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FADIGA
EM ELEMENTOS
ESTRUTURAIS DE AÇO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................................... 1
3 EXEMPLO ................................................................................................................................................................ 4
3.1 Propriedades da Seção ....................................................................................................................................... 5
3.2 Esforços Solicitantes .......................................................................................................................................... 5
3.3 Verificação à Fadiga .......................................................................................................................................... 6
3.3.1 Número de ciclos ....................................................................................................................................... 7
3.3.2 Verificação das Tensões Máximas no Metal Base ..................................................................................... 7
3.3.3 Verificação da face inferior da mesa inferior da viga (metal base) ............................................................ 8
3.3.4 Verificação da face superior da mesa inferior viga (metal base) ............................................................... 9
3.3.5 Verificação da ligação da alma com o enrijecedor ( metal base) ............................................................. 10
3.3.6 Verificação da solda de ligação da mesa inferior com a alma (metal de solda) ....................................... 10
3.3.7 Solda de ligação da mesa superior com a alma ( metal de solda) ............................................................ 11
3.3.8 Verificação da solda de ligação da alma com a chapa de extremidade ( metal da solda) ...................... 11
3.4 Considerações Finais ....................................................................................................................................... 11
3.5 Notas ................................................................................................................................................................ 12
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................................... 12
1 Introdução
A partir da Revolução Industrial e da invenção da máquina a vapor, seguiu-se uma evolução
das máquinas e o desenvolvimento das ligas metálicas. Esses dois fenômenos se
retroalimentam historicamente. Uma aplicação imediata desses novos recursos, máquinas e
ligas metálicas, foi o transporte ferroviário, que tanto envolvia o projeto de máquinas
(locomotivas, vagões, etc.), como o projeto de estruturas (estações e pontes).
Por volta do final do século XVIII e início do XIX, a mecânica já estava razoavelmente
desenvolvida, assim como o cálculo estático, possibilitando a análise do comportamento e o
dimensionamento de elementos estruturais tais como os elementos das pontes e os eixos das
máquinas. Entretanto, um fenômeno bizarro passou a ocorrer com certa frequência em
elementos estruturais sujeitos a solicitações dinâmicas (variáveis no tempo). Eixos
ferroviários, por exemplo, embora projetados de acordo com critérios de resistência estática,
sofriam ruptura sob condições de carregamento normal após apenas algumas centenas de
quilômetros de serviço. Apesar de ensaios de tração realizados no material, antes da entrada
em serviço, revelarem adequada ductilidade, a ruptura em serviço não apresentava sinais de
deformação plástica. E estes mesmos ensaios realizados no material após a fratura
apresentavam as características de ductilidade iniciais. O mecanismo por traz do fenômeno
era desconhecido na época e dizia-se que o material “cansava” ou “fadigava”. Daí surgiu o
nome fadiga, que mais tarde se consolidou no âmbito das engenharias civil e mecânica como
fadiga mecânica.
A partir daí passou-se a tratar a fadiga mecânica, que é o fenômeno de ruptura progressiva de
materiais sujeitos a ciclos repetidos de tensão ou deformação. O estudo do fenômeno é de
importância para o projeto de máquinas e estruturas sujeitas a cargas cíclicas, uma vez que
grande parte das falhas em serviço tem como causa a fadiga.
Os estudos sobre o fenômeno da fadiga revelaram que existe uma relação entre o desempenho
dos materiais e o número de ciclos de carregamento, normalmente caracterizada por uma
“curva -N”, também conhecida como “curva de Wöhler”, uma curva em escala logarítmica
que relaciona a magnitude da tensão que o material é capaz de suportar para um número de
ciclos N (Figura 1).
Observando a Figura 1, nota-se que à medida que cresce o número de ciclos de carregamento,
a tensão máxima que o material é capaz de suportar decai.
1
Figura 1 - Curva de fadiga esquemática.
Estudos demonstram que se um elemento estrutural de aço estiver sujeito, ao longo de sua
vida útil, a um número de ciclos de aplicação das ações variáveis inferior a 20000, não fica
sujeito a fadiga.
