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NO 218 | Ano 19 | novembro 2014

PANASONIC

cobertur a LX 100

completa

ina
NIKON D750

N 60
photok 2014
SONY QX1

LEICA M EDITIO
ANHA
FOMOS à ALEM
CO N FE RIR a s principais
PARA hegaRÃO
a d es qu e c
novid
O M ER C AD O brasileirO
A
SAMSUNG NX1
MARK II
CANON EOS 7D

Encontrado um Flash Veja o teste do acessório que


Entenda como funciona este strobist acopla flashes compactos
Fotografia artigo perdido de
de newborn segmento que está bombando
Luiz Claudio Marigo:
a atitude que o
fotógrafo deve ter

Imagens de graça
Site distribui
fotojornalismo
sem cobrar
nada por isso

+ Como foi a 10a edição


do Paraty em Foco
Festival de motociclistas
em incríveis retratos
Como trabalhar a Inspire-se em fotos
profundidade de imagem panorâmicas premiadas
Diretores
Aydano Roriz
Luiz Siqueira
Tânia Roriz
Vivi Carrara

Editor e Diretor Responsável: Aydano Roriz


Diretor Executivo: Luiz Siqueira
Carta ao leitor
Diretor Editorial e Jornalista Responsável:
Roberto Araújo - MTb.10.766- araujo@europanet.com.br

V
isitar a Photokina, a maior feira do setor fotográfico no
REDação mundo, me dá sempre a sensação de vislumbrar um pouco
Diretor de Redação: Sérgio Branco (branco@europanet.com.br)
do futuro por uma fresta. Por motivos profissionais, não
Editora-assistente: Karina Sérgio Gomes
Repórteres: Livia Capeli e Gabrielle Winandy fui às três últimas edições da feira bienal realizada em Colônia,
Chefe de arte: Welby Dantas Alemanha – contudo, Fotografe esteve lá, representada por re-
Editora de arte: Izabel Donaire
Revisão de texto: Denise R. Camargo pórteres da redação. Na Photokina de 2014, diante de um mercado
Colaborador especial: Diego Meneghetti no mínimo estranho nos últimos dois anos, não havia como ficar
Colaboraram nesta edição: Cecília Banhara Marigo, Flávia Santinon (arte),
Juan Esteves, Laurent Guerinaud e Luiz Claudio Marigo (em memória) de fora. Precisava captar tendências e sentir o clima do que vem
PubliciDaDE (publicidade@europanet.com.br) por aí. E minha conclusão é simples: nem os próprios fabricantes
Diretor comercial: Mauricio Dias (11) 3038-5093 de equipamentos e acessórios sabem que caminho tomar no
São Paulo momento. Estão em uma estudada e vigilante posição de guarda,
Coordenador: Rodrigo Sacomani
Equipe de Publicidade: Angela Taddeo, Alessandro Donadio, Adriana Gomes, sinalizando algo aqui ou acolá, mas sem partir para o ataque.
Elisangela Xavier, Ligia Caetano, Renato Perón e Roberta Barricelli O que parece claro é que fotografia e vídeo, assim como irmãos
Criação Publicitária: Paulo Toledo (11) 3038-5103 siameses, nunca mais seguirão separados.
Tráfego: Gabrielle Saraiva Outra certeza – assim como tive em 2002 quanto ao fim do
outras Regiões filme diante do avanço digital – é que acabou de vez a era das
Brasília: New Business – (61) 3323-0205
Nordeste (Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte): câmeras digitais compactas básicas. Compacta agora só com
Espaço Mídia - (81) 9976-8544 rapapés de estilo premium ou superzoom, com wi-fi e NFC,
Bahia e Sergipe: Aura Bahia – (71) 3345-5600/9965-8133
Paraná: GRP Mídia – (41) 3023-8238 claro, para compartilhar imagens. Os smartphones estão levando
Rio Grande do Sul: Semente Associados – (51) 3232-3176
Santa Catarina: MC Representações – (48) 3223-3968
as “saboneteiras” rapidamente à extinção, e nenhum movimento
Publicidade - EUA e Canadá de preservação da espécie será capaz de salvá-las.
Global Media, +1 (650) 306-0880
Também foi interessante observar o crescimento de algumas
Propaganda: Denise Sodré empresas americanas do setor de imagem. GoPro, RED, Black-
ciRculação Magic e Lytro estiveram na Photokina pela primeira vez. De
Gerente: Ézio Vicente (ezio@europanet.com.br)
Equipe: Henrique Guerche, Paula Hanne e Michele Pereira todas, a Lytro foi a que mais causou curiosidade no público ao
mostrar a inusitada câmera Illum (leia
atEnDimEnto ao lEitoR E livRaRiaS

Juan Esteves
Gerente: Fabiana Lopes (fabiana@europanet.com.br) mais sobre ela na reportagem de cober-
Coordenadora: Tamar Biffi (fabiana@europanet.com.br) tura da feira, a partir da pág. 82).
Equipe: Carla Dias, Josi Montanari, Vanessa Araújo, Maylla Costa Com poucos lançamentos nessa re-
Márcia Queiroz, Camila Brogio, Bia Moreira, Graziele Dantas,
Mila Andrade e Gisele Silva cente edição, a feira alemã é a grande
EuRoPa Digital
referência do mercado global. E, pelos
Gerente: Marco Clivati (marco.clivati@europanet.com.br) sinais que deu, as coisas parecem não
Equipe: Anderson Cleiton, Anderson Ribeiro, Alan Brasilino, Adriano Severo,
Carlos Eduardo Torres e Karine Ferreira andar muito bem. E um novo diagnóstico
só virá em 2016. Boa leitura.
PRoDução E EvEntoS
Gerente: Aida Lima (aida@europanet.com.br)
Equipe: Beth Macedo Sérgio Branco
logíStica
Diretor de Redação
Coordenação: Liliam Lemos (liliam@europanet.com.br), branco@europanet.com.br
Equipe: Carlos Mellacci, Paulo Lobato e Gustavo Souza

aDminiStRação
Gerente: Renata Kurosaki
Equipe: Paula Orlandini, William Costa e Pedro Nobre Se For o Caso, Reclame.
DESEnvolvimEnto DE PESSoal
Tânia Roriz e Elisangela Harumi Nosso Objetivo é a Excelência!
EntRE Em contato Correspondência Atendimento: (11) 3038-5050 (São Paulo),
Telefone São Paulo: (11) 3038-5050 Rua MMDC, 121 0800-8888-508 (Outras localidades)
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ANO 19 • EDIÇÃO 218 • NOVEMBRO DE 2014

Fotos de capa:
Divulgação,
Karim Scharf e
Leandro Nunes
Sumário
Portfólio do leitor
Conheça o trabalho de Emi Parente 26 E ainda
METADADOS
Informações de uma grande foto 6
Fotografia de Newborn
Um segmento que está bombando 30 GRANDE ANGULAR 8
Notícias e novidades
Olhar Global
Imagens panorâmicas premiadas 42 REVELE-SE
As fotos selecionadas dos leitores
18
RAIO X
Fotojornalismo 106
Como funciona o site Fotos Públicas 48 As fotos dos leitores comentadas
LIÇÃO DE CASA
114
Momento decisivo é o tema do mês
Teste de suporte da Mako
Um acessório para flash strobist 74 CORREIO
Mensagens e dúvidas dos leitores 124
FIQUE POR DENTRO
128
Photokina 2014
Confira novidades e lançamentos 82 Exposições, concursos e cursos
Fábio Elias

Luiz Claudio Marigo

Sara De Santis


Retratos irreverentes

A atitude do fotógrafo

Paraty em Foco 2014
Brasileiro documenta tribo easy Mulher de Luiz Claudio Marigo O que rolou na décima edição do
rider em festival de motociclistas encontra o derradeiro artigo festival internacional de fotografia

Novembro 2014 5
METADADOS
Um lugar
exclusivo

O
canadense Jody MacDonald
acompanhou uma expedi-
ção esportiva de cinco anos
que terminou em 2013. Em 2012,
quando a equipe de kiteboard (o
mesmo que kitesurfe, mas na
areia) passou por Moçambique,
na África, Jody presenciou um mo-
mento único. Depois de uma ses-
são de kiteboard, os atletas des-
cansavam em um barco ancorado
perto de uma praia no sudeste do
país africano quando perceberam
que uma duna de areia se formava
em frente aos olhos deles.
Todos correram, inclusive o
fotógrafo, para os parapentes que
levavam consigo, e em pouco tem-
po estavam planando sobre a du-
na. “Explorávamos um lugar que
ninguém nunca tinha visto”, conta
Jody. Nesse dia, devido a condi-
ções climáticas, não puderam
usar o barco para voltar ao navio
da expedição e foram obrigados
a dormir na duna, em cima do te-
cido dos parapentes. Na foto, o
atleta fotografado é o americano
Gavin McClurg, especializado em
kiteboard e parapente.

DADOS TÉCNICOS
A foto foi feita com uma
Canon EOS 5D Mark II e
lente EF 24-105 mm f/4 L
IS USM, ajustada em 50 mm.
A abertura foi f/7.1, a
velocidade 1/1250s e
o ISO de 640. Para conhecer
mais do trabalho do fotógrafo,
acesse http://migre.me/mdl0z.

6 Fotografe Melhor no 218


Novembro 2014 7
NOTICIAS E NOVIDADES DO MUNDO DA FOTOGRAFIA
NOTÍCIAS

GRANDE ANGULAR

Sérgio Ranalli
Sérgio Ranalli esperou o momento certo para fazer o registro da criança em uma plantação de repolhos que venceu o prêmio

Sérgio Ranalli vence


Prêmio New Holland
E
m julho de 2013, o editor da região. Ele chegou de madru-
Em comemoração do jornal Folha de Lon- gada e esperava a oportunidade
à décima edição, drina, o paulista Sérgio para fazer uma foto inesquecível.
Ranalli, estava em uma Esta apareceu quando, de ma-
prêmio voltado para a plantação de repolhos no norte nhã, viu um grupo de crianças
agricultura criou duas do Paraná para documentar os indo para a escola e uma delas
novas categorias efeitos da geada na agricultura parou no meio dos repolhos para

8 Fotografe Melhor no 218


Brandon Curtis Giesbrecht
Imagem noturna
feita pelo paraguaio
Brandon Curtis
conquistou o
primeiro lugar da
categoria Amadora

Alberto Alejandro Elias


estudar o vegetal congelado. Sérgio
Ranalli registrou a cena e inscreveu
a imagem no Prêmio New Holland, o
maior concurso fotográfico voltado
para a agricultura e agronegócios da
América Latina, e foi nomeado o gran-
de vencedor de 2014 na categoria Pro-
fissional, o que lhe assegurou um prê-
mio de R$ 20 mil.
O grande prêmio da categoria Ama-
dora foi para o paraguaio Brandon Cur-
tis, que fez uma foto noturna de campos
de plantação de grama com a Via Láctea
acima, que lhe valeu R$ 10 mil. Em re-
lação ao Prêmio Especial Máquinas
New Holland, o primeiro lugar na ca-
tegoria Profissional ficou com o argen-
tino Alberto Alejandro Elias, e na cate-
goria Amadora, com o paranaense Al-
ceno Marton. Em comemoração aos
dez anos do prêmio, duas outras cate-
gorias foram criadas: Destaque Especial
Sustentabilidade, cujo vencedor foi o
manauara Michael de França Dantas, Acima, registro que venceu na categoria Máquinas; abaixo, imagem que
e Destaque Especial Animais, vencido conquistou o novo prêmio Destaque Especial Sustentabilidade
Michael de França Dantas

pelo brasiliense Luiz Gustavo Faria.


Foram inscritas 4.547 fotos. As
vencedoras e mais 24 finalistas farão
parte de uma exposição dedicada ao
prêmio, que deve percorrer oito cida-
des da América Latina entre o final
de 2014 e começo de 2015. No total,
foram distribuídos R$ 90 mil em di-
nheiro para os premiados. Para ver
todas as imagens finalistas, acesse
o site www.premionewholland.com.

9
GRANDE ANGULAR

Fotos de Vivian Maier

Newsha Tavakolian
são retidas pela justiça
D esde a descoberta pelo americano John Maloof
das fotos feitas pela Vivian Maier, morta em 2009,
o acervo vem ganhando bastante notoriedade com
Fotógrafa iraniana devolve
três livros publicados, um documentário e algumas
exposições. O destaque também despertou a atenção
prêmio de 50 mil euros
de alguns parentes distantes de Vivian, que começaram
fotógrafa iraniana Newsha Ensaio vencedor
a se manifestar nos últimos meses sobre a questão
dos direitos autorais das imagens. Maloof, detentor A Tavakolian acusou a fundação de concurso
francesa Carmignac Gestion, que juventudetratava da
dos direitos, está sendo processado por familiares que no Irã
requerem os lucros do material divulgado da babá. O a havia nomeado a vencedora do
concurso PhotojournalismAward,
acervo passou ao espólio do Estado e deve permanecer
de comprometer sua liberdade artística.
assim até que uma decisão judicial seja tomada.
Segundo Tavakolian, o combinado era que
Vivian Maier exerceu a função de babá durante 40 ela faria uma série documental sobre a juventude
anos e fotografava no Irã, cujas fotos e textos deveriam ser publi-
no tempo livre que cados exatamente como ela os entregou. Mas
tinha. Pouco de- foram feitas alterações nas imagens e nos textos,
pois de sua morte, além do título original Páginas em Branco de
Maloof encontrou um Álbum de Foto Iraniano ter sido alterado
parte do acervo da para A Geração Perdida. Como prova da quebra
fotógrafa até então de contrato, a fotógrafa devolveu o valor em di-
nunca visto por nheiro que recebeu em razão da conquista do
ninguém, além da primeiro lugar, de € 50 mil.
própria Vivian (veja A organização do concurso disse, em comu-
a matéria comple- nicado, que nenhuma das acusações é verda-
ta sobre a fotógrafa deira e que apenas atrasou a publicação do pro-
na edição 216 de jeto porque a autora (Tavakolian) estaria supos-
Fotografe). tamente sob ameaças do governo iraniano. A
fotojornalista negou estar sob qualquer ameaça
Autorretrato de e reiterou que o contrato com o concurso teve
Vivian Maier, a de ser quebrado por causa das mudanças im-
babá-fotógrafa postas pela organização.
Vivian Maier

Políticos usaram imagens da Shutterstock em campanha


Divulgação
Durante a campanha de primeiro Mesmo a prática sendo relativa-
turno, imagens usadas na propa- mente usual pelos responsáveis
ganda de alguns candidatos foram iden- pelo marketing político, Souto disse
tificadas como sendo do banco de imagens em nota que um erro foi cometido,
Shutterstock, e a reação geral foi de in- e que a equipe já tinha corrigido a
dignação. Na propaganda de Paulo Souto falha. Outras campanhas que usa-
(DEM) no Facebook o candidato ao governo ram imagens do banco foram as de
baiano usou uma imagem da Shutterstock Gleisi Hoffmann (PT-PR), Geddel
de uma grávida fazendo exame para falar Viera Lima (PMDB-BA), Beto Richa
de um hospital feito na gestão dele. (PSDB-PR) e Rui Costa (PT-BA).

10 Fotografe Melhor no 218


GRANDE ANGULAR

Sai o vencedor do
Prêmio Vladimir Herzog
F oram anunciados os vencedo- Flagrante de
res do 36 o Prêmio Vladimir Marcelo Carnaval
Herzog de Anistia e Direitos em protesto no
Rio de Janeiro
Humanos. O ganhador da catego- foi premiado Marcelo Carnaval
ria Fotografia foi Marcelo Carnaval,
do jornal O Globo. Marcelo enviou ao concurso uma diado um ônibus. A imagem foi intitulada “De herói
foto que fez durante um protesto de professores no a vilão”. Foram 503 trabalhos inscritos no geral.
Rio de Janeiro, em que um homem, integrante do Para ver os vencedores nas outras categorias, acesse
grupo Black Block, parece se gabar por ter incen- www.premiovladimirherzog.org.br.
Luiz Claudio Marigo

CURTAS
Inscrições abertas do FEP Golden Awards
O concurso FEP Eu- Reportagem/Fotojornalis-
ropean Professional mo e Paisagem/Vida Sel-
Photographer of the Year vagem. Há também uma
está com as inscrições categoria para estudantes
abertas até 6 de janeiro de e outra especial para fotó-
2015. Ao contrário dos ou- grafos internacionais. Para
tros anos, brasileiros po- cada foto inscrita é cobrada
dem participar nas seis ca- uma taxa de €10. Informa-
tegorias: Casamento, Co- ções e inscrição acesse
mercial, Retrato, Fine Art, http://migre.me/mcnUn.
Marigo em cartaz
Metro Photo Challenge abre inscrições
Registro de
N o dia 25 de novembro de 2014 está
prevista a abertura de uma expo-
onças foi
selecionado
sição no Rio de Janeiro em homena- para a mostra
Os jornais Metro de 17 países lançaram a décima
edição do concurso Metro Photo Challenge, com o
tema “Vida na cidade”. As inscrições estão abertas até
gem ao fotógrafo Luiz Claudio Marigo, 18 de novembro de 2014, e qualquer um pode participar
morto em junho de 2014. Com a curadoria da mulher enviando quantas fotos quiser gratuitamente. São quatro
dele, Cecília Banhara Marigo, a mostra Luiz Claudio categorias: Magia da Cidade, Fuga Urbana, Cidade Verde
Marigo – Fotógrafo e Ambientalista evidencia o amor e Eu Sou Cidadão by Nikon, esta última criada especial-
e a luta pela preservação da natureza pela qual o fo- mente para os brasileiros. Os vencedores ganharão uma
tógrafo era conhecido. São 36 fotos impressas e cerca expedição fotográfica para Nova York (EUA). Para regu-
de 80 projetadas, feitas desde a primeira vez em que lamento e inscrição, acesse http://migre.me/mco7r.
Marigo foi fotografar no Pantanal mato-grossense,
em 1976, até meses antes de sua trágica morte por
enfarto com omissão de socorro médico. A mostra Nova agência de expedições fotográficas
deve ficar em cartaz até 11 de janeiro de 2015 no
A OneLapse é a nova tógrafo Cristiano Xavier. A
Centro Cultural da Justiça Federal. agência de turismo próxima programada será
Serviço: especializada em expedi- para a Patagônia, de 11 a
Centro Cultural da Justiça Federal ções fotográficas. As via- 18 de abril de 2015. Para
Av. Rio Branco, 241 – Centro gens feitas devem ser sem- mais informações acesse:
Rio de Janeiro (RJ) – (21) 3261-2565 pre acompanhadas pelo fo- www.onelapse.com.br.
www10.trf2.jus.br/ccjf

12 Fotografe Melhor no 218


GRANDE ANGULAR

Retrospectivas no IMS
paulista e carioca
O Instituto Moreira Salles, com
representação em São Paulo
e no Rio de Janeiro, apresenta
O IMS do Rio reúne cerca de
300 obras do brasileiro Geraldo
de Barros (1923-1998). A mostra
duas retrospectivas de grandes é dividida em três núcleos: fotos

Martin Chambi
fotógrafos. Na capital paulista, o que produziu entre 1940 e 1950;
foco está no peruano Martin pinturas feitas entre 1960 a 1970;
Chambi (1891-1973). A exposição e fotos de família, que alterou
Face Andina contém 88 fotos e com riscos ou montagens a par-
Registro feito por Chambi de
23 postais, com retratos de es- tir dos anos 1970. A mostra gigante cusquenho, em 1925
túdio e paisagens a cenas rurais Geraldo Barros e a Fotografia fi-
e urbanas das cidades peruanas ca em cartaz até 22 de fevereiro
de Cusco, Arequipa e Puno, feitas
entre as décadas 1910 e 1960. A
de 2015 na Rua Marquês de São
Vicente, 476, Gávea.
Barbie de férias
mostra pode ser vista na Rua Para mais informações ligue: Em 2013, o fotógrafo de crianças
Piauí, 844, Higienópolis, até o dia (11) 3825-2560, (21) 3284-7400 Léo Carioca, de 40 anos, nascido
2 de fevereiro de 2015. ou acesse www.ims.com.br. no Rio e radicado em Natal (RN), decidiu
fazer algumas fotos da boneca Barbie
e de seu “namorado” Ken como se fosse
Keith Imamura

um casal tirando férias na capital po-


tiguar. A ideia era ele se aproximar do
imaginário de seus clientes mirins.
As imagens fizeram tanto sucesso
que Léo lançou um blog dedicado à série,
chamado Férias da Barbie, e posta com
frequência a boneca sozinha, com o na-
morado ou com as amigas em diversos
pontos turísticos do Brasil, como no ar-
quipélago de Fernando de Noronha (PE)
ou Rio de Janeiro. Já fez duas exposições
no Rio Grande do Norte e está planejando
uma outra no Rio de Janeiro ou em Recife.
Autotrash the dress Para ver o trabalho já feito, acesse
www.feriasdabarbie.blogspot.com.br.

O fotógrafo paranaense Keith


Imamura, de 30 anos, ia se
casar em agosto de 2014 e ainda
mulher e, jun- Fotógrafo fez o
tos, no Deserto trash the dress
do Atacama,
de seu próprio
casamento
não havia escolhido quem faria Keith fez as fo-
o registro da ocasião tão espe- tos. Usava disparo remoto e foco
cial. Por fim, acabou dando a manual, para garantir que a câ-
função a dois colegas de profis- mera não faria reajustes de úl-
são, Evandro Rocha e Erick timo minuto enquanto eles es-
Mem, mas decidiu que as fotos tivessem longe do equipamento,
feitas durante a lua de mel se- e posicionados. As fotos fizeram
Léo Carioca

riam de autoria dele. Assim, al- bastante sucesso nas redes so-
guns dias depois da cerimônia, ciais e foram divulgadas em vá-
embarcou para o Chile com a rios sites de fotografia.

