Juri - Rousseau

Você também pode gostar

Você está na página 1de 6

Rousseau radicaliza o argumento contratualista, 

ao defender que determinadas capacidades do homem só


podem ser desenvolvidas numa comunidade política organizada segundo princípios democráticos.
Rousseau começa por desenvolver uma reflexão crítica sobre o contratualismo anterior no seu Discurso sobre
a Origem da Desigualdade entre os Homens (1755).
Neste texto, os argumentos contratualistas de Hobbes e Locke, bem como os do jusnaturalismo, são
qualificados como ideológicos, na medida em que apenas conseguiriam mascarar a desigualdade e a injustiça,
revelando total incapacidade de contribuir para a formação de uma genuína vontade geral comum.
A ordem social derivada do contrato social só poderá ser justa se os interesses divergentes dos ricos e dos
pobres não desempenharem qualquer papel real na avaliação das condições de celebração do contrato.
Ora isto só parece possível se pressupusermos:
1) que as contratantes não sabem a que grupo pertencem quando celebram o contrato; ou
2) que existe, de fato, uma igualdade tal que já não faz sentido falar de ricos e pobres.
Rawls vai escolher a primeira opção, que completará com outros mecanismos.
Rousseau, no Contrato Social, vai optar pela segunda via.
Ao contrário do que sucede no Segundo Discurso, no CS, Rousseau abandona todas as considerações no
âmbito de uma filosofia da história e desenvolve um argumento contratualista que segue de perto os modelos de
Hobbes e Locke. 
Não são ricos e pobres, mas homens, vistos numa perspectiva social e historicamente indefinida, que sofrem
as conseqüências negativas de um estado de natureza e decidem reunir-se numa ação coletiva
para resolverem de forma racional os seus problemas.
Aos olhos de Rousseau, o contratualismo anterior não tinha apresentado uma justificação
convincente da constituição de um poder político legítimo.
A crítica a Hobbes vai ao sentido da defesa da autonomia individual e, pela radicalização da compreensão
da liberdade, afasta-se do contratualismo de Locke, que toleraria níveis de desinteresse pela participação ativa no
exercício do poder político, que Rousseau considera insustentáveis numa sociedade verdadeiramente democrática.
O estado de natureza é uma situação de anomia pensada e logo rejeitada.
O contrato social de Rousseau tem como conteúdo principal a alienação total à comunidade de cada um dos
seus associados.
Através dela, os indivíduos deixam o estado de natureza para se submeterem incondicionalmente a uma
instância de soberania absoluta. 
A comunidade que este contrato é um agregado de indivíduos, mas o resultado do contrato é uma sociedade
política com uma vontade geral una. 
O contrato social torna-se um momento privilegiado do processo de humanização e um lugar de conversão. 
Onde antes havia indivíduos mais ou menos astutos e egoístas, passa a haver cidadão e patriotas.
A vontade geral tem como objeto o bem comum e caracteriza-se por ser inalienável, irrepresentável,
indivisível e infalível.
Todos estes atributos são conseqüência da forma como Rousseau conduz o argumento contratualista. 
O que define o bem comum é um procedimento democrático universalista. 
O contrato de Rousseau justifica a identidade entre soberano e súbdito, que exclui liminarmente todas
as formas de representação e regras processuais do tipo da regra da maioria, ao nível legislativo.
Na vontade geral coincidem interesse e justiça. A República de Rousseau é um Estadode liberdade e
de justiça, que garante a cada um os seus direitos em virtude daprópria natureza do poder político e do seu exercício
democraticamente participado.

Rousseau e O Contrato Social (1762)

No início, Rousseau questiona porque o homem vive em sociedade e porque se priva de sua liberdade. Vê

num rei e seu povo, o senhor e seu escravo, pois o interesse de um só homem será sempre o interesse privado. Os

homens para se conservarem, se agregam e formam um conjunto de forças com único objetivo.

No contrato social, os bens são protegidos e a pessoa, unindo-se às outras, obedece a si mesma, conservando

a liberdade. O pacto social pode ser definido quando "cada um de nós coloca sua pessoa e sua potência sob a direção

suprema da vontade geral".

