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Assim, ela é ao mesmo tempo constituída por um ramo da Meteorologia e um ramo da Geografia
Física.
No que diz respeito ao campo de estudo, a Climatologia estuda a temperatura, pressão, regime dos
ventos, umidade atmosférica, nebulosidade e precipitação que são chamados elementos do clima e
que tem por sede a atmosfera – são o todo que em conjunto constitui o clima.
Por outro lado, a uniformidade de ação desses elementos está sujeita a uma série de fatos
geográficos como: latitude, altitude, distribuição de terras e mares, correntes marinhas, vegetação,
natureza do solo e outros de menor significado capazes de modificar parcial ou totalmente a ação do
conjunto.
Desta forma, a Climatologia estuda a correlação encadeada desses elementos e fatores e seus
reflexos no meio físico e biológico que se desenvolve na superfície terrestre.
Assim, em função da combinação, cada tipo climático possui características próprias capazes de
determinar conseqüências peculiares que condicionam tanto a paisagem física e biológica como as
próprias atividades do homem.
O clima está de tal forma ligado ao mundo físico e biológico do planeta, que na atualidade a
repartição geográfica das espécies animais e vegetais não podem ser bem compreendidas sem o seu
estudo.
Intervém na elaboração das formas de relevo, na decomposição das rochas, na formação dos solos,
no regime dos rios e das águas subterrâneas, no aproveitamento dos recursos econômicos, na
natureza e ritmo das atividades agrícolas, nos tipos de cultivos praticados, nas atividades urbanas,
na construção de edifícios, no turismo, na saúde do homem e até mesmo na sua própria distribuição
sobre o globo.
A explicação fundamenta-se nas teorias que explicam o relacionamento dos elementos baseadas na
circulação geral da atmosfera.
Isto faz da Meteorologia datar da mais remota antiguidade, pode-se dizer que continua, até hoje, em
estado médio de desenvolvimento, apesar dos progressos proporcionados pelas experiências
espaciais e pelos satélites meteorológicos em razão da complexidade que se reveste a dinâmica da
atmosfera.
Prevalece o geográfico
TEMPERATURA sobre o físico. LATITUDE
PRESSÃO
ALTITUDE
NEBULOSIDADE VEGETAÇÃO
2. TEMPO E CLIMA
Clima e Tempo representam combinações realizadas na atmosfera por certos valores respectivos da
temperatura, pressão, ventos, nebulosidade e precipitação (elementos do clima). Portanto ambos
representam “Estados da Atmosfera”
Todavia, enquanto o Tempo reflete uma combinação passageira, acidental, porém concreta, o Clima
resulta de combinações permanentes durante um período muito longo. É uma combinação de
tendências estáveis dos elementos mais gerais da atmosfera de um lugar. Deste modo, é o clima que
irá interessar aos que estudam o meio ambinete, porque somente os estados duráveis são
susceptíveis de criar ou condicionar o meio.
Contudo, não se pode atingir seguramente a noção de Clima se não partindo da noção de Tempo. Se
o Clima representa o fim do estudo geográfico é o Tempo o meio, para se atingir esse fim, este
deverá ser definido com bastante cuidado através da análise de suas múltiplas interações, até se
alcançar a explicação da “sucessão habitual”.
Em cada lugar da superfície terrestre e em cada momento a atmosfera se caracteriza pelas suas
propriedades físicas (temperatura e pressão) e pelos fenômenos físicos que nela se produzem
(nuvens, chuvas, ventos e outros), os chamados “meteoros”.
O tempo pode variar de um lugar para outro, e num mesmo lugar, de momento a momento, o que
nos permite defini-lo como:
a) Conjunto de características físicas da atmosfera, num dado sentido e num dado instante.
b) Conjunto de fenômenos atmosféricos temporários característicos de certos lugares.
c) Conjunto de valores que num dado momento e em um lugar determinado caracteriza o
estado atmosférico.
Todas as definições enfatizam os três aspectos fundamentais que caracterizam o Tempo.
1º - Trata-se de um conjunto de valores. Quer dizer, os elementos se comportam não de maneira
isolada, mas por combinação, resultando que a sensação fisiológica resulta da natureza da
combinação.
2º - A combinação é efêmera, instantânea. Ela existe no momento dado, mas já é diferente no
minuto seguinte.
3º - A combinação é apanhada num lugar determinado, isto é, num ponto da superfície terrestre.
Contudo o Tempo não varia de maneira totalmente desordenada. Assim, podemos reconhecer
combinações que se repetem por período relativamente longos (em relação ao estado momentâneo),
com valores próximos e produzindo efeitos praticamente semelhantes, constituindo os chamado
TIPOS DE TEMPO.
