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Escola Portuguesa de Luanda – Centro de Ensino e Língua Portuguesa

OPERACIONALIZAÇÃO DA COMPONENTE CURRICULAR


DE CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO

1. Introdução
No quadro da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania (ENEC), cabe à escola aprovar a sua
Estratégia de Educação para a Cidadania, de acordo com o previsto no artigo 15.º do Decreto-lei n.º 55/2018,
de 6 de julho.
Assim, a Estratégia de Educação para a Cidadania na Escola (EECE), aqui apresentada, constitui um
instrumento para orientar o trabalho a desenvolver, no sentido de concretizar os desafios da ENEC.
São documentos a considerar:
 Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória (PA);
 Aprendizagens Essenciais (AE);
 Currículos dos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-Lei n.º 55/2018 de 6 de julho);
 Portaria n.º 223-A, de 3 de agosto (Regulamentação do DL 55/2018, no EB);
 Portaria n.º 226-A, de 7 de agosto (Regulamentação do DL 55/2018, no ES).

2. Intervenientes
Esta área curricular é discutida, planificada e gerida em Conselhos de Ano (1.º ciclo) e nos Conselhos de
Turma nos demais níveis de ensino, sendo a sua operacionalização da responsabilidade do professor que a
leciona.
No 1.º ciclo do ensino básico, a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento é uma área de natureza
transdisciplinar, cabendo a sua lecionação e avaliação ao professor titular, no respeito pelas opções aprovadas
em Conselho de Ano e validadas pelo Conselho Pedagógico.
Nos 2.º e 3.º ciclos e no ensino secundário, é uma disciplina autónoma, sendo lecionada semanalmente
pelo docente ou docentes a quem foi atribuída e cuja avaliação resulta do consenso de todos os professores do
Conselho de Turma.

3. Objetivos Gerais

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Na abordagem da Cidadania e Desenvolvimento, propõe-se que se atenda aos valores, metas e objetivos
explicitados no Projeto Educativo da Escola, nomeadamente:
 Desenvolver o gosto pelo trabalho em equipa;
 Cooperar em tarefas e projetos comuns;
 Utilizar o conhecimento para participar de forma autónoma e crítica na tomada de decisões;
 Desenvolver atitudes de sociabilidade e responsabilidade.

4. Coordenação da Estratégia de Educação para a Cidadania na Escola


Existe a recomendação de que a coordenação da Estratégia de Educação para a Cidadania na Escola seja
assegurada por um docente membro do Conselho Pedagógico. Este coordenador constitui o ponto fulcral de ligação
da Escola com a Equipa Nacional de Educação para a Cidadania. O perfil do coordenador inclui experiência de
coordenação de equipas e capacidade organizativa; competências de utilização de meios tecnológicos e de
plataformas digitais; capacidade para estabelecer e manter relações empáticas com discentes, docentes e pessoal
não docente, sustentadas em processos de escuta e reconhecimento; visão intercultural da educação; motivação para
desempenhar a tarefa e experiência no desenvolvimento de projetos a nível de escola.

5. Metodologias de Trabalho
Esta área é por excelência adequada à utilização de metodologias ativas de trabalho, nomeadamente, a de
trabalho de projeto, sendo, nesse sentido, uma mais-valia para o trabalho interdisciplinar. Deve ter-se em conta que
tem uma reduzida carga horária (uma unidade horária), pelo que terá de haver grande ponderação na seleção das
atividades a desenvolver em cada uma das aulas.

6. Organização dos diferentes domínios da Cidadania e Desenvolvimento


Os domínios a trabalhar em Cidadania e Desenvolvimento organizam-se em três grupos com implicações
diferenciadas, sendo que:
 do 1.º grupo – por serem transversais, são obrigatórios para todos os níveis e ciclos de escolaridade;
 do 2.º grupo – devem ser trabalhados pelo menos em dois ciclos do ensino básico;
 do 3.º grupo – têm aplicação opcional em qualquer ano de escolaridade.