Rousseau diz que a liberdade está inerente na lei livremente aceita. "Seguir o impulso de alguém é

escravidão, mas obedecer uma lei auto-imposta é liberdade". Considera a liberdade um direito e um dever ao mesmo

tempo. A liberdade lhes pertence e renunciar a ela é renunciar à própria qualidade de homem.

O "Contrato social", ao considerar que todos os homens nascem livres e iguais, encara o Estado como objeto

de um contrato no qual os indivíduos não renunciam a seus direitos naturais, mas ao contrário, entram em acordo

para a proteção desses direitos, que o Estado é criado para preservar. O Estado é a unidade e, como tal, representa a

vontade geral, que não é o mesmo que a vontade de todos. A vontade de todos é um mero agregado de vontades, o

desejo mútuo da maioria.


Quando o povo estatui uma lei de alcance geral, forma-se uma relação. A matéria e a vontade que fazem

o estatuto são gerais, e a isso Rousseau chama lei. A República é todo estado regido por leis. Mesmo

a monarquia pode ser uma república. O povo submetido às leis deve ser o autor delas. Mas o povo não sabe criar leis,

é preciso um legislador. Rousseau admite que é uma tarefa difícil encontrar um bom legislador. Um legislador deve

fazer as leis de acordo com o povo.

Rousseau reforça o contrato social através de sanções rigorosas que acreditava serem necessárias para a

manutenção da estabilidade política do Estado por ele preconizado. Propõe a introdução de uma espécie

de religião civil, ou profissão de fé cívica, a ser obedecida pelos cidadãos que depois de aceitarem-na, deveriam

segui-la sob pena de morte. Mas Rousseau também ficava em dúvida sobre até que ponto a pena de morte seria

valida, pois como era possível o homem saber se um criminoso não podia se regenerar já que o estado sempre

demonstrava fraqueza em alguns momentos. "Não existe malvado que não possa servir de coisa alguma" pág:46

Os governantes, ou magistrados, não devem ser numerosos para não se enfraquecer sua função, pois quanto

mais atuam sobre si mesmos, menos dedicam-se ao todo. Na pessoa domagistrado há três vontades diferentes: a do

indivíduo, a vontade comum dos magistrados e a vontade do povo, que é a principal.

Rousseau conclui seu "Contrato social" com um capítulo sobre religião. Para começar, Rousseau é claramente

hostil à religião como tal, mas tem sérias restrições contra pelo menos três tipos de religião. Rousseau distingue a

"religião do homem" que pode ser hierarquizada ou individual, e a "religião do cidadão". A religião do homem

hierarquizada é organizada e multinacional. Não é incentivadora do patriotismo, mas compete com o estado pela

lealdade dos cidadãos. Este é o caso do Catolicismo, para Rousseau.

Do ponto de vista do estado, a religião nacional ou religião civil é a preferível. Ele diz que "ela reúne adoração

divina a um amor da Lei, e que, em fazendo a pátria o objeto da adoração do cidadão, ela ensina que o serviço do

estado é o serviço do Deus tutelar." O Estado não deveria estabelecer uma religião, mas deveria usar a lei para banir

qualquer religião que seja socialmente prejudicial. Para que fosse legal, uma religião teria que limitar-se a ensinar "A

existência de uma divindade onipotente, inteligente, benevolente que prevê e provê; uma vida após a morte; a

felicidade do justo; a punição dos pecadores; a sacralidade do contrato social e da lei". O fato de que o estado possa

banir a religião considerada anti-social deriva do princípio da supremacia da vontade geral (que existe antes da
fundação do Estado) à vontade da maioria (que se manifesta depois de constituído o Estado), ou seja, se todos

querem obem estar social, e se uma maioria deseja uma religião que vai contra essa primeira vontade, essa maioria

terá que ser reprimida pelo governo.

Conclusão

O Contrato Social é a utopia política, que propõe um estado ideal , resultante de consenso e que garanta os direitos

de todos os cidadãos. Neste livro Rousseau procura um Estado social legítimo, próximo da vontade geral e distante da

corrupção. A soberania do poder, deve estar nas mãos do povo, por meio do corpo político dos cidadãos, pois “O

homem nasce bom e a sociedade o corrompe”.

