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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
SETOR DE ESTRUTURAS

CIV 656 - FUNDAMENTOS DE ESTRUTURAS METÁLICAS

FADIGA
EM ELEMENTOS
ESTRUTURAIS DE AÇO

Prof. Gustavo de Souza Veríssimo

Prof. José Carlos Lopes Ribeiro

Última atualização em 29/06/2021


ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................................... 1

2 TRATAMENTO DO PROBLEMA DA FADIGA MECÂNICA .......................................................................... 2


2.1 Condição para ocorrência da fadiga ................................................................................................................... 2
2.2 Faixa de variação de tensões.............................................................................................................................. 2
2.3 Procedimento para verificação de fadiga ........................................................................................................... 3
2.4 Determinação do número de ciclos de carregamento ........................................................................................ 3
2.5 Classificação dos detalhes ................................................................................................................................. 3
2.6 Combinação de ações a ser considerada ............................................................................................................ 4
2.7 Limites de tensão admissíveis ........................................................................................................................... 4
2.8 Limitação quanto à estabilidade da alma ........................................................................................................... 4

3 EXEMPLO ................................................................................................................................................................ 4
3.1 Propriedades da Seção ....................................................................................................................................... 5
3.2 Esforços Solicitantes .......................................................................................................................................... 5
3.3 Verificação à Fadiga .......................................................................................................................................... 6
3.3.1 Número de ciclos ....................................................................................................................................... 7
3.3.2 Verificação das Tensões Máximas no Metal Base ..................................................................................... 7
3.3.3 Verificação da face inferior da mesa inferior da viga (metal base) ............................................................ 8
3.3.4 Verificação da face superior da mesa inferior viga (metal base) ............................................................... 9
3.3.5 Verificação da ligação da alma com o enrijecedor ( metal base) ............................................................. 10
3.3.6 Verificação da solda de ligação da mesa inferior com a alma (metal de solda) ....................................... 10
3.3.7 Solda de ligação da mesa superior com a alma ( metal de solda) ............................................................ 11
3.3.8 Verificação da solda de ligação da alma com a chapa de extremidade ( metal da solda) ...................... 11
3.4 Considerações Finais ....................................................................................................................................... 11
3.5 Notas ................................................................................................................................................................ 12

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................................... 12
1 Introdução
A partir da Revolução Industrial e da invenção da máquina a vapor, seguiu-se uma evolução
das máquinas e o desenvolvimento das ligas metálicas. Esses dois fenômenos se
retroalimentam historicamente. Uma aplicação imediata desses novos recursos, máquinas e
ligas metálicas, foi o transporte ferroviário, que tanto envolvia o projeto de máquinas
(locomotivas, vagões, etc.), como o projeto de estruturas (estações e pontes).

Por volta do final do século XVIII e início do XIX, a mecânica já estava razoavelmente
desenvolvida, assim como o cálculo estático, possibilitando a análise do comportamento e o
dimensionamento de elementos estruturais tais como os elementos das pontes e os eixos das
máquinas. Entretanto, um fenômeno bizarro passou a ocorrer com certa frequência em
elementos estruturais sujeitos a solicitações dinâmicas (variáveis no tempo). Eixos
ferroviários, por exemplo, embora projetados de acordo com critérios de resistência estática,
sofriam ruptura sob condições de carregamento normal após apenas algumas centenas de
quilômetros de serviço. Apesar de ensaios de tração realizados no material, antes da entrada
em serviço, revelarem adequada ductilidade, a ruptura em serviço não apresentava sinais de
deformação plástica. E estes mesmos ensaios realizados no material após a fratura
apresentavam as características de ductilidade iniciais. O mecanismo por traz do fenômeno
era desconhecido na época e dizia-se que o material “cansava” ou “fadigava”. Daí surgiu o
nome fadiga, que mais tarde se consolidou no âmbito das engenharias civil e mecânica como
fadiga mecânica.

