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CONTEÚDO

Ano 22 • Edição 253 •


Outubro de 2017

Fotos de capa:
Correio
Dúvidas e comentários dos leitores 6 Claire Jean,
Diego Meneghetti
e Willians Moraes

Grande Angular
Notícias e novidades 8
Tecnologia & Produto
Segurança de imagens sofre ameaça 12
SIMBIOSE FOTOGRÁFICA
Foto do Mês
Um clique especial do fotojornalismo 14 Claire Jean mistura o ser
humano com a natureza
Revele-se
Fotos dos leitores em destaque 16 e cria imagens incríveis

22
50
Portfólio do Leitor
As belas paisagens de Ruy Carvalho

Claire Jean
Willians Moraes

Teste exclusivo
Rebel EOS T6

30 Uma Canon feita no Brasil


e com preço atraente

Book de noivos na cidade


Veja como é o ensaio de street wedding
Com o foco no universo
Carlos Fairbairn, o caçador de estrelas 38
58
Vivência com Fotografe
66
44
Tudo sobre o evento com os assinantes

Lição de Casa
Dicas para fotos com o ponto de vista de cima 74
Raio X
As fotos dos leitores comentadas 80
David Tesinsky

FilmMaker
Avaliamos o pequeno drone DJI Spark 86
OLHAR UNDERGROUND
O talento do checo David Tesinsky
Fique por Dentro
Exposições, concursos e cursos 94
Outubro 2017 • 3
CARTA AO LEITOR

F
Diretores:
Aydano Roriz
ora e e e e e tat a e re ente l e ta a eu abr n o a r e ra
Luiz Siqueira e o o Vivência com Fotografe ao la o e Fernan o tron oor e-
Tânia Roriz
na or o ur o u er ore e Fotogra a o ena Fo o r e ro
Editor e Diretor Responsável: Aydano Roriz gran e e ento a re ta olta o e lu a ente ara a nante e on-
Diretor Executivo: Luiz Siqueira
Diretor Editorial e Jornalista Responsável:
a o o atro na or e o a o a ore o a no e no e e
Roberto Araújo – MTb.10.766 – araujo@europanet.com.br e o a fotogra a bra le ra e lara ante e olhare atento no au t r o
o entro e on en e o ena a u e anto aro e o aulo
REDAÇÃO re en a re on ab l a e ara n e ara ele
Diretor de Redação: Sérgio Branco (branco@europanet.com.br)
O to o Vivência com Fotografe fo e nfor al a e u a o u a
Editor-contribuinte: Mário Fittipaldi ro a e o o le tor o o e e t e o re eben o a go e a a
Repórteres: Livia Capeli e Juliana Melguiso (estagiária)
Editora de arte: Izabel Donaire or o e e o r n o a o ta o na e a o ue abe fa ao o e to-
Revisão de texto: Denise Camargo o o on a o art ara e erfor an e fotogr a ante o bl -
Colaborador especial: Diego Meneghetti
Colaboraram nesta edição: Guilherme Mota, Laurent Guerinaud, o ergunta o a a a to o n tante e era re on a urante a a re-
Mário Bock (fotos) e Tales Azzi enta e O no o a or l ta or no entanto fo o te o a a u ro-
PUBLICIDADE nogra a a u r r uta o a n a ontra roble nha t n o e ueno
Diretor Comercial: Mauricio Dias (11) 3038-5093
E-mail: publicidade@europanet.com.br
atra o ne t e a u e al e a e ar o to o ue e ro urara no nal
o e ento e n o fora ou o go tara u to o ue ra e en ara
São Paulo
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a re o ta e ata al no alor o e ento no n ent a a o e ar
Elisangela Xavier, Ligia Caetano, Renato Perón e Roberta Barricelli e e a lane ar o Vivência com Fotografe 2018 ara ue o r e ro
Criação: Adriano Severo – (11) 3038-5067
o orre e fo fun a ental o atro n o a on o a o o a Merl n eo e
Outras Regiões a Ma o e a ar er a ue e e longa ata o o ena o ro ou
Bahia e Sergipe: Aura Bahia – (71) 3345-5600/9965-8133
Brasília: New Business – (61) 3326-0205
or e e lo ue aluno o a harela o e Fotogra a u e e art ar
Paraná: GRP Mídia – (41) 3023-8238 ta b O to u la fora a tente o fot grafo no al o e a u ontuo
Rio Grande do Sul: Semente Associados – (51) 8146-1010
Santa Catarina: MC Representações – (48) 9983-2515 ue a atua o o aluno Fel e o o on a na a re enta o e u ano an -
Outros estados: Mauricio Dias – (11) 3038-5093 an fo ag el outra e ena e aluno e ta a no bl o o o on-
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a o e a to o o etalhe o e ento a art r a g e ta e o
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Silva, Bruna Fernandes e Bia Moreira nu r ao o o roble nha e on egu r u
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uan

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4 • Fotografe Melhor no 253


CORREIO
dúvidas e comentários dos leitores

TESTE SONY A9 ol ue e e ani ou e o foi o


o tei uito o te te a on l ha reço o ei u u to Fi u a on-
tinha li o o re ela na internet ta r i a o a e e outra e-
a fi uei e eran o a o inião a re- ra to e linha e al ulei ue vão ven-
vi ta Deu ara er e er ue a e- er a l ha a no ra il or er a e
ra real ente uito avança a e a hei 2 il or au a o i o to o
ti a a i eia e e re t la ara u reço e u arro ero
foto ornali ta u ar na o ertura e fute- Alberto Mendes, via e-mail

SER UM PROFISSIONAL a ho ue ue não te eter i- rofi ionali o e hu il a e rele-


Muito ertinente a re ortage nação não hega a lugar algu vante tão arente atual ente tra-
a e ição 252 o re o egre o en o ue i o não e falta ue- tan o e e one ra ileiro a fo-
ara er u rofi ional reten- ro ven er na fotografia tografia en inan o no o a u-
o fa er u e e ur o rofi - Tiago Silva, via e-mail a liç e e e eri n ia r ti a o-
ionali ante e Fotografia e e - o er u o fot grafo ren i
e e tou e tu an o o er a o VIVÊNCIA uito e fi o ai u a ve grato or
a inha região ara enten er o- uero ara eni lo or tere ter ti o a o ortuni a e e arti i ar
o o o e in erir nele a e ro or iona o o elhor evento o evento ara n e at a r i a
o re fotografia e ue ar ar- José Carlos Taveira, via e-mail
ti i ei at então ai ona o
ela fotografia e leitor e - FOCO NAS EMOÇÕES
a on eitua a revi ta e - o taria e ara eni ar o autor
lo uei e o io e anei- o artigo o o fo o na e oç e
ro ara arti i ar o Vivên- o arlo Fernan e elo te to
cia com Fotografe e on- e e ional o re a o ra e le an-
fe o ue o evento u e e- re Ma o u li a o na e ição 25
rou a inha e e ta- ro eto o fot grafo ita o foi a re-
tiva uanto a uali a a- enta o o e el n ia or eio
e or iali a e e eleva- a ela alavra u li a a ela
o n vel a ale tra revi ta tra alho e Ma o in ira-
o fora feli e na o ela n ro e o ni o retrata
e olha o ale tran- o in eri a e e e oção eu en-
te ue e on trara ti ento iante a ituação au a-

6 • Fotografe Melhor no 253


a ela oença egi trar ua or e te o e ifi ul a e referen-
fotografia re hea a e ignifi a o te ao a o e on i o e varia-
foi u a atitu e ou a a e a ir vel a rea rofi ionai e na a i-
n tiga o leitore a a er ai o re ferente uanto ao fot grafo ra-
o a unto e at e o e e enha ileiro ão a ir vei o o en-
u a el e in iração e in entivo t rio o fot grafo i har hele
ara outro fot grafo ue no a re enta in truç e e-
Virgínia Moraes e Sousa, iante a ua r ria agagen
Catalão (GO) e onhe i ento na rea fotogr -
fi a e u artigo e relev n-
FOTOPUBLICIDADE ia o in i aç e ara a uele
o tei uito a re ortage o- ue en a e ingre ar no un-
re foto u li i a e na e ição 25 o a u li i a e oio a ontinui-
feita or ivia a eli at ria ue a e na a or age o te a na re-
enota a e eri n ia o fot grafo vi ta oi uito ini iante o e
i har hele o tra e u te- e entir er i o uanto a e a te-
a e tre a ente ativante a- ti a e to o o e e o e
ra o rofi ionai a rea a fo- ervir o o u e urrão inho
tografia no ia e ho e fetiva- ara a uele ue re i a
ente vive o no re ente u Ana Luiza Delfino, via e-mail

Desafio Fotografe

E ntre o ia 2 e ago to a
e ete ro e 2 foi re-
ali a o o Desafio Fotografe o o
tre o ara e a gaiola e fi algu-
a foto ra i a ente
viei a ue o tra o a a o o
ue en-

te a Meu olhar o re o ool gi- a o a e a erta onta Fir i-


o foto e olhi a o il erto no ue re rter fotogr fi o e -
Fir ino e oão e oa ue e 2 2 na a ital arai ana
teve 2 urti a e o artilha- le u ou u a i on D o
ento totali an o 2 interaç e u a lente e 2 e o ição
Fir ino onta ue a foto foi re- foi e f e Fir i-
gi tra a ela anhã e u ar- no te ano e na eu e ato
ue natural onhe i o o o ar- Mora e oão e oa h 35
ue rru a ara fot gra- ano e tra alha h 25 o o fot -
fo e tava e u a auta ela re- grafo rofi ional atuou no or-
feitura uni i al e oão e oa nal O Momento ho e e tinto e ta -
uan o viu o a a o le e tava no ornal A União o overno
a rin o e fe han o a o a olhan- o ta o fe v ria e o iç e
o ara o u olo uei a lente en- na a ital arai ana
il erto Fir ino

Macaco flagrado por


Gilberto Firmino,
de João Pessoa (PB)

utu ro 2 •7
GRANDE ANGULAR
notícias e novidades

e ro ução
Reprodução do site do profissional americano Daniel C. Britt, que teve parte de suas imagens roubadas pelo falso fotógrafo

O falso fotógrafo brasileiro que se tornou


uma grande farsa mundial
A
BBC Brasil publicou, em Segundo matéria da BBC descobriu que pelo menos nove
julho de 2017, um texto to- Brasil, muitos profissionais brasi- fotos das quais Martins dizia ser
cante em que um fotógra- leiros acreditavam no que era di- o autor eram do fotógrafo ameri-
fo brasileiro da ONU, que se apre- to por Martins, como o fotógrafo cano Daniel C. Britt. O falso fotó-
sentava como Eduardo Martins, Marco Vitale (que o recomendou grafo de guerra apenas as invertia
mostrava os horrores da violên- para alguns veículos de comuni- e colocava legendas falsas de lo-
cia por meio de diversas imagens cação nacionais) e o fotógrafo e cais onde teriam sido feitas. Britt
em zonas de guerra. Entre en- sócio da DOC Galeria Fernando afirmou durante entrevista para o
trevistas para sites de notícias e Costa Netto (que o procurou pa- site Sputnik que em nenhum mo-
imagens vendidas para bancos de ra fazer parte de uma exposição mento desconfiou de que suas
imagens, como a Getty Images, com fotos de brasileiros em áreas imagens estivessem sendo rou-
a história emocionante começou de conflito). Até jornalistas inter- badas e revendidas para bancos
a ruir e a revelar um emaranha- nacionais foram enganados, co- de imagem, muito menos de que
do de mentiras. Eduardo Martins mo Diana Alhindawi, do The New alguém estivesse conquistando
não existia. Era uma farsa. York Times, que o indicou para ou- fama por meio de seu trabalho.
A história de Martins era impe- tros jornais. No Instagram, o homem boa
cável e cheia de superação: após A suspeita de que Eduardo pinta, alto e loiro, de 30 e poucos
abusos na infância e uma leuce- Martins era farsa surgiu após vá- anos, que Martins dizia ser ele pa-
mia, ele se mostrava empenha- rios jornalistas se questionarem ra 127 mil crédulos seguidores é,
do em trabalhar em locais como sobre sua existência. Enquan- na verdade, um surfista inglês cha-
Iraque e Síria para registrar o so- to oferecia de graça seu trabalho mado Max Hepworth-Povey. Ele
frimento humano. Ao ganhar des- à BBC e a diversos outros veícu- contou que há três anos um ho-
taque pelas imagens que dizia ser los, muitos jornalistas em zonas mem identificado apenas como
suas, o fotógrafo começou a bus- de guerra se deram conta de que Bruno entrou em contato via Skype
car por veículos de comunicação ele não era conhecido nem pelas propondo um trabalho de surfe, po-
que publicassem o material. As- autoridades locais e muito menos rém, a transmissão não funcionou
sim, conseguiu ludibriar muita pela ONU, na qual dizia trabalhar. e não pôde ver o rosto do brasileiro.
gente e ganhar cada vez mais des- Após investigação, a BBC Uma semana depois, um perfil fal-
taque na imprensa internacional. Brasil expôs a verdade quando so de Max havia sido criado no Fa-

8 • Fotografe Melhor no 253


Fotos publicadas como sendo Fotos de autoria de
de autoria de Eduardo Martins Daniel C. Britt VIAGEM AO MÉXICO
PARA FOTOGRAFAR
U a viage or algu a i a e o M i-
o o ue ro e o or ho i er a e
Fotogr fi a ro ovi o ela ola ortf lio
e uriti a ur o e t rogra a o a-
ra o er o o e 2 e outu ro a 2 e nove ro
e2 o vi ita i a e o M i o e ta -
a ue la e a e he Durante a viage
o gru o re e er te a i rio ara ere e-
envolvi o al e tra alhar e eg ento
fotogr fi o ue envolve retrato e rua ai-
agen ur ana ga trono ia entre outro
or ho ter orientação o fot gra-
fo e rofe or e fotografia ilo ia etto e-
to e u ta or e oa in luin-
o ur o hotel tra la o e a age a rea
in riç e e tarão a erta at o en erra-
ento a i oni ili a e a vaga ue ão
e vaga ara ai infor aç e entre e
ontato o a our e Mar uli elo telefone
2 25 ou a e e o ite
www.tourdemarjuli.com.br.

Marcos Hermes entra em


crowdfunding para editar livro
Com uma carreira de quase 30 anos
como fotógrafo, Marcos Hermes pla-
neja lançar o livro Brasilerô, uma homena-
gem ao cenário musical brasileiro. Com foco
na produção a partir dos anos 1990, ele quer
mostrar a importância dessa época e como
ela influenciou os diversos estilos musicais.
O livro tem imagens que marcam os
principais momentos da carreira de Mar-
cos Hermes como profissional especializa-
do em música, músicos e shows. Para mais
informações e como reservar um exemplar,
e ro ução

acesse: http://bit.ly/2xWm2ZX.
er e

Acima, as fotos vendidas como suas por Martins e as imagens de Britt: o


impostor apenas invertia as imagens; até a Getty Images caiu na trapaça
Mar o

cebook, o que coincide com o possí- tória, além do roubo de imagens, é


vel surgimento de Eduardo Martins que Daniel C. Britt não protegia co-
nas redes sociais, em 2014. mo deveria suas fotos; a Getty Ima-
Até o fechamento desta edi- ges, a maior agência de imagens
ção, ninguém sabia quem real- do mundo e tão cheia de exigên-
mente era o falso fotógrafo. Ele de- cias, falhou feio ao colocar um im-
letou sua página no Instagram e postor entre seus colaboradores; e
também o contato via WhatsApp, o a BBC, que tem um alto padrão de
que vinha dificultando as ações da qualidade editorial, não fez a che-
BBC Brasil e de outros jornalistas cagem que deveria antes de publi-
em descobrir a sua real identidade. car a história do falso fotógrafo da
Os outros pontos negativos da his- ONU. Que sirva de lição.

utu ro 2 •9
GRANDE ANGULAR

i en o a tore
Novo IMS da Paulista abre com
exposição dedicada a São Paulo
P ara ele rar a inauguração o novo n titu-
to Moreira alle M na veni a auli ta a
o tra ão aulo tr en aio vi uai a re en-
ta u a ho enage a ital auli ta e o ição
re gata a e n ia o er onagen a i a e o
fotografia feita a artir e 2 o o a e Mili-
tão ugu to e eve o hegan o at o ulo 2 Imagem de Vicenzo Pastore que faz parte da exposição
o a i agen e Mauro e tiffe entre outro
intuito a o ra o trar a gran e l u uer ue enri allot an unther Flieg u
tran for aç e a i a e ao longo e ai e i e e lau ia u ar o tra gratuita e fi ar
ano or eio a lente e fot grafo o o i en o e arta at ulho e 2 e terça a o ingo a
a tore il egar o enthal ho a Far a li e h 2 h no n tituto Moreira alle na v auli ta
rill io a on ello ri tiano Ma aro hi o 2 3 ela i ta e ão aulo

Kazuo Okubo faz nu M D D M D


artístico com 115 F F
pessoas em Brasília
O Museu de Arte do Rio (MAR) abriu
em agosto de 2017, no Dia Mundial
Obra do francês Gautherot
que está na mostra do MAR
u o

da Fotografia, a exposição Feito Poeira ao


Vento — Fotografia na Coleção MAR. Nela,
a uo

apresenta parte de seu acervo fotográfi-


co ao público. Ao todo, cerca de 250 obras
de 112 artistas estarão expostas, e vão
desde o século 19 até os dias de hoje. No-
mes como Marc Ferrez, Marcel Gauthe-
rot, Pierre Verger, Luiz Braga, Walter Fir-
mo, Evandro Teixeira, Marcos Bonisson,

