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Cuidados na Saúde Mental

DOENÇA MENTAL
O conceito de doença mental é visto de muitas formas diferentes, dependendo não
só da formação académica «e cívica de cada pessoa, mas também da sua
experiência pessoal. Daí ter sido muito importante a uniformização da sua
“definição” pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Desta forma, em Portugal,
na China ou nos EUA, falar de Saúde Mental tem os mesmos pressupostos.
A Saúde, em geral, é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “um
estado de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou
dor”. Não se trata apenas da ausência de doença, mas sim um bem-estar em que
nos permite responder de forma positiva às adversidades. Assim, trata-se de um
estado em que nos sentimos bem tanto connosco como na relação com os demais.
Segundo a OMS, a saúde mental é definida como “o estado de bem-estar no qual o
indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida,
trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se
insere”.

A doença mental inclui perturbações e desequilíbrios mentais, disfuncionamentos


associados angústia, sintomas e doenças mentais diagnosticáveis, como por
exemplo, a esquizofrenia e a depressão.

A Saúde Metal está relacionada à forma como as pessoas reagem às exigências da


vida e ao modo como harmonizam seus desejos, capacidades, ambições, ideais e
emoções...

Quais são as diferenças entre saúde física e saúde mental?


O ser humano é constituído pelo corpo e mente, e cada uma destas tem
necessidades próprias, que devem ser colmatadas para termos uma vida equilibrada
e estabilizada. O desequilíbrio de uma delas acarreta o mau funcionamento geral
desse organismo.
A saúde física implica o bom funcionamento do nosso organismo e das funções
vitais inerentes.
A saúde mental e a saúde física estão interligadas e são interdependentes,
tornando-se cada vez mais evidente que a saúde mental é indispensável para o bem-
estar geral dos indivíduos.
Uma boa qualidade de vida depende destes dois fatores e é um processo contínuo e
consciente do indivíduo no sentido de procurar gratificação nas suas
atividades, comportamentos e pensamentos positivos. A saúde física e mental
mantêm uma relação de reciprocidade, estão interligados e são interdependentes.
Ambas são de extrema importância.

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“Mens sana in corpore sano”


Provérbio e famosa citação latina, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal,
presume-se entre 509 a.C. – 27 a.C.
A expressão “mente sã corpo são” simboliza mente saudável e corpo saudável.
Significa bem-estar físico e mental.
Este provérbio pretende chamar a atenção para a união e complementaridade
existente (ou que deve existir) entre o corpo e a mente.

Então, e como manter a mente sã?


Podemos desenvolver as nossas faculdades no sentido de observarmos e estarmos
atentos às nossas emoções, em vez de sermos definidos por elas.
Esta auto-observação ajuda-nos a evitar a autojustificação e a ficarmos presos a
padrões de comportamento que não funcionam para nós. Temos de priorizar, nutrir
relacionamentos, e permitir estarmos abertos ao exterior. Podemos nos relacionar
não como quem achamos que deveríamos ser, mas como quem realmente somos, e
assim dando a nós mesmo a possibilidade de criar laços com os outros.
Podemos procurar o “stress bom” para manter as nossas mentes e corpos
preparados para qualquer adversidade.

A Saúde Metal está relacionada à forma como as pessoas reagem às exigências da


vida e ao modo como harmonizam seus desejos, capacidades, ambições, ideais e
emoções.
Todos nós temos momentos na vida em que nos podemos sentir em baixo, andar
angustiados, stressados pelas mais diversas razões:
- Resultados escolares que não nos satisfazem.
- Relações com quem nos está próximo se deterioram e há conflitos.
- Fase da vida em que as mais pequenas coisas nos parecem problemáticas.
Estas são respostas normais face aos problemas da vida:
- Para a maioria das pessoas estes sentimentos passam ao fim de algum tempo,
- Para outras pessoas tal não acontece, podendo vir a transformar-se num problema
mais ou menos grave.
E pode acontecer a qualquer pessoa!

DOENÇAS MENTAIS
São situações patológicas, diagnosticadas apenas por profissionais de saúde
especializados, algumas necessitam de intervenções diferenciadas.
Existe uma alteração da nossa organização mental, que leva a que a pessoa não
consiga exercer ou exerça com dificuldade os seus papéis sociais (familiares,
relacionais, ou atividades do quotidiano), incapacitando-as e podendo existir
sofrimento.

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As Doenças Mentais são identificadas e diagnosticadas basicamente através de dois


métodos clínicos:
- Entrevista cuidadosa (anamnese);
- Exame clínico sistemático (estado mental vs funções orgânicas).

Anamnese
O termo vem do grego ana (remontar) e mnesis (memória). Para nós, a anamnese é
a evocação voluntária do passado feita pelo paciente, sob a orientação do médico
ou do terapeuta. O objetivo dessa técnica é o de organizar e sistematizar os dados
do paciente, de forma tal que seja permitida a orientação de determinada ação
terapêutica com a respetiva avaliação da sua eficácia; o fornecimento de subsídios
para previsão do prognóstico; o auxílio no melhor atendimento ao paciente, pelo
confronto de registos situações futuras.
Não podemos deixar de lado o facto de que essa técnica advém de uma relação
interpessoal, na qual cabe ao terapeuta, na medida do possível, não cortar o fluxo
da comunicação com seu paciente, assim como, paralelamente, não deixar de ter
sob a sua mira aquilo que deseja saber.
Deve ser mantido um equilíbrio entre neutralidade, respeito e solidariedade ao
paciente. O paciente deve perceber o interesse do entrevistador e não o seu
envolvimento emocional com a sua situação.