14 Fotografe Melhor no 218


GRANDE ANGULAR

A maestria de Hans Gunter Flieg


H ans Gunter Flieg é um daque-
les fotógrafos que já deveriam
ter sido publicados há tempos no
até 20 de fevereiro de 2015.
A publicação avança uma dé-
cada do excelente Hans Gunter
Brasil. Nascido em Chemnitz, Ale- Flieg, Documentary Photography
manha, em 1923, veio com a família from Brazil 1940-1970 (Kerber
para o País em 1939 fugindo do na- PhotoArt, 2009) mostrando a acu-
zismo. Como experiência na foto- tância e rigor técnico tão caracte-
grafia tinha apenas as aulas no Mu- rísticos da fotografia alemã surgida
seu Judaico de Berlim, mas não em 1920 com o movimento Neue
demorou para dominar o meio e se Sachlichkeit (nova objetividade).
estabelecer na capital paulista. A distribuição tonal perfeita, a
Tanto Flieg quanto São Paulo iluminação rigorosa e a exata geo-
ansiavam pelo progresso, e a com- metria transformam indústrias,
binação de uma arquitetura e uma pavilhões e prédios em construção
indústria em crescimento deu ao em imagens artísticas. Impecável,
jovem fotógrafo o cenário adequa- o livro deve muito ao novo sistema
do para uma série de imagens icô- usado pela gráfica Ipsis na sepa-
nicas, representadas no belo livro ração tonal dos cinzas, o "4 Gray",
Flieg-Indústria, Arquitetura e Arte que amplia as nuances desses
na Obra de Hans Gunter Flieg tons, harmonizando as passagens
1940-1980 (IMS, entre as altas e baixas luzes.
Torre da Willys 2014) e na mos- A obra sugere uma discussão
do Brasil, em
São Bernardo tra de mesmo mais ampla da ineficiência de boa
do Campo (SP), nome em cartaz parte da fotografia contemporânea,
em 1954 no MAC da USP baseada mais no falatório e menos
na execução de grandes imagens.
O recorte supera as pouquíssimas
gorduras, típicas de antologias des-
se tipo, e traz o essencial desse
autor que recebe uma merecida (e
tardia) homenagem.
Juan Esteves
Fotos: Gunter Flieg

Serviço:
Flieg
Edição: Instituto Moreira Salles (IMS)
Estrutura: 24x 30 cm; 256 págs.; capa dura
ISBN: 978-85-8346-010-7
Edifício Pirelli, em São Paulo, em 1961, e retrato do escultor Bruno Giorgi Preço: R$ 150

16 Fotografe Melhor no 218


REVELE-SE

Depois do sim
O
s noivos Danilo e Danielly O desafio de Samuel, porém,
contrataram o fotógrafo Sa- foi encontrar um ponto interessante
muel Colaço para capturar na pequena cidade de Campo Mou-
alguns registros do casamento rea- rão (PR). Depois de muito matutar, Ficha Técnica
lizado somente no civil. o fotógrafo levou o casal para uma Autor: Samuel Colaço
O fotógrafo, no entanto, foi con- fonte em frente à Catedral de São Cidade: Campo Mourão (PR)
tagiado pela alegria que o casal ir- José. A pose romântica dos noivos Câmera: Canon EOS 7D
radiava e achou que seria um des- somada à criatividade do fotógrafo Objetiva: Canon 24-70 mm
perdício não realizar algumas ima- resultou no belo registro do casal, Exposição: abertura f/14
e velocidade de 1/100s
gens mais elaboradas do lado de que não tinha recursos para fazer Registro: captura digital, ISO 250
fora do cartório. uma festa de casamento.

18 Fotografe Melhor no 218


Perfume de mulher
A
paulista Vivian Tais Cam- famosas fotos de making of.
boim é fotógrafa iniciante e, Mesmo não sendo expert no
apesar de achar que ainda assunto, ela não se intimidou – e
não está apta para cobrar pelo tra- isso é importante para o aprendi-
balho, faz registros para parentes zado. Em um dos momentos a sós Ficha Técnica
e amigos com muita habilidade. com a noiva, pediu para que ela Autor: Vivian Tais Camboim
Convidada para o casamento ficasse próxima a uma janela e Cidade: Jandira (SP)
de um primo no interior de Goiás, borrifasse um jato de perfume. Câmera: Nikon D7100
Vivian levou na mala a câmera e A luz natural iluminou as go- Objetiva: Nikkor 18-105 mm
lá pediu autorização ao casal para tas espirradas em direção ao Exposição: abertura f/4.5
e velocidade de 1/50s
realizar alguns registros dos pre- pescoço, dando um delicado e Registro: captura digital, ISO 1000
parativos antes da cerimônia – as belo efeito na imagem.

Novembro 2014 19
REVELE-SE

Cuca fresca
O
rugby é um esporte de in- José Bazan ficou um pouco ator-
tenso contato físico. Origi- doado após uma jogada mais for-
nário da Inglaterra, o jogo te e ganhou um banho rápido na
se desenvolve em um campo com cabeça para se recuperar.
traves em forma de “H” e uma bola Flores não perdeu o lance e Ficha Técnica
oval. No Brasil, ainda é pouco pra- usou sua tele para fechar o quadro Autor: Denys Flores
ticado, mas já existem competi- no rosto do jogador, que usava um Cidade: São Paulo (SP)
ções nacionais, como o Campeo- capacete próprio para rugby e pro- Câmera: Canon EOS 7D
nato Brasileiro Super10, alvo de tetor bucal vermelho. Objetiva: Canon 300 mm
cliques do fotógrafo Denys Flores. Conseguiu uma imagem de Exposição: abertura f/4
e velocidade de 1/2000s
Durante o jogo entre as equi- impacto, mostrando com maestria Registro: captura digital, ISO 800
pes Pasteur e Curitiba, o jogador o detalhe de um esporte viril.

20 Fotografe Melhor no 218


Luz no meio do túnel
F
oi esperando o trem do metrô a programou para disparar no
em uma estação de Brasília temporizador com uma veloci-
(DF) na volta para a casa que dade de 25 segundos.
o fotógrafo Paulo Macedo teve a Quando percebeu o trem se
ideia de registrar o movimento e a aproximando, bastou apertar o
velocidade por meio das luzes emi- botão de disparo para começar Ficha Técnica
tidas pelo próprio veículo. o processo e esperar pelo resul- Autor: Paulo Macedo
Para não incluir figuras huma- tado. O sucesso do clique se deu Cidade: Brasília (DF)
nas na foto, ele chegou o mais pró- ainda pelo fato de Paulo ter usado Câmera: Canon EOS 1D Mark III
ximo possível do túnel, ficando no uma objetiva fisheye de 15 mm Objetiva: Canon fisheye 15 mm
limite entre a passarela de passa- para a captura, o que contribuiu Exposição: abertura f/16
e velocidade de 25s
geiros e a de serviço do metrô. Ali, para criar o efeito arredondado Registro: captura digital, ISO 100
ele colocou a câmera no chão e nas bordas da imagem.

Novembro 2014 21
REVELE-SE

Espiadela
I
naugurado em março de 2014, quenos se divertem. Foi ali, entre
o Jardim Botânico Irmãos Vil- uma fresta da rude construção,
las-Bôas, em Sorocaba (SP), é que o fotógrafo Cezar Silva con- Ficha Técnica
uma novidade na cidade e abriga seguiu o registro do olhar miste-
Autor: Cezar Silva
belas áreas e jardins que atraem rioso da filha Yasmim, de 4 anos. Cidade: Sorocaba (SP)
os visitantes da região. Como a menina não queria sair Câmera: Canon T3i
Um local em especial chama de dentro da casinha, o pai coruja Objetiva: Canon EF 28-135 mm
mais a atenção das crianças do insistiu na foto, captando com su- Exposição: abertura f/8
que a dos adultos: uma pequena cesso o olhar inocente lançado e velocidade de 1/40s
Registro: captura digital, ISO 200
casa de madeira, na qual os pe- pela criança de olhos claros.

22 Fotografe Melhor no 218


Escondidinho
O
pequeno Lui, de 2 anos, é Maia conta que o garoto estava
sobrinho de Naésio Maia. agachado atrás da cama. Ao es- Ficha Técnica
Criança afetuosa, ele adora cutar o zunido do ajuste do foco da Autor: Naésio Maia
o tio, que aproveita os fins de se- objetiva, ficou curioso e levantou- Cidade: Fortaleza (CE)
mana para fotografar e curtir o se para ver o que estava aconte- Câmera: Canon T4i
menino. Lui, que gosta de brincar cendo. Foi o momento do bote do Objetiva: Canon18-55 mm
de esconde-esconde, foi flagrado fotógrafo, que conseguiu um belo Exposição: abertura f/4.5
e velocidade de 1/15s
por Maia no quarto da casa, entre e espontâneo retrato do menino Registro: captura digital, ISO 800
a cama e a quina da parede. para o álbum da família.

Mande fotos e ganhe uma bolsa para equipamento fotográfico


Os autores das fotos selecionadas para Paulo (SP), CEP: 05510-900, ou para o e-
publicação na revista receberão uma mail fotografe@europanet.com.br.
bolsa modelo Fancier, da Greika, para Especifique no e-mail: nome, endereço,
equipamento fotográfico. Para participar telefone, ficha da foto (equipamento,
do “Revele-se”, envie até três fotos, no dados técnicos...) e um breve relato
máximo, em arquivo digital (formato (local, data...). Os arquivos devem ter, no
JPEG), para: Redação de Fotografe mínimo, 13 x 18 cm com resolução de 200
Melhor, Rua MMDC, 121 – Butantã – São a 300 ppi. Evite arquivos muito pesados.
PORTFÓLIO DO LEITOR

Emi fotografou lobos-cinzentos que vivem no Wolf Park, uma reserva ambiental que estuda o comportamento da espécie

Dança com lobos


A
ssim que a carioca Emi Parente, saio fotográfico com os animais.
A carioca Emi 34 anos, chegou ao Wolf Park, Cerca de dez anos antes, em 2003,
em Indiana, nos Estados Uni- Emi fez um estágio no parque como ve-
Parente foi até dos, tratou logo de reencontrar terinária, sua primeira formação. Apai-
Indiana, nos uma velha amiga. Marrion a olhou, apro- xonada por animais silvestres, a profis-
ximou-se do rosto da fotógrafa, cheirou- sional queria se especializar na área.
EUA, fazer um a e lhe deu uma lambida. A recepção afe- Mas depois de um tempo trabalhando
ensaio com tuosa da loba-cinzenta de 16 anos foi a “presa” em uma clínica, percebeu que,
lobos-cinzentos. autorização para que Emi pudesse entrar assim como os animais pelos quais era
no parque, em que são realizados estudos apaixonada, não podia atuar isolada entre
Confira o e pesquisa sobre o comportamento de quatro paredes. E resolveu soltar os seus
trabalho dela lobos, coiotes e raposas, e realizar o en- instintos e a criatividade encubada trans-

26 Fotografe Melhor no 218


Fotos: Emi Parente

Dez anos antes de fazer o ensaio, quando era veterinária, Emi frequentou o Wolf
formando em profissão o seu hobby Park durante três meses em um estágio que fez para o estudo de animais silvestres
favorito: a fotografia.
Em 2009, começou um curso
profissionalizante de dois anos na
Universidade Estácio de Sá e, em
seguida, seguiu para os Estados
Unidos, para estudar fotografia na
New York Film Academy. Aprovei-
tando o intervalo de uma semana
que teria nos estudos, resolveu ir
até Indiana, cerca de 1.200 quilô-
metros de Nova York, para fazer
um ensaio com lobos-cinzentos
no parque onde tinha feito estágio.
Só não contava que naquela época
o país enfrentaria sua maior ne-
vasca e, por isso, todos os voos ti-
nham sido cancelados. Resolveu
encarar, então, 12 horas de ônibus.

FOTOGRAFIA E LOBOS
Como Emi é veterinária e tinha
feito estágio no parque, não foi di-
fícil conseguir a autorização para

Novembro 2014 27
Segundo a fotógrafa, os
dias nublados eram
melhores para fotografar

fazer as fotos, desde que, claro, es-


tivesse acompanhada por alguém
do centro de pesquisa. A primeira
visita no parque foi ao lado da velha
companheira Marrion. Nos demais
dias, ela teve acesso aos outros ani-
mais. “O fato de eu ter estudado o
comportamento dos lobos me aju-
dou a registrar bons momentos. Sa-
bia como deveria me comportar e
em qual momento eles iriam reagir
e como”, conta ela.
Embora não tivesse dificulda-
des com os animais, Emi apanhou
para acertar a exposição para fazer
os cliques. Os dias estavam lindos
e com sol, o que para muitos fotó-
grafos é uma excelente condição,
mas, quando se está em um am-
biente em que a luz é muito refle-
tida, isso pode se tornar um pro-
blema. “A neve reflete a luz de for-
ma intensa, e o fotômetro sempre
me dava a medição errada. Fui va-
Fotos: Emi Parente

riando a abertura e a velocidade


até conseguir a exposição correta”,
lembra. O melhor dia para foto-
grafar foi quando nevou, segundo
ela. O céu estava nublado, o que
ajudou a difundir a luz, e os flocos
de neve provocaram um atraente
efeito nas imagens. Para proteger
a Canon 5D Mark III, as duas lentes
24-70 mm e 70-200 mm e um te-
leconverter, Emi cobriu o equipa-
mento com uma capa de chuva.
A fotógrafa, que ganha a vida fo-
tografando shows e fazendo retratos
– sempre ao ar livre porque tem pavor
de ficar presa em um estúdio –, pre-
tende agora fazer um ensaio com lo-
bos-guará. “Fotografar os animais
é o meu projeto de vida. E sempre
terei uma boa ideia para pôr em prá-
tica dentro dessa área”, comenta.

Para participar desta seção, envie


no máximo dez fotos do seu
portfólio, em baixa resolução, para o
e-mail: fotografe@europanet.com.br.
Serão publicados somente os que
forem selecionados pela redação,
Além de lobos-cinzentos, coiotes e raposas (acima) vivem no parque um a cada edição.

28 Fotografe Melhor no 218


MERCADO

O boom do bebê
Fotografar ensaios de recém-nascidos
vira moda, ganha notoriedade e aquece
o mercado de fotografia no Brasil

POR LIVIA CAPELI

A
s fotos de bebês recém-nascidos
dormindo tranquilamente em ce-
nários ou situações inusitadas
nunca estiveram tão em alta no
País. Na edição mais recente da PhotoImage
Brasil, um grande número de visitantes se
acotovelava diante de estandes de lojas es-
pecializadas em acessórios para fotografia
de newborn (segmento que antes nem se
notava na feira do setor fotográfico), confir-
mando o que o mercado já vinha sinalizando:
há uma crescente demanda de fotógrafos
interessados em atuar no setor – a dúvida
é saber se existem tantas mães
para serem atendidas por um
batalhão de profissionais ávidos
por recém-nascidos.
Não é de hoje que bebês fo-
tografados dentro de cestos em
poses graciosas fazem sucesso.
A fotógrafa australiana Anne Geddes
começou isso há 30 anos e virou re-
ferência quando o segmento ainda nem
era conhecido como fotografia de newborn
– veja na edição 201 uma entrevista exclusiva
com ela. No Brasil, a arte de fotografar re-
cém-nascidos foi fortemente difundida no
final de 2010 por meio de Danielle Hamilton,
brasileira radicada na Austrália, que veio à
cidade de São Paulo ensinar a técnica em
workshops (confira as dicas dela na edição
173). Na época, Danielle ensinou muitos
profissionais brasileiros que hoje fazem su-
cesso clicando bebês, dando cursos e pa-
lestras País afora. Foto feita por Cristiano
Borges, um dos poucos
homens que trabalham
no segmento de newborn

30 Fotografe Melhor no 218


Cristiano Borges
MERCADO

Arquivo Pessoal
A fotógrafa australiana Anne Geddes,
referência de fotografia de newborn

Caso das especialistas Laura Al-


zueta e Eileen Parker, ex-alunas de
Danielle Hamilton, que ao lado de
outras seis profissionais na área fun-
daram em abril de 2013 a Associação
Brasileira de Fotógrafos de Recém-
Nascidos (ABFRN) (www.abfrn.
com.br) com a ideia de assessorar
quem já é do ramo ou quem quer in-
gressar nele. “Com tantos profis-
sionais querendo fotografar recém-
nascidos, é importante entender que
esse tipo de ensaio não pode ser
visto apenas como uma chance de
ganhar dinheiro. É necessário, acima
de tudo, ter consciência sobre o con-
forto do bebê. Por isso, o objetivo da
associação é estabelecer padrões
de segurança e higiene. Além disso,
Anne Geddes

a ideia é formar uma classe de pro-


fissionais unida pela troca de infor-
mações e aperfeiçoamento de téc-
Acima, uma das imagens criadas por Anne Geddes; abaixo, bebês clicados nicas fotográficas”, diz Eileen Parker.
por Danielle Hamilton durante o primeiro workshop ministrado no Brasil
Danielle Hamilton

Arquivo Pessoal

Danielle Hamilton, a precursora de


fotos de recém-nascidos no Brasil

32 Fotografe Melhor no 218


Fotos: Eileen Parker

SEGURANÇA com várias imagens a fim de elimi- Na imagem do alto, o resultado


Fotos de bebês entre o quinto e nar a mão da assistente que ampara depois da manipulação;
o 130 dia de vida dentro de props – o bebê numa pose durante a foto na sequência, as fotos com a mão
da assistente segurando o bebê
termo adotado pelos fotógrafos do (veja exemplo acima). Em julho de
segmento para se referir aos aces- 2014, a ABFRN percebeu a neces-
sórios de cena, como baldes, cestos sidade de mais informação para o saio, ela conta com a assessoria de
ou caixotes – viraram febre. O ponto mercado e encabeçou a campanha uma fisioterapeuta, responsável por
mais importante é que a maioria “#newbornresponsáveleufaço” com ajudar a manipular o bebê conside-
dessas imagens, principalmente o objetivo de alertar quem é ou não rando sempre a anatomia e a fisio-
aquelas com poses mais elaboradas, associado sobre o bom senso na ho- logia da criança nessa fase.
são feitas (ou deveriam ser) com ma- ra de fotografar um recém-nascido. Karim diz que percebe o mercado
nipulação de imagens em softwares Outra fotógrafa que levanta ban- atual em franca expansão e acredita
como o Photoshop. deira pela conscientização da segu- que ainda há muito o que crescer.
Segundo Laura, essa conduta é rança e conforto na hora de fotografar No entanto, comenta que alguns
adotada para evitar expor a criança bebês é Karim Scharf, que não faz principiantes têm abreviado etapas
a riscos. Algumas posições, por mais parte da ABFRN. Formada em Bio- importantes do processo, como não
simples que pareçam, podem pre- logia, ela começou sua especializa- saber até mesmo sobre técnicas bá-
judicar a coluna cervical ou prender ção no segmento pouco tempo antes sicas de fotografia, por exemplo. “Já
a circulação sanguínea do bebê. Por- de Danielle Hamilton trazer a ten- vi casos em que, durante o ensaio,
tanto, uma montagem é realizada dência para o Brasil. Durante o en- o fotógrafo despreparado parou para

Novembro 2014 33
O uso de acessórios
para acomodar os
bebês, como cestos
e mantas, torna
o resultado ainda
mais gracioso;
muitos desses
produtos, antes
importados, já
Laura Alzueta

podem ser
encontrados em
lojas brasileiras
especializadas

entender o funcionamento da própria que envolve a composição do cenário barca, dona da loja virtual Mimos da
câmera enquanto o bebê ficou es- deve corresponder com a ideia de Ceci. “Sigo as tendências do exterior
perando em uma pose com a circu- conforto, higiene e segurança. Não e conto com o trabalho de seis ar-
lação sanguínea presa. Se um erro faz muito tempo, quem é do seg- tesãos de várias regiões do Brasil”,
grave ocorrer, o fato vai parar na im- mento precisava recorrer à impor- explica ela.
prensa e a classe toda será prejudi- tação de produtos para suprir a au- Kamile Raupp é outra que para-
cada. Portanto, é preciso que as pes- sência de materiais apropriados pa- lelamente ao trabalho de fotógrafa
soas trabalhem com responsabili- ra fotografia de newborn – processo de recém-nascidos abriu uma loja
dade e aprimorem seus conheci- muitas vezes custoso e complicado virtual (a Bebê Naná Acessórios) pa-
mentos com muito estudo e pesquisa para alguns profissionais. ra atender às necessidades do mer-
antes de clicar bebês”, alerta ela. Alguns fotógrafos especializados cado nacional. Segundo ela, para
então decidiram eles mesmos con- garantir a qualidade e estar dentro
ACESSÓRIOS ADEQUADOS feccionar, com a ajuda de artesãos das normas de segurança, ainda é
O bem-estar dos recém-nasci- nacionais, os próprios acessórios e preciso recorrer ao exterior para ad-
dos deve estar acima de tudo. Por oferecer para os colegas de profis- quirir matéria-prima, como no caso
isso, acessórios, roupinhas e tudo são. É o caso da fotógrafa Loreta La- de roupinhas tricotadas, que são fei-

34 Fotografe Melhor no 218


Karim Scharf
tas com lã de carneiro pura, o que acaba zena de cenários pensando nos pequenos, Acima, bebê recém-
encarecendo um pouco mais o produto. com espaços lúdicos, como uma casa de nascido fotografado
O kit básico para começar a fotografar vidro e uma casa na árvore. sobre um pufe;
abaixo, Karim Scharf
newborn precisa contar com um pufe com Outro que sentiu a necessidade de mu-
ajeita a criança para
diâmetro a partir de 80 cm (com preço em danças de estrutura foi o capixaba Cristiano a sessão de fotos
média a partir de R$ 120, sem enchimen-
to); mantas, xales e cobertores diversos
para acomodar o bebê (preço a partir de
R$ 70); cestos (há modelos a partir de R$
40), bem como roupinhas, touquinhas e
lacinhos de cabeça (com preços bem va-
riáveis dependendo do modelo).

