Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
GEOLOGIA
Prof. Dr. Fabio Olivieri de Nobile
i
Conteúdo
CAPITULO 1. O SISTEMA TERRA ....................................................................... 1
1.1. O MÉTODO CIENTÍFICO .........................................................................2
1.2. AS TEORIAS E AS PRÁTICAS MODERNAS DE GEOLOGIA .....................3
1.3.A hipótese da nebulosa .................................................................................7
1.4.A TERRA PRIMITIVA: FORMAÇÃO DE UM PLANETA EM CAMADAS .......9
1.4.1. Aquecimento e fusão da Terra primordial ........................................... 9
1.4.2. Começa a diferenciação ................................................................... 11
1.4.3. A formação dos continentes, dos oceanos e da atmosfera da Terra 13
1.5.O BOMBARDEAMENTO VINDO DO ESPAÇO...........................................15
1.6.A TERRA COMO UM SISTEMA DE COMPONENTES INTERATIVOS ......17
1.6.1. O sistema do clima ........................................................................... 18
1.6.2. O sistema das placas tectônicas ...................................................... 19
1.6.3. A evolução da vida ........................................................................... 21
CAPÍTULO 2. MINERAIS. CONSTITUINTES BÁSICOS DAS ROCHAS............ 26
2.1.A ESTRUTURA ATOMICA DA MATÉRIA ...................................................27
2.1.1. A estrutura de um átomo .................................................................. 28
2.1.2. Número atômico e massa atômica ................................................... 29
2.1.3. Reações químicas ............................................................................ 31
2.1.4. Ligações químicas ............................................................................ 32
2.1.5. Ligações iônicas ............................................................................... 33
2.1.6. Ligações covalentes ......................................................................... 33
2.2.A ESTRUTURA ATÓMICA DOS MINERAIS ...............................................34
2.2.1. Como se formam os minerais? ......................................................... 34
2.3.MINERAIS FORMADORES DE ROCHA .....................................................41
2.3.1. SILICATOS ....................................................................................... 42
2.3.2. CARBONATOS................................................................................. 44
2.3.3. ÓXIDOS ............................................................................................ 44
2.3.4. SULFETOS ....................................................................................... 45
2.3.5. SULFATOS ....................................................................................... 45
2.4.PROPRIEDADES FÍSICAS DOS MINERAIS ..............................................46
2.4.1. Dureza .............................................................................................. 47
2.4.2. Clivagem ........................................................................................... 49
2.4.3. Fratura .............................................................................................. 53
2.4.4. Brilho ................................................................................................ 53
2.4.5. Cor .................................................................................................... 54
2.4.6. Gravidade específica e densidade.................................................... 56
2.4.7. Hábito cristalino ................................................................................ 56
CAPÍTULO 3. INTEMPERISMO .......................................................................... 58
3.1. Considerações Gerais ................................................................................58
3.1.1. Trabalho de Goldich (1938) ................................................................. 59
3.1.2. Trabalho de Chesworth (1973) ............................................................ 65
3.2. Mecanismos e Processos de Intemperismo ...............................................67
3.2.1. Intemperismo Físico ............................................................................ 67
3.2.2. Intemperismo Químico ........................................................................ 70
3.3. Intemperismo Químico de Minerais e Rochas ............................................78
CAPÍTULO 4 - ROCHAS MAGMÁTICAS ............................................................ 79
4.1. Introdução ...................................................................................................79
ii
Figura 1. Os fenômenos geológicos podem estender-se durante milhares de séculos ou ocorrer com velocidades
estupendas. (Esquerda) O Grand Canyon, no Arizona (EUA). (Direita) Cratera do Meteorito, Arizona (EUA).
6
Figura 3. O sistema solar. A figura mostra o tamanho relativo dos planetas e o cinturão de asteróides que separa os
planetas interiores dos planetas exteriores.
Figura 4. Ilustração de uma simulação computadorizada da origem da Lua por meio do impacto de um corpo do
tamanho de Marte. (Solid Earth Sciences and Society, National Research Council, 1993.)
da Terra para sua atual inclinação de 23º. Tudo isso há cerca de 4,5 bilhões de
anos, entre o período de inicio de acrescimento da Terra (4,56 bilhões de anos) e
a idade das rochas mais antigas da Lua (4,47 bilhões de anos) trazidas pelos
astronautas da Apollo.
Além do impacto colossal, uma outra força de calor teria causado a fusão
nos primórdios da história da Terra. Vários elementos (uranio, por exemplo) são
radioativos, o que significa que se desintegram espontaneamente com a emissão
de partículas subatômicas. Como essas partículas são absorvidas pela matéria do
entorno, sua energia de movimento é transformada em calor. O calor radioativo
teria contribuído para aquecer e fundir materiais da então jovem Terra. Elementos
radioativos, embora apenas presentes em pequenas quantidades, tiveram um
efeito considerável na evolução da Terra e continuam a manter o calor interior.
Figura
Figura 5.
5. A diferenciação da Terra primitiva resultou num planeta zoneado com um denso núcleo de ferro, uma
crosta de rochas leves e um manto residual entre ambos.
matéria mais leve emergiu. O manto abrange profundidades que vão desde 40 até
2.900 km. Ele consiste em rochas com densidade intermediária, em sua maioria
compostos de oxigênio com magnésio, ferro e silício.
Existem mais de cem elementos, mas as análises químicas das rochas
indicam que apenas oito constituem 99% da massa da Terra (Figura 6). De fato,
cerca de 90% da Terra consistem em apenas quatro elementos: ferro, oxigênio,
silício e magnésio. Quando comparamos a abundância relativa dos elementos
constituintes da crosta com sua abundância em relação a toda a Terra, podemos
constatar que o ferro soma 35% da massa desta. Devido à diferenciação,
entretanto, há pouco ferro na crosta, onde os elementos leves predominam. Como
se pode ver na Figura 1.7, as rochas crustais sobre as quais estamos são
constituídas por quase 50% de oxigênio.
Figura 6. A abundância relativa dos elementos da Terra inteira comparada com a dos elementos da crosta é dada em
percentuais de peso. A diferenciação criou uma crosta leve, empobrecida de ferro e rica em oxigênio, silício,
alumínio, cálcio, potássio e sódio.
oxigênio, elemento que constitui 21% da atmosfera atual. O oxigênio não fazia
parte da atmosfera até que organismos fotos sintéticos evoluíssem.
Figura 7. A atividade vulcânica primitiva contribuiu com o lançamento, para a atmosfera e os oceanos, de grandes
quantidades de vapor d'água, dióxido de carbono e outros gases e, para os continentes, de materiais sólidos. A
fotossíntese dos microrganismos remove o dióxido de carbono e adicionou oxigênio à atmosfera primordial. O
hidrogênio, devido à sua leveza, escapou para o espaço exterior.
5 6
Figura 8. Principais componentes e subsistemas do sistema Terra. As interações entre os componentes são
governadas pela energia do Sol e do interior do planeta e organizadas em três geossistemas globais: o sistema do
clima, o sistema das placas tectônicas e o sistema geodínamo
de quatro ou cinco dias. Entretanto, podemos inferir como ele será, em termos
gerais, num futuro bem mais distante, pois o tempo predominante é governado
principalmente pelas variações do influxo de energia solar nos ciclos sazonais e
diários: verões são quentes e invernos, frios; dias são quentes e noite, mais
frescas. O clima é a descrição desses ciclos de tempo em termos das médias de
temperatura e outras variáveis obtidas durante muitos anos de observação. Além
dos valores médios, uma descrição completa do clima também inclui medidas de
quanto tem sido a variação do tempo meteorológico, tais como as temperaturas
mais altas ou mais baixas já registradas num certo dia.
O sistema do clima inclui todas as propriedades e interações dos
componentes dentro do sistema Terra necessárias para determinar o clima numa
escala global e descobrir como ele muda com o tempo. O problema é
incrivelmente complicado porque o clima não é apenas o comportamento da
atmosfera sozinha. Ele é sensível a muitos outros processos envolvendo a
hidrosfera, a biosfera e a Terra sólida (ver Figura panorâmica 8). Para entender
essas interações, os cientistas elaboram modelos numéricos - sistemas climáticos
virtuais - em supercomputadores e comparam os resultados de suas simulações
com os dados observados. (Em março de 2002, o Japão anunciou o maior e mais
rápido computador do mundo, o Simulador da Terra - Earth Simulator -, dedicado
à modelagem do clima terrestre e outros geossistemas).
Figura 9. A água fervendo é um exemplo familiar da convecção. (b) Uma visão simplificada das correntes de
convecção no interior da Terra.
Esse fenômeno é conhecido como efeito estufa, pois guarda analogia com o
aquecimento de uma estufa, onde o vidro deixa a luz passar, enquanto pouco
calor consegue sair.