Muitas vezes, não se consegue ter todo o material numa única entrevista,
principalmente em instituições em que o número de pacientes e a exiguidade do
tempo de atendimento se tornam fatores preponderantes.
É aconselhável que a entrevista seja conduzida de uma maneira informal,
descontraída, com termos acessíveis à compreensão do paciente, porém bem
estruturada.

Em anamnese, acaba-se por fazer dois cortes na vida do paciente: um longitudinal


ou biográfico e outro transversal ou do momento.
No corte longitudinal, podemos localizar os registos das histórias pessoal, familiar e
patológica.
No corte transversal, enquadraríamos a queixa principal do sujeito, a história da sua
doença atual e o exame psíquico que dele é feito.

O guião para sua execução pode sofrer algumas poucas variações, em função
daquilo a que se propõe, porém, a estrutura básica que aqui será colocada é aquela
da anamnese médica clássica.
Nele constam:

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- Identificação do paciente;
- Motivo da consulta ou queixa que o traz ao médico ou terapeuta; a história da
doença atual;
- História pessoal;
- História familiar;
- História patológica;
- Exame psíquico;
- Síntese psicopatológica;
- Hipótese de diagnóstico nosológico.

Estamos então em condições de tirar algumas conclusões:


- Torna-se importante distinguir sofrimentos emocionais comuns de uma doença
depressiva.
- Não é qualquer tristeza que é depressão.
- No caso da doença, há uma tristeza profunda, o indivíduo tem um grande grau de
sofrimento, desânimo acentuado e há a perda da vontade e da capacidade de
realizar tarefas.
- A família geralmente fica mobilizada e o indivíduo fica inativo, improdutivo.
- As doenças psiquiátricas mais comuns são a depressão e os transtornos de
ansiedade.
- Estudos revelam que aproximadamente 10% das mulheres e 6% dos homens vão ter
um episódio depressivo ao longo da vida.
"Hoje a depressão é o segundo maior problema de saúde pública no mundo, de
acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

É importante a população saber que transtornos depressivos e ansiosos são comuns


e causam grande impacto".
- Como não há uma única entidade patológica, não existe uma só causa.
- Hoje em dia, sabe-se que há alterações biológicas no cérebro das pessoas, mas que
também existem fatores genéticos que podem contribuir para a manifestação de
perturbações mentais, bem como determinantes psicológicos, tóxicos, físicos e
sociais. Por exemplo, uma pessoa pode desenvolver uma demência por exposição
a químicos industriais; pode ter alterações dramáticas de comportamento após um
acidente que tenha provocado traumatismo craniano; pode sofrer de depressão
profunda depois da perda de uma pessoa importante.

As alterações mentais poderão ser visíveis ao nível do:


- Comportamento
- Pensamento
- Humor

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- Comunicação

E podem surgir em épocas especificas do desenvolvimento humano:


- Infância
- Adolescência
- Adulto
- 3ª Idade

Sinais de alarme, que embora não cheguem para estabelecer a presença de doença,
já indiciam fortes suspeitas:
 marcada alteração na personalidade (maneira de ser);
 perda da habilidade para lidar com os problemas e atividades do dia-a-dia;
 ideias estranhas;
 ansiedade excessiva;
 tristeza prolongada ou apatia;
 alteração evidente nos hábitos (sono, alimentação);
 pensar ou falar em suicídio;
 “altos e baixos” extremados;
 abuso de álcool ou drogas;
 demasiada irritabilidade, hostilidade ou mesmo comportamento violento.

ALTERAÇÕES DO COMPORTAMENTO
Atitude
– É uma maneira organizada e coerente de pensar, sentir e reagir em relação a
pessoas e acontecimentos ocorridos no nosso dia-a-dia.

Comportamento
– É o conjunto organizado das operações selecionadas em função das informações
recebidas do ambiente através das quais o indivíduo integra as suas tendências.

As perturbações mentais e do comportamento originam comportamentos que


impedem ou dificultam o desempenho das funções pessoais e sociais do indivíduo,
de forma sustentada ou recorrente.
(Ex.: Doença de Alzheimer)

Estes tipo de alterações, do comportamento, são visíveis em todos os estádios


do desenvolvimento humano (Infância, adolescência, adulto e velhice), com
sintomatologia e consequências diferentes para o indivíduo e para com quem ele
priva.

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Os sinais mais comuns da alteração do comportamento são:


Agitação - movimentação excessiva e despropositada, que pode variar desde
uma leve inquietude até ações violentas e agressivas.
Confusão - estado de comprometimento mental levando a redução da
compreensão, coerência e da capacidade de raciocínio.
Delírio - é um estado agudo de confusão com comprometimento cognitivo
desencadeado por afeção neurológica ou clínica, de carácter grave, com duração de
horas a dias.

ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO
Os elementos constitutivos do pensamento são:

 Conceito - forma-se a partir das representações. Ao contrário das perceções,


o conceito não possui elementos sensoriais, não sendo possível contemplá-
lo nem imaginá-lo. Não é possível visualizar um conceito, ouvi-lo ou senti-lo.
O conceito é o elemento estrutural básico do pensamento, e que depois
permitirá que se expresse por palavras o juízo e o raciocino.

 Juízo - o processo que conduz ao estabelecimento dessas relações


significativas entre conceitos e, julgar é, nesse caso, estabelecer uma relação
entre conceitos. A função que relaciona os juízos, uns com os outros, recebe
a denominação de raciocínio. No sentido lógico, o raciocínio não é nem
verdadeiro nem falso, ele será sim, correto ou incorreto.

 Pensamento - operação mental que nos permite aproveitar os


conhecimentos adquiridos na da vida social e cultural, combiná-los
logicamente e alcançar uma outra nova forma de conhecimento.