Mar el autherot
entre outros, fazem parte da mostra.
O objetivo da exposição é trazer a
pluralidade do acervo para os olhos
Completamente sem rou- do público, reunindo outras formas de
pas, cerca de 115 ho- apresentação da imagem, como em li-
mens e mulheres (veja acima) vros, filmes, instalações, pinturas e até MAR até o dia 10 de julho de 2018 e po-
posaram na Praça do Museu Na- mesmo performances, mostrando co- derá ser visitado gratuitamente de ter-
cional da República, no coração mo a fotografia sempre está presente. ça a domingo, das 10h às 17h, na Praça
de Brasília (DF), para as lentes do Feito Poeira ao Vento ficará em cartaz no Mauá, 5, centro do Rio de Janeiro.
fotógrafo Kazuo Okubo, que tem
43 anos de carreira e é reconhe-
cido por suas obras sensíveis en- BALLEN NA CAIXA CULTURAL DE BRASÍLIA
D
volvendo o nu artístico. o urreal ao grote o oger al- ati a a e Transfigurações te o ra
A ideia do nu coletivo foi uma len e re u ou a e tranhe a na ai re ente ue fi era arte a o -
maneira de contrariar o panorama o o ição e ua i agen o o e tra e 2 5 no M e ão aulo
retrógrado da capital federal. Ser- er vi to na o tra o fot grafo a eri a- Divi i a e rie e lora te a e g ne-
viu ainda como manifesto em fa- no ue vive na fri a o ul ue e t e ro ue ara teri a a i agen o ar-
vor do artista paranaense Maikon arta na ai a ultural e ra lia DF ti ta or ua urreali a e ão fotogra-
Kempinski, detido pela Polícia Mi- fia ue e la reali a e e fi ção o u-
oger allen

litar no dia 15 de junho de 2017 O real com o olhar ental e teatral e rin i al ente auto-
enquanto fazia uma performance surreal de Roger Ballen e o erta e auto o reen ão na ai
de nu artístico no mesmo local. A iferente ituaç e
sessão de fotos a céu aberto tam- e o ição e oger allen gratui-
bém foi pensada para reafirmar o ta e o er er vi ta at o ia e ee -
corpo humano como ferramenta ro e 2 e terça a o ingo a h
de manifestação artística e cultural. 2 h no e aço ai a ultural e ra lia
ua ra ote 3 a ul

10 • Fotografe Melhor no 253


TECNOLOGIA & PRODUTO
lançamentos do mundo digital
Divulgação hutter to

A agência Shutterstock criou um sistema que distorce aleatoriamente a marca d’água para dificultar a sua remoção por softwares

Segurança de imagens sofre ameaça


Pesquisadores do Google illia Free an o e arta ento e u ento er u li a o a i a en-
demonstram que marcas e ui a a gigante o ale o il io
o u o e te nologia e vi ão o u-
te o eça o a tra alhar ara i -
le entar a oluç e e ta a a na
d’água podem ser ta ional i te a ue er ite ao e ui a afir a a ett age
facilmente removidas e o uta ore i entifi ar ele ento
vi vei ao olho hu ano o e re-
garantiu or eio e nota ue a e -
re a reali a u e forço rio ara
indicam soluções onhe er ar a gua in eri a e roteger a ro rie a e intele tual no
aneira on i tente e re etitiva ne- ite e ue e t e re olhan o a-

A
egurança e ilh e e i a- e ria a an li e e ai e u a en- neira nova e fa lo
gen e or on e u n ia o tena e i agen ara ue o a rão e olução in i a a elo e ui-
ireito e o right e fot gra- a li ação e a e o ifi a o a a a ore on i te e riar u i te-
fo o un o inteiro o e e tar o artir a a re oção e a re tauração a e a li ação e ar a gua
ri o ienti ta o oogle e on tra- o original feita o gran e re i ão ue não iga a r e eter ina o
ra ue u algorit o o e fa il en- i ao eno at agora a ena o a inho ue foi a ota o ela hut-
te re over a ar a gua e ervi- gran e an o e i agen o e ter to ara roteger o ai e
ço e an o e i agen u a a a- er afeta o ão ou o a ett 5 ilh e e i agen o a ervo
ra i e ir o u o in evi o re tauran- age re re enta ai e 25 il fo- De envolve o u a te nologia e
o a fotografia original falha foi e- t grafo e to o o un o ar a gua inteligente a ea a na
on tra a urante o ongre o ien- egun o o oogle o rin i ai uge tão a oogle ue re i tente
t fi o i ão o uta ional e e- erviço e an o e i agen un- a ual uer te nologia e re onhe i-
onhe i ento e a r e ela ini- iai tivera a e o e ui a ue ento e a r e oi ão a li a a
iai e ingl reali a o no ava no ta ro oluç e ara au- or u ran o i a or afir a ro -
e ulho e 2 entar a egurança egun o Mar- e olução ue nun a ria ua
egun o o e ui a ore a- tin ro e a hutter to a ar a i nti a e t i le en-
li De el Mi hael u in tein e iu e e re a foi notifi a a ante e o o- ta a infor a ele

12 • Fotografe Melhor no 253


FOTO DO MÊS
o melhor do fotojornalismo

Foto oletivo
o rigo ai
Crônica da noite paulistana
U
a ena in lita na noite auli - e orar e e oi a o ela i a e o fo o era o rir hard news o in e-
tana a ta a elo fot grafo o- ara fotografar onta e e ia re- en n ia e o filtro e e ição o
rigo ai 2 ano o olve o e er a ua ugu ta e i- gran e ve ulo e o uni ação o e
Foto oletivo a Foto o M e ta reção raça oo evelt na região en- o oletivo onta o ete e ro e
e ição i age regi tra a or vol- tral a i a e uan o vi o ara a - e ta o envere an o or u a foto-
ta a hora a anhã e frente a o na ar eta relata grafia ai o u ental uere o re-
u a oate na ua ugu ta na região foto foi feita o u a i on velar hi t ria a i a e i
onhe i a o o ai o ugu ta o - D3 velha e guerra na ala-
tra u ou o o outro la o a i a- vra o r rio ai o u a lente
e ue o aior entro finan eiro o 2 un a u o fla h a e ar A seção Foto do Mês é uma parceria
a ue e revela o ente e oi ue o li ita o e a era avi a entre Fotografe e a Arfoc-SP e
a noite ai ai o ugu ta onhe i o e li an o ue o ru o re ultante a ocorre por meio do Instagram da Arfoc-
onto o io e a i a e i agen noturna não hega a in o- SP (#arfocsp). A ideia é escolher uma foto
de destaque a cada mês para publicação
ai onta ue a ena foi u tanto o ar e vi a elhor o ue na revista, contando a sua história, ou seja,
ine era a le havia a a a o e o rir não fotografar on era o autor é entrevistado para relatar como
u rote to ol ti o na veni a auli - ai o eçou a fotografar ao captou a imagem. A participação é aberta
ta olo a i a e e al o referi o ano e ao tornou e foto ornali ta a fotojornalistas de todo o Brasil e as
ara anife taç e e to o ti o e en- a an o a o rir rote to na ran e fotos devem ser atuais, e não de acervos.
ontrou e o o a igo ar iel arva- ão aulo e n logo e ro e o A única restrição é que o participante
seja um repórter fotográfico profissional,
lho olega o e outra e o- Fotogr fi o elo ena foi ao la- contratado ou freelancer. As imagens
a e u ar na ro i i a e o o foto ornali ta ar iel arvalho devem ser enviadas para #arfocsp e
o tu a o no reunir a o tra a- e r io ei eira u o fun a ore #fotografemelhor. Para saber mais sobre a
lho ara fa er u alanço o ia e o- o Foto oletivo e 2 3 o - Arfoc-SP acesse http://bit.ly/2fvPSAo.

14 • Fotografe Melhor no 252


REVELE-SE
fotos dos leitores em destaque

:: Autor: Luciano Belford


:: Cidade: Belford Roxo (RJ)
:: Câmera: Canon EOS 5D Mark lll
:: Objetiva: Canon 16-35 mm
:: Exposição: f/7.1, 1/400s e ISO 1.000

BALAS ACHADAS
en rio e viol n ia u a on tante a or eio a i agen ue on tr i Foi a -
na vi a e uita riança ue ora i ue ele fotografou e te enino na o uni-
e algu a o uni a e o io e aneiro a e a Mangueira to an o ui a o ara en-
Durante a rotina e tra alho o o foto- ua rar e ri eiro lano a ula a ha-
ornali ta u iano elfor ro ura e envol- a no hão e ue erve e rin ue o e e
ver retrato riativo a rofun an o u a r ti- ortar inten ional ente o ro to a riança

16 • Fotografe Melhor no 253


:: Autor: Felipe Malavasi
:: Cidade: São Paulo (SP)
:: Câmera: Canon EOS Rebel T3
:: Objetiva: Canon 18-135 mm
:: Exposição: f/5.6, 1/800s e ISO 800

CARRUAGEM DE FOGO
rote to ão u rato heio a- ha a e fe a foto egui a houve
ra o foto ornali ta Feli e Malava- u a e lo ão Feli e on eguiu air ile o
i Durante u a anife tação e 2 o e tilhaço a a a ou en o atingi-
ele avi tou e te arro e ha a e aiu o no eito or u a ala e orra ha Foi
etr o e u o e u gru o e la- u a lição ura ente a ren i a le on-
lo ara fa er o li ue Me o o ta ue re onhe e o ri o o foto orna-
o alerta e olega foto ornali ta o re li o or a vonta e e ter u a foto
o ri o hegou e erto o arro e in r vel o fa eguir e frente

ete ro 2 • 17
REVELE-SE

:: Autor: Vinicius F. Stasolla


:: Cidade: São Paulo (SP)
:: Câmera: Canon EOS 6D
:: Objetiva: Canon 24-70 mm
:: Exposição: f/4.5, 1/80s e ISO 2.000

COM A CARA DOS PAIS


Durante a ge tação a ulher o fot grafo o a era rogra a a ara i aro e tri-
ini iu ta olla fe uito regi tro n- la e o ição ini iu on eguiu riar u a fo-
tretanto on i era e te o ai e e ial oi re- to ue o tra o ro to o a al entro a arri-
re enta e aneira ni a o o ento ue vi- ga ela tru ue i le e ani ulação
vera a a u an o u a are e neutra o no hoto ho ara fugir o lugar o u o
uarto ele olo ou o tri e i a a a a o te a foto e ge tante

18 • Fotografe Melhor no 253


PARA QUEM
VAI DAR À LUZ
n aio e ge tante u te-
a ue er ite a li ar v ria
i eia en rio ro uç e e figuri-
no ue refira e t io u an o
en rio e ilu inação ontrola a u-
tro o ta or foto e e terna e
ar ue ou raia o o fa o fot gra-
fo le an re arvalho le e olheu
u a raia atarinen e ara fotogra-
far o a al e liente r o ol foi
o ele ento e en ial ue o fot gra-
fo fe ue tão e ei ar entre o futu-
ro ai fa en o u a enção o re
o o ento ilu ina o elo ual ele
e tão a an o

:: Autor: Alexandre Carvalho


:: Cidade: Nova Trento (SC)
:: Câmera: Nikon D7200
:: Objetiva: Sigma 17-70 mm
:: Exposição: f/10, 1/125s e ISO 160

ete ro 2 • 19
REVELE-SE

:: Autor: Julio Melo


:: Cidade: Feira de Santana (BA)
:: Câmera: Nikon D7200
:: Objetiva: Nikkor 50 mm
:: Exposição: f/5.6, 1/200s e ISO 200

OLHOS NOS OLHOS


Fotografar ani ai u e afio Feli- lo Foi a i ue o fot grafo ulio Melo on-
no rin i al ente ão urio o gei eguiu o regi tro a gatinha Mia ao la o a o-
e o er onali a e ar ante en o a a- na a o elo eti ia n ra e o o ro to
e e e a ar uan o eno e e era or ola o al e o ter u a atraente o o-
outro la o ão i ho fotog ni o tru ue ição o fot grafo evitou ue a gatinha fugi e
e t e u ar lu natural ara não a u t urante o li ue

20 • Fotografe Melhor no 253


PULA-PULA
ra fi e tar e na raia a ar- u an o a ena u smartphone a ro- :: Autor: Anderson Rodrigues
ra a i u a no io e aneiro veitou a ontralu o r o ol e ua :: Cidade: São Paulo (SP)
e o a e f ria e olare e ulho ore uente ara fotografar a riança :: Câmera: smartphone Samsung J5
garotinho altitante feli o o ol o to a a ua e ontanei a e Deita- :: Objetiva: sem informação
e a areia orria ra l e ra e e o na areia ele on eguiu u ngulo e :: Exposição: f/1.9, 1/1.300s e ISO 64
i ortar o o ue a onte ia ao re or ai o ara i a e ontra ergulho e
orrateira ente n er on o rigue fe u en ua ra ento a ri ha o

Mande fotos e ganhe uma bolsa para equipamento fotográfico


autore a foto ele iona a aulo 55 ou ara o
ara u li ação na revi ta re e erão u a e ail fotografe@europanet.com.br
ol a o elo Fan ier a rei a ara e ifi ue no e ail no e en ereço
e ui a ento fotogr fi o ara arti i ar telefone fi ha a foto e ui a ento
o Revele-se envie até três fotos, no a o t ni o eu reve relato
máximo e ar uivo igital for ato lo al ata ar uivo eve ter no
ara Redação de Fotografe ni o 3 o re olução e 2
Melhor ua MMD 2 utantã ão a3 i vite ar uivo uito e a o

ão en ontrou a revi ta Fotografe Melhor na an a Fale ireto


o a itora uro a frete o e e lar gr ti ara to o o ra il
PORTFÓLIO DO LEITOR
mostre seu trabalho

arvalho
Fotos: u
Farol da Praia de Galinhos (RN) fotografado com velocidade de 1/5s com abertura f/8, ISO 160 e lente 16-35 mm

UM OLHAR PARA
paisagens POR MÁRIO FITTIPALDI

F
otografia noturna e e ai a- naturai e ar uitet ni a o ta o na
Fotógrafo radicado gen a ai ão o a voga o e fo- alavra e u ue não rofi ional
em João Pessoa t grafo ergi ano u arvalho e ara reali ar e e ro eto ele er-
3 ano le er orreu oa ar- orreu a rin i ai raia o litoral a-
volta suas lentes te o ra il ara o u entar u- rai ano e e a a ital at a na i-
para retratar a lo ali a e referi a e e e vi a o erna u o a an o or a-
cenas com 2 3 uan o e ra i ou e oão e oa e o e ai Mateu e a a eira io
ve e e enhan o e u ro eto o a re o onto ai alto a ara a e
sensibilidade e e oal Paraíba em Belas Artes o no e o ar ue ta ual a e ra a o a na
personalidade rovi rio o etivo o trar a ele a ivi a o o io ran e o orte

22 • Fotografe Melhor no 253


Acima, Igreja de Nossa Senhora da Guia, em Lucena (PB), em foto com velocidade de 0,5s abertura f/22 e ISO 100; abaixo,
a Via Láctea vista a partir do Lajedo do Pai Mateus, em Cabaceiras (PB), numa longa exposição de 48s, com f/4 e ISO 2.000

utu ro 2 • 23
PORTFÓLIO DO LEITOR
mostre seu trabalho
Ao lado, marina na Praia do Jacaré,
em Cabedelo (PB), com longa
exposição de 185s, f/7.1 e ISO 50

fot grafo fa ue tão e ir al


o i le regi tro fotogr fi o a-
ra tanto ele utili a uito a t ni a
e longa e o iç e e ara re ol-
ver ro le a e alto ontra te i-
n i o u a filtro e en i a e neu-
tra D gra ua o ee e -
ni a o o a o artão reto lti-
la e o iç e e light painting ta -
e tão no re ert rio re ulta-
o ão ena inten a e ra ti a
ão eu enti ento inha er-
e ção e inha inter retação e -
oal iante a ena ue ter ina
evi en ia a no tra alho ele e li-
a uito ai u a for a e e -
re ão o ue u a i le u a
e regi tro o u ental afir a ele
u arvalho fotografa o u a
i on D 5 eu on unto e o eti-
va to a i or in lui ua oo
a F 35 f ea F
3 f 5 5 e ua fi a a F
Ma ro 5 f2 e a 5
f l o v rio filtro gra u-
a o ele ain a u a o filtro olari a-
or e u tri Manfrotto 55
o all ea 2 ara ilu-
inar ena noturna utili a fla h
ongnuo 5 e le ongnuo n
entre outro e ui a ento
trata ento a i agen feito no i-
ghtroo o a finali ação o tra a-
Acima, Praia de Tabatinga, em Conde (PB), em exposição de 30s, f/22 e ISO 100; lho no hoto ho ra alho a tan-
abaixo, cena no Rio Goiana, em Acaú (PB), com 266s de exposição, f/8 e ISO 50 te o M ara e u ino i a e
(Luminosity Masks infor a
arvalho

o o ento u arvalho re-


ara 5 i re e fine art e eu
Fotos: u

tra alho ara u a e uena e o i-


ção na ro ura oria a nião no -
ta o a ara a revi ta ara outu-
ro e 2 e tra alha na ro u-
ção e u livro no ual en inar u-
a t ni a t no lano ain a
tran for ar a rie e i agen Pa-
raíba em Belas Artes e outro livro

Para participar desta seção, envie no


máximo dez fotos do seu portfólio, em
baixa resolução, para o e-mail: fotografe@
europanet.com.br. Serão publicados
somente os que forem selecionados pela
redação, um portfólio a cada edição.