De algum modo, a vida iniciou no efeito estufa da Terra, apesar da intensa
radiação UV e da atmosfera hostil, pobre em oxigênio. Evidências diretas, embora
atualmente questionadas, residem na preservação dos primeiros fósseis (traços
de organismos da época geológicas passadas preservados na crosta). Fosseis de
bactérias primitivas foram encontrados em rochas datadas de 3,5 bilhões de anos.
Uma linha de evidências mais efetiva, embora indireta, é fornecida pela
composição da matéria orgânica preservada nas rochas dessa idade. Esses
remanescentes químicos dos organismos antigos estão rapidamente
ultrapassando a evidência fóssil como sendo a principal base para o
entendimento da evolução primitiva da vida na Terra.
Há uma forte probabilidade, entretanto, de que a vida tenha originado-se
em época anterior, talvez há 4 bilhões de anos ou mesmo antes. O primeiro
degrau até a evolução da bactéria primitiva é pensado como sendo a reunião de
grandes moléculas de gases, como o metano e a amônia. A energia para essas
transformações foi suprida pela forte radiação UV. Esse degrau tem sido
explorado em muitos experimentos químicos que mostram como esses diversos
tijolos fundamentais da vida poderiam ter se formado. De alguma maneira, essas
moléculas orgânicas agregaram-se e formaram sistemas capazes de crescer e
metabolizar. Esses sistemas não eram propriamente a vida, pois não se
reproduziam, de sorte que são chamados de protovida. Alguns cientistas
argumentam que a protovida foi concentrada em nascentes quentes alimentadas
por vulcões no assoalho do oceano.
O próximo degrau critico foi o desenvolvimento da primeira molécula
verdadeiramente auto-replicável: o ácido ribonucleico (RNA). Essa molécula com
uma única cadeia de nucleotídeos - assim como seu primo com duas cadeias, o
ácido desoxirribonucleico (DNA) - é envolvida intimamente no processo de auto-
replicação. O “mundo do RNA" foi transitório e logo evoluiu para o "mundo do
DNA", mais complexo, o qual caracterizou a biosfera pelo resto da história
geológica.
Nem todos os cientistas aprovam essas hipóteses. Poucos deles acreditam
que o impacto de cometas trouxe para a Terra não apenas os gases da atmosfera
23
e os oceanos, mas também a própria vida. De acordo com essa visão, a vida na
Terra iniciou quando cometas caíram - bolas de gelo e gases congelados – e
"colonizaram" o planeta. Um cientista propôs que o constante bombardeamento
da Terra nesses tempos iniciais pode muito bem ter destruído a vida logo depois
que ela fora sintetizada. Se isso de fato ocorreu, a vida teria reiniciado diversas
vezes.
Esses estágios primitivos da origem da vida, provavelmente, não afetaram
de modo importante a atmosfera, a qual permaneceu composta dominantemente
por nitrogênio e dióxido de carbono.
O oxigênio torna-se o principal gás da atmosfera. Os organismos
primitivos devem ter fornecido quantidades relativamente pequenas de matéria
orgânica produzida por processos químicos inorgânicos ou reciclada de outros
organismos. A principal mudança ocorreu quando a vida evoluiu para fazer seu
próprio alimento por meio da fotossíntese. Esse é o processo pelo qual as plantas
e outros organismos verdes utilizam a clorofila (que os colore de verde) e a
energia da luz solar para produzir carboidratos a partir do dióxido de carbono e da
água.
A evolução da fotossíntese no início da história geológica da Terra teve
imensas consequências. Um produto derivado da fotossíntese é o oxigênio (O2).
À medida que a matéria orgânica da vida fotossintética era soterrada, o carbono
era removido da atmosfera e o oxigênio, acumulado. A partir das evidências
fósseis, parece que processos semelhantes ocorreram há 2,5 bilhões de anos. Os
geólogos encontraram rochas de ferro bandeado muito antigas, com idade de 2,5
bilhões de anos, que foram oxidadas ("enferrujadas") durante sua formação,
indicando que havia mais oxigênio na atmosfera naquele tempo. O aumento para
os atuais níveis de oxigênio atmosférico é agora pensado como o resultado de
uma série de etapas crescentes ocorridas num período de tempo de pelo menos 2
bilhões de anos .
Quando as moléculas de oxigênio atmosférico difundiram-se para a
estratosfera (atmosfera superior), foram transformadas pela radiação solar em
ozônio (O3) criando uma camada estratosférica de ozônio. A camada de ozônio
absorve certas porções de radiação UV antes que atinjam a superfície, onde
poderiam prejudicar e causar mutações nas células de animais e plantas. Sem
esse escudo protetor, a vida não teria florescido na Terra.
24
Figura 10. Os fósseis que registram a explosão do Cambriano incluem fósseis calcificados do Pré-Cambriano
(esquerda), que foram os primeiros organismos a utilizar caleita na produção da concha. Eles foram extintos no limite
Pré-Cambriano-Cambriano, junto com outros organismos, e abriram caminho para outro estranho grupo de novos
organismos, incluindo o Hallucigenia (centro) e os mais familiares trilobitas (direita). Esses dois últimos formaram
carapaças frágeis de material orgânico similar às unhas
Figura 11. O mineral calcita é encontrado nas conchas de muitos organismos, como os foraminíferos.
O núcleo: prótons e
nêutrons No centro de cada átomo
há um núcleo denso, no qual está
contida virtualmente toda a massa
do átomo, e que é composto de dois
tipos de partículas: prótons e
nêutrons (Figura 12). O próton tem
uma carga elétrica positiva +1. O
nêutron é eletricamente neutro - isto
é, sem carga. Os átomos de um
mesmo elemento químico podem ter
diferentes números de nêutrons,
mas o número de prótons não varia.
Por exemplo, todos os átomos de
carbono têm seis prótons.
Figura 12. Estrutura eletrônica do átomo de carbono (carbono-12). Os elétrons, cada um com carga -1, são
representados como uma nuvem carregada negativamente, que circunda o núcleo; este contém seis prótons, cada
qual com carga +1, e seis nêutrons, cada qual com carga +1, e seis nêutrons, cada qual com carga zero. No desenho, o
tamanho do núcleo está representado numa escala muito exagerada em relação ao da nuvem eletrônica, sendo, na
realidade, muito menor.
Figura 13. A tabela periódica organiza os elementos em ordem crescente de número atômico (nas linhas, da esquerda
para a direita), Os elementos de particular importância geológica estão realçados.
maior abundância do carbono 12, por exemplo, é favorecida por algumas reações,
tais como a fotossíntese, nas quais os compostos de carbono orgânico são
produzidos a partir de compostos de carbono inorgânico.
Figura 14. O sal de cozinha, NaCI, é formado pela reação entre átomos de cloro e de sódio
Figura 15. O compartilhamento de elétrons no diamante. O mineral diamante é composto por um único elemento, o
carbono. Cada átomo de carbono compartilha seus quatro elétrons com quatro átomos de carbono adjacentes.
de carbono (nesse caso, não se trata de íon) é circundado por quatro outros
átomos, dispostos segundo um tetraedro regular, ou seja, uma forma piramidal de
quatro faces triangulares (ver Figura 15). Nessa configuração, cada átomo de
carbono compartilha um elétron com cada um de seus átomos vizinhos, o que
resulta em uma configuração muito estável. A Figura 5 mostra um retículo
formado por tetraedros de carbono ligados entre si.
Os átomos de elementos metálicos, que têm forte tendência de perder
elétrons, são empacotados como se fossem cátions e os elétrons, que
permanecem livres para mover-se, são compartilhados e ficam dispersos entre os
íons. Esse compartilhamento de elétrons livres resulta em um tipo de ligação
covalente chamada de ligação metálica, que ocorre em poucos minerais, entre
eles, o cobre metálico e alguns sulfetos.
As ligações químicas de alguns minerais têm caráter intermediário entre
ligações puramente iônicas e puramente covalentes, pois alguns elétrons são
trocados, enquanto outros são compartilhados.
Figura 16. Estrutura do cloreto de sódio. (a) As linhas tracejadas entre os íons mostram a geometria cúbica desse
mineral; elas não estão representando ligações. Note que cada íon sódio é circundado por seis íons cloreto. (Os íons
não foram desenhados em escala). (b) Os tamanhos relativos entre os íons sódio e cloreto permitem que eles se
empacote conjuntamente, em uma estrutura cúbica. A ilustração mantém a proporcionalidade entre os tamanhos
dos íons.