Todo esse processo começa com a sensação e termina com o raciocínio dialético,
onde uma ideia se associa a outra e, desta união de ideias nasce uma terceira. O
pensamento lógico consiste em selecionar e orientar esses conceitos, tendo como
objetivo alcançar uma integração significativa, que possibilite uma atitude racional
perante as necessidades do momento. (Ex: Esquizofrenia)

Portanto, o raciocínio para ser correto deve ser lógico e, em Psicologia, o termo
raciocínio tem o mesmo sentido de pensamento.

Manias - do grego mania (loucura) – é, para a Psiquiatria, o distúrbio mental


caracterizado pela alteração de pensamento, dirigido, em geral, para uma
determinada ideia fixa e com síndrome de quadro psicótico grave e agudo,

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característico, embora não exclusivo (mania secundária), do Transtorno ou


Distúrbio Bipolar e que se caracteriza por grande agitação, loquacidade, euforia,
insónia, perda do senso crítico, grandiosidade, prodigalidade, exaltação da
sexualidade e agressividade.
Estas alterações de pensamento têm como consequência alterações do Humor.

ALTERAÇÕES DO HUMOR
O humor é naturalmente variável durante o dia em todas as pessoas.
Se tivermos muitos momentos stressantes e desgastantes num único dia é natural
que, quando esse dia chegue ao fim, estejamos sem energia, cansados e tristes. Não
devemos, contudo, confundir tristeza com depressão. A tristeza é um sentimento
que pode aparecer por algum motivo qualquer e depois de algum tempo ela passa.

As patologias mais marcadas por alterações de humor são:


Depressão: os episódios típicos de cada um dos três graus de depressão (leve,
moderado ou grave), o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da
energia e diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de experimentar
o prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração associadas
em geral à fadiga, mesmo após um esforço mínimo.
Observa-se, em geral, problemas do sono e diminuição do apetite. Existe quase
sempre uma diminuição da autoestima e da autoconfiança, e frequentemente ideias
de culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves.

Distimia - característica essencial está no humor cronicamente deprimido, que


ocorre na maior parte do dia por pelo menos dois anos. Os indivíduos descrevem o
seu humor como triste ou “na fossa”. Em crianças, o humor pode ser irritável ao
invés de deprimido, e a duração mínima exigida é de apenas um ano.
Durante os períodos de humor deprimido, pelo menos dois dos seguintes sintomas
adicionais estão presentes:
 Apetite diminuído ou hiperfagia;
 Insônia ou Hipersónia;
 Baixa energia ou fadiga;
 Baixa autoestima;
 Fraca concentração ou dificuldade em tomar decisões;
 Sentimentos de desesperança.
Os indivíduos podem notar a presença proeminente de baixo interesse e de
autocrítica, frequentemente vendo a si mesmos como desinteressantes ou
incapazes. Como estes sintomas se tornam uma parte tão presente na experiência
quotidiana do indivíduo (por exemplo: “Sempre fui assim", "É assim que sou"), eles

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em geral não são relatados, a menos que diretamente investigados pelo


entrevistador.

Hipomania: transtorno caracterizado pela presença de uma elevação ligeira e


persistente do humor, da energia e da atividade associada em geral a um
sentimento intenso de bem-estar e de eficácia física e psíquica.
Existe frequentemente um aumento da sociabilidade, do desejo de falar, da
familiaridade e da energia sexual e uma redução da necessidade de sono. Esses
sintomas não são, entretanto, tão graves de modo a entravar o funcionamento
profissional ou levar a uma rejeição social. A euforia e a sociabilidade são por vezes
substituídas por irritabilidade, atitude pretensiosa ou comportamento grosseiro.
As perturbações do humor e do comportamento não são acompanhadas de
alucinações ou de ideias delirantes.

Mania sem sintomas psicóticos: presença de uma elevação do humor fora de


proporção, podendo variar de uma jovialidade descuidada a uma agitação
praticamente incontrolável.
Esta elação, acompanhada de um aumento da energia, leva à hiperatividade, um
desejo de falar e uma redução da necessidade de sono. A atenção não pode ser
mantida, e existe frequentemente uma grande distração.
O sujeito apresenta frequentemente um aumento da autoestima com ideias de
grandeza e exagero das suas capacidades. A perda das inibições sociais pode levar a
condutas imprudentes, inapropriadas ou deslocadas.

Mania com sintomas psicóticos: presença dos mesmos sintomas do quadro clínico
descrito acima, porém com ideias delirantes (em geral de grandeza), de alucinações
(em geral do tipo de voz que fala diretamente ao sujeito) ou de agitação; de
atividade motora excessiva e de fuga de ideias de uma gravidade tal que o sujeito se
torna incompreensível ou inacessível a toda comunicação normal.

Transtorno Bipolar: a alternância de longos períodos depressivos com manias é a


tónica dessa patologia. Os indivíduos com esse transtorno apresentam durante
algumas ocasiões uma elevação do humor e aumento da energia e da atividade
(hipomania ou mania), e em outras, um rebaixamento do humor e de redução da
energia e da atividade (depressão).

Transtorno Depressivo Recorrente: transtorno caracterizado pela ocorrência


repetida de episódios depressivos (Depressão), com episódios independentes de
exaltação de humor e de aumento de energia (mania). O transtorno pode, contudo,

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comportar breves episódios caracterizados por um ligeiro aumento de humor e da


atividade (hipomania), sucedendo imediatamente a um episódio depressivo.

