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Teoria e Método da Climatologia e Meteorologia Prof. Dr.

Juarez Mota Pinheiro¹

Universidade Federal do Maranhão


Departamento de Geociências
Curso de Geografia
Disciplina Climatologia

1. CONSTITUIÇÃO E CAMPO DE ESTUDO DA CLIMATOLOGIA E METEOROLOGIA

A climatologia é a ciência dos climas que estuda as propriedades e fenômenos físicos da


atmosfera em contato com a superfície terrestre.

Assim, ela é ao mesmo tempo constituída por um ramo da Meteorologia e um ramo da Geografia
Física.

O que difere a Meteorologia da Climatologia como ciência é que, enquanto a Meteorologia se


baseia na Física experimental aliada à geografia, dando ênfase ao fator físico, a Climatologia faz
prevalecer o fator geográfico sobre o fator físico, porém sempre levando em conta a intervenção dos
dois fatores.

No que diz respeito ao campo de estudo, a Climatologia estuda a temperatura, pressão, regime dos
ventos, umidade atmosférica, nebulosidade e precipitação que são chamados elementos do clima e
que tem por sede a atmosfera – são o todo que em conjunto constitui o clima.

Por outro lado, a uniformidade de ação desses elementos está sujeita a uma série de fatos
geográficos como: latitude, altitude, distribuição de terras e mares, correntes marinhas, vegetação,
natureza do solo e outros de menor significado capazes de modificar parcial ou totalmente a ação do
conjunto.

Desta forma, a Climatologia estuda a correlação encadeada desses elementos e fatores e seus
reflexos no meio físico e biológico que se desenvolve na superfície terrestre.

Assim, em função da combinação, cada tipo climático possui características próprias capazes de
determinar conseqüências peculiares que condicionam tanto a paisagem física e biológica como as
próprias atividades do homem.

O clima está de tal forma ligado ao mundo físico e biológico do planeta, que na atualidade a
repartição geográfica das espécies animais e vegetais não podem ser bem compreendidas sem o seu
estudo.

Intervém na elaboração das formas de relevo, na decomposição das rochas, na formação dos solos,
no regime dos rios e das águas subterrâneas, no aproveitamento dos recursos econômicos, na
natureza e ritmo das atividades agrícolas, nos tipos de cultivos praticados, nas atividades urbanas,
na construção de edifícios, no turismo, na saúde do homem e até mesmo na sua própria distribuição
sobre o globo.

Portanto, as condições climáticas determinadas pelas diferentes combinações impõem ao homem


adaptações e transformações radicais, razão porque se costuma afirmar que nada deve ser executado
sem o auxílio do estudo do clima, ou pelo menos daqueles elementos e fatores possam exercer
influências mais significativas.

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Já a Meteorologia, embora seja fonte de matéria prima à climatologia, estuda os fenômenos


complexos que ocorrem na atmosfera apenas observando-os e procurando descobrir suas leis
físicas, sem a preocupação direta com os efeitos produzidos no meio geográfico. Por esta razão ela
costuma ser definida simplesmente como: “A física da atmosfera”
O seu campo operacional é constituído, basicamente de três momentos essenciais: descrever,
explicar e prever.

A descrição tem como base a observação da propriedades e fenômenos físicos da atmosfera;


temperatura, pressão, ventos, umidade, nebulosidade, precipitação, etc.

A explicação fundamenta-se nas teorias que explicam o relacionamento dos elementos baseadas na
circulação geral da atmosfera.

A previsão, vem a ser o momento crucial do domínio da explicação. O momento da suposição de


como e onde os fenômenos irão se manifestar.

Isto faz da Meteorologia datar da mais remota antiguidade, pode-se dizer que continua, até hoje, em
estado médio de desenvolvimento, apesar dos progressos proporcionados pelas experiências
espaciais e pelos satélites meteorológicos em razão da complexidade que se reveste a dinâmica da
atmosfera.

ATMOSFERA ATIVIDADES SUPERFÍCIE


ANTRÓPICAS TERRESTRE

METEOROLOGIA GEOGRAFIA FÍSICA

Prevalece o fator físico CLIMATOLOGIA


sobre o geográfico.
Ciência dos climas que
estuda as propriedades e
fenômenos físicos da
atmosfera em contato
com a superfície FATORES
ELEMENTOS
terrestre.