 1.º Grupo – Obrigatório para todos os níveis e ciclos de escolaridade


 Direitos Humanos
 Igualdade de Género
 Interculturalidade
 Desenvolvimento Sustentável
 Educação Ambiental
 Saúde

 2.º Grupo – Trabalhado pelo menos em dois ciclos do ensino básico


 Sexualidade

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 Media
 Instituições e Participação Democrática
 Literacia Financeira e Educação para o Consumo
 Segurança Rodoviária
 Risco

 3.º Grupo – Com aplicação opcional em qualquer ano de escolaridade


 Empreendedorismo
 Mundo do Trabalho
 Segurança, Defesa e Paz
 Bem-estar animal
 Voluntariado
 Outras, de acordo com as necessidades de Educação para a Cidadania detetadas na escola.

Nota: Não obstante esta organização, os domínios a trabalhar em Cidadania e Desenvolvimento não devem ser
entendidos como partes isoladas de um todo, mas sim como intercomunicantes, tendo na base uma visão integral da
pessoa e devendo a sua abordagem privilegiar o contributo de cada um deles para o desenvolvimento dos
princípios, dos valores e das áreas de competências inscritas no Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade
Obrigatória. Para o tratamento de cada um dos domínios, podem ser consultados diversos documentos de apoio em
http://www.dge.me.pt/areas-tematicas.

7. Proposta de distribuição das temáticas por anos de escolaridade

1.º Ciclo
1.º ano 2.º ano 3.º ano 4.º ano
 Educação  Direitos Humanos (1)  Igualdade de Género (2)  Desenvolvimento
1.º Grupo Ambiental (5) Sustentável (4)
 Interculturalidade (3)
(Obrigatório)  Saúde (6)
 Instituições e  Literacia Financeira e  Segurança
2.º Grupo  Segurança Participação Educação para o Consumo Rodoviária (11)
(Obrigatório em rodoviária (11) Democrática (9) (10)
2 níveis do
ensino básico)

3.º Grupo  Bem-estar  Segurança, Defesa e  Empreendedorismo (13)  Voluntariado (17)


(Opcional) animal (16) Paz (15)

2.º Ciclo
5.º ano 6.º ano
 Interculturalidade (3)  Direitos Humanos (1)
1.º Grupo  Desenvolvimento sustentável (4)  Igualdade de género (2)
(Obrigatório)  Educação Ambiental (5)  Saúde (6)
2.º Grupo  Instituições e participação democrática (9)  Segurança Rodoviária (11)

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(Obrigatório em 2 níveis
do ensino básico)
3.º Grupo  Segurança, defesa e paz (15)  Voluntariado (17)
(Opcional)

3.º Ciclo
7.º ano 8.º ano 9.º ano
1.º Grupo  Direitos humanos (1)  Desenvolvimento  Interculturalidade (3)
(Obrigatório)  Igualdade de género (2) sustentável (4)  Saúde (6)
 Educação Ambiental (5)
2.º Grupo  Sexualidade (7)  Risco (12)  Sexualidade (7)
(Obrigatório em 2 níveis  Media (8)
do ensino básico)
3.º Grupo  Bem-estar Animal (16)  Empreendedorismo (13)  Mundo do Trabalho (14)
(Opcional)

Secundário
10.º ano 11.º ano 12.º ano
1.º Grupo  Direitos humanos (1)  Desenvolvimento  Interculturalidade (3)
(Obrigatório)  Igualdade de género (2) Sustentável (4)  Saúde (6)
 Educação Ambiental (5)
 Sexualidade (7)  Instituições e  Risco (12)
 Media (8) Participação
2.º Grupo
Democrática (9)
(Obrigatório em 2 níveis
 Literacia Financeira e
do ensino básico)
Educação para o
Consumo (10)
3.º Grupo  Voluntariado (17)  Mundo do Trabalho  Empreendedorismo (13)
(Opcional) (14)

Quadro Síntese
Grupos 1.º ciclo 2.º ciclo 3.º ciclo Secundário
1.º 2.º 3.º 4.º 5.º 6.º 7º 8º 9º 10º 11º 12º
1.º Grupo
1. Direitos humanos X (1) X (1) X (1) X (1)
2. Igualdade de género X (2) X (2) X (2) X (2)
X (3) X (3) X (3) X (3)
3. Interculturalidade
X (4) X (4) X (4) X (4)
4. Desenvolvimento
Sustentável
5. Educação Ambiental X (5) X (5) X (5)
6. Saúde X (6) X (6) X (6) X (5) X (6)

