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GRUPO I – LEITURA
Aquela que costuma ser considerada a primeira bicicleta foi construída, em 1817, pelo
alemão Karl Drais (1785-1851), para fazer frente à escassez2 de cavalos no “ano sem
verão”, um ano de anomalias climatéricas provocadas pela explosão do vulcão Tambora
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(Indonésia). Era um veículo de madeira com duas rodas, assento e um dispositivo para
controlar a direção. Era impulsionado com os pés e atingia o dobro de velocidade de uma
deslocação a pé. O escocês Kirkpatrik Macmillan (1812-1878) incorporou, em 1839, pedais
que ativavam um mecanismo com bielas3, num movimento que não era circular mas de
vaivém. Já não era necessário impulsionar o veículo com os pés.
Em 1861, Pierre Michaux (1813-1883) e o seu filho Ernest, franceses, incorporaram
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0 pedais no eixo4 da roda dianteira. Para conseguir uma maior rotação por pedalada, os
velocípedes passaram a ter rodas dianteiras muito altas, o que era perigoso.
Depois do sucesso na Exposição de Paris, de 1867, a bicicleta dos Michaux começou a
ser fabricada de forma industrial, com uma produção de 200 unidades por dia. Chegou a
ter uma roda dianteira com 1,5 metros de diâmetro, e foi com este modelo que se realizou
a primeira competição, em 1868.
Em 1880, introduziu-se a transmissão por corrente, mas o antecedente da bicicleta atual
1 seria criado pelo inglês John Kemp Starley (1854-1901), em 1885. Utilizava a corrente de
5 tração traseira, as duas rodas tinham uma dimensão semelhante e o assento estava
apoiado na roda de trás, o que proporcionava mais segurança.
Em 1887, chegaram as rodas de borracha maciça, que substituíram as de madeira com
aro de ferro. Foi também nessa altura que começaram a ser usados tubos de aço no
quadro dos veículos. O pneu com câmara de ar foi inventado pelo escocês John Boyd
Dunlop (1840-1921), em 1888. A partir de 1900, a bicicleta, até aí um produto caro,
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começou a ficar mais acessível.
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Vocabulário
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forjar – construir; 2 escassez – falta; 3 bielas – peças que servem para transmitir movimento a outras peças;
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eixo – peça em torno da qual gira o cubo de uma roda.
2. Associa cada um dos anos (coluna A) à respetiva evolução da bicicleta (coluna B).
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Coluna A Coluna B
1. chegaram as rodas de
A. Em 1839, borracha maciça.
Na minha rua vive o tio Rui, que é escritor e inventa estórias¹ e poemas que até chegam
a outros países muito internacionais.
O CamaradaMudo, um senhor gordo que fala pouco e está sempre sentado na esquina
da nossa rua, disse que essas estórias já foram transformadas em peças de teatro num
5 país com nome comprido, parece que se diz “Julgoeslávia”.
Quando ouvi a notícia na rádio, que iam dar uma bicicleta bem bonita, amarela,
vermelha e preta, lembrei-me logo de falar com o tio Rui. Era um concurso nacional com
primeiro prémio de uma bicicleta colorida que já apareceu na televisão, mas nesse dia na
nossa rua não havia luz.
De noite, a falar com a minha almofada, eu até já prometi bem as coisas: “se eu ganhar
1 a bicicleta colorida, vou deixar todos da minha rua andarem sem pedir nada em troca, nem
0 gelados nem xuínga”.
Essa promessa assim bem dura de fazer é que me fazia acreditar que eu ia mesmo
ganhar a bicicleta.
Mas eu não tenho jeito nenhum para essa coisa das estórias. Falei com outros miúdos,
para saber quem tinha ideias, quem queria participar no concurso nacional da bicicleta
colorida, mas todos me gozam a dizer que essa bicicleta já deve ter dono, que já sabem
quem é que vai ganhar.
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5 Não entendi aquilo, mas não desisti. Fui ainda falar com o CamaradaMudo.
– É verdade que essa bicicleta que estão a anunciar na rádio não é de verdade?
– Claro que é de verdade – o CamaradaMudo respondeu. – Tu tens uma boa estória?
– Eu só tenho uma boa vontade de ganhar essa bicicleta.
– Mas para ganhares tens de inventar uma estória.
– Tou mas é a pensar que devíamos pedir patrocínio no tio Rui, aquele que escreve bué
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de poemas.
– Isso não é batota?
– Batota porquê?
– E as outras crianças?
2 – Quero lá saber, não tenho culpa que o tio Rui vive aqui na minha rua. Eles que
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descubram também o escritor da rua deles.
O tio Rui é simpático e tem sempre bué de pressa.
Às vezes nos dá dinheiro para irmos comprar gelado e, no dia 1 de junho, podemos
entrar todos no quintal da casa dele para ouvir algumas estórias que ele lê diretamente dos
papéis amarelos onde ele escreve. Fala com uma voz constipada e algumas palavras
mesmo são difíceis de entender. Eu pensava que era só o modo de falar, mas a minha
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amiga Isaura é que me explicou um dia.
5 – Não vês como são os bigodes do tio Rui?
– São como?
– São assim tipo capim² que já não corta desde o último cacimbo³.
– E depois?
– Depois que alguns sons e algumas palavras ficam presas ao bigode. Então só
ouvimos já o resto.
3 Ondjaki, A bicicleta que tinha bigodes, 7.ª ed., Alfragide, Editorial Caminho, 2020, pp. 11-15, 39-40
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Vocabulário
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estórias – narrativas de ficção oral ou escrita;
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capim – designação dada a várias plantas;
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cacimbo – orvalho.
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3. Classifica-o narrador quanto à presença na ação e justifica com uma transcrição textual.
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6. Atenta na seguinte expressão: “Mas eu não tenho jeito nenhum para essa coisa das
estórias.”
6.1. A quem o narrador decide pedir ajuda e porquê?
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7. Indica o recurso expressivo que está presente na passagem “São assim como capim
que já não corta desde o último cacimbo.” (linha 39).
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8. Faz a caracterização do tio Rui, de acordo com as informações do texto.
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9. O texto termina com um diálogo (linhas 37 a 41),
9.1. Quem são as personagens que estão a conversar?
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a) mágoa
b feliz
)
c) entristecer
d alegria
)
A. cama C. colchão
B. almofadinha D. almofadar
GRUPO IV – ESCRITA
O narrador do texto sonhava com uma boa história para conseguir ganhar uma
bicicleta.
Escreve um texto narrativo, no qual contes uma história que consideres criativa para
participares no concurso.
O teu texto, com um mínimo de 140 e um máximo de 200 palavras, deve:
apresentar introdução, desenvolvimento e conclusão;
ter momentos de descrição;
ter um momento de diálogo;
ter um título adequado.
No final, faz a revisão do teu texto, verificando se:
respeitaste o tema proposto e o género indicado;
as partes estão devidamente ordenadas;
há repetições que possam ser evitadas;
usaste corretamente a pontuação.
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Bom trabalho!
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