Prevalece o geográfico
TEMPERATURA sobre o físico. LATITUDE

PRESSÃO
ALTITUDE

REGIME DOS VENTOS TERRAS / MARES

UMIDADE CORRENTE MARÍTIMAS

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NEBULOSIDADE VEGETAÇÃO

PRECIPITAÇÃO NATUREZA DOS SOLOS

2. TEMPO E CLIMA

Clima e Tempo representam combinações realizadas na atmosfera por certos valores respectivos da
temperatura, pressão, ventos, nebulosidade e precipitação (elementos do clima). Portanto ambos
representam “Estados da Atmosfera”

Todavia, enquanto o Tempo reflete uma combinação passageira, acidental, porém concreta, o Clima
resulta de combinações permanentes durante um período muito longo. É uma combinação de
tendências estáveis dos elementos mais gerais da atmosfera de um lugar. Deste modo, é o clima que
irá interessar aos que estudam o meio ambinete, porque somente os estados duráveis são
susceptíveis de criar ou condicionar o meio.

Contudo, não se pode atingir seguramente a noção de Clima se não partindo da noção de Tempo. Se
o Clima representa o fim do estudo geográfico é o Tempo o meio, para se atingir esse fim, este
deverá ser definido com bastante cuidado através da análise de suas múltiplas interações, até se
alcançar a explicação da “sucessão habitual”.

2.1 DEFINIÇÕES DE TEMPO

Em cada lugar da superfície terrestre e em cada momento a atmosfera se caracteriza pelas suas
propriedades físicas (temperatura e pressão) e pelos fenômenos físicos que nela se produzem
(nuvens, chuvas, ventos e outros), os chamados “meteoros”.

METEOROS – fenômeno que tem por sede a atmosfera.


METEOROLOGIA – é o estudo desses fenômenos.

O tempo pode variar de um lugar para outro, e num mesmo lugar, de momento a momento, o que
nos permite defini-lo como:
a) Conjunto de características físicas da atmosfera, num dado sentido e num dado instante.
b) Conjunto de fenômenos atmosféricos temporários característicos de certos lugares.
c) Conjunto de valores que num dado momento e em um lugar determinado caracteriza o
estado atmosférico.
Todas as definições enfatizam os três aspectos fundamentais que caracterizam o Tempo.
1º - Trata-se de um conjunto de valores. Quer dizer, os elementos se comportam não de maneira
isolada, mas por combinação, resultando que a sensação fisiológica resulta da natureza da
combinação.
2º - A combinação é efêmera, instantânea. Ela existe no momento dado, mas já é diferente no
minuto seguinte.

3º - A combinação é apanhada num lugar determinado, isto é, num ponto da superfície terrestre.

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Contudo o Tempo não varia de maneira totalmente desordenada. Assim, podemos reconhecer
combinações que se repetem por período relativamente longos (em relação ao estado momentâneo),
com valores próximos e produzindo efeitos praticamente semelhantes, constituindo os chamado
TIPOS DE TEMPO.

Existem muitos Tipos de Tempo. Cada um deles se define por um conjunto de características
peculiares da atmosfera, tais como: direção dos ventos, cobertura do céu, temperatura, umidade, etc.
Os Tipos de Tempo, na maioria das vezes têm duração horária e variam de acordo com a estação do
ano.

O estudo do Tempo como fator isolado e dos diversos Tipos de Tempo geralmente é feito pela
Meteorologia, que vai nos colocar na presença de realidades concretas, traves das relações dos
diversos fenômenos, que nos permite acompanhar sua marcha.

2.2 DEFINIÇÕES DE CLIMA

Como vimos, o Tempo é uma combinação efêmera (um instante ou alguns dias, conforme a
aproximação), porém concreta. É uma realidade na escala do homem.

O Clima, ao contrário, só é definido depois de um estudo sistemático de um longo período. Resulta,


como o Tempo de uma combinação de elementos. É uma combinação de elementos mais gerais, de
tendências estáveis e dominantes da atmosfera sobre um lugar. Desta forma é correto dizer:

 Exemplo: O Tempo no dia 10 de Novembro em São Luís foi frio e chuvoso (combinação
acidental), mas o Clima desta cidade neste mês é quente e seco (combinação dominante durante
muitos anos e resultante da repetição das influências permanentes que regem o Tempo).