Rousseau foi o pactuador dos cidadãos, pois em sua obra fez menção de forma clara e objetiva do que é um Contrato

Social, que o mesmo diz ser um pacto social entre as pessoas, de forma precisa o então Jean mostra em seu livro que

os seres humanos estão na sociedade, são a sociedade por que estão ligados por um pacto, um contrato que aos

poucos vai crescendo no meio social de forma grande e correlata cheio de princípios e deveres a serem cumpridos e

então necessariamente conservados não apenas de forma particular, na individualidade mais de forma coletiva onde

todos os cidadãos tenham direitos e deveres iguais sem nenhuma distinção de cor, poder aquisitivo, não importa

se burguês ou proletários o essencial é a igualdade e liberdade entre um contrato de direitos.


Rousseau e seu erro no que tange a escravidão em Aristóteles
Passando pela obra de Rousseau não é difícil polemizar no eferente ao que seria "natural" e "anti-natural", visto que
isso nem sempre é muito claro. Mas esta nota crítica foi composta levando em consideração um trecho especifico do
Capítulo II do Livro I de "Do Contrato Social", certamente uma de suas principais obras senão a mais influente. Segue
o trecho:

"Aristóteles dissera que os homens não são naturalmente iguais, mas que uns nascem para a escravidão e outros
para a dominação.

Aristóteles tinha razão, mas ele tomava o efeito pela causa. Todo homem nascido na escravidão nasce para a
escravidão, nada mais certo. Os escravos perdem tudo em suas cadeias, até mesmo o desejo de sair delas: eles
amam a servidão como os companheiros de Ulisses amavam o embrutecimento. Portanto, se há escravos por
natureza, é porque houve escravos contra a natureza. A força fez os primeiros escravos, a covardia os perpetuou na
escravidão."

Neste pequeno detalhe temos uma grande distorção do pensamento aristotélico. Como vemos na citação, segundo
Rousseau o raciocínio de Aristóteles é que como uns nascem escravos e outros senhores, logo é perfeitamente natural
que eles estejam em tal condição e dái conclui-se que os homens são naturalmente desiguais. Apresentado dessa
forma, o pensamento de Aristóteles beira ao ridículo de falacioso e aparenta não passar de mera ingenuidade somada
a senso comum - chega a ser uma ofensa a inteligência do pensador clássico. Acontece que Rousseau expõe um
raciocínio completamente alheio a Aristóteles ignorando a divisão que este faz entre "servidão natural" e "servidão
convencional". Vejamos um pouco do que Aristóteles de Estagira diz de fato:

"todos os seres, desde o primeiro instante do nascimento, são, por assim dizer, marcados pela natureza, uns para
comandar, outros para obedecer. (....) Numa palavra, é naturalmente escravo aquele que tem tão pouca alma e
poucos meios que resolve depender de outrem. Tais são os que só têm instinto, vale dizer, que percebem muito bem
a razão nos outros, mas que não fazem por si mesmos
uso dela."(Aristóteles no trecho "A Servidão Natural" da obra "Política")

Este trecho é o suficiente para refutar a exposição do filósofo genebrino, já que nele Aristóteles expõe que
"naturalmente escravo" é aquele que nasce com determinadas qualidades e não sob determinadas condições - é uma
questão de essência e não de classe social. Refutando a exposição negamos que dela Aristóteles conclui que os
"homens são naturalmente desiguais"(conclusão que aliás não deriva exclusivamente do raciocínio exposto).

Mas, ignorando a falsidade das premissas de Rousseau e considerando a afirmação de que "há escravos pela
natureza"(que é colocada na condicional por isso esse parágrafo é questionável), encontramos alguns problemas em
sua lógica. Rousseau parece não compreender que a condição social de escravo não é imposta pela natureza e sim
pela sociedade logo quando o individuo nasce - considerar esta "natural" é inclusive legitimar as bases daquilo que ele
combateu. "Todo homem nascido na escravidão nasce para a escravidão" é uma convenção social(vale alertar: não no
sentido do trecho de Aristóteles e sim no de classe social) . E estranhamente isso entra em contradição com seu
pensamento no que diz respeito dos "atentados da sociedade a liberdade natural do homem", pois segundo ele "o
homem nasceu livre"(Capítulo I do Livro I).

É assim que um pequeno detalhe pode implicar um grande erro.