36
relação a cada Íon SiO44-. A proporção entre ferro e magnésio é determinada pela
abundância relativa dos dois elementos no material fundido a partir do qual a
olivina cristalizou-se. Em muitos minerais silicáticos, o alumínio (Al) substitui o
silício (Si). Os íons alumínio e silício são tão similares em tamanho que o primeiro
pode tomar o lugar do segundo em muitas estruturas cristalinas. A diferença de
carga entre o alumínio (3+) e o silício (4+) é então compensada pelo aumento do
número de outros cátions, como o sódio (1 +).
A cristalização começa com a formação de cristais microscópicos
individuais, que são arranjos tridimensionais ordenados de átomos, nos quais o
arranjo básico repete-se em todas as direções. Os limites dos cristais são
superfícies planas chamadas de faces cristalinas. As faces cristalinas de um
mineral são a expressão externa da estrutura atômica interior. Na Figura 18 são
mostrados desenhos de cristais perfeitos (que raramente ocorrem na natureza)
junto com fotografias de dois minerais.
Figura 18. Cristais perfeitos. Os cristais perfeitos são raros, mas, independentemente do grau de irregularidade das
faces, os ângulos são exatamente os mesmos.
Entretanto, comumente ou os
espaços entre os cristais em
crescimento encontram-se
preechidos ou, então, a cristalização
ocorre com muita rapidez. Dessa
forma, os cristais acabam crescendo
uns sobre os outros e coalescem
para se tornar uma massa sólida de
partículas cristalinas, chamadas de
grãos. Nesse caso, poucos grãos ou
nenhum terão faces cristalinas (ver
Figura 19). Cristais suficientemente
grandes para serem vistos a olho nu
são raros, mas muitos dos minerais
microscópicos nas rochas têm faces
cristalinas.
2.3.1. SILICATOS
O constituinte básico de todas as estruturas dos minerais silicáticos é o
íon silicato. É um tetraedro - uma estrutura em pirâmide com quatro faces -
composto de um íon central de silício (Si4+) circundado por quatro íons oxigênio
(O2-), que configuram a fórmula SiO44- (Figura panorâmica 21c). Como o íon
silicato tem uma carga negativa, freqüentemente se liga a cátions para formar
minerais eletricamente neutros. O íon silicato liga-se tipicamente a cátions como
sódio (Na+), potássio (K+), cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), e ferro (Fe2+).
Alternativamente, ele pode compartilhar íons oxigênio com outros tetraedros de
silício-oxigênio. Os tetraedros podem estar isolados (ligados somente a cátions),
como também podem ligar-se a outros tetraedros de sílica, formando anéis,
cadeias simples, cadeias duplas, folhas ou redes, alguns dos quais mostrados na
Figura panorâmica 21.
(Ca2+), potássio (K+), magnésio (Mg2+) e ferro (Fe2+). Como já foi mencionado na
discussão sobre substituição de cátions, o alumínio (AI3+) substitui o silício em
muitos silicatos.
2.3.2. CARBONATOS
A calcita (carbonato de cálcio, CaCO3) é um dos minerais não-silicáticos
mais abundantes da crosta terrestre, sendo o constituinte principal de um grupo
de rochas, os calcários (Figura 22). O constituinte básico da calcita, o íon
carbonato (CO32-), consiste em um íon carbono circundado por três íons de
oxigênio, em um triângulo, como visto na Figura 22b. O átomo de carbono
compartilha elétrons com os átomos de oxigênio. Os grupos de íons carbonato
são dispostos em folhas, sendo, de certa forma, similares à estrutura dos silicatos
com estrutura foliácea, e são ligados por camadas de cátions (Figura 22c). As
folhas de íons carbonato na calcita são separadas por camadas de íons cálcio. O
mineral dolomita, cuja fórmula é CaMg(CO3)2 que é também um dos principais
minerais das rochas crustais, é constituído pelas mesmas folhas de carbonato,
separadas por camadas alternadas de íons cálcio e magnésio.
Figura 22. Os carbonatos como a calcita (carbonato de cálcio, CaCO3), têm uma estrutura em camadas. (a) Calcário.
(b) Vista de topo do constituinte básico do carbonato, que é constituído por um íon carbono circundado, em um
triângulo, por três íons oxigênio, com uma carga total de -2. (c) Vista das camadas alternadas de íons cálcio e
carbonato.
2.3.3. ÓXIDOS
Os minerais do grupo dos óxidos são compostos nos quais o oxigênio é
ligado a átomos ou cátions de outros elementos, normalmente íons metálicos
como o ferro (Fe2+ ou Fe3+). A maioria dos óxidos tem ligações iônicas e suas
estruturas são variáveis de acordo com o tamanho dos cátions metálicos. Esse
45
Figura 23. Minerais que não fazem parte do grupo dos silicatos: hematita (esquerda); espinélio (direita).
2.3.4. SULFETOS
Os principais minérios de muitas substâncias importantes – tais como
cobre, zinco e níquel - são membros do grupo dos sulfetos. Esse grupo é formado
pelos compostos do Íon sulfeto (S2-) com cátions metálicos. No Íon sulfeto, um
átomo de enxofre recebeu dois elétrons em sua camada mais externa. Muitos dos
sulfetos parecem metais e quase todos são opacos. O sulfeto mais comum é a
pirita (FeS2), também chamada de "ouro de tolo", devido à sua semelhança com o
ouro (Figura 24).
2.3.5. SULFATOS
A unidade básica de todos os sulfatos é o íon sulfato (SO 42-). Trata-se de
um tetraedro composto por um átomo central de enxofre circundado por quatro
íons de oxigênio (O2-). Um dos minerais mais abundantes desse grupo é a gipsita,
o componente primário do gesso (Figura 25). A gipsita forma-se quando a água
do mar evapora. Durante a evaporação, o Ca2+ e o SO42-, dois Íons abundantes
46
Figura 24. Uma amostra de pirita, também conhecida Figura 245. A gipsita é um sulfato formado pela
como "ouro de tolo". evaporação da água do mar.
2.4.1. Dureza
A dureza é a facilidade com que a superfície de um mineral pode ser
riscada. Da mesma forma que o diamante, o mineral mais duro da natureza, risca
o vidro, também o quartzo, que é mais duro que o feldspato, pode riscar este
último mineral. Em 1822, Friedrich Mohs, um mineralogista austríaco, construiu
uma escala (conhecida como escala de dureza de Mohs), baseada na facilidade
com que um mineral risca o outro. Num extremo da escala, está o mineral mais
mole (talco), e, no outro, o mais duro (diamante) (Tabela 3). A escala de Mohs é
ainda uma das melhores ferramentas para identificar um mineral desconhecido, e,
com uma faca de aço e amostras de alguns dos minerais que fazem parte da
escala de dureza, pode-se, no campo, determinar a posição que um mineral
desconhecido ocupa na escala. Por exemplo, se o mineral desconhecido puder
ser riscado por um pedaço de quartzo, mas não pela faca, a dureza, na escala,
estará entre 5 e 7.
48
2.4.2. Clivagem
Clivagem é a tendência que um cristal apresenta de partir-se segundo
superfícies planares. A perfeição dessas superfícies varia inversamente com a
força das ligações: fortes ligações produziriam clivagens imperfeitas; ligações
fracas produziriam clivagens perfeitas ou boas. Como consequência de sua força,
as ligações covalentes geralmente produzem clivagens imperfeitas ou mesmo
nenhuma clivagem. As ligações iônicas são geralmente fracas e, assim,
produzem excelentes clivagens.
Se as ligações entre alguns dos planos de átomos de um cristal forem
fracas, pode-se forçar o mineral a separar-se ao longo desses mesmos planos. A
moscovita, que é um silicato da família das micas com estrutura em folhas,
quebra-se ao longo de superfícies planares, paralelas e lustrosas, formando
folhas transparentes com menos de 1 mm de espessura. A excelente clivagem
das micas é resultante da fraqueza das ligações entre as camadas de cátions
alternadas com folhas de tetraedros de sílica, formando "sanduíches" (Figura 27).
50
Figura 27. A clivagem da mica. O diagrama mostra os planos de clivagem na estrutura do mineral, orientados
perpendicularmente ao plano da página. As linhas horizontais marcam as interfaces entre as folhas de tetraedros de
sílica-oxigênio e as folhas de hidróxido de alumínio. Estas últimas ligam as duas camadas tetraédricas como se
fossem um "sanduíche". Os planos de clivagem localizam-se entre esses "sanduíches" compostos de tetraedros de
sílica e de hidróxido de alumínio. A fotografia mostra as finas folhas que se separam ao longo de planos de clivagem.
Figura 29. Comparação entre as direções de clivagem e as faces típicas de piroxênios e anfibólios. Esses dois minerais
são muito parecidos entre si, mas seus ângulos de clivagem são diferentes. Esses ângulos frequentemente são usados
para sua identificação e classificação.