ALTERAÇÕES DA COMUNICAÇÃO
Comunicação é um mecanismo através do qual existem e se desenvolvem as
relações humanas, capacidade de comunicar e de se relacionar com os outros.
Comunicar, através de qualquer meio, é colocar em comum, é partilhar, e em geral
faz-se através da linguagem (e não confundir com língua ou idioma).
Linguagem é função cerebral que permite a qualquer ser humano adquirir e utilizar
uma língua.
A comunicação humana, faz-se de forma verbal e não verbal, tanto em crianças
como em adultos.
“A fala representa a expressão do pensamento”
Um aspeto muito importante a ter em conta nos doentes com perturbações
mentais é a alteração da sua capacidade de comunicação, o que pode tornar a
comunicação com estes doentes um desafio. Perante esta situação, geralmente os
profissionais de saúde e/ou familiares ficam impacientes. É assim importante que
estes se informem sobre quais os problemas de comunicação mais comuns com
estes doentes, dependendo também do tipo de doença mental por
forma a ter uma melhor ideia de como lidar com estas alterações.

Existem vários tipos de perturbações mentais, e só através da análise da doença


específica é que o técnico necessita direcionar a sua forma de comunicar, tendo em
conta a especificidade da alteração mental.

Foquemo-nos nos problemas de comunicação mais comuns causados pela Doença


de Alzheimer:
- Dificuldades em encontrar a palavra certa durante uma conversa;
- Dificuldades em compreender o significado das palavras;
- Dificuldades em manter a atenção durante longas conversas;
- Perda do raciocínio durante uma conversa;
- Dificuldades em referir passos de atividades comuns como cozinhar, vestir, etc.;
- Problemas em abstrair-se de barulhos de fundo como os da televisão, rádio, outras
conversas, etc.;
- Frustração quando não conseguem comunicar;
- Ser muito sensível ao toque, ao tom e volume da voz.

É, portanto, difícil compreendê-los, mas também estes se fazerem compreender.


Assim é essencial que os familiares e/ou profissionais de saúde “aprendam” a

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comunicar e a lidar com estes doentes, de forma a tornar o dia-a-dia menos


stressante e a melhorar a sua relação com o doente.
Para uma eficaz comunicação é essencial criar um ambiente positivo para a
interação com o doente, sendo importante tratá-lo de forma amável e, acima de
tudo, com respeito.
Muitas vezes a atitude e a linguagem corporal são mais importantes que as próprias
palavras, podendo então utilizar por exemplo, expressões faciais e contato físico,
para auxiliar a transmissão da sua mensagem e a demonstrar os seus sentimentos e
afetos.
As seguintes sugestões podem facilitar a comunicação com o doente:
- Tentar optar sempre por palavras simples e frases curtas, falar calma e
pausadamente, bem como utilizar um tom de voz baixo e suave. Nunca deve falar
com estes doentes como se tratassem de bebés, ou falar destes como se não
estivessem presentes.
- Limitar as distrações e o barulho (exemplos: desligar o rádio e a televisão, fechar as
cortinas, etc.) de modo a focar a atenção do doente no que lhe está a dizer.
Estabelecer contacto visual e chamar o doente pelo nome, garantindo que antes de
falar com este tem a sua atenção.
- Como estes doentes apresentam dificuldades em reconhecer familiares e amigos,
pode começar a conversa apresentando-se, ou seja, relembrando-o de quem é.
- Simplificar as questões colocadas ao doente. Fazer uma pergunta de cada vez,
optar por questões cuja resposta é “sim” ou “não”, ou então fazer a pergunta de
forma a limitar as opções de resposta.
- Ser paciente e permitir que o doente tenha tempo para responder às questões,
ouvindo-o atentamente. Acima de tudo não o interromper mesmo que saiba aquilo
que ele está a tentar dizer.
- Se o doente estiver com dificuldades em encontrar a palavra correta ou a
comunicar um pensamento, auxiliar gentilmente a expressar-se fornecendo-lhe as
palavras que ele está à procura, isto se o doente parecer estar aberto à ajuda.
- Quando o doente começar a ficar perturbado, tentar mudar o assunto de conversa
ou o ambiente.
- Muitas vezes estes doentes sentem-se confusos e ansiosos o que os pode levar a
recordar de coisas que nunca ocorreram. Aqui é importante tentar não os
convencer de que estão errados, mas sim confortá-los e apoiá-los, caso o assunto
não seja de risco.
- Se o doente parecer triste, encorajar a expressão dos seus sentimentos, e mostrar
que é compreendido.
- Usar o humor sempre que possível, já que pode ajudar a libertar a tensão e ser uma
boa terapia! Ter para com estes doentes uma atitude carinhosa e tranquilizadora.

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- Estar sempre atento a possíveis problemas de audição e visão do doente que


possam afetar a comunicação.

Os estudos mostram que há períodos da vida mais propícios ao aparecimento de


alterações mentais:

INFÂNCIA
A saúde mental de uma criança, é um processo constante de adaptação às suas
próprias transformações biológicas.
O pensar, a capacidade de utilizar uma linguagem escrita, falada ou ainda de
experimentar sentimentos não nascem com a criança, estando profundamente
relacionados ao seu desenvolvimento.

1) Os Transtornos da Aprendizagem são os mais comuns e referem-se a dificuldades


na leitura, na capacidade matemática ou nas habilidades de escrita, medidas por
testes padrões que estão substancialmente abaixo do esperado, considerando-se a
idade da criança, o seu quociente de
inteligência (QI) e grau de escolaridade.
As crianças que não têm acesso aos seus direitos fundamentais são prejudicadas em
todos os níveis, especialmente no desenvolvimento do senso de cidadania, pertença
social e da sua personalidade.

FATORES QUE INFLUENCIAM NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL:


- Família amorosa
- Amigos
- Visão positiva de mundo
- Boa escola
- Boa saúde mental
- Recursos materiais suficientes
Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 10% das crianças e dos
adolescentes apresentam algum tipo de Transtorno Mental.