A verificação de fadiga segundo a norma brasileira para estruturas de aço (NBR8800) segue a
metodologia adotada na norma americana do AISC. Se for aplicado um carregamento mais de
20000 vezes durante a vida útil de um elemento estrutural, este deverá ter sua resistência
verificada de acordo com as exigências aplicáveis para o caso de fadiga. Se a peça está sujeita
a menos de 20000 ciclos de solicitação durante sua vida útil, não é necessário fazer a
verificação à fadiga. Entretanto, a estrutura deverá ser projetada, detalhada e fabricada de
forma a minimizar concentrações de tensões e mudanças abruptas de seção transversal.
Em uma estrutura sujeita à fadiga, usualmente não se admite que o limite de escoamento seja
ultrapassado, pois se as tensões solicitantes chegam a plastificar a liga, pode ocorrer a
chamada fadiga de baixo ciclo, quando o material rompe para um número relativamente
pequeno de solicitações.
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2.3 Procedimento para verificação de fadiga
O procedimento básico a ser adotado para uma verificação de fadiga consiste das seguintes
etapas:
condição de
de até observação
carregamento
1 20000 100000 Equivale a aproximadamente uma aplicação por dia, durante 50 anos
4 > 2000000 Equivale a aproximadamente 100 aplicações por dia, durante 50 anos
A vida útil da estrutura não deve ser considerada inferior a 50 anos, a menos que haja
indicação contrária.
3
2.6 Combinação de ações a ser considerada
Para a verificação de fadiga, deve-se considerar a combinação frequente de ações, dada pela
Eq. (1):
m n
Fd,fad = FGi, k + ψ1 FQj, k (1)
i =1 j =1
onde:
Em peças sujeitas à fadiga, não pode ser usada a resistência pós-flambagem dos elementos
componentes. Assim, não pode ser admitido o efeito do campo de tração para determinar a
resistência de almas à força cortante.
3 Exemplo
Verificar à fadiga os elementos que compõem a viga de rolamento dada, levando em
consideração as recomendações da norma ABNT NBR 8800:2008.
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A viga de rolamento foi projetada com um perfil soldado VS 850x131, com vão de 12 m.
Existem enrijecedores de alma a cada 1500 mm, constituídos por chapa de #16 mm, soldados
com solda de filete de 9 mm em todo o seu perímetro. O caminho de rolamento da ponte
(trilho) é constituído por uma barra de aço de seção quadrada de 60x60 mm, fixada de acordo
com o esquema que se usa para trilhos TR35. O aço do perfil possui fy = 300 MPa.
A ponte rolante considerada é de 20 toneladas, sendo 10 toneladas por cada roda, com as
rodas espaçadas de 3300 mm.
Ix = 200213,74 cm4
Wx = 4710,91 cm3
Para a verificação à fadiga é necessário conhecer as variações dos esforços atuantes na viga.
Para isso há que se obter as linhas de influência de força cortante e de momento fletor. Neste
caso, utilizou-se o software Ftool versão 3.0 para a determinação das linhas de influência,
admitindo-se um trem tipo com duas rodas espaçadas de 3300 mm, com 100 kN de carga em
cada roda e com coeficiente de impacto de 1,38.
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Figura 4 - Linha de influência para o momento fletor.
Vmáx = 238 kN
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3.3.1 Número de ciclos
Admitindo que a ponte rolante realize um ciclo de carregamento de 4 a 5 vezes por hora,
durante 24 horas por dia, 30 dias por mês, 12 meses por ano, durante 20 anos, seriam
realizados nesse prazo em média 800000 ciclos. Assim, o número de ciclos, admitindo a vida
útil de 20 anos, para o cálculo de fadiga é de 800000.
A tensão normal de compressão que a alma sofre logo abaixo da roda, conforme o esquema da
figura 7, é dada por:
7
A tensão de cisalhamento máxima na alma causada pela ponte rolante nas extremidades da
viga de rolamento é dada por:
0 , 333
327 C f
SR = TH (2)
N
onde:
SR → OK!
8
Caso haja emenda de perfis no local de tensão normal máxima pode-se considerar a categoria
de tensão B, Cf = 120×08 e TH = 110 MPa, conforme o item 5.1 da Tabela K.1. Calculando-
se SR tem-se:
0 , 333
327 120 10 8
SR = = 169 MPa 110 MPa
800000
SR → OK!
Conclui-se que não haverá ruína por fadiga na face inferior da mesa inferior.