24 • Fotografe Melhor no 253


Willians Moraes dicas proFissionais

30 • Fotografe Melhor no 253


Street wedding book
ensaio de noivos nas ruas da cidade
Temas urbanos se tornaram tendência de locação
em book pré-bodas. Aprenda com o fotógrafo
Willians Moraes como explorar melhor as vias públicas,
aprimorar o olhar e os cuidados com a segurança

por Livia CapeLi

Q
uando um casal de noivos de- buscar um lugar que tenha algo a ver
cide fazer um ensaio pré-we- com o história de vida deles: a rua on-
dding, vem sempre a dúvida de de moram, o local do primeiro encon-
onde realizar o registro. Muitos tro ou onde o pedido de casamento foi
querem um lugar encantador, feito… Aí vem o desafio do fotógrafo –
de preferência ao ar livre, em que, se for criativo, vai conseguir ex-
uma locação que fuja do tradicional. trair os melhores registros de cená-
Entretanto, para quem vive em gran- rios nem sempre bacanas.
des cidades como São Paulo, Brasília, Muitas das imagens feitas por
Belo Horizonte e Curitiba, o acesso a Willians, que estão no portfólio de-
praias ou refúgios ecológicos dificulta le de street wedding, foram compos-
o trabalho do fotógrafo. E por que não tas a partir de novas perspectivas em
fotografar nos centros urbanos? Isso avenidas famosas, vielinhas charmo-
é uma antiga tradição na Europa, nos sas e até no tumultuado metrô da ca-
Estados Unidos e no Japão, mas ainda pital paulista. É dessa forma que ele
pouco difundida no Brasil. consegue retratos únicos, que bus-
Especialista em fotografia de casa- cam traduzir a essência do universo
mento, o paulistano Willians Moraes, de cada casal. O especialista mostra
40 anos, professor do Instituto Inter- aqui como é possível obter imagens
nacional de Fotografia, diz que a maio- para um book de casamento nas ruas
ria dos casais se esquece de que o es- de uma metrópole de maneira criati-
sencial na hora de realizar um book é va. Acompanhe as dicas.

Noivos fotografados em
frente ao pavilhão da OCa,
no parque do ibirapuera:
o desafio foi usar um flash
Canon 580 eX atrás do casal
para iluminar a cena, além
de rapidez e discrição

outubro 2017 • 31
icaS ProFiSSionaiS

NO MEIO DA RUA O primeiro ponto é começar que- bairro para outro. O ponto é que o fo-
Cidades grandes têm muitos lu- brando o paradigma de que as me- tógrafo precisa aprender a perceber
gares interessantes que a maioria trópoles são frias e feias. A cidade de e assumir o que tem para trabalhar.
das pessoas se esquecem de con- São Paulo, por exemplo, pode ser ro- “Os fotógrafos mexicanos sa-
templar na correria do dia a dia. Pa- mântica. Mas tudo vai depender da bem se apropriar muito bem da cul-
ra se tornar um fotógrafo de street visão do fotógrafo. É um lugar mui- tura deles colocando tudo isso nu-
wedding book é necessário, segun- to rico em cenários para produzir en- ma imagem. Já uma parte dos pro-
do Willians, olhar para a cidade com saios: tem arquitetura, iluminação e fissionais brasileiros tem dificuldade
mais atenção e carinho. paisagem que varia de estilo de um de assumir a cultura local. Querem

32 • Fotografe Melhor no 253


Um flash Canon 580 EX
Fotos: Willians Moraes

atrás dos noivos, em um


dia de chuva, deu o charme
à foto feita no canteiro
central da Avenida Paulista

fugir de sua origem e fotografar só o gla- ensaio na cidade, Willians Moraes realiza No alto, registro feito
mour. O segredo está em se apoderar da algumas reuniões e entrevistas com os noi- na região de Pinheiros;
selva de pedra e enxergar a beleza no con- vos e elabora uma pauta para melhor exe- acima, uma vitrine
da Rua Oscar Freire
creto. Para mim não existe locação ruim, cução do ensaio. Esse é o ponto de parti- serviu como cenário
e sim a percepção ruim de uma locação”, da para traçar o roteiro dos lugares que po- para a foto
afirma o especialista. dem servir de cenário para a sessão.
O segundo ponto de sucesso desse tipo Perguntas como: onde se conhece-
de trabalho é fazer sempre a ligação com o ram, profissão de cada um, tipo de música
perfil do casal. Antes de decidir o local do de que gostam, lugares onde costumam

outubro 2017 • 33
icaS ProFiSSionaiS

Fotos: Willians Moraes


Para o ensaio dentro da Linha Verde do metrô, feito durante uma aula,
Willians não precisou mais do que uma Canon 6D e uma lente 16-35 mm
frequentar, entre outras, ajudam a
criar a base do processo criativo. É
necessário colocar o trabalho den-
tro do contexto da história do casal.

A RUA E A LEI
Apesar de muitos espaços serem
públicos, fotógrafos acabam esbar-
rando vez ou outra com a burocra-
cia na hora dos cliques. Antes de sair
para a sessão, é importante procurar
saber se o local escolhido necessita
de autorização, pagamento de taxa
ou agendamento prévio. É de respon-
sabilidade tanto do fotógrafo e quan-
to dos noivos entrar em contato com
o local para tirar todas as dúvidas so-
bre a possibilidade de acesso.
Vale lembrar que o trabalho de
fotografia jamais deve prejudicar o
uso de uma área pública. Normal-
mente, em pontos turísticos é permi-
tido usar a câmera. Mas nem sem-

34 • Fotografe Melhor no 253


pre é possível utilizar outros equipa- de Fotografia. Como era uma turma A foto do casal feita por Willians
mentos, como tripés ou flashes de es- reduzida, o fotógrafo, após um rápi- no metrô de São Paulo gerou
túdio portáteis e rebatedores. Isso po- do ensaio nas ruas da Vila Madalena até uma reportagem no site do
jornal O Estado de S. Paulo
de atrapalhar o fluxo dos pedestres e (SP), sugeriu que todos entrassem
gerar aglomeração. O fotógrafo preci- no metrô e seguissem até a Aveni-
sa ter ciência de que há limites e não da Paulista. No meio da viagem, ele ra muito rápida, não permanecen-
deve abusar da condição de uso do lo- produziu imagens na plataforma de do por mais de 5 minutos em cada
cal – e com essa consciência precisa embarque e dentro do vagão, com parada para a foto. Além disso, uma
saber trabalhar rapidamente. direito a trilha musical de uma du- mulher vestida de noiva é uma fer-
Foi dessa maneira que Willians pla de músicos que se apresentava ramenta que ajuda a abrir portas:
conseguiu fotografar a desenhis- por ali. Uma jornalista que estava no “existe uma consciência coletiva de
ta de Construção Civil Juliana Mar- mesmo vagão fez um vídeo que ren- que aquele é um dia importante da
celino, de 27 anos, e o estudante de deu mais de 4,4 mil visualizações no vida de uma mulher. Raramente al-
Engenharia Civil Anderson Marceli- Facebook e uma reportagem no site guém vai querer estragar o pedido
no, de 28, na caótica e movimentada do jornal O Estado de S. Paulo. de uma noiva”, comenta ele.
Linha Verde do metrô de São Paulo. Quando questionado se teve pro-
O ensaio foi realizado durante blemas com os seguranças do me- IMAGEM NA CABEÇA
uma aula prática sobre street we- trô ou algo relacionado à autoriza- Outra parte do segredo de fazer
dding ministrada por Willians pa- ção, o professor diz que ele mais os street wedding, segundo Willians, é
ra alunos do Instituto Internacional seis alunos trabalharam de manei- sair de casa já com algumas ideias

outubro 2017 • 35
icaS ProFiSSionaiS
Fotos: Willians Moraes

O fotógrafo aproveitou a contraluz em uma praça do bairro boêmio da Vila Madalena, na capital paulista, para fazer a foto

construídas na cabeça. Ir para a rua


O fotógrafo, os noivos e a cidade com um casal e uma câmera des-
preparado, sem saber muito bem o
Fotógrafo, videomaker, storyteller de Artes e Design e especializado em
e professor, Willians Moraes, 40 fotografia social pela ICP (International
que vai fazer quando chegar no lo-
anos, acumula atribuições quando Center of Photography de Nova York), cal da foto, só abre espaço para a
o assunto é imagem. Formado em ele trabalhou durante 14 anos em insegurança e o constrangimento.
Fotografia pela Escola Panamericana empresas como Sony Pictures, Walt Estudar o local, a luz, ter um reper-
Disney e 20th Fox Films. Já atuou
em cinco países (Argentina, Canadá, tório de poses e contar com um ro-
arquivo pessoal

Estados Unidos, França e Uruguai) teiro planejado dos locais que pre-
e está no mercado de fotografia de tende fotografar são dicas impor-
casamentos desde 2006. Foi premiado
internacionalmente três vezes pela
tantes para colocar em prática.
ISPWP (International Society of Para Willians, o fotógrafo que
Professional Wedding Photographers) pretende trabalhar com esse tipo
nos anos 2009, 2010 e 2011. Já foi de ensaio precisa ter consciência
palestrante em grandes eventos de
fotografia em São Paulo e é professor de que não dá para fazer uma ses-
de Fotografia Social na Escola são repleta de fotos mirabolantes, já
Willians Panamericana de Artes e Design e no que está usando um espaço públi-
mostra Instituto Internacional de Fotografia
o resultado
co. O mais importante é colocar nas
(IIF). Para saber mais, acesse
para os noivos www.williansmoraes.com.br. imagens a história do casal. O lugar
é apenas o plano de fundo.

36 • Fotografe Melhor no 253


Willians gosta de fazer um link com a história do casal: com o noivo apaixonado por aviação, a imagem mereceu uma aeronave

Ter o espaço público como pal- versatilidade na hora dos cliques, a campo desacompanhado de um
co também contribui para uma dire- ela não é tão chamativa. O ajuste assistente, que, além de proporcio-
ção de cena mais desembaraçada. de sensibilidades de ISO mais altas nar agilidade na hora de fazer a tro-
“Os pedestres gostam de parar pa- (acima de 1.250) é mais um recurso ca de uma lente ou cartão de memó-
ra ver o que está acontecendo, ficam usado por ele para ambientes mais ria, deve ficar atento ao que está se
emocionados com a cena, e isso cria fechados e escuros, sendo uma al- passando ao redor do set.
certa leveza nas fotos. O casal aca- ternativa ao uso de flash. Outra orientação do especialis-
ba se descontraindo porque está na- ta é trocar a alça original da câme-
quele lugar que faz parte da história SEGURO LÁ FORA ra por uma correia sem a marca do
de vida deles. Isso tudo é uma car- Se por um lado as cidades po- fabricante. Segundo ele, a pessoa
ga positiva e reflete em expressões dem servir como um belo palco pa- mal-intencionada pode classificar o
mais genuínas”, afirma o fotógrafo. ra fotos de noivos, por outro estão equipamento pelo logotipo. Trocar
Willians já fez street wedding em cada vez mais perigosas. A questão por algo genérico não é uma garan-
locais como Avenida Paulista, esta- de segurança é um item que mere- tia, mas pode gerar uma dúvida.
ções do metrô e bairro como Moo- ce muita atenção para quem vai co- Evitar sair de casa com todas as
ca, Pinheiros e Vila Madalena. Ele locar a câmera na rua. lentes na bolsa é outra boa medida.
usa uma Canon EOS 6D para as Willians, que soma mais de 50 Por último, optar por roupas con-
produções na cidade e costuma le- ensaios no portfólio, aconselha a fortáveis e discretas, que ajudem a
var também a objetiva Canon 16-35 contratação de um seguro do equi- passar um pouco mais despercebi-
mm f/2.8, pois, além de possibilitar pamento. Segunda dica é nunca sair do na multidão.

outubro 2017 • 37
Fotos: carlos Fairbairn
Vi a e Fot graFo

Acima, foto da Vila Láctea refletida no lago produzida com uma lente 24-70 mm a partir de duas exposições sequenciais, uma
para o céu e outra para a paisagem; na pág. ao lado, uma imagem composta pelo mosaico de três fotos verticais com uma
lente de 135 mm (nela, foi usada o aparelho montagem equatorial e usada a técnica de empilhamento para reduzir o ruído)

Escrito nas estrelas


Fotógrafo carioca Carlos Fairbairn conseguiu ter uma foto da
Via Láctea publicada pela Nasa sem usar nenhum equipamento
sofisticado, apenas um acessório específico e muita técnica

F
Por JULIANA MELGUISO

azer imagens de galáxias com milhões de rém apenas em 2015 começou a se dedicar se-
anos-luz de distância da Terra, nebulosas riamente a unir essas duas paixões.
coloridas e fenômenos cósmicos é consi- “A astronomia foi um tema marcante des-
derado uma espécie de mágica para mui- de a minha infância. Os livros de Carl Sagan, co-
tas pessoas. Foi o francês Louis Daguer- mo Cosmos, sempre estavam presentes. Mas só
re, um dos inventores da fotografia, que em no final de 2014 é que despertei para a fotogra-
1839 registrou a primeira imagem de um cor- fia noturna. A primeira vez que estive diante de
po celeste, a Lua, dando início à prática conhe- um céu realmente escuro foi no início de 2015.
cida hoje como astrofotografia. É nesse segmen- Fui com dois amigos ao Parque Nacional de Ita-
to que o carioca Carlos “Kiko” Fairbairn come- tiaia. Meu equipamento era o mais simples pos-
çou a se destacar recentemente. Apaixonado pe- sível: tripé e máquina com uma lente cinquen-
lo céu e pelas estrelas desde jovem, a astrono- tinha. Fiquei muito impressionado com o que a
mia e a fotografia sempre o acompanharam. Po- câmera conseguiu captar, muito além do que

38 • Fotografe Melhor no 253


outubro 2017 • 39
A foto do brasileiro publicada no site da Nasa
mostra os arcos da Via Láctea em composição
com a caldeira de um vulcão inativo no Deserto
do Atacama, no Chile: feita em maio de 2017
apenas com uma lente zoom 24-70 mm

40 • Fotografe Melhor no 253


carlos Fairbairn

outubro 2017 • 41
Vi a e Fot graFo

Fotos: carlos Fairbairn

Acima, galáxia de Andrômeda guir resultados ainda mais precisos imprescindível ter conhecimento só-
(à esq.) e galáxia Grande Nuvem é necessário utilizar um equipamen- lido de astronomia e saber selecio-
de Magalhães (à dir.), ambas to chamado montagem equatorial, nar os lugares para fazer as imagens.
captadas com lente de 200 mm
usado em telescópios. “Esse aces- A dica é procurar sempre locais com
sório acompanha a rotação da Terra. baixa poluição luminosa e aliar paisa-
meus olhos podiam ver ao vivo”, con- A montagem gira ao mesmo passo gens estelares fotogênicas à possibili-
ta o fotógrafo, que é formado em Ad- que o céu, fazendo com que a câmera dade de boas composições.
ministração de Empresas e pós-gra- acoplada a ela gire também”, explica. Ele conta que faz três tipos de ima-
duado em Gestão de Meio Ambiente, Segundo o fotógrafo, a configura- gens. A mais conhecida são as star-
área em que atua profissionalmente. ção do equipamento fica da seguinte trails, que mostram o movimento (ou
Kiko Fairbairn teve uma imagem forma: tripé, montagem equatorial, os rastros) das estrelas graças à ro-
que mostra a Via Láctea publicada pe- câmera e lente. Em termos práti- tação da Terra. Nelas, a câmera fica
lo site da Nasa como “Imagem astro- cos, a diferença do uso da montagem parada no tripé em longuíssimas ex-
nômica do dia” justamente no dia do equatorial é que, com ela, Fairbairn posições. Nesses casos, ele planeja a
eclipse solar, ocorrido no dia 20 de consegue tempos de exposição para composição durante o dia com a ajuda
agosto de 2017. A foto foi feita no De- além dos 150 segundos sem que as de uma bússola para facilitar o posi-
serto do Atacama, no Chile, um dos estrelas tracejem ou deixem rastros. cionamento da câmera. Nessa moda-
pontos mais privilegiados no plane- E isso usando uma tele de apenas 200 lidade, usa distâncias focais menores.
ta para observação astronômica. Is- mm. “Esse tempo de exposição ele- O segundo tipo são as fotos de céu
so deixou o brasileiro muito feliz, pois vado é fundamental para captar mais noturno com “objetos de marcação”
muita gente ao redor do mundo pôde informações dentro desse ambien- (constelações, nebulosas, galáxias, a
conhecer o trabalho dele. te de pouca luz”, explica ele. O que Via Láctea etc.). São as imagens que
Para obter imagens de estre- ele usa é bem acessível: uma DSLR mais agradam ao público em geral, diz
las e galáxias, o fotógrafo afirma que Canon EOS 6D e um jogo com cin- Kiko, e, por isso, são as mais usadas
não é preciso nada muito sofistica- co objetivas Canon: 14 mm, 50 mm, nas palestras que dá sobre o tema.
do: uma boa câmera, tripé simples e 24-70 mm, 100 mm e 200 mm. O terceiro são fotos que ele defi-
boas lentes já conseguem fazer fotos Kiko Fairbairn alerta que para ne como “objetos astronômicos isola-
surpreendentes. Mas para conse- conseguir boas fotos no segmento é dos”, nas quais ele usa distâncias fo-