CASA DOS BEBÊS


Além de investimento em estudo, pes-
quisa e acessórios, o fotógrafo que deseja
ingressar na área ainda precisa oferecer
um ambiente adequado para receber os
pais e os recém-nascidos. Até mesmo
quem já está consolidado no segmento
sentiu necessidade de se movimentar e
aperfeiçoar o local de trabalho para se des-
tacar da concorrência. Foi o caso da fotó-
grafa Lidi Lopes, que já tinha um espaço
dedicado às grávidas e investiu agressi-
Arquivo Pessoal

vamente em um estúdio exclusivo para re-


ceber apenas os bebês. Ela redecorou re-
centemente uma casa antiga em um bairro
nobre da capital paulista e criou uma de-

Novembro 2014 35
William Espósito

Acima, um dos recém-nascidos Borges. Ele se deslocou de Fundão risco de se desidratar. Vale deixar
clicados por William Espósito; abaixo, (ES), sua cidade natal, para a capital uma bacia com água no ambiente
o fotógrafo em ação, acalmando o
bebê antes de posicioná-lo no set Vitória pensando em ficar mais pró- para garantir bom nível de umidade
ximo dos clientes. O atual estúdio do ar. Silêncio absoluto não será ne-
de Cristiano atende de grávidas a cessário, já que nessa fase o bebê
bebês mais crescidinhos, tendo co- não se incomoda com barulhos. Há
mo carro-chefe a fotografia de new- muitos profissionais que adotam o
born. “Quando a fotografia de re- chamado write noise (ruído branco)
cém-nascidos chegou ao Brasil, as como recurso para acalmar os pe-
mães eram bem relutantes em tirar quenos. É o som constante, que pode
os bebês com menos de quarenta ser produzido, por exemplo, por meio
dias de casa. Hoje percebo que os de um secador de cabelos ligado. Há
clientes estão doutrinados e não há ainda aparelhos de ruído branco dis-
mais medo de fazer uma viagem de poníveis no mercado, no qual há vá-
mais de duas horas para chegar ao rios tipos de sons gravados que po-
meu estúdio para fazer um ensaio”, dem ser repetidos continuamente.
comenta ele.
A paranaense Cris Hapen, espe- HOMENS E BEBÊS
cialista em fotografia de crianças, A fotografia de newborn, até por
aconselha que um ambiente seguro ter começado com uma mulher (An-
e acolhedor para fotografar recém- ne Geddes), é um segmento domi-
nascidos precisa ser basicamente nado por mulheres. Mas os homens
limpo, ter álcool em gel sempre à também querem um naco desse
mão, além de contar com a tempe- mercado e, na hora de criar as poses
ratura adequada, de preferência pa- dos recém-nascidos, a maioria re-
recida com a do útero materno (entre corre à ajuda de assistentes, como
26 a 29 graus). Por isso, é importante é o caso de Cristiano Borges, que
ter um aquecedor com temperatura deixa para a mulher dele a respon-
Arquivo Pessoal

ajustável no kit de trabalho. sabilidade de cuidar da manipulação


É aconselhável ainda observar o do bebê enquanto ele prepara o ce-
metabolismo de cada bebê. Se ele nário e a iluminação. “Acho que ter
estiver transpirando muito, corre o uma mulher na equipe gera confian-

36 Fotografe Melhor no 218


Kit básico de acessórios
para iniciantes
4Cestos e baldes
Fabricados em
cipó, vime, taboa
ou madeira, os

Danilo
cestos acomodam
o bebê em

Mace
posições diversas.
A partir de R$ 40.

do
4Pufe
Feitos em courino, estão
disponíveis em tamanhos
a partir de 20 x 80 cm
e são vendidos sem o
enchimento. A partir
de R$ 120.

4Roupinhas
Elaboradas com
diversos tipos de
materiais, sendo
os de lã os mais
comuns, há vários
estilos e opções para
meninos e meninas,

Dani Margotto
como saias,
jardineira e shorts.
Lidi Lopez

Em média R$ 55.

4Gorros e headbands
Os lacinhos de cabeça
(headbands) e os gorrinhos criam
ça para a mãe”, defende ele. A casa na homens no segmento com um charme todo especial na foto.
Outro que tem aprovei- árvore, um dos essa conduta e diz que as Muitas vezes basta usar somente
cenários do
tado a febre do mercado é estúdio de Lidi mães ficam surpresas no co- esse acessório com
o fotógrafo Newton Medei- Lopez criado meço por se tratar de um fo- o bebê desnudo para obter
ros, que desde 2004 foto- para atender tógrafo, mas depois ficam um resultado interessante.
grafa gestantes, e viu no ne- recém-nascidos calmas e se surpreendem Em média R$ 50.
gócio uma oportunidade de com o resultado. Para garan-
4Mantas felpudas
oferecer um serviço a mais para as tir segurança, Espósito conta com São produzidas
clientes. “Não tive filhos, e como mi- a ajuda de uma assistente, que fica geralmente
nha mulher gosta muito de crianças ao lado do bebê na hora em que ele com lã pura de
Kamille Raupp

me pediu para incluir o serviço no precisa sair de perto para fotografar. carneiro e
portfólio do meu estúdio. Ela se en- Mas ele garante: “sou eu quem po- proporcionam
carregou de estudar e fazer muitas siciono o recém-nascido”. boa textura para
acomodar os
pesquisas sobre o assunto e fica res-
bebês, dando um
ponsável por manipular os bebês”, ONDE APRENDER bonito efeito na foto.
comenta o fotógrafo. Escolas de fotografia, assim A partir de R$ 70.
Mas no estúdio do fotógrafo san- como alguns especialistas na
tista William Espósito, que é membro área, têm oferecido cursos e LOJAS ESPECIALIZADAS:
da ABFRN, o cenário muda um pou- workshops sobre o tema. É o caso www.mimosdaceci.com.br
co de figura. É ele quem recebe, ma- do Instituto Internacional de Fo- www.bebenanaacessorios.com.br
nipula, posiciona e fotografa os pe- tografia (IIF), localizado em São www.lefotick.com.br
quenos sem o menor temor ou pre- Paulo. A escola foi pioneira no en- www.newbornprops.com.br
conceito. Espósito é um dos raros sino do tema e responsável por

Novembro 2014 37
Ao lado, foto feita
por Cristiano
Borges; abaixo, o
truque usado no
Fotos: Cristiano Borges

set para prezar


a segurança do
bebê: assistentes
seguram o
pequeno durante
o ensaio

trazer pela primeira vez ao Brasil a fo-


tógrafa Danielle Hamilton.
O IIF também é organizador do con-
gresso Newborn Photo Conference (que
está na quarta edição). Segundo Danilo
Russo, fundador do IIF, os cursos de fo-
tografia de newborn estão entre os mais
procurados pelos alunos da escola e fe-
cham turmas com sala lotada. As aulas
são feitas primeiramente com bonecos e
depois com bebê recém-nascidos mesmo.
O investimento no workshop do IIF com
duração de dois dias com o fotógrafo Cris-
tiano Borges, por exemplo, é de R$ 1.500.
É possível fazer também workshop
direto com especialistas, caso da fotó-
grafa Karim Scharf, que abre as portas
Onde aprender a fotografar recém-nascidos de seu estúdio para ensinar desde o co-
nhecimento da anatomia e fisiologia dos
Na maioria das regiões do Estúdio Laura Alzueta bebês até aspectos como luz e acessó-
Brasil é possível encontrar bons Informações: (11) 3031-6301 rios. Um workshop com a expert tem
cursos sobre o tema, tanto em www.lauraalzueta.com.br preço de R$ 1.200.
escolas e estúdios quanto Para colaborar com a difusão de in-
diretamente com os próprios Estúdio Newton Medeiros
Informações: (11) 2440-4747
formação de qualidade no segmento, a
especialistas que costumam se
deslocar de suas cidades para www.newtonmedeiros.com.br revista Fotografe Técnica&Prática inicia
ministrar cursos em outros na edição 41 uma série de quatro aulas
Estados. Veja aqui algumas Focus Escola de Fotografia sobre fotografia de newborn. A primeira
sugestões de cursos e Informações: (11) 3107-2219 aula será sobre acessórios de cena, de
workshops ministrados www.focusfoto.com.br como escolhê-los, usá-los e encontrá-los
por quem entende do asunto. com dicas de Eileen Parker e Laura Al-
Instituto Internac. de Fotografia
Cristiano Borges Informações: (11) 3021-3335 zueta, da ABFRN.
Informações: contato@cristiano www.iif.com.br E, se você estiver interessado em tra-
borgesfotografia.com.br balhar na área, tenha em mente que o fun-
www.cristianoborges Lidi Lopez damental para isso é gostar de crianças,
fotografia.com.br Informações: (11) 2371-8492 ter plena consciência de que o bem-estar
www.lidilopez.com.br e a segurança do recém-nascido estão
Escola de Imagem acima de qualquer coisa, dominar tecni-
Informações RJ: 0800 601 3264 Newborn Club (Karim Scharf)
Informações MG: (31) 3264-6262 Informações: (11) 98395-0310 camente o equipamento e saber exercitar
www.escoladeimagem.com.br www.karimscharf.com a criatividade. Com esses requisitos, você
terá a bênção de Anne Geddes.

38 Fotografe Melhor no 218


Informe publicitário

A fotografia como arte contemporânea


Seja como suporte, linguagem ou referência, a imagem fotográfica tem sido
amplamente usada por artistas contemporâneos das mais diversas tendências
FOtO ÉRIcO ElIAS

Parede com as pinturas de Éder Oliveira, feitas da transposição de fotografias de presos em flagrante reproduzidas em jornais populares

Desde a década de 1960, a fotografia fotografia na arte remonta às vanguardas com a lógica fotográfica. A fotografia
vem ampliando seu espaço no cenário da do início do século 20. Mas é na arte pode ser usada como registro de obras
arte contemporânea. A imagem contemporânea que emerge com mais efêmeras ou do processo criativo do
fotográfica é empregada por muitos força, quando são superadas as artista. Por ser reprodutível, oferece
artistas de destaque na atualidade. distinções valorativas entre suportes, que possibilidades para a serialização. Isso
A pluralidade de estratégias criativas conferiam caráter mais “elevado” a significa que as formas de pensar e de
adotadas é marcante. No contexto suportes tradicionais, como a pintura e a atuar que constituem as especificidades
brasileiro, encontramos expressões escultura. Em artigo publicado em 1986, do fazer fotográfico passaram a
variadas no uso poético da imagem incluído no livro O Ato Fotográfico, o contaminar as poéticas dos artistas”,
fotográfica. Desde a obra de Miguel Rio pensador francês Philippe Dubois observa Yamamoto.
Branco, que constrói ensaios por meio demonstra que, em grande medida, a
de elaboradas edições, até os trabalhos arte contemporânea tornou-se Obras híbridas
de Rosângela Rennó, que não fotografa, “fotográfica”, por absorver diversos Para além do uso da fotografia
mas se apropria de arquivos elementos próprios à fotografia. como suporte para a arte
fotográficos, conferindo-lhes novas “Dubois alerta para o quanto as contemporânea, observa-se um uso
possibilidades de interpretação crítica. práticas artísticas passaram a adotar a cada vez mais intenso de linguagens
Patricia Yamamoto, professora do fotografia como resultado de suas híbridas, resultantes da mistura de
Bacharelado em Fotografia do Senac operações. São inúmeras as diferentes suportes. Nesse caso, a
São Paulo, observa que a presença da possibilidades de aproximação da arte fotografia entra como um dos códigos
como forma de realização imagética das
FOtO ÉRIcO ElIAS

obras. É surpreendente, nesse sentido, o


conjunto de fotografias realizadas por
Eustachy Kossakowski, que registram a
atuação do artista polonês Edward
Krasinski ao longo da década de 1960.
A fotografia adentra a obra como
registro do processo criativo e acaba
ganhando uma existência autônoma por
suas qualidades estéticas próprias.
Krasinski apresenta-se de maneira
irônica, criando situações e objetos
escultóricos sem sentido e marcados
pela precariedade. Ele interage com as
comunidades nas quais atua, gerando
uma arte que nasce do próprio entorno.
As esculturas de Krasinski estão
expostas em uma sala ao lado das
fotografias, desdobrando no espaço
expositivo as múltiplas facetas de uma
arte híbrida.
Outro entrecruzamento, de arte,
Fotos de Eustachy Kossakowski que registram a atuação do artista polonês Edward Krasinski escultura e fotografia, pode ser visto
na obra 10.000 mil anos de arte
usados pelo artista, que entrará em sobre questões sociais pungentes. popular nórdica. Ela resulta de um
interação com outros códigos, como O mesmo pode ser dito da projeto ao qual o artista Asger Jorn se
os da escrita, da pintura, da instalação Violência, do argentino Juan dedicou entre 1961 e 1965, em
arquitetura ou da performance. carlos Romero. criada originalmente no parceria com o fotógrafo Gérard
A 31ª Bienal de São Paulo, aberta ano de 1973, quando a Argentina Franceschi. Durante o período, eles
até o dia 7 de dezembro de 2014, traz passava por período cruel da ditadura documentaram traços pré-cristãos que
inúmeros exemplos desse tipo de militar, é resultado de um trabalho sobre permaneceram presentes em
atitude. É o caso das enormes os arquivos de jornais da época. O edificações dos períodos românico e
pinturas para paredes do artista artista se apropria de diversas fotografias gótico em países da Europa nórdica.
paraense Éder Oliveira. A série publicadas na imprensa, intercalando-as As fotos foram reunidas em uma
em questão é realizada com a com textos que abordam a questão da montagem expositiva que cria conexões
transposição de retratos de presos em violência. Uma temática ainda muito atual visuais e de conteúdo, podendo apenas
flagrante reproduzidos em páginas nas sociedades latino-americanas, ser compreendidas em seu conjunto.
policiais de jornais populares. Quando mesmo depois de consolidada a Uma obra que se cria sobre possíveis
ampliados, os retratos inquietam, os abertura democrática. pontos de intersecção entre arquitetura
olhares constrangidos e as feições A fotografia também é incluída no e fotografia, arte popular e arte erudita,
étnicas dos detidos nos fazem refletir repertório de artistas performáticos, documento e criação poética.
FOtO ÉRIcO ElIAS

Os assuntos apresentados neste espaço


estão em discussão nos cursos de
fotografia ofertados pelo Senac São Paulo.
Mais informações em www.sp.senac.br.

w w w. s p . s e n a c . b r
0800 883 2000
Detalhe da obra 10.000 mil anos de arte popular nórdica, projeto de Asger Jorn e Gérard Franceschi
OLHAR GLOBAL

Conheça os vencedores do
Pano Awards 2014
POR GABRIELLE WINANDY

O
filipino Dennis Ramos estava estava parcialmente coberta por neblina.
com um amigo em São Petes- Fez várias fotos com longa exposição,
Fotógrafo burgo, na Flórida (EUA), em tentando acompanhar o movimento da
filipino vence a um dia de sol e nenhuma nu- cerração e, por fim, montou a imagem
vem quando decidiu pescar. Percebendo que lhe deu o título de Fotógrafo do Ano
quinta edição do que seu equipamento de pescaria estava no concurso australiano Pano Awards
concurso de quebrado, ele resolveu levar a Canon 2014, voltado para fotos panorâmicas e
panorâmicas EOS 5D Mark II para o passeio. Enquanto 360º. Dennis também ficou em primeiro
procurava assuntos interessantes para lugar na categoria aberta Ambiente
com uma foto clicar, viu que a ponte que atravessava Construído.
feita na Flórida Tampa Bay, a Sunshine Skyway Bridge, O segundo lugar em Ambiente Cons-

42 Fotografe Melhor no 218


Dennis Ramos
Acima, a Sunshine Skyway Bridge, em São Petesburgo, na Flórida, EUA, imagem vencedora geral no concurso Pano
Awards 2014; abaixo, um registro da cidade de Macau, na China, segundo lugar na categoria Ambiente Construído
Denis Gadbois

Novembro 2014 43
OLHAR GLOBAL

Ao lado, a foto que ficou


em primeiro na categoria
aberta Natureza, de grous
australianos em um lago
com fundo de barro

truído foi do canadense Denis Gad-


bois, com uma imagem 360º de
uma praça em Macau, na China.
Em terceiro, uma composição cria-
da pela junção de várias imagens
pequenas mostra Florença vista a
partir do domo da igreja Santa Ma-
ria del Fiore, feita pelo italiano Mar-
co Castelli.
Na categoria aberta Natureza,
o vencedor foi Ben Neale, que voava
em um parapente motorizado quan-
do percebeu que um grupo de grous
australianos atravessava um lago
com uma fina camada de água por
cima e fundo de barro. Por estar
com uma lente 35 mm, o australia-
no precisou se aproximar do lago,
dando várias voltas para conseguir
fotografar. Fez cerca de 200 ima-
gens, mas só pôde usar três para
a panorâmica que inscreveu.
O brasileiro Márcio Cabral ficou
em segundo com uma panorâmica
noturna feita no Parque Nacional
da Chapada dos Veadeiros, em
Goiás (confira a matéria sobre o tra-
balho dele na edição 41 de Fotografe
Técnica & Prática). O terceiro lugar
foi do alemão Timo Lieber, que ins-
creveu uma panorâmica P&B de
duas dunas no Rub'al-Khali, o maior
deserto de areia do mundo, locali-
zado na Península Arábica. Vista de Acima, o terceiro lugar na daschi conquistou o terceiro posto
forma subjetiva, a composição lem- categoria aberta Natureza: a com uma imagem 360° convertida
imagem foi feita no deserto
bra o corpo de uma mulher. Rub’al-Khali por Timo Lieber para 2D de um lustre da marca Me-
lograno Blu.
AMADOR Na categoria VR/360º, o vencedor
O Fotógrafo do Ano da categoria de uma panorâmica vertical de uma foi o russo Dmitry Moiseenko pelo
Amador, que também ficou em pri- igreja iluminada por uma aurora segundo ano consecutivo (confira
meiro na subcategoria Natureza, boreal na Islândia. matéria sobre o trabalho dele na edi-
foi Ben Neale, o das fotos dos grous Em amador Ambiente Construí- ção 209 de Fotografe), com um re-
australianos (a mesma foto foi pre- do, o vencedor foi para o também gistro de ursos pardos. O Pano
miada nas duas categorias). Ele espanhol Jesus M. Garcia, que re- Awards 2014 teve cerca de quatro
ainda conquistou o segundo lugar gistrou a Ponte Vasco da Gama, em mil imagens inscritas de 840 fotó-
em amador Natureza com uma foto Lisboa, Portugal. Em segundo lu- grafos profissionais e amadores de
de elefantes em Botsuana, na Áfri- gar, com um panorama do Rio de diversas partes do mundo. Para ver
ca. Já o terceiro lugar ficou com o Janeiro ao entardecer, ficou a russa todas as imagens premiadas, acesse
espanhol Javier de la Torre, autor Anna Gibiskys. O italiano Pietro Ma- www.thepanoawards.com.

44 Fotografe Melhor no 218


Ben Neale
Timo Liebe
Abaixo, foto de Marcio Cabral na Chapada dos Veadeiros (GO), que ficou em segundo lugar na categoria aberta Natureza
Marcio Cabral

45
FOTOJORNALISMO

Imagem do papa
Francisco no Muro
das Lamentações
em Jerusalém é
uma das que estão
disponíveis para
download gratuito

48 Fotografe Melhor no 218


Imagens gratuitas
para quem quiser usar
O site Fotos Públicas completa um ano de existência apostando
na distribuição sem custo de fotos nacionais e internacionais

POR JUAN ESTEVES

O
britânico Roger Fenton (1819- buição de imagens gratuitamente.
1869) tinha de carregar em seu Motivo de reclamação de algumas agên-
caminhão as pesadas chapas cias brasileiras de fotografia, o Fotos Pú-
fotográficas em colódio (wet pla- blicas distribui imagens de várias partes
te collodion) quando cobriu a guerra da do mundo no sistema Creative Commons.
Crimeia em 1854 para o jornal The Times, As fotos estão disponíveis para download
de Londres. Hoje, o fotojornalista pode já em alta definição para diferentes tipos
parar em qualquer rua, plugar o celular de mídias, impressas ou eletrônicas, bas-
e transmitir as imagens que entram on- tando apenas o usuário se cadastrar no
line em blogs, sites e redes sociais. Ape- site, desde que o fim seja jornalístico.
nas 160 anos separam os dois momentos. Araújo, premiado fotojornalista que tra-
Em termos históricos, uma gota no ocea- balha como pauteiro e editor no site, acredita
no. Mas, em relação à tecnologia, uma que o Fotos Públicas, ao contrário das re-
transformação gigantesca que também clamações, eleva o padrão das imagens.
modificou a maneira de se produzir e di- "Nós pautamos também os fotógrafos para
fundir o fotojornalismo. fazer coberturas específicas e, com certeza,
A relação fixa entre fotógrafo e meios temos ainda o melhor pagamento pelas
de comunicação vive seu caso, e os pro- saídas fotográficas. Estamos dando trabalho
fissionais agora buscam ser donos do a inúmeros fotógrafos no Brasil, valorizando
próprio nariz. Muitos mantêm a própria o trabalho daqueles que colaboram com
Kobi Gideon/GPO/ Israel Ministry of Foreign Affairs

publicação e enxergam novas maneiras as assessorias, o que está elevando inclusive


de trabalhar, caso dos fotógrafos Jorge o nível das imagens produzidas por eles",
Araújo, Paulo Pinto, Juca Varella, Helio argumenta o baiano-paulista que ainda
Campos Mello e Ricardo Stuckert; do jor- mantém um contrato com a Folha de S.Pau-
nalista Kelsen Fernandes e do designer lo, jornal no qual trabalhou por 40 anos e
Roberto Simões, que criaram o www.fo ganhou o Prêmio Esso de 1979 e os prêmios
tospublicas.com, site dedicado à distri- Vladimir Herzog de 1983, 1984, 1985 e 1987.