Existem muitos Tipos de Tempo. Cada um deles se define por um conjunto de características
peculiares da atmosfera, tais como: direção dos ventos, cobertura do céu, temperatura, umidade, etc.
Os Tipos de Tempo, na maioria das vezes têm duração horária e variam de acordo com a estação do
ano.
O estudo do Tempo como fator isolado e dos diversos Tipos de Tempo geralmente é feito pela
Meteorologia, que vai nos colocar na presença de realidades concretas, traves das relações dos
diversos fenômenos, que nos permite acompanhar sua marcha.
Como vimos, o Tempo é uma combinação efêmera (um instante ou alguns dias, conforme a
aproximação), porém concreta. É uma realidade na escala do homem.
Exemplo: O Tempo no dia 10 de Novembro em São Luís foi frio e chuvoso (combinação
acidental), mas o Clima desta cidade neste mês é quente e seco (combinação dominante durante
muitos anos e resultante da repetição das influências permanentes que regem o Tempo).
Fonte: INMET
Igualmente o Clima da Cidade que se caracteriza por meses secos com temperaturas maiores e
meses chuvosos com temperaturas menores durante o ano. Pode ocorrer em meses chuvosos ter-se
também uma temperatura um pouco maior que o normal. (combinação acidental).
Uma característica de cada região, refletindo um resumo dos diversos estados de tempo nessa região
ou ainda de modo mais claro:
- Conjunto de Tipos de Tempo que ocorrem a longo prazo na baixa atmosfera e a maneira como
esses evoluem através do ano, tem duração secular.
Portanto, o CLIMA abrange um conjunto de variações do Tempo durante um longo período, sendo
mesmo considerado como um dado aparentemente fixo para cada lugar da superfície terrestre, e
suas pequenas variações, quando existem, só podem ser notadas após longo período de observações.
“Está bom o Tempo” – “Está mau o Tempo”, mas é erro grave dizer: - “O Clima hoje está
agradável”
a) Clássicas
Esta definição foi aceita durante muitos anos. Ela é, com efeito, fiel numa certa medida, aos
objetivos da Geografia, pois ela recomenda o estudo do conjunto de fenômenos, e que esses
fenômenos devem ser considerados ao contato da superfície terrestre, más é impossível aceita-la no
quadro de uma Climatologia que quer apreender as realidades das quais depende o mundo vivo.
Como exemplo podemos supor dois lugares: “A” e “B”, cuja média anual da temperatura seja 20ºC.
– Em “A”, o verão é muito quente, sendo comuns às temperaturas de 35ºC, ao passo que o
inverno é frio, variando as temperaturas em torno de 5º C.
– Em “B” esses valores são de 25º C no verão e 15º C no inverno.
É evidente, no caso, que embora as médias anuais sejam iguais (20ºC), os dois lugares tem climas
diferentes. “A” apresenta grande contraste entre verão e inverno, ao passo que “B” possui clima
ameno com pequena variação.
De ano para ano nota-se também grandes variações no comportamento dos elementos. Em algumas
regiões do Nordeste brasileiro, por exemplo, caracteriza-se pela grande irregularidade quanto às
chuvas, havendo anos muitos chuvosos e outros em que a seca é quase absoluta. Outras regiões, no
entanto, possuem Climas regulares com pequenas diferenças no “estado médio do tempo” Portanto,
para bem se caracterizar o CLIMA é necessário, ao descreve-lo, levar em consideração todas essas
variações de “tempo”.
1º - Enfatiza um estado médio o que é uma abstração inteiramente desprovida de realidade e conduz
a um abuso de médias aritméticas para caracterizar os elementos do Clima.
2º - Ela apresenta um Carter estático, artificial, pelo fato de não mencionar o desenrolar dos
fenômenos no Tempo. Ora, o ritmo é um dos aspectos essenciais do Clima.
b) Modernas
3. TITARELLI – Clima é o conjunto de tipos de tempo característicos de uma certa região e sua
evolução habitual através das estações do ano.
Titarelli e Sorre procuram mostrar em suas definições que o estudo do Clima deve se fundamentar
na observação dos Tipos de Tempo que se apresentam de forma encadeada e ritimada no lugar
considerado, em razão dos movimentos das massas de ar e suas frentes. Desta forma, não basta
considerar os valores médios de longos anos (normais) utlizados de forma isolada pela climatologia
clássica.
1º - Eles consideram os estados da atmosfera, quer dizer, os complexos verdadeiros realizados pela
natureza – “Os Tipos de Tempo”.
2º - Elas abrangem toda a série desses estados, quer dizer que elas não se esquecem dos tipos de
excepcionais, cuja importância é capital em biologia e que as médias mascaram inteiramente.
