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DISCIPLINAS COMPLEMENTARES

Jose Gervasio Meireles


Direito Processual do Trabalho
Aula 1

ROTEIRO DE AULA

 JURISDIÇÃO
 1- Generalidades
o É a função através da qual um terceiro imparcial faz a aplicação do Direito ao caso concreto
 Reconhecendo, criando ou protegendo situação jurídica

o Pressuposto de existência do processo

 2- Imunidade de jurisdição
o 2.1- Estados estrangeiros
 Na prática de atos de gestão
 Não está no exercício de sua soberania
 Está se equiparando a um particular
 Nesses casos não há imunidade de jurisdição
 Ex. relações de trabalho de uma embaixada com um empregado seu
 Imunidade relativa (só há imunidade em ato de império)
 “RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ESTADO ESTRANGEIRO.
REPÚBLICA (...). IMUNIDADE RELATIVA DE JURISDIÇÃO E EXECUÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE DE RECAIR PENHORA SOBRE BENS AFETOS À REPRESENTAÇÃO
DIPLOMÁTICA. CONCESSÃO PARCIAL DA SEGURANÇA. Nos termos da
jurisprudência do Excelso STF e desta Corte, é relativa a imunidade de jurisdição
e execução do Estado estrangeiro, não sendo passíveis de constrição judicial,
contudo, os bens afetados à representação diplomática. Assim, deve ser

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parcialmente concedida a segurança, a fim de se determinar que não recaia
constrição sobre bens atrelados, estritamente, à representação diplomática da
impetrante. (...) (RO - 181-80.2012.5.10.0000, Relator Ministro: Alberto Luiz
Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento: 25/10/2016, Subseção II
Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 28/10/2016)”

 “AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO ANTES DA LEI


Nº13.015/2014. 1. EMPREGADO DE EMBAIXADA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO RELATIVA. Não procede a alegação de
ofensa ao art. 4º, IV, V, VII e IX, da Constituição Federal, mormente quando o STF
já manifestou entendimento no sentido de que a imunidade de jurisdição do
Estado estrangeiro frente aos órgãos do Poder Judiciário Trabalhista brasileiro é
relativa. Apenas os atos de império são acobertados pela imunidade, não
alcançando os atos de gestão, de natureza negocial, como por exemplo, os
contratos erelações trabalhistas. Precedentes. (...)
(AIRR - 304-06.2011.5.10.0003 , Relatora Ministra: Maria Helena Mallmann, Data
de Julgamento: 19/10/2016, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/10/2016)”

 Competência da justiça do trabalho (Art. 114, I da CF/88)


 “I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; “

 Na execução não se procede com a constrição de bens atinentes às missões diplomáticas


 Se os bens não estiverem afetos à missão diplomática, admite-se a penhora
 Cabe ao exequente provar que o bem não é afeto à missão diplomática
 Imunidade relativa

o 2.2- Organismos internacionais


 Não interessa a diferenciação de atos de gestão ou de império
 Alguns possuem imunidade em razão de tratado (não se fala em soberania)
 Se o Brasil ratificar esse tratado, haverá imunidade para o Organismo
Internacional
 Somente não haverá a imunidade, nesse caso de tratado, se o Organismo
Internacional a renunciar
 Trata-se de imunidade absoluta

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 “OJ 416 da SDI-I IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO. ORGANIZAÇÃO OU ORGANISMO
INTERNACIONAL. (mantida conforme julgamento do processo TST-E-RR-61600-
41.2003.5.23.0005 pelo Tribunal Pleno em 23.05.2016)
As organizações ou organismos internacionais gozam de imunidade absoluta de
jurisdição quando amparados por norma internacional incorporada ao
ordenamento jurídico brasileiro, não se lhes aplicando a regra do Direito
Consuetudinário relativa à natureza dos atos praticados. Excepcionalmente,
prevalecerá a jurisdição brasileira na hipótese de renúncia expressa à cláusula de
imunidade jurisdicional.”

 COMPETÊNCIA
 1- COMPETÊNCIA MATERIAL
o Constituição Federal
 “Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: “

o Obs. competência para jurisdição voluntária?


 É cabível expressamente
 “CLT Art. 652. Compete às Varas do Trabalho:
f) decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria de competência da
Justiça do Trabalho.”

o A) Relações de trabalho
 Art. 114, I- “as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;”

 Abrange empregado, autônomo, eventual, avulso; estagiário; voluntário; dentre outros


exemplos de espécies de relações de trabalho
 No caso do autônomo –profissional liberal:
 O profissional liberal está dentro da categoria de autônomo, mas a relação do
profissional liberal com seu cliente é de competência da justiça comum
 Não se trata de relação de trabalho que justifica a competência da justiça do
trabalho
 Relação civil e/ou consumerista
 O conceito de relação de consumo exclui a relação de trabalho

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 “AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. AÇÃO DE
COBRANÇA DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 114, IX E 133 DA CF. NÃO CONFIGURADA. A
ampliação da competência da Justiça do Trabalho pela EC 45/2004 não alcançou
a matéria referente às ações de cobrança de honorários por profissional liberal,
conforme, aliás, dispõe a jurisprudência sumulada do STJ (Súmula 363), e o
entendimento pacificado desta Corte. Nesse sentido, o acórdão recorrido está,
pois, em consonância com a iterativa, notória e atual jurisprudência do TST,
circunstância que obsta o processamento do recurso de revista, nos termos da
Súmula 333 do TST, o que afasta a alegação de ofensa aos preceitos
constitucionais. Agravo de instrumento a que se nega provimento. (AIRR-78400-
72.2007.5.04.0381 , Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, Data de
Julgamento: 17/06/2015, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/06/2015)”