Novembro 2014 49
Imagens de
divulgação, como
esta da NASA, são
o forte da agência

Divulgação NASA

IMAGENS INTERNACIONAIS mas detalha que “o que já vinha distribuído pelo Fotos Públicas. O
Roberto Vazquez, sócio da Fu- prejudicando o mercado é a tal ima- “pulo do gato”, diz Araújo, foi o site
tura Press, uma das principais gem de divulgação, aquela que não descobrir onde buscá-las. “Hoje te-
agências brasileiras de fotojorna- traz a notícia mais isenta. Isso ainda mos imagens que até mesmo a im-
lismo, não percebeu nenhuma al- é um privilégio das agências de fo- prensa tradicional não consegue",
teração do mercado, que enxerga tojornalismo". diz. Um desses casos foi a visita do
até como decadente. Para ele, não As tais imagens de divulgação Papa a Israel, como a foto que mostra
houve mudança por conta do site, são, na realidade, o forte do material Francisco visitando o túmulo do jor-
nalista Theodor Herzl (1860-1904),
chamado pai do sionismo moderno,
feita por Amos Ben Gershom e di-
vulgada pelo Ministério de Assuntos
Internacionais israelense.
Amos Ben Gershom/GPO/ Israel Ministry of Foreign Affairs

Assim como o site consegue nos


ministérios de vários países imagens
que a imprensa em geral não tem
acesso (ou em entidades como a NA-
SA americana ou da empresa Red
Bull, que patrocina esportes pelo
mundo todo), no Brasil há uma busca
por outros canais. Ricardo Stuckert,
um dos criadores do Fotos Públicas,
fotógrafo oficial da presidência pelos
oito anos da era Lula, continua re-
gistrando os eventos do ex-presi-
dente por meio do Instituto Lula e
fornecendo imagens de divulgação.
Papa Francisco visitando o túmulo do jornalista Theodor Herzl em Israel Segundo Araújo, o site está mui-

50 Fotografe Melhor no 218


Ryan Miller

tas vezes à frente da pauta da própria im- imagens, há uma economia que pode ser O Fotos Públicas
prensa. Ele cita a morte do ator Hugo revertida nos salários dos fotojornalistas distribui gratuitamente
Carvana, em outubro de 2014, de quem do staff", sugere Araújo. desde imagens de
esportes radicais
o Fotos Públicas disponibilizou imagens Outra análise vem do português Delfim
(acima) a registros de
antes mesmo que o restante dos portais Martins, premiado fotojornalista radicado cotidiano, como a
eletrônicos veiculasse a notícia da morte no Brasil e pioneiro das agências de foto- Marcha das Vadias, na
do ator. Ele dá números: são mais de 10 grafia, como a F4, e atualmente sócio da cidade de São Paulo
mil downloads por mês. Caso também
do enterro do político Eduardo Campos,
em agosto de 2014.

MAL APROVEITADOS
A ideia, diz Araújo, é valorizar o trabalho
feito pelos fotógrafos das assessorias de
imprensa, que são muitos (cerca de 80%
dos fotojornalistas em ação no País hoje,
assegura ele) e que na maioria das vezes
é mal aproveitado. Ele cita o caso de ima-
gens (tipo still) produzidas pela Agência
USP (da Universidade de São Paulo), ima-
gens científicas que também são dispo-
nibilizadas ou de fotógrafos que trabalham
em autarquias, como o TSE, Senado, Câ-
mara e até em empresas privadas.
Para ele, o Fotos Públicas é uma forma
de democratizar a distribuição de imagem
no Brasil. Ele informa que centenas de
jornais, blogs e sites não têm verba para
Kelsen Fernandes

contratar fotógrafos para as coberturas


maiores nem para assinar contratos com
agências de notícias nacionais e interna-
cionais. “Com a distribuição gratuita das

Novembro 2014 51
Josenir Melo/ Secom Acre
Tendo órgãos oficiais como fonte, às vezes, o site consegue imagens antes da imprensa, como esta de região alagada no Acre

Pulsar, uma das grandes do gênero. dicação dos direitos do autor”. A úni- copyright. A ideia é a difusão de tra-
Para ele, que é especializado em pu- ca exigência para a publicação das balhos criativos disponíveis e seu
blicações e perfis institucionais, os imagens pelo Fotos Públicas é jus- compartilhamento legal. As licen-
fotógrafos, mesmo sabendo que as tamente esse reconhecimento pelo ças permitem aos autores comu-
imagens serão distribuídas gratui- sistema de licenças Creative Com- nicar quais são os direitos reser-
tamente por quem o contrata, têm mons, que exige o crédito das ima- vados e quais são aqueles que po-
o direito de saber da possibilidade gens não somente do autor, mas da dem ser livremente utilizados.
dessa distribuição por intermédio instituição divulgadora também. Um dos exemplos do meio é o
do Fotos Públicas. “Deveria haver trabalho do húngaro Balazs Gardi,
um conhecimento prévio dessa si- COMPARTILHAMENTO Facing the water crisis, que ele pro-
tuação e a opção do fotógrafo con- Com base na Califórnia, Estados duz ao redor do mundo, mapeando
cordar ou não”, diz ele. Unidos, a Creative Commons é uma a crise da água. O fotógrafo tem um
Martins também reconhece que organização sem fins lucrativos, contrato com a Red Bull para cobrir
“por trás do site estão profissionais criada em 2001 por Lawrence Les- os X-Games, mas aonde vai produz
reconhecidamente competentes, sig, e que tem como foco uma ex- seu material autoral e o distribui por
tanto na fotografia quanto na reivin- pansão razoavelmente flexível do esse sistema. Ele também ficou co-
nhecido pelo site Basetrack, que
distribuía imagens dos soldados nor-
te-americanos de um batalhão lo-
calizado no Afeganistão, em 2011.
Mais do que o reconhecimento
do crédito ou o recebimento pela
pauta executada, Araújo acredita
que o Fotos Públicas pode valorizar
o profissional tanto das assessorias
quanto das agências, que ele con-
sidera mal pagos. Para Araújo, a má
remuneração criou uma espécie de
“loucopress”, aquele fotógrafo que
se enfia em uma passeata porque
Ministère de la Défense

precisa fazer um monte de fotos, fica


correndo como um doido e, muitas
vezes, acaba se ferindo em meio ao
confronto de ativistas e policiais.
Com um ano de existência, o Fo-
tos Públicas presta até assessoria
Caça francês Rafale em ataque noturno no Iraque contra o Estado Islâmico ao setor corporativo e público quando 4

52 Fotografe Melhor no 218


Pete Souza/TWH
Imagens oficiais, como esta do presidente Barack Obama assinando um documento, podem ser baixadas no site

se trata de coberturas de eventos FINE ART das agências.


e está começando a pautar seus O próximo passo, diz Jorge Roberto Vazquez, da Futura
próprios fotógrafos, além de atuar Araújo, é passar a representar os Press, confirma o que Hoepker diz
na localização de imagens dispo- fotógrafos no mercado de fine art. com relação ao mercado oferecido
níveis para distribuição gratuita Para ele, esse é um segmento que para os fotógrafos de imprensa es-
mundo afora. Oficialmente, o site vem atrelado à produção de qual- tar decadente. Entretanto, vê com
é um “oferecimento” da revista quer fotógrafo e que precisa ser reservas o uso de imagens de di-
Brasileiros, que tem como publi- canalizado. A ideia não é novidade: vulgação, que acabam contando a
sher, fotógrafo e jornalista o tam- já em 2007 o alemão Thomas notícia por um único viés, o de
bém premiado Helio Campos Mel- Hoepker, cooperado e ex-presi- quem pagou pela produção da ima-
lo; do jornal digital Brasil 247, idea- dente da Magnum Photos, uma das gem. Araújo afirma, entretanto,
lizado por Leonardo Attuch, com maiores agências de fotografia do que há um filtro na hora da edição
passagens pela grande imprensa mundo, disse durante uma visita do que vai ser distribuído. Ele ar-
brasileira e produzido por uma de- ao Brasil que estava direcionando gumenta que o objetivo do site é
zena de jornalistas com currículo seus trabalhos para “a parede” e democratizar o acesso às imagens
semelhante; e de um núcleo ele- que esse seria o futuro para os fo- e não favorecer um órgão gover-
trônico de planos de saúde. tojornalistas, face a decadência namental, entidade ou empresa.
Gratuito ou pago, o fato é que
o filtro final sempre vai recair sobre
o uso que se dá a determinada fo-
tografia. É utópico buscar uma
isenção política ou ideológica por
qualquer mídia, uma vez que essas
ora são empresas, ora represen-
tam uma entidade política ou de
classe. Sem demonizar a posição
do fotojornalista que produz a ima-
gem, resta a esperança no leitor
mais bem informado, que possa
perceber onde está ou não está a
manipulação. Essa, sem dúvida, é
O site exibe fotos gratuitas nacionais e internacionais logo na página de abertura a parte mais difícil da história.

54 Fotografe Melhor no 218


VIDA DE FOTÓGRAFO

Fotos: Fábio Elias


Garotas vestidas a caráter durante o festival de Sturgis 2014, tradicional encontro de motociclistas nos Estados Unidos

Um mergulho na
tribo Easy Rider
Fotógrafo brasileiro viaja POR GABRIELLE WINANDY
a Dakota do Sul para

T
registrar personagens radição de 74 anos nos Estados Unidos, o festival Sturgis
Motorcycle Rally, na cidade de Sturgis, Dakota do Sul, reúne
do festival de Sturgis, centenas de milhares de motociclistas de várias partes do
o mais tradicional país e do mundo para comemorar um estilo de vida que
remete ao filme Easy Rider (Sem Destino, 1969), estrelado por
encontro anual de Peter Fonda, Dennis Hopper e Jack Nicholson. No encontro de
motociclistas dos EUA Sturgis de 2014, realizado de 3 a 10 de julho, os visitantes puderam

56 Fotografe Melhor no 218


Estilo de vida easy rider: para
driblar a grande quantidade de
pessoas no evento, o brasileiro fez
muitos registros de baixo para cima
para ter uma melhor composição

assistir a corridas e shows de rock,


conhecer e experimentar vários
produtos em estandes e curtir mui-
tas festas. Com a câmera na mão
e olhar atento, o fotógrafo carioca
Fábio Elias voltou seu foco para
personagens vestidos a caráter,
barbados e tatuados, acompanha-
dos por mulheres igualmente un-
derground, geralmente com pouca
roupa e muita animação.
A ideia já vinha se formando
desde os anos 1990, quando Elias
fez uma série de fotos de motoci-
clistas no também famoso festival

Novembro 2014 57
VIDA DE FOTÓGRAFO

Fotos: Fábio Elias


Acima, o primeiro casal fotografado pelo brasileiro em Sturgis e, abaixo, o
motociclista grandalhão com cara de mau que, na realidade, era boa gente de Daytona Beach, Flórida (EUA).
Na época, procurou eventos que
reunissem adoradores de motos
e descobriu o de Sturgis, mas nun-
ca conseguia achar tempo para ir
a uma das edições seguintes.
Em 2014, a oportunidade surgiu
quando planejava uma das expe-
dições fotográficas que faz fre-
quentemente – no caso, estava indo
para Papua Nova-Guiné e o voo
passava pelos Estados Unidos. Ele
decidiu prolongar a conexão para
conhecer a magia e a loucura de
Sturgis, festival que no ano passado
teve 400 mil visitantes ao longo de
sete dias de festa.

MOMENTOS MARCANTES
O brasileiro chegou alguns dias
antes de o encontro começar para
poder se ambientar. Toda manhã
saía cedo do hotel e estudava a di-

58 Fotografe Melhor no 218


Retratos de
personagens
de Sturgis:
Retratos com flash
o fotógrafo de preenchimento
imprimiu um
efeito vintage Fotógrafo experiente, Fábio Elias,
51 anos de idade, sabe como
com o uso do poucos usar a técnica do flash de
Lightroom preenchimento para retratar
personagens. Para as fotos que fez
durante o festival de Sturgis, ele
levou três modelos profissionais da
Canon, o Speedlite 600 EX RT, que
reção da luz do sol ao longo do dia topou com um homem grandalhão, usava na mão ou sobre dois tripés
em conjunto com um transmissor
e quais eram os locais com a ilu- repleto de tatuagens e aspecto Canon STE3 RT para o disparo
minação mais atraente quando o ameaçador, e no mesmo instante remoto dos flashes. Na Canon EOS 5
sol se punha. Visitou cidades pró- teve uma ideia para a foto: colocá- D Mark III ele alternou as objetivas
Canon 17-40 mm f/4 e 24–105 mm
ximas, conheceu e conversou com lo em frente a uma fila de motos. f/4 e contou ainda com duas
várias pessoas. “Depois de uns Foi falar com ele, mas estava te- sombrinhas difusoras, um snoot e
dois ou três dias, já sabia onde e o meroso de receber uma recusa de filtro ND (de densidade neutra).
que queria fotografar”, conta. A forma agressiva. E, para sua sur-
primeira foto que fez foi a de um presa, o homem adorou a ideia e
casal que encontrou, que estava aceitou na hora. Saíram do bar em
“meio chapadão”. Perguntou se que estavam e foram até as motos.
podia fazer a foto e eles foram mui- O mais difícil foi achar uma janela
to receptivos – o homem até deu de tempo em que só o homem es-
uma ajeitada na roupa da mulher tivesse no enquadramento. “Esse
para deixar a foto mais interessan- foi o meu maior desafio: havia mui-
te. Esse foi o primeiro momento ta gente e pouco espaço físico”,
marcante da viagem. Em parte pela lembra. A solução foi esperar o
simpatia do casal, pois todos foram melhor momento e, quando ele
muito colaborativos com as fotos. chegou, o fotógrafo se abaixou e
“Quando você vê a cara deles, acha fez a imagem de baixo para cima,
que são maus. Mas não é nada dis- tática que usou em outras situa- Fábio Elias em Sturgis: flash
so”, informa Elias. ções em que enfrentava o proble- para retratos de personagens
Já durante o evento o brasileiro ma da superlotação de pessoas.

Novembro 2014 59
Fábio Elias também conseguiu al-
gumas fotos por acaso. Ele conta que
estava conversando com um senhor de
cabelo bem comprido, preocupado por-
que, por mais interessante que fosse o
personagem, não estava conseguindo
chegar à imagem que queria. Finalmente
pediu a ele que subisse na moto e se
preparou para fazer o clique. Bem quan-
do estava prestes a disparar, um outro
senhor se aproximou e, sem aviso, abai-
xou as calças, mostrando a bunda para
as lentes. A situação inesperada e des-
contraída rendeu o que ele considera
uma das melhores fotos da viagem.
Para não ficar apenas na cidade lo-
tada de motociclistas, ele também foi
a um camping para fotografar uma mu-
lher que conheceu nas ruas. Mas a si-
tuação não saiu como o planejado e as
fotos não ficaram boas. Voltava para o
hotel quando se deparou com um grupo
de motociclistas indo embora da cidade.
Um casal em cima de uma moto florida
chamou-lhe a atenção. O homem foi lo-
go dizendo:“A moto não é minha, só es-
tou dirigindo para ela”. O fotógrafo des-
cobriu que a mulher havia sofrido um
acidente no começo do encontro (foi
atropelada por um búfalo) e perdeu a
moto, e o marido comprou outra para
ela. Ele fez um retrato do casal contra
o pôr do sol e, para ele, foi a foto mais
Fotos: Fábio Elias

bela da viagem a Sturgis.

VINTAGE
Antes mesmo de ir a Sturgis, Fábio
Acima, a última foto que Fábio Elias fez na viagem mostra um casal sobre Elias já planejava aplicar um efeito vintage
uma moto com flores estampadas; e, abaixo, a imagem mais engraçada, às fotos. Para ele, a ideia combinava com
em que o motociclista mostra o traseiro tatuado e constrange o amigo a imagem que se tem de motociclistas em
geral, e era um contraste direto ao outro
trabalho que fizera, na década de 1990,
em que as fotos eram em P&B, com bas-
tante granulação. Dessa vez, queria fazer
colorido, com brilho voltado para o dourado
ou o prateado. Quando voltou para casa,
fez o tratamento no Lightroom.
O trabalho que fez nos Estados Uni-
dos faz parte de um projeto maior de-
nominado “Tribos”, sendo definida assim
a conglomeração de pessoas por motivos
étnicos ou sociais com um interesse em
comum. Já fez ensaios também na África
e na Oceania. O próximo passo é registrar
skatistas e patinadores.
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Fotografar exige uma
série de atitudes
O último artigo escrito pelo mestre da fotografia de natureza, encontrado no
computador dele, fala sobre o comportamento que o fotógrafo deve cultivar

POR LUIZ CLAUDIO MARIGO, TEXTO E FOTOS, COM EDIÇÃO DE CECÍLIA BANHARA MARIGO

F
otografia é atitude. Não um com o olhar, a emoção, a técnica e ração) para fotografar, é como um
trejeito físico, mostrar um o assunto. O francês Henri Cartier- arqueiro preparando-se para soltar
equipamento especial ou Bresson disse que “fotografar é co- a flecha. A postura do arqueiro é
usar roupa camuflada es- locar na mesma linha de mira a ca- também uma atitude mental, é como
tilosa. Tampouco bancar o herói com beça, o olho e o coração”. E no outro ele configura a mente num estado
ações arriscadas na natureza. É uma extremo da linha de mira está o mun- de observação cuidadosa de si mes-
atitude subjetiva, uma disposição do que o fotógrafo revela. mo. Ele assume uma atitude de in-
mental. O processo criativo na foto- Quando o fotógrafo organiza (co- trospecção e de observação visual
grafia – assim como nas outras artes loca na linha de mira) sua intenção do arco e flecha para fazer a mira e
– é subjetivo. Dá-se entre o fotógrafo (a cabeça), através do olhar (do olho), atingir o alvo. Assim também é a dis-
e a relação da mente com o mundo, envolve-se emocionalmente (o co- ciplina interior do fotógrafo.

64 Fotografe Melhor no 218


ATITUDE DE ATENÇÃO ção, a luz, a câmera, o diafragma, a ve- O fotógrafo precisa
Para não perder o foco, quando per- locidade, a lente, o assunto, o momento estudar sobre a natureza
para estar no lugar certo
cebe que a mente está divagando, o fo- de disparar, a própria atenção... A mente
na hora certa e registrar
tógrafo precisa manter-se atento à pró- acompanha cada ação. eventos como a floração
pria atenção. Ao perceber que sua mente Se, desse modo, o fotógrafo mantém dos ipês, no Pantanal,
se extraviou seguindo outros pensamen- a atenção desperta, ela se aprofunda e se que ocorre em uma única
tos, deve trazê-la de volta para o que está torna mais estável. Fica mais fácil conti- semana por ano (na pág.
fazendo – a fotografia. Não é concentra- nuar ligado. A intensidade e profundidade ao lado) ou fotografar
ção nem fixação continuada no mesmo da atenção influencia a qualidade do olhar. momentos únicos, como
do lobo-guará caçando
ponto – o que é sempre estressante (e A atenção sustentada por longo tempo uma codorna (acima)
isso ele percebe que é impossível de rea- torna-se mais acurada e o fotógrafo per-
lizar). A mente não para, não fica esta- cebe mais, reconhece mais e melhores
cionada; sua natureza faz com que flua oportunidades de fotografia – e erra me-
o tempo todo. Isso é atenção ao fluxo de nos. Ou corrige imediatamente. Pelo me-
trabalho: o enquadramento, a composi- nos não falha por desatenção.

Novembro 2014 65
FOTOGRAFIA DE NATUREZA

Estar sempre pronto ajuda o va a criatividade e a capacidade de como bem disse o belga Walter De
profissional a fazer registros como realização do ser humano e este se Mulder. O frescor da mente iniciante
dessa ariranha com uma presa
envolve completamente com o que evita que o fotógrafo caia em velhas
está fazendo. No caso do fotógrafo, rotinas. Burle Marx dizia que preferia
Caminhar, fotografar sozinho e dilui-se a separação entre ele e suas imitar a obra de um mestre do que
atento, “ligado” no trabalho, no am- ações. Nesses períodos, há uma imitar a si mesmo. E não deve ser
biente e na própria atenção, é uma sensação de que tudo está ocorrendo esse o espírito de um verdadeiro ar-
condição favorável para manter a automaticamente, sem sua partici- tista e criador?
atenção desperta durante um longo pação consciente, sem esforço e A atitude de iniciante também é
tempo, sem perturbação. Quando a sem a sensação da passagem do importante para manter o fotógrafo
situação em que o fotógrafo está tra- tempo, como se aqueles momentos interessado em aprender sempre,
balhando é especialmente motiva- tivessem ficado entre parênteses. em continuar estudando. Se o fotó-
dora, com um assunto estimulante, Creio que todos podem se reconhe- grafo acha que já sabe tudo, que é
com o qual ele gosta de trabalhar, cer – em algum momento – nesses um mestre, como estar aberto para
e quando ele tem boas e muitas estados de consciência. É quando o novo? É fundamental sentir-se um
oportunidades de fotografia, cresce tudo está bem e tudo dá certo. aprendiz, sem preconceitos e sem
o envolvimento, a intensidade e a rigidez. Com liberdade para expe-
profundidade da atenção. E nessas ATITUDE DE APRENDIZ rimentar e errar. Por isso, é bom sair
circunstâncias pode ocorrer o “es- O fotógrafo é sempre um inician- para fotografar com amigos e ob-
tado de fluxo”. te, interessado, curioso, motivado, servar como trabalham. É agradável,
Os psicólogos descrevem o es- intenso, desperto para novas pos- estimulante e instrutivo.
tado de fluxo como um estado men- sibilidades. “Sempre vendo algo, A fotografia é uma atividade so-
tal em que a atenção continuada ele- nunca não vendo – sendo fotógrafo”, litária. No campo, o fotógrafo não

66 Fotografe Melhor no 218


tre outros detalhes.
Depois de alguns dias, ele me
respondeu dizendo que lá no fundo
não estava muito seguro da quali-
dade das fotos que fazia, mas todos
os amigos e familiares sempre as
elogiavam. E, depois disso, ele me-
lhorou muito.

