente e o patrimônio público. Não é o
caso do problema da referida questão.
Maria solicitou ao Município Alfa li-
cença de localização e funcionamen- C) A assertiva dada como correta pelo gabarito
foi a “C”. De fato é o mandado de segurança
to para exercer determinada ativida-
o remédio constitucional adequado ao pre-
de empresarial, apresentando todos sente caso frente ao direito líquido e certo
os documentos necessários para existente no caso em tela.
tanto. Contudo, transcorrido mais D) Habeas Data é o remédio constitucional
de ano do mencionado pedido, não adequado para assegurar o conhecimento
houve qualquer manifestação por de informações relativas à pessoa do im-
parte da autoridade competente para petrante, constantes de registros ou ban-
cos de dados de entidades governamentais
sua apreciação.
ou de caráter público ou para a retificação
de dados, quando não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo
Diante dessa situação, na qualidade de ad- – nenhuma dessas situações é o que ocorreu
vogado, assinale a afirmativa que indica o no caso.
procedimento correto.

A) Não se pode adotar qualquer medida con-


tra a inércia da autoridade competente,
considerando que o princípio da razoável (XXVI Exame de Ordem Unificado/FGV)
duração do processo não se aplica à via
administrativa. Maria foi aprovada em concurso
para o cargo de analista judiciário
B) Deve-se ajuizar uma ação popular contra a
do Tribunal Regional Federal da 2ª
omissão da autoridade competente, diante
do preenchimento dos respectivos requisitos Região, mas, após ter adquirido a es-
e da violação ao princípio da impessoalidade. tabilidade, foi demitida sem a obser-
vância das normas relativas ao pro-
C) Deve-se impetrar mandado de segurança,
uma vez que a omissão da autoridade com- cesso administrativo disciplinar. Em
petente para a expedição do ato de licença razão disso, Maria ajuizou ação anu-
constitui abuso de poder. latória do ato demissional, na qual
D) Deve-se impetrar habeas data diante da obteve êxito por meio de decisão
inércia administrativa, considerando que a jurisdicional transitada em julgado.
omissão da autoridade competente viola o Nesse interregno, contudo, Alfredo,
direito à informação. também regularmente aprovado em

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concurso e estável, foi promovido D) A alternativa dada como correta pelo ga-
e passou a ocupar o cargo que era barito foi esta. De fato há, aqui, o instituto
da reintegração. Nos termos do art. 28 da
de Maria.
Lei n. 8.112/90, a reintegração é a reinves-
tidura do servidor estável no cargo ante-
riormente ocupado, ou no cargo resultante
Sobre a hipótese apresentada, assinale a de sua transformação, quando invalidada
afirmativa correta. a sua demissão por decisão administrati-
va ou judicial, com ressarcimento de todas
A) A invalidação do ato demissional de Maria
as vantagens.
não poderá importar na sua reintegração ao
cargo anterior, considerando que está ocu-
pado por Alfredo.
B) Maria, em razão de ter adquirido a estabili-
dade, independentemente da existência e (MP/PE – FCC)
necessidade do cargo que ocupava, deverá
ser posta em disponibilidade. No que diz respeito aos servidores
C) Maria deverá ser readaptada em cargo su- públicos é INCORRETO afirmar, tec-
perior ao que ocupava anteriormente, diante nicamente, que os
da ilicitude de seu ato demissional.
D) Em decorrência da invalidade do ato demis-
sional, Maria deve ser reintegrada ao cargo A) empregados públicos da Administração di-
que ocupava e Alfredo deverá ser recondu- reta e indireta, regidos pela Consolidação das
zido para o cargo de origem. Leis do Trabalho, titulares de emprego públi-
co, recebem salário como remuneração.
RESPOSTA B) detentores de mandato eletivo e os chefes
do Executivo recebem subsídio, constituí­do
A) O erro dessa assertiva aparece na expressão
de parcela única, a título de remuneração.
“não poderá importar na sua reintegração ao
cargo anterior”. Reconhecida a ilegalidade C) servidores, pelo exercício de cargo público,
da demissão, deve ocorrer a reintegração. recebem vencimentos, como espécie de re-
B) Não ocorre disponibilidade nesse caso. A dis- muneração, e correspondem à soma do ven-
ponibilidade ocorre ou porque houve a ex- cimento e das vantagens pecuniárias.
tinção do cargo ou porque foi declarada sua D) agentes políticos, a exemplo dos membros
desnecessidade. Lembrando que o retorno do Ministério Público e dos Juízes de Di­reito,
à atividade de servidor em disponibilidade recebem vencimentos a título de retribuição
far-se-á mediante aproveitamento obriga- pecuniária.
tório em cargo de atribuições e vencimentos
E) os Conselheiros dos Tribunais de Contas re-
compatíveis com o anteriormente ocupado.
cebem subsídio, visto como uma modalida-
C) Não é caso de readaptação. A readaptação de do sistema remuneratório constitucional.
é a investidura do servidor em cargo de atri-
buições e responsabilidades compatíveis RESPOSTA
com a limitação que tenha sofrido em sua
capacidade física ou mental verificada em Os agentes políticos são os que ocupam os pri-
inspeção médica. meiros escalões nos poderes do Estado (Chefes