Muitos minerais formam-se por ligações tão fortes que não apresentam
nem mesmo clivagens regulares. O quartzo, que é um silicato com estrutura em
redes tridimensionais, tem ligações tão fortes em todas as direções que se quebra
ao longo de superfícies irregulares. A granada, um silicato com estrutura formada
por tetraedros isolados, também tem ligações muito fortes em todas as direções
e, assim, não tem clivagem. A falta de uma tendência a clivar é encontrada em
muitos silicatos formados por redes tridimensionais de tetraedros e em silicatos
formados por tetraedros isolados.
53
2.4.3. Fratura
Fratura é a tendência que os cristais têm de quebrar-se ao longo de
superfícies irregulares ao invés de utilizarem planos de clivagem. Todos os
minerais mostram fraturas; elas podem cortar os planos de clivagem ou
desenvolver-se em qualquer direção em minerais que não têm clivagem, como o
quartzo. As fraturas estão relacionadas ao modo como as forças de ligação
distribuem-se em direções transversais aos planos cristalinos. A quebra dessas
ligações resulta em fraturas irregulares. As fraturas conchoidais têm superfícies
lisas, encurvadas, como as que se formam pela quebra de peças espessas de
vidro. As fraturas comumente têm a aparência de madeira rachada e, nesse caso,
são chamadas de fraturas fibrosas. A forma e a aparência dos muitos tipos de
fraturas irregulares dependem da estrutura particular de cada mineral.
2.4.4. Brilho
O modo como a superfície de cada mineral reflete a luz confere-lhe uma
propriedade característica, que é o brilho. O brilho dos minerais pode ser descrito
pelos termos listados na Tabela 3. O brilho é controlado pelos tipos de átomos
presentes e pelas suas ligações, sendo que esses dois fatores afetam a maneira
como a luz passa através do mineral ou é refletida por ele. Os cristais com
ligações iônicas tendem a ser vítreos, mas os cristais com ligações covalentes
são mais variáveis, sendo muitos deles caracterizados pelo brilho adamantino,
como o do diamante. O brilho metálico ocorre nos metais puros, como o ouro, e
em muitos sulfetos, como a galena (sulfeto de chumbo, PbS). O brilho nacarado
resulta das múltiplas reflexões da luz formadas a partir de planos localizados
abaixo da superfície de minerais translúcidos. Esse tipo de brilho aparece na
parte interna, com aspecto de madrepérola, das conchas de muitos mariscos, que
são constituídas do mineral aragonita. Embora o brilho seja um importante critério
para a classificação de minerais em campo, ele depende muito da percepção
visual da luz que é refletida e, portanto, as descrições dos livros-texto podem
estar muito distantes das condições existentes para avaliar o mineral que por
ventura chegar às suas mãos.
54
Brilho Características
Metálico Reflexões fortes produzidas por substâncias opacas
Vítreo Brilhante como o do vidro
Resinoso Característico das resinas, como o âmbar
Graxo Como se estivesse recoberto por uma substância oleosa
É a iridescência esbranquiçada de alguns materiais como
Nacarado
a pérola
Sedoso O lustro dos materiais fibrosos, como a seda
Adamantinado O brilho intenso do diamante e de minerais parecidos
2.4.5. Cor
A cor de um mineral é conferida pela luz refletida ou transmitida seja
através dos cristais e das massas irregulares, seja através do traço. O traço de
um mineral refere-se à cor do fino depósito de pó que é deixado quando ele é
raspado sobre uma superfície abrasiva, tal como uma placa de porcelana não-
vitrificada. Tais materiais são chamados de placas de porcelana (Figura 30).
Essas placas são boas ferramentas para diagnóstico, pois os pequenos grãos
uniformes do mineral que estão presentes no pó retido pela placa de cerâmica
permitem analisar melhor a cor do mineral do que uma massa de grãos do
mesmo. Uma massa formada por hematita (Fe2O3), por exemplo, pode ser preta,
vermelha ou marrom, mas esse mineral sempre deixará um traço de pó castanho-
avermelhado quando riscado numa placa de porcelana.
55
varia levemente se houver uma mudança no ângulo da luz que brilha em sua
superfície.
CAPÍTULO 3. INTEMPERISMO
Figura 28. Ganhos e perdas durante o intemperismo de algumas rocha básicas de GOLDICH (1938)
Figura 30. Série de estabilidade dos minerais em relação ao intemperismo (Goldich, 1938)
64
2
BOWEN (1922) apresentou uma série de cristalização ou solidificação das rochas magmáticas, a
partir do magma no estado fluído, em ordem decrescente de temperatura. Essa série é a mesma
encontrada por Goldich. Na Série de Bowen a olivina se solidifica nas temperaturas mais elevadas e o
quartzo nas temperaturas mais baixas
65
Tabela 6. Média de análise parcial de granito e águas subterrâneas de regiões graníticas (% peso)
c) Variações Térmicas
Cada mineral possui um coeficiente de dilatação térmica diferente. Tome-
mos como exemplo o quartzo e o feldspato que sob mesma temperatura tem
diferença no aumento de volume. Em grandes amplitudes térmicas muito
repetitivas, pode ocorrer devido às dilatações diferenciadas, um enfraquecimento
69
dos pontos de união na periferia dos cristais isolados. Com isso, haverá o
desprendimento desses cristais.
Tal mecanismo atua na parte mais externa das rochas, principalmente em
partes angulosas, levando a um arredondamento das mesmas.
Um exemplo desse tipo de ação do intemperismo seriam os matacões de
esfoliações da era Pré-Cambriana no Estado de São Paulo, que são grandes
rochas graníticas arredondadas de ocorrência comum (Figura 34).
Em locais, onde a queima de vegetação é constante, a ação do fogo pode
acelerar sobremaneira a esfoliação das rochas.
O ácido mostrado aqui é o H2CO3, mas outros ácidos, tais como os ácidos
originados da decomposição da matéria orgânica, são também importantes fontes
de H.
Equações mais detalhadas sobre hidrólise são apresentadas a seguir:
2 KAlSi3O8 + 2H+ + 9H2O → H4Al2SiO4 + 4H4Si04 + 2K+
(ortoclásio) (caulinita)
a) Natureza da água
Experimentos afirmam que uma rocha em presença de água tende a se
intemperizar. Se a água saturada com sais não for removida e substituída por a
73
A remoção dos sais pode ser feita por precipitação intensa com uma
grande lixiviação. Nestas condições o intemperismo tende a aumentar
consideravelmente.
Figura 37. Solubilidade da sílica, alumina e óxido de ferro em função do pH. A um pH 5 vai haver no
sistema presença de SiOz e Al2O3 (este em maior quantidade). Dependente do tipo de cátion existente no
+
meio (H neste caso) haverá formação de caulinita.
Grave bem ! - Suponha que uma rocha que está sofrendo hidrólise seja
banhada em água com pH 5 a 6 (valor comum de pH para água subterrânea). A
solubilidade, tanto do AI2O3 como o SiO2, derivados da rocha, será então
relativamente baixa, uma condição que pode conduzir a combinação deles para a
formação da caulinita.
75
+
Figura 38. Esquema ilustrando a ação das raízes na hidrólise. A raiz no caso fornece íons H ao mineral de
argila (troca com o I< ou outro íon) e este H+ entra na hidrólise atacando um mineral rico em I<
(feldspato) ou outro mineral qualquer.
76
d) Oxidação e Redução
A oxidação é o processo pelo qual o elemento perde elétrons. Essa perda
resulta num aumento da valência positiva. O ferro é o elemento que mais sofre
esse tipo de processo nos ambientes de intemperismo.
Nos minerais formadores de rochas o ferro se encontra
predominantemente na forma reduzida Fe2-. Quando esse ferro se oxida o Fe3+
dentro da estrutura cristalina dos minerais há distúrbios na neutralidade
eletrostática do mineral. Esse distúrbio leva normalmente à saída de outros
cátions da estrutura a fim de compensar o aumento de carga positiva. Surgem
dessa maneira falhas na rede cristalina que podem levar a um colapso total da
estrutura anterior ou deixar o mineral mais susceptível a outros processos
químicos como a hidrólise. A alteração de biotita para vermiculita é um exemplo
desse conjunto de processos.
Sempre que uma substância se oxida (perde elétrons) outra reduz (recebe
os elétrons perdidos). O receptor de elétrons no solo normalmente é o O2 gasoso.
A reação pode ser simplificada conforme equação abaixo:
Fe++ → Fe+++ + e
Outros elementos que também sofrem mudanças de valência são Cr, Ti,
Cu, Mo, Mn e outros. Esses elementos ocorrem em menor quantidade nos
minerais formadores de rochas, portanto, de menor importância.