ATITUDE DE SABER
A fotografia é a primeira forma
de arte criada pela ciência. A tecno-
logia dos materiais fotográficos sem-
pre foi complexa desde sua invenção.
Entretanto, na época digital a câmera
tornou-se um pequeno computador,
rico de recursos, possibilidades téc-
nicas e automação. Sua eficiência,
principalmente sua automação,
criou uma tendência para o fotógrafo
relaxar e registrar às cegas. Pouca
gente estuda o equipamento e lê o
manual de instruções.
O domínio da técnica é fundamental para não perder um grande momento O compromisso com a técnica é
uma atitude. É a determinação de
compartilha o visor da câmera com lhorar e que, por exemplo, se ele dominar seu meio de expressão. A
ninguém, e embora possa compar- queria mostrar aquela montanha técnica garante ao fotógrafo a rea-
tilhar seus resultados por meio da não deveria deixá-la ao longe com lização de sua visão. Sem vocabu-
internet raramente ouve críticas e uma grande angular e uma moldura lário e domínio da gramática, como
sugestões. E, quando as ouve nem de árvores confusas no primeiro pla- expressar-se bem?
sempre são sinceras ou criteriosas. no, que não precisava saturar tanto O fotógrafo deve manter-se aten-
Daí que fazer reuniões para pro- as fotos criando cores artificiais, en- to aos ajustes da câmera e da objetiva,
jetar fotos com amigos, fotógrafos
ou não, é uma oportunidade de ter
seu trabalho apreciado e avaliado,
e de aprender com a visão dos ou-
tros. Coloque-se na posição de um
principiante e peça a opinião sincera
e impiedosa de todos. Deixe o ego e
a vaidade de lado. Aproveite para
desprender-se do próprio trabalho
para abrir horizontes.
Uma vez recebi pela internet o
pedido de um fotógrafo iniciante para
avaliar suas fotos. Fiquei indeciso
sobre como dizer-lhe que seu tra-
balho não havia me tocado, que ele
precisava fotografar e estudar mais.
Então, mentindo ao dizer que ainda
nem tinha olhado as fotos, disse-lhe
que gostaria de saber se ele estava
pronto para ouvir uma avaliação ri-
gorosa ou se queria apenas aprova-
ção, uma confirmação. Ele escolheu
ter uma resposta sincera e respondi
que sua composição precisava me- Ouvir a opinião de outros sobre suas fotos é um bom exercício de aprendizado

Novembro 2014 67
É preciso estar de prontidão
para aproveitar oportunidades,
como esta de um pica-pau
levando comida aos filhotes

tica das vegetações, a fauna, da teo-


ria da evolução, das relações eco-
lógicas, de comportamento animal
e outros aspectos de biologia, abre
um mundo de prazer e possibilida-
des para o fotógrafo. Uma vida ligada
à natureza é uma vida plena em que
motivação para viver e usufruir das
delícias da Terra nunca vai faltar. O
fotógrafo de natureza é um apaixo-
nado, e o interesse pelo mundo vai
mantê-lo trabalhando sempre.

ATITUDE DE PRONTIDÃO
As oportunidades de fotografia
na natureza são relativamente raras.
Desperdiçá-las é um pecado mortal
para o fotógrafo de natureza. No caso
de paisagens, existe uma depen-
dência do tempo, da atmosfera, e
dias de chuva ou enfumaçados – com
bruma seca – não favorecem o fo-
tógrafo. Em períodos de seca e du-
rante algumas estações do ano –
geralmente no inverno –, as flores
tornam-se raras e as plantas mos-
tram-se com aspecto ressecado,
sofrido, como nos ambientes do Cer-
ao flash, mas não deve permitir que cisivo para disparar o obturador – rado e da Restinga, por exemplo.
a preocupação com os botões do os aspectos de design da fotografia. Nas épocas de seca e frio, as bor-
equipamento obscureçam sua sen- Tudo isso sem descuidar dos ajustes boletas – e outros insetos também
sibilidade. A regularidade em foto- da câmera. Errou, perdeu preciosa – ficam escassas. Encontrar mamí-
grafar aumenta a familiaridade com oportunidade de fotografia. feros na natureza é uma ocasião
vários aspectos técnicos “automa- Por outro lado, na fotografia de muito especial, não é como fotogra-
tizando-os” como “ação reflexa”. natureza há um campo de estudos far cenas da vida na cidade, e as aves
A técnica será mais “automática” mais vasto que o da técnica foto- não são exatamente um tipo de mo-
quanto mais regular for a prática. gráfica. A natureza – tudo o que não delo colaborativo, mas quase sem-
Ninguém conseguiria dirigir um veí- foi criado pelo homem, numa de- pre escapam do fotógrafo.
culo se precisasse deliberar sobre finição simplificada – é a matéria Répteis e anfíbios vivem escon-
cada ato mecânico necessário, como do fotógrafo. Maior conhecimento didos, com raras exceções – lagartos
acelerar, tirar o pé do acelerador, enriquecerá o potencial de desen- que se aquecem ao sol é um dos
pisar na embreagem, frear, trocar volvimento de seu trabalho, assim poucos que se expõem ao fotógrafo.
a marcha, cuidando da coordenação como o conhecimento da história Por isso tudo diz-se que o fotógrafo
motora para que tudo ocorra no tem- da música clássica aumenta o pra- de natureza precisa desenvolver a
po perfeito, algumas coisas em se- zer de ouvi-la. paciência. Já eu digo que deve man-
quência, outras simultâneas. Isso é O estudo da natureza, com no- ter uma atitude de prontidão. Precisa
importante, porque a atenção do fo- ções de geomorfologia, ecologia da de velocidade de reação – de disparar
tógrafo deve estar conectada com a paisagem, conhecimento sobre os no instante exato em que a ação está
visão, isto é, com o enquadramento, grandes biomas brasileiros e seus ocorrendo. Nesse contexto, o mo-
a composição, a luz, o momento de- ecossistemas, a composição florís- mento é sempre decisivo.

68 Fotografe Melhor no 218


Prontidão é a capacidade de ceber, posteriormente, uma atitude É preciso paciência: Marigo
responder imediatamente às opor- inadequada e equivocada. (abaixo) passou dias inteiros
tunidades de fotografia. É estar co- para conseguir boas fotos dos
macacos uacari (acima)
nectado ao trabalho, ao momento, ATITUDE DE COMBATE
à situação. A atitude de prontidão Às vezes é preciso lutar muito
é um resultado da atitude de aten- para conquistar boas fotos. É pre- artificial da igreja, e em Emas o ca-
ção a atenção. ciso ralar. Mas não se trata de “sem pim estava muito alto e, quando o
Numa ocasião, saí para fotogra- dor, sem ganho” (no pain, no gain), avistávamos na estrada, ele logo de-
far com amigos fotógrafos amado- pois ralar por ralar não acrescenta saparecia no capinzal.
res, mais para “curtir uma social” nada à qualidade de uma foto, ape- Ralamos, mas fotografamos.
do que para trabalhar. Envergo- nas pode criar um mito de herói Andávamos quilômetros por dia,
nhei-me do meu desempenho para valorizá-la. atravessando riachos de água fria
quando todos se mostraram muito No trabalho que fiz sobre o lo- atrás do lobo, passando o dia com
mais atentos e responderam rapi- bo-guará, eu, minha mulher, Cecília, os pés e as roupas molhados, su-
damente e com maior precisão e e um casal de fotógrafos amigos bindo e descendo as colinas do ter-
melhores resultados do que eu a conseguimos acostumar
um passarinho de plumagem dis- um exemplar desse raro
creta, mas raro e difícil de fotogra- canídeo à nossa compa-
far, que voa na vegetação baixa e nhia e o seguíamos a dis-
intrincada da Mata Atlântica. tância pelo Parque Na-
Para meus amigos, a ocasião cional da Serra da Ca-
significava a saída semanal e mais nastra. Antes, porém, tí-
uma ave na lista de espécies foto- nhamos tentado fotogra-
grafadas. Para mim, era mais o pra- far o guará no Caraça e
zer de estar no campo com eles. A no Parque Nacional das
atitude de prontidão deles resultou Emas, ralando sem su-
em mais e melhores fotos. A minha cesso. No Caraça, o lobo
postura dispersa resultou em per- só aparecia no ambiente
FOTOGRAFIA DE NATUREZA

Perseverança: foram necessárias forço, da perseverança. É uma ques- é muito alto para o benefício de ga-
três viagens à Bolívia para o tão meramente estatística: descon- nhar alguns segundos. Talvez nem
registro da arara-barba-azul tada a sorte, o maior número de ten- isso – e há muitas situações em
tativas deve gerar mais oportunida- que essas sábias palavras podem
reno acidentado do parque sem al- des de fotografia e, quase sempre, ser aplicadas.
moçar, mas registrando uma es- melhores oportunidades. Invertendo a direção: se o be-
pécie rara e difícil. nefício é alto, e mesmo se a chance
Na Reserva de Mamirauá, na ATITUDE DE CONFIANÇA de conseguir uma foto é pequena,
Amazônia, antes da implantação Confiança é a atitude de acre- mas possível, por que não arriscar?
do ecoturismo e de mordomias, ra- ditar em cada oportunidade que se Será muito alto o custo de fazer
lei com mosquitos, passei o dia todo apresenta, de não vacilar e ir em uma tentativa? O que o fotógrafo
na mata seguindo os macacos ua- todas elas, para não desperdiçar vai perder com isso? Ou é uma de-
caris, corri de um ataque de jaca- nenhuma chance. Fiz de uma placa sesperança neurótica ou uma noção
ré-açu, mas apenas porque preci- das estradas de rodagem brasilei- de que a guerra já está perdida an-
sava disso para conseguir as fotos. ras um dos ditados pelos quais tes de lutar a batalha? E mesmo se
Já na Bolívia passei quatro dias so- oriento a minha vida: “Na dúvida, essa não for bem-sucedida, há
zinho no mato, dormindo no chão não ultrapasse”. No entanto, para sempre o que aprender. Nada se
duro de uma barraca, comendo co- compreender esse profundo signi- aprende não fazendo.
mida enlatada fria e sem poder to- ficado e sua utilização na fotografia, É com as espécies mais difíceis
mar banho por falta de água. Mas é necessário generalizar essa afir- de serem fotografadas que uma
fotografei a arara-barba-azul, uma mação, interpretar o significado e situação dessas pode ocorrer e,
raridade ameaçada de extinção. inverter o sentido – a direção. nesse caso, o benefício será muito
Em fotografia de natureza, os re- Nas estradas, se há alguma alto. Um amigo com quem conver-
sultados (não a qualidade das ima- chance da ultrapassagem não ser so sobre fotografia diz que “a única
gens, mas o sucesso em fotografar bem-sucedida, não tente realizá- foto errada é a que não foi feita” e
os temas propostos) são diretamente la. É uma questão de custo-bene- sugere como lema o conceito da
proporcionais à intensidade do es- fício. Ou de vida e morte. E o custo Nike: “Just do it”.

70 Fotografe Melhor no 218


Leandro Nunes

Imagem feita durante sessão


Nikon 100 1/250s f/16 50 mm externa com o uso de octosoft
D7000 acoplado ao Strobist Holder

74 Fotografe Melhor no 218


Confira teste de
suporte para
strobist da Mako
Leandro Nunes, expert em fotos com essa técnica, avaliou o acessório
criado para acoplar flashes compactos que são usados fora da câmera

POR LIVIA CAPELI Sapatas para


encaixe de flash ou Suporte para
rádio transmissor encaixe de
acessório de

A
técnica de strobist ou flash off iluminação
camera (ou seja, o uso criativo
do flash compacto fora da sapata
da câmera como se fosse um
flash de estúdio) vem se difundindo cada
Divulgação

vez mais entre os fotógrafos.


O problema é que nem sempre é pos-
sível acoplar acessórios de iluminação co-
muns de estúdio nesses flashes compactos
– salvo os criados especialmente para se-
rem usados em strobist.
A empresa paranaense Mako colocou
no mercado um suporte batizado de Stro-
bist Holder que promete suprir a neces-
sidade de quem precisa utilizar octosofts, Alça para
softbox e hazies, entre outros acessórios, regulagem
para fotografar com flashes compactos. de posição
Leandro Nunes, profissional expert Manopla para
nesse tipo de técnica, foi convidado por ajuste de
Fotografe para avaliar o suporte – que posição
custa R$ 315,10 em lojas especializadas.
As imagens foram realizadas em am-
biente externo e captadas com um octosoft
e um flash Nikon SB-910. Confira a ava-
liação e aprenda algumas dicas de ilumi-
nação passadas pelo fotógrafo.

Agradecimentos: Acessório
À Aurea Fotográfica; aos assistentes da Mako é
Marta Rossato e Eduardo Braga; às compatível com
modelos Aline Geroto e Ruani Rodrigues; todos os modelos
aos maquiadores Luciano Bernardes e de octo, soft e
Eduardo Nepomuceno. Para saber hazy, além do
mais sobre o fotógrafo, acesse refletor portrait
www.leandronunesfoto.com.br G2 da marca

Novembro 2014 75
TESTE

NA CONTRALUZ DO SOL

P ara criar essa situação de luz,


Leandro Nunes posicionou a
modelo em uma área de sombra.
Ele aproveitou a luz do sol ao fundo
da cena para gerar um brilho no
cabelo da garota e deixar uma leve
silhueta da igreja atrás.
Para iluminar a modelo, o flash
Nikon SB-910 foi acoplado na sa-
pata do Strobist Holder junto com
o octosoft sem os dois difusores
frontais (interno e externo) que
acompanham o modificador de luz,
o que gerou uma iluminação mais
contrastada e dura.
O flash foi posicionado frontal-
mente à cena e deslocado levemente
para a lateral esquerda da câmera.
Leandro usou o transmissor Radio-
flash Digi8 TTL , da Proflash, para
disparar remotamente o SB-910.
O flash foi usado em modo ma-
nual e o fotógrafo fez a medição di-
recionando o flashmeter para o
rosto da modelo, o que fez com que
a luz chegasse equilibrada.
“Como o conjunto do equipa-
mento é muito leve, envolvi o tripé
com uma tornozeleira de peso, des-
sas de academia de ginástica, para
Flash SB-910 e
evitar que o equipamento tombasse octosoft (sem os Nikon 100 1/200s f/16 50 mm
com a força do vento”, comenta ele. dois difusores D7000
frontais) foram
acoplados no
suporte da Mako
Divulgação

Eduardo Braga

O transmissor
Radioflash Digi8 TTL
foi utilizado para
disparar o SB-910

76 Fotografe Melhor no 218


20 mm
f/16
1/250s
100
D7000
Nikon
Fotos: Leandro Nunes

Prós
Fácil de montar;
Acopla acessórios
FUNDO SUBEXPOSTO como beauty dish da
linha G4, assim

C om a modelo na contraluz e os raios


solares filtrados pela copa de uma ár-
vore, Leandro Nunes usou o sol para criar
conseguir o efeito de fundo subexposto
– técnica muito usada nas imagens do
fotógrafo Adriano Gonçalves, amigo de
como todo octo, soft
e hazy da Mako;
Possibilidade de
uma luz de contorno nos cabelos dela, en- Leandro – ele aproximou o flash da mo- encaixar ao mesmo
tempo dois flashes
quadrando a cena de baixo para cima. Com delo e obteve um diafragma ideal (f/16)
ou um flash e um
o Nikon SB-910 acoplado ao suporte, o oc- para o rebaixamento da iluminação. rádio transmissor
tosoft foi usado apenas com o difusor frontal O fotógrafo mais uma vez mediu a luz adaptado
interno dessa vez. no rosto da garota para assegurar uma
O equipamento, sutilmente deslocado luz bem balanceada no primeiro plano.
para a lateral esquerda da câmera, foi O SB-910, em modo manual, foi acionado Contras
posicionado bem diante da modelo. Para por meio do Radioflash Digi8 TTL.
Por contar com
movimentação
vertical, a sapata
do suporte Strobist
Modelo limita a área
posicionada
na contraluz receptora do flash,
com o sol restringindo a
gerando um mobilidade do
efeito de luz fotógrafo,
de cabelo
obrigando-o a
trabalhar sempre
atrás do acessório;
Para usar o Strobist
Holder em uma
sessão externa é
necessário usar um
rádio transmissor;
Em externa é
Flash SB-910 fundamental usar
Eduardo Braga

no octosoft com um peso no tripé


apenas o difusor
frontal interno para que o vento
não derrube o
conjunto

Novembro 2014 77
TESTE

Acima, foto feita sem o uso


da luz de preenchimento
do flash com a fotometria
feita no fundo da cena

Fotos: Leandro Nunes


COM O SOL DIRETO

P ara compor a imagem acima


o fotógrafo posicionou a mo-
delo a favor do sol. O octo (dessa
vez com todos os difusores) foi co- Nikon 100 1/200s f/8 30 mm
D7000
locado junto com o flash no suporte
da Mako e usado direcionado para Flash SB-910 e
a garota a fim de bloquear a luz du- octosoft (com todos
os difusores) no
ra do sol que incidia no rosto dela. Strobist Holder
O flash SB-910 foi disparado
com o objetivo de preencher a som-
bra formada pelo octo. Com o flash
Luz do sol
em modo manual, a fotometria foi a favor da
feita com o flashmeter apontado modelo
para o fundo da cena. Assim, a luz
chega equilibrada na frente e a pai-
sagem sai iluminada atrás – e o Ni-
kon SB-910 mais uma vez foi dispa-
rado pelo Radioflash Digi8 TTL.
“Em uma sessão externa, onde
é necessário versatilidade, o Strobist
Eduardo Braga

Holder da Mako facilita bastante a


montagem e desmontagem dos mo-
dificadores de luz e do flash”, afir-
ma Leandro.

