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14/08/2021 a 21/09/2021

SP-9: Preocupações de mãe


(Imunidade inata: Alterações Vasculares & Fenômenos Celulares)

Ana: João, não consigo dormir!


João: Você tá bem? O bebê está bem? O que tá acontecendo?
Ana: Estou aqui pensando: minha prima Fabiana contou que seu filhinho vivia tendo febre
quando pequeno. Teve várias doenças que davam febre... Parece que um espinho de rosa
espetado no dedo já era um drama... já ficava vermelho, com pus e tinha febre. Muito doentinho.
Será que nosso filhinho terá saúde?
Joao: Poxa, Ana! Não precisa se preocupar, estará tudo bem com o bebê.
Ana: Outra coisa, João... estou com ardência pra fazer xixi. Será alguma inflamação? Ou então,
será que eu posso ter alguma infecção estando grávida? Meu sistema imunológico funciona ou tá
desativado por causa da gravidez?
João: O quê? Do que você tá falando?
Ana: E se o bebê pegar alguma coisa quando nascer? Recém-nascido tem sistema imunológico?
João: Meu Deus! Do que você tá falando? Não tô entendendo nada! Ana, vai dormir! Amanhã
fazemos o exame de urina que a médica pediu e passamos um whatsapp pra ela.

Palavras chaves:

Sistema imunológico Infecção Febre Inflamação Doenças


Saúde Pus Exame Ardência

Problematização:

✓ Ana está preocupada com a imunidade do bebê


✓ Ana tem ardência para fazer xixi, possivelmente está doente
✓ João não deveria ser pai
✓ Ana acha que o sistema imunológico dela não está funcionando em função da gravidez

Hipóteses:

✓ Ana tem uma infecção urinária


✓ Ana tem sistema imunológico funcional e passa anticorpos para o feto
✓ Durante a gestação, algum imunossupressor impede que a mãe "elimine" o feto
✓ O sistema imunológico do bebê começa a se desenvolver durante a gestação e a
maturação ocorre a partir do parto
✓ Ana pode transmitir uma infecção ao bebê no momento do parto
✓ Dor, rubor, calor, secreção e edema são sinais da inflamação e significa que o sistema
imunológico está agindo
✓ O aleitamento materno exclusivo até os 6 meses é imprescindível para a saúde do bebê,
incluindo sistema imunológico
✓ Existe 4 tipos de imunidade que são ativa artificial e natural, passiva artificial e natural
✓ O neonato recebe imunidade passiva natural pelo aleitamento
✓ O espinho de rosa no dedo da criança gera um processo de diapedese, que está
relacionado com células do tipo macrófago e monócitos
✓ O sistema imunológico tem 5 principais tipos de células diferentes: eosinófilos, neutrófilos,
basófilos, monócitos e linfócitos
✓ Existe imunidade adaptativa e imunidade inata, essa SP trata-se de imunidade inata
✓ O processo inflamatório é uma reação normal do organismo em resposta a "invasores",
causando aumento do fluxo sanguíneo no local.
✓ A febre é um indicativo próprio do organismo para sinalizar o combate a patógenos.
✓ O sistema imunológico da mulher não altera durante a gravidez
✓ Nem toda inflamação é uma infecção

Questões de aprendizagem

1. O que é imunidade inata e adaptativa?


2. Quais são as células que fazem parte da imunidade inata?
3. Como é o processo de inflamação? O que é diapedese? Como se forma o pus?
4. Qual a diferença entre inflamação e infecção?
5. Porque a mulher não "elimina" o bebê, numa gravidez normal? (com relação ao sistema
imunológico)
6. Como o aleitamento materno contribui para a imunidade do bebê? Qual a importância
do colostro?

Articulação Teórico-prática
Como cheguei nas respostas das QAs

Para todos os organismos vivos, um dos maiores desafios de sobrevivência é lidar com micróbios
e outras causas de doenças. Patógenos são vírus, bactérias, fungos e outros micróbios que
causam doenças. No entanto, o corpo também deve se defender contra agentes não vitais, como
toxinas e radiação, que ativam algumas das mesmas defesas. A análise se concentra em
micróbios infecciosos. O corpo humano possui três linhas de defesa contra as causas das
doenças.