Qualquer mudança de valência de um elemento que faz parte da estrutura
cristalina de um mineral vai desequilibrá-Ia e conseqüentemente destruí-Ia ou
torná-la mais suscetível a outros processos de alteração química.
e) Hidratação e Desidratação
Hidratação e desidratação são os processos pelos quais moléculas de
água são adicionadas ou removidas do mineral. O resultado é a formação de um
novo mineral de estrutura bastante semelhante ao anterior. Esses processos não
são muito importantes no intemperismo químico uma vez que apenas alguns
poucos minerais são afetados por esses processos.
A reação mais comum é a que envolve óxido e hidróxido de ferro.
Essa reação pode se processar nas duas direções, mas em solos, bem
drenados a tendência é a estabilização da hematita. Em muitos casos a
hidratação precede as reações de hidrólise.
f) Quelação
Estudos têm demonstrado que agentes quelantes são responsáveis por
uma considerável quantidade de material intemperizado, e que algumas situações
pode exceder a própria hidrólise. Agentes quelantes são formados por processos
biológicos normalmente excretados por líquens que crescem nas superfícies das
rochas. A estrutura do agente quelante é variada e complexa. O EDTA (Ácido
Cetilenordiaminotetracetico) é um dos agentes quelantes mais conhecidos e sua
estrutura pode ser esquematizada da seguinte forma:
78
4.1. Introdução
As rochas magmáticas ou ígneas são aquelas formadas a partir do
resfriamento do magma e conseqüente consolidação do magma, no interior ou na
superfície da crosta terrestre. O magma é um fluido natural muito quente
predominantemente constituído por uma fusão de silicatos e mostrando
proporções variadas de água, elementos voláteis ou de cristais em processo de
crescimento. A composição do magma pode ser obtida pelo estudo das lavas, ou
seja, magma que extravasa pelos vulcões, embora se considere que uma grande
perda de elementos voláteis ocorra neste caso, pois no seu caminho até o local
de resfriamento, funde ou dissolve materiais pelo qual vai passando incorporando-
os à sua composição original e chegando ao seu destino com composição
distinta.
Do ponto de vista físico-químico, os componentes essenciais do magma
são:
a) fase líquida: mantida em fusão pela temperatura elevada, constituída
essencialmente por uma solução mútua e altamente complexa de um grande
número de componentes, a maior parte dos quais de natureza silicática;
b) fase gasosa: mantida em solução por pressão, constituída
predominantemente por H2O e quantidades menores de CO2, HCI, HF, SO2, etc.;
c) fase sólida: formada por cristais de decomposição essencialmente silicática,
em fase de crescimento ou de natureza residual, assim como de fragmentos de
rochas.
A composição química essencial dos magmas é, em termos de óxidos,
algo situado dentro das proporções da tabela a seguir:
SiO2....................................................... 30-80
Al2O3...................................................... 3-25
FeO-Fe2O3............................................ 0-13
MgO...................................................... 0-25
CaO....................................................... 0-16
Na2O...................................................... 0-11
K2O........................................................ 0-10
80
Figura 40. O granito observado ao microscópio. Os minerais claros são quartzos, os pretos
representam a biotita, e os intermediários são feldspatos (Extraído de Popp, 1998).
Figura 41. Diagrama esquemático mostrando as formas de ocorrência de rochas magmáticas (derrame, sill,
dique, batólito, stock, neck vulcânico, diques radiais e lacólito). (Teixeira et aI., 2000)
(A) (B)
Figura 42. Diques. (A) Massa magmática que preenche fendas ou falhas cortando
discordantemente os estratos. (8) Pequenos diques de diabásio cortando migmatitos.
Figura 43. Basalto com estrutura amigdalóide caracterizado pelo preenchimento de minerais.
a) Grau de cristalinidade
a) rochas holocristalinas ou cristalinas: constituídas exclusivamente por
material cristalino. Ex: granitos, diabásio;
b) rochas holovítreas ou vítreas: exclusivamente por material vítreo. Ex:
Obsidiana;
c) rochas hipocristalinas ou hipovitreas: mesma rocha encontra-se material
cristalino e vítreo. Ex. basalto
b) Grau de visibilidade
a) fanerítica, quando os minerais constituintes podem ser percebidos a olho
nu;
b) afanítica, quando os minerais formam partículas tão pequenas que não
podem ser percebidos a olho nu. Neste caso, a rocha apresenta um aspecto
maciço.
e) Índice de Coloração
É a porcentagem conjunta em volume de minerais fêmicos, opacos e acessórios
presentes em uma rocha magmática.
a) Leucocrática - (5 a 35 %) coloração claros com predominância de minerais
incolores e claros (predomina quartzo, feldspatos e muscovita). Ex: Granito,
Riolito
b) Mesocrática - (35 a 65 %) coloração intermediária. Ex: Andesito, Diorito
c) Melanocrática - (65 a 90 %) rochas escuras onde predominam os minerais
ferromagnesianos (predomina piroxênio, hornblenda e biotita). Ex: Basalto, Gabro
A cor clara dos granitos e dos riólitos deve-se a sua composição, ou seja,
são formados a partir de magmas ricos em potássio, silício e sódio e pobres em
ferro, magnésio e cálcio.
Riólito – formado na ou próximo à superfície, possui coloração típica
branca cinza ou rósea e normalmente apresenta alguns fenocristais de quartzo ou
91
Plagioclásio 55-70%
Anfibólio e Biotita 25-40%
O plagioclásio é normalmente, 50% cálcio e 50% sódio e possui em
pequenas quantidades feldspato potássico e quartzo.
Andesito - a variedade mais comum é o andesito pórfiro (fenocristais
formam mais de 10 % do volume da rocha) e, em geral, possuem coloração cinza,
esverdeada ou avermelhada. Os fenocristais são compostos de plagioclásio,
anfibólio ou biotita, inseridos numa matriz afanítica de plagioclásios e algum vidro.
Diorito - de textura igual ao granito, diferem apenas na composição, ou
seja, o diorito é composto por plagioclásio Ca-Na e minerais ferro-magnesianos.
Muitas vezes, o diorito aparece associado a granitos.
TONALIDADE ESCURECE
Ca, Fe, Mg
K, Na, Si
Figura 45. Classificação das rochas magmáticas ou ígneas
93
5.1. Introdução
As rochas sedimentares são originadas a partir dos detritos de outras
rochas e acumulam-se na superfície da terra em condições normais de
temperatura e pressão. Sua formação tem origem no momento em que
fragmentos dessas rochas primitivas são desalojados por algum processo de
desagregação, passando pelas seguintes fases: intemperismo - erosão -
transporte - deposição – diagênese (consolidação). Estas fases formam um
processo denominado ciclo sedimentar e a sucessão de eventos é contínua e
interdependente.
material sólido na superfície da terra, formado por algum meio natural (água,
vento, geleira), sob condições normais de temperatura e pressão. Rocha
sedimentar é por sua vez, o sedimento consolidado, endurecido por processos
físicos (compactação) e/ou químicos (cimentação).
Segundo POPP (1998) os principais processos de litificação ou diagênese
são os seguintes:
Compactação: Redução volumétrica causada principalmente pelo peso das
camadas superpostas e relacionada com a diminuição dos vazios, expulsão de
líquidos e aumento da densidade da rocha. É o fenômeno típico dos sedimentos
finos, argilosos.
Cimentação. Deposição de minerais nos interstícios do sedimento,
produzindo a colagem das partículas constituintes. É o processo de agregação
mais comum nos sedimentos grosseiros e arenosos.
Recristalização. Mudanças na textura por interferência de fenômenos de
crescimento dos cristais menores ou fragmentos de minerais até a formação de
um agregado de cristais maiores. E um fenômeno mais comum nos sedimentos
químicos.
Os sedimentos argilosos, por exemplo, litificam-se por compactação, ou
seja, as partículas de argila que no início da sedimentação se dispõem segundo
uma estrutura cheia de vazios, sob a ação do peso das camadas superiores, são
compactadas umas contra as outras, de modo a formarem uma rocha dura como
o tijolo prensado. Já a areia de praia endurece principalmente pela introdução de
substâncias cimentantes: carbonato de cálcio, óxidos de ferro, sílica etc.
Os sedimentos químicos, por sua vez, ao precipitarem, sofrem fenômenos
de cristalização que dão origem a rochas muito duras.
5.3. Composição
Sendo as rochas sedimentares são derivadas de um material preexistente,
poderíamos esperar que sua composição fosse extremamente variável e
complexa. Isso de fato ocorre quando o sedimento é depositado próximo à área
de origem, mas quando o intemperismo e a erosão são prolongados. A
diferenciação sedimentar vai concentrar materiais semelhantes em tamanho,
forma e composição em depósitos distintos (Figura 50).