42 • Fotografe Melhor no 253


cais maiores, como 100 mm e 200 mm, e
um computador que controla as funções da
câmera, principalmente o foco. “É muito co-
mum pensarem erroneamente que uso a
câmera acoplada ao telescópio para fazer
essas imagens. É muito interessante, pois
diversas estruturas no céu, incluindo algu-
mas galáxias e nebulosas, têm um tama-
nho bastante significativo, passíveis de se-
rem captadas com qualquer lente. Cada ti-
po de imagem tem tempos de captação di-
ferentes. Posso levar mais de quatro ho-
ras para registrar um startrail e menos de
dois minutos para fazer uma foto do céu em
composição”, explica o fotógrafo.
O tempo de exposição para imagens de
astrofotografia, aliás, é outra grande dú-
vida para quem busca saber mais sobre a
área. Enquanto velocidades rápidas nun-
ca são utilizadas, o normal é trabalhar com Ele diz que a astrofotografia é hoje um No alto, foto com a
tempos entre 60 segundos e 240 segundos “impulsionador do meu desenvolvimen- técnica do startrail, que
(4 minutos) para obter uma imagem. “Uso to pessoal”. Tem planos de lançar um li- marca o movimento das
também diversas técnicas para redução vro em breve e quer expandir a atividade estrelas (foram quatro
horas de exposição e 186
de ruído, já que a fotografia noturna se va- de workshops para várias partes do Brasil. fotos combinadas depois
le de valores de sensibilidade ISO bem altos. “Nesses workshops, ensino de técnicas de via software); acima,
Uma delas é a técnica de empilhamento de captura de imagens em campo ao proces- Kiko Fairbairn com o
imagens, que cria uma média dentro da flu- samento e edição das fotos”, informa. Para equipamento montagem
tuação aleatória que é o ruído”, explica. saber mais, acesse: http://bit.ly/2wfot8s. equatorial no tripé

outubro 2017 • 43
oLHar gLoBaL

Fotos: avid tesinsk


Diretor de circo leva seu tigre para passear em Hradec Králové, a 100 km de Praga: Tesinsky sempre busca o inusitado

M Merg LHo eM S Bc Lt raS e


cenas urbanas
A
Por MÁRIO FITTIPALDI

David Tesinsky, fotografia de David Tesinsky de exorcismo em Adis Abeba, Etió-


da República tem algo de inquietante. Qua- pia, entre outros grupos, como ra-
ppers nos Estados Unidos, rastafáris
se sempre construídas sobre
Checa, percorreu temas incomuns, suas nar- na Jamaica ou até mesmo uma seita
o mundo para rativas visuais cativam pe- satânica em sua cidade natal.
la força e pela ousadia. O fo- De personalidade inquieta, David
retratar o universo tógrafo de 27 anos nascido em Pra- Tesinsky se define como alguém que
de personagens ga, na República Checa, percorreu está sempre em busca de algo con-
obscuros, criando boa parte do globo nos últimos dez troverso, de um personagem único ou
anos para documentar o que cha- de estilos de vida especiais. “Captu-
uma ousada narrativa ma de subculturas, que vão de trans- ro alguns momentos brilhantes, mas
do underground gêneros em Havana, Cuba, a rituais principalmente muito da diversidade e

44 • Fotografe Melhor no 253


Acima, imagem feita em Leuven, na Bélgica, para a série editorial Life is Good (A vida é boa): quebra de estereótipos;
abaixo, rastafári nos arredores de Kingston, Jamaica: o fotógrafo costuma se identificar com os universos que retrata

outubro 2017 • 45
oLHar gLoBaL

Fotos: avid tesinsk


Antes e depois: transgênero Natasha em performance em boate de Havana,
Cuba (acima), e durante como Pablo vendendo frutas no subúrbio (abaixo) mação foi cautelosa. É compreensível,
pois, se forem identificados, podem até
ser condenados à morte”, afirma.

IMERSÃO E CURIOSIDADE
Tesinsky diz que sua maior difi-
culdade é mesmo convencer seus
personagens a se deixar fotografar, já
que quase sempre documenta pes-
soas em situações íntimas, constran-
gedoras ou até mesmo ilegais. Mas
não é só: sempre que possível, ele
procura se envolver com o univer-
so que quer retratar. “Penso que só
conseguirei boas imagens se apren-
der um pouco de cada cultura, viven-
ciando-a e mudando a minha abor-
dagem à medida que a minha expe-
riência imersiva se amplia”, teoriza.
“Vivi isso durante a série com os jo-
também dos problemas da atualidade frentam uma árdua luta pela demo- vens revolucionários iranianos, mui-
ao redor do mundo”, explica. cracia. São o segmento mais reativo tas vezes me senti parte deles, como
Como exemplo, cita a sua série da sociedade iraniana e representam se tivesse nascido lá”, explica.
Children of Islam (Filhos do Islã, em tra- uma ameaça crescente e de longo pra- O fotógrafo conta que também se
dução livre), em que documentou o ati- zo ao regime teocrático”, avalia. “Esse envolveu muito com o povo e a cul-
vismo revolucionário de jovens irania- foi, talvez, meu trabalho mais difícil, já tura rastafári quando clicou a série
nos de Teerã, no Irã, em 2015. “Eles en- que o ativismo deles é ilegal e a aproxi- Jah People (Povo de Jah) em Kings-

46 • Fotografe Melhor no 253


Jovens ativistas que lutam contra o regime teocrático de Teerã, no Irã, têm identidade protegida pelo fotógrafo

ton e arredores, na Jamaica. Segun- tuo com a crença e as práticas desse plica, acrescentando que precisa ser
do ele, o fato de já ter forte identifica- grupo. Nesse caso, o que me move é alguém que conheça bastante o uni-
ção com o reggae, a dub music e a fi- apenas a curiosidade”, esclarece. verso que ele deseja fotografar e que,
losofia rasta ajudou muito a fazer os O trabalho sempre começa bem além disso, fale inglês. O trabalho é
contatos certos. “Há uma grande di- antes da viagem, com muita pesqui- difícil porque o fotógrafo está sem-
ferença entre aqueles que simples- sa. “Passo muito tempo procurando pre em busca de grupos ou situações
mente têm dreadlocks e os reais se- quem contatar em cada lugar”, ex- que não fazem parte do cotidiano da
guidores de Haile Selassie”, explica,
referindo-se ao controverso impera-
dor etíope considerado a reencarna-
ção de Jah (Deus) pelos seus segui-
dores. “Os rastafáris de verdade não
bebem, não fumam, não comem car-
ne e podem até ser carecas”, pontua.
Tesinsky ressalta, no entanto, que
nem sempre tem essa identificação
com as cenas que documenta, citan-
do como exemplo o documentário
Satan with us (Satã entre nós), quan-
do acompanhou rituais de uma sei-
ta satânica em Praga. “Não compac-

Cena da Parada Gay de


Praga com muçulmanas
ao fundo: Tesinsky busca
sempre os contrastes

outubro 2017 • 47
oLHar gLoBaL

Sessão de exorcismo
em igreja ortodoxa
etíope, em Adis Abeba

maioria das pessoas comuns. “Mui- Before Night Falls (Antes que a noi- INÍCIO CONTURBADO
tas vezes, contato gente que simples- te caia), em Havana. “Ou então vou Tesinsky tinha 12 anos quando
mente não conhece o que eu quero atrás de algo que já está nas ruas, ganhou sua primeira câmera, uma
fotografar”, diz. Quando encontra o como favelas, prostitutas ou viciados, compacta de 6 megapixels. Mas, à
personagem certo, troca ideias on-li- e procuro contar a história daquelas época, estava muito mais interes-
ne, depois o encontra pessoalmente pessoas. Ainda assim é difícil, pois sado em praticar skate. “Só a usava
e acompanha seu dia a dia. Foi as- pode ser que não consiga identificar para zoar meus colegas de escola”,
sim com o transgênero Abi, na série uma narrativa se não souber nada brinca, acrescentando que demorou
sobre o universo que quero explorar.” alguns anos para encontrar um sen-
Como é fácil imaginar, Tesinsky tido mais nobre para a câmera, quan-
passa por alguns perrengues duran- do começou a estudar fotografia. No
te suas viagens. O maior deles foi na entanto, o encanto pela arte ainda te-
Etiópia, onde documentou sessões ria de esperar um pouco mais, já que
de exorcismo na igreja ortodoxa Ye- o então adolescente estava mais en-
ris Selassie, na periferia de Adis Abe- volvido com a música. “Participava de
ba, em 2014. Ele conta que multidões grupos de punk rock e só queria sa-
procuram o padre exorcista Memehir ber de tocar guitarra”, conta.
Girma Wendimu, que, aliás, cobra A fotografia entrou realmente
bem caro por cada sessão. “São pes- em sua vida aos 20 anos, depois que
soas em grande sofrimento”, compa- abandonou a graduação em Praga e
dece-se. Além das cenas fortes, qua- resolveu correr o mundo. Foi primei-
se perdeu tudo o que tinha. “Eu volta- ro aos Estados Unidos e, em seguida,
va uma noite de um bar acompanha- começou a viajar por países asiáticos,
do de meu contato na cidade quando produzindo várias séries de fotos no
surpreendemos um amigo, que es- Nepal, no Camboja, na Tailândia e no
tivera conosco havia pouco, mexen- Japão. “Fiz essas viagens com quase
do nas minhas malas depois de ter nenhum dinheiro, cheguei até a dor-
arrombado a porta e invadido a ca- mir em parques”, conta.
sa onde eu estava”, recorda-se. “Eles Hoje Tesinsky vive em Praga co-
brigaram de uma maneira muito vio- mo fotógrafo freelancer. Usa uma
O fotógrafo checo David Tesinsky: lenta, fiquei receoso. Felizmente tudo DSLR Canon 5D Mark III, equipada na
gosto pelos contrastes do cotidiano acabou bem”, alivia-se. maioria das vezes com uma lente 24-

48 • Fotografe Melhor no 253


Fotos: avid tesinsk

Americana chora na calçada em Praga ao saber da eleição de Trump e é consolada por amiga: busca por cenas da cidade

70 mm f/2.8. Também leva na bolsa de suas imagens preferidas foi obti- Tesinsky acredita no poder da fo-
uma grande angular. da assim, na saída de um bar em Pra- tografia de melhorar o mundo, e essa
Já publicou nos principais jor- ga, onde havia ido acompanhar a apu- é a sua grande motivação. Entre seus
nais e revistas do mundo, entre eles ração das eleições para a presidên- novos projetos, a visita ao Brasil es-
no norte-americano The Huffington cia dos Estados Unidos, em 2016, em tá nos planos, provavelmente já pa-
Post, no inglês Daily Mail, no francês busca de personagens e cenas. Pas- ra o final de 2017, embora ele ainda
Le Monde e no italiano La Repubblica, sou a noite toda lá até que Donald não tenha ideia do que pretende cli-
além das revistas Paris Match, fran- Trump fosse anunciado presidente e, car. Isso não chega a ser um proble-
cesa, e Reporter Magazine, da Repú- como nada aconteceu, resolveu ir em- ma. Considerando-se o perfil de Te-
blica Checa. bora. “A cena que eu queria estava do sinsky, certamente não faltarão te-
lado de fora: uma garota americana mas e personagens por aqui.
CENAS CHECAS chorava sentada na caçada, enquan-
Tesinsky também retratou mui- to sua amiga a consolava, dizendo que
Mais sobre David Tesinsky em:
to do seu próprio país. São inúmeras não havia problema. Agora ambas vi- www.tesinskyphoto.com
séries, que contam um pouco da vi- viam na República Checa”, conta. www.facebook.com/DavidTesinskyOfficial/
da exótica de seus personagens – al-
guns obscuros, como os seguidores
de Satã, outros curiosos, como uma
cena da Parada Gay de Praga, e tam-
bém cenas de muita sensibilidade,
como os belos retratos em P&B de
Kveta, de 107 anos, a mulher mais
velha da República Checa.
São de sua terra natal, aliás, su-
as fotografias preferidas. A eleita veio
de uma série de 2016 sobre a vida de
artistas do circo JoJoo. Ele capturou
o diretor, Jaromir, atravessando cal-
mamente uma rua na cidade de Hra-
dec Králové (a 100 km de Praga) le-
vando seu tigre Tajga pela coleira.
O fotógrafo revela sua predileção
por street photo e fotografia cândida
– aquela tirada de momento, sem o
conhecimento do fotografado. Outra Kveta, de 107 anos, a mulher mais velha da República Checa: sensibilidade

outubro 2017 • 49
FotograFia Criativa

Uma simbiose
fotográfica
P
Por Livia CapeLi

A fotógrafa egue muita tinta, alguns corpos nus e Claire tem como proposta integrar os
francesa Claire uma porção de terra ou areia… Acres- corpos e a natureza numa simbiose foto-
cente à receita luz natural e cenários gráfica. Ela escolhe paisagens de diver-
Jean mistura como lagos, bosques e campos quei- sas regiões brasileiras para mandar o seu
elementos da mados e terá uma fotografia de nu ar- recado à civilização atual: é preciso deixar
tístico que vai além do conceito de ilu-
natureza para minação e sombra elaborados dentro de es-
de viver um pouco menos no mundo tec-
nológico e artificial para lembrar que o ser
criar imagens de túdios fechados. É com todos esses ingre- humano vem da natureza. A irrequieta fo-
pessoas comuns dientes que a fotógrafa Claire Jean, francesa tógrafa contou para Fotografe como cria
que adotou o Brasil desde 1980 como pátria, seus ensaios a partir de elementos sim-
usando uma produz ensaios com corpos humanos como ples e naturais, e como funciona esse pro-
estética própria forma de expressão e crítica. cesso criativo. Acompanhe.

50 • Fotografe Melhor no 253


Pó à base de farinha
de arroz e corantes é o
novo experimento de
Claire Jean para criar
movimento nas fotos

claire ean

outubro 2017 • 51
FotograFia criatiVa

Fotos: claire ean


O objetivo da fotógrafa FOTOGRAFIA COMO TERAPIA em Patos, na Paraíba. Lá, fazia coisas co-
é criar imagens em mo transplantar embriões ou fabricar quei-
Formada em Bioquímica pela Univer-
que natureza e homem
se mesclam em uma sidade de Estrasburgo, na França, Claire jos. Foi nessa época que ela conviveu com
simbiose perfeita Jean, 62 anos, chegou ao Brasil na déca- pessoas bem diferentes das quais se rela-
da de 1980 para trabalhar em uma fazenda cionava na Europa e pôde aprender muitas
coisas sobre valores humanos.
A fotógrafa, mesmo atuando como bio-
química, sempre teve uma veia artística
aflorada. Costumava fazer arranjos de flo-
res, esculturas em cerâmica e pinturas em
seda. Entre um trabalho e outro na fazen-
da, onde permaneceu até 2001, decidiu rea-
lizar um curso por correspondência de Artes
Plásticas, na França. Foi nesse período tam-
bém que ela adotou a fotografia como hobby.
Porém, em 2008, Claire descobriu ter
câncer de mama. A partir daí, a fotogra-
fia para ela ganhou intensidade e impor-
tância na luta contra a doença e suas con-
sequências. “Eu necessitava de uma dis-
tração e descobri naquele momento que
minha paixão era fotografar corpos pinta-
dos”, lembra ela.
Após se separar do marido, Claire veio
morar em São Paulo (SP) para realizar o tra-
tamento. Durante a quimioterapia, ela se in-
teressou em participar de vários workshops

52 • Fotografe Melhor no 253


Normalmente os modelos fotografados por Claire são pessoas comuns,
de fotografia, o que a ajudou bastante a que se oferecem para posar e chegam até ela por meio de redes sociais
esquecer o tratamento.
Claire conta que fazia experimen-
tos e fotografava muita coisa abstrata
na época, buscando sempre um estilo
próprio. Porém existia mais pesquisa
do que prática, pois nessa fase não po-
dia viajar para fotografar na natureza.
Somente em 2009, liberada do
hospital para continuar o tratamen-
to em casa apenas com medicação,
Claire começou a praticar com cor-
pos pintados. No início, ela fotografa-
va a si mesma, desnuda, sempre ao
ar livre, em meio à natureza e em lo-
cais inexplorados. Depois passou a
ter os próprios modelos.

MODELOS POR UM DIA


Apesar de envolver nu artístico,
Claire Jean não encontra dificulda-
des em arranjar modelos para seu
trabalho. “Registro qualquer pessoa

outubro 2017 • 53
FotograFia criatiVa

Fotos: claire ean


A fotógrafa já viajou para diversas lista de locações que já usou, estão Claire viaja e fotografa com poucos
regiões do Brasil em busca de locações locais como Ilha de Marajó, no Pa- recursos, porém, nem por isso com
selvagens ou ameaçadas pelo homem rá; Lençóis Maranhenses, no Mara- menos qualidade.
nhão; Parque Nacional do Catimbau, O projeto de Claire Jean é deno-
que deseje ser fotografada. São to- em Pernambuco; Chapada Diaman- minado Simbiose – Homem/Natureza,
dos voluntários. Muita gente prati- tina, na Bahia; Chapada dos Veadei- pois engloba um conjunto de imagens
cante de naturismo não são mode- ros, em Goiás; Paraty, no Rio de Ja- em que o corpo humano é o principal
los profissionais, e sim pessoas co- neiro; além de locações em Alagoas, meio para fazer uma crítica à socieda-
muns. E não interessa se são gor- Paraíba e Ceará. de. O objetivo é ter sempre corpos se
dos, magros, crianças, jovens ou ve- “Gosto de seguir os sinais e mi- misturando com a natureza, enraizan-
lhos. Os modelos ‘caem do céu’, se nha intuição. Uma vez perdida com do-se com a terra, mesclando-se com
identificam com o meu ensaio e pe- uma modelo na mata da Chapa- árvores e pedras; misturando-se com
dem para serem registrados. Mui- da dos Veadeiros, sem saber o ca- areia e água; sempre pintados para
tos contatos vêm das redes sociais, minho, segui um casal de araras, entrelaçar a nudez com o cenário.
apesar da minha página do Face- que me mostrou a direção. Aquilo foi A iluminação natural é outro pon-
book já ter sofrido censuras algu- mágico, pois chegamos a um lugar to fundamental no trabalho da fotó-
mas vezes”, explica ela. extraordinário”, lembra ela, que diz grafa. Ela costuma desbravar os ce-
A fotógrafa conta que combina o procurar sempre locais devastados nários ao nascer ou pôr do sol. A luz,
projeto com os interessados e viaja ou mais selvagens para expressar a que ela chama de mágica, às ve-
para registrá-los. As ideias acabam preocupação com o planeta. zes é rebatida ou difundida com um
vindo em função das características Como não se sustenta financei- simples rebatedor. Quando tem um
das pessoas, bem como dos luga- ramente com a fotografia (ativida- acompanhante do modelo (e rara-
res que escolhe para fotografar. Na de tida por ela apenas como hobby), mente tem), o faz de assistente.

