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SUSTENTABILIDADE
3º Seminário Internacional “Democracia e Constitucionalismo: novos desafios na era da
globalização”
Universidade de Perugia – Itália
Junho 2016
INTRODUÇÃO
1
Doutorando em Direito pela UNESA/RJ, e-mail wgustavolemos@hotmail.com. Professor da
graduação do curso de Direito da FCR – Faculdade Católica de Rondônia e da FARO –
Faculdade de Rondônia, ministrando as disciplinas de D. Internacional e Hermenêutica
Jurídica.
2
Aluno na graduação da Faculdade Católica de Rondônia – FCR. E-mail:
iurypeixotopvh11@gmail.com
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1. ANTECEDENTES HISTÓRICOS
Neste tempo, vimos o extermínio dos cristãos e de Cartago por Roma, que
são grandes exemplos de genocídios. Sem contar a velha rivalidade entre a
Europa, terra da liberdade e da lei e a Ásia, terra do despotismo e da
escravidão, o que muito baseou o pensamento de Aristóteles.
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Assim, esta idade foi marcada por grandes batalhas pela ocupação da
Europa e pelo período feudal. Neste período ficou marcado pelos massacres
em nome do Cristianismo e para a sua garantia, em pronta contradição com
os genocídios realizados na Idade anterior.
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DADRIAN, Vahakn. “Configuración de los genocídios del siglo veinte”. In: FEIERSTEIN,
Daniel (org.). Genocidio: La administración de la muerte en la modernidad. Buenos
Aires: Eduntref, 2005, pp. 37-42.
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Alguns dos acusados foram presos e condenados por genocídio, bem como
pelos crimes de contrabando e garimpo ilegal. Tais acusados tentaram
descaracterizar os fatos somente para o crime de homicídio, mas o fato foi
considerado como crime de genocídio, tendo inclusive o Supremo Tribunal
Federal confirmado tal decisão em de 9 de agosto de 2006.
2. CONCEITO
O termo foi utilizado pela primeira vez por R. Lemkin em Axis Rule in
Occupied Europe, Washington, 1944, na designação da destruição em
massa de um grupo étnico. Trata-se a designação da palavra grega génos
(família, tribo ou raça) e com a palavra do latim caedere (matar), chegando
a esta nova palavra.
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Resolução de nº 96, de 11 de dezembro de 1946, aprovada pelo Definição nº 260 (III) A do
Assembleia Geral de Nações Unidas em 9 dezembro 1948
5
Brasil, Lei nº 2.889, de 1 de outubro de 1956.
6
Brasil, Lei nº 2.889, de 1 de outubro de 1956.
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FERREIRA, Ruciana. SANTOS, Cleidmar Avelar, O estatuto de Roma e sua (des)
harmonização com o ordenamento constitucional brasileiro, publicado em abril de
2016, no site jus.com.br, disponível no linkin: < https://jus.com.br/artigos/47940/o-
estatuto-de-roma-e-sua-des-harmonizacao-com-o-ordenamento-constitucional-brasileiro>
acesso em 11 de dezembro de 2016.
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Paula Drumond Rangel Campos sobre o bem tutelado pelo genocídio assim
descreve que: “Uma vez em vigor a Convenção, o genocídio passou a ter
status de infração internacional.”.8
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de genocídio, podendo ser
praticado por um único individuo ou grupo de indivíduos, mas via de regra,
o delito é praticado pelos chefes políticos e militares do Estado.
Sobre o assunto, Japiassú em sua obra, ensina que pode ser autor do crime
qualquer pessoa, pois se trata de crime comum, não sendo admitida à
responsabilidade da pessoa jurídica.9
8
CAMPOS, Paula Drumond Rangel. O crime internacional de genocídio: uma análise da
efetividade da Convenção de 1948 no Direito Internacional?. Revista Eletrônica de Direito
Internacional , v. 1, p. 638-692, 2007.
9
JAPIASSÚ, Carlos Eduardo Adriano. O Tribunal Penal Internacional. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2004.
10
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal. Parte Geral. 15.ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1995.
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Por sua vez, a antropologia ainda não chegou a critérios definitivos acerca
do que sejam os grupos étnicos e raciais. O conceito de etnia é
normalmente obtido através de critérios culturais, estendendo-se a minorias
que mantenham um modo de ser distinto, inclusive reivindicando autonomia
política. Já o conceito de raça é obtido por critérios biológicos, embora não
haja, hoje, de acordo com a moderna antropologia, raças puras. Ainda há,
no entanto, muita confusão entre estes conceitos.
Crime de genocídio:
11
CANÊDO, Carlos. O genocídio como crime internacional. Belo Horizonte: Del Rey,
1998.
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Segundo Canêdo, não existe nenhum fator que impeça falar de genocídio
cuja forma de realização seja omissiva, uma vez que a quase totalidade dos
crimes de resultado admite a prática omissiva13. Segundo Fragoso, “em
princípio, todos os crimes comissivos podem ser praticados por omissão”14.