A estranheza do fenômeno chamou a atenção dos estudiosos da época, que começaram a


investigá-lo. Uma das primeiras observações do fenômeno de fadiga, de que se tem registro,
data do ano de 1829, quando Wilhelm August Julius Albert publicou resultados de testes
realizados em correntes de ferro submetidas a carregamentos cíclicos. No período de 1852 a
1869, em Berlim, August Wöhler estudou a ruptura de eixos ferroviários.

A partir daí passou-se a tratar a fadiga mecânica, que é o fenômeno de ruptura progressiva de
materiais sujeitos a ciclos repetidos de tensão ou deformação. O estudo do fenômeno é de
importância para o projeto de máquinas e estruturas sujeitas a cargas cíclicas, uma vez que
grande parte das falhas em serviço tem como causa a fadiga.

Os estudos sobre o fenômeno da fadiga revelaram que existe uma relação entre o desempenho
dos materiais e o número de ciclos de carregamento, normalmente caracterizada por uma
“curva -N”, também conhecida como “curva de Wöhler”, uma curva em escala logarítmica
que relaciona a magnitude da tensão  que o material é capaz de suportar para um número de
ciclos N (Figura 1).

Observando a Figura 1, nota-se que à medida que cresce o número de ciclos de carregamento,
a tensão máxima que o material é capaz de suportar decai.

1
Figura 1 - Curva de fadiga esquemática.

2 Tratamento do problema da fadiga mecânica

2.1 Condição para ocorrência da fadiga

Estudos demonstram que se um elemento estrutural de aço estiver sujeito, ao longo de sua
vida útil, a um número de ciclos de aplicação das ações variáveis inferior a 20000, não fica
sujeito a fadiga.

A verificação de fadiga segundo a norma brasileira para estruturas de aço (NBR8800) segue a
metodologia adotada na norma americana do AISC. Se for aplicado um carregamento mais de
20000 vezes durante a vida útil de um elemento estrutural, este deverá ter sua resistência
verificada de acordo com as exigências aplicáveis para o caso de fadiga. Se a peça está sujeita
a menos de 20000 ciclos de solicitação durante sua vida útil, não é necessário fazer a
verificação à fadiga. Entretanto, a estrutura deverá ser projetada, detalhada e fabricada de
forma a minimizar concentrações de tensões e mudanças abruptas de seção transversal.

2.2 Faixa de variação de tensões

A faixa de variação de tensões atuantes (tensões normais ou tensões de cisalhamento) num


ponto qualquer deve ser determinada pela diferença algébrica dos valores máximos e mínimos
de tensão considerada nesse ponto. A determinação das tensões atuantes deve ser feita por
meio de análise elástica, usando as propriedades elásticas das seções transversais, ou seja, não
se admite a ocorrência de plastificação no elemento.

Em uma estrutura sujeita à fadiga, usualmente não se admite que o limite de escoamento seja
ultrapassado, pois se as tensões solicitantes chegam a plastificar a liga, pode ocorrer a
chamada fadiga de baixo ciclo, quando o material rompe para um número relativamente
pequeno de solicitações.

2
2.3 Procedimento para verificação de fadiga

O procedimento básico a ser adotado para uma verificação de fadiga consiste das seguintes
etapas:

a) determinar o número de ciclos de aplicação das ações variáveis;

b) identificar a categoria do detalhe (as normas técnicas geralmente especificam esses


detalhes – no caso da ABNT NBR 8800:2008, os detalhes construtivos relacionados
aos parâmetros de fadiga são apresentados na Tabela K.2 do Anexo K);

c) determinar a faixa admissível de variação de tensões para a categoria do detalhe em


questão.

2.4 Determinação do número de ciclos de carregamento

Para a determinação do número de ciclos de carregamento no elemento são consideradas


quatro situações possíveis de carregamento (essa classificação decorre de estudos técnico-
científicos sobre comportamento à fadiga), em função do número de ciclos de solicitações
durante a vida útil da estrutura, conforme a Tabela 1.