54 • Fotografe Melhor no 253


Na maioria das vezes, a fotógrafa cria os ensaios em função da personalidade dos modelos, todos voluntários; entre eles há atores ou
praticantes de naturismo; e a grande maioria tem um objetivo em comum que é a conscientização ecológica e a preservação da natureza

outubro 2017 • 55
FotograFia criatiVa

Acima, imagem que alerta contra a destruição da natureza; abaixo, a própria Claire Jean pinta uma modelo com tintura natural

BODY PAINTING
O trabalho de pintura corporal (ou
body painting, no termo em inglês e
como Claire gosta de usar) é o prin-
cipal elemento para compor os en-
saios. Ela lembra que a pintura cor-
poral é ancestral, está presente em
diversas culturas. No Brasil, vem dos
indígenas que pintam os corpos com
tinturas extraídas de árvores e frutos.
“O processo de preparação de tintas
produzidas pelos índios consiste em
ralar frutas e semente e depois mis-
turá-las com outros pigmentos, co-
mo o jenipapo e o urucum, para di-
versificar as cores”, diz ela.
Além de se basear na técnica de
andr azevedo

pintura indígena, priorizando sem-


pre o uso de pigmentos naturais e
hipoalergênicos, a artista está em

56 • Fotografe Melhor no 253


Fotos: claire ean

constante pesquisa para aprimorar a téc- ra encontrar o lugar perfeito para reali- Argila, urucum, jenipapo
nica, importando para seus experimentos zar a sessão e do custo que envolve equi- e pigmentos naturais
também pigmentos da Alemanha e dos pamento, viagens e materiais, a paixão de importados são os
materiais usados por
Estados Unidos. “Gosto de testar pigmen- Claire Jean pela arte de fotografar trans- ela para fazer a
tos com base de urucum e jenipapo. Além parece nos registros em que ela expressa pintura corporal
disso, tenho utilizado um pó colorido, fei- críticas, sentimentos e alertas.
to de farinha de arroz e corantes naturais,
que é comestível. Uso o pó para criar mo-
vimento em algumas cenas em que o mo-
delo pode jogar para o alto. Aprecio mui-
to produzir texturas nos corpos e a argila
ajuda com esse efeito”, explica Claire, que
disse ter aprendido a técnica de body pain-
ting estudando e praticando sozinha por
meio de livros e tutoriais na internet.
Dependendo do trabalho pretendido, a
fotógrafa demora entre meia e uma hora
para fazer a pintura corporal nos modelos.
Além de ser um trabalho que exige habi-
lidade com pintura, ela tem diante de si o
desafio de pintar uma tela que se mexe e
não é plana. Já o material usado para apli-
car os pigmentos pode variar: pincéis, es-
ponjas e até as próprias mãos.
Qualquer que seja a técnica usada,
apesar dos calos nos pés por causa das
longas trilhas, das horas necessárias pa-

outubro 2017 • 57
TESTE
DSLR
Com o corpo bastante
leve, a T6 tem uma
empunhadura
confortável e controles
à mão do fotógrafo

hetti
go Meneg
Canon Rebel T6 Fotos: ie

Ma entra a BeM aceSS VeL


Por DIEGO MENEGHETTI

O
principal atrativo da EOS Rebel tratégia que a Canon adotou com a T6,
Montada no Brasil, T6 é o preço convidativo. Na lo- ao manter boa parte das especificações
a atual DSLR mais ja oficial da Canon, o kit com a da antecessora T5, de aprimorar alguns
acessível da Canon lente EF-S 18-55 mm f/3.5-5.6 aspectos e limitar certos recursos em
III sai por R$ 2,5 mil – no exte- favor do preço, mas sem prejudicar a ex-
tem sensor APS-C rior, esse valor cai para cerca periência oferecida ao fotógrafo.
de 18 MP, conexão de US$ 450. Montado em Manaus (AM), A Rebel T6 é equipada com um sen-
o modelo é uma das portas de entra- sor APS-C de 18 MP (de menor reso-
Wi-Fi embutida, grava da para o universo DSLR – categoria de lução do que o atual padrão da indús-
vídeos em full HD e câmera bem importante para os fabri- tria para a categoria, que é de 24 MP),
possibilita manuseio cantes, pois geralmente o fotógrafo ini- processador Digic 4+ (na Canon, a atu-
cia em modelos desse tipo e continua na al geração é a Digic 7), disparo contí-
bastante simples, marca quando deseja um equipamento nuo de 3 imagens por segundo e vi-
ideal para iniciantes mais avançado. Faz sentido, então, a es- sor de pentaespelho com cobertura de

58 • Fotografe Melhor no 253


135 mm iSo 00 1250s f 0
70 mm iSo 100 1 00s f 5

Ainda que o sistema de autofoco da T6 opere apenas com 9 pontos, é possível registrar flagras com boa qualidade

95% (ou seja, o que se vê no quadro é A ergonomia da reflex de en- fissionais – pelo preço da câmera, ain-
5% menos do que o sensor registra). trada da Canon é outro ponto forte. da não dá para exigir filmagem em 4K.
O sistema de foco automático tam- Muito leve e com boa pegada, é pos- Em relação à concorrência, a EOS
bém é restrito. Pelo visor, o autofoco sível fotografar com ela sem cansar, Rebel T6 leva vantagem. Ela é mais
usa apenas 9 pontos (sendo apenas ou até a energia acabar: a bateria acessível do que a Nikon D3400, por
o central do tipo cruzado) e o sensor LP-E10 rende cerca de 500 disparos exemplo, que é vendida por cerca de
não tem o sistema Dual Pixel CMOS com uma carga, bastante suficiente US$ 900 no mercado externo. Aliás,
AF, o que deixa o sistema de imagem para essa categoria de DSLR. quem planeja comprar a T6 no exte-
ao vivo um tanto obsoleto, inclusi- A Rebel T6 também oferece mo- rior, descartando a garantia da Canon
ve diante de outras DSLRs da Canon do de vídeo em full HD, com 30 ou 24 Brasil, deve ficar atento, pois em al-
mais antigas. Na prática, há ocasiões fps e compactação de imagem sufi- guns países o mesmo modelo leva o
em que o autofoco se perde e demo- ciente para vídeos caseiros e até pro- nome de EOS 1300D.
ra para achar o plano, principalmen-
te em cenas com baixa luminosidade.
Essas características, contudo,
não devem limitar o fotógrafo ini-
135 mm iSo 500 1200s em f 5

ciante, que é beneficiado por outras


especificações bem-vindas como a
sensibilidade ISO de até 6.400 (com
baixo nível de ruído digital e expan-
são até 12.800), conexão Wi-Fi em-
butida (com NFC) e monitor de 3 po-
legadas com definição de 920 mil
pontos (um dos principais avanços
em relação à Rebel T5, que tem te-
la de 460 mil pontos).
Vale dizer que um dos aspectos
que se esperava mais na Rebel T6
é justamente o monitor, que é fixo e
não é sensível ao toque, o que pode
reduzir um pouco o desejo de com-
pra no atual mercado. Sem ajustes, a T6 registra tons de amarelo e vermelho com mais saturação

outubro 2017 • 59
TESTE
DSLR
MODOS DE OPERAÇÃO
Junto aos modos convencionais
M, A, Tv e Av, há 6 opções de
cenas e 5 tipos de efeitos

BATERIA E CARTÃO
As entradas ficam
protegidas sob a
mesma tampa; a carga
da bateria suporta EMPUNHADURA
cerca de 500 disparos, Um dos destaques da T6 é
suficiente para essa sua ergonomia, que se beneficia
categoria de DSLR com a leveza do corpo

60 • Fotografe Melhor no 253


CONEXÕES LIMITADAS
Além de Wi-Fi embutida,
há conexões para controle
remoto, USB 2.0 e mini-HDMI

A posição dos botões e o desenho da tela


de disparo seguem o padrão espartano da
Canon, sem grandes novidades

Fotos: iego Meneghetti


O sensor da Rebel T6, de 18 MP, fica um
pouco aquém do padrão atual de 24 MP, mas
OBJETIVAS POSSÍVEIS oferece bom desempenho em ruído digital
A Rebel T6 é compatível
com todas as lentes para
DSLR da Canon

Telas do menu da Rebel T6: O ajuste de sensibilidade ISO O modo de medição não oferece
acima, tela inicial com os ajustes automático pode ser limitado para a opção pontual, como em outras
de qualidade de imagem manter o ruído digital baixo DSLRs de entrada concorrentes

outubro 2017 • 61
TESTE
DSLR
O protocolo NFC possibilita
conectar smartphones à câmera

Fotos: iego Meneghetti


apenas aproximando-os, sem
precisar de muitos ajustes

ESPECIFICAÇÕES
:: Sensor: APS-C (22,3 x 14,9 mm) de 18 MP
:: Resoluções: 5.184 x 3.456 px (18 MP),
3.456 x 2.304 px (8 MP), 2.592 x 1.728 px (4,4
MP), 1.920 x 1.280 px (2,5 MP) e 720 x 480 Já a conexão Wi-Fi
px (0,3 MP) possibilita carregar fotos
:: Monitor: fixo de 3 polegadas (0,9 MP) para serviços web, mas é
:: Visor: pentaespelho (cobertura 95%; preciso configurar antes
magnificação 0,8x) pelo software EOS Utility
:: Cartão de memória: SD/SDHC/SDXC
:: Objetiva: encaixe Canon EF-S/EF
:: Processador: Digic 4+
:: Arquivos: JPEG, RAW, JPEG + RAW
:: Perfis de cor: sRGB, Adobe RGB
:: Sensibilidade ISO: auto, 100 a 6.400
(expansão para 12.800)
:: Equilíbrio de branco: automático, luz do
dia, sombra, nublado, tungstênio, fluorescente,
flash ou personalizado
:: Velocidades: 1/4000s a 30s
:: Flash embutido: número-guia 9
:: Sincronismo de flash: 1/200s
:: Autofoco: 9 pontos
:: Medição de luz: matricial, parcial ou
ponderado ao centro
As funções sem fio incluem
:: Modos de exposição: automático (com e transferência de imagem
sem flash), criativo auto, manual, prioridade de
abertura, prioridade de velocidade, programa, entre câmeras e dispositivos
cenas (6 tipos) e efeitos (5 tipos)

Wi-Fi para todos


:: Disparos contínuos: 3 ims
:: Alimentação: bateria LP-E10 (500 disparos)

C
:: Conexões: USB 2.0, mini-HDMI, controle
remoto, Wi-Fi com NFC om o lançamento da Rebel T6, O sistema wireless da Canon se-
em março de 2016, toda a atual gue praticamente inalterado des-
:: Dimensões: 129 x 101 x 78 mm
linha de DSLR da Canon para mer- de seu lançamento, ainda tem pou-
:: Peso: 485 gramas cado doméstico e semiprofissional cas funcionalidades, mas é prático
VÍDEO passou a trazer conexão Wi-Fi incor- e estável. Seu uso mais frequente é
:: Resoluções: 1.920 x 1.080 px (full HD), porada – a antecessora Rebel T5 e a conectar dispositivos como smart-
1.280 x 720 px (HD), 640 x 480 px (VGA) topo de linha 1D X Mark II não têm phone ou tablet e usá-los como con-
:: Taxa de quadros: 30 ou 24 fps (full HD), 60 o recurso. Por mais que isso pos- trole remoto da câmera. Nesse mo-
ou 30 fps (HD), 30 fps (VGA) sa parecer pouca coisa diante de do, o dispositivo tem total controle
:: Compactação: normal ou leve um mercado cada vez mais conec- da exposição e a imagem ao vivo é
:: Microfone: estéreo tado, vale lembrar que o Wi-Fi ainda exibida na tela sem muito atraso. No
:: Arquivos: MP4, H.264 é ausente em algumas câmeras fo- caso da Rebel T6, o que pesa contra
PREÇO OFICIAL tográficas de outras marcas, como a esse uso é o sistema de autofoco, o
Nikon D3400, concorrente direta da qual não tem a tecnologia Dual Pi-
:: R$ 2,5 mil (kit com a lente 18-55 mm)
T6 e que tem apenas Bluetooth. xel CMOS AF e é um pouco vacilante.

62 • Fotografe Melhor no 253


De qualquer maneira, o uso do
smartphone como controle remo-
to abre diversas possibilidades, co- Qualidade da imagem
mo fotografar com a câmera posi-
cionada a distância, fazer registros
de grupos (com o fotógrafo na foto)
M esmo com o processador igic
que de gera o antiga o
ru do digital da rebel t se manteve
foi o esperado para essa categoria de
c mera com o má imo de 11 eV em
imagens registradas em raW e iSo
e até fotografar de maneira discre- bai o registrando desempenho me- 100 na avalia o da nitidez a lente
ta, sem empunhar a DSLR no ros- lhor do que a rebel t i ve a gráfico do kit 1 55 mm vers o iii confere
to. Pelo aplicativo da Canon só não ma das e plica es a menor bastante detalhe em grande angular
é possível ajustar o zoom da lente – contagem de fotodiodos no sensor at a abertura f em diafragmas
para isso, é preciso o adaptador PZ da t que geram apenas 1 MP a mais fechados e na posi o 55 mm
E-1, compatível ainda apenas com t i tem 2 MP o alcance din mico a nitidez se reduz significativamente
a lente EF-S 18-135 mm f/3.5-5.6 IS
NITIDEZ RELATIVA DE IMAGEM - MTF50 - MÁXIMO: 3.456 LW/PH (18 MP)
USM (para um zoom suave e motori-
zado) e com a câmera EOS 80D (pa-

ÓTIMA
83%
ABERTURA
ra, de fato, fazer zoom via aplicativo). MAIS NÍTIDA
O sistema Wi-Fi da T6 ainda
f/5.6
BOA
possibilita transferir imagens entre
câmeras e dispositivos, enviar fotos
em 18 mm
para impressoras via rede domés- MÉDIA
2.891 lw/ph
tica e carregar imagens para servi-
BAIXA

ços web, como o Facebook. Nesse ABERRAÇÃO CROMÁTICA


caso, porém, o uso é mais trabalho-
so do que se imagina: é preciso an- f/4 f/5.6 f/8 f/11 f/16 f/22
MÍNIMA

0,01 0,01
tes configurar o serviço pelo soft- DISTÂNCIA FOCAL ÁREA DA LENTE
ware EOS Utility (com a câmera li- 18 mm 35 mm 55 mm centro periferia
BAIXA

gada a um computador) e conectar 0,07

a T6 em uma rede Wi-Fi que tenha


MODERADA

acesso à internet. Para comparti-


OBJETIVA TESTADA
lhar fotos feitas com a T6, o cami- Canon EF-S 18-55 mm f/3.5-5.6 III
nho mais prático ainda é passar as
imagens para o smartphone e pu-

6%
Em relação ao colorchecker, a Rebel T6
blicá-las por lá. FIDELIDADE CROMÁTICA registrou tons de amarelo e vermelho
SATURAÇÃO MÉDIA DE com mais saturação do que o original

Avaliação final
ALCANCE DINÂMICO
O QUE SE DESTACA JPEG RAW
Preço acessível; conexão Wi-Fi com
NFC; facilidade de uso; corpo leve
11 EV 11

10,5
FOTO EM RAW,
PODIA SER MELHOR ISO 100
Monitor fixo e sem touchscreen; visor Quanto mais EV, mais
limitado (cobertura de 95%); resolução detalhes a imagem tem
de “apenas” 18 MP
SENSIBILIDADE ISO 100 200 400 800 1.600 3.200 6.400

ENGENHARIA E DESIGN Canon Rebel T6i Canon Rebel T6


12/15 RUÍDO DIGITAL
RECURSOS A partir daqui, as
20/25 ACEITÁVEL ATÉ fotos precisam de
redução de ruído
Errado!
ISO 3.200
DESEMPENHO
16/20
QUALIDADE DE IMAGEM
15/20 Quanto mais alta a curva,
CUSTO-BENEFÍCIO mais ruído há na imagem
17/20
METODOLOGIA DO TESTE: Fotografe usa o software Imatest em seus testes com câmeras e lentes. Confira os
TOTAL 80/100 parâmetros adotados nas avaliações em www.fotografemelhor.com.br/metodologiadostestes.

outubro 2017 • 63
EVENTO

Momento único: Márcio Scavone posa para um retrato dirigido por Luiz Garrido no palco do auditório do Senac de Santo Amaro

ViVência coM FotograFe teVe


aulas de mestres
A
Por SÉRGIO BRANCO
No evento de dois ideia de promover palestras de Santo Amaro, em São Paulo (SP).
dias no Senac-SP com performances ao vivo dos Em dois dias, nove grandes fotógra-
fotógrafos é sempre arriscada. fos dividiram com o público um pou-
Campus de Santo Mas como na vida correr riscos co do muito que sabem, e ninguém
Amaro, assinantes e faz parte da busca para fugir fez feio. Ao contrário, foram apresen-
do lugar-comum, o evento Vi- tações que prenderam a atenção do
convidados puderam vência com Fotografe apostou nesse público e provocaram perguntas du-
ver como alguns dos formato e, mesmo com um proble- rante e depois das atividades.
principais fotógrafos minha aqui e outro ali, foi um suces- Do lado de fora do confortável e
so entre os assinantes e convidados moderno auditório do Centro de Con-
do País trabalham em presentes no auditório do Centro de venções do Senac de Santo Amaro, o
performances no palco Convenções do Senac-SP Campus público pôde conferir uma exposição

66 • Fotografe Melhor no 253


Ao lado, o público
espera pela abertura do
auditório no primeiro
dia do Vivência com
Fotografe; abaixo,
alunas do Senac
conferem exposição
montada por Fotografe
no rol do centro de
Convenções (à esq.) e
Fotos: Mário Bock

participante testa uma


câmera no estande da
Sony, patrocinadora
do evento (à dir.)