Normal Climatológica (1981-2010) para São Luís – MA

Fonte: INMET

Igualmente o Clima da Cidade que se caracteriza por meses secos com temperaturas maiores e
meses chuvosos com temperaturas menores durante o ano. Pode ocorrer em meses chuvosos ter-se
também uma temperatura um pouco maior que o normal. (combinação acidental).

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Isto nos permite pensar no CLIMA como:

Uma característica de cada região, refletindo um resumo dos diversos estados de tempo nessa região
ou ainda de modo mais claro:

- Conjunto de Tipos de Tempo que ocorrem a longo prazo na baixa atmosfera e a maneira como
esses evoluem através do ano, tem duração secular.

Portanto, o CLIMA abrange um conjunto de variações do Tempo durante um longo período, sendo
mesmo considerado como um dado aparentemente fixo para cada lugar da superfície terrestre, e
suas pequenas variações, quando existem, só podem ser notadas após longo período de observações.

Desta maneira é correto o que comumente dizemos:

“Está bom o Tempo” – “Está mau o Tempo”, mas é erro grave dizer: - “O Clima hoje está
agradável”

EVOLUÇÃO DAS DEFINIÇÕES DO CLIMA

a) Clássicas

1. KOPPEN – “Clima é o conjunto de condições atmosféricas que torna um lugar da superfície


terrestre mais ou menos habitável para os homens, os animais e as plantas”

2. HANN – “Clima é o conjunto de fenômenos meteorológicos que caracterizam o estado médio da


atmosfera num ponto da superfície terrestre”

Esta definição foi aceita durante muitos anos. Ela é, com efeito, fiel numa certa medida, aos
objetivos da Geografia, pois ela recomenda o estudo do conjunto de fenômenos, e que esses
fenômenos devem ser considerados ao contato da superfície terrestre, más é impossível aceita-la no
quadro de uma Climatologia que quer apreender as realidades das quais depende o mundo vivo.

Como exemplo podemos supor dois lugares: “A” e “B”, cuja média anual da temperatura seja 20ºC.

– Em “A”, o verão é muito quente, sendo comuns às temperaturas de 35ºC, ao passo que o
inverno é frio, variando as temperaturas em torno de 5º C.
– Em “B” esses valores são de 25º C no verão e 15º C no inverno.

É evidente, no caso, que embora as médias anuais sejam iguais (20ºC), os dois lugares tem climas
diferentes. “A” apresenta grande contraste entre verão e inverno, ao passo que “B” possui clima
ameno com pequena variação.

De ano para ano nota-se também grandes variações no comportamento dos elementos. Em algumas
regiões do Nordeste brasileiro, por exemplo, caracteriza-se pela grande irregularidade quanto às
chuvas, havendo anos muitos chuvosos e outros em que a seca é quase absoluta. Outras regiões, no
entanto, possuem Climas regulares com pequenas diferenças no “estado médio do tempo” Portanto,
para bem se caracterizar o CLIMA é necessário, ao descreve-lo, levar em consideração todas essas
variações de “tempo”.

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Desta forma, a definição de HANN apresenta dois defeitos significativos:

1º - Enfatiza um estado médio o que é uma abstração inteiramente desprovida de realidade e conduz
a um abuso de médias aritméticas para caracterizar os elementos do Clima.

2º - Ela apresenta um Carter estático, artificial, pelo fato de não mencionar o desenrolar dos
fenômenos no Tempo. Ora, o ritmo é um dos aspectos essenciais do Clima.

b) Modernas

3. TITARELLI – Clima é o conjunto de tipos de tempo característicos de uma certa região e sua
evolução habitual através das estações do ano.

4. SORRE – Ambiente atmosférico constituído pela série de estados atmosféricos acima de um


lugar em sua sucessão habitual.

Titarelli e Sorre procuram mostrar em suas definições que o estudo do Clima deve se fundamentar
na observação dos Tipos de Tempo que se apresentam de forma encadeada e ritimada no lugar
considerado, em razão dos movimentos das massas de ar e suas frentes. Desta forma, não basta
considerar os valores médios de longos anos (normais) utlizados de forma isolada pela climatologia
clássica.