1. A primeira linha de defesa consiste em barreiras externas, principalmente a pele e as


mucosas, que são impenetráveis para a maioria dos patógenos que diariamente atacam o
corpo.
2. A segunda linha de defesa é composta por vários mecanismos de defesa inespecíficos
contra patógenos que penetram na pele ou na mucosa. Essas defesas incluem leucócitos
e macrófagos, proteínas antimicrobianas, vigilância imunológica, inflamação e febre.
3. A terceira linha de defesa é o sistema imunológico, que não apenas derrota um patógeno,
mas deixa uma "memória" dele no corpo, permitindo que seja derrotado tão rapidamente
em encontros futuros onde o patógeno não cause a doença.

Os dois primeiros mecanismos são de resistência inespecífica (IMUNIDADE INATA), pois


protegem igualmente contra uma ampla gama de patógenos e sua eficácia não depende de
exposições anteriores. Essas defesas estão presentes desde o nascimento.

A imunidade é chamada de defesa específica porque é o resultado da exposição anterior a um


patógeno e geralmente fornece proteção futura apenas e particularmente contra ele. A imunidade
e a capacidade do nosso organismo a resistir uma infecção ou doença.

Existem diferentes tipos de imunizações e diferentes formas de adquiri-las. Essas imunizações


podem ser INATAS ou ADQUIRIDAS.
As imunizações inatas são determinadas geneticamente; em quanto as adquiridas (adaptativas),
resultam da exposição anterior a um determinado antígeno, são mediadas por células chamadas
linfócitos; linfócito B ou humoral e linfócitos T ou celular, e existem dois tipos: ATIVAS e
PASSIVAS.

Imunização Ativa

✓ Na imunização ativa a pessoa é diretamente exposta ao antígeno (agente infeccioso), seja


vírus, bactérias ou toxinas. Pode ser:

Natural; decorrente de uma infecção

Artificial; decorrente do processo de vacinação.

✓ Atua para que o organismo do indivíduo gere defesas e tenha memória do agente ao qual
foi exposto, dessa forma se a pessoa for exposta novamente, o sistema imunológico natu-
ral do corpo combata o antígeno.
✓ Possui efeito eficaz, mas é lenta, precisando de até 3 ou 4 meses para começar a agir, po-
rém, com longa duração, podendo atuar como fator de resposta por até 10 anos, devido às
células imunizadoras possuírem memória e armazenarem informações sobre os agentes
infecciosos.

Imunização Passiva

✓ Na imunização passiva a pessoa recebe diretamente o anticorpo contra o organismo infec-


cioso, obtidas a partir de sangue (soro) de animais que foram expostos e geraram imunida-
de (heteróloga) , ou imunoglobulina humana combinada, anticorpos de pessoas que já fo-
ram imunizadas contra doenças específicas ou células produtoras de anticorpo (homólo-
ga). Pode ser:

Natural; consequência da passagem passiva de anticorpos da mãe para o feto, pela placenta, ou
para o recém-nascido no ato da amamentação.

Artificial; transferência de anticorpos de uma pessoa imune para outra não imune (aplicação de
imunoglobulina), ou aplicação de soros obtidos pela produção em animais.

✓ O efeito é rápido , precisando de horas ou poucos dias para começar a agir, é eficaz, mas
nesta categoria de imunização o tempo de duração da imunização é curto, pois os anticor-
pos não têm memória duradoura, e as células não guardam informações dos agentes in-
fecciosos.

Primeira linha de defesa inata: Barreiras externas

A primeira linha de defesa é composta pela pele e pelas mucosas, que dificultam a entrada
mecânica do corpo estranho nos tecidos do corpo. Quando a pele é rompida por um arranhão ou
mordida de um animal, ou destruída por uma queimadura, uma das preocupações mais urgentes
no tratamento é prevenir a infecção. Isso atesta a importância da pele intacta em seu papel de
barreira. Sua superfície é composta principalmente de queratina, uma proteína dura que poucos
patógenos conseguem penetrar. Além disso, com exceções como as áreas axilar e púbica, é
muito seco e pouco nutritivo para suportar o crescimento microbiano. Mesmo os micróbios que
aderem à epiderme são eliminados pela esfoliação dos queratinócitos mortos na superfície.
A pele também é coberta com vários produtos químicos antimicrobianos. O suor o cobre com um
manto ácido protetor (uma fina película de ácido láctico que inibe o crescimento bacteriano). O
suor também contém um peptídeo antibacteriano denominado dermicidina. Queratinócitos,
neutrófilos, macrófagos e outras células também produzem peptídeos chamados defensinas e
catelicidinas, que destroem bactérias, vírus e fungos. Os efeitos dessas defesas são
potencializados pela vitamina D (calcitriol), apontando para os benefícios de ter uma quantidade
moderada de exposição à luz solar para auto-resistência à infecção.