0 , 333
327 120 10 8
SR = = 169 MPa 110 MPa
800000
=
M máx y
=
61600
(42,5 − 1,27 ) = 12,69 kN/cm2 = 126,9 MPa
Ix 200213
SR → OK!
0 , 333
327 44 10 8
SR = = 121 MPa 69 MPa
800000
SR → Não OK!
Neste caso, não se deve soldar os enrijecedores à face superior da mesa inferior. Deve-se
atender a recomendação do item 5.4.3.1.3 da NBR 8800:2008 de interromper os enrijecedores
antes de chegarem à mesa tracionada, de forma que a distância entre o enrijecedor e a solda na
junção da mesa com a alma fique entre 4tw e 6tw.
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3.3.5 Verificação da ligação da alma com o enrijecedor ( metal base)
Conforme verificado no item anterior, a ligação entre o enrijecedor e a mesa inferior não
passa. Logo, pode-se verificar a ligação alma-enrijecedor considerando que a distância entre o
enrijecedor e a solda da mesa com a alma seja de 4tw. Assim, a variação de tensão é calculada:
M máx y
= =
61600
(42,5 − 1,27 − 4 0,95) = 11,52 kN/cm2 = 115,2 MPa
Ix 200213
Considerando que a ligação entre a alma e o enrijecedor pode ser enquadrada no item 5.7 da
Tabela K.1, com a categoria de tensão C, Cf = 44×108 e TH = 69 MPa, tem-se o valor de SR
dado por:
0 , 333
327 44 10 8
SR = = 121 MPa 69 MPa
800000
SR → OK!
A ligação da mesa com a alma do perfil é uma solda longitudinal de filete, contínua dos dois
lados, sendo caracterizada pelo cisalhamento da garganta da solda conforme o item 8.2 da
Tabela K.1 da NBR 8800:2008. Para esta situação, tem-se categoria de tensão F, constante
Cf = 150×x1010 e TH = 55 MPa. A expressão para o cálculo de SR é dada pela Eq. (3):
0 ,167
11 10 4 C f
SR = TH (3)
N
0 ,167
11 10 4 150 1010
SR = = 77,54 MPa 55 MPa
800000
SR ,
15,64
MPa 77,54 MPa → twe 2 mm
t we
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3.3.7 Solda de ligação da mesa superior com a alma ( metal de solda)
A ruína por fadiga neste tipo de ligação em vigas de rolamento é causada por tensões de
tração localizadas, devidas à flexão da mesa superior no momento em que a roda da ponte
rolante passa. O cálculo dessa tensão localizada é complexo e pouco confiável. Para evitar
esse problema o AISE Technical Report N° 13 recomenda que a ligação da mesa superior
com a alma seja feita por meio de uma solda de penetração total com reforço em filete.
0 ,167
11 10 4 150 1010
SR = = 77,54 MPa 55 MPa
800000
SR ,
22,64
MPa 77,54 MPa → twe 3 mm
t we
O perfil da viga de rolamento passa nas verificações à fadiga para o número de ciclos
considerado, desde que sejam observados os detalhes construtivos recomendados.
Deve-se notar que os valores mínimos encontrados para as pernas das soldas são pequenos em
relação aos que se utilizam na prática, não sendo portanto valores limitantes.
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3.5 Notas
O item 3.3.7 trata da verificação da solda de ligação da alma com a mesa comprimida. Na
ausência de prescrição específica para tal situação da NBR 8800:2008 sugere-se a revisão do
tema nos seguintes textos:
Referências
1. ABNT NBR 8800:2008 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro: 2008.
2. AISE Technical Report N° 13: Guide for the design and construction of mill buildings.
Association of Iron and Steel Engineers, Pittsburg: 2003.
3. BELLEI, Ildony H.; Edifícios industriais em aço – projeto e cálculo, São Paulo: PINI,
1994.
5. FISHER, M. J.; VAN DE PAS, J. P. New fatigue provisions for the design of crane
runway girders. Engineering Journal, p. 65-73, 2002.
6. FISHER, M. J. Steel Design Guide 7: Industrial Buildings – Roofs To Anchor Rods, 2nd
ed. United States: AISC, 2004. 104p.
7. LITTLE, Robert E.; Statistical design of fatigue experiments, Elsevier Science Ltd, 1975.
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