OUTROS MINERAIS
Depósitos de quartzo, calcita e argila isolados ou em várias combinações
representam o maior volume de rochas sedimentares, outros minerais, no
entanto, muitas vezes aparece em quantidade suficiente para formar estratos
isolados. A dolomita, CaMg (CO3)2 pode substituir a calcita nos calcários. O
3
O material clástico é aquele herdado de uma rocha pré-existente sem que tenha sofrido significativa alteração.
Um sedimento clástico é formado por fragmento ou detritos de uma rocha pré existente.
102
corrente ou vento.
O grau de seleção do material é também um critério importante. Materiais
bem selecionados tem pouca variação granulométrica e homogeneidade
mineralógica.
WENTWORTH ATTERBERG
DIÂMETRO (mm)
Argila < 1/256 < 0,002
Silte 1/256 – 1/16 0,002 – 0,02
Areia fina 1/16 – 1/14 0,02 – 0,2
Areia grossa 1/14 – 2 0,2 – 2
Cascalho fino 2 – 64 2 – 20
Cascalho grosso 64 – 256 20 – 200
Matacão > 256 > 200
II Ambiente Desértico
Deserto é uma área onde a taxa de evaporação potencial excede a taxa de
precipitação pluviométrica e o vento é o agente geológico mais importante nos
105
tem excelente correlação com o tipo de solo formado nas diferentes feições ou
posições da paisagem.
A paisagem é o retrato ou reflexo de todas as características e processos
dinâmicos que atuam durante o tempo numa área e deve sempre ser estudada ou
analisada quando interferências ou observações da geologia de superfície ou
referentes aos solos (pedológicas) forem feitos.
Na Figura 52 vemos a evolução da paisagem considerando agentes e
materiais geológicos distintos.
5.6. Classificação
As rochas sedimentares clásticas resultam de processos completamente
diferentes daquelas formadas por precipitação química ou sedimentação de
compostos orgânicos. Por isso, as rochas sedimentares são divididas em 2
grupos: rochas clásticas e de origem químico-orgânica. A subdivisão de cada um
107
Residuais Psefitos
Psamitos
CLÁSTICAS Epiclasticas Pelitos
Evaporitos de atividade
QUÍMICAS
bioquímica
Caustobiolitos
ORGÂNICAS Carbonatadas
Acaustobiólitos Silicosas
Fosfatadas
I. Conglomerado
Consistem de fragmentos de rochas grandes (> 2 mm), os chamados
clastos. Quando os clastos são angulosos, a rocha denomina-se brecha, podendo
indicar pouco ou nenhum transporte. Quando os c1astos sofrem arredondamento,
em geral estão associados a uma matriz arenosa, e o depósito constitui um
ortoconglomerado.
Os fragmentos que formam o conglomerado são unidos por matriz
arenosa, argilosa e agentes cimentantes (sílica, óxidos de ferro, carbonatos). Os
seixos individuais são bem selecionados e arredondados. Os seixos do
conglomerado podem ser de qualquer mineral ou rocha, sendo mais comum
serem constituídos de materiais resistentes como o quartzo ou fragmentos de
109
II. Brecha
Brechas são rochas elásticas de granulação grosseira nas quais os
fragmentos são angulares e apresentam poucas evidências de abrasão. O
material normalmente é pouco selecionado e apresenta matriz fina. As brechas
mais comuns se originam da atividade glacial ou outros fenômenos de movimento
de massas.
FOTO – BRECHA
110
III. Arcósio
IV. Arenitos
Sedimentos clásticos nos quais a maioria das partículas tem diâmetro entre
1/6 a 2 mm. Os grãos individuais são geralmente arredondados e mostram
claramente os efeitos da abrasão. O quartzo normalmente é o mineral dominante,
mas, feldspatos, granadas, micas e outros minerais podem estar presentes em
quantidades variáveis.
Arenitos pouco selecionados e com grande quantidade de argila associada
(mais que 20%) são chamados de grauvacas.
Os agentes cimentantes comuns são carbonatos, sílica e óxidos de ferro.
111
V. Siltitos
VI. Argilitos
II. Laterita
A laterita é formada pelo acúmulo secundário de óxidos de ferro como a
hematita e a goetita. Apresenta coloração vermelha ou bruna intensa, dureza
elevada e alta densidade. Forma-se normalmente na região de oscilação do
lençol freático próximo à superfície. A fase pouco endurecida da laterita é
chamada de plintita, que ora secando, ora umedecendo, sofre endurecimento
irreversível e transforma-se em laterita.
III. Evaporitos
São depósitos de cloreto de sódio, potássio, sulfatos, carbonatos, boratos e
outros sais comumente relacionados com a evaporação exagerada do solvente.
Formam-se em braços de mar, mares interiores, lagos salgados etc. É exemplo o
sal em Cotiguiba, Sergipe e Nova Olinda, Amazonas.
6.1. Introdução
As rochas sedimentares são formadas, de modo geral, pela desintegração
e/ou decomposição de rochas pré-existentes, com posterior transporte dos
detritos ou fragmentos, culminando o processo com a deposição ou sedimentação
dos produtos da erosão, perto ou longe da área fonte que forneceu o material.
Desse modo, as condições de pressão e temperatura em que se formam
as rochas sedimentares conseqüentemente aproximam-se ou são idênticas às da
superfície terrestre.
Por outro lado, as rochas ígneas derivam-se da solidificação de um magma
e se cristalizam a temperaturas no geral desde 1100º C até 600º C, sob condições
de pressão variando desde atmosféricas (caso das lavas) até alguns milhares de
bárias (condições de profundidades de até 20 km; caso das rochas plutônicas).
Figura 53. Metamorfismo regional em área da crosta instável sujeita a fortes compressões. A intensidade
do metamorfismo decresce nas rochas no sentido de (C) para (A); (Extraído de Popp, 1998).
Figura 54. Metamorfismo de contato provocado pela intrusão de um batólito. As rochas sofrem diferentes
graus de metamorfismo, sendo muito alto em (C), médio em (B) e baixo em (A).
118
Figura 55. Metamorfismo de contato provocado pela intrusão de um batólito. As rochas sofrem
diferentes graus de metamorfismo, sendo muito alto em (C), médio em (B) e baixo em (A).
Figura 56. Metamorfismo regional em área da costa instável, sujeita a fortes compressões.
119
6.3. Foliação
Foliação - habilidade da rocha de se separar ao longo de superfícies
aproximadamente paralelas, devido à distribuição paralela das camadas ou linhas
de uma ou vários minerais na rocha. Pode ser expressa por: fratura paralela de
pequena espessura (ardósias), arranjamento paralelo de minerais alongados
(xistosidade) ou por camadas alternadas de composição mineralógica distinta
(gnaisse).
A foliação desenvolve-se durante o metamorfismo por stress orientado e,
característica fundamental das rochas metamórficas, serve como critério de
classificação.
Rochas metamórficas que não apresentam foliação são, aparentemente,
desprovidas de estrutura e constituídas de apenas um mineral.
6.4.1. Ardósias
6.4.2. Filitos
São rochas xistosas, de granulação fina, apresentam um brilho sedoso
típico devido à presença de pequenos cristais de serecita. As cores são variadas,
sendo comuns os tons castanhos claro, esverdeado, cinza, esbranquiçado, etc.
são rochas com boa xistosidade e os planos de xistosidade metamórficos (fraco)
originados de argilito/siltito.
122
6.4.3. Xistos
São rochas de xistosidade bastante acentuada onde os cristais
constituintes são bem visíveis e apresenta-se em folhas ou placas delgadas. A
composição predominante é de biotita, moscovita, clorita, quartzo, etc.
6.4.4. Gnaisses
Os gnaisses apresentam granulação mais grosseira e foliação resultando
camadas de constituição mineralógica distinta (minerais agrupam formando as ou
faixas alternadas em tons claros e escuros).
6.4.5. Metaconglomerados
O metaconglomerado é um conglomerado que foi alterado pelo calor e
pressão de uma forma que os seixos estão deformados, quebrados e fundidos
uns aos outros. Os seixos podem apresentar certa orientação dentro da rocha.
São rochas normalmente muito endurecidas. A matriz areno-siltosa também
apresenta deformações estruturais.
6.4.6. Quartzito
Os quartzitos puros são originados de arenitos quartzíferos, os menos
puros normalmente apresentam micas associadas, compostas por mais de 80 %
de quartzo. Possuem em geral coloração clara, dureza muito elevada e aspecto
maciço. Não apresentam foliação.
124
6.4.7. Mármore
Rocha metamórfica sem foliação, o mármore é constituído principalmente
de calcita e dolomita. As cores variam do branco, róseo ao cinza, marrom e preto.