O trato digestivo, os tratos respiratório e urinário e o aparelho reprodutor estão abertos para o
exterior, o que os torna vulneráveis à invasão, mas estão protegidos por membranas mucosas. O
muco captura os germes. Os organismos presos no muco respiratório são deslocados pelos cílios
para a faringe, onde são engolidos e posteriormente destruídos pelo ácido estomacal. A saliva
limpa os germes do trato gastrointestinal superior e a urina limpa o trato urinário inferior. O muco,
as lágrimas e a saliva também contêm lisozima, uma enzima que mata as bactérias ao dissolver
as paredes celulares.

Abaixo do epitélio da pele e da mucosa há uma camada de tecido areolar. Sua substância
fundamental contém um glicosaminoglicano gigante denominado ácido hialurônico, que lhe
confere uma consistência viscosa. Freqüentemente, é difícil para os micróbios migrarem através
desse gel de tecido pegajoso. No entanto, alguns organismos superam esse obstáculo
produzindo uma enzima chamada hialuronidase, que a decompõe em uma consistência mais fina
e, portanto, mais fácil de penetrar. A hialuronidase ocorre em alguns venenos de cobra e toxinas
bacterianas e é produzida por certos parasitas protozoários para facilitar sua invasão dos tecidos
conjuntivos.

CELULAS DA IMUNIDADE

Se os micróbios ultrapassam a barreira física da pele e da mucosa, são atacados por fagócitos
(células fagocíticas) que têm um apetite voraz por materiais fora do corpo. Leucócitos e
macrófagos desempenham papéis particularmente importantes na defesa inespecífica e na
imunidade específica e, portanto, na segunda e terceira linhas de defesa.

Leucócitos e macrófagos

Os leucócitos (também chamados de glóbulos brancos), assim como as hemácias, são elementos
figurados do sangue. Essas células são formadas no adulto dentro dos ossos, na medula óssea
vermelha. Existem cerca de 5 mil a 10 mil leucócitos por milímetro cúbico de sangue em um
humano adulto. Podem ser divididos em dois grupos (mieloide e linfoide) porque na medula
existem células tronco do tipo mieloide e células tronco do tipo de lionfoide, que vão dar origem a
diferentes células.

Células originadas a partir da célula mieloide:

✓ No sangue: Monócito, neutrófilo, eosinófilo e basófilo.


✓ No tecido: Macrófago, células dendríticas e mastócito. O monócito pode migrar para o
tecido em um processo relacionado à fagocitose, (diapedese), sendo chamado de
macrófago. As células dendríticas estão relacionadas à fagocitose no tecido. Alguns
leucócitos possuem grânulos no interior e são chamados de granulócitos, a exemplo dos
neutrófilos e mastócitos e os que não possuem grânulos, são consideradas agranulócitos.
Células originadas a partir da célula linfoide:

✓ Progenitor T (amadurece no timo): Linfócitos T CD4+ ("helper" ou auxiliares) e Linfócitos T


CD8+ (supressores ou citotóxicos). Linfócito B (surge e amadurece na medula). Estão
relacionados à produção de anticorpos.
✓ Célula NK- Natural Killer / exterminadora natural (citotóxica)
✓ Célula dendrítica (fagocitose). Recebe esse nome pelo seu aspecto estrelado semelhante
ao neurônio. Perceba que essas célula (dendríticas) têm origem mieloide e linfoide.

Lembre que linfócito é um tipo de leucócito (nome genérico para todos os glóbulos brancos).

Os leucócitos têm como principal função proteger nosso organismo contra patógenos e
organismos estranhos. Eles atuam fagocitando as partículas invasoras ou produzindo substâncias
que vão agir destruindo ou inativando essas partículas. No citoplasma, todos os leucócitos
possuem lisossomas, chamados grânulos não específicos (azurófilos); eles são chamados assim
porque absorvem as tintas azul e violeta de manchas de sangue.