Tabela 1 - Número de ciclos de solicitações durante a vida útil.

condição de
de até observação
carregamento

1 20000 100000 Equivale a aproximadamente uma aplicação por dia, durante 50 anos

2 100000 500000 Equivale a aproximadamente 5 aplicações por dia, durante 50 anos

3 500000 2000000 Equivale a aproximadamente 25 aplicações por dia, durante 50 anos

4 > 2000000 Equivale a aproximadamente 100 aplicações por dia, durante 50 anos

A vida útil da estrutura não deve ser considerada inferior a 50 anos, a menos que haja
indicação contrária.

2.5 Classificação dos detalhes

Os detalhes construtivos são divididos em classes, conforme aquelas apresentadas no


Anexo K da NBR 8800:2008. Exemplos ilustrativos são encontrados na Tabela K.2 da
NBR 8800:2008. A classificação do detalhe depende não somente de sua geometria, mas
também do tipo de tensão presente.

3
2.6 Combinação de ações a ser considerada

Para a verificação de fadiga, deve-se considerar a combinação frequente de ações, dada pela
Eq. (1):

m n
Fd,fad =  FGi, k + ψ1  FQj, k (1)
i =1 j =1

onde:

FGi,k é o valor característico das ações permanentes;


FQj,k é o valor característico das ações variáveis;
1 é o fator de redução para as ações variáveis, tomado igual a 1,0.

2.7 Limites de tensão admissíveis

Os requisitos do Anexo K da NBR 8800:2008 aplicam-se a tensões no metal-base calculadas


usando-se a combinação de ações descrita em 2.6, cujo valor não ultrapasse 0,66fy ou 0,40fy
para tensões normais ou de cisalhamento, respectivamente.

2.8 Limitação quanto à estabilidade da alma

Em peças sujeitas à fadiga, não pode ser usada a resistência pós-flambagem dos elementos
componentes. Assim, não pode ser admitido o efeito do campo de tração para determinar a
resistência de almas à força cortante.

3 Exemplo
Verificar à fadiga os elementos que compõem a viga de rolamento dada, levando em
consideração as recomendações da norma ABNT NBR 8800:2008.

Um esquema da viga de rolamento e do carregamento pela ponte rolante é apresentado na


Figura 2.

Figura 2 - Esquema da viga de rolamento.

4
A viga de rolamento foi projetada com um perfil soldado VS 850x131, com vão de 12 m.
Existem enrijecedores de alma a cada 1500 mm, constituídos por chapa de #16 mm, soldados
com solda de filete de 9 mm em todo o seu perímetro. O caminho de rolamento da ponte
(trilho) é constituído por uma barra de aço de seção quadrada de 60x60 mm, fixada de acordo
com o esquema que se usa para trilhos TR35. O aço do perfil possui fy = 300 MPa.

A ponte rolante considerada é de 20 toneladas, sendo 10 toneladas por cada roda, com as
rodas espaçadas de 3300 mm.

3.1 Propriedades da Seção

Área da seção = 167,24 cm2

Ix = 200213,74 cm4

Wx = 4710,91 cm3

Momento estático da mesa em relação a x:


Ms = 1860,9 cm3

Momento estático máximo em relação a x:


Ms,máx = 2693,42 cm3

3.2 Esforços Solicitantes

Para a verificação à fadiga é necessário conhecer as variações dos esforços atuantes na viga.
Para isso há que se obter as linhas de influência de força cortante e de momento fletor. Neste
caso, utilizou-se o software Ftool versão 3.0 para a determinação das linhas de influência,
admitindo-se um trem tipo com duas rodas espaçadas de 3300 mm, com 100 kN de carga em
cada roda e com coeficiente de impacto de 1,38.

Os diagramas de linhas de influência e de envoltória de esforços obtidos são mostrados nas


figuras 3, 4, 5, e 6.