78 Fotografe Melhor no 218


20 mm
f/5.6
1/8s
Fotos: Leandro Nunes

800
D7000
Nikon
FOTO NOTURNA Acima, foto com
velocidade baixa e,
ao lado, imagem
P ara garantir que as luzes da ci-
dade ao fundo aparecessem na
cena, Leandro Nunes aplicou na
feita com velocidade
padrão para uso de
flash (1/60s, f/5.6 e
imagem acima a técnica de foto no- ISO 400)
turna usando a velocidade baixa.
O octo foi acoplado ao suporte e
colocado diante da modelo, levemen- emitisse uma luz equilibrada e o de ficar deitado ao ser preso no su-
te à esquerda da câmera. Com o sistema TTL não se enganasse pela porte da Mako, o receptor interno do
flash em modo TTL e na segunda falta de luminosidade na cena. flash não capta com eficiência o sinal
cortina, o fotógrafo fez a fotometria Para transmitir via wireless um via wireless enviado pelo transmissor
das luzes ao fundo respeitando o sinal de disparo para o flash, Lean- SU-800. Isso o forçou a se posicionar
limite de velocidade do obturador dro usou a unidade de comando ou ao lado ou atrás do octo para con-
de 1/8s. Ele explica que dessa ma- Nikon SU-800 como master, aco- seguir fotografar. “Para conseguir
neira dá para trabalhar com o me- plada à sapata da câmera. closes, o problema só é resolvido
nor ISO possível, garantindo mais Segundo ele, como o SB-910 tem com o uso de uma teleobjetiva”, diz.
qualidade na pós-produção.
“Caso contrário, em uma velo-
cidade menor, fotografando sem
tripé, a imagem sai tremida. Com
uma velocidade maior o fundo pode
ficar subexposto, o que forçaria o
uso de um ISO maior e causaria
perda de qualidade na pós-produ-
ção, principalmente com arquivo
RAW”, ensina ele.
Um pré-disparo do flash foi feito
na pele da modelo para que o flash

Flash SB-910
no suporte e A unidade Nikon
SU-800 manda
Autorretrato

octo com todos


os difusores via wireless o
sinal de disparo
para o flash

Novembro 2014 79
NOVIDADES

Fotos: Divulgação
Nonono nonono nonono nononono nono nononono nonono nonono no ono nono nononono nonono nonono noono nono

Em cinco dias de evento, cerca de 180 mil pessoas visitaram a Photokina no complexo Koln Messe, em Colônia, Alemanha

Photokina 2014
Momento de reajuste
Com poucos lançamentos, a maior feira de fotografia do mundo sinaliza um
mercado global em mudança, como o fim das câmeras compactas básicas
POR SÉRGIO BRANCO, ENVIADO ESPECIAL A COLÔNIA

A
cada dois anos, as em- do segmento no mundo – e que em a feira deste ano, realizada de 17 a
presas do setor fotográ- 2014 completou 90 anos de existên- 21 de setembro, serviu menos como
fico global têm a chance cia. Se em 2004 ficou claro que o fil- bússola para o futuro e mais como
de mostrar quais são os me como negócio havia chegado ao referência de que a indústria do se-
rumos do mercado ao expor produ- fim, as quatro edições seguintes fo- tor passa por um novo momento de
tos e serviços para o público (e con- ram marcadas por sinalizações de ajuste. Nessa acomodação de ter-
correntes) durante a Photokina, em crescimento e de avanço tecnológico reno, foram anunciados poucos lan-
Colônia, na Alemanha, a maior feira na era digital da fotografia. Contudo, çamentos, com destaque para a Ca-

82 Fotografe Melhor no 218


Sérgio Branco

Sérgio Branco
No sentido horário, bancada para testar teles no estande da
Canon; fotógrafo profissional faz demonstração no estande
da Sigma; público fotografa uma modelo no estande da Fuji;
e visitantes manipulam câmeras no estande da Sony

A Photokina 2014 foi


marcada também por
um grande número
de exposições de
fotos, como esta ao
lado, com imagens da
National Geographic
Sérgio Branco

non EOS 7D Mark II e a Nikon D750, timos do binômio fotografia-vídeo, em vários estantes (Canon, Nikon,
entre as DSLRs, e o público viu as tendência sem volta ditada pela con- Sony, Panasonic e Samsung, por
estreias da RED e da BlackMagic, vergência tecnológica. exemplo) para que o visitante pu-
com grandes estandes em área no- Para salientar isso, cenários com desse operar câmeras montadas
bre para apresentar suas filmadoras atores ou modelos que ficavam dis- em tripés (adornadas ou não com
digitais. As duas empresas ameri- poníveis durante as oito horas diá- acessórios de filmagem) e conferir
canas chamaram muito a atenção rias de duração da feira (das 10h às o desempenho delas na gravação
de consumidores cada vez mais ín- 18h para o público) foram montados de vídeos. Uma Sony Alpha 7s, por

Novembro 2014 83
NOVIDADES

Fotos: Divulgação
Estreante da Photokina, exemplo, estava irreconhecível tal o apa- entrada na briga por espaço no mercado
a RED americana levou rato cinematográfico que a decorava. de smartphones.
modelos para desfiles Até mesmo na tradicional Leica essa Muita curiosidade também despertou
de biquínis todos os dias
e conseguiu chamar configuração de câmera fotográfica a pouco conhecida Lytro, que em julho
uma grande atenção pronta para fazer cinema podia ser vista, anunciou a Illum, mas só a mostrou ao
para seu estande seja em corpo da própria marca ou em público na Photokina. Trata-se de uma
outro equipado com as famosas objetivas câmera no mínimo inusitada, com design
alemãs. E na terminologia técnica o full inovador. Segundo seus criadores, apre-
HD deu adeus para o futuro domínio do senta uma nova maneira de retratar o
A Panasonic surpreendeu 4K, que, aliás, é a resolução de vídeo do mundo baseada em alta tecnologia, o que
com o lançamento do Lumix DMX-CM1, a maior surpresa da inclui um poderoso software na câmera,
smartphone Lumix CM1 feira, já que a Panasonic anunciou sua um sensor revolucionário e uma lente
equivalente a 30-250 mm com abertura
constante f/2 – é candidata a ser uma re-
volução ou um fiasco, mas é bom lembrar
que a GoPro começou assim, meio desa-
creditada, e hoje manda no mundo das
câmeras de ação, nicho que teve um gran-
de crescimento nos últimos cinco anos.
E para transportar essas câmeras de
ação e outras tantas a Photokina foi in-
vadida por vários objetos voadores bem
identificados: drones de várias marcas
foram exibidos na feira, bem como um
sem-fim de acessórios de filmagem, al-
guns de empresas pequenas, mas que
empregam alta tecnologia, como a sul-
coreana Varavon.
Assim como sinaliza o desabrochar de
produtos com potencial de sucesso, a Pho-
tokina também enterra outros. A silenciosa

84 Fotografe Melhor no 218


Sérgio Branco
Muitas câmeras, como a Sony Alpha 7S
acima, foram montadas em tripés para
mostrar a filmagem de cenários com atores

cerimônia fúnebre dessa vez foi para as


câmeras digitais compactas. Quem outrora
admirava estandes repletos de “sabone-
teiras” coloridas (como eram chamadas
as compactas mais populares) pôde ob-
servar o fim de um ciclo em que o tiro fatal
foi dado pelos smartphones. Coube à Pho-
tokina descer o caixão na cova.
Outra novidade foi o bom espaço re-
servado na área térrea do imenso com-
plexo Koln Messe, onde é realizada a feira,
para que galerias pudessem expor e ven-
der obras de fine art para o público, algo No alto, um steadicam
de controle eletrônico da
até então inédito. E as exposições que
sul-coreana Varavon;
sempre fazem parte da Photokina pare- acima, drone avançado
ceram anabolizadas este ano, principal- durante demonstração
mente no estande da Leica, que ofereceu dentro do pavilhão
ao público pelo menos dez mostras de
grandes fotógrafos identificados com a
tradicional marca alemã.
Segundo a organização, nos cinco dias
de evento, 180 mil pessoas passaram pe-
los 11 pavilhões (todos com térreo e piso
superior) para conferir estandes de 1.070
empresas de 51 países diferentes – ne-
nhuma do Brasil. Tanto em número de
empresas quanto de público, a Photokina
Visitante manipula a
2014 teve uma pequena queda em relação
Sérgio Branco

Lytro Illium, câmera


a 2012 (algo em torno de 8%). Veja a seguir americana revolucionária
os principais lançamentos mostrados na que virou uma grande
Photokina 2014. atração na Photokina

Novembro 2014 85
NOVIDADES
A DSLR EOS
7D Mark II
e a compacta
premium G7 X
foram boas
novidades
da Canon

CANON AF), processador de imagem mais de autofoco de 31 pontos, disparo


A EOS 7D Mark II foi a grande rápido (DIGIC 6), ISO de 100 a 16.000 contínuo de 6,5 imagens por segun-
atração no estante da Canon. Ela (expansível até 51.200), disparo se- do, compartilhamento de imagens
chegou para substituir a vetusta quencial de até 10 imagens por se- por wi-fi ou NFC, monitor articulado
EOS 7D, com cinco anos de mercado gundo, funções profissionais para touchscreen com seleção de ponto
(longevidade fora dos padrões da captação de vídeo, entre outros de- de foco na tela e uma lente luminosa
era digital). A câmera foi totalmente talhes. O preço estimado é de cerca zoom equivalente a 24-100 mm f/18-
remodelada. Ganhou novo sensor de US$ 1.800 nos EUA. 2.8. O preço previsto para o mercado
APS-C de 20 megapixels, sistema Outra boa novidade apresentada americano é de US$ 700.
de foco automático melhorado (65 foi a compacta de pegada profissio- Também foi apresentada a com-
pontos e sistema Dual Pixel CMOS nal G7 X, que vem com sensor pacta SX60 HS, com objetiva com
de 1 polegada, proces- zoom óptico de 65x, equivalente a
sador DIGIC 6, sistema 21-1.365 mm f/3.4-6.5 (preço esti-
mado de US$ 550) e a SX520 HS,
As objetivas 400 mm com zoom óptico de 42x, equivalente
f/4 e 24 mm f/2.8 e a a 24-1.008 mm f/3.4-6 (US$ 350).
compacta superzoom Na área das objetivas, os lança-
SX60 HS também mentos foram a tele EF 400 mm f/4
foram apresentadas DO IS USM II, a grande angular EF-
S 24 mm f/2.8 STM e a versátil 24-
105 mm f/3.5-5.6 IS STM, as duas
últimas também voltadas ao ni-
cho de filmmakers.

86 Fotografe Melhor no 218


Fotos: Divulgação
A DSLR D750 foi a maior novidade
da Nikon, que lançou ainda a
objetiva fixa AF-S 20 mm f/1.8

NIKON
As atenções no estande da Nikon
se voltavam para a nova D750, única
câmera lançada pela marca na Pho-
tokina. A DSLR de sensor full frame
de 24 MP chegou para ser uma op-
ção intermediária entre a D610 e a
D810. O sistema de autofoco tem 51
pontos (como na D810), o disparo
contínuo é de 6,5 imagens por se-
gundo, ela compartilha imagens
via wi-fi, a sensibilidade ISO vai de
100 a 12.800 (com opções de 50,
25.600 e 51.200), o processador é
o EXPEED 4, a durabilidade do ob-
turador é estimada em 150 mil ci-

Sérgio Branco
clos, o monitor é articulado de 3,2
polegadas (sem touchscreen), a
bateria tem capacidade para até
1.230 disparos e o vídeo é capturado
em full HD (1080p/60fps). O preço Acima, o braço robótico “serpente” que controlva uma Nikon D4s e, abaixo, uma
estimado nos EUA é de US$ 2.300 das palestras no estande da Nikon, que deu muita ênfase a produções de vídeos
só o corpo (ou US$ 3.300 com a ob-
jetiva 24-120 mm). Na área de ob-
jetivas, a única novidade foi a fixa
Nikkor AF-S 20 mm f/1.8 G, com
motor de foco interno.
No estande da Nikon, chamou
muito a atenção um braço robótico
que portava uma Nikon D4s e que
parecia uma serpente pelos movi-
mentos que fazia. Próximo a ele fo-
Sérgio Branco

ram exibidas várias estações robó-


ticas NS-1, que a Nikon definia como
um produto para o futuro.

Novembro 2014 87
NOVIDADES

Fotos: Divulgação
As duas versões da X100T, única
câmera lançada pela Fuji em
Colônia; e as objetivas Fujinon
XF 50-150 mm f/2.8 e XF 56 mm
f/1.2, apresentadas na feira

FUJIFILM tem wi-fi integrado, sensor APS-


Com grande estande muito pro- C X-Trans CMOS II de 16 MP, pro-
curado pelo público (e que lembrou cessador EXR Processor II, monitor
os áureos tempos da era do filme fixo de 3 polegadas, ISO de 200 a
em que a empresa japonesa era 6.400 (expansível de 100 a 51.200),
uma das protagonistas da Photokina capacidade de filmar em full HD
ao lado da Kodak), a Fujifilm deu (1080p/60/50/30/25/24 fps) e uma
provas de que o investimento em lente fixa Fujinon 23 mm f/2 (equi-
um nicho específico, as câmeras da valente a uma 35 mm em ângulo
linha X, foi uma decisão mais do que de visão).
acertada. Na feira, a única e grande A grande novidade é o sistema
novidade foi o modelo X100T, pri- híbrido, que pode exibir no visor óp-
meira compacta premium do mundo tico informações eletrônicas que por telêmetro. Há ainda os modos
equipada com um inovador range- também aparecem no monitor, co- Focus Peaking e Digital Split Image,
finder eletrônico. mo a área de foco ampliada no mo- além de um modo de correção de
Apesar do visual retrô, a X100T mento de fazer a focalização manual paralaxe em tempo real para asse-
gurar um enquadramento mais pre-
ciso. O preço estimado da XT100T
nos EUA é de US$ 1.300.
No setor de objetivas, foram
apresentadas as novas Fujinon XF
50-140 mm f/2.8 R LM OIS WR, a
primeira lente no mundo a contar
com a tecnologia Triple Linear Mo-
tor, e XF 56 mm f/1.2 R APD (equi-
valente a uma 85 mm), ideal para
retratos graças ao seu eficiente efei-
to bokeh. A luminosa XF 50-140 mm

Os retratos produzidos pela


Instax mini 90 fizeram muito
Sérgio Branco

sucesso no estande da Fuji,


principalmente entre a nova
geração, que não conhece a
“mágica” do filme instantâneo

88 Fotografe Melhor no 218


Lançamentos da
tem ângulo de visão equivalente a Panasonic em Colônia:
75-210 mm e conta com um sensor as compactas premium
LX 100 (à esq.) e GM5
giroscópio de alta performance e e o smartphone CM1
um exclusivo algoritmo de estabi-
lização de imagem que permitem
fotografar com a câmera na mão bilidade, medindo 1 po-
em variadas situações. legada (13,2 x 8,8 mm),
resolução de 20 MP, lente
PANASONIC fixa Leica DC Elmarit equiva-
Cada vez mais afastada do mer- lente a 28 mm f/2.8, monitor de 4,7
cado brasileiro de fotografia, a Pa- polegadas touchscreen, possibili-
nasonic fez o que ninguém esperava dade de ajuste manual de velocidade tro Terços (17,3 x 13 mm) de 13 MP,
na Photokina: mostrou o avançado e de abertura (de f/2.8 a f/11) e fil- tem um design elegante com uma
smartphone Lumix DMX-CM1 e cau- magem em 4K. Fora isso, o smartp- luminosa lente zoom Leica fixa equi-
sou surpresa mundial, já que ela es- hone Panasonic usa o sistema An- valente a 24-75 mm f/1.7-2.8, ISO de
colheu o evento do setor fotográfico droid, tem wi-fi, NFC, slot para cartão 200 a 25.600, monitor fixo de 3 pole-
para mostrar o novo produto em de- microSDXC de até 128 GB, memória gadas, visor eletrônico, conexão wi-
trimento de importantes feiras de interna de 16 GB e pode ser usado fi, velocidade de 60s a 1/16.000s e
eletrônicos que ocorreram antes. E como telefone celular. controle manual de foco e exposição.
isso não foi por acaso, já que os atri- Quanto a câmeras, foram apre- O preço é de US$ 900 nos EUA.
butos do CM1 são compatíveis com sentadas duas compactas premium, Já a GM5, atualização da GM1, é
os de uma câmera compacta avan- a Lumix DMC-LX100 e a Lumix DMC- uma mirrorless com sensor Quatro
çada: sensor grande, de alta sensi- GM5. A LX100 vem com sensor Qua- Terços de 16 MP. Tem como novidade

As três novas lentes G da Panasonic para o sistema Quatro Terços: 14 mm f/2.5, 30 mm f/2.8 Macro e 35-100 mm f/4-5.6

Novembro 2014 89
NOVIDADES
Lançamento 4K/24p (codec H.265). O preço no
solitário da mercado americano, apenas do cor-
Samsung, a po, é de US$ 1.499 (com a lente 16-
NX1 oferece 50 mm f/2-2.8, sobe para US$ 2.799).
gravação de
vídeo em 4K
SONY
Depois de anunciar câmeras
de ponta, como a Alpha 7S, em ou-
tras feiras, a Sony não reservou
nenhuma grande surpresa para a
Photokina – e isso decepcionou um
pouco o público que compareceu
em grande número no enorme es-
tande da marca.
O que ficou claro é que a Sony
também decretou o fim das com-
pactas “saboneteiras” para apostar
em aparelhos que agregam valor
(e recursos) aos smartphones da
linha XPeria, que se conecta a eles
via wi-fi ou Bluetooth. As novidades
nesse segmento são as câmeras
Cyber-shot DSC-QX30 e Alpha QX1,
SAMSUNG ambas com sensor de 20 MP.
Com um enorme e dis- O QX-30 é uma câmera super-
putado estande na Photokina, a compacta de design inovador, cria-
Samsung apresentou apenas uma da para ser usada acoplada ao
grande novidade, a mirrorless de smartphone. Tem sensor pequeno
estilo DSLR NX1. E conta com sen- (6,17 x 4,55 mm), zoom de 30x (equi-
sor APS-C de 28 MP, ISO de 100 a valente a 24-720 mm), estabilizador
25.600 (expansível a 51.200), sistema de imagem, ISO de 80 a 3200, capa-
de autofoco híbrido (que promete cidade de disparar até 10 imagens
eficiência na focalização mesmo em por segundo e gravar em full HD
um visor eletrônico, vem com cone- baixas condições de luz), monitor (60p). O preço é de US$ 348 nos EUA.
xão wi-fi e oferece os mesmos re- móvel touchscreen de 3 polegadas Já o Alpha QX1 é uma inovação
cursos de velocidade de disparo, e alta definição e conexão wi-fi. Em mundial e também feito para ser
monitor e ISO da LX100 – também vídeo, a NX1 oferece a resolução usado com o smartphone. Trata-se
fica na faixa de preço de US$900 nos
EUA, mas só o corpo. E com ela fo- As compactas QX
ram anunciadas as lentes G Vario 30 (à dir.) e Alpha
35-100 mm f/4-5.6 ASPH Mega OIS QX1, para uso em
e G Vario 14 mm f/2.5 II ASPH. conjunto com
smartphone

90 Fotografe Melhor no 218


A Leica M Edition 60 é uma rangefinder digital com
controles manuais e sem o monitor LCD na traseira

As compactas premium Leica X (acima), que tem sensor


de 1 polegada, e D-Lux, com sensor Quatro Terços

Fotos: Divulgação
de um adaptador para lentes de madoras digitais, o público pode que ainda não tinha sido divulgado
montagem E da linha Alpha dotado conferir todas as câmeras da marca até o fechamento da edição. Entre
de sensor, no caso, um grande APS- e três lançamentos: a rangefinder as características técnicas do mo-
C (23,2 x 15,4 mm). Ele é acoplado digital M Edition 60 e as novas ver- delo estão o corpo em aço inoxidá-
ao smartphone, como o QX30, po- sões das compactas X e D-Lux. vel, o sensor full frame (24 x 36 mm)
rém, do outro lado há uma baioneta A M Edition 60, como o nome de 24 MP, ISO de 100 a 6.400, gra-
que pode receber qualquer objetiva denuncia, é uma comemoração dos vação em RAW e velocidade de dis-
compatível e dá ao celular o poten- 60 anos da lendária linha M da Leica, paro de 60s a 1/4000s.
cial de uma câmera maior, com ISO que começou com a M3 em 1954. Já a compacta Leica X vem
de 100 a 16.000, velocidade de dis- Ela vem com uma lente fixa Sum- com sensor APS-C de 16 MP, mo-
paro de 30s a 1/4000s, gravação em milux-M 35 mm f/1.4 ASPH e um nitor fixo de 3 polegadas e lente
RAW e até o disparo de um pequeno detalhe inusitado: apesar de ser di- fixa de 35 mm f/1.4. O ISO varia de
flash embutido. O preço de venda gital, não vem com monitor LCD. A 100 a 12.500 e a velocidade de dis-
nos EUA é de US$ 398. parte traseira lembra uma câmera paro vai de 30s a 1/2000s. Por seu
de filme e exibe um grande disco lado, a nova D-Lux é dotada de sen-
LEICA de controle de ISO. Segundo a Leica, sor Quatro Terços de 13 MP, vem
Como a grande empresa alemã a ideia é incentivar o usuário a se com lente zoom fixa equivalente a
do segmento de fotografia, a Leica concentrar em fundamentos foto- 24-75 mm f/1.7-2.8, monitor fixo
ocupou todo o pavilhão 1 da Koln gráficos e não em recursos eletrô- de 3 polegadas, velocidade de 60s
Messe e abriu um imenso espaço nicos – ou seja, todos os controles a 1/16.000s e ISO variável de 200
para 30 exposições fotográficas de são manuais. Mas é coisa para pou- a 25.600. O preço de ambas as
alta qualidade. Em meio a câmeras cos (mesmo): apenas 600 unidades compactas premium da Leica tam-
equipadas com aparatos de filma- da M Edition 60 serão vendidas no bém não havia sido definido até o
gem e lentes Leica acopladas a fil- mundo e a um preço (alto, claro) fechamento da edição.

Novembro 2014 91
NOVIDADES

A Lytro Illum tem sensor e software revolucionários e vem


com uma lente zoom fixa que equivale a 30-250 mm f/2

sistente a choques e a profundida-


des de até 10 metros. Pode ser ainda
acoplado a uma série de acessórios
e fixado em pranchas, bicletas,
automóveis, entre outros, como
se tornou comum para esse
tipo de câmera.
Outra marca tradicional
a mostrar também apenas
um lançamento na feira foi
a Hasselblad, que mostrou
o corpo da digital de médio
formato HX5, que pode re-
ceber tanto backs digitais
como para filmes. Ela é com-
patível com a série de lentes
HC e HDC da marca, tem obtu-
rador de controle eletrônico para
sincronia de disparo de flash em
Lançamentos em segmentos
até 1/800s e uma série de funcio-
muito díspares: a médio OUTRAS MARCAS nalidades para uso em estúdio.
formato Hasselblad HX5 A Pentax, que faz parte do grupo Entre as marcas que marcaram
(acima) e a pequena câmera Ricoh Imaging, e Olympus, outrora presença pela primeira vez na Pho-
de ação Ricoh WG-M1 duas marcas de muito peso na fo- tokina estavam a Lytro, a RED, a
tografia, montaram estandes de ta- BlackMagic e a GoPro, todas em-
manho médio na Photokina e dei- presas americanas que desenvol-
xaram o aficionados por suas câ- vem câmeras para fotografia e vídeo
meras um tanto decepcionados por com soluções e design bem distintos
não anunciarem nenhum lançamen- das que marcam as concorrentes
to na maior feira mundial do setor. japonesas e europeias.
Coube à Ricoh mostrar como A Lytro, que mostrou em Colônia
novidade mais uma câmera de ação a revolucionária Illum, começou co-
para concorrer com a GoPro e ou- mo uma pequena startup na Cali-
tras: a WG-M1, que tem lente olho fórnia e parece seguir o caminho de
de peixe (com ângulo de visão de glória da GoPro – a criadora e líder
1600 ), sensor de 14 MP, capacidade de um hoje crescente mercado de
de disparo de até 10 imagens por câmeras de ação. No caso da Lytro,
segundo e de filmagem em full HD. termos como “campo de luz” para
O corpo, de design avançado, é re- explicar a multiplicidade de opções

92 Fotografe Melhor no 218


para selecionar o foco na cena ou
“megarraios de luz” em vez de me-
gapixels passaram a ser comuns.
Por trás da genialidade do projeto
está o malaio Ren Ng (assim mesmo
não, é erro de digitação), que foi
criança para a Austrália, graduou-
se em Matemática e Ciência da
Computação e, depois, fez pós-dou-
torado na Stanford University, nos
Estados Unidos.
A Illum é realmente uma câmera
incomum e está sendo vendida nos
EUA por US$ 1.600 . Para saber mais
e entender o processo de foco com
gerenciamento do software da câ-
mera, acesse www.lytro.com.
Como fotografia e vídeo nunca
estiveram tão ligados como na atua- Filmadoras digitais que também foram
lidade, tanto a RED como a Black- sucesso na Photokina: a RED Epic Dragon
Magic foram atrações muito procu- 6K (acima) e a BlackMagic Ursa 4K
radas pelo público na Photokina. (abaixo), que puderam ser manipuladas
No estande da RED foi montada por visitantes durante a feira
uma passarela para que belas mo-
delos alemãs fizessem um desfile
de biquíni todos os dias da feira, à
tarde. Isso fez muito marmajo dar
plantão em frente ao estande da
marca, que exibia como grande no-
vidade a filmadora digital RED Epic
Dragon 6K, capaz de captar 100 ima-
gens de 19 MP por segundo. Como
de praxe, a câmera é modular e acei-
ta uma porção de objetivas de mar-
cas diferentes (com adaptador) e
uma infinidade de acessórios.
Com um estande bem amplo, a
BlackMagic não anunciou nenhum
lançamento, mas mostrou ao público
europeu a nova Ursa 4K, filmadora
digital que lançou em abril no NAB
Show 2014, em Las Vegas. Muita
gente ficou impressionada com o
monitor móvel de 10 polegadas da
câmera, que pode ser manipulada
por profissionais e curiosos.
GoPro, RED, BlackMagic e Lytro
deixaram bem claro na Photokina
que a tecnologia made in USA vai
ganhando terreno diante de japo-
neses e europeus. É um novo e bom
Fotos: Divulgação

sinal de mudança no mercado.