Detalhe do público no primeiro dia do evento (à esq.), que foi apresentado por Sérgio Branco, diretor de redação (à dir.)

outubro 2017 • 67
EVENTO

Acima, Newton Medeiros mostra como a modelo deve posicionar as pernas e,


abaixo, uma das fotos que ele fez no palco; ao lado, o fotógrafo fala ao público
newton Medeiros

logo relaxou e mostrou ao público por


que é o consagrado autor da série Es-
túdio na Prática, com três volumes pu-
blicados pela Editora Europa.
Ele montou o cenário com um fun-
com fotos que estão no livro O Me- os equipamentos na prática. do branco e produziu um book ao vivo
lhor do Fotojornalismo Brasileiro/edi- Coube ao fotógrafo Newton Medei- com a modelo Ana Stella, que teve ca-
ção 2017 e conhecer câmeras e len- ros abrir o evento na sexta, dia 10 de se- belo e maquiagem cuidados por Rena-
tes da Sony, patrocinadora do even- tembro, pela manhã. Newton começou ta Rubiniak, a profissional contratada
to, que montou um pequeno estande um pouco nervoso, pois havia ficado para o evento. Newton teve como as-
e um miniestúdio com uma modelo preso no imprevisível trânsito paulista- sistentes duas alunas do curso de Ba-
para quem quisesse experimentar no, e chegou um pouco atrasado. Mas charelado em Fotografia do Senac, Lo-

68 • Fotografe Melhor no 253


Fotos: Mário Bock
Acima, Brasilio Wille durante o ensaio de sensualidade feito diante do público no
Senac Santo Amaro; abaixo, o fotógrafo na sua explanação sobre o que é sensual
la e Danielle, que puderam ajudá-lo a
preparar o esquema de luz. O fotógra- Brasilio Wille

fo mostrou ainda como é feita a direção


de um book de modelo e ensinou al-
guns truques, como usar folhas de fór-
mica branca e preta como base de fun-
do para um efeito especial.

SENSUALIDADE
A segunda apresentação na sex-
ta foi do curitibano Brasilio Wille, um
mestre no trato da luz. Primeiro, Bra-
silio deu uma pequena aula sobre o
que é uma imagem de sensualidade.
Depois, foi para a prática com a ajuda
da modelo Victória Ocampo e de um
assistente para lá de especial, Alexan-
dre Keese, um dos especialistas em
Photoshop mais renomados do Brasil.
Além de Keese, amigo pessoal
de Brasilio, o fotógrafo contou com ples tecido vermelho pode fazer a di-
a ajuda de Sérgio e Letícia, alunos ferença num ensaio sensual e, como
do Senac. E deu um show: mostrou Newton, também respondeu a várias
os efeitos de luz e sombra que o es- dúvidas durante e depois da sua per-
quema que montou proporcionava, formance, muito elogiada pelos assi-
fez um fundo preto virar fundo bran- nantes e convidados presentes.
co apenas com o posicionamento dos
flashes e produziu fotos sensuais SANDUBA CAPRICHADO
com a mignon Victória, de 1,50 metro, Ainda bem que a apresentação do
fazendo-a parecer, como ele mesmo fotógrafo de publicidade Richard Che- Uma das fotos feitas por Brasilio: placa
frisou: “um mulherão”. les foi logo depois da parada para o de foam board serviu de “ventilador”
Mostrou ainda como um sim- almoço, na sexta. Mesmo com todo para levantar o cabelo da modelo

outubro 2017 • 69
EVENTO

Richard Cheles e o set montado para a foto publicitária do sanduíche e o resultado final (à dir.) depois da pós-produção

Lidi Lopez

Lidi Lopez (abaixo) montou um cenário no palco e convidou gente da plateia (à esq.) para fotografar a produção

mundo de barriga cheia, o sanduíche água com glicerina para fazer as go-
preparado pela produtora de culiná- tas respingadas no tomate do lanche.
ria Carmelita Toro para Cheles foto- Sem esconder nada, Cheles falou
grafar deu água na boca. Com ele, do trabalho de pós-produção pelo qual
o fotógrafo mostrou na prática uma toda foto de publicidade passa e deixou
das vertentes do seu trabalho, o seg- claro que é um segmento da fotografia
mento de alimentos e gastronomia. que o real é completamente ignorado.
Carmelita fez a produção ao vivo, en- Ele teve como assistentes os estudan-
quanto Cheles falava de sua trajetó- tes Gustavo e Genko.
ria na fotografia. Depois, o “sanduba”
Fotos: Mário Bock

foi para o set montado por Cheles e GESTANTE E FUMAÇA


o público pôde acompanhar no telão A elétrica fotógrafa Lidi Lopez, re-
do auditório o passo a passo da pro- presentante feminina neste Vivência
dução e alguns truques, como usar com Fotografe, foi a quarta atração

70 • Fotografe Melhor no 253


Agradecimentos: Samuel cirnansck pelo vestido e adriana Scarpelli pelos brincos e coroa de coque

Fotos: Mário Bock


Everton Rosa (abaixo, à dir.) falou sobre o segmento em que atua e fez um book de noiva no palco (à esq., um dos retratos)
everton rosa

da sexta. Depois de dar uma resumo que esse é um segmento de domínio so, a modelo Ana Stella, elegante-
de sua trajetória e de como adminis- feminino, só mulheres atenderam ao mente produzida para a sessão.
tra seus negócios, ela trouxe ao palco chamado dela. E adoraram. Everton, que, como Richard Che-
a gestante Sabrina Abrahão e mon- les, é embaixador da linha Sony Al-
tou dois cenários, bem ao seu estilo UM SHOW MAN pha no Brasil, contou com a ajuda
lúdico, com direito a uma porta, ba- O catarinense Everton Rosa não é dos estudantes Paloma e Pedro na
lões e máquina de fumaça. As alunas apenas um renomado profissional de sua performance fotográfica no palco
do Senac Daniele e Heloísa foram as casamentos e eventos sociais. O fo- e foi bastante interpelado pelo públi-
assistentes, apesar de Lidi Lopez ter tógrafo é também um show man, que co durante a sua apresentação.
levado sua própria equipe. logo domina a plateia tal sua segu- Coube a ele encerrar o primei-
Lidi foi além de responder às per- rança ao falar do segmento em que ro dia do Vivência com Fotografe. E,
guntas durante a sua apresentação: atua. Primeiro, ele deu uma pequena mesmo depois de anunciado o fim da
chamou gente da plateia para subir ao aula de como um fotógrafo da área apresentação, foi cercado por parte do
palco e fotografar a grávida já com a deve gerenciar sua carreira. Depois, público e ficou um bom tempo escla-
produção montada. E, para confirmar fotografou uma noiva no palco, no ca- recendo dúvidas e dando informações.

outubro 2017 • 71
EVENTO

Marcos Hermes
Marcos Hermes (abaixo) convocou o público a fazer a luz da foto com celular (acima, o resultado) e clicou um baterista em ação

Fotos: Mário Bock


BARULHINHO BOM mes mostrava como se fotograva um sentado juntos. Bastante descontra-
O segundo dia do evento, no sába- músico. Seus assistentes foram as ídos, cada um mostrou um pouco de
do, dia 2 de setembro, não poderia co- alunas Bárbara e Jade. seus trabalhos. Depois, na parte práti-
meçar de melhor forma: o fotógrafo Na sua apresentação, o fotógra- ca, Garrido fez um retrato de Scavone
Marcos Hermes, especialista em fotos fo falou dos seus quase 30 anos de usando apenas a luz piloto de um flash
de músicos e shows, não só produziu carreira no segmento (começou bem e o próprio telão do auditório como fun-
imagens com o baterista Igor Willcox novo, aos 16 anos) e do livro que pre- do, o que projetou uma sombra muito
ao vivo como criou uma tremenda in- tende lançar, Brasileirô, com financia- interessante do retratado. Luiz Garrido
teratividade com o público ao ter uma mento pelo sistema de crowdfunding teve como assistentes os alunos do Se-
ideia: fazer uma foto com a iluminação (veja mais na pág. 9 desta edição). nac Alejandro e Giovana.
vinda apenas da lanterna de celulares. Por fim, eles convocaram uma
Muita gente aceitou a convocação DOIS EM UM pessoa da plateia para fazer um retrato
e mesmo aqueles que ficaram de fo- A segunda atração do sábado reu- de ambos. Era algo combinado. Quem
ra também puderam fotografar uma niu dois dos maiores retratistas brasi- subiu ao palco foi o jovem Lorenzo Sca-
cena surreal no palco. E, enquanto o leiros de todos os tempos, Luiz Garrido vone, filho de Márcio, que registrou os
excelente baterista Willcox manda- e Márcio Scavone, num encontro iné- dois grandes retratistas num momen-
va ver com as baquetas, Marcos Her- dito, pois eles nunca tinham se apre- to único da fotografia brasileira.

72 • Fotografe Melhor no 253


Acima, Scavone e Garrido no
palco durante a apresentação;
à esq., o retrato em P&B de
Scavone feito por Garrido;

Luiz garrido
à dir., Luciano Candisani,
a quem coube encerrar o
evento Vivência com Fotografe

Candisani no palco acertando


o alinhamento dos sensores
que disparam os flashes
na armadilha fotográfica e,
mais abaixo, engatinhando
como uma onça para testar o
sistema diante do público
OLHA A ONÇA!
O encerramento no sábado ficou
a cargo de Luciano Candisani, hoje
um dos maiores fotógrafos do mun-
do quando se trata de natureza e vi-
da selvagem. Ele mostrou ao públi-
co como se monta e como funcio-
na uma armadilha fotográfica, espé-
cie de estúdio com disparo automático
de flashes que é armado na mata para
documentar animais de difícil aproxi-
mação, caso da onça-parda e outros.
Coube ao assistente Felipe, aluno
do Senac, fazer o papel de onça pa-
ra o acerto do sensor infravermelho,
dos flashes e do foco da câmera. Livia
foi a outra aluna-assistente no palco.
Depois, Felipe e o próprio Can-
disani andaram de quatro pelo pal-
co para mostrar como a engenhoca
funcionava na prática, o que arrancou
gargalhadas do público.
Candisani também respondeu a
muitas perguntas no final e só foi in-
terrompido porque era necessário
encerrar o evento. Quem foi adorou.
Quem não foi perdeu muita coisa le-
gal. Mas ano que vem tem mais.

outubro 2017 • 73
LIÇÃO DE CASA
temas ilustrados pelo leitor

Maurício Gomes de Oliveira


O leitor Maurício Gomes de Oliveira, do Guarujá (SP), conseguiu uma imagem bastante gráfica com a criança brincando

COMO FAZER BOAS FOTOS COM


ponto de vista de cima POR LAURENT GUERINAUD

O
Uma cena iniciante em fotografia nem que o observador pode esperar da cena,
pode mudar sempre tem o reflexo de pro- já que ele enxergaria a mesma coisa se
completamente curar o ponto de vista mais
adequado à cena que preten-
estivesse no mesmo lugar. Contudo, em
vários casos, outro ponto de vista pode-
quando se muda de registrar. Os mais dedica- ria render uma foto melhor.
o ponto de vista e dos até se mexem ao redor do O ângulo pelo qual será registrada a
tema ou dão alguns passo para o lado. cena influi sobre a maneira como o ob-
o ângulo. No caso Outros avançam ou recuam. Mas pou- servador irá interpretá-la. Costuma-se
de fotos de cima cos pensam em procurar um ponto de associar a altura a poder e superiorida-
para baixo, em vista mais alto – a não ser para “enxer-
gar” por cima de algum elemento que
de. Aliás, os adjetivos superior e inferior
são usados tanto para descrever uma
mergulho, há muito esconde a cena. posição alta ou baixa quanto para rela-
o que explorar Assim, a maioria das fotos é feita na ções de poder. Em geral, o alto tem co-
altura dos olhos de uma pessoa em pé. notação positiva enquanto o que está
criativamente. Na maior parte dos casos, o resultado embaixo é associado ao negativo: paraí-
Acompanhe fica bom, neutro, em adequação com o so no céu, inferno debaixo da terra, cres-

74 • Fotografe Melhor no 253


Jorge Diehl

cer x cair, estar no topo e estar abaixo de al- lizado para criar um envolvimento maior Acima, foto de Jorge Diehl
guém na hierarquia, e por aí em diante. com o observador, passar sentimentos de feita durante a festa do
Toda essa bagagem cultural atua proximidade, intimidade ou ainda de amor Divino em Pirenópolis (GO);
abaixo, Fernando Monteiro
também na fotografia. Assim, um ponto e sensualidade. É muito utilizado em fotos clicou o homem do topo da
de vista de cima para fotografar um tema sensuais, por exemplo, já que cria uma re- escadaria da Catedral da
introduz uma dimensão subjetiva à ima- lação entre a modelo e o observador, que Sé, em São Paulo (SP)
gem, traduz o conceito, a apreciação do
fotógrafo sobre o tema. Por isso, o pon-
to de vista precisa ser determinado com
cuidado e, sobretudo, com consciência do
impacto que provocará na imagem e no
observador.

POR QUE DE CIMA?


Quando o fotógrafo se posiciona aci-
ma do tema, a relação é de superiorida-
de dele e do observador. Assim, em função
das circunstâncias, uma foto com ângulo
em mergulho (de cima para baixo) passa
a sensação de um tema submetido, domi-
nado, desprezado ou simplesmente fraco.
É um ponto de vista interessante para res-
saltar o sofrimento, a opressão da pessoa
Fernando Monteiro

retratada ou o cansaço de um trabalhador


manual curvado sob o peso do labor.
Sem chegar a esses extremos, o ângu-
lo em mergulho pode igualmente ser uti-

Outubro 2017 • 75
LIÇÃO DE CASA

João Bispo Aragão


O leitor João Bispo Aragão fez a foto do alto do Morro da Urca em dia de nuvens densas que cobrem o Rio de Janeiro (RJ)

resulta em imagens muito impac- ração; ou seja, ficar em pé, fotogra- missão... Em alguns casos, é real-
tantes e intimistas. fando o que é menor que ele de ci- mente o que o fotógrafo quer pas-
Outra situação muito frequen- ma para baixo. sar: uma criança realmente frágil e
te de fotografia de cima, ainda que Embora seja natural para um dependente do adulto. Porém, ca-
geralmente não proposital, é o re- adulto olhar a criança ou o pet de so o objetivo seja valorizar a bele-
trato de criança ou animais de es- cima para baixo, o ângulo em mer- za, a felicidade do ser retratado ou
timação. A tendência natural do fo- gulho é imediatamente perceptí- criar uma cumplicidade com ele, o
tógrafo amador adulto é fazer foto vel e traz as sensações anterior- ângulo em mergulho não é adequa-
do que ele vê, sem outra conside- mente descritas de fraqueza, sub- do. Nesse caso, é recomendável se
abaixar ao nível do tema.

ÂNGULO E PERSPECTIVA
Na fotografia, o ponto de vista
se traduz pelo ângulo de registro
da cena fotografada. E, para o fotó-
grafo bem informado, ângulo me-
xe com perspectiva. É pelo efeito da
perspectiva que o observador per-
cebe o ângulo no plano em duas di-
mensões da fotografia.
A perspectiva pode ser aborda-
da de duas formas: a convergência
das linhas e a diferença de tama-
nho entre os objetos mais próximos

O leitor José Ibelli enviou uma


José Ibelli

foto aérea feita na região de


Talkeetna, no Alasca (EUA)

76 • Fotografe Melhor no 253


O leitor Cristian Molina fez
a foto de um cachorro que
se refrescava em um rio
em Visconde de Mauá (RJ)

Cristian Guimarães Molina


e mais afastados. Na fotografia, ela
depende exclusivamente do ponto
de vista, que determina a distância
e a inclinação da câmera.
Tanto na fotografia quanto no
mundo real, os objetos mais pró-
ximos parecem maiores do que os
mais afastados. Por isso, fotogra-
far um tema por cima altera os volu-
mes, já que a parte de cima está mais
perto da câmera que a parte de bai-
xo: para uma pessoa, por exemplo, a
cabeça, mais próxima, fica com uma
proporção maior do que o resto do
corpo, enquanto as pernas e os pés,
mais afastados, parecem menores.
Dessa forma, um assunto foto-
grafado de cima parece menor do
que ele realmente é. Além dos con-
ceitos culturais descritos, esse fa-
to também contribui para passar

Marco Perna
uma sensação maior de fraque-
za ou submissão do tema. E pode
até render imagens diferentes e in-
teressantes, transformando, por Acima, salão nobre do Fluminense FC em dia de baile, em foto de Marco Perna;
exemplo, um gigante em anão. abaixo, o ângulo permitiu que Francisco Palmieri clicasse a família na piscina
Quanto à convergência das li-
nhas pelo efeito da perspectiva, o
exemplo mais óbvio para explicá-lo
é imaginando uma estrada na for-
ma de duas linhas. Vista de longe,
as duas linhas vão se aproximan-
do uma da outra: elas convergem.
E, quanto mais perto do chão esti-
ver, maior a sensação de conver-
gência. Algo interessante é que isso
só vale se o fotógrafo estiver olhan-
do (apontando a câmera) em dire-
ção à linha de horizonte. Mas, se ele
olhar a estrada de cima para baixo,
Francisco Palmieri

com ângulo totalmente perpendi-


cular, as linhas permanecerão to-
talmente paralelas. Assim, o efeito
depende da inclinação da câmera
em relação ao plano do tema.
É importante ter isso em mente do de cima uma pessoa deitada, as Para quem quiser explorar efei-
porque o efeito produzido no obser- sensações de dominação/submis- tos desse tipo, um prédio alto, uma
vador muda totalmente. Apontando são, fraqueza etc. somem total- ponte, um viaduto, uma árvore, um
a câmera bem para o chão, sem ân- mente, deixando total espaço pa- muro etc. podem ser uma alterna-
gulo nenhum, no caso de fotografia ra a criatividade e originalidade do tiva. Subir num banco ou numa es-
aérea, por exemplo, ou fotografan- ponto de vista escolhido. cada já resolve para alguns temas.