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do Poder Executivo e seus auxiliares imediatos, (TCE/SP – FCC)


Deputados Estaduais e Federais, Senadores,
Magistrados, Membros do MP etc.). Nos termos A desapropriação realizada pelos en-
do art. 37, X, c.c. art. 39, § 4º, da CF, são remune- tes públicos legalmente habilitados
rados por subsídios. A assertiva a ser assinalada a fazê-lo possui traço característico,
nessa questão é a alternativa d. qual seja

A) pertinência temática com as competências


(VUNESP – TJ/SP – Juiz de Direito) materiais que lhes são constitucional e legal-
mente atribuídas.
O Supremo Tribunal Federal (in AG B) possibilidade de expropriação de quaisquer
655.378-AGR) estabeleceu premis- bens públicos inservíveis.
sas a respeito da condição jurídico-
C) necessidade de observância do direito de
-administrativa dos registradores, reversão dos expropriados caso não seja
cartorários e notariais, destacando dado ao bem desapropriado nenhuma finali-
que estes dade pública.
D) obrigatoriedade da eleição da via judicial
sempre que o pagamento da indenização ul-
A) são servidores públicos por delegação do trapasse um exercício fiscal.
Estado. E) obrigatoriedade de celebração de escritura
B) não prestam serviços públicos. pública para as desapropriações em que os
expropriados concordam com o preço.
C) não são servidores públicos.
D) prescindem de concurso público para o RESPOSTA
exercício da titularidade das funções.
O direito de propriedade é garantia constitucio-
RESPOSTA nal (art. 5º, XXII), devendo a propriedade aten-
der à sua função social (art. 5º, XXIII). Sempre
Assertiva “a”: errada: “são servidores públicos que a propriedade não cumprir seu papel no
por delegação do Estado”. Não são servidores seio social caberá intervenção do Estado su-
públicos. Assertiva “b”: errada: “não prestam pressiva (acarretando a perda da propriedade
serviços públicos”. Errado o ‘não’. Prestam servi- pelo dono em razão de sua transferência para
ço público! Assertiva “c”: correta (e deveria ser o Estado). Nos termos do art. 5º, XXIV, da CF,
a assinalada como gabarito para esta questão). lei estabelecerá o procedimento para a desa-
Realmente, os registradores, os cartorários e os propriação por necessidade ou utilidade públi-
notariais NÃO SÃO SERVIDORES PÚBLICOS. São ca (DL n. 3.365/41), ou por interesse social (Lei
denominados, como vimos, PARTICULARES EM n. 4.132/62), mediante justa e prévia indeniza-
COLABORAÇÃO. Assertiva “d”: errada: “pres- ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos
cindem de concurso público para o exercício da na CF. O procedimento expropriatório envolve
titularidade das funções”. Prescindir significa várias competências: a) legislativa – compe-
DISPENSAR. Registradores, cartorários e no- tência privativa da União (art. 22, II, CF); b) de-
tariais prestam sim concurso público, NÃO são claratória – em regra, concorrente dos entes
dispensados de concurso público. políticos (art. 2º do Decreto-Lei n. 3.365/41);