Podemos classificar os leucócitos de acordo com a presença de grânulos em granulócitos e


agranulares. Os grânulos são, na verdade, lisossomos, organelas especializadas na digestão
intracelular. Esses grânulos coram densamente quando submetidos à coloração hematológica
tradicional.

Dentre os granulócitos (são chamados de granulócitos porque têm vários tipos específicos de
grânulos que se coram visivelmente e distinguem cada tipo de célula dos outros), podemos citar
os neutrófilos (Os grânulos específicos de neutrófilos não ficam excessivamente manchados com
tinta e contêm enzimas e outros produtos químicos usados na defesa contra patógenos), que são
os tipos mais numerosos. Exibem forma esférica e um núcleo geralmente trilobado. Essas células
realizam fagocitose e possuem a capacidade de deixar os vasos sanguíneos e penetrar nos
tecidos, exercendo assim a sua função de proteção do organismo.

O processo pelo qual os leucócitos conseguem atravessar a parede do vaso sanguíneo e


penetrar nos tecidos é chamado de diapedese.
Os eosinofilos, (chamados assim porque eles coram com eosina, uma tinta ácida da mancha de
Wright) são células que também possuem grânulos e estão relacionadas com a fagocitose dos
complexos antigeno-anticorpo. Sua forma é esférica e o núcleo, bilobado. O número dessas
células é aumentado durante respostas a infecções parasitárias e reações alérgicas.

Os basófilos, (são nomeados assim porque seus grânulos específicos se coram com azul de
metileno, uma tinta básica em uma mistura comum como a mancha de Wright), e eosinófilos,
outro leucócito granulocito, atuam liberando histamina e heparina, substâncias que ajudam na
dilatação dos vasos sanguíneos e na anticoagulação, respectivamente. Apresentam forma
esférica e núcleo irregular.

Os dois tipos restantes de leucócitos (monócitos e


linfócitos) são chamados de agranulócitos porque
não possuem grânulos específicos, que são
imperceptíveis ao microscópio óptico, de modo
que essas células têm citoplasma de aparência
clara.

Os linfócitos são células muito abundantes no sangue, só perdendo para os neutrófilos. Muito
importantes no processo imunológico, essas células estão envolvidas com a produção de
anticorpos, sua forma é esférica e o núcleo é grande e também esférico.

Os linfócitos podem ser divididos em dois tipos: linfócitos T e linfócitos B.

✓ Os linfócitos T diferenciam-se dos linfócitos B em virtude do local onde ocorre a


diferenciação.
✓ Os linfócitos T diferenciam-se no timo, enquanto o linfócito B diferencia-se na medula
óssea.
✓ Os linfócitos T são divididos em duas classes:

Linfócito T citotóxico ou CD8, que atua matando células infectadas

Linfócito T auxiliar ou CD4, que atua coordenando a resposta imunitária e ativando células de
defesa, como os Linfócitos Be macrófagos.

✓ Os linfócitos B diferenciam-se em plasmócitos, que têm por função a produção de


anticorpos.

Os monócitos possuem um núcleo redondo ou reniforme e grande citoplasma. Eles tornam-se


macrófagos, células especializadas no processo de fagocitose de virus, fungos e bactérias. Além
disso, são responsáveis pela destruição de células mortas e danificadas no corpo.

Características Comparativas das Imunidades Inata e Adaptativa

Para a compreensão de como as imunidades inata e adaptativa se complementam para proteção


contra patógenos, é instrutivo ressaltar suas importantes diferenças:

• As respostas imunes inatas aos microrganismos são imediatas e não necessitam de uma
primeira exposição ao microrganismo. Em outras palavras, as células e moléculas efetoras
imunes inatas estão completamente funcionais mesmo antes da infecção ou são
rapidamente ativadas pelos microrganismos para prevenir, controlar ou eliminar infecções.
Em contrapartida, as respostas imunes adaptativas efetivas a um microrganismo
recentemente introduzido se desenvolvem ao longo de vários dias como clones de
linfócitos, se expandem e se diferenciam em células efetoras funcionais.
• Não há alteração considerável na qualidade ou magnitude da resposta imune inata ao
microrganismo após exposição repetida, ou seja, existe pouca ou nenhuma memória. Em
contrapartida, a exposição repetida a um microrganismo aumenta a rapidez, magnitude e
efetividade das respostas imunes adaptativas.
• A resposta imune inata é ativada pelo reconhecimento de um quadro relativamente limitado
de estruturas moleculares que são produtos dos microrganismos ou são expressas por
células do hospedeiro que estão mortas ou lesionadas. É estimado que o sistema imune
inato reconheça somente cerca de 1.000 produtos de microrganismos ou células
danificadas. Em contrapartida, o sistema imune adaptativo potencialmente pode
reconhecer milhões de diferentes estruturas moleculares de microrganismos e, também,
antígenos ambientais não microbianos, assim com os próprios antígenos que normalmente
estão presentes em tecidos saudáveis. Os vários tipos de receptores que são responsáveis
pelas diferentes especificidades dos sistemas imunes inato e adaptativo serão descritos
mais adiante neste capítulo e em capítulos subsequentes.