Wikipedia

Do contrato social pode ser considerada a obra prima do suíço Jean-

Jacques Rousseau: parte de um obra mais extensa, as Instituições

Políticas, que, por não ter sido completada, teve suas partes menos

importantes destruídas pelo autor. Trecho "mais considerável" e

"menos indigno de ser oferecido ao público" (segundo Rousseau, na

"Advertência" de "Do contrato social".

Nesta obra, Rousseau expõe a sua noção de Contrato Social, que difere

muito das de Hobbes e Locke: para Rousseau, o homem é

naturalmente bom, sendo a sociabilização a culpada pela

"degeneração" do mesmo. O Contrato Social para Rousseau é um


acordo entre indivíduos para se criar uma Sociedade, e só então um Estado, isto é, o Contrato é um Pacto de

associação, não de submissão.

[editar]A obra

No primeiro livro da obra, e Jean-Jacques Rousseau passa em exame as principais questões da vida política. Sua

principal preocupação já se expõe na primeira frase do primeiro capítulo deste livro: O homem nasce livre, e por toda

a parte encontra-se acorrentado. Nesse sentido, Rousseau começa Do contrato social questionando o motivo de os

homens viverem sob os grilhões da vida em sociedade, do porquê de os homens abandonarem o estado de natureza,

uma vez que todos nascem homens e livres.

A ordem social seria, para Rousseau, um direito sagrado fundado em convenções, portanto, não-natural. O objeto de

estudo deste livro é, em geral, quais seriam estas convenções. A primeira forma de sociedade, portanto o que mais se

aproxima de uma sociedade "natural", seria a família. Por ser o que mais se aproxima de uma forma natural de

sociedade, a família serve como primeiro modelo de sociedade política: o pai representado pelo chefe, os filhos pelo

povo. Mas o direito do pai sobre o filho cessa assim que este atinge a idade da razão e torna-se senhor de si. A

distinção entre sociedade familiar/sociedade política se dá, principalmente, no fato de o pai se ligar ao filho por amor,

e o chefe por prazer em mandar.

À questão do direito do mais forte, Rousseau responde que: ceder à força constitui ato de necessidade, não de

vontade; quando muito, ato de prudência. Em que sentido poderá representar um dever?, ou seja, a força difere do

direito porque pode se impor, mas não obrigar. Assim, para Rousseau, Força é diferente de Direito - o último é um

conceito moral, fundado na razão, enquanto a força é um fato. Por isso não há direito (nem Contrato) na submissão

de um homem pela força. Nenhum homem aliena sua liberdade gratuitamente a um outro - tampouco um povo a um

indivíduo. A Escravidão não tem sentido para Rousseau, porque para o autor, o homem depende da liberdade: a

liberdade é condição necessária da condição humana. Por isso, ele afirma que renunciar à liberdade é renunciar à

qualidade de homem, aos direitos da humanidade, e até aos próprios deveres. Não há recompensa possível para

quem a tudo renuncia. Ao falar de como é sempre preciso remontar a uma convenção anterior (Cap. V), Rousseau

conclui que a submissão de um povo a um rei só pode vir depois da constituição do próprio povo, ou seja, antes de
um contrato de submissão, é necessário um contrato de associação, visto que, em estado de natureza, os homens

não estão associados. A constituição do Povo, ou a associação das vontades individuais depende do Pacto Social.

O Contrato Social

A obra Do Contrato Social, publicada em 1762, propõe que todos os homens façam um novo contrato social onde se

defenda a liberdade do homem baseado na experiência política das antigas civilizações onde predomina o consenso e

dessa forma se garantam os direitos de todos os cidadãos, e se desdobra em quatro livros.

No primeiro livro “Onde se indaga como passa o homem do estado natural ao civil e quais são as condições essenciais

desse pacto”, composto de nove capítulos. Primeiramente se aborda a liberdade natural, nata, do ser humano, como

ele a havia perdido, e como ele haveria de a recuperar. Dessa forma, já no quarto capítulo, Rousseau condena a

escravidão, como algo paradoxal ao direito. A conclusão é que, se recuperando a liberdade, o povo é quem escolhe

seus representantes e a melhor forma de governo se faz por meio de uma convenção.