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c) executória – consistente na atribuição para somente decorrido 1 (um) ano, poderá ser o mes-
promover a desapropriação, podendo ser: c.1) mo bem objeto de nova declaração”. Decorridos
incondicionada: União, Estados, Distrito Federal 5 anos da data da expedição do decreto expro-
e Municípios estão livres para a propositura da priatório por utilidade pública sem que seja reali-
ação expropriatória; c.2) condicionada ao dis- zada a desapropriação, ocorrerá a DECADÊNCIA
posto em lei ou no contrato (art. 2º, § 3º, do DL n. na desapropriação, isto é, a perda do direito
3.365/41). Por essa razão, correta a alternativa a. de expropriar em razão da inação por parte do
Poder Público (caducidade), de forma que, para
o bem ser objeto de desapropriação, deverá ser
expedido NOVO DECRETO EXPROPRIATÓRIO e
só depois de decorrido um ano da data em que
(181º Concurso de Ingresso na deveria ter sido proposta a desapropriação.

Magistratura-SP)

Em 30 de junho de 2002, o Governo


do Estado editou decreto declaran- (MP/RR – CESPE)
do determinado imóvel de utilidade
Em relação ao ato administrativo,
pública, para fins de desapropriação.
assinale a alternativa correta:
Até 30 de outubro de 2007, não ha-
via proposto ação de desapropriação.
A propositura dessa ação
A) O ato administrativo discricionário é aquele
que possibilita ao agente público competen-
te posicionar-se, livre e incondicionalmente,
A) pode ser feita a qualquer momento. sobre determinada questão.

B) depende de novo decreto de utilidade pú- B) O ato praticado pelo “agente de fato” é sem-
blica, que pode ser editado a qualquer pre nulo, independentemente da aparência
momento. de legalidade.

C) depende de novo decreto de utilidade públi- C) O ato administrativo composto é aquele que
ca, que apenas poderá ser editado a partir de se forma pela conjugação de vontades de
30 de junho de 2008. mais de um órgão administrativo.

D) depende de novo decreto de utilidade públi- D) A administração pública, para anular ato pró-
ca, que apenas poderá ser editado a partir de prio, em razão da constatação de ilegalida-
30 de junho de 2009. de, deverá necessariamente buscar o provi-
mento jurisdicional nesse sentido.
RESPOSTA E) O ato discricionário, quando motivado, fica
A assertiva que deveria ter sido assinalada é vinculado ao motivo que lhe serviu de su-
a alternativa “c”. Conforme dispõe o art. 10 do porte, com o que, se verificado ser o mesmo
falso ou inexistente, deixa de subsistir.
Decreto-Lei n. 3.365/41: “A desapropriação de-
verá efetivar-se mediante acordo ou intentar-se
RESPOSTA
judicialmente dentro de 5 (cinco) anos, conta-
dos da data da expedição do respectivo decre- Pela Teoria dos Motivos Determinantes, o admi-
to e findos os quais este caducará. Neste caso, nistrador deve enunciar os motivos em que se

