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Escola Estadual Irmã Gislene de 1º e 2º Graus

Ensino Fundamental Decreto: 11.058 de 09/04/62 – Ensino Médio Decreto Estadual: 29.389 de 18/04/89
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PROVA DE PROGRESSÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA – 2019 – 9° ANO

ALUNO:____________________________________________________________ 1°____

PROFESSORA: CÁSSIA DATA:__/__/2019. VALOR:70,0 NOTA: __________

Questão 1 (10,0 pontos)


"Todas as variedades linguísticas são estruturadas e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades de
seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade
conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua
padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua
como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função
coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação."
                   Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado.

A partir da leitura do texto, podemos inferir que uma língua é:

a) Conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a ser considerada
exemplar.
b) Sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística, sob pena de empobrecimento do léxico.
c) A modalidade oral alcança maior prestígio social, pois é o resultado das adaptações linguísticas produzidas pelos
falantes.
d) A língua padrão deve ser preservada na modalidade oral e escrita, pois toda modificação é prejudicial a um
sistema linguístico.

Questão 2 – (10,0 pontos)

Até quando? Não adianta olhar pro chão

Não adianta olhar pro céu Virar a cara pra não ver

Com muita fé e pouca luta Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque
Jesus
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
E muita greve, você pode, você deve, pode crer

GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo). Rio de Janeiro: Sony Music, 2001

As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto

a) Caráter atual, pelo uso de linguagem própria da c) Tom de diálogo, pela recorrência de gírias.
internet. d) Espontaneidade, pelo uso da linguagem
b) Cunho apelativo, pela predominância de coloquial.
imagens metafóricas. e) Originalidade, pela concisão da linguagem.

Questão 3 (10,0 pontos)

Texto I

Antigamente

Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos pais e se um se esquecia de arear os dentes antes de cair nos
braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não devia também se esquecer de lavar os pés, sem tugir nem mugir.
Nada de bater na cacunda do padrinho, nem de debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda cedinho, aguava as
plantas, ia ao corte e logo voltava aos penates. Não ficava mangando na rua, nem escapulia do mestre, mesmo que não
entendesse patavina da instrução moral e cívica. O verdadeiro smart calçava botina de botões para comparecer todo liró
ao copo d’água, se bem que no convescote apenas lambiscasse, para evitar flatos. Os bilontras é que eram um precipício,
jogando com pau de dois bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo de galinha. O melhor era pôr as barbas de molho
diante de um treteiro de topete, depois de fintar e engambelar os coiós, e antes que se pusesse tudo em pratos limpos, ele
abria o arco.

ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983 (fragmento).

Texto II

Expressão Significado
Cair nos braços de Morfeu Dormir
Debicar Zombar, ridicularizar
Tunda Surra
Mangar Escarnecer, caçoar
Tugir Murmurar
Liró Bem-vestido
Copo d'água Lanche oferecido pelos amigos
Convescote Piquenique
Treteiro de topete Tratante atrevido
Abrir o arco Fugir
Bilontra Velhaco

FIORIN, J. L. As línguas mudam. In: Revista Língua Portuguesa, n. 24, out. 2007 (adaptado).

Na leitura do fragmento do texto Antigamente constata-se, pelo emprego de palavras obsoletas, que itens lexicais
outrora produtivos não mais o são no português brasileiro atual. Esse fenômeno revela que

a) A língua portuguesa de antigamente carecia de termos para se referir a fatos e coisas do cotidiano.

b) O português brasileiro se constitui evitando a ampliação do léxico proveniente do português europeu.


c) A heterogeneidade do português leva a uma estabilidade do seu léxico no eixo temporal.
d) O português brasileiro apoia-se no léxico inglês para ser reconhecido como língua independente.
e) O léxico do português representa uma realidade linguística variável e diversificada.

Questão 4(10,0 pontos)

Contudo, a divergência está no fato de existirem pessoas que possuem um grau de escolaridade mais elevado e com um
poder aquisitivo maior que consideram um determinado modo de falar como o “correto”, não levando em consideração
essas variações que ocorrem na língua. Porém, o senso linguístico diz que não há variação superior à outra, e isso
acontece pelo “fato de no Brasil o português ser a língua da imensa maioria da população não implica automaticamente
que esse português seja um bloco compacto coeso e homogêneo”. (BAGNO, 1999, p. 18)

Sobre o fragmento do texto de Marcos Bagno, podemos inferir, exceto:

a) A língua deve ser preservada e utilizada como um instrumento de opressão. Quem estudou mais define os padrões
linguísticos, analisando assim o que é correto e o que deve ser evitado na língua.
b) As variações linguísticas são próprias da língua e estão alicerçadas nas diversas intenções comunicacionais.
c) A variedade linguística é um importante elemento de inclusão, além de instrumento de afirmação da identidade de
alguns grupos sociais.
d) O aprendizado da língua portuguesa não deve estar restrito ao ensino das regras.
e) Segundo Bagno, não podemos afirmar que exista um tipo de variante que possa ser considerada superior à outra,
já que todas possuem funções dentro de um determinado grupo social.
QUESTÃO 5-(10,0 pontos)

Óia eu  aqui de  novo xaxando Óia eu aqui de novo mostrando
Óia eu aqui de novo pra xaxar Como se deve xaxar.