O aumento ou diminuição de glóbulos brancos no sangue pode causar algumas doenças.


Chamamos de leucocitose o aumento significativo de leucócitos no sangue. Já a
leucopenia acontece quando ocorre uma diminuição nas taxas de leucócitos, sendo
normalmente associada a doenças virais. Uma doença relacionada com os leucócitos é a
leucemia, um tipo de câncer em que há a produção descontrolada de leucócitos que não
se diferenciam e não são funcionais. O tipo de leucemia está relacionado com o tipo de
leucócito afetado.
RESPOSTA IMUNE INATA

Inflamação aguda: a inflamação aguda é uma resposta rápida que leva leucócitos e proteínas
plasmáticas para os locais da lesão. Uma vez lá, os leucócitos removem os invasores e iniciam o
processo de digerir e se livrar dos tecidos necróticos. A inflamação aguda possui dois
componentes principais:

Alterações vasculares: alterações do calibre vascular que resultam em aumento do fluxo


sanguíneo (vasodilatação) e alterações nas paredes vasculares que permitem que as proteínas
plasmáticas deixem a circulação (aumento da permeabilidade vascular). Além disso, as células
endoteliais são ativadas, resultando no aumento de adesão dos leucócitos e sua migração
através das paredes dos vasos. Essas alterações abrangem mudanças no fluxo sanguíneo para o
tecido atribuídas à dilatação arteriolar, adesividade aumentada dos leucócitos circulantes para o
revestimento endotelial das vênulas e permeabilidade aumentada dos capilares e vênulas às
proteínas plasmáticas e fluidos.

Eventos celulares: emigração dos leucócitos da microcirculação e seu acúmulo no foco da lesão
(recrutamento e ativação celular), tornando-os aptos para eliminar o agente agressor. Os
principais leucócitos na inflamação aguda são os neutrófilos (leucócitos polimorfonucleares).
Todas essas alterações são induzidas por citocinas e pequenas moléculas mediadoras
inicialmente derivadas das células residentes nestes tecidos, tais como os mastócitos,
macrófagos e células endoteliais, em resposta à estimulação por PAMP e DAMP.

Objetivos da Inflamação:

✓ Eliminação do agente lesivo/agressor


✓ Preparação para a resposta de reparo

PRINCIPAIS AGENTES CAUSADORES DA INFLAMAÇÃO AGUDA:

• Necrose tecidual
• Agentes infecciosos → Vírus, bactérias, fungos, parasitas;
• Traumas mecânicos → perfuração, pressão e choque mecânicos;
• Variada gama de agentes físicos e químicos → injúria térmica, queimadura, irradiação,
agentes químicos variados;
• Corpos estranhos
• Reações imunológicas descontroladas ou de autoimunidade.

Características gerais da Inflamação:

A inflamação é uma resposta protetora do hospedeiro a invasores estranhos e tecidos necroticos,


porém ela mesma pode causar lesão tecidual. Os principais componentes da inflamação são a
reação vascular e a resposta celular, ambas são ativadas por mediadores derivados das
proteínas plasmáticas e de várias células.

As etapas da resposta inflamatória podem ser lembradas como os cinco erres: (1)
reconhecimento do agente lesivo, (2) recrutamento dos leucócitos, (3) remoção do agente, (4)
regulação (controle) da resposta e (5) resolução (reparo).