12
ONU. Estatuto de Roma. 1 de julho de 1998
13
CANÊDO, Carlos. O genocídio como crime internacional.
14
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal. Parte Geral.
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ONU. Estatuto de Roma.
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No presente caso, o Estatuto é aplicado nos países que lhe são signatários e
que o ratificaram, para exercer os seus poderes e funções conforme, afirma
o Art.4º do estatuto de Roma:
5. FORMAS DE GENOCÍDIO
O genocídio pode ser classificado como sendo físico (assassinato e atos que
causem a morte); o genocídio biológico (esterilização, separação de
membros do grupo) e o genocídio cultural (atentados contra o direito ao uso
da própria língua; destruição de monumentos e instituições de arte, história
ou ciência). O genocídio cultural não é protegido pela Lei 2889 no Brasil,
mas previsto nos Anteprojetos de Código Penal de 1994 e de 1999. O
genocídio é classificado pela forma em que é levado a efeito, pela maneira
em que é executado.
16
ONU. Estatuto de Roma.
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O genocídio físico pode ser dividido em três formas distintas, quais sejam:
homicídios; graves lesões físicas ou mentais; imposição de condições de
vida destrutiva.
17
RAMELLA. Pablo A. Crimes contra a humanidade. tradução: Fernando Pinto. Rio de
Janeiro: Forense, 1987.
18
OLIVEIRA, Charles Reginaldo Guimarães Oliveira. A Constituição Federal e o Tribunal
Penal Internacional: a compatibilidade do ordenamento jurídico brasileiro com o estatuto
de Roma. Publicado em 2016 no site jus.com.br, disponível em: <
https://jus.com.br/artigos/53922/a-constituicao-federal-e-o-tribunal-penal-internacional-a-
compatibilidade-do-ordenamento-juridico-brasileiro-com-o-estatuto-de-roma> Acessado em
1 de dezembro de 2016.
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Portanto, por tal ato o autor de tal conduta não permite que o material
biológico de um grupo ou comunidade se perpetue pela agressão praticada
contra o nascimento.
O presente conceito foi muito criticado pelos Estudos Unidos, Reino Unido e
França, os quais afirmaram que a convenção deveria se ater à destruição
física do homem e que o “direito à vida cultural” não é inerente a pessoa
humana, mas resultante do desenvolvimento social, e por isso, deveria ser
protegido por um documento internacional ligado a cultura.
19
SAVAZZONI, Simone de Alcantara. Crime de Genocídio. Publicado em 2009, no site
lfg.jusbrasil.com.br, disponível em: <https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1497576/crime-de-
genocidio-simone-de-alcantara-savazzoni> Acessado em 1 de dezembro de 2016.
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SAVAZZONI, Simone de Alcantara. Crime de Genocídio.
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No original: “Durante las últimas dos décadas la Unión Patriótica ha sido sometida a un
proceso de aniquilación sistemática: miles de sus miembros, líderes y simpatizantes han sido
asesinados, "desaparecidos" o forzados al éxodo; sus representantes al parlamento y a los
poderes locales fueron eliminados; sus sedes han sufrido los estragos de repetidos
atentados, y también se ha recurrido al silenciamiento de los testigos o de los familiares de
las víctimas que han exigido justicia. El retiro del estatuto legal para el funcionamiento del
grupo de oposición ha intentado completar la obra de exterminio. En pocas palabras, se ha
perpetrado lo que algunos expertos en derecho llaman un genocidio político o "politicidio", la
combinación de actos de criminalidad, persecución y hostigamiento tendientes a provocar la
eliminación total o parcial de un grupo opositor”
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Outro caso, agora como maior introspecção política e histórica, se deu com
o Tratado de Versalhes (1919), quando se começa a pensar numa jurisdição
internacional.
Assim, entre 1919 e 1994, em parte, por forte demanda da opinião pública
(chocada por trágicos eventos ocorridos), foram criadas comissões
internacionais Ad-hoc (para investigar casos particulares) e tribunais penais
internacionais Ad-hoc. Analizando de uma forma prévia o Estatuto de Roma,
percebe-se que este é um tratado que tem o fito de natureza
supraconstitucional, como bem aduz Mazzuoli :
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Os meios pelos quais foram criados variam. Cabe lembrar que, até
recentemente, apenas os conflitos internacionais foram objeto de
investigação. Conflitos domésticos brutais, excetuando o caso de Ruanda,
não suscitaram atenção para punir as atrocidades. Mas vários entraves
impediram um maior avanço das comissões e tribunais internacionais,
inclusive uma forte influência política exercida por alguns Estados nacionais
(dificuldades logísticas, legais e burocráticas).
23
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de direito internacional público. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2014; P. 1031.
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Ruanda.
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CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/tpi/esttpi.htm. Acesso em
16/08/2016.
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