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UNIVERSIDADE FEDERAL DA INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA

Dimensionamento da Rede de Drenagem Pluvial


www.unila.edu.br

Responsabilidade Social da Engenharia Civil: Construindo um Brasil Sustentável

Herlander MATA-LIMA, PhD

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Considerações Sobre Águas Pluviais Urbanas:
▪ O aumento de superfícies impermeáveis como consequência da
urbanização tem produzido globalmente efeitos hidrológicos
signficativos
▪ Esta mudança desequilibra o ciclo natural da água, intensifica o efeito da
Impermeabilização Urbana

ilha de precipitação urbana (rain-island effect), reduz a qualidade da


água e diminui a recarga de águas subterrâneas
▪ Impactos principais: aumento do escoamento superficial, aumento da
frequência e volume de cheia (intensifica o risco, a frequência e
extensão dos desastres hidrológicos urbanos e ameaça a segurança e
bem-estar da população urbana)
▪ A abordagem centrada em infraestruturas baseia-se na expansão da
rede de drenagem e no aumento do diâmetro de coletores para facilitar
a descarga rápida da precipitação acumulada.

Fonte: https://doi.org/10.1016/j.envsoft.2017.06.021

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Considerações Sobre Águas Pluviais Urbanas:
▪ A abordagem centrada em infraestruturas desencadeia:
(i) o aumento do volume de águas pluviais
(ii) o agravamento da dificuldade de prevenção da inundação urbana
Impermeabilização Urbana

(iii) Perda substantial de recursos hídricos urbanos


As 3 razões acima tornam urgente a necessidade de novas alternativas
para gestão do escoamento urbano, a saber:
▪ Aumento de superfícies permeáveis para reduzir o escoamento pluvial
▪ Aposta no low impact development (LID) adotando o princípio de cidade
esponja (sponge city) incorporando espaço verde na área urbana,
reduzindo o escoamento de pico, a erosão do solo e melhorando a
qualidade da água.
Tensão de arrastamento:  =  Rh j
Fonte: https://doi.org/10.1016/j.envsoft.2017.06.021

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Modelos de Simulação vs LID:
▪ De entre os modelos hidrológicos de simulação distribuída disponíveis o
SWMM (Stormwater Management Model) é o mais versátil e eficiente

▪ Existem outros concorrentes abaixo descritos:


(i) SCS – Soil Conservation Service
Hidrologia Urbana

(ii) SWAT – SoilWater Assessment Tool


(iii) MOUSE – Model for Urban Sewers
(iv) Hydro CAD

Após dimensionarem o Sistema de Drenagem Urbana usando planilhas de


cálculo, os alunos poderão usar softwares de simulação com sensibilidade
suficiente para interpretar o significado dos resultados.
Fonte: https://doi.org/10.1016/j.envsoft.2017.06.021

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Constituição Típica do Sistema de Drenagem Urbana:
Etapa 1

Coleta e transporte Poço de visita

Armazenamento (detenção/retenção) Controle da descarga

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Procedimento Sequencial de Dimensionamento:
Caracterização da bacia de drenagem:
(1) delimitação;
(2) caracterização da ocupação e uso do solo, incluindo redes de drenagem
preexistentes;
Etapa 1

Figura - Ocupação e uso da bacia Figura – Representação do traçado da rede

H. MATA-LIMA, PhD Fonte: https://doi.org/10.1016/j.envsoft.2017.06.021 6


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Procedimento Sequencial de Dimensionamento:
Caracterização da bacia de drenagem:
(3) análise morfométrica (particularmente útil quando não existem registros
udométricos e/ou hidrométricos);
(4) análise do plano de desenvolvimento regional e municipal;
(5) subdivisão em subbacias de contribuição para cada seção de coleta;
Etapa 1 (continuação)

(6) atribuição do coeficiente de escoamento (a cada área incremental/subbacia).