Figura 3 - Linha de influência para o esforço cortante.

5
Figura 4 - Linha de influência para o momento fletor.

Figura 5 – Envoltória de força cortante.

Figura 6 – Envoltória de momento fletor.

Os valores máximos de força cortante e de momento fletor obtidos são os seguintes:

Vmáx = 238 kN

Mmáx = 616 kN.m

3.3 Verificação à Fadiga

A verificação à fadiga é feita conforme o Anexo K da norma ABNT NBR 8800:2008.


Identificam-se os pontos críticos para a ocorrência de fadiga e verifica-se se a tensão e o
número de ciclos são capazes de levar o elemento à ruína por meio da fadiga mecânica.

Considerando-se que as cargas móveis geram na seção somente tensões normais de


compressão acima da linha neutra, não há a necessidade de se verificar a faixa de variação de
tensões normais acima da linha neutra da seção.

6
3.3.1 Número de ciclos
Admitindo que a ponte rolante realize um ciclo de carregamento de 4 a 5 vezes por hora,
durante 24 horas por dia, 30 dias por mês, 12 meses por ano, durante 20 anos, seriam
realizados nesse prazo em média 800000 ciclos. Assim, o número de ciclos, admitindo a vida
útil de 20 anos, para o cálculo de fadiga é de 800000.

3.3.2 Verificação das Tensões Máximas no Metal Base

O Anexo K da NBR 8800:2008 só se aplica a tensões no metal-base que não ultrapassem


0,66fy ou 0,40fy, para tensões normais ou de cisalhamento, respectivamente (ver Anexo K
item K.2.2). Dessa forma, calculam-se as tensões máximas, máx (normal) e máx (de
cisalhamento), que solicitam a viga.

Na flexão tem-se a seguinte tensão normal máxima:

M max 61600 kN.cm


 máx = = = 13,08 kN/cm 2 = 130,8 MPa
Wx 4710 ,91 cm3

0,66 f y = 0,66  300 = 198 MPa

 máx  0,66 f y → OK!

A tensão normal de compressão que a alma sofre logo abaixo da roda, conforme o esquema da
figura 7, é dada por:

Vroda, máx 100 kN  1,38


 máx = = = 10,06 kN/cm2 = 100 ,6 MPa
Ainf, w 2  7,27  0,95 cm 2

0,66 f y = 0,66  300 = 198 MPa

 máx  0,66 f y → OK!

Figura 7 – Projeção da carga da roda na alma da viga.

7
A tensão de cisalhamento máxima na alma causada pela ponte rolante nas extremidades da
viga de rolamento é dada por:

Vmáx M s , máx 238 kN  2693,42 cm3


 máx = = = 3,37 kN/cm2 = 33,7 MPa
tw I x 0,95 cm  200213 ,74 cm4

0,4 f y = 0,4  300 = 120 MPa

 máx  0,4 f y → OK!

3.3.3 Verificação da face inferior da mesa inferior da viga (metal base)


Para a verificação da face inferior da mesa inferior, consideram-se os detalhes e os valores da
tensão dos itens 1.1 da Tabela K.1 da NBR 8800:2008, categoria de tensão A, constante
Cf = 250×108 e o limite admissível de variação de tensão para um número infinito de ciclos
TH = 165 MPa. A faixa admissível de variação de tensão, SR, em MPa, para o caso acima, é
dada pela expressão:

0 , 333
 327 C f 
 SR =     TH (2)
 N 

onde:

Cf é a constante dada pela Tabela K.1 da NBR 8800:2008, para as categorias de


tensão A, B, B’, C, D, E e E’;

N é o número de ciclos de variação de tensões durante a vida útil da estrutura;

TH é o limite admissível da faixa de variação de tensões para um número infinito de


ciclos de solicitações, dado na Tabela K.1 em MPa.