Apresentam dureza baixa, alta compacidade e efervescência com ácido clorídrico
a frio.
6.4.8 Anfibólios
Rochas compostas de anfibólios e feldspatos (plagioglásios). Apresentam
orientação de minerais e provem de rochas ígneas básicas.
6.4.9. Itabiritos
É um tipo essencial de quartizito, provavelmente de rocha sedimentar
química, que se caracteriza por uma alternância de bandas de quartzo e bandas
de hematita (geralemente especularita).
125
126
cobrirmos com esse volume o território dos Estados Unidos, todos os 50 estados
ficariam submersos numa lâmina de água com cerca de 145 quilômetros de
profundidade. Esse volume é constante, embora o fluxo de um reservatório para o
outro possa variar diariamente, ano a ano até, em períodos de séculos. Durante
esses intervalos de tempo geologicamente curtos, não há nenhum ganho ou
perda de água para fora ou para o interior da Terra, nem qualquer perda de água
da atmosfera para o espaço exterior.
Figura 58. O ciclo hidrológico. A água vai para a atmosfera pela evaporação dos oceanos e continentes e deixa-a pela
precipitação como chuva e neve. A água perdida pela evaporação dos oceanos é contrabalançada pela água ganha do
escoamento superficial dos continentes e pela chuva sobre os próprios oceanos. As quantidades do fluxo da água são
da ordem de milhares de quilômetros cúbicos por ano.
130
mesma quantidade pela evaporação. Como você pode observar na Figura 58, a
quantidade de água que evapora dos oceanos é superior à que se precipita neles
como chuva. Essa perda é compensada pela água que retorna como escoamento
superficial dos continentes. Assim, o tamanho de cada reservatório permanece
constante.
Figura 59. Zonas de sombra pluvial são áreas de baixa precipitação nas encostas de sotavento (declive no sentido
vento) de uma cordilheira de montanhas
7.5. As secas
As secas - períodos de meses ou anos em que a precipitação é muito
mais baixa que o normal - podem ocorrer em todos os climas. As regiões áridas
são especialmente vulneráveis pela diminuição do seu estoque de água durante
as secas prolongadas. Como a reposição da água a partir da precipitação não
ocorre, os rios podem diminuir e secar, os reservatórios podem evaporar e o solo
pode ressecar e fender-se enquanto a vegetação morre. À medida que a
população cresce, a demanda por reservatórios também aumenta, e a ocorrência
de seca pode reduzir o já precário abastecimento de água.
134
Figura 60. (a) Precipitação média anual no Brasil Estados Unidos. (b) Escoamento superficial no Brasil.
136
Figura 61. Como num lago natural ou num reservatório artificial de uma barragem, uma terra úmida (como um
pântano ou banhado) armazena água durante o período de rápido escoamento para lançá-Ia lentamente durante os
períodos de escoamento baixo.
137
Figura 62. Os poros das rochas são, em geral, parcial ou inteiramente preenchidos com água. (Os poros de arenitos e
calcários portadores de petróleo ou gás são preenchidos com esses fluidos.)
Embora a porosidade nos diga quanta água uma rocha pode reter se
todos os seus poros estiverem preenchidos, ela não nos fornece nenhuma
informação sobre a rapidez com que a água pode fluir através desses poros. A
139
água desloca-se no material poroso com uma trajetória sinuosa entre os grãos e
através das fissuras. Quanto menores os espaços porosos e mais tortuosos o
caminho, mais lentamente a água o percorre. A permeabilidade é a capacidade
que um sólido tem de deixar que um fluido atravesse seus poros. Geralmente, a
permeabilidade aumenta com o aumento da porosidade. A permeabilidade
também depende da forma dos poros, do quão bem conectados estão e do quão
tortuoso é o caminho que a água deve percorrer para passar através do material.
Tanto a porosidade como a permeabilidade são fatores importantes
quando se está procurando um reservatório de água subterrânea. Em geral, um
bom reservatório de água subterrânea é um corpo de rocha, sedimento ou solo
com alta porosidade (de modo que possa reter grande quantidade de água) e alta
permeabilidade (de sorte que a água possa ser bombeada dele mais facilmente).
Uma rocha com alta porosidade, mas baixa permeabilidade pode conter uma boa
quantidade de água, mas como esta flui muito lentamente, toma-se difícil
bombeá-la da rocha. A Tabela 15 resume a porosidade e a permeabilidade de
vários tipos de rocha.
Permeabilidade
Porosidade
(propriedade que
Tipo de rocha (espaço poroso que
permite que um fluido
pode reter fluido)
atravesse o meio)
Cascalho Muito alta Muito alta
Areia grossa a media Alta Alta
Areia fina e silte Moderada Moderada a baixa
Arenito, moderadamente Moderada a baixa Baixa
cimentado
Folhelho fraturado ou Baixa Muito baixa
rocha metamórfica
Folhelho não fraturado Muito baixa Muito baixa
saturada. Abaixo dela está a zona saturada, o intervalo no qual os poros do solo
ou da rocha estão completamente preenchidos com água. As zonas saturada e
não-saturada podem estar em material inconsolidado ou no substrato rochoso
(Figura 63). O limite entre essas duas zonas é a superfície freática, geralmente
chamada apenas de "nível d'água" (abreviação NA). Quando um buraco é
perfurado abaixo da superfície freática, a água da zona saturada flui para ele e o
preenche até atingir o mesmo nível.
Figura 63. A superfície freática é o limite entre a zona não-saturada e a zona saturada. Essas zonas podem estar tanto
em materiais inconsolidados como no substrato rochoso.
7.7.3. Os aquíferos
A água subterrânea pode fluir em aquíferos não-confinado ou confinados.
Em aquíferos não-confinados, a água percola através de camadas de
permeabilidade mais ou menos uniforme, que se estendem até a superfície, tanto
em áreas de descarga corno de recarga. O nível do reservatório num aquífero
não-confinado corresponde à altura da superfície freática.
142
Figura 64 Dinâmica da superfície freática numa formação permeável rasa, em clima temperado. A profundidade
da superfície freática flutua em resposta ao equilíbrio entre a água adicionada pela precipitação
(recarga) e a água perdida pela evaporação e por poços, nascentes e rios (descarga).
143
Figura 65. Um aqüífero passa a ser confinado quando está situado entre dois aqüicludes (camadas de baixa
permeabilidade).
4
Reserva-se o termo "aquiclude" para as unidades que têm baixa capacidade de transmitir água, embora
possam estar saturadas: "aqüifugo", para as unidades que não têm conectividade entre os poros e não
absorvem nem transmitem água; e "aqüitarde" para designar unidades que, num dado contexto, têm baixa
produção de água relativamente a outras, chamadas de "aqüíferas".
144
Figura 66. Um nível freático suspenso forma-se em situações geologicamente complexas - no caso aqui ilustrado, ele
ocorre no aquiclude de folhelho situado acima da superfície freática principal do aquífero de arenito. A dinâmica de
145
recarga e descarga do nível freático suspenso pode ser diferente daquela do nível principal. Neste exemplo, o nível
freático principal pode ser recarregado somente em sua região aflorante na encosta inferior
Figura 67. O excesso de bombeamento intensivo em relação á recarga causa rebaixamento da superfície freática, que
assume a forma de um cone de depressâo ao redor do poço. O nível d'água no poço desce até a posição deprimida da
superfície freática.
Figura 69. O balanço entre a recarga e a descarga mantém na mesma posição o limite entre a água salgada e a água
doce.
rapidamente num cano que do através dos caminhos irregulares dos poros de um
aquífero. Darcy reconheceu essa possibilidade e incluiu uma medida de
permeabilidade em sua equação final. Desse modo, como as outras variáveis
permanecem idênticas, ele concluiu que quanto maior a permeabilidade, maior a
facilidade de movimento e, portanto, mais rápido o fluxo.
A lei de Darcy, a qual resume essas relações, pode ser expressa numa
simples equação (Figura 70): o volume de água fluindo num certo tempo (Q) é
proporcional à distância vertical (h) dividida pela distância percorrida (l). Os dois
símbolos restantes são A, que é a área da secção transversal do fluxo da água, e
K, a condutividade hidráulica (uma medida da permeabilidade), (K também
depende das propriedades do fluido, especialmente densidade e viscosidade, as
quais são importantes ao lidar-se com outros fluidos que não a água.)