2) Transtorno das Habilidades Motoras, o desempenho em atividades diárias que


exigem coordenação motora está abaixo do esperado para a idade, como por
exemplo atraso para sentar, engatinhar, caminhar, deixar cair coisas, fraco
desempenho no desporto ou caligrafia insatisfatória.
Muitas vezes essa criança é vista como desajeitada, tropeçando com frequência ou
inábil para abotoar a roupa ou amarrar os atacadores do sapato.

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3) Transtorno da Comunicação, pode manifestar-se por sintomas que incluem um


vocabulário limitado, erros grosseiros na conjugação de verbos, dificuldade para
evocar palavras ou produzir frases de acordo com a sua idade cronológica. Os
problemas de linguagem também podem ser causados por perturbações na
capacidade de articular sons ou palavras.
4) Transtorno do Défice de Atenção(Hiperatividade), prestam atenção a vários
estímulos, não conseguindo concentrar-se numa tarefa única. Têm dificuldade para
organizar tarefas, evitando, antipatizando ou relutando em envolver-se em tarefas
que exijam esforço mental constante. Costumam perder facilmente objetos de uso
pessoal. Esquecem facilmente atividades diárias.

5) Transtornos Depressivos na Infância, ocorrem tanto em meninos quanto em


meninas. Os sintomas podem ser: isolamento, calma excessiva, agitação, condutas
auto e hétero agressivas, intensa procura afetiva, alternando atitudes prestativas
com recusas de relacionamento.
A socialização está geralmente perturbada: pode haver recusa em brincar com
outras crianças e dificuldade para aquisição de habilidades. As queixas somáticas
são frequentes: dificuldade do sono (despertar noturno, sonolência diurna),
alteração do padrão alimentar, queixas de falta de ar, dores de cabeça e no
estômago, problemas intestinais e suor frio também são frequentes.

6) Transtornos Globais do Desenvolvimento (Autismo Infantil), caracterizado por


severas anormalidades nas interações sociais recíprocas, nos padrões de
comunicação estereotipados e repetitivos, além de um estreitamento nos
interesses e atividade da criança. Costumam manifestar-se até aos 3 anos de vida
não havendo, em geral, um período prévio de desenvolvimento inequivocamente
normal.
As crianças com transtorno autista podem ter alto ou baixo nível de funcionamento,
dependendo do QI, da capacidade de comunicação e do grau de severidade.

7) Transtornos da Excreção, inclui a enurese e a encoprese. A enurese é


caracterizada por eliminação de urina de dia e/ou a noite, a qual é anormal em
relação à idade da criança e não decorrente de nenhuma patologia orgânica. Pode
estar presente desde o nascimento ou pode surgir seguindo-se a um período de
controle vesical adquirido.
A encoprese é a evacuação repetida de fezes em locais inadequados (roupas ou
chão), involuntária ou intencional.

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8) Transtorno da Separação surge em cerca de 4% das crianças, em que o facto de


se separarem dos seus cuidadores cria uma ansiedade e um medo de que algo lhes
aconteça deixando a criança sozinha.

Nesta fase de crescimento começam também a observar-se os primeiros sinais de


transtorno da personalidade, começando a formar-se tendências suicidas e fobias
sociais.

ADOLESCÊNCIA
A adolescência é um período de grandes transformações na vida mental do
indivíduo, o que, por si só, leva a diversas manifestações de comportamento que
podem ser interpretadas como sendo doença.
Na puberdade, geralmente, a fase inicial das mudanças no aspeto físico é contrária
aos modelos de estética ideais, e essa distonia entre o corpo e o ideal de beleza
pode desencadear sérias dificuldades de adaptação, baixa autoestima, falta de
aceitação pessoal, resultando em problemas depressivos dos quais podemos
salientar a anorexia, obsessivo-compulsivos.

Os transtornos mais comuns na adolescência são:


 Depressão (Transtorno de Humor)
 ANOREXIA e BULÍMIA
 Esquizofrenia (Transtorno Psicótico)
 Transtorno Bipolar de Humor (Transtorno de Humor)
 Transtorno Obsessivo Compulsivo (Transtorno Neurótico)
 Síndrome do Pânico (Transtorno de Ansiedade)

Metade das pessoas que sofrem de uma perturbação mental tiveram a primeira
manifestação antes dos 18 anos.

TERCEIRA IDADE
Caracteriza-se por uma deterioração progressiva dos vários tecidos e de todo o
organismo, o que costuma provocar a diminuição da capacidade cardiorrespiratória,
da força muscular, da resistência dos ossos e da flexibilidade das articulações.
Trata-se, portanto, de uma nova fase da vida, um período normal do ciclo vital com
algumas mudanças físicas, mentais e psicológicas que não significam
necessariamente a existência de doença.
No entanto, com o processo de envelhecimento chega a diminuição das faculdades -
físicas e mentais - que facilita o aparecimento de transtornos mentais, muitos deles
evitáveis, aliviados ou mesmo revertidos.

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Para além dos fatores biológicos inerentes a este processo, existem outros que
predispõem os idosos a transtornos mentais. Como sejam, a perda de autonomia, a
morte de amigos e/ou parentes, isolamento social, restrições financeiras,
agravamento do estado geral de saúde com especial relevância para o
funcionamento cognitivo (capacidade de compreender e pensar de uma forma
lógica, com prejuízo na memória).

TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS MAIS COMUNS


1) Demência
Provocada por lesões nas áreas cortical e subcortical do cérebro, onde residem as
funções intelectuais superiores, como a consciência, a elaboração da linguagem, a
automatização dos movimentos, a memória e a aprendizagem.
As manifestações são bastante diferentes, pois dependem da localização das
lesões. A manifestação inicial mais frequente é a perda de memória.
A dificuldade em realizar movimentos automatizados - pentear-se, barbear-se,
limpar-se, vestir-se ou comer - para além de alguma instabilidade emocional e
alterações progressivas da linguagem, são muito geralmente as seguintes.

2) Alzheimer
Demência mais comum, mais frequente nas mulheres do que nos homens.
Caracteriza-se por um início gradual e pelo declínio progressivo das funções
cognitivas. A memória é a função cognitiva mais afetada, mas a linguagem e noção
de orientação do indivíduo também são afetadas.
As alterações do comportamento envolvem depressão, obsessão e desconfianças,
surtos de raiva com risco de atos violentos. A desorientação leva a pessoa a andar
sem rumo podendo ser encontrada longe de casa em uma condição de total
confusão. Aparecem também
alterações neurológicas como problemas na marcha, na fala, no desempenhar uma
função motora e na compreensão do que lhe é falado.

3) Demência vascular
É o segundo tipo mais comum de demência. Apresenta as mesmas características da
demência tipo Alzheimer, mas com um início abrupto e um curso gradualmente
deteriorante.
Pode ser prevenida através da redução de fatores de risco como hipertensão,
diabetes, tabagismo e arritmias.

4) Transtornos depressivos
Os transtornos depressivos têm alta prevalência entre a população idosa e estão
associados a um impacto negativo no seu estado de saúde e qualidade de vida.

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As alterações sociais - diminuição da atividade, perda de entes próximos - que


ocorrem nesta fase da vida estão associados ao desenvolvimento de depressão,
cujos sintomas incluem diminuição da concentração e memória, problemas de sono,
diminuição do apetite, perda de peso e queixas somáticas (como dores pelo corpo).

5) Transtorno bipolar
Doença do foro psíquico que tem cada vez mais expressão na população em geral.
Caracteriza-se por desequilíbrios no humor, uma entidade maleável que se modifica
de acordo com os acontecimentos da vida. Quando ocorre um transtorno do humor
significa que a pessoa está a reagir de modo incompatível ou exagerado a
determinada situação. Esse desequilíbrio no humor tanto pode ser positivo (estado
maníaco) como negativo (estado depressivo).
Os sintomas deste transtorno nos idosos são semelhantes aos dos adultos mais
jovens: euforia, humor expansivo e irritável, necessidade de sono diminuída, fácil
distração, impulsividade e, frequentemente, consumo excessivo de álcool.
Pode ainda haver um comportamento hostil e desconfiado.
Quando um primeiro episódio de comportamento maníaco ocorre após os 65 anos,
deve-se alertar para uma causa orgânica associada.

6) Esquizofrenias e outras Psicoses


Apesar de estas doenças ocorrerem com mais frequência no final da adolescência
ou idade adulta jovem, elas persistem para toda a vida.
Os sintomas incluem isolamento social, comportamento excêntrico, pensamento
ilógico, alucinações e afeto rígido.

7) Transtorno Delirante
Transtorno onde as ideias surgem com convicção absoluta em si mesmas, sem
qualquer derivação da cultura, das crenças e das convicções do indivíduo.
Os sintomas mais comuns são alterações do pensamento de natureza persecutória
(os doentes acreditam que estão a ser seguidos), e em relação ao corpo, como
acreditar que tem uma doença fatal (hipocondria). Os doentes podem ainda tornar-
se violentos e isolarem-se socialmente.

8) Transtornos de Ansiedade
A ansiedade é um sentimento incomodativo, disperso e indefinido, que pode ser
acompanhado de sensações como um frio no estômago, aperto no peito, tremores
e até falta de ar.
A ansiedade, nesta faixa etária, por vezes transforma-se num medo irracional
excessivo, pânico e desenvolvimento de fobias. Passa rapidamente de patológica a
um transtorno incapacitante, conhecido como transtorno de ansiedade. Nos idosos

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Cuidados na Saúde Mental

a fragilidade do sistema nervoso autónomo pode explicar o desenvolvimento deste


tipo de transtorno.
Os principais sintomas são a dificuldade de concentração, desorientação e perda de
memória, dores musculares, dores de cabeça e falta de ar, transpiração excessiva,
fadiga, irritabilidade e tensão muscular, insónia e perturbações no sono.

CUIDAR EM SAÚDE MENTAL


“Sem Saúde Mental não há saúde. É a saúde mental que abre aos cidadãos as portas da
realização intelectual e emocional, bem como da integração na escola, no trabalho e
na sociedade. É ela que contribui para a prosperidade, solidariedade e justiça social das
nossas sociedades. Em contrapartida, a doença mental impõe múltiplos custos,
perdas e sobrecargas aos cidadãos e aos sistemas sociais”.
(Livro Verde, Comissão das Comunidade Europeias, 2005)

É hoje um dado consensual a importância que a saúde mental tem na vida de cada
um, na família, na sociedade e em termos globais. Se, por um lado, a saúde mental
permite o desenvolvimento individual e social, por outro lado problemas de saúde
mental podem representar um complexo desafio individual com repercussões a
todos os níveis.
No entanto, um dos maiores obstáculos à promoção da saúde mental, à procura de
ajuda quando na presença de um problema de saúde mental, é o facto de ainda ser
comum a dificuldade de aceitar dificuldades desta natureza da mesma forma que se
aceita uma doença física.
Nos nossos dias, sabemos que as doenças mentais são como qualquer outra
doença: podem ter múltiplas causas, umas mais conhecidas do que outras; existem
diferentes formas de tratar, umas mais eficazes do que outras; algumas podem ser
crónicas e outras de tratamento fácil. E, como em qualquer problema de saúde,
quanto mais cedo se intervir, melhor.
É urgente aprender a cuidar da saúde como um todo, compreendendo que engloba
uma componente física e outra mental, que devem ser olhadas de forma idêntica
uma vez que sabemos que, tanto uma como outra, poderão apresentar problemas
em qualquer momento da nossa vida.
Esta aceitação, ainda tão difícil para a maior parte das pessoas, é um dos maiores
desafios para a promoção da saúde mental.
Está nas mãos de cada um dar este passo que poderá fazer toda a diferença. Quer
no reconhecimento de um problema pessoal, quer na aceitação dos outros quando
confrontados com um problema desta natureza.
“Não há saúde sem saúde mental”