Agradecimento: à Travel Ace do Brasil


(www.travelace.com.br)

Novembro 2014 93
Nesta edição, as palestras foram gratuitas e aconteceram na Tenda Multimídia com espaço para 400 pessoas

Paraty em Foco...
... ou quase
Décima edição do festival internacional foi marcada por poucos fotógrafos e
um grande número de artistas visuais que usam a fotografia como suporte

POR KARINA SÉRGIO GOMES

C
om a vinheta que mostra- muito bem o evento que trouxe, em foi a formação dos fotógrafos ofer-
va o cartaz do festival com geral, mais artistas que usam a fo- tando gratuitamente as palestras na
uma foto da série Nin- tografia como suporte do que fotó- Tenda Multimídia com capacidade
guém é de Ninguém, de grafos propriamente ditos que, para 400 pessoas, e oferecendo 114
Rogério Reis, em foco e fora de foco, usam o ofício para fazer grandes bolsas para os 22 workshops que fo-
foi aberta a 10a edição do Paraty em retratos, documentar o mundo e in- ram realizados – além de 10 expo-
Foco, cujo slogan dizia: “Paraty em formar por meio de imagens. sições espalhadas pela cidade que
Foco. Ou Quase”. Essas duas últi- O objetivo central do 10o Paraty, ofereciam aos visitantes a oportuni-
mas palavras, “ou quase”, definiram segundo o diretor Iatã Cannabrava, dade de analisar com mais tempo o

96 Fotografe Melhor no 218


Fotos: Sara De Santis

A estrututura que recebe o nome de cubo ficou maior em 2014 e com espaço para o público andar por baixo e por
cima entre as imagens; abaixo, exposição da série Ninguém é de Ninguém, de Rogério Reis, na Praia do Pontal
EVENTO

As atrações internacionais: David Alan entrevistas no dia 24 de setembro, fotos exibidas por Rinko mostravam
Harvey, à esq., e Rinko Kawauchi que dessa vez aconteceu em uma situações cotidianas, como um pom-
grande tenda montada na Praça da bo morto na rua, escadas da saída
trabalho dos fotógrafos e aprender Matriz, aberta para todo público. do metro, uma melancia em cima
também por meio da observação da mesa... Para ela, a fotografia serve
Entre as inovações, o tradicional FOTOGRAFIA NA ARTE como “instrumento para capturar a
cubo de fotos, ao lado da Praça da As primeiras palestras foram fugacidade da vida”.
Matriz de Paraty, ficou maior em marcadas por artistas visuais que No dia seguinte, foi a vez dos cha-
2014, e com espaço para as pessoas usam a fotografia como forma de ex- mados fundadores do “novo natu-
circularem por baixo e por cima. Em pressão. Cerca de 35 horas depois ralismo”, o mineiro Pedro Mota e o
uma espécie de belvedere, na parte de ter saído do Japão para chegar ao amazonense Rodrigo Braga, dois ar-
de cima da estrutura, foram apre- Brasil, Rinko Kawauchi se desculpou tistas que usam a fotografia como
sentados projetos multimídias se- pelo cansaço, disse que se esforçaria suporte para trabalhar com questões
lecionados na Convocatória em Fo- para não dormir durante a apresen- ligadas ao ambientalismo.
co, e muitas pessoas aproveitaram tação e pegou os espectadores des- Os dois se ativeram em mostrar
o espaço para tirar fotos de novos prevenidos ao declarar que faria sua os percursos de suas carreiras. Mota
ângulos da cidade. falaria em japonês e não em inglês, mostrou como hoje se sente mais
As duas grandes atrações inter- provocando um corre corre em busca à vontade em intervir na imagem
nacionais do festival foram David de fones para ouvir a tradução. por meio de programas de edição
Alan Harvey (fotógrafo da Agência Ela falou, em tom monocórdio, e desenho; e Braga, que antes usava
Magnum e da revista National Geo- sobre a série de livros que publicou a fotografia praticamente para re-
graphic , que veio pela segunda vez e a delicadeza das imagens produ- gistro de performances, exibiu uma
ao festival), e a artista japonesa Rin- zidas que trabalham com temas li- série de fotos recentes em que dei-
ko Kawauchi, que abriu a mesa de gados à vida e à morte. Em geral, as xou visível a sua maior preocupação

98 Fotografe Melhor no 218


Fotos: Sara De Santis

com composição das imagens. antropológica sobre esse tema. E quem Plateia lotada na
O segundo a se apresentar foi o holan- encerrou a noite foi o pesquisador Maurício Tenda Multimídia
para a apresentação
dês Niels Stomps que, por meio do ato de Lissovsky, apresentando um estudo sobre
de Rinko Kawauchi;
fotografar, faz um estudo antropológico a representação das raças na fotografia abaixo, o holandês
da sociedade. Durante a apresentação, brasileira, que tinha como base o clássico Niels Stomps
Stomps mostrou o projeto Faces, em que Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freire.
resolveu usar a própria câmera para testar
a simpatia dos moradores de Amsterdã –
na época considerada a cidade mais an-
tipática da Europa. Sem pedir licença,
Stomps entrava na frente das pessoas e
fazia um retrato pouco fotogênico.
Em seguida, apresentou 83 Days of
Darkness, cujo objetivo era mostrar a vida
em uma pequena vila na Itália em que não
batia sol até que foi colocado um enorme
espelho em uma montanha para que a luz
fosse refletida sobre o vilarejo.
Ele encerrou a palestra apresentando
seu último projeto, Mist, cujo livro foi lan-
çado no Brasil durante o Paraty em Foco,
sobre a Barragem das Três Gargantas,
maior represa do mundo construída no
centro da China – ele fez a documentação

Novembro 2014 99
Juan Esteves (à esq.) mediou
a conversa entre Evandro
Teixeira e Nair Benedicto

Ao final, o fotógrafo foi aplaudido de


pé e deu início a sua fala comentando
o tempo em que trabalhou no Jornal
do Brasil, durante o período militar.
Na sequência, Nair Benedicto contou
sobre a experiência na agência F4 e
as fotorreportagens que fez para re-
vistas internacionais tendo como te-
mas principais os índios, as crianças
e as mulheres brasileiras. Ambos
foram novamente aplaudidos de pé
Fotos: Karina Sérgio Gomes

pelo público no fim da apresentação.


Rogério Reis foi o convidado da
segunda mesa do dia. O fotógrafo
abriu a conversa fazendo uma ho-
menagem a Luiz Claudio Marigo, ar-
ticulista de Fotografe, que morreu
em julho de 2014, e lembrou dos
anos em que trabalhou com Evandro
IMAGENS COM DRONES e pessoas sentadas no chão, Evandro Teixeira no Jornal do Brasil.
O terceiro dia foi aberto com a emocionou os espectadores ao mos- Questionado pelo fotógrafo Cláu-
entrevista do fotógrafo mexicano Ja- trar as imagens que fez no tempo da dio Edinger, entrevistador da mesa,
vier Hinojosa, que vem se dedicando ditadura militar brasileira ao som da sobre o porquê da sua entrada no
a fotografias feitas com drones sobre apresentação de Geraldo Vandré no universo autoral depois de anos de-
ruínas de civilizações antigas do Mé- Festival da Canção, promovido pela dicados ao fotojornalismo, Rogério
xico. Javier mostrou incríveis time- TV Record em 1966, em que cantou disse que o cansaço da vida de reda-
lapses feitos a partir de images que Pra não dizer que não falei das flores. ção foi o que o levou a fazer trabalhos 4
faz com a ajuda do aparelho voador,
mostrando uma tendência por onde
a fotografia pode avançar.
Na sequência, as entrevistas do
festival entraram na parte do slogan
“ou quase”. A jovem artista Sofia Bor-
ges apresentou seu trabalho dizendo
que começou a fotografar porque
“não entendia o que era uma ima-
gem”. Em um discurso empolado e
pouco objetivo, mostrou que sua pro-
dução consiste em fotografar frag-
mentos de obras de arte de museu
e reproduções de livros. A conversa
foi mediada pelo curador Agnaldo
Faria, que na sequência apresentou
o trabalho do japonês Masao Yama-
moto. Foram, sem dúvida, os mo-
mentos mais maçantes do festival.
O Paraty só recuperou o foco no
sábado, com a mesa promovida por
Fotografe com os fotojornalistas
Evandro Teixeira e Nair Benedicto.
Com todos os 400 lugares ocupados Fotógrafos se reuniram para fazer uma foto protestando em favor de Alex Silveira

100 Fotografe Melhor no 218


Ato em favor do fotógrafo Alex
Silveira foi combinado durante a
Assembleia Popular dos Pixels,
promovida pelo Coletivo Erro99

estão as serigrafias de fotos 3x4 ex-


postas na estação Sumaré do metrô
de São Paulo. O festival foi encerrado
com uma conversa entre João Cas-
tilho e Letícia Ramos, vencedores

Sara De Santis
da Bolsa Fotografia ZUM/Instituto
Moreira Salles (IMS), de 2013, que
falaram sobre suas respectivas tra-
jetórias e os projetos elaborados
com a bolsa que ganharam.
mais autorais nessa nova etapa mis- sentação, que se renderam ao cari-
turando a fotografia com artes visuais. nho do americano que parou a con- POUCA DISCUSSÃO
A noite foi encerrada com a gran- versa para fazer um cafuné neles. O que se percebeu em todas as
de atração do festival, o norte-ame- Durante o Paraty, Harvey lançou ain- doze mesas do Festival foi que a
ricano David Alan Harvey, fotógrafo da o livro Based on a True Story, com maioria dos fotógrafos (ou quase) se
da National Geographic e da agência fotos de sua mais recente viagem ao preocupou mais em apresentar suas
Magnum. De jeito simples e fala tran- Rio de Janeiro. Uma novidade é que trajetórias do que em discutir o fazer
quila, David contou que o seu pri- as páginas não estão encadernadas fotográfico ou temas relevantes à fo-
meiro livro de fotos foi um álbum que e cada leitor pode remontar o livro tografia. O único dia de debate sobre
fez da família – ele começou a foto- na sequência que preferir. fotografia aconteceu na sexta-feira
grafar aos 11 anos e, desde muito A primeira mesa do domingo e à noite, com o coletivo Erro99, que
jovem, já tinha o sonho de se tornar último dia do festival, foi do artista organizou a divertida Assembleia
um fotógrafo da revista NatGeo. O visual Alex Flemming, brasileiro ra- Popular dos Pixels, com temas que
carisma do fotógrafo conquistou a dicado na Alemanha, que falou da foram sugeridos pelo público nos
todos, inclusive aos cães que pas- apropriação da fotografia em seus primeiros dias do festival. Os assun-
seavam pela tenda durante a apre- trabalhos – entre os mais conhecidos tos selecionados por meio de votação
foram discutidos rasamente com
quem quis se manifestar, sempre
conduzido de forma bem-humorada.
A única discussão que chegou a
uma resolução foi ao ato em favor
do fotógrafo Alex Silveira, culpado
absurdamente por um desembar-
gador da Justiça paulista por ter per-
dido um olho durante a cobertura de
um protesto em 2000 em São Pau-
lo. Dezenas de fotógrafos se reuni-
ram em frente à Igreja da Matriz para
fazer uma foto que deveria viralizar
na internet e alcançar estâncias do
poder judiciário como protesto.
Com a falta de “foco” no tocante
à fotografia tradicional, o grande ga-
nho para quem participou da décima
Ekaterina Kholmogorova

edição do festival foi ampliar o re-


pertório e ter referências sobre su-
portes (como o uso de drones) para
compor e fazer imagens, sejam em
áreas como fotojornalismo, docu-
mentário, fine art, artes visuais ou
O curador Milton Guran, David Alan Harvey e os cães que “assistiam” à conversa projetos multimídias.

102 Fotografe Melhor no 218


POR LAURENT GUERINAUD FOTOS DE LEITORES COMENTADAS

RAIO X
 
N
os cursos de fotografia que Rodrigo Afonso, Carlos Silva,
ministrei, sempre conside- Niterói (RJ) Rio de Janeiro (RJ)
rei importante pedir aos alu-
Visualmente, ficou muito O céu apresentava tanto interesse
nos que levassem fotos para bonito. O que poderia ser a ponto de ocupar os dois terços da
ser comentadas. Além de dar pistas melhorado é a parte de baixo, imagem: se ainda houvesse algumas
para melhorar o trabalho de cada um, que ficou pouco legível, com as nuvens, a lua, um avião ou pássaros,
essa prática torna possível abordar gotas na frente do copo que até justificaria essa composição, mas
perturbam um pouco. Há aqui não é o caso. Além disso, na
assuntos variados e mostrar exemplos também algumas gotas que parte de baixo, faltam elementos para
práticos. Os leitores têm entendido es- formam pontos brancos e segurar o olhar do observador. A
sa proposta na seção “Raio X”. Além incomodam, por exemplo, na catedral, que se destaca à direita,
parte esquerda acima do copo. E poderia fazer esse papel se não fosse
dos comentários que saem na revista, o enquadramento horizontal tão pequena e perdida no meio do
muitas análises são enviadas por e- intriga: acredito que um formato espaço. Mas o certo teria sido
mail, já que não há espaço para publi- vertical ficaria mais adequado, procurar um primeiro plano para criar
car todas as fotos selecionadas. Se eliminando as superfícies vazias pontos de destaque e dar
dos lados do copo. profundidade à foto.
você quer participar, envie, no máximo, Equipamento: Canon EOS T3i com Equipamento: Nikon D5000 com
três fotos para que uma delas seja co- objetiva Canon 18-55 mm objetiva Nikkor 18-55 mm
mentada. O objetivo dos comentários Exposição: f/5.6, 1/160s e ISO 100 Exposição: f/5, 1/5s e ISO 20
é dar dicas para melhorar sua técnica
fotográfica e apurar seu olhar. Veja na
página 112 os critérios da seção.

106 Fotografe Melhor no 218


 Elton Lopes de
Carvalho,  Alzio Dias,
Paulista (PE)  Sylvio Olivetti,
Santos (SP)  Guilherme Viegas Reis,
Belo Horizonte (MG)
Santos (SP)
Você não se satisfez em O interessante nessa Fotografar animais em
A cena ficou interessante, simplesmente fotografar o imagem é o olhar do cativeiro exige muito mais
com cores atraentes e monumento: procurou um jogador que está cuidado que na natureza.
efeito de repetição da ponta ponto de vista diferenciado e defendendo. Para valorizá- Eles não têm como fugir,
dos barcos. O que incluiu a palmeira na lo mais ainda, o ideal teria assim, o fotógrafo não tem
incomoda é a leve imagem. Parabéns. Porém, sido fechar um pouco mais desculpa: ele pode
inclinação natural das ainda deixou um espaço o enquadramento. O painel preparar o ambiente e
embarcações: nessa demasiado à esquerda e os do placar cortado perturba, repetir quantas vezes
situação, você poderia ter dois elementos não mas, sobretudo, a linha de quiser. Essa foto poderia
inclinado bastante a dialogam tão bem quanto horizonte torta incomoda. A ser valiosa se o fundo fosse
câmera de maneira poderiam. Uma sugestão: ação não justificava essa natural. Mas as grades,
proposital para dinamizar o ter se abaixado para inclinação e, mesmo que com a sombra ao fundo,
resultado. posicionar o monumento justificasse, não seria deixa o sentimento de um
Equipamento: Canon EOS abaixo da curva das folhas suficiente para agradar. ambiente escuro e remete
Rebel T3i com objetiva da palmeira. Faltou também Enfim, uma ação mais à cadeia, o que não agrada.
Canon 18-55 mm uma tele para encher mais decisiva teria rendido uma Para fotografar o papagaio,
Exposição: f/8, 1/250s o quadro e eliminar espaços foto mais impactante. tire-o da gaiola, escolha
e ISO 400 inúteis. Equipamento: Canon um ambiente que o
Equipamento: Canon EOS T3i com objetiva valorize, preste atenção à
EOS T3i com objetiva 55-250 mm luz e faça tantas fotos
Canon 50 mm Exposição: f/4-5.6, 1/125s e quanto precisar.
Exposição: f/9, 1/250s ISO 1600 Equipamento: Apple:
e ISO 100 iPhone 4S com objetiva
equivalente a 30 mm f/2.2
Exposição: f/2.4, 1/120s
e ISO 80


Novembro 2014 107


RAIO X

 Paolo Marcelo
Lima, S. José de
Ribamar (MA)
 Edson dos Santos
Moreira,
Rio de Janeiro (RJ)
 Roberto Alves,
Brasília (DF)  Ronaldo Nassur,
São José dos
Campos (SP)
A cena ficou
A foto ficou impactante Devido à direção do voo, harmoniosa. O A primeira impressão é
devido ao contraste entre a imagem ficaria mais enquadramento é bom, a de que o homem estava
o pedestre e o morador de harmoniosa se a garça embora o ideal seria sentado devido ao
rua deitado. O resultado estivesse posicionada no reduzir um pouquinho o posicionamento dele na
poderia ter sido melhorado canto superior esquerdo do espaço embaixo para parte inferior do quadro.
se você cortasse o quadro quadro. Há também um benefício do de cima. O Não sei se é o sentimento
um pouco mais para cima, erro de medição do foco, já que mais incomoda na que você quis transmitir,
tirando a borda da calçada que as patas estão focadas foto é que ela saiu bem mas ele parece meio
escura que desvia a no lugar da cabeça, que amarelada. Se foi feita em esmagado, preso na parte
atenção. No mesmo intuito, ficou borrada. formato RAW, ainda dá baixa da imagem, ainda
poderia ter posicionado a Equipamento: Nikon para corrigir o equilíbrio apertado pelo elemento
câmera ainda mais perto D90 com objetiva Nikkor de branco sem perda de perturbador que esconde
do chão, procurando um 70-300 mm qualidade. parte do rosto dele. Parece
ângulo que destacasse a Exposição: f/5.6, 1/200s Equipamento: Canon em posição de fraqueza. E
pessoa deitada. e ISO 200 EOS T3i com objetiva mesmo se fosse a
Equipamento: Canon Canon 70-200 mm mensagem que você queria
EOS 70D com objetiva Exposição: f/5.6, 1/250s passar o elemento na
Canon 18-135 mm e ISO 800 frente incomoda.
Exposição: f/5.6, 1/60s Equipamento: Nikon
e ISO 200 D610 com objetiva Nikkor
105 mm macro
Exposição: f /4.5, 1/250s
e ISO 1600
4


 