O resultado da inflamação aguda é a eliminação do estimulo nocivo, seguida do declínio da


reação e o reparo do tecido lesado ou lesão persistente que resulta em inflamação crônica.
Os cinco sinais clássicos do processo
inflamatório, também chamados de Sinais
Cardinais são os seguintes:

1. Edema é causado principalmente pela fase


exsudativa e produtiva-reparativa, por causa do
aumento de líquido e de células. Caracteriza-se
pela exsudação de liquido e proteinas
plasmáticas, e acúmulo de leucócitos,
predominantemente neutrófilos.
2. Calor vem da fase vascular, onde há hiperemia
arterial e aumento da temperatura local.
3. Rubor é a vermelhidão, que também decorre da hiperemia.
4. Dor é originada por mecanismos mais complexos que incluem compressão das fibras
nervosas locais devido ao edema, agressão direta às fibras nervosas e ação farmacológica
sobre as terminações nervosas.
5. Perda de função é decorrente do edema e da dor, que dificultam as atividades locais.

PADRÕES MORFOLÓGICOS DA INFLAMAÇÃO AGUDA

As reações vasculares e celulares que caracterizam a inflamação aguda são refletidas na


aparência morfológica da reação. A gravidade da resposta inflamatória, sua causa específica e o
tecido envolvido podem modificar a morfologia básica da inflamação aguda, produzindo
aparências distintas. A importância de reconhecer esses padrões morfológicos é que eles estão
sempre associados com diferentes estímulos iniciadores e situações clinicas.

MORFOLOGIA

A inflamação serosa é caracterizada pelo extravasamento de um fluido aquoso, relativamente


pobre em proteína que dependendo do local da lesão, se origina do soro sanguíneo ou das
secreções de células mesoteliais que revestem as cavidades peritoneal, pleural e pericárdica. A
bolha cutânea resultante de uma queimadura ou infecção viral é um bom exemplo do acúmulo de
liquido seroso, dentro ou imediata mente embaixo da epiderme cutânea. O liquido em uma
cavidade serosa é chamado de efusão

A inflamação fibrinosa ocorre como consequência de lesões mais graves, resultando em maior
permeabilidade vascular que permite a moléculas grandes (como o fibrinogênio) atravessarem a
barreira endotelial. Histologicamente, a fibrina extravascular acumulada aparece como uma rede
eosinofilica de filamentos ou, às vezes, como um coágulo amorfo (Fig. 2 12). Um exsudato
fibrinoso é característico de inflamação no revestimento de cavidades corporais como meninges,
pericárdio e pleura. Esses exsudatos podem ser degradados por fibrinólise, e os restos
acumulados podem ser removidos pelos macrófagos, restaurando a estrutura normal do tecido
(resolução). Se, no entanto, a fibrina não for completamente removida, isso resultará no
crescimento de fibroblastos e vasos sanguíneos (organização) que leva finalmente á cicatrização,
podendo haver consequências clinicas significativas. Por exemplo, a organização de um exsudato
fibrinoso pericardico forma um denso tecido cicatricial fibroso que transpõe ou oblitera o espaço
pericardico e restringe a função do miocárdio.
A inflamação supurativa (purulenta) e a formação de abscesso são caracterizadas pela presença
de grande quantidade de exsudato purulento (ou pus) consistindo em neutrófilos, células
necróticas e liquido de edema. Certos microrganismos (p. ex., estafilococos) induzem essa
supuração localizada e, por isso, são chamados de piogénicos (formadores de pus). Os
abscessos são coleções localizadas de pus que podem ser causadas por organismos piogénicos
contidos dentro de um tecido ou par infecções secundárias de focos necróticos. Os abscessos
possuem uma região central de células necróticas, tendo em volta uma camada de neutrófilos
preservados e circundada por vasos dilatados e fibroblastos em proliferação, indicando o inicio do
reparo. Com o tempo, o abscesso pode tornar-se completamente encerrado e ser substituído por
tecido conjuntivo Devido à destruição do tecido subjacente, geralmente o resultado do abscesso é
a formação de cicatriz.

Uma úlcera é um defeito local ou escavação da superfície de um órgão ou teodo que é produzida
por necrose das células e desprendimento (esfacelamento) do tecido inflamatório necrótico. A
ulceração pode ocorrer apenas quando existe tecido necrótico e inflamação na superfície ou
próximo a ela. É encontrada mais comumente (1) na necrose inflamatória da mucosa da boca,
estômago, intestinos ou trato geniturináno e (2) no tecido necrótico e inflamação subcutânea dos
membros inferiores em pessoas dosas com distúrbios circulatórios que predispõem a necrose
extensa. As ulcerações são mais bem exemplificadas pela úlcera péptica do estômago ou
duodeno, onde coexistem inflamações aguda e crônica. Durante o estágio agudo, há infiltração
polimorfonuclear intensa e dilatação vascular nas s margens do defeito. Com a cronicidade, as
margens e a base da úlcera desenvolvem cicatrização, com acumulo de linfócitos, macrófagos e
plasmocitos.