Figura – Modelo digital de terreno Figura – Estrada, rede de drenagem e


H. MATA-LIMA, PhD Fonte: https://doi.org/10.1016/j.envsoft.2017.06.021 sub-bacias 7
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Procedimento de Dimensionamento Sequencial:
Cálculo do tempo de concentração do escoamento:
Etapa 2

(1) tempo de entrada


(2) tempo de percurso (dentro do coletor/canal/vala).

Escolha do período de recorrência. Geralmente considera-se:


(1) 5 a 25 anos para obras de drenagem longitudinal (e.g.
coletores/canais/valas pluviais, bacias de detenção/piscinão), sendo 10 e 25
anos respectivamente as opções típicas em áreas urbanas comuns e
estratégicas (i.e. centro da cidade, áreas industriais e comerciais). Vale
Etapa 3

ressaltar que a adoção de períodos de recorrência de 2 a 5 anos exige que


as rodovias tenham capacidade para transportar vazões correspondentes a
períodos de recorrências maiores sem transbordar;
(2) 100 ou mais anos para obras de drenagem transversal (e.g. bueiros – para
garantir a continuidade do fluxo de cursos d’água permanente ou
intermitente).

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Procedimento de Dimensionamento Sequencial:
Definição das características da Intensidade-Duração-Frequência (IDF) da
Etapa 4

precipitação.
Geralmente adota-se a curva IDF do local de implantação do projeto para o
cálculo da intensidade de precipitação.

MSc: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/49152/000829742.pdf?sequence=1 (p. 7, 112)

Cálculo da vazão/caudal. Geralmente recorre-se ao método racional que é o


mais adequado para bacias urbanas (com A < 2 km2) quando se pretende
dimensionar estruturas de drenagem considerando regime permanente (tipo
Etapa 5

curva de remanso). Outras opções de métodos de cálculo da vazão que


permitem calcular o hidrograma do escoamento incluem: (1) método do Soil
Conservation Service; (2) método Racional Modificado; (3) método de I-Pai-Wu
Modificado, etc.
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Procedimento de Dimensionamento Sequencial:
Etapa 6

Cálculo da seção do coletor, vala ou canal. Geralmente recorre-se à


equação de Manning-Strickler.

Cumprimento escrupuloso dos critérios estabelecidos nas leis,


regulamentos e normas no que concerne à: (1) tempo de concentração
mínimo e máximo; (2) período de recorrência; (3) velocidades mínima e
máxima do escoamento; (4) altura máxima do escoamento
Etapa 7

relativamente ao diâmetro do coletor ou altura da vala/canal; (5)


diâmetros e declividades mínima e máxima do coletor; (6) disposição e
espaçamento dos órgãos e acessórios, tais como poço de visita, sarjeta
e sumidouro; (7) horizonte do projeto; (8) períodos de recorrência; e (9)
tipo de material.

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Procedimento de Dimensionamento Sequencial:

Análise do Risco e sensibilidade do sistema. Pode considerar-se, por


Etapa 8

exemplo, a avaliação do comportamento do sistema de drenagem face


aos eventos de precipitações intensas de curta duração e períodos de
recorrência mais elevados, entre outros aspectos.

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O Essencial de um Sistema de Coletor Pluvial:

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O Essencial de um Sistema de Coletor Pluvial:
Diâmetro mínimo de 300 mm

Na transição de um tubo
menor para maior o
alinhamento deverá ser feito
sempre pela coroa.

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O Essencial de um Sistema de Coletor Pluvial:

Fonte: EPA
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O Essencial de um Sistema de Coletor Pluvial:

Fonte desconhecida

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O Essencial de um Sistema de Coletor Pluvial:
CRITÉRIO DE VELOCIDADES

▪ Velocidade mínima = 0,6 m/s ou  =  Rh j = 1,5 a 2,0 N/m2


▪Velocidade máxima = 5,0 m/s

Vale ressaltar que, em certas situações, convém considerar U  1,50 m/s para
evitar perdas de carga elevadas que possam inviabilizar o uso do sifão invertido.