Três observações importante podem ser extraídas dessas definições:

1º - Eles consideram os estados da atmosfera, quer dizer, os complexos verdadeiros realizados pela
natureza – “Os Tipos de Tempo”.

2º - Elas abrangem toda a série desses estados, quer dizer que elas não se esquecem dos tipos de
excepcionais, cuja importância é capital em biologia e que as médias mascaram inteiramente.

3º - Levam em conta a sucessão dos tipos, isto é, o seu ritmo e sua duração, fatores essenciais ao
mesmo tempo no quadro da atmosfera e na ação sobre os seres vivos.

E ainda a preocupação da explicação. É exatamente o estudo da sucessão de Tipos de Tempo que


permite explicar, muito simplesmente o mecanismo do clima.

TÉCNICAS DE APREENSÃO DO CLIMA

a) CLIMATOLOGIA SEPARATIVA

Tal método analisa, isoladamente os elementos do Tempo (temperatura, pressão, ventos,


nebulosidade, precipitação, etc). Portanto, cada elemento do Tempo é considerado por si mesmo,
completamente isolado dos demais, através dos dados fornecidos pelos postos meteorológicos (No
Brasil 3 observações diárias).

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Com os dados obtidos calculam-se as médias diárias, mensais e anuais e de períodos de 5, 10, 20,
30 , etc. Anos, conforme a riqueza dos dados. As médias obtidas permitem construir diagramas ou
cartas.

Junta-se, as vezes, outros valores ao das médias para tentar reconstituir, mais fielmente, as variações
de cada elemento, tais como:

- Valores limites ou extremos (máximas e mínimas absolutas, médias das máximas e das
mínimas);
- Variabilidade e freqüência durante um dado período, para se ter idéia da posição média em
relação a todos os valores verdadeiros.

Com a obtenção de tais dados, tenta-se reconstituir os diversos “Tipos de Tempo” sem no entanto se
preocupar com a “gênese” dos fenômenos.

CRÍTICA AO MÉTODO SEPARATIVO

O método separativo convém essencialmente ao meteorologista que não são obrigados a estudar os
complexos. Todavia ele dá uma razoável idéia do Clima pelo fato de permitir comparar as várias
estações. Os resultados essenciais obtidos contribuem para definir o clima. Tal estudo comparativo
teria uma maior validade se fosse completado com a analise da dinâmica atmosférica.

As duas grandes lacunas do ponto de vista geográfico são:


1º - Perde contato com a realidade por não levar em conta a interconexão verdadeira dos
elementos, obrigando a estabelecer valores sintéticos que representam verdadeiras abstrações, vez
que esses valores não são obtidos diretamente. Destrói-se, principalmente, a síntese natural (o
Tempo) estabelecem-se médias e combinam-se artificialmente e empiricamente essas médias.

PEDELABORDE cita um exemplo bastante significativo para ilustrar tal crítica:


“Imaginai uma casa. Para conhece-la será suficiente visitá-la. Pode-se também demoli-la
previamente e isolar seus elementos: pedras, madeiras, encanamentos, etc. Depois, pelo estudo
separado desses elementos, pode-se calcular trabalhosamente as dimensões, o número e a
disposição das peças, o conforto, etc. – Um calculador engenhoso se aproximará talves da realidade.
Pode-se afirmar, todavia, que seus cálculos não lhe permitirá jamais imaginar o edifício tão
fielmente como depois de uma visita direta”.

2º - É a impossibilidade de se atingir, por meios indiretos, o conhecimento da causa, isto é, a


gênese.

b) CLIMATOLOGIA SINTÉTICA

Classificação que em lugar de separar os elementos do Tempo desde o ponto de partida, os


considera globalmente, tomando por base os Tipos de Tempo.

Cada tipo é analisado em seus elementos constitutivos (temperatura, pressão, nebulosidade, etc),
sem se extrair quaisquer elemento para efeito de cálculos, onde seria isolado dos demais.

A sua grande preocupação na realidade é:


- a maneira pela qual o complexo se manifesta;
- o quadro que realiza;
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- a ação fisiológica que ele exerce.

Portanto, torna-se necessário identificar as condições que determinam o complexo, ou seja:


- de onde provém a massa de ar;
- quanto tempo e onde ela estacionou;
- qual a sua trajetória;
- quais os seus mecanismos físicos;
- qual modificação geográfica foi submetida antes de atingir o ponto de observação.