✓ Os leucócitos e as proteínas plasmáticas normalmente circulam no sangue e são


recrutados para os locais de infecção e lesão, onde eles realizam várias funções efetoras
que servem para matar os microrganismos e iniciar o reparo do tecido danificado.
✓ Tipicamente, o leucócito mais abundante que é recrutado do sangue para os locais de
inflamação aguda é o neutrófilo, mas os monócitos sanguíneos, que se tornam macrófagos
no tecido, são cada vez mais importantes ao longo do tempo e podem se tornar a
população dominante em algumas reações.
✓ Entre as proteínas plasmáticas importantes e que entram nos locais inflamatórios, incluem-
se as proteínas do complemento, anticorpos e reagentes de fase aguda.
✓ A distribuição destes componentes derivados do sangue para os locais inflamatórios é
dependente de alterações reversíveis nos vasos sanguíneos dos tecidos infectados ou
danificados.

Não confundir inflamação e infecção!!

Inflamação

É UMA RESPOSTA DO ORGANISMO A UMA AGRESSÃO. COMO CORTES E BATIDAS MAS


PODE PARTIR TAMBÉM DO SISTEMA IMUNOLOGICO. OS SINAIS SÃO DOR, CALOR,
EDEMA. RUBOR E PERDA DA FUNÇÃO

Infecção

SÃO CAUSADAS POR AGENTES EXTERNOS. O ORCANISMO REAGE A ENTRADA DE


MICRO-ORGANISMOS COMO VIRUS E BACTÉRIAS, PARASITAS OU FUNCOS ALGUNS
SINTOMAS SÃO FEBRE, DOR NO LOCAL INFECTADO, PUS, DORES MUSCULARES
DIARREIAS, FADIGA E TOSSE

À medida que o processo inflamatório se desenvolve, os mediadores podem ser derivados de


leucócitos ativados que chegaram recentemente e de proteínas do complemento.

A inflamação aguda pode se desenvolver em minutos a horas e durar por dias.

A inflamação crônica é um processo que demora mais do que a inflamação aguda se a infecção
não for eliminada ou se a lesão tecidual for prolongada.

Normalmente, ela envolve o recrutamento e ativação de monócitos e linfócitos.

Os locais de inflamação crônica frequentemente também passam por remodelamento tecidual,


com angiogênese e fibrose. Embora o estímulo imune inato possa contribuir para a inflamação
crônica, o sistema imune adaptativo também pode estar envolvido porque as citocinas produzidas
pelas células T são potentes indutores da inflamação.

Principais Citocinas Pró-Inflamatórias TNF, IL-1 e IL-6

Uma das primeiras respostas do sistema imune inato a uma infecção e dano tecidual é a
secreção de citocinas pelas células teciduais, que é uma resposta crítica para a resposta
inflamatória aguda.
• Elas são produzidas principalmente por macrófagos teciduais e células dendríticas, embora
outros tipos celulares, incluindo células endoteliais e algumas células epiteliais, também
possam produzi-las.
• A maioria destas citocinas age em células próximas às suas células de origem (ação
parácrina). Em algumas infecções graves, uma quantidade suficiente de citocinas pode ser
produzida de tal forma que elas entram na circulação e agem em locais distantes (ação
endócrina).
• Diferentes citocinas têm ações similares e sobrepostas ou são funcionalmente únicas. Uma
citocina pode estimular a produção de outras, estabelecendo, assim, cascatas que
amplificam a reação ou induzem novas reações.
• As citocinas da imunidade inata desempenham vários papéis, seja induzindo inflamação,
inibindo replicação viral ou promovendo respostas de célula T e limitando as respostas
imunes inatas. Essas funções serão descritas a seguir e em capítulos posteriores. Três das
citocinas pró-inflamatórias mais importantes do sistema imune inato são TNF, IL-1 (que
mencionamos várias vezes) e IL-6.

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