Outubro 2017 • 77
LIÇÃO DE CASA

Ricardo Sanchez
De cima do Viaduto do Chá, o leitor Ricardo Sanchez enquadrou a cena no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo (SP)

Antigamente, para um ponto de vis- Outro parâmetro determinante sa forma, o importante é entender
ta de cima mais radical, era preci- para o efeito da perspectiva é a dis- bem como o ponto de vista impacta
so estar em um avião ou helicóp- tância entre a câmera e a cena foto- a imagem e ajustar o efeito deseja-
tero. Hoje, com a câmera no dro- grafada: quanto mais perto, maior o do por meio do próprio ângulo e da
ne, é possível captar imagens incrí- efeito. Assim, combinando proximi- distância entre a câmera e o tema.
veis. Para tais fotos, a procura de- dade e ângulo em forte mergulho, Na próxima edição de Fotogra-
ve ser por combinações harmonio- o fotógrafo pode conseguir ima- fe, o assunto continua, mas abor-
sas de formas, cores, linhas, textu- gens muito originais, até caricatu- dando o ponto de vista de baixo pa-
ras. Em muitos casos, o resultado rais. Por outro lado, ao se afastar, ra cima (contra-mergulho) e com-
são fotos mais abstratas, surpreen- as sensações subjetivas associa- plementando as informações so-
dentes e estéticas. das à imagem são mais sutis. Des- bre perspectiva.

De um viaduto em Espírito Santo


do Pinhal (SP), o leitor Carlos
Aliperti registrou um trabalhador
voltando para casa de bicicleta

Mande sua foto para a


seção Lição de Casa
O tema para a próxima edição,
a 254, é fotos com o ponto de vista de
baixo. Caso você tenha uma foto
bacana sobre o tema, envie-a para a
redação da revista pelo e-mail
fotografe@europanet.com.br
até o dia 6 de outubro de 2017 e
coloque no assunto “Lição de Casa”.
Cada leitor pode mandar apenas
uma foto. As imagens enviadas
serão avaliadas e poderão ser
usadas como exemplos no artigo
de Laurent Guerinaud. A ideia é
que o leitor ilustre as informações
Carlos Aliperti

passadas pelo especialista.


Apenas as fotos selecionadas pela
redação serão publicadas.

78 • Fotografe Melhor no 253


RAIO X POR LAURENT GUERINAUD
fotos de leitores comentadas

ANDERSON LINHARES,
Como participar Uberlândia (MG)

O objetivo desta seção é dar


ao leitor informações e dicas que
1 o tei a tante a foto
ena o elo u e o retu o
o lin o efeito a ontralu na
a atenção ara e lu lo e
tra er ai ina i o ena
ao e entrali ar a ação a tava
sirvam para um aprimoramento oeira ren era u a i age a ontar a era u ou o ai
do ato de fotografar. Ela é aber- arti ular ente atraente ara o la o e uer o
ta a qualquer tipo de fotógrafo: la ento o ele ento Equipamento: i on D5 o
amador, expert ou profissional. ertur a ore no fun o o arro o etiva fi he e i or 5
Antes de enviar suas fotos para e o a o e l ti o ue e via Exposição: f 2 32 e
análise, você precisa ler e aceitar
as regras a seguir:
• É importante ressaltar que um 1
comentário é necessariamente
subjetivo. Não é um julgamento,
mas apenas uma apreciação pes-
soal que, portanto, pode ser con-
testada e criticada. Já que o obje-
tivo de uma foto é agradar ao ob-
servador, qualquer crítica, mesmo
que formulada por uma só pes-
soa, aponta um elemento que po-
de ser melhorado ou ao menos
discutido. Assim, a crítica é sem-
pre de caráter construtivo.
• Quem envia as fotos para aná-
lise com a finalidade de comentá-
rios e dicas para melhorar a téc-
nica o faz sabendo disso.
• A publicação das fotos envia-
das não é garantida. As imagens
publicadas serão escolhidas pe-
lo mérito do comentário que per-
mitirem, não por sua qualidade.
Apenas uma foto de cada leitor
será comentada.
• Alguns comentários poderão ERIC ROCHA,
até parecer duros, porque o que
vai ser avaliado é a qualidade téc- Rio de Janeiro (RJ)
nica da imagem (enquadramento,
composição, foco, exposição...),
sem levar em conta o aspecto 2 o tei uito o retrato a iente
fi ou uito atraente le ran o
ore e lu e e atal não ei e
ara eli in la o i eal eria u ar u
fla h e reen hi ento e o vel
o re ate or
afetivo que pode ter para o au-
tor que registrou uma pessoa, um e e era e o o eu ro ito ue Equipamento: anon e el 2i
momento ou uma cena importan- vo não infor ou ni a r ti a a o o etiva ongnuo 5
te e emocionante da sua vida. o ra no ro to a riança Exposição: f e
Como enviar
Envie até três imagens em
formato JPEG e em arquivo de 2
até 3 MB cada um para o e-mail:
fotografe@europanet.com.br.
Escreva “Raio X” no assunto e in-
forme nome completo, cidade
onde mora e os dados da foto
(câmera, objetiva, abertura, ve-
locidade, ISO, filme, se for o ca-
so, e a ideia que quis transmitir).
É importante que os dados pedi-
dos sejam informados para aju-
dar na avaliação das fotos e na
elaboração dos textos que as
acompanham.

80 • Fotografe Melhor no 253


FRED NOGUEIRA, JOÃO BISPO ARAGÃO, RODRIGO ALVES DOUGLAS COSTA,
Rio de Janeiro (RJ) Rio de Janeiro (RJ) MESQUITA, Osasco (SP)
Rio de Janeiro (RJ)
3 Muito a ana a ua
foto o fe u a
a or age ou a a ao
4 o o ição uito
oa o o u o roveito o
a in linação ro o ital a 5 foto fi ou e
o o ta e vo ou e
6 u elo retrato e
o a iente foi uito e
a roveita o or u a ti a
ue

ortar o te a rin i al linha o hori onte ue riou a roveitar a ela ilu inação o o ição for ato
e er er a e n ia u a iagonal e in i a a ena n ontrei oi ai age geral ente
a ena in iran o o no fun o la ialoga o etalhe ue o ia ren er não re o en vel ara
o erva or o u a a for a a vela o ara u re ulta o ain a ai retrato a a ui e u tifi a
i age uito e t ti a ue a no anto inferior agra vel ri eiro eria lena ente ela at o fera
e e lo e foto e uer o er onage orrigir a leve in linação a ue ele onfere foto
original e ue i a rin i al e t uito e linha o hori onte outro Minha ni a r ti a o
ara n o i iona o e u onto e e ora u etivo on i tiria olhar ara ai o a
Equipamento: i on ouro eguin o a regra o e realçar a ore uente o elo ão ver o olho
D3 o o etiva terço Meu ni o o ent rio a ena o o eria ter a e oa retrata a
ig a 5 5 e refere e o ição o te a i o feito a li an o na in o o a o o erva or
Exposição: f 3 32 o ara ue i ta fi ou u era ou na ro ução Equipamento: i on
e 2 ou o e uro ain a ai u a aturação aior a D32 o o etiva
ue e o re e a u a arte ore i eia eria ogar i or 5
igual ente e ura o fun o o o e uil rio e ran o Exposição: f 5
Equipamento: anon D u an o ai ara o e
o o etiva anon a arelo e o agenta
Exposição: f Equipamento: anon
e D o o etiva
anon 35
Exposição: f 3 5 5
e
3
4

5
6

utu ro 2 • 81
RAIO X
ROGERIO SANCHES REGINALDO LEANDRO CAMPOS, REGINALDO BUENO,
OLIVEIRA, MESSIAS ROSA, Salvador (BA) S. Bernardo do Campo (SP)
Osasco (SP) Belo Horizonte (MG)

7 retrato e t e
reali a o o tei a 8 o tei o retrato alve
oi etalhe u e e
9 ngulo e ergulho e
i a ara ai o re alta
e a o ição e u i ão
10 o e reveu ue a foto
fi ou u tanto va ia e
u atrativo ara o o erva or
leve in linação a a eça er elhora o en o uito na ual e olo a o retrata o ver a e Ma a ui o a el
ue trou e u ina i o erfe ioni ta ri eiro Doi etalhe e relação ao ran o no ri eiro lano ue
e tra ontu o a a age o onto lu ino o o fla h no ue vo e reveu ha ara a ta o olhar o ina o o
ara o o eria er olho ue ha a a tante a atenção o infor a ue e a forte atração a er e tiva
elhora a ara ei ar a atenção egun o ue trata o regi tro e u a eça ei ou a foto intere ante
a ele u ou o eno o retrato are e leve ente e teatro e ue o er onage ni a r ti a ue u ta ente
lu ino a o te tura e uro a ona lara u e ravo fugi o ue foi e e ele ento e e ta ue
e a foto original foi feita a ele o eria fi ar u a tura o ão o ue o fi ou u ere o to e toura o
e or ain a ai e ou o ai lara e o eria o erva or er e e na foto e o o foi feito o fil e talve
ro ure e er na haver u ou o ai e e a infor ação a i ila e ao u o la orat rio on iga
a a a e ore e no etalhe no a elo or retrato e u en igo or ue re u erar ai etalhe no
e uil rio e ran o ara a u tar erfeita ente a ele are e ter u a oe a na ran o o ontr rio o igital
ara ver a iferença no lu ino i a e re i o u ão ue ali infeli ente foi fil e a re enta u a elhor
re ulta o e onitor i e avel ente orta a no en ua ra ento o efinição na alta lu e
Equipamento: anon ali ra o e e intonia evo a ain a etalhe e a te tura er en o ai fa il ente o
e el i o o etiva o o la orat rio ue fo e o ro to inta o o u a etalhe na ona e ura
anon 5 i ri ir a foto i tura e arvão o o e leo o vel ta e anear
Exposição: f 2 5 32 Equipamento: i on ontu o la entavel ente o negativo e tra alhar o etalhe
e D3 o o etiva evi o a age ara na ro ução
i or 55 não e er e e e e etalhe Equipamento: anon 3
Exposição: f 32 e e e a e li ação o o etiva anon 2
fla h ongnuo Equipamento: anon D Exposição: f e fil e
o ot n ia e e o o etiva 2 5 lfor Delta
u ini oft o Exposição: f e

7 8
10

82 • Fotografe Melhor no 253


LUAN ALMEIDA, ASLAN ALVES PAULO CÉSAR MARCIO CORDEIRO,
São Paulo (SP) CHAVES, MENON, Florianópolis (SC)
Rio de Janeiro (RJ) São Paulo (SP)
11 o
retrato fi ou
o
ilu inação orreta fun o 12 ora a ilu inação
ura in o o e eno 13 en rio valia o
li ue a u te e
14 e ti o e i age o e er
intere ante e ren er u a
foto ini ali ta eio a trata
e teti a ente e fo a o ne e ti o e retrato o ue e uil rio e ran o eu e agra vel ao olhar or
e atitu e agra vel a e retrato fe inino eli a o erto ta or or re i o ui ar e a a etalhe o
o elo orreta ente or e e lo ela er ane e er e e ura a arte uita e i ação l e re tar
o i iona a o la o o o to eno in i a a o ue u a e ai o fi ou e a ia a uita atenção for a o galho
ao olhar ela ontu o lu uave ufi iente ente i eal teria i o a ontar o ição a a a aiore
a e ar o e fo ue ontra ta a ara re altar a era ai ara i a a folha ara eter inar ue
a are e u a linha ue o relevo l i oh Ma ain a ara re ortar ele ento e linha e e ta a
e via a atenção no tr onto e elhoria a i age e for ato e o i ion lo no lugar erto
fun o altura a o a a ri eiro o e aço e i a anor i o onfor e i re in vel guiar o olhar o
o elo l i o ue fi ou e a ia o uan o o ugeri o l i o o erva or ui vo ou e utili ar
o fun o e t e fo a o te a e t orta o e ai o ara ai ina i o e a regra o terço Dei ou a rvore
o en ua ra ento re o en vel ei ar o har onia o re o en a o o u ar ai ou eno u terço
ai age hori ontal ue enor e aço o vel e eria o i ionar na arte o ua ro or o re o en a o
ai i ort n ia ao i a egun o o a o lateral o r io ue ai eria inverter a ro orç e
a iente não era o ai el tri o no fun o e via e e ta a a ui o entro reen hen o 2 3 o ua ro o
re o en vel e a o orte a atenção e ora não a foto eguin o a regra a rvore artir a ain a eria
ugeri o ara ar ai in o o e tanto geral ente o terço re i o guiar o olhar o o erva or
i a to ao retrato a on elh vel ei ar o aior Equipamento: smartphone o a i o ição o galho
Equipamento: anon e aço o la o ara o ual o a ung ala ge Equipamento: anon e el
e el 5i o o elo e t olhan o Exposição: total ente 5i o o etiva anon 55
o etiva anon 5 Equipamento: anon auto ti a Exposição: f 5 2 e
Exposição: f 3 2 e el 5 o o etiva
e anon 5
Exposição: f
e
32 12

11

13 14

utu ro 2 • 83
RAIO X

CELSO GALLEGO, MARILDA MARCOS MAGALHÃES, MATEUS SOUZA SILVA,


Ribeirão Preto (SP) CREMASCO, Mogi das Cruzes (SP) Uberlândia (MG)
São Paulo (SP)
15 a tante e aço
in til na foto
a iente não uito 16 o o ição e a
niti e ão oa
17 foto ont
infor ação i o a
ei ou u
uita

ou o onfu a
18 linha u a o
atente frente o
te a e outra entre a ona
agra vel e eção a rin i al onto ara ngulo e i a ara ai o ran a e e ura no fun o
gua no ri eiro lano elhorar a e o ição eria o a e ua o ara rin ar in o o a a tante
l i o a lanta no fot etro a era o a ore e for a Ma n uanto o en ua ra ento
fun o ni o ele ento e e a lu refleti a na ne e intuito eria re i o ugeri o teria er iti o
olori o or e ena e a u ta a e o ição en ontrar u a har onia e livrar a ri eira era
graça e via a atenção on i eran o u a elhor entre o ele ento re i o e e er u ou o
or e e otivo ugiro lu ino i a e ia u ar a regra o terço riar u ou oi a o e u
u en ua ra ento no garça ran a e o u linha a r e ara guiar o la o ou outro ou e a ai ar
for ato retrato lu ino o ão ele ento olhar o o erva or a o o u ou o ai ara
Equipamento: on uito laro era te a fo e a flor ou a a elha evitar ue a egun a linha
l ha 3 o o etiva e ure eu a ena ara u onto e vi ta ai erto a are e e no fun o
on 5 e a ro i ar a ia o hão era e e vel a Equipamento: i on
Exposição: f 5 2 i a teria i o orrigir u en ua ra ento ai ool i 33 o o etiva
e a e o ição e ai ou fe ha o ain a ai no a o e uivalente a 2 2
eno u ou oi onto a a elha er itiria eli inar Exposição: f 3
D ara tentar elhorar ele ento in e e vei e e 2
na ro ução in luir outro ue valori a e
Equipamento: anon elhor o a unto
D o o etiva Equipamento: i on D3
anon 3 o o etiva i or 5
Exposição: f 2 25 Exposição: f 3
e e

16

15
17 18

ão en ontrou a revi ta Fotografe Melhor na an a Fale ireto


o a itora uro a frete o e e lar gr ti ara to o o ra il
84 • Fotografe Melhor n 253
o
FILMMAKER
Fotos: uilher e Mota

Pequeno, o Stark
lembra um brinquedo,
mas tem muitos
recursos avançados

SPARK
PEQUENO E SURPREENDENTE
Apesar do tamanho e de parecer um brinquedo, o novo drone da DJI
esconde muito mais do que aparenta e promete ser o início de uma
revolução no modo de operar e pensar o uso desse aparelho. Confira

POR GUILHERME MOTA

E
le é pequeno, tem jeito, Enquanto a primeira catego- tegorias que o Spark pretende se
cores e dimensões de um ria é formada em grande parte por posicionar. Para isso, alia tecno-
brinquedo e uma simplici- aparelhos relativamente baratos e logia de ponta com praticidade e
dade em linhas gerais que com poucos recursos (custam ge- facilidade de operação. Novida-
torna fácil subestimá-lo. O Spark, ralmente entre R$ 300 e R$ 1.500), de na linha de produtos da DJI,
novo drone da DJI, chega ao merca- a segunda é composta por equipa- que fabrica o Mavic, lançado ape-
do com uma missão bem específi- mentos nada práticos, difíceis de nas oito meses antes, o Spark real-
ca: ocupar o espaço ainda vago en- operar e muito caros para a imen- mente parece um brinquedo. Mas
tre os drones de uso puramente re- sa maioria do público – com pre- não se engane: o pequeno drone
creativo e os profissionais, utiliza- ços que partem dos R$ 5 mil. É jus- tem muito mais a oferecer do que
dos para funções mais complexas. tamente nessa divisão entre as ca- se imagina à primeira vista.