A duração deverá ser considerada, assim como os fenômenos que determinaram essa duração e que
dão fim ao “tipo”.

Tal estudo permite, no decorrer de um longo período, restituir a condição verdadeira de que fala
SORRE. Evidencia a realidade do Tempo, e a complexidade viva do clima. Fornece uma concepção
genética que se somará aos dados preciosos, mas, incompletos do estudo separativo.

Tal método coloca-nos no caminho da síntese, objetivo da Geografia, pois as reações do meio vivo
não tem grande coisa a ver com as médias, mas dependem, das condições verdadeiras do Tempo,
sua duração e sua sucessão habitual.

ANÁLISE RÍTMICA EM CLIMATOLOGIA

Buscando caminhos para estudar a dinâmica da atmosfera, sobretudo porque ela revela-se em
irregularidades muitas vezes mais importantes que os “estados médios” , Carlos Augusto de
Figueiredo Monteiro propôs, no final da década de 1960 e inicio da década de 70, a análise rítmica
dos tipos de tempo para compreensão da atmosfera como um “movente”

Monteiro, propôs a abordagem da atmosfera a partir da análise do ritmo dos tipos de tempo, ou
sucessão dos estados atmosféricos, sobre um determinado lugar. Assim, destaca-se aquilo que
ocorre de habitual na atmosfera dos diferentes lugares, o que permite evidenciar tanto os fenômenos
e estados mais repetitivos quanto aqueles que ocorrem de modo mais raro ou mais extremo.

Para analisar o ritmo do clima de uma localidade, são analisados os elementos atmosféricos:
temperatura, pressão atmosférica, umidade relativa, precipitação, direção do vento, cobertura do
céu, sistemas atmosféricos predominantes, entre outros, em uma escala diária.

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Gráfico de análise rítmica

Maringá ( Julho / 2003 )

963
960

Pressão (hPa)
957
954
951
948
945

35
30
25
Temperatura (oC)

20
15
10
5
0

100
80
Umidade (%)

60
40
20
0

36

30
Precipitação (mm)

24

18

12

0
Direção
Ventos
dos

326

114
160
234
179
133

313

125

177
47

48
29
43

62
66
15

47
42
67
23
29
26
23

22

98
56
16

33
0
1

9
Atmosférico
Sistema

mPa/mTc

mPa/mTc

mPa/mTc

mPa/mTc
SF/mPa
SF/mTa

SF/mTa
SF/mTc
mPa
mPa
mPa
mPa

mPa
mPa
mPa
mPa

mPa
mPa

mPa

mPa
mTa

mTa
mTc
SF

SF

SF
SF

SF

SF

SF

SF

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

Dias

Essa análise é muito útil para os estudos da climatologia pois através da comparação entre
diferentes períodos é possível identificar-se as anomalias climáticas, através da definição de qual
situação pode ser considerada habitual e de possíveis anomalias para a área estudada.

ESCALAS DO CLIMA

É a delimitação de uma área tridimensional numa dimensão espaço-temporal.

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Ordem de Escala Escala


Subdivisões Temporalidade Exemplo
Grandeza Horizontal Vertical

O globo, um
Algumas hemisfério,
Clima Zonal
Macroclima > 2.000 Km 3 a 12 Km semanas a oceano,
Clima Regional
vários decênios continente,
mares, etc

Região natural,
Clima Regional montanha,
2.000 Km 12 Km a Várias horas a
Mesoclima Clima Local região
A 10 Km 100 metros alguns dias
Topoclima metropolitana,
cidade, etc

10 Km a Bosque, uma
Abaixo de De minutos ao
Microclima alguns rua, edificação/
100 metros dia
metros casa, etc

Bibliografia

AYOADE, J. D. Introdução à Climatologia para os Trópicos. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil,


1991. 332p.
MONTEIRO, C. A. F. Análise rítmica em climatologia: problemas da atualidade climática de
São Paulo e achegas para um programa de trabalho. Climatologia. São Paulo, v1, p.1-21.
1971.
PEDELABORDE, P. Introduction à l’etude scientifique du climat. Paris: Centre de
documentation Universitaire, 1959.
SORRE, M. Les fundaments de la geographie humaine. Paris Librarie Armand Colin, 1951.

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