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2.º Grupo
7. Sexualidade X (7) X (7) X (7)
8. Media X (8) X (8)
X (9) X (9) X (9)
9. Instituições e participação
democrática X (10) X (10)
10. Literacia financeira e
educação para o consumo
11. Segurança rodoviária X (11) X (11) X (11)
12. Risco X (12) X (12)
3.º Grupo
13. Empreendedorismo X (13) X (13) X (13)
14. Mundo do trabalho X (14) X (14)
X X (15)
15. Segurança, defesa e paz
X (16)
(15)
16. Bem-estar animal X (16)
17. Voluntariado X (17) X (17) X (17)
18. Outros

Nota: As atividades ou projetos a desenvolver em cada grupo turma ou a nível de Escola devem ser decididos na
1.ª reunião intercalar dos Conselho de Turma ou dos Conselhos de Ano e comunicados ao Coordenador de CD.

8. Avaliação
8.1. Critérios Gerais
O processo de ensino, aprendizagem e avaliação em CD deve integrar e refletir as competências de
natureza cognitiva, pessoal, social e emocional, desenvolvidas e demonstradas por cada aluno através de
evidências. A avaliação das aprendizagens está enquadrada nos normativos legais em vigor, assumindo a forma
de avaliação qualitativa no 1.º ciclo e de avaliação quantitativa nos 2.º e 3.º ciclos relevando, nestes últimos,
para efeitos de aprovação/não aprovação. No ensino secundário, a componente de CD tem carácter transversal,
sendo a articulação da responsabilidade do Diretor de Turma e a avaliação da responsabilidade do Conselho de
Turma. Neste ciclo, a componente de CD não é objeto de avaliação sumativa, sendo a participação dos alunos
nos projetos desenvolvidos objeto de registo anual no certificado do aluno.

8.2. Critérios Específicos


Os critérios de avaliação para a componente de CD são definidos pelo Conselho de Turma e pela Escola e
validados pelo Conselho Pedagógico, devendo contemplar-se o desenvolvimento de competências de natureza
cognitiva e de competências de natureza pessoal, social e emocional, bem como o impacto da participação dos
alunos nas atividades realizadas na escola e na comunidade.

A. Competências de natureza cognitiva (25%)


 Conhecimentos relevantes

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B. Competências de natureza pessoal (50%)
 Empenho – 10%
 Responsabilidade – 10%
 Autonomia – 10%
 Respeito pelos outros e pelos espaços – 10%
 Iniciativa / Criatividade – 10%
C. Participação nas atividades realizadas na escola e na comunidade (25%)

Classificação final 1.º período – média ponderada dos 3 domínios, A, B e C.


Classificação final 2.º período – 40% média ponderada do 1.º período + 60% da média
ponderada do 2.º período;
Classificação final do 3.º período – 40% média ponderada do 2.º período + 60% média
ponderada do 3.º período;

Como instrumento de avaliação, propõe-se a realização de um trabalho por período, que


poderá ser de grupo, turma ou a nível de escola. O trabalho deverá resultar num produto,
como por exemplo, campanhas, exposições, apresentações, intervenções, etc.

9. Divulgação das atividades desenvolvidas em CD


A página da escola e a BE/CRE deverão ser os veículos de divulgação dos trabalhos e das atividades em
CD junto da comunidade educativa.

10. Monitorização e avaliação


A monitorização e avaliação da EECE é da responsabilidade dos diretores de turma/professores titulares e
do Coordenador de CD, este em ligação permanente com o Conselho Pedagógico.
No final do ano letivo deverá permitir um feedback que possibilite validar e reorientar as linhas de
atuação, devendo por isso permitir:
 aferir o grau de consecução dos objetivos gerais estabelecidos;
 avaliar o impacto das diferentes ações, bem como a forma como estas se articulam para promover
o sucesso dos alunos;
 verificar a articulação entre a EECE, o Plano Anual de Atividades e os objetivos do Projeto
Educativo;

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 assegurar o envolvimento dos intervenientes nos processos de reflexão e nas estratégias de
melhoria a implementar.

11. No final de cada ano, o Coordenador da EECE apresentará um relatório que incluirá a identificação das
necessidades de formação contínua dos docentes neste domínio, as quais serão comunicadas à Coordenação
Nacional.

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