Utilizando a Eq. (2) para o cálculo de SR, tem-se:


0 , 333
 327  250  10 8 
 SR =   = 215,8 MPa  165 MPa
 800000 

Calculando-se a tensão normal máxima na face inferior da mesa tem-se:

M máx 61600 kN.cm


 = = = 13,08 kN/cm2 = 130,8 MPa
Wx 4710 ,91 cm³

   SR → OK!

8
Caso haja emenda de perfis no local de tensão normal máxima pode-se considerar a categoria
de tensão B, Cf = 120×08 e TH = 110 MPa, conforme o item 5.1 da Tabela K.1. Calculando-
se SR tem-se:

0 , 333
 327  120  10 8 
 SR =   = 169 MPa  110 MPa
 800000 

   SR → OK!

Conclui-se que não haverá ruína por fadiga na face inferior da mesa inferior.

3.3.4 Verificação da face superior da mesa inferior viga (metal base)


Para a verificação da face superior da mesa inferior considera-se a categoria de tensão B,
Cf = 120×108 e TH = 110 MPa, conforme o item 3.1 da Tabela K.1. O valor de SR é
calculado a seguir:

0 , 333
 327  120  10 8 
 SR =   = 169 MPa  110 MPa
 800000 

A tensão normal máxima da face superior é dada por:

 =
M máx y
=
61600
(42,5 − 1,27 ) = 12,69 kN/cm2 = 126,9 MPa
Ix 200213

   SR → OK!

Para o enrijecedor soldado na face superior da mesa inferior, considera-se a categoria de


tensão C, Cf = 44×108 e TH = 69 MPa, conforme o item 5.7 da Tabela K.1. O valor de SR é
calculado a seguir:

0 , 333
 327  44  10 8 
 SR =   = 121 MPa  69 MPa
 800000 

   SR → Não OK!

Neste caso, não se deve soldar os enrijecedores à face superior da mesa inferior. Deve-se
atender a recomendação do item 5.4.3.1.3 da NBR 8800:2008 de interromper os enrijecedores
antes de chegarem à mesa tracionada, de forma que a distância entre o enrijecedor e a solda na
junção da mesa com a alma fique entre 4tw e 6tw.

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3.3.5 Verificação da ligação da alma com o enrijecedor ( metal base)
Conforme verificado no item anterior, a ligação entre o enrijecedor e a mesa inferior não
passa. Logo, pode-se verificar a ligação alma-enrijecedor considerando que a distância entre o
enrijecedor e a solda da mesa com a alma seja de 4tw. Assim, a variação de tensão é calculada:

M máx y
 = =
61600
(42,5 − 1,27 − 4  0,95) = 11,52 kN/cm2 = 115,2 MPa
Ix 200213

Considerando que a ligação entre a alma e o enrijecedor pode ser enquadrada no item 5.7 da
Tabela K.1, com a categoria de tensão C, Cf = 44×108 e TH = 69 MPa, tem-se o valor de SR
dado por:

0 , 333
 327  44  10 8 
 SR =   = 121 MPa  69 MPa
 800000 

   SR → OK!

3.3.6 Verificação da solda de ligação da mesa inferior com a alma (metal de


solda)
Considerando que as soldas que unem as mesas e a alma do perfil podem ser limitadas pelo
processo de verificação à fadiga, optou-se por determinar a perna mínima da solda que atende
aos requisitos da NBR8800:2008.

A variação de tensão em função da perna da solda, twe, é dada por:

Vmáx M s 238 1860 ,9 1,564 15,64


 = = = = MPa
t we I x (2  0,707 )t we  200213 t we t we

A ligação da mesa com a alma do perfil é uma solda longitudinal de filete, contínua dos dois
lados, sendo caracterizada pelo cisalhamento da garganta da solda conforme o item 8.2 da
Tabela K.1 da NBR 8800:2008. Para esta situação, tem-se categoria de tensão F, constante
Cf = 150×x1010 e TH = 55 MPa. A expressão para o cálculo de SR é dada pela Eq. (3):