ALIMENTAÇÃO

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O hábito alimentar pode estar alterado em vários transtornos.


Um dos sintomas mais frequentes na depressão é a falta de apetite, acompanhada
da perda de peso. Mas pode ocorrer que o apetite esteja aumentado e a pessoa
ganhe peso, o que é chamado de depressão atípica.
O comer descontrolado está presente em vários transtornos e mesmo em pessoa
normais, que em momentos de maior ansiedade podem “descontar” a frustração
em chocolates ou outros alimentos. Se a ansiedade está em um nível que pode ser
considerado uma doença, é capaz de o sinal de alerta para os pacientes procurarem
o psiquiatra seja o aumento de peso fruto da comilança.
Para o dependente de álcool, a ingestão da bebida passa a ser a coisa mais
importante que há e é aquilo que dirige a sua rotina. Nos casos mais graves, o
dependente adquire todas as calorias que precisa através do álcool que bebe
diariamente, mas é uma caloria sem qualidade, pois lhe faltam os nutrientes, as
vitaminas. Por exemplo, é comum que nos casos graves de dependência a pessoa
tenha deficiência das vitaminas do complexo B, o que pode levar a problemas
neurológicos graves e permanentes, culminando até com a morte.
Os manuais de diagnóstico de psiquiatria têm um capítulo à parte para os
transtornos em que o hábito alimentar é a patologia principal.

 Anorexia nervosa
Existe uma preocupação exagerada com o peso, com a possibilidade de ficar obeso,
há um comportamento obstinado para a perda de peso, seja através de dietas, de
exercícios físicos extenuantes. A pessoa que sofre desse transtorno tem padrões
peculiares de manejo de alimentos (escondem alimentos pela casa, carregam
grandes quantidades de balas em bolsas ou mochilas, cortam os pedaços de carne
em partes muito pequenas e passam muito tempo rearranjando as porções no
prato) e tem, sobretudo, uma alteração na imagem corporal. Isto quer dizer que por
mais magra que a pessoa pode estar, ela sempre vai olhar para si e achar-se gorda,
obesa.
 Bulimia
A pessoa tem compulsão alimentar, quer dizer, ela ingere uma quantidade maior de
alimentos do que outras pessoas em uma situação e em um período de tempo
semelhante fariam, com uma forte sensação de perda de controlo e, consequente,
sentimento de culpa, de autoacusação. Para evitar o ganho de peso frente a essas
situações, a pessoa costuma adotar atitudes para evitar o ganho de calorias e de
peso, daí vindo os comportamentos purgatórios, como os vómitos provocados, a
ingestão de laxantes e diuréticos e os exercícios físicos excessivos.
Hoje em dia, há prescrição indiscriminada de antidepressivos. Estes, dependendo do
seu principio ativo podem induzir a alteração do peso quer reduzindo-o ou
aumentando-o.

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Cuidados na Saúde Mental

ELIMINAÇÃO
Os distúrbios de eliminação mais comuns são os de:
 Encoprese
É a evacuação repetida de fezes em locais inadequados (por ex., roupas ou chão).
Com maior frequência, trata-se de um ato involuntário, mas ocasionalmente pode
ser intencional.
A incontinência fecal não deve ser devida exclusivamente aos efeitos fisiológicos
diretos de uma
substância (por ex., laxantes) ou a uma condição médica geral, exceto através de
um mecanismo envolvendo obstipação. Quando a evacuação é involuntária, ao
invés de intencional, ela frequentemente está relacionada à obstipação, impactação
e retenção de fezes com hiperfluxo subsequente. A primeira obstipação pode
desenvolver-se por razões psicológicas (por ex., ansiedade acerca de defecar em
determinado local ou um padrão mais geral de comportamento ansioso ou de
oposição), levando a evitar a defecação.
As predisposições fisiológicas à obstipação incluem desidratação associada com
doença febril, hipotiroidismo ou efeito colateral de um medicamento. Uma vez que
a obstipação se desenvolva, ela pode ser complicada por uma fissura anal,
defecação dolorosa e retenção fecal adicional. A consistência das fezes pode variar:
em alguns indivíduos, a consistência pode ser normal ou próxima ao normal, mas
podem ser líquidas em indivíduos com incontinência por hiperfluxo secundária à
retenção fecal.

Mais comum em crianças até aos 5 anos.


 Enurese
É a micção repetida, diurna ou noturna, na cama ou na roupa. Ocorre com maior
frequência de forma involuntária, mas ocasionalmente pode ser intencional. Para
corresponder a um diagnóstico de Enurese, a micção deve ocorrer no mínimo duas
vezes por semana por pelo menos 3 meses, ou então deve causar um sofrimento ou
prejuízo significativo no funcionamento social, ocupacional ou outras áreas
importantes na vida do indivíduo.
Este deve ter alcançado uma idade na qual a continência é esperada (isto é, a idade
cronológica da criança deve ser de no mínimo 5 anos, ou, para crianças com atrasos
do desenvolvimento, uma idade mental de no mínimo 5 anos). A incontinência
urinária não se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos diretos de uma
substância (por ex., diuréticos) ou a uma condição médica geral (por ex., diabetes,
espinhal bífida, transtorno convulsivo).