108 Fotografe Melhor no 218


RAIO X

 Fernanda
Santana,
Recife (PE)
 Vitor Guerra,
Dublin, Irlanda  Paulo Moraes,
Araras (SP)  Gustavo Kelly,
Rio de Janeiro (RJ)
A foto não é bem Por que centralizar o A menos que esteja
Há dois pontos para legível. A primeira coisa tema? O ambiente não é procurando por
melhorar a foto. O primeiro que capta a atenção do muito atraente, determinado efeito, um
é o momento em que foi observador é o olho do principalmente por causa retrato raramente é bom
tirada, que não era o mais bode (e que não está bem da dominante marrom, que com a pessoa de costas.
apropriado, pois a fachada em foco, o que incomoda). não combina nem com No caso, apesar do
da igreja não estava Depois, percebe-se uma verde nem com rosa. Não enquadramento bem
iluminada pelo sol e isso massa preta atrás das vejo efeito de simetria ou aberto, já que não tem
rendeu uma imagem um grades, mas é preciso um outro motivo para esse tipo outros elementos de
pouco apagada. O segundo esforço para perceber o de composição. Havia destaque a não ser seu
é um elemento nariz do animal, que não vários elementos que você filho na foto, se trataria de
perturbador que desvia a se destaca o suficiente poderia ter aproveitado um retrato... Da mesma
atenção na borda para chamar a atenção. para ocupar o espaço e maneira, tema centralizado
esquerda: a árvore à direita Talvez a culpa seja do compor melhor. Nem era tira o dinamismo das fotos.
não incomoda, mas o corte tratamento em P&B, mas preciso mudar de posição: Uma pena porque a luz e
das folhas sim. Isso não tenho certeza se a a flor murcha embaixo e a as cores são lindas. Duas
poderia ter sido evitado. cena valia o clique. A segunda flor desfocada alternativas: entrar na
outra foto que você atrás da primeira formam água para tirar a foto de
Equipamento: Nikon D7000 mandou, de um banco de uma diagonal atraente perfil (tomando cuidado
com objetiva Nikkor 35 mm praça, ficou ótima, sem com o tema. Veja o corte para não molhar a câmera)
Exposição: f/4.5, 1/1000s nenhuma crítica a ser sugerido para valorizar ou chamar seu filho para
e ISO 200 feita. esses elementos. que ele olhe para você... e
Equipamento: Nikon cortar a imagem depois
Equipamento: Canon Coolpix P520 com objetiva para evitar a centralização.
EOS T3i com objetiva equivalente 24-1.000 mm Equipamento: Sony Alpha
Canon 18-135 mm Exposição: f/3.9, 1/60S A290 com objetiva Sony
Exposição: f/6.3, 1/40s e ISO 80 18-55 mm
e ISO 400 Exposição: f/9, 1/320s
e IS0 100 4







110 Fotografe Melhor no 218


213
RAIO X Como participar
O objetivo desta seção é
dar ao leitor informações e
dicas que sirvam para um

 Edgar Hamada,
São Paulo (SP)  Aldo Fachinelli,
Caxias do Sul (RS)  Gustavo de
Moraes Augusto,
Itapetininga (SP)
aprimoramento do ato de
fotografar. Ela é aberta a
qualquer tipo de fotógrafo:
A postura da sua filha e Você presenciou uma amador, expert ou profis-
o enquadramento são cena interessante que A composição é boa, sional. Antes de enviar suas
harmoniosos. O que rendeu uma foto atraente. porém falta uma pitada de fotos para análise, você pre-
incomoda é o fundo: a parte Só lamento a inscrição na algo a mais. Talvez seja o cisa ler e aceitar as regras
superexposta, branca, janela, que tira o mistério e a seguir:
tratamento em P&B, que
desvia a atenção. Fundo a autenticidade da cena. ficou um pouco apagado, • É importante ressaltar que
branco luminoso vale; fundo Veja o corte sugerido para ou talvez simplesmente o um comentário é necessari-
verde escuro também. Mas resolver o problema. tema não seja atraente: o amente subjetivo. Não é um
fundo contrastado, com homem andando e olhando julgamento, mas apenas
partes escuras e outras Equipamento: Canon para as barracas vazias. O uma apreciação pessoal que,
claras, raramente fica bom. EOS T3i com objetiva observador não entende o portanto, pode ser contesta-
Tamron 18-270 mm que chamou a sua atenção da e criticada. Já que o obje-
Equipamento: Nikon Exposição: f/5.6, 1/100s na cena. Seria preciso tivo de uma foto é agradar ao
D7000 com objetiva Nikkor e ISO 1.600 enfatizar mais a ação do observador, qualquer crítica,
17-55 mm homem. mesmo formulada por uma
Exposição: f/2.8, 1/500s só pessoa, aponta um ele-
e ISO 100 Equipamento: Nikon D7000 mento que pode ser melho-
com objetiva 50 mm rado ou ao menos discutido.
Exposição: f/2, 1/320s Assim, a crítica é sempre de

 e ISO 2.500 caráter construtivo.

• Quem envia as fotos para


análise com a finalidade de
comentários e dicas para
 melhorar a técnica o faz
sabendo disso.

• A publicação das fotos en-


viadas não é garantida. As
imagens publicadas serão
escolhidas pelo mérito do co-
mentário que permitirem,
não por sua qualidade.
Apenas uma foto de cada
leitor será comentada.

• Alguns comentários pode-


rão até parecer duros, porque
o que vai ser avaliado é a qua-
lidade técnica da imagem
(enquadramento, composi-
ção, foco, exposição...), sem
levar em conta o aspecto afe-
tivo que pode ter para o autor
que registrou uma pessoa,
um momento ou uma cena
importante e emocionante
da sua vida.

Como enviar
Envie até três fotos em ar-
quivo no formato JPEG e em
arquivo de até 3 MB cada um
para o seguinte e-mail:
fotografe@europanet.com.br.
Escreva “Raio X” no assunto
e informe o seu nome com-
pleto, cidade onde mora e os
dados da foto (câmera, ob-
jetiva, abertura, velocidade,
ISO, filme, se for o caso, e a
ideia que quis transmitir). É
importante que os dados pe-
didos sejam informados para
ajudar na avaliação das fotos

 e na elaboração dos textos


que as acompanham.

112 Fotografe Melhor no 218


Dicas para trabalhar a
profundidade
da imagem
Como a foto é uma representação plana de uma realidade
tridimensional, vale usar alguns truques para brincar com os
elementos que a compõem na hora de fotografar
POR LAURENT GUERINAUD

A
profundidade, na linguagem fotográ- mensão, ou seja, a profundidade, que no caso
fica, pode ser entendida de duas ma- poderia também ser definida como a distância
neiras. A primeira não é específica à entre um ponto ou um objeto e o observador
fotografia: trata-se, cientificamente falando, (ou entre dois objetos), é recriada pelo cérebro
da terceira dimensão. O espaço tem três di- de quem olha para a foto.
mensões: largura, altura e profundidade. Os Contudo, a avaliação da profundidade por
objetos representados em uma fotografia só quem vê uma imagem raramente é muito
têm duas: a largura e a altura. A terceira di- precisa e o observador pode ser facilmente
Shutter stock

114 Fotografe Melhor no 218


Abertura do diafragma e
distância focal da lente são
parâmetros que interferem
na profundidade de campo

Novembro 2014 115


Carlos Aliperti

Acima, macro enviada enganado. Por isso, é muito interessante PLANO DE NITIDEZ
pelo leitor Carlos Aliperti, entender os elementos que permitem Tecnicamente, a profundidade de
de Espírito Santo do ressaltar a profundidade para poder campo depende de dois parâmetros: a
Pinhal (SP), em que ele
buscou máxima nitidez brincar com ela. abertura do diafragma e a ampliação
no primeiro plano com a A segunda definição da profundidade, da imagem. O caso da abertura do dia-
ajuda de um software; em termos fotográficos, é a profundidade fragma é o mais simples: quanto maior
abaixo, desfoque no de campo. Corresponde à amplitude do a abertura (menor o valor de f/), menor
primeiro plano e no plano nítido em uma foto. Quem nunca ob- a profundidade de campo, ou seja, me-
plano de fundo em foto servou uma foto com fundo e primeiro nor a amplitude do plano nítido. Assim,
do leitor Marcio Verardo
plano bem desfocados? optando por grandes aberturas (entre
f/1.7 e f/4, por exemplo), o fotógrafo
pode destacar o objeto focado por um
Marcio Verardo

fundo e um primeiro plano borrados.


Quanto à ampliação, na realidade,
corresponde ao fator de ampliação en-
tre o tamanho real do objeto e sua re-
presentação, seja no sensor (ou filme)
ou no papel, uma vez impressa a foto.
Esse fator de ampliação depende de
vários elementos: a distância focal
(quanto maior, maior a ampliação), o
tamanho do sensor (quanto menor,
menor a ampliação), a proximidade en-
tre a câmera e o objeto, o tamanho da
fotografia impressa...
A regra é a seguinte: quanto maior
a ampliação, menor a profundidade de
campo. É fácil de lembrar: olhe sua foto
em tamanho 25% no monitor e depois
amplie para 100%. Na foto ampliada,
qualquer falta de nitidez é percebível,
o que não é o caso com a foto menor.
O resultado é o mesmo se você der
um zoom ou se aproximar do tema: ele
vai ser mais ampliado no sensor, o que 4

116 Fotografe Melhor no 218


Alexandro Santos
Ter a lua em foco no fundo, resulta em uma redução da am- duz a acutância global da imagem).
emoldurada pelas luminárias, plitude do plano de nitidez. Porém, em alguns casos, pode va-
foi a opção do leitor Alexandro ler a pena reduzir a profundidade
Santos; abaixo, a profundidade de
campo em três planos na imagem PROPOSTAS de campo para focar a atenção do
enviada pelo leitor Ronaldo Não existem regras indicando observador em um elemento es-
Krüger, de Joinville (SC) ao fotógrafo quando usar uma pecífico situado no plano de niti-
abertura ampla para reduzir a pro- dez.
Ronaldo Krüger

fundidade de campo ou, ao con- O desfoque também pode ser


trário, fechar o diafragma para usado para ressaltar a terceira di-
conseguir uma imagem nítida em mensão: o contraste entre os pla-
todos os planos. Depende da pro- nos nítidos e borrados permite ao
posta de quem fotografa. observador se dar conta de que fi-
Por exemplo, no caso de um re- cam a distâncias diferentes.
trato, é geralmente considerado Vale ressaltar que o que deter-
melhor usar uma abertura ampla mina as zonas de foco e desfoque
para reduzir a profundidade de é a distância entre os próprios pla-
campo de maneira a desfocar o nos e a câmera. Ou seja, todos os
fundo para que o modelo se des- elementos que ficam à mesma dis-
taque mais. Contudo, em certas tância da câmera terão o mesmo
situações, o fotógrafo pode querer nível de nitidez.
ressaltar o ambiente e, no caso, É preciso saber que o uso de
fechar o diafragma para que todos uma profundidade de campo re-
os planos estejam nítidos. duzida permite: destacar o ele-
No caso de uma paisagem, é mento nítido que se sobressai com
comum fechar bastante o diafrag- primeiro plano e fundo desfocados;
ma com valor até f/16 ou mais ain- reduzir o impacto do ambiente ou
da para que todos os planos fiquem de eventuais elementos perturba-
focados (sem passar muito desse dores no fundo ou no primeiro pla-
valor, porque depois entra em con- no; enfatizar a profundidade (a ter-
ta o fenômeno de difração, que re- ceira dimensão, ou seja, a distância 4
O leitor Felipe Spinola, de
São Paulo (SP), destacou
primeiro a margarida
cheia de insetos com um
diafragma bem aberto, o
que desfocou a segunda

TRUQUES
Além do uso do desfoque, exis-
tem vários truques para ressaltar
a profundidade em fotografia. A

Felipe Spinola
ideia é aproveitar efeitos visuais
que passem a noção de distância.
Um primeiro método consiste
em incluir na cena vários objetos
de tamanho padrão em planos di-
ferentes: por comparação entre o
tamanho deles, o observador deduz
a distância. E quanto mais afastado
um objeto, menor ele parece. Isso
vale principalmente para objetos
cujo tamanho é óbvio para o obser-
vador: pessoa, animal, carro...
Pode haver também uma repe-
tição de elementos, como uma se-
quência de árvores, cujo tamanho
diminui à medida que ficam mais
longe. Da mesma maneira, com o
efeito da perspectiva, uma estrada,
cuja largura vai diminuindo con-
forme a distância, ressalta muito
bem a profundidade.
Luciana Pires

O contraste de planos também


ressalta a profundidade. Pode ser
de cores (no caso, rende melhor
com as cores quentes mais próxi-
A leitora Luciana Pires, mas), de exposição (alternância
Mande sua foto para a do Rio de Janeiro (RJ), de luz e sombra, iluminações di-
enviou um close que ferentes em cada plano) ou ainda
seção Lição de Casa explora o foco apenas de claridade (os planos mais afas-
na região central
O tema para a próxima edição, a tados costumam aparecer mais
do quadro
219, será fotografia de reportagem. claros). Ou seja, o fotógrafo dispõe
Caso você tenha uma boa foto de várias ferramentas para enfa-
sobre o assunto, envie-a para
a redação pelo e-mail entre os distintos planos e o ob- tizar a profundidade.
fotografe@europanet.com.br até o servador); brincar com a nitidez Todavia, embora sejam muito
dia 7 de novembro de 2014 e coloque e o desfoque, criando efeitos, ima- proveitosas, por exemplo, para re-
no assunto “Lição de Casa”. Cada
leitor pode mandar apenas uma gens diferenciadas, abstratas, tratar a grandiosidade de uma pai-
foto. As imagens enviadas serão misteriosas, entre outras. sagem majestosa, o artista pode
avaliadas e poderão ser usadas Ao contrario, uma profundi- também usar essas ferramentas
como exemplos no artigo de Laurent
Guerinaud. A ideia é que os leitores dade de campo mais ampla per- “ao contrário” para apagar a pro-
ilustrem as informações passadas mite ressaltar a integridade de fundidade, obtendo assim efeitos
pelo especialista. Apenas as fotos uma cena sem perda de nitidez diferenciados e surpreendentes.
selecionadas serão publicadas.
em plano nenhum. Vale experimentar.

120 Fotografe Melhor no 218


DÚVIDAS E COMENTÁRIOS DOS LEITORES

CORREIO

Retratos
Adorei as dicas de retratos de pessoas em estúdio é uma das ca havia pensado nisso. Para-
passadas pela grande profis- especialidades a que pretendo me béns à Gloria pelos seus 30
sional Gloria Flügel na edição dedicar. Aquela dica de pedir para anos de carreira. Espero chegar
217. São muito práticas e vão a pessoa dar dois passos para fren- lá também.
ajudar muito no meu começo te e uma para trás em retratos de Renata Oliveira,
de carreira, já que fazer retratos corpo inteiro foi sensacional. Nun- Rio de Janeiro (RJ)

Preço da D810 tenho me dedicado). Só tomei um Paraty em Foco 2014


Confiro sempre os testes de Fo- susto quando conferi o preço dela Fui ao festival Paraty em Foco
tografe e estava esperando com no Brasil: R$ 20 mil apenas o cor- de 2014 e me arrependi. Não ia há
certa ansiedade o da nova Nikon po. Como assim? Nos Estados Uni- quatro anos e estava com uma óti-
D810, que é meu sonho de consu- dos ela custa R$ 3,3 mil, o que daria ma expectativa de ver grandes no-
mo. Pelo que li, ela é tu- cerca de R$ 8 mil. É mais que o do- mes da fotografia brasileira e in-
do de que preciso para bro. Como pode ser isso? Há tanto ternacional. A frustação começou
usar em fotografia imposto assim? com a palestra da japonesa Rinko
e vídeo (área a Rafael Camargo, Kawauchi e se estendeu depois
que também via e-mail com nomes nada a ver, como Sofia
Borges e o curador Agnaldo Faria.
Infelizmente, a carga de impos- Transformaram o Paraty em Foco
tos sobre produtos importados no em convescote de artistas visuais
Brasil é realmente muito alta. E de gosto duvidoso. Cadê os grandes
os impostos são calculados em nomes da fotografia? Adorei a pa-
efeito cascata, um sobre o outro. lestra de David Alan Harvey e a que
Só o imposto de importação é de Fotografe organizou, com Evandro
60%. E ainda há IPI, ICMS, Cofins... Teixeira e Nair Benedicto. E foi só.
Diego Meneghetti

Por isso é que muita gente opta Até Rogério Reis entrou nessa de
por adquirir equipamentos foto- artes visuais. Deviam mudar o no-
gráficos no exterior, principalmen- me para festival internacional de
te os mais caros. artes visuais e tirar de vez os fotó-

124 Fotografe Melhor no 218


Orlando Brito
grafos da programação. Uma pena to, pela sua história pessoal. Fiquei
para a histórica décima edição do seu fã.
evento e uma lástima para a foto- Amarildo Goes, via e-mail
grafia.
Arnaldo Silva, via e-mail Metadados: correção
Na tentativa de colaborar com
Fotojornalismo Fotografe mais uma vez, gostaria de
Conhecia pouco sobre o traba- informar um pequeno erro de tra-
lho de Orlando Brito, mesmo sa- dução que ocorreu na seção “Me-
bendo que ele é um dos monstros tadados” da edição 217. A informa-
sagrados na profissão. Ao ler que ção sobre o fotógrafo Arup Ghosh
ele começou no fotojornalismo de diz que "O indiano é físico...", mas
Brasília (DF) com 15 anos de idade, no seu site o fotógrafo indiano infor-
fiquei boquiaberto. O homem é ma ser phisician (pessoa apta a exer-
realmente uma testemunha ocular cer medicina, médico). Erroneamen-
da história contemporânea brasi- te a palavra phisician foi traduzida
leira. A foto que ele fez da silhueta como físico, que corresponde a phi-
do grande democrata Ulysses Gui- sical. Acredito que o equívoco foi em
marães é, para mim, um dos maio- função de as palavras em inglês se-
res retratos já feitos na fotografia rem muito parecidas.
brasileira. Parabéns, Orlando Bri- Anderson Levi, via e-mail

Compra e venda
• Vendo Canon G1X 14 MP com • Vendo Canon EOS 70D com
cerca de 4.000 cliques. Inclui objetiva EF-S 15-85 mm f/3.5-
um cartão SD de 8 GB, três 5.6 USM IS, com um para-sol
baterias, carregador, duas Vello Canon EW-78E, uma bolsa
tampas de lente, dois Ruggard Commando 36 DSLR,
adaptadores para filtros 58 mm, uma bateria Canon EP-E6 e
um CD de software e um uma Watson LP-E6, um filtro
manual. Tratar com John pelo Hoya UV 72 mm, um polarizador
telefone (11) 3097-0365. circular 72 mm, um memory
• Vendo Nikon J1 em ótimo card Sandisk 16GB Ultra UHS-1
estado com duas lentes: 10-30 SDHC (class10). Equipamento
mm e 30-110 mm. Inclui ainda com pouquíssimo uso, nota
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pelo telefone (11) 97658-6117 ou Tratar com Denis pelo telefone
no e-mail gringox49@hotmail.it. (21) 98151-5142.

Envie correspondência ou anúncio (seção “Compra e Venda”) para o endereço ou para o e-


mail abaixo. Por questão de espaço, as cartas e as mensagens podem ser publicadas
resumidamente. No caso de e-mail, coloque o nome completo e a cidade onde mora. Escreva
para: Redação Fotografe Melhor, Rua MMDC,121, Butantã, São Paulo (SP), CEP 05510-021.
E-mail: fotografe@europanet.com.br
EXPOSIÇÕES, LIVROS, CONCURSOS, WORKSHOPS E EVENTOS

FIQUE POR DENTRO

Penna Prearo
Exposições
SÃO PAULO (SP)
Portal de Alice em Atlantis

O fotógrafo Penna Prearo usou diversos recursos


para fazer as imagens da mostra, como filtros,
prismas, lanternas mágicas e caleidoscópios. A ideia
é gerar uma discussão centrada na junção de elementos
de pintura e cinema em registros fotográficos.

Data: até 28 de novembro de 2014


Local: Galeria Lume – R. Joaquim Floriano,
711 – Itaim Bibi
Informações: (11) 3168-0351;
www.galerialume.com

Galeria Lume apresenta


trabalhos de Penna Prearo

Fotos sobre RIO DE JANEIRO (RJ)


Fred Busch

comida estão
expostas e à
Panoramas Imaginários
venda em
restaurante U sando filmes cromo e preto e branco 120 mm,
a artista visual Monica Mansur fez imagens com
uma câmera pinhole de lugares como Rio de Janeiro,
Nova York (EUA) e Santiago (Chile). Cenas urbanas
e da natureza são os assuntos das fotos que com-
põem a exposição.

Data: até 16 de novembro de 2014


Local: Centro Cultural da Justiça Federal –
Av. Rio Branco, 241 – Centro
Informações: (21) 3261-2550;
www10.trf2.jus.br/ccjf/

Parque Lage, no Rio de Janeiro, foi um dos locais clicados

Foto Food

S ão 14 imagens da Galeria Coletivo em exposição no


restaurante Miya, em Pinheiros. O tema das fotos é
a relação entre fotografia e gastronomia. Quem gostar
das imagens pode comprá-las depois pelo site da Galeria,
mencionado abaixo.
Monica Mansur

Data: até 14 de dezembro de 2014


Local: Restaurante Miya – R. Fradique
Coutinho, 47 – Pinheiros
Informações: www.galeriacoletivo.com.br

128 Fotografe Melhor no 218


FORTALEZA (CE)
Cortejo nos Trilhos

D urante o Carnaval de 2010, o fo-


tógrafo Marcio RM fez diversos
registros do desfile do Bloco Rio Ma-
racatu, no tradicional bairro Santa
Teresa, no Rio de Janeiro. Agora,
apresenta 20 fotografias nesta mos-
tra, a primeira individual de Marcio
em solo cearense.

Data: até 28 de novembro de 2014


Local: Centro Cultural do CREA –
R. Castro e Silva, 81 – Centro
Informações: (85) 3453-5860;
www.creace.org.br
Marcio RM

Registros do Bloco
Rio Maracatu ganham
mostra em Fortaleza

Cursos
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A Focus Escola de Fotografia traz Editorial, Ensaio Sensual,
os cursos: presencial, em sete mó- Fotografando Melhor e Iluminação
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Os Discursos da Fotografia. Há Data: a partir de 3 de novembro SÃO JOSÉ (SC)
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Data: a partir de 1o de novembro Local: R. São João Batista, 95 – Básico e Avançado de Fotografia
Preço: consultar com a escola Botafogo Digital, Lightroom 5, Fotografia para
Local: R. Pe. Adelino, 1.000 – Belém Informações: 0800-601-3264 Casamento.
Informações: (11) 2076-9700 www.escoladeimagem.com.br Data: a partir de 3 de novembro
www.sescsp.org.br Preço: consultar com a escola
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