3º - Levam em conta a sucessão dos tipos, isto é, o seu ritmo e sua duração, fatores essenciais ao
mesmo tempo no quadro da atmosfera e na ação sobre os seres vivos.
a) CLIMATOLOGIA SEPARATIVA
Com os dados obtidos calculam-se as médias diárias, mensais e anuais e de períodos de 5, 10, 20,
30 , etc. Anos, conforme a riqueza dos dados. As médias obtidas permitem construir diagramas ou
cartas.
Junta-se, as vezes, outros valores ao das médias para tentar reconstituir, mais fielmente, as variações
de cada elemento, tais como:
- Valores limites ou extremos (máximas e mínimas absolutas, médias das máximas e das
mínimas);
- Variabilidade e freqüência durante um dado período, para se ter idéia da posição média em
relação a todos os valores verdadeiros.
Com a obtenção de tais dados, tenta-se reconstituir os diversos “Tipos de Tempo” sem no entanto se
preocupar com a “gênese” dos fenômenos.
O método separativo convém essencialmente ao meteorologista que não são obrigados a estudar os
complexos. Todavia ele dá uma razoável idéia do Clima pelo fato de permitir comparar as várias
estações. Os resultados essenciais obtidos contribuem para definir o clima. Tal estudo comparativo
teria uma maior validade se fosse completado com a analise da dinâmica atmosférica.
b) CLIMATOLOGIA SINTÉTICA
Cada tipo é analisado em seus elementos constitutivos (temperatura, pressão, nebulosidade, etc),
sem se extrair quaisquer elemento para efeito de cálculos, onde seria isolado dos demais.
A duração deverá ser considerada, assim como os fenômenos que determinaram essa duração e que
dão fim ao “tipo”.
Tal estudo permite, no decorrer de um longo período, restituir a condição verdadeira de que fala
SORRE. Evidencia a realidade do Tempo, e a complexidade viva do clima. Fornece uma concepção
genética que se somará aos dados preciosos, mas, incompletos do estudo separativo.
Tal método coloca-nos no caminho da síntese, objetivo da Geografia, pois as reações do meio vivo
não tem grande coisa a ver com as médias, mas dependem, das condições verdadeiras do Tempo,
sua duração e sua sucessão habitual.
Buscando caminhos para estudar a dinâmica da atmosfera, sobretudo porque ela revela-se em
irregularidades muitas vezes mais importantes que os “estados médios” , Carlos Augusto de
Figueiredo Monteiro propôs, no final da década de 1960 e inicio da década de 70, a análise rítmica
dos tipos de tempo para compreensão da atmosfera como um “movente”
Monteiro, propôs a abordagem da atmosfera a partir da análise do ritmo dos tipos de tempo, ou
sucessão dos estados atmosféricos, sobre um determinado lugar. Assim, destaca-se aquilo que
ocorre de habitual na atmosfera dos diferentes lugares, o que permite evidenciar tanto os fenômenos
e estados mais repetitivos quanto aqueles que ocorrem de modo mais raro ou mais extremo.
Para analisar o ritmo do clima de uma localidade, são analisados os elementos atmosféricos:
temperatura, pressão atmosférica, umidade relativa, precipitação, direção do vento, cobertura do
céu, sistemas atmosféricos predominantes, entre outros, em uma escala diária.
963
960
Pressão (hPa)
957
954
951
948
945
35
30
25
Temperatura (oC)
20
15
10
5
0
100
80
Umidade (%)
60
40
20
0
36
30
Precipitação (mm)
24
18
12
0
Direção
Ventos
dos
326
114
160
234
179
133
313
125
177
47
48
29
43
62
66
15
47
42
67
23
29
26
23
22
98
56
16
33
0
1
9
Atmosférico
Sistema
mPa/mTc
mPa/mTc
mPa/mTc
mPa/mTc
SF/mPa
SF/mTa
SF/mTa
SF/mTc
mPa
mPa
mPa
mPa
mPa
mPa
mPa
mPa
mPa
mPa
mPa
mPa
mTa
mTa
mTc
SF
SF
SF
SF
SF
SF
SF
SF
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Dias
Essa análise é muito útil para os estudos da climatologia pois através da comparação entre
diferentes períodos é possível identificar-se as anomalias climáticas, através da definição de qual
situação pode ser considerada habitual e de possíveis anomalias para a área estudada.
ESCALAS DO CLIMA
O globo, um
Algumas hemisfério,
Clima Zonal
Macroclima > 2.000 Km 3 a 12 Km semanas a oceano,
Clima Regional
vários decênios continente,
mares, etc
Região natural,
Clima Regional montanha,
2.000 Km 12 Km a Várias horas a
Mesoclima Clima Local região
A 10 Km 100 metros alguns dias
Topoclima metropolitana,
cidade, etc
10 Km a Bosque, uma
Abaixo de De minutos ao
Microclima alguns rua, edificação/
100 metros dia
metros casa, etc
Bibliografia