0 ,167
 11  10 4 C f 
 SR =    TH (3)
 N 
 

Calculando-se a o valor de SR tem-se:

0 ,167
 11  10 4  150  1010 
 SR =   = 77,54 MPa  55 MPa
 800000 

   SR ,
15,64
MPa  77,54 MPa → twe  2 mm
t we

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3.3.7 Solda de ligação da mesa superior com a alma ( metal de solda)
A ruína por fadiga neste tipo de ligação em vigas de rolamento é causada por tensões de
tração localizadas, devidas à flexão da mesa superior no momento em que a roda da ponte
rolante passa. O cálculo dessa tensão localizada é complexo e pouco confiável. Para evitar
esse problema o AISE Technical Report N° 13 recomenda que a ligação da mesa superior
com a alma seja feita por meio de uma solda de penetração total com reforço em filete.

3.3.8 Verificação da solda de ligação da alma com a chapa de extremidade


( metal da solda)
Para a verificação da solda de ligação da alma com a chapa de extremidade considera-se que a
solda é solicitada com faixa de variação de tensão de cisalhamento na direção da solda,
conforme o item 8.2 da Tabela K.1 da NBR 8800:2008.

A verificação é feita em função da perna da solda de filete. A tensão de cisalhamento na solda


é calculada da seguinte forma:

Vmáx M s ,máx 238  2693,4 2,264 22,64


 = = = kN/cm² = MPa
t we I x (2  0,707 )t we  200213 t we t we

O valor de SR para esta situação é dado por:

0 ,167
 11  10 4  150  1010 
 SR =   = 77,54 MPa  55 MPa
 800000 

   SR ,
22,64
MPa  77,54 MPa → twe  3 mm
t we

3.4 Considerações Finais

O perfil da viga de rolamento passa nas verificações à fadiga para o número de ciclos
considerado, desde que sejam observados os detalhes construtivos recomendados.

Deve-se notar que os valores mínimos encontrados para as pernas das soldas são pequenos em
relação aos que se utilizam na prática, não sendo portanto valores limitantes.

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3.5 Notas

O item 3.3.7 trata da verificação da solda de ligação da alma com a mesa comprimida. Na
ausência de prescrição específica para tal situação da NBR 8800:2008 sugere-se a revisão do
tema nos seguintes textos:

Steel Design Guide 7: Industrial Buildings – Roofs To Anchor Rods


12.2 Crane Runway Fatigue Considerations – Web to Flange Welds. P.47.

New fatigue provisions for the design of crane runway girders


Web-to-Flange Welds, P.68

Eurocode 3 1-9 – Fatigue.Itens


5(6) – Calculation of Stresses. P.10
7.1(3) NOTE 3 – Detalhes com * - Redução da resistência. P.14
8(3) – Combinação de Tensões – P.16
Table 8.10 – Top flange to web junction of runway beams. P.26

Referências
1. ABNT NBR 8800:2008 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro: 2008.

2. AISE Technical Report N° 13: Guide for the design and construction of mill buildings.
Association of Iron and Steel Engineers, Pittsburg: 2003.

3. BELLEI, Ildony H.; Edifícios industriais em aço – projeto e cálculo, São Paulo: PINI,
1994.

4. FERREIRA, W.G.; Introdução ao estudo da fadiga mecânica. Faculdade de Engenharia


Mecânica. Universidade Estadual de Campinas. 2001.

5. FISHER, M. J.; VAN DE PAS, J. P. New fatigue provisions for the design of crane
runway girders. Engineering Journal, p. 65-73, 2002.

6. FISHER, M. J. Steel Design Guide 7: Industrial Buildings – Roofs To Anchor Rods, 2nd
ed. United States: AISC, 2004. 104p.

7. LITTLE, Robert E.; Statistical design of fatigue experiments, Elsevier Science Ltd, 1975.

8. QUEIROZ, Gilson; Elementos das estruturas de aço, Belo Horizonte, 1986.

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