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Cuidados na Saúde Mental

HIGIENE
A falta de asseio está muitas vezes associada à falta de autoestima, e a um
transtorno mental.
A higiene deve ser feita com relação ao corpo e ao meio ambiente, e mantida nas
melhores condições, sendo, até mesmo, importante para a parte emocional do ser
humano.
A higiene foi definida como sendo:
 Individual:
Compreende o estudo das diversas fases da evolução do indivíduo. Ocupa-se dos
cuidados que ele deve ter com o corpo, vestuário, alimentação, trabalho, tanto
físico como mental.
 Coletiva:
Abrange o estudo do meio em que o homem vive, com os recursos da
salubridade para a vida coletiva, considerada esta sob os seus diferentes aspetos a
vida urbana, vida rural, vida militar e etc.

SONO E REPOUSO
Repouso e higiene são necessidades básicas do corpo, essenciais para a saúde. O
repouso adequado contribui para recuperar o organismo do desgaste natural do
dia-a-dia, e das perdas excessivas, provocadas pela correria dos tempos modernos.
Além de repousar, é necessário que cada pessoa faça uma análise de seu estilo de
vida, para identificar e evitar o desgaste excessivo, que pode ser devido a fatores
pessoais, como por exemplo:
- Não saber dizer "não" e aceitar sobrecargas de trabalho.
- Não admitir seus próprios limites.
- Querer fazer o trabalho de todas as pessoas por achar que ninguém é capaz.
- Excesso de ambição para conquistar coisas materiais, etc.

ORGANIZE SUA VIDA E EVITE DESGASTES EXCESSIVOS


O desgaste pode ser do corpo e da mente, um afetando o outro, uma vez que o
organismo é uma unidade.
É importante ter hábitos de vida que fortaleçam o corpo e a mente, para evitar que
sofram problemas.
Quais os Hábitos que fortalecem o corpo?
Manter o corpo bem oxigenado (atividade física, bom ar ambiente e respiração
profunda), bem hidratado (2 a 4 litros de água por dia), bem nutrido (uso de
bastante vegetais), desintoxicado (isento de substâncias artificiais), exercitado
(caminhada rotineira).
Quais os Hábitos que fortalecem a mente?

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Ter uma distração, uma higiene mental, ter amigos, conversar sobre assuntos
agradáveis, evitando os desagradáveis, sorrir, distrair-se, estar alegre, orar e ter fé
em Deus, confiar e entregar-se a Ele. Servir ao próximo, dentro das suas
possibilidades, é uma condição que gera muita satisfação e bem-estar. Estas
práticas fortalecem a pessoa e a tornam mais resistente aos problemas.

O repouso físico:
O repouso pode ser físico e mental e ambos devem ser observados. Observe o
repouso adequado para o seu corpo. Após o almoço, é muito bom para a sua saúde
que você faça um pequeno repouso depois do almoço. Vai descansar o corpo,
recuperar os desgastes da manhã, e preparar o corpo para mais um período de
trabalho. Vai melhorar o rendimento no trabalho e até melhora o relacionamento
entre as pessoas, diminui os acidentes, melhora a qualidade da produção.
A Noite é para descansar e dormir. Jante cedo e coma pouco no jantar. Evite fazer
trabalhos, ver filmes ou fazer leituras stressantes à noite. Prepare-se para dormir
mantendo-se relaxado, sem estímulos que lhe deixem agitado. Vá para a cama
somente na hora de dormir. Um banho morno ajuda a relaxar. O fim-de-semana tem
uma importância muito grande, serve também como um repouso para nossa mente.
As férias, também devem ser usadas para recuperar o organismo dos
desgastes da vida. Tire férias que sirvam para relaxar e descansar e não para cansar
mais ainda.

O repouso mental:
Descansar das preocupações, dos problemas, não pensar neles nos momentos de
repouso. Não adianta alimentar os problemas pensando neles às 24 horas do dia. Ao
contrário, isso vai alterar o equilíbrio da pessoa e criar ainda mais dificuldades para
encontrar soluções. A correria, a pressa. Uma prática que determina muito desgaste
para o corpo e a mente é o fazer as coisas com pressa. A pressa faz com que
hormonas sejam libertadas no organismo, especialmente adrenalina, determinando
um estado de tensão muito desgastante.

Para evitar a pressa:


1- NÃO SE ATRASE PARA OS COMPROMISSOS.
2- NÃO ASSUMA EXCESSO DE COMPROMISSOS.
3- PROGRAME SEUS COMPROMISSOS. FAÇA UMA COISA DE CADA VEZ

DOR E DESCONFORTO
A dor e o desconforto estão muito associados a distúrbios mentais, especialmente
os associados a
estados de stress e ansiedade.

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Os mais comuns são:


- Hiperventilação (respiração rápida e ofegantes);
- Sensação de falta de ar;
- Taquicardia (batimentos acelerados do coração);
- Suores intensos;
- Náuseas e vómitos;
- Tonturas;
- Sensação de formigueiro nas extremidades das mãos e pés;
- Medo de perder o controlo;
- Dificuldade de concentração;
- Impaciência;
- Tensão muscular;
- Fadiga fácil e perda de energia;
- Taquicardia (batimentos acelerados do coração);
- Dificuldade de concentração;
- Alterações gastrointestinais;
- Modificação do padrão de apetite (falta ou excesso de apetite);
- Dificuldade em adormecer (insónia).

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