O documento descreve a evolução do sistema público de saúde brasileiro (SUS) desde a década de 1970, quando surgiram os primeiros movimentos sociais pela saúde pública. O SUS foi formalmente criado em 1988 e passou por um processo de descentralização nas décadas seguintes, transferindo responsabilidades para estados e municípios. Atualmente, o SUS enfrenta desafios como falta de investimento e dependência excessiva do setor privado, afetando o acesso universal à saúde.
O documento descreve a evolução do sistema público de saúde brasileiro (SUS) desde a década de 1970, quando surgiram os primeiros movimentos sociais pela saúde pública. O SUS foi formalmente criado em 1988 e passou por um processo de descentralização nas décadas seguintes, transferindo responsabilidades para estados e municípios. Atualmente, o SUS enfrenta desafios como falta de investimento e dependência excessiva do setor privado, afetando o acesso universal à saúde.
O documento descreve a evolução do sistema público de saúde brasileiro (SUS) desde a década de 1970, quando surgiram os primeiros movimentos sociais pela saúde pública. O SUS foi formalmente criado em 1988 e passou por um processo de descentralização nas décadas seguintes, transferindo responsabilidades para estados e municípios. Atualmente, o SUS enfrenta desafios como falta de investimento e dependência excessiva do setor privado, afetando o acesso universal à saúde.
O sistema de saúde brasileiro começou a ser delineado em um período
extremamente conturbado da história do nosso país, o período de redemocratização. A década de 1980 foi marcada pela intensa agitação social em amplos setores da sociedade civil, que estava em busca de direitos, com a crescente influência de sindicatos, da classe média e da ação ilegal de alguns partidos políticos de esquerda. Um pouco antes, no fim da década de 70, os professores e pesquisadores da área da saúde se envolveram no movimento e fundaram o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES) e a Associação Brasileira de Pós- Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO) em 1976 e 1979, respectivamente. O papel desses atores sociais foi fundamental para em 1980 surgir o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), o qual representou um avanço da luta social pela saúde, uma vez que uniu a sociedade com a ala parlamentar progressista e gestores de saúde. O resultado dessa luta social, que foi ano a ano envolvendo mais atores sociais, foi a implementação do SUS em 1988, pela Constituição Cidadã. Inicialmente, na década de 90, o SUS começou a ser delineado por reformas e projetos que visavam especificar a organização do serviço de saúde no país. A Lei Orgânica da Saúde (1990), o Programa de Saúde da Família, a reforma de Estado com o Plano Real em 1994 e a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) foram alguns pontos que marcaram avanços e obstáculos no desenvolvimento inicial do SUS, uma vez que havia tentativas de desenvolvimento do sistema, mas as forças políticas e econômicas estavam criando barreiras a esse avanço, o que iniciou o processo de descentralização do sistema de saúde. Com a dinâmica política que se seguiu no país, com diversos planos macroeconômicos diferentes, desde Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, houve intensa mudança na configuração federal, estadual e municipal, com maior autonomia dos estados e municípios. Esse fato levou a intensa descentralização do SUS, que necessitou de novas medidas para sua administração, como o Piso da Atenção Básica e o Pacto pela Saúde. Assim, surgiram os conselhos de saúde e comitês de nível estadual e federal para estabelecer o consenso sobre as decisões da saúde. A estrutura do SUS está dividida em atenção ou serviços primários, secundários e terciários. A atenção básica, a partir de programas como o Programa de Agentes Comunitários e o Programa de Saúde da Família (PSF), tornou-se fundamental no atendimento primário, porém também representa o avanço da descentralização do SUS, uma vez que não está integrada aos serviços tradicionais da atenção básica anteriores ao PSF, além da dificuldade na continuidade com serviços especializados devido ao distanciamento da atenção primária e dos serviços estaduais. Em relação à atenção secundária e terciária, o SUS enfrenta um desafio ainda maior, haja vista que depende fortemente de serviços prestados por instituições privadas para serviços hospitalares, terapêuticos e de diagnóstico, os quais são direcionados com maior prioridade aos planos de saúde, gerando morosidade e precariedade na atenção do sistema público. Dessa forma, a partir desse vislumbre da complexidade e quantidade de atores envolvidos no sistema e saúde e as mudanças sociais e políticas pelas quais o país passou, podemos entender as dificuldades enfrentadas pelo SUS atualmente. Com o desenvolvimento político-econômico do país, o financiamento do SUS é feito hoje por impostos diretos e contribuições sociais de programas sociais. Nos últimos anos, a contribuição social no financiamento tem sido maior que o financiamento dos governos federal, estadual e municipal, o que em parte pode ser explicado pelo direcionamento dos recursos previamente reservados à saúde para outros setores da economia, principalmente o pagamento de juros da dívida pública. Portanto, apesar do avanço desde a década de 70, o sistema de saúde enfrenta dificuldades para a melhoria do acesso à saúde dos cidadãos, principalmente por sua descentralização, falta de investimentos públicos e dependência do setor privado, levando ao sucateamento e precarização do SUS. Similar ao processo brasileiro, a maioria dos países latinos obteve aumento significativo do acesso à saúde pública, mas com igual avanço dos serviços privados. A partir da década de 70, houve maior mobilização para demandas sociais, uma vez que a redemocratização dos países latinos estava em voga. Chile e Colômbia desenvolveram um setor de saúde privado forte, com sistemas públicos precários, com longas filas de espera, em vista de uma organização ineficiente. O Chile possui um sistema dual de atendimento, estabelecido pelo Plan AUGE. Há uma lista de serviços atendidos, que atualmente inclui 80 patologias. O paciente pega vouchers no serviço público para consultas no serviço privado, o que gera longas filas e morosidade no atendimento. A Colômbia possui forte influência dos serviços privados subsidiados pelo governo, com grande desigualdade de acesso aos serviços entre os cidadãos, além de um cunho de medicina mais curativa do que preventiva, o que distância do objetivo de assistência e promoção integral à saúde.