Essa convenção é formada pelos homens como uma forma de defesa contra aqueles que fazem o mau. É a ocorrência

do pacto social. Feito o pacto, pode-se discutir o papel do “soberano”, e como este deveria agir para que a soberania
verdadeira, que pertence ao povo, não seja prejudicada. Além de uma forma de defesa, na verdade o principal motivo

que leva à passagem do estado natural para o civil é a necessidade de uma liberdade moral, que garante o

sentimento de autonomia do homem.

No segundo livro “Onde se trata da legislação”, o autor aborda os aspectos jurídicos do Estado Civil, em doze

capítulos. As principais ideias são desenvolvidas a partir de um princípio central, a soberania do povo, que é

indivisível. O povo, então, tem interesses, que são nomeados como “vontade geral”, que é o que mais beneficia a

sociedade. Evidentemente, o “soberano” tem que agir de acordo com essa vontade, o que representa o limite do

poder de tal governante: ele não pode ultrapassar a soberania do povo ou a vontade geral. Mais a frente no livro, a

corrupção dos governantes quanto à vontade geral é criticada, garantindo-se o direito de tirar do poder tal

governante corrupto. Assim, se esse é o limite, o povo é submisso à lei, porque em última análise, foi ele quem a

criou; sendo a lei a condição essencial para a associação civil.

A terceira análise rousseauniana, corresponde ao livro terceiro, se refere às possíveis formas de governo, que são a

democracia, a aristocracia e a monarquia, e suas características e princípios. A principal conclusão desse livro é a

partir do oitavo capítulo, em que tipo de Estado, que forma de governo funciona melhor – para Rousseau, a

democracia é boa em cidades pequenas, a aristocracia em Estados médios e a monarquia em Estados grandes. Em

contrapartida a essas adequações, no capítulo décimo, o autor mostra como o abuso dos governos pode degenerar o

Estado. Ainda, é destacado no capítulo nono que o principal objetivo de uma sociedade política é a conservação da

propriedade de seus membros.

Observando as ideias contidas no livro O Contrato Social, não é difícil entender porque certas pessoas chamam a obra

de “a Bíblia da Revolução Francesa”. Foi grande a influência política de suas ideias na França. A inspiração causadora

das revoluções se baseiam principalmente no conceito da soberania do povo, mudando o direito da vontade singular

do príncipe para a vontade geral do povo.

Segundo Rousseau a teoria do bom selvagem é de que o homem naturalmente é bom, nasceu bom e livre, mas sua

maldade advém com a sociedade que em sua pretença organização não só permite mas impõem a servidão e a

escravidão a tirania e inúmeras outras leis que privilegiam as elites dominantes em detrimento dos mais fracos
instaurando assim a desigualdade entre os homens, enquanto seres que vivem em sociedade. Desta forma rousseau

faz uma crítica contundente contra a sociedade moderna e um grito de alerta sobre a exploração do homem pelo

proprio homem, desta forma privilegiando o ter em desfavor do ser.

Na verdade, a revolta dos estudiosos de Rousseau contra este chavão é mais contra uma simplificação grosseira de

sua argumentação riquíssima do que pelo fato de estar erradado. 

Lembremos que o primeiro livro que Rousseau escreveu, foi respondendo o mote de um concurso - que ganhou-, cujo

tema tratava justamente disso: Se o progresso das ciências e das artes contribuíram para a decadência moral do

homem. Neste Discurso e no seguinte (A origem da desigualdade), Rousseau empreende aquele que seria o ponto

chave de sua obra: A defesa do sentimento, do instinto humano ao invés da razão. Rousseau mesmo não se dizia um

filósofo, tinha aversão pela racionalidade extrema, brigou com os iluministas e só escreveu muito tarde. Em um dos

discursos, Rousseau defende que o progresso tecnológico e científico que estava fervilhando no século XVII, e dos

quais Voltaire de outros tinham parte ativa, só levara o homem à corrupção moral, esquecendo os valores simples da

natureza. O estado de natureza é descrito no segundo discurso, e segundo Rousseau o homem natural vivia feliz, em

simplicidade, solitário, capaz de sovreviver por si e de viver em paz com os seus semelhantes (resposta ao estado de

natureza hobbesiano) . Porém, este homem natural não é a mesma coisa que um selvagem. Rousseau conhecia os

povos índigenas, ditos selvagens, através de relatos de navegadores. Seu homem natural não existia como os índios,
por exemplo, mas sim num passado teórico, hipotético. Rousseau formula esse passado através de dados empíricos,

mas antecipando Darwin ele faz uma espécie de "evolução" histórica do homem. O índio estaria neste quadro antes

do homem ocidental, mas depois do homem natural. APesar de Rousseau não ver mais como o homem possa voltar

ao estado de natureza, ele acredita que a natireza humana é piedosa, assim, o homem moderno ainda pode achar a

bondade em seu coração. 

