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Ana Flávia Correa Costa

RESENHA CRÍTICA

COMO ESTRELA NA TERRA

Professor:

Belo Horizonte/MG

2021
CURSO DE PSICOLOGIA

DISCIPLINA: Psicologia Escolar

PROFESSOR:

ALUNA/Matrícula: Ana Flávia Correa Costa – 01319159

RESENHA CRÍTICA

FILME: Como estrela na Terra. Aamir Khan. Aamir Khan Productions, 2007.

O filme “Como estrelas na Terra”, foi lançado no ano de 2007, dirigido por Aamir
Khan e produzido pelo Estúdio Aamir Khan Productions, classificado como gênero drama. A
obra cinematográfica, trata de forma sutil a dislexia, levando o telespectador a refletir sobre a
inclusão educacional e a importância da escola e da família em enxergar de fato cada um de
seus alunos/filhos, entendendo as suas limitações e as questões que impactam diretamente em
seu desenvolvimento educacional e pessoal.

O longa-metragem Ishaan Awasthi, uma criança de 9 anos de idade, que sofre com
dislexia, por esse motivo repetiu o terceiro ano escolar. Ocorre que o menino não era
compreendido na escola, tão pouco em sua casa, o pai do garoto acreditava que a sua
dificuldade de aprendizagem era fruto de preguiça e indisciplina, por esse motivo o tratava de
forma rigorosa e rude. Na escola ele era taxado como um aluno desinteressado, porque não
conseguia ler e escrever de forma correta, o que acarretava a ele castigos a cada erro
cometido. Essas questões também faziam com que o menino fosse alvo de gozação de seus
colegas de classe. E um agravante era que o garoto estava prestes a ser reprovado mais uma
vez.

Para que isso não ocorresse, o pai de Ishaan decidiu transferi-lo para um colégio
interno que tinha como filosofia “disciplinar cavalos selvagens”. Essa mudança, fez com que
o garoto se sentisse ainda mais inseguro, passando por intenso sofrimento e humilhação, bem
como a sua autoestima caiu ainda mais. A vontade e o interesse em aprender foi indo embora
a cada dia mais, bem como a alegria de ser uma criança. Essa realidade só começou a mudar
quando um novo professor entrou na escola para dar aulas de artes. Aquele educador não era
como os demais, não seguia as regras rigorosas da instituição, e possuía metodologia própria
de ensino. A sensibilidade e o olhar atento do professor para com aquele aluno foi
fundamental. O professor percebeu que havia algo diferente com ele, segundo o garoto as
letras dançavam em sua mente. A partir das observações do professor, o garoto foi
diagnosticado com dislexia.

E tomando como base o diagnóstico, o professor de artes colocou em prática um plano


para resgatar a vontade do menino em aprender e passa a ensiná-lo a ler e escrever, usando a
arte como forma de expressão, incentivando e mostrando que o transtorno que ele tinha não
poderia limitá-lo e não o fazia diferente de nenhuma outra pessoa. Mais do que o diagnóstico
do transtorno o que de fato deu outra perspectiva de vida ao garoto, foi a abordagem do
professor e a sua metodologia de ensino, que o fez entender as diferenças e voltar a ter
vontade de aprender.

Numa abordagem científica sobre a aquisição da linguagem escrita, é de extrema


importância citar o autor soviético Lev Semenovich Vigotsky, dada a sua contribuição e os
progressos alcançados na área em decorrência de seus estudos e teorias, mais precisamente a
interacionista, esta que pode ser utilizada, quando da análise do filme objeto dessa resenha. O
autor fundamenta que o desenvolvimento está alicerçado sobre o plano das interações.
Enfatiza que o desenvolvimento cognitivo se dá por meio da interação social, em que, no
mínimo duas pessoas estão envolvidas ativamente trocando experiências e ideias, gerando
conhecimento.

No caso do filme, o garoto Ishaan, por conta de suas dificuldades de aprendizagem, e,


por ser incompreendido, não consegue manter uma interação saudável e constante com as
pessoas ao seu redor, seja na escola ou na sua própria casa. Fator que aliado a dislexia,
atrapalha em seu desenvolvimento, educacional e pessoal. Isso porque as pessoas o rotulam
como preguiçoso, que não aprende porque não tem vontade e não se esforça, na escola o
menino sofre com a gozação por parte dos colegas, o que piora ainda mais quando é colocado
em um colégio interno.

A situação só apresenta mudança quando um professor de artes enxerga o garoto e age


para mudar a sua realidade. Para Vigotski o aprendizado e o desenvolvimento estão inter-
relacionados desde o primeiro dia de vida da criança. Mas pontua que o processo de
desenvolvimento progride de forma mais lenta atrás do processo de aprendizagem.

Outro autor que merece ser lembrado é Paulo Freire, este que defende que a formação
crítica deve conduzir ao desenvolvimento de cidadãos que sejam capazes de analisar suas
realidades social, histórico e cultural, criando possibilidades para transformá-la, conduzindo
alunos e professores a uma maior autonomia e emancipação. Um educador transformador
crítico considera a voz ativa de seus alunos.

A linguagem pode servir como um instrumento para o professor refletir sobre as suas
práticas educativas, abrindo um parêntese para trazer a atuação do professor do filme, que
entendeu que precisava levar para a sala de aula uma metodologia de ensino diferente, para
atender todos os seus alunos, sem distinção, bem como auxiliar o garoto Ishaan que precisava
recuperar a sua vontade de aprender.

Ou seja, o professor deve utilizar de seus recursos como objeto de suas ações em sala
de aula. Professores e alunos são agentes transformadores e devem se ver como agentes de
transformação sociocultural e devem conferir importância da coragem e da vontade de mudar
suas realidades, a fim de proporcionar meios para uma ressignificação da escola.

REFERÊNCIAS

CAMPOS, Dinah Martins de Souza. Psicologia da Aprendizagem. 41ª Ed. São Paulo:
Editora Vozes, 2014.
CAMPOS, Maria Veranilda Mota; SILVA, Maria Vieira. Pedagogia crítica e o legado de
Paulo Freire para a democratização da educação. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ep/a/ZpDdgvdf3n4jczgFF665mZF/. Acesso em: 30 nov. 2021.

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