86 • Fotografe Melhor no 253


Bem fácil de operar,
o drone pesa apenas
300g e levanta voo
da mão do piloto

Com apenas 300g e 14 cm de cartões de memória


envergadura, o corpo do drone é MicroSD de até 64
bastante robusto para suas dimen- GB e o slot de USB.
sões, especialmente pela estrutura
moldada em uma peça única que OPERAÇÃO
Divulgação

compõe corpo e braços das hé- O que mais impressio-


lices. O design é atraente e bas- na no Spark não são as di-
tante simplificado: além dos qua- mensões, mas a facilida-
tro rotores, o corpo tem apenas de de uso, com operação
um gimball estabilizado eletroni- extremamente simplificada. Ele
camente, que carrega uma câme- foi projetado para ser transpor- mensões do aparelho. Ele é capaz
ra capaz de fotografar e filmar em tado inteiramente montado, com de resistir a uma brisa moderada e
full HD. Há também um conjunto hélices e baterias prontas para o ainda manter uma imagem com-
de sensores frontais, laterais e in- voo. Basta ligar o drone e ele sai pletamente estabilizada. A velo-
feriores responsáveis por manter voando, sem precisar gastar tem- cidade de voo, entretanto, é rela-
o drone longe de colisões aciden- po preparando a decolagem. tivamente baixa quando opera-
tais. A traseira conta apenas com O voo em si é bastante está- do com os sensores de obstácu-
uma aba, que cobre acesso para vel, considerando as pequenas di- los ativados. O Spark precisa estar

utu ro 2 • 87
FILMMAKER / Equipamento
num máximo de 3 m/s (cerca de
11 km/h) para conseguir evitar co-
lisões – nesse modo, o drone iden-
tifica objetos a até 5 metros de dis-
tância para a frente, para baixo e
para os lados.
Já no modo Sport, que pode ser
acionado por um botão no contro-
le remoto, o Spark fica muito mais
esperto, com a câmera travada na
posição de FPV (visão em primei-
ra pessoa) para facilitar a visuali-
zação e as manobras. Nesse tipo
de operação, a velocidade máxima
sobe para até 50 km/h, o que agili-
za o voo de longas distâncias (para
filmagem e fotografia aéreas).
As baterias, inclusive, mostram
eficiência para seus 95g de peso
(um terço do peso total do con-
junto), oferecendo carga para 16
minutos de voo no máximo. Outra
vantagem: é possível recarregar o
Spark com apenas um cabo mi-
cro-USB, que permite plugar o
aparelho em um carregador de ce-
lular comum ou até mesmo em
um power bank, opção para uso
em lugares remotos, onde não há
energia elétrica. O tempo de car-
ga varia entre 52 e 85 minutos, de
acordo com o tipo de carregamen-
to (por cabo ou com carregador
Pequenas baterias
portátil) e com o número de bate-
recarregáveis fornecem uma rias carregadas simultaneamente
autonomia de 16 minutos de (quando é usado o carregador).
voo para o Spark; abaixo, o
controle remoto do drone
COMANDO POR GESTOS
A principal inovação do Spark,
no entanto, é a capacidade de co-
mandá-lo por meio de gestos ma-
nuais. O sistema reconhece auto-
maticamente a face do usuário e
isso permite lançá-lo ao ar da pal-
ma da mão. A partir daí, com al-
guns gestos, é possível fazê-lo se
afastar ou registrar fotos, colocá-
-lo para seguir automaticamente o
usuário, entre outras tarefas. Com
essa função, dá para ter o apare-
Fotos: uilher e Mota

lho voando em alguns segundos,


pronto para uso, sem precisar tirar
o celular ou o controle do bolso.
O retorno também é por ges-
tos, com o pouso novamente nas
mãos do usuário – o recurso é ex-

88 • Fotografe Melhor no 253


O Spark obedece a comandos por gestos: acima, o gesto equivale a pedir para ele fazer uma foto; abaixo, a mão espalmada controla
os movimentos laterais do drone e os braços abertos são entendidos como ordem de “siga-me” e, depois para retornar às mãos
i
Fotos: ale

tremamente útil para o Spark, ração, todos os comandos ficam o que inclui diversos “modos inte-
uma vez que o aparelho tem trens disponíveis na tela do celular. Já ligentes” de voo, como rotas pre-
de pouso muito curtos, dificultan- com o controle remoto as distân- determinadas, circular pontos de
do o pouso e a decolagem em ter- cias aumentam para até 2 km, e o interesse, seguir pessoas ou obje-
renos irregulares. Apesar de mui- smartphone continua a ser usado, tos, entre outros. Há ainda a fun-
to interessante, o sistema ainda acoplado ao controle como moni- ção QuickShot, que possibilita
precisa ser aperfeiçoado. Duran- tor da câmera e para acessar as con- criar vídeos de 10 segundos de du-
te os testes, foi constatado que é figurações do aplicativo de controle. ração automaticamente, prontos
comum o drone ficar “perdido” para serem compartilhados nas
quando os gestos são realizados CÂMERA redes sociais.
muito rapidamente. A operação é feita a partir do A qualidade de imagem é mui-
O Spark também pode ser con- DJI GO 4.0, mesmo aplicativo usa- to boa, especialmente para o ta-
trolado apenas pelo smartpho- do em outros drones da marca. manho do drone. O sensor CMOS
ne, via Wi-Fi, em distâncias de O Spark incorpora todas as ferra- de 1/2.3 de polegada da câmera é
até 50 metros de altura e 100 me- mentas de filmagem que o softwa- similar ao do drone Mavic, com 12
tros de distância. Nessa configu- re oferece para aparelhos maiores, megapixels de resolução. Um gim-

utu ro 2 • 89
FILMMAKER / Equipamento

Fotos: uilher e Mota


Por ser leve e pequeno, o Spark também pousa com facilidade na mão do operador (acima, o fotógrafo Tales Azzi, que testou o drone)

ball eletrônico mantém a imagem nes Tales Azzi para avaliar os prós com as margens de segurança que
estabilizada em dois eixos (rota- e os contras do modelo, e qual o algumas aplicações profissionais
ções frontal e lateral). A estabili- seu potencial para ser utilizado exigem, a começar pelo tempo de
zação de imagem no terceiro ei- em situações profissionais. “Pa- voo. “Pouco tempo equivale a um
xo é realizada exclusivamente via ra uso amador, ele tem tudo para raio menor de atuação e a maiores
software, bem como a diminuição desbancar o Mavic, por ser mais chances de perder uma tomada
do efeito rolling shutter, o que aju- barato e ter qualidade semelhante fundamental simplesmente por-
da a explicar a limitação de reso- de imagem”, avalia. “Mesmo sen- que o aparelho não terá condições
lução máxima de filmagem em full do pequeno, é robusto, portátil e de percorrer o trajeto desejado”,
HD (1.920 x 1.080p). cabe numa pochete, algo que con- explica Azzi.
ta muito para qualquer usuário”, O sensor de colisões é outro fa-
QUEM VAI USAR observa Azzi. tor limitante e precisa ser desati-
Vale a pena usar profissional- Para ele, diversos fatores pre- vado para uso com rapidez. “Se
mente o Spark? Com essa ques- cisam ser considerados, especial- você quiser uma foto mais alta
tão em mente, convidamos o jor- mente em limitações cruciais pa- ou mais distante, como a 100 me-
nalista, fotógrafo e piloto de dro- ra quem precisa de uso intenso e tros de altura ou a 800 metros de
distância, ele não chega”, indica.
“Também é bem mais suscetível
a ventos do que o Phantom, por
exemplo. Mas, quando está voan-
do, é bem estável e tem uma diri-
gibilidade boa, não fica oscilan-
do”, afirma o fotógrafo.
A operação rápida e o tama-
nho reduzido do drone são van-
tagens enormes, segundo Ta-
les Azzi: “É possível decolar para
voos rápidos e capturas dinâmi-
cas em muito pouco tempo”, ex-
plica. “Atualmente, além de mi-4

Foto feita com o Spark


durante o teste: a câmera
tem sensor de 12 MP e
faz filmes em full HD

90 • Fotografe Melhor no 253


Fotos: Divulgação FILMMAKER / Equipamento

O Spark pode ser usado em


conjunto com o DJI Goggles,
óculos de realidade virtual
que custa cerca de R$ 1.800

nha mochila de equipamentos Além dos quatro


rotores, o Spark
fotográficos, preciso levar ou- tem um gimball
tra mochila apenas para carregar de estabilização
meu Phantom. É horrível. Com eletrônica que
ele, não precisaria”, ressalta. Ou- abriga a câmera
tra grande vantagem, segundo
Azzi, é o uso do DJI Go, o mes- ações onde o tamanho e a discri- ainda ser usado em conjunto com
mo aplicativo dos outros drones, ção possam ser um diferencial, os DJI Goggles, óculos de realida-
que tem muitos recursos e confi- como em eventos sociais, ou ain- de virtual da marca, para uma ex-
gurações adicionais de voo. da para quem está com pouco es- periência mais imersiva de visua-
paço na mochila e precisa de uma lização e controle, a um custo de
DUPLA FUNÇÃO solução leve e descomplicada. cerca de R$ 1.800.
Com um conjunto singular de O pacote básico com o Spark Em relação à tecnologia, ainda
características, o Spark tem seu está à venda nas principais lojas há muito a percorrer antes de os
lugar garantido no mercado. Para de eletrônicos e custa cerca de R$ drones se tornarem equipamen-
amadores, trata-se de um drone 2.500, e inclui basicamente a ae- tos realmente inteligentes e de uso
descomplicado e extremamen- ronave, hélices e uma bateria. O massificado. Mas o Spark é certa-
te amigável em relação ao uso e pacote completo, vendido a par- mente um passo a mais, especial-
operação, com uma tecnologia tir de R$ 3.700, acrescenta case e mente pelas interfaces mais ami-
difícil de ser alcançada no mo- bolsa para transporte, uma bate- gáveis e a facilidade de operação.
mento por marcas concorrentes. ria adicional, base carregadora, Apenas o tempo, e a reação dos
Já os profissionais podem usá-lo dois pares adicionais de hélices e usuários, dirá se é um passo no ca-
como drone “reserva” e em situ- o controle remoto. O Spark pode minho certo ou não.

92 • Fotografe Melhor no 253


FIQUE POR DENTRO
exposições, concursos e cursos
Gilvan Barreto
clicou cenários
de violência do
regime militar;
abaixo, Oscar
Niemeyer em
longa exposição
pelas lentes de
Michael Wesely
Gilvan Barreto

sp

Michael Wesely e Gilvan Barreto


têm mostra simultânea em São Paulo
A
s séries Postcards from Brazil, de Gilvan marca registrada de Wesely. Suas imagens cap-
Barreto, uma espécie de atlas da vio- turam a passagem do tempo em paisagens urba-
lência nacional promovida pela ditadu- nas e rurais de localidades no Amazonas, no Piauí
ra, e Expedição, que reúne imagens de viagem e no Maranhão, registradas durante viagem que
ao Norte e Nordeste do País do alemão Michael ele empreendeu em 2013.
Wesely, estão em cartaz no espaço paulistano de
cultura Casa Nova. Exibida pela primeira vez em
Michael Wesely

São Paulo, as fotografias de Barreto são verda-


deiros mapas em paisagens que serviram de ce-
nário para tortura, assassinato e ocultação de
cadáveres promovidos pelo regime militar, e têm
como base o relatório da Comissão Nacional da
Verdade. Será exibido também o vídeo O Guarani,
de pouco mais de seis minutos, que, por meio da
desconstrução do clássico do compositor Carlos
Gomes, promove uma crítica à violência institu-
cional contra povos indígenas.
A mostra Expedição, por sua vez, reúne foto-
grafias feitas com câmera de longa exposição,

:: Data: até 13 de outubro de 2017


:: Local: Casa Nova Arte e Cultura
Contemporânea – Rua Chabad, 61 –
Jardim Paulista, São Paulo
:: Informações: (11) 2305-2427

94 • Fotografe Melhor no 253


O Sensei das Imagens Pequenas
A s pequenas fotografias do
japonês Masao Yamamoto
chegam a Curitiba (PR) pela pri-
a mostra integra cinco caixas-
-poema e dois livros-sanfona.
Uma característica de Ya-
meira vez. A mostra, que acon- mamoto é justamente o tama-
tece no Museu Oscar Niemeyer, nho reduzido de suas fotogra-
reúne três séries fotográficas fias, que cabem na palma da

Fotos: Masao Yamamoto


distintas: A Box of Ku, Nakazo- mão. Suas imagens transfor-
ra e Kawa=Flow, produzidas en- mam, com sensibilidade e cria-
tre 1989 e 2016. Além das ima- tividade, detalhes do cotidiano
gens, que estarão nas paredes, em poesias.

:: Data: até 22 de outubro de 2017


:: Local: Museu Oscar Niemeyer – Rua Marechal
Hermes, 999 – Curitiba, Paraná
PR :: Informações: (41) 3350-4400

SP INDIVIDUAL DE PAULO
MARCOS LIMA

:: Data: até 22 de
outubro de 2017
:: Local: Museu da
Imagem e do Som
Paulo Marcos Lima
Carlos Moreira

(MIS) – Av. Europa,


158 – Jardim Europa,
São Paulo (SP)
:: Informações:
ÁLBUM DE FAMÍLIA (11) 2117-4777

rj
E m mais uma edição do progra- de uma família de 11 membros do in-

A
ma Nova Fotografia, o Museu da terior do Estado de São Paulo que, em Galeria Oriente, no Rio de Ja-
Imagem e do Som (MIS) de São Paulo pleno século 21, vive em situação pre- neiro (RJ), apresenta a expo-
apresenta a exposição Álbum de Famí- cária e à margem do processo de ur- sição individual do fotógrafo Pau-
lia, do fotógrafo Lucas Rafael. O fotó- banização, privada de recursos públi- lo Marcos Lima, com a participa-
grafo acompanhou e retratou a rotina cos e tecnológicos. ção da artista visual Beatriz Car-
neiro. Na mostra, fotografias de
Lima, que desconstrói, por meio
GIGANTE DAS ÁGUAS de suas lentes, a memória do vivo
e do não vivo, dialogam com obras

A natureza e a inserção do ser hu- o maior peixe de escamas do mundo. de Carneiro, que combinam mate-
mano no meio ambiente, retra- A prática foi resgatada pelo Programa riais orgânicos, como galhos, e in-
tando riquezas naturais de diversos de Manejo de Pesca, do Instituto Ma- dustriais, como o ferro, para criar
biomas e povos tradicionais, são o fo- mirauá, referência internacional em fotogravuras e esculturas.
co do trabalho de André Dib. Na mos- desenvolvimento sustentável.
:: Data: até 28 de outubro
tra Gigante das Águas, :: Local: Galeria Oriente –
organizada pelo Se-
si Taubaté, o fotógrafo SP Rua do Russel, 300/401 – Glória,
Rio de Janeiro
traz a público imagens :: Informações: (21) 3495-3800
André Dib

de costumes e tradi-
ções das populações
ribeirinhas do Rio So- :: Data: até 30 de outubro de 2017
limões, no Estado do :: Local: Sesi Taubaté – Rua Voluntário
Amazonas, entre elas Benedito Sérgio, 710 – Estiva, Taubaté
a pesca do pirarucu, :: Informações: (12) 2125-4770

Outubro 2017 • 95
FIQUE POR DENTRO
concurso mundial de Fotojornalismo abre inscrições
Está previsto para o dia 12 de novembro de 2017 o Atlan- para séries de 12 fotos no máximo, com um único tema, feitas
ta Photojournalism Seminar, seminário anual que realiza fora do território dos Estados Unidos.
concurso voltado para fotógrafos e estudantes de todos A premiação consiste em US$ 100 e câmeras Nikon para
os países que queiram apresentar seu trabalho em fotojornalismo. cada categoria individual, além de prêmios de US$ 1 mil pa-
Podem concorrer fotografias feitas no período de 10 de no- ra a categoria Melhor Portfólio, US$ 750 para a Melhor Portfó-
vembro de 2016 até 31 de outubro de 2017 em treze cate- lio Rich Mahan para Estudantes e US$ 500 para a Melhor do
gorias, entre elas Notícias, Matérias Especais, Esportes e Re- Concurso, selecionadas entre as submissões. As inscrições es-
trato/Personalidade. Está prevista ainda uma categoria de sé- tão abertas até o dia 8 de novembro de 2017. Para mais infor-
rie de imagens, a Chris Hondros Memorial International News, mações, acesse www.photojournalism.org/contest/.

cursos
SÃO PAULO (SP) RIO DE JANEIRO (RJ) Luz e Composição, Flash, Photoshop
A Fullframe oferece em outubro os A ABAF – Associação Brasileira de Arte e Lightroom.
três módulos de Fotografia Digital e Fotográfica apresenta os cursos de Fo- Data: a partir de 9 de outubro
Tratamento de Imagem (básico, in- tografia Documental, Lightroom 5, Com- Preço: consultar com a escola
termediário e avançado) e Ilumina- posição, Curso Fundamental de Foto- Local: Rua Colômbia, 375 – Sion
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