Teoria política. No Du contrat social Rousseau desenvolveu os princípios políticos que estão sumarizados na
conclusão do Émile.

    Começando com a desigualdade como um fato irreversível, Rousseau tenta responder a questão do que compele
um homem a obedecer a outro homem ou por que direito um homem exerce autoridade sobre outro. Ele concluiu que
somente um contrato tácito e livremente aceito por todos permite cada um "ligar-se a todos enquanto retendo sua
vontade livre". A liberdade está inerente na lei livremente aceita. "Seguir o impulso de alguém é escravidão, mas
obedecer uma lei auto-imposta é liberdade".

    Há uma diferença entre o pensamento de Rousseau e o de Locke, que também afirmou a liberdade do homem
como base de sua teoria política. Locke admite a perda da liberdade quando afirma que "o homem, por ser livre por
natureza,...não pode ser privado dessa condição e submetido ao poder de outro sem o próprio consentimento"...
enquanto para Rousseau o homem não pode renunciar à sua liberdade. Esta é uma exigência ética fundamental.

    Rousseau considera a liberdade um direito e um dever ao mesmo tempo. "...todos nascem homens e livres"; a
liberdade lhes pertence e renunciar a ela é renunciar à própria qualidade de homem.

    O princípio da liberdade é direito inalienável e exigência essencial da própria natureza espiritual do homem".

    O contrato social para Rousseau é "Uma livre associação de seres humanos inteligentes, que deli beradamente
resolvem formar um certo tipo de sociedade, à qual passam a prestar obediência mediante o respeito à vontade
geral. O "Contrato social", ao considerar que todos os homens nascem livres e iguais, encara o Estado como objeto de
um contrato no qual os indivíduos não renunciam a seus direitos naturais, mas ao contrário entram em acordo para a
proteção desses direitos, que o Estado é criado para preservar.

    O Estado é a unidade e como tal expressa a "vontade geral", porém esta vontade é posta em contraste e se
distingue da "vontade de todos", a qual é meramente o agregado de vontades, o desejo acidentalmente mútuo da
maioria.

    John Locke e outros tinham assumido que o que a maioria quer deve ser correto. Rousseau questionou essa
postura, argumentando que os indivíduos que fizeram a maioria podem, na verdade, desejar alguma coisa que está
contrária aos objetivos e necessidades do estado, para com o bem comum. A vontade geral é para assegurar a
liberdade, a igualdade, e justiça dentro do estado, não importa a vontade da maioria, e no contrato social (para
Rousseau uma construção teórica mais que um evento histórico como os pensadores do Iluminismo tinham
freqüentemente assumido) a soberania individual é cedida para o estado em ordem que esses objetivos possam ser
atingidos.

    Por isso a vontade geral dota o Estado de força para que ele atue em favor das teses fundamentais mesmo quando
isto significa ir contra a vontade da maioria em alguma questão particular.

    Rousseau reforça o contrato social através de sanções rigorosas que acreditava serem necessárias para a
manutenção da estabilidade política do Estado por ele preconizado. Propõe a introdução de uma espécie de religião
civil, ou profissão de fé cívica, a ser obedecida pelos cidadãos que depois de aceitarem-na, deveriam segui-la sob
pena de morte.

    Foi grande a influência política que tiveram as idéias de Rousseau na França. Os princípios de liberdade e igualdade
política, formulados por ele, constituíram as coordenadas teóricas dos setores mais radicais da Revolução Francesa e
inspiraram sua segunda fase, quando foram destruídos os restos da monarquia e foi instalado o regime republicano,
colocando-se de lado os ideias do liberalismo de Voltaire e Montesquieu (1689-1755). O mais notável nessa república
projetada era o disposto para banir estranhos à religião do estado e punir os dissidentes com a morte.

Você também pode gostar