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calçou para a prática do ato, estes terão que ser B) As empresas públicas e as sociedades de
obedecidos – e passarão a integrar o ato, ainda economia mista exploradoras de atividade
que a lei não tenha expressamente imposto a econômica estão sujeitas ao regime das em-
obrigação de enunciá-los. presas privadas e, portanto, podem celebrar
Se um fato que não ocorreu for elencado como contratos sem prévia licitação.
motivo para a prática de um ato, o ato ficará
C) Enquanto a concessão de serviço público é
inválido: apenas motivos que realmente exis-
precedida de licitação, a permissão, em ra-
tiram é que podem ensejar a validade do ato.
zão de seu caráter precário, dela independe.
Exemplificando: indivíduo é multado por passar
hoje na Rua das Flores no estado de São Paulo às D) As empresas concessionárias de serviços
15 horas. Posteriormente prova que estava fora do públicos, dotadas de personalidade jurídi-
país nesta data e, portanto, não poderia estar nos ca de direito privado, responderão pelos
dois locais ao mesmo tempo: o fato não ocorreu! danos que seus agentes, nessa qualidade,
O motivo da multa (exercício do Poder de Polícia causarem a terceiros, independentemente
da Administração) é falso, o ato será inválido e, de culpa.
consequentemente a multa será inválida. E) Em razão do princípio da livre iniciativa, não
Sempre que forem alegados motivos fal- há restrições para que o Estado explore a ati-
sos ou inexistentes para a prática de um ato, vidade econômica.
este ato será inválido. O motivo alegado pela
Administração Pública tem que ser verdadeiro –
RESPOSTA
incidência da Teoria dos Motivos Determinantes.
A responsabilidade civil do Estado prevista no
Portanto, correta a alternativa e.
art.37, §6º, da CF impõe que “as pessoas jurídi-
cas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualida-
(MP/RR – CESPE) de, causarem a terceiro, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos
Assinale a alternativa correta:
de dolo ou culpa”. As concessionárias de ser-
viços públicos são pessoas jurídicas de direito
privado e têm sim responsabilidade objetiva se
A) É vedada, no ordenamento jurídico vigente, em razão de uma conduta vierem causar dano
a destinação de recursos orçamentários e a alguém (teoria da responsabilidade objetiva
bens públicos às organizações sociais. na modalidade risco administrativo). Portanto,
correta a alternativa c.

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Licínia Rossi Correia Dias


Licínia Rossi. Advogada. Mestre em Direito Constitucional (PUC/SP). Especialista
em Direito Constitucional pela Escola Superior de Direito Constitucional
(ESDC). Especialista em Direito Público pela Faculdade Damásio de Jesus.
Professora de Direito Administrativo e Constitucional na Rede de Ensino LFG
e curso CPIURIS. Ex-Professora de Direito Administrativo do curso Saraiva
Aprova. Ex-Professora de Direito da UNICAMP (nas turmas de Engenharia
e Biologia). Ex-Professora de Direito da PUC-Campinas. Ex Professora de
Direito Constitucional da Faculdade Padre Anchieta. Colunista de Direito
Administrativo na Rádio Justiça do STF (Programa Revista Justiça). Autora de
mais de vinte obras jurídicas (como autora e co-autora) pelas editoras Saraiva
e Foco. Idealizadora e coordenadora do portal www.liciniarossi.com.br. "Na
carreira docente há mais de doze anos identifiquei características em meu
alunos: um perfil sem igual de todos aqueles que lutam e batalham pela
realização de um sonho. Convivi e tenho contato (ainda que virtualmente
através de minhas redes sociais - @liciniarossi) com milhares de estudantes
que dia após dia vencem o cansaço e colocam em prática a mais importante
e nobre das tarefas: o estudo diário! Com base nesse contexto peculiar que
diariamente convivo, não podia deixar de auxiliá-los nessa batalha pela
aprovação em concursos públicos, prova da OAB e atualização jurídica.
Pensando nisso idealizei o "Programa de Mentoria": uma forma inovadora,
eficiente, prática e sem perder a profundidade necessária do ensino jurídico
para que meus alunos alcancem seus objetivos e aprendam com estratégia os
mais importantes e atuais temas do Direito!" - disse Licínia Rossi. O Programa
de Mentoria conta com diferentes estímulos ao estudante: visual, auditivo,
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