ℎ
𝑄 = 𝐴 (𝐾 × )
𝑙
As velocidades calculadas pela lei de Darcy foram confirmadas
experimentalmente ao medir-se quanto tempo um pigmento não-prejudicial
introduzido num poço levou para alcançar um outro. Na maioria dos aquíferos, a
água subterrânea move-se numa taxa de poucos centímetros por dia. Em
camadas de cascalho muito permeáveis próximas à superfície, a água
subterrânea pode percorrer até 15 cm/dia. (Essa velocidade ainda é muito baixa
quando comparada com a dos rios, cujo fluxo tem uma velocidade típica de 20 a
50 cm/s.)
151
Elevação A:
Superfície
Freática = 440 m
acima do nível do
mar
Figura 70. A lei de Darcy descreve a taxa do fluxo da água subterrânea entre um ponto com elevação A e outro com
elevação B. O volume de água fluindo num certo tempo (Q) é proporcional à altura vertical (h) entre o ponto mais
alto e o ponto mais baixo do declive (que é aqui representado como um desnível da superfície freática entre os dois
pontos), dividida pela distância percorrida pelo fluxo (o gradiente hidráulico, l) e por K, uma constante proporcional à
permeabilidade do aqüífero. O símbolo A representa a área da secção transversal onde se dá o fluxo da água.
Figura 73. As atividades humanas podem contaminar a água subterrânea. Os contaminantes de fontes superficiais,
tais como aterros sanitários, e subsuperficiais, como tanques sépticos, entram no aquífero através do fluxo normal
da água subterrânea. Os contaminantes podem ser introduzidos no abastecimento de água durante o bombeamento
de poços. Os poços para disposição de resíduos sâo destinados a bombear contaminantes em aquíferos salinos
profundos, mas podem ter vazamentos acidentais nos aquíferos de água doce mais superficial.
Figura 74. Distribuição da água numa secção típica da crosta continental. A maior parte da água encontra-se na
superfície ou rochas sedimentares soterradas em profundidades rasas. A porosidade e a quantidade de água
geralmente diminuem com o aumento da profundidade e com a deformação estrutural mais intensa.
Figura 75. A circulação de água na proximidade de um corpo magmático produz gêiseres ou fontes quentes.
162
8.3 EM ESTRADAS
Basicamente são compostas de solos e/ou rochas como camadas
granulares do corpo estradal e nos revestimentos.
ROCHAS:
♦ ÍGNEAS (granitos, fonolitos, diabásios, etc.)
♦ SEDIMENTARES ( calcários e arenitos )
♦ METAMÓRFICAS (gnaisses, migmatitos, quartzitos, etc.)
Aplicações das Rochas:
Revestimentos flexíveis: como agregado no CBUQ, Tratamentos
Superficiais (TSS e TSD), PMQ.
Revestimentos rígidos: concreto de cimento portland, paralelepípedo
rejuntado com cimento.
Camada de base: solo – brita, macadame hidráulico, brita graduada
simples, etc.
164
SOLOS:
Para utilização como camadas do corpo estradal o ideal é uma mistura
com percentagens de materiais grossos (pedregulhos e areias) e finos (siltes e
argilas). A maior ou menor percentagens desses materiais é que vão qualificá-los
para as camadas do pavimento.
Misturas (usinas ou pista) para melhorar as qualidades geotécnicas dos
solos:
Solo – solo Solo – cal
Solo – brita Solo - cimento
Solo – estabilizantes químicos.
♦ PEDREGULHOS (seixo rolado em TSD)
♦ AREIAS (AAUQ, agregado miúdo do CBUQ)
♦ ARGILAS ( aplicação limitada).
→
SUBTERRÂNEO
São utilizados os métodos das COURAÇAS :
• manual
• semi-mecanizada
170
• mecânica
Estes métodos podem ser aplicados:
• em solos moles ou resistentes
• acima ou abaixo do N.F.
• adapta-se de modo geral a qualquer circunstância.
OBSERVAÇÃO:
Obras em cidades, o método das couraças é mais eficiente do que o
método à céu aberto, devido a:
• apresentar o mínimo de recalque de superfície
• causar menos transtorno ao tráfego.
12.6 OBRAS COMPLEMENTARES NOS TÚNEIS
São obras realizadas durante as escavações para dar condições de
trabalho aos operários e outras para evitar que ocorram problemas posteriores a
conclusão dos serviços.
A seguir, veremos alguns deles:
→ VENTILAÇÃO
→ DRENAGEM
→ IMPERMEABILIZAÇÃO
→ REVESTIMENTOS
171
10.1 INTRODUÇÃO
BARRAGEM:
É um elemento estrutural construído perpendicular a direção de um curso d’água,
objetivando a formação de um reservatório artificial de água.
► TEM POR FINALIDADE:
- abastecimento d’água de cidades
- hidrelétricas
- controle de inundação
- irrigação, etc.
TIPOS DE BARRAGENS:
► CONCRETO
- Gravidade
- Contrafortes
- Arco, etc.
► TERRA
- Homogêneas
- Zoneadas
► ENROCAMENTO
ESTUDOS GEOLÓGICOS
↦ 1º Fase de Escritório
Estudo de publicações, mapas topográficos e de fotografias aéreas da área.
↦ 2º Fase de Campo
Comprovar no campo a LITOLOGIA (tipo de rocha), ESTRUTURAS (falhas,
fraturas e dobras), ESTRATIGRAFIA (posicionamento das camadas).
↦ 3º Fase de Laboratório
As amostras coletadas no campo são analisadas e identificadas macro e
microscopicamente.
↦ Solos Permeáveis
Material: solos granulares (arenosos), Problema: alta permeabilidade (rutura por
“piping”) , Correção:
˃ valas corta águas ou “cut-offs”
˃ banquetas impermeáveis de montante
˃ paredes diafragmas
˃ injeções impermeabilizantes
173
˃ etc.
↦ Solos Impermeáveis
↦ Rochas
Material: pétreo, Problema: grau de alteração, faturamento, Correção: remoção
do material alterado e aplicação de “gunnite”, injeções de materiais
impermeabilizantes, Finalidade: dar maior consolidação ao maciço,
impermeabilizar as fundações
► ETAPAS DE TRABALHO:
1) SONDAGEM
Utiliza-se sonda rotativa para retirada de amostra da rocha, para
determinação do grau de alteração e de fraturamento.
Quando não se quer amostragem da rocha e precisa de agilidade nas
operações de perfuração, devido a um grande volume de serviços, a sonda mais
utilizada é a rotopercussão.
- profundidade dos furos
Devem alcançar as feições permeáveis a serem tratadas, ou no máximo, a altura
da coluna d’água, ou ainda, 2/3 da altura da barragem considerando-se alguma
perda de carga.
- número de furos
Dependem da natureza da rocha e do porte da obra, sendo distribuídos em
linhas simples ou múltiplas, geralmente com a geometria mostrada a seguir:
174
Obs:
1) Consolidação:
175
- tipos de injeções
- pressões de injeção
Dependem da:
• densidade da calda
• posição do lençol freático
• perdas de carga da tubulação
- Paralisação da injeção:
• REJEIÇÃO – quando a pressão de injeção é mantida no mínimo por 10
minutos, sem absorção de calda.
Obs: Cuidado com pressões elevadas pois podem provocar danos no maciço,
caso superem seus limites de resistência e de deformação plástica.
► ASSOREAMENTO
É a diminuição da capacidade de reservação de uma barragem pela
deposição de materiais transportados pelos riachos.
Ex. Barragem de Quixeramobim.
177
► ESTANQUEIDADE
Intensas percolações d’água através do maciço rochoso, podem
ocasionar perdas excessivas de água podendo interferir no enchimento do
reservatório ou mesmo impedir a acumulação no volume previsto.
Ex. Falha geológica ou rochas muitos fraturadas na área da bacia de
acumulação.
► SISMICIDADE
Sabe-se que o enchimento dos reservatórios podem provocar abalos
sísmicos de pequena e media magnitude.
São os sismos induzidos, cuja origem é atribuída a diversas causas,
onde a mais aceita é a que os relacionam com a alterações das pressões neutras
ao longo de falhas, devido ao peso da água. Muitas delas por já estarem sujeitas
aos esforços tectônicos, com esse aumento adicional da tensão desencadeia o
fenômeno.
Existem países cujos sismos chegaram a magnitudes de 6,5 na escala
Richter, embora não seja comum. No Brasil não ultrapassaram de 4,0 causando
mais problemas de natureza emocional a população do que danos materiais
178
MONTEITH, J. L. The heat balance of soil beneath crops. In: Symposium zone
res. Climatology and microclimatology, 11° Camberra, UNESCO. Proceedings,
London, 11:123-128. 1985.
Sites:
http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas
http://unb.br/ig/glossario
http://www.geo.unimib.ib.it
http://www.ut.ee/BGGMminer
http://www.dct.uminho.pt/rpmic/mt4_maohtml
http://www.domingos.home.sapo.pt/temp_geol_1.html
180