Vou mostrar pr’esses cabras Vem cá morena linda


Que eu ainda dou no couro Vestida de chita
Isso é um desaforo Você é a mais bonita
Que eu não posso levar Desse meu lugar
Que eu aqui de novo cantando Vai, chama Maria, chama Luzia
Que eu aqui de novo xaxando Vai, chama Zabé, chama Raque
Diz que tou aqui com alegria.

(BARROS, A. Óia  eu  aqui de  novo. Disponível  em <www.luizluagonzaga.mus.br > Acesso em 5 mai  2013)

A letra da canção de  Antônio Barros manifesta aspectos do repertório  linguístico e  cultural do Brasil. O 
verso que singulariza uma  forma do falar  popular  regional é

(A) “Isso é um desaforo” (D) “Vai, chama  Maria, chama  Luzia”


(B) “Diz que  eu  tou aqui com alegria” (E) “Vem  cá, morena linda, vestida de chita”
(C) “Vou  mostrar pr’esses cabras”

QUESTÃO 6- (10,0 pontos)

Só há  uma  saída para a escola se ela quiser ser  mais bem-sucedida: aceitar a  mudança da  língua como um fato.
Isso deve significar que a  escola deve aceitar qualquer forma de  língua em  suas  atividades escritas? Não deve
mais  corrigir?  Não!

Há  outra dimensão a ser  considerada:  de fato, no  mundo real da escrita,  não existe  apenas  um português
correto,  que  valeria para todas  as  ocasiões: o estilo dos  contratos não  é  o  mesmo dos  manuais de  instrução;
o dos  juízes do  Supremo não  é  o  mesmo dos cordelistas; o dos editoriais dos  jornais  não  é  o mesmo dos dos
cadernos de  cultura dos  mesmos  jornais. Ou  do de  seus  colunistas.

(POSSENTI,  S.  Gramática  na cabeça. Língua  Portuguesa,  ano 5, n. 67,  maio 2011 – adaptado).

Sírio Possenti defende  a tese de que  não existe um único “português  correto”. Assim  sendo, o  domínio
da  língua portuguesa  implica,  entre outras coisas, saber

a) Descartar  as  marcas de informalidade do texto.


b) Reservar o  emprego da  norma  padrão aos textos de  circulação ampla.
c) Moldar  a  norma  padrão do português pela   linguagem do discurso jornalístico.
d) Adequar as  formas  da língua a diferentes tipos de  texto e contexto.
e) Desprezar as formas  da língua  previstas pelas  gramáticas e  manuais divulgados  pela escola.

QUESTÃO 7- (10,0 pontos)

No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber o salário. Eis
parte da cena: Não se conformou: devia haver engano. (…) Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se
descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão
beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria? O patrão zangou-se, repeliu a
insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda. Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou.
Bem, bem. Não era preciso barulho não.

Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.
No fragmento transcrito, o padrão formal da linguagem convive com marcas de regionalismo e de coloquialismo no
vocabulário. Pertence a variedade do padrão formal da linguagem o seguinte trecho:

a) “Não se conformou: devia haver engano” (ℓ.1). d) “entregando o que era dele de mão beijada!”
b) “e Fabiano perdeu os estribos” (ℓ.3). (ℓ.4-5).
c) “Passar a vida inteira assim no toco” (ℓ.4). e) “Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou”
(ℓ.11).

Questão 8 (1,0 ponto)

Em bom  português

No  Brasil,  as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não  é  somente pela gíria que a gente  é apanhada (aliás,
não se  usa  mais a primeira  pessoa, tanto  do singular como  do plural: tudo  é “a gente”).  A própria   linguagem 
corrente vai-se renovando e a cada dia uma  parte do léxico cai em desuso.

Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha  atenção para os que  falam assim:

– Assisti a uma fita de  cinema com um artista que  representa muito bem.

Os que acharam  natural essa frase, cuidado! Não saber dizer que  viram  um  filme  que trabalha  muito bem. E irão ao
banho  de  mar  em vez de ir  à praia, vestido de roupa de  banho em  vez  de  biquíni, carregando guarda-sol em  vez de 
barraca. Comprarão um automóvel  em   vez de  comprar  um carro, pegarão  um defluxo em  vez  de  um resfriado,  vão
andar  no  passeio em vez de  passear na calçada. Viajarão de  trem de  ferro e  apresentarão sua  esposa ou sua  senhora 
em vez  de  apresentar  sua  mulher.

(SABINO, F. Folha de  S. Paulo, 13 abr. 1984)

A língua varia  no  tempo, no  espaço e  em  diferentes  classes socioculturais. O texto exemplifica  essa
característica da língua, evidenciando que:

a) O  uso de  palavras  novas deve ser  incentivado em detrimento das antigas.
b) A utilização de inovações do léxico é  percebida na  comparação de  gerações.
c) O emprego de  palavras com  sentidos  diferentes caracteriza  diversidade geográfica.
d) A pronúncia e o vocabulário são aspectos  identificadores da classe social a  que  pertence o falante.
e) O modo de  falar  específico de pessoas de  diferentes faixas  etárias é  frequente em todas  as regiões.

GABARITO – 1° ANO E.MÉDIO

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