ALTURA DO ESCOAMENTO NO COLETOR


▪ D  600 mm ............................... h/D  0,5
▪ D > 600 mm ............................... h/D  0,7

Recomendação geral para o projeto.

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Exemplo de Aplicação: Tempo de concentração

(1)

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Exemplo de Aplicação: Tempo de concentração
(2)

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Exemplo de Aplicação: Tempo de concentração

Tempo de Entrada/Inicial Tempo de Viagem/Percurso

Mais tc: http://www.aguasparana.pr.gov.br/arquivos/File/pddrenagem/volume3/SUD0103_WR102_FI.pdf


(vide p. 22)
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Exemplo de Aplicação: Tempo de concentração

Sobre o Tempo de Entrada ou Tempo Inicial:


▪ Em zonas urbanas, geralmente, o tempo de entrada (te) varia
entre 5 e 20 min
▪ Em zonas urbanas muito impermeáveis e com a maior parte do
terreno diretamente conectado a rede de drenagem o te varia de
5 a 10 min
▪ Em zonas urbanas menos impermeáveis e com menos densidade
de obras de coleta do escoamento o te varia de 15 a 20 minutos.

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Exercício 1: Cálculo do tempo de concentração
Cálculo referente a seção 1

tc(1) =te(A) + LB/U1 , para te(A) > te(B)

tc(1) =te(B) + LB/U1 , para te(B) > te(A)

Cálculo referente a seção 2

tc(2) = max (tc(1) ; te(c) )


1
2

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Exercício 1: Cálculo do tempo de concentração
Cálculo referente a seção 1

Nesta etapa ainda não se conhece a vazão do


escoamento que é indispensável para calcular a
velocidade que condiciona o tempo de percurso,
razão pela qual é necessário arbitrar um valor inicial
de tv(ver fluxograma da página 11).
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Tomemos como hipótese que tv (inicial) = 138 s
Cálculo referente a seção 2

da subbacia C

3 tc = te (c ) + t percurso t c = t e (c )
Subbacia de cabeceira A

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Exercício 1: Cálculo do tempo de concentração
Cálculo referente a seção 3
O ponto 3 corresponde a bacial global.

( )
tc = max tc (1) ; tc (2 ) + tv (D )
Na ponto 3: tc é a soma de tv no coletor da
12 subbacia D e máximo de tc nas seções 1 (tc(1))
e 2 (tc(2)).

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Exercício 1: Cálculo do tempo de concentração
Cálculo iterativo da velocidade U1

Cálculo referente a seção 1


tc(1) =te(A) + LB/U1 , para te(A) > te(B)
Cálculo hidráulico com Q1 | Obtenção do D do
tc(1) =te(B) + LB/U1 , para te(B) > te(A) coletor

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Exercício 1: Cálculo do tempo de concentração
Cálculo referente a seção 2

tc(2) = max (tc(1) ; te(c) )

Cálculo hidráulico com Q2 | Obtenção do D do


coletor

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Coleta de águas pluviais numa via:

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Exercício 2: Exemplo 12-10 de Gribbin (2013:242)

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Exercício 2: Exemplo 12-10 de Gribbin (2013:242)

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Exercício 2: Exemplo 12-10 de Gribbin (2013:242)

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Exercício 2: Exemplo 12-10 de Gribbin (2013:242)

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Exercício 2: Exemplo 12-10 de Gribbin (2013:242)

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Exercício 2: Exemplo 12-10 de Gribbin (2013:242)

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OBRIGADO PELA ATENÇÃO!

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GRIBBIN, J.E. Introdução à Hidráulica, Hidrologia e Gestão de Águas Pluviais. 3ª edição.
São Paulo: Cengage Learning, 2013.
NUVOLARI, ARIOVALDO (org.). Esgoto Sanitário: coleta, transporte, tratamento e reúso
agrícola. 2ª edição, São Paulo: Blucher, 2011.

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