 “I - RECURSO DE REVISTA DO RECLAMADO - INCOMPETÊNCIA MATERIAL DA


JUSTIÇA DO TRABALHO. LIDE DECORRENTE DE RELAÇÃO CIVIL ENTRE CLIENTE E
PROFISSIONAL LIBERAL. Nas relações jurídicas entre cliente e profissional liberal
a prestação de serviços não constitui o fundamento do vínculo estabelecido, mas
apenas o meio através do qual o cliente pretende atingir um bem da vida que,
para tanto, requer a atuação do profissional. Não é possível, pois, o
enquadramento da relação travada como de trabalho, o que afasta a
competência da Justiça do Trabalho para dirimir a controvérsia daí decorrente.
Recurso de revista conhecido e provido. (...)
( RR - 1510-84.2012.5.09.0088 , Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro,
Data de Julgamento: 22/06/2016, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
24/06/2016)”

 “Súmula 363 do STJ Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de


cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente. “

 Indenização substitutiva do seguro-desemprego


 Competência da justiça do trabalho, já que é ação oriunda de relação de trabalho
 “Súmula 389 do TST: SEGURO-DESEMPREGO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. DIREITO À INDENIZAÇÃO POR NÃO LIBERAÇÃO DE GUIAS.

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I - Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide entre
empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não-fornecimento
das guias do seguro-desemprego. “

 Ações relacionadas ao cadastramento no PIS


 Para receber o abono do PIS, um dos requisitos é o cadastro no Programa
(obrigação do empregador)
 Competência da justiça do trabalho, já que é ação oriunda de relação de trabalho
 “Súmula 300 do TST COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO -
CADASTRAMENTO NO PIS.
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações ajuizadas por
empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no Programa
de Integração Social (PIS).”

 Servidores Públicos
 Servidores públicos é um gênero
 Se o servidor público for celetista, a competência será da justiça do trabalho
(Regido pela CLT – empregado público)
 Se o servidor tiver relação jurídico administrativa (estatutário; temporário;
dentre outros exemplos) não haverá competência da justiça do trabalho
 Não há competência trabalhista para o vínculo estatutário (cargo
efetivo ou em comissão) ou qualquer relação de natureza institucional
(jurídico-administrativa) com a administração direta e indireta.
 “Competência. Justiça do Trabalho. Incompetência reconhecida. Causas
entre o Poder Público e seus servidores estatutários. Ações que não se
reputam oriundas de relação de trabalho. Conceito estrito desta relação.
Feitos da competência da Justiça Comum. Interpretação do art. 114, inc.
I, da CF, introduzido pela EC 45/2004. Precedentes.
Liminar deferida para excluir outra interpretação. (...) O disposto no art.
114, I, da Constituição da República, não abrange as causas instauradas
entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação
jurídico-estatutária."
(ADI 3.395-MC, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 5-4-06, DJ de 10-
11-06)

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 Atento para o desvirtuamento da relação jurídico administrativa:
 Contratação irregular
 Também não é competência da justiça do trabalho
 É competência da justiça comum, visto que envolve matéria
administrativa
 “(...) B) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMADO.
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. O Supremo Tribunal
Federal, no julgamento da Medida Cautelar na ADI 3.395-6/DF, afastou
qualquer interpretação do artigo 114, I, da Constituição Federal que
inclua, na competência da Justiça do Trabalho, a apreciação de
demandas instauradas entre a Administração Pública e os servidores a
ela vinculados por relação de caráter jurídico-administrativo, aí incluídos,
além dos casos em que se discute possível relação estatutária, os
conflitos sobre o exercício de cargo comissionado ou acerca de contrato
temporário de excepcional interesse público (artigo 37, IX, da
Constituição Federal) - hipótese dos autos. Consolidou-se, a partir de
então, o entendimento desta Corte Superior de que, em se tratando de
demanda sobre possível existência, validade ou eficácia de vínculo de
natureza administrativa, a controvérsia deve ser dirimida pela Justiça
comum. Isso porque, conforme reiteradamente decidido pelo STF, ainda
que se trate de pedido de verbas trabalhistas, cabe àquela Justiça, em
primeiro plano, analisar se o trabalhador se vinculou ao ente público por
relação jurídico-administrativa e se ocorreu algum vício capaz de
descaracterizá-la, para, somente depois de afastada a natureza
administrativa do vínculo, ser possível a esta Justiça especializada julgar
a controvérsia à luz da legislação trabalhista. Nessa perspectiva, compete
à Justiça comum examinar as lides que envolvam possível
desvirtuamento da relação jurídico-administrativa pela qual o
trabalhador se vincula ao ente público. Decisão regional proferida em
desconformidade com o artigo 114, I, da CF. Recurso de revista
conhecido e provido. (...) (ARR-46-77.2017.5.05.0341, 8ª Turma, Relatora
Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 09/05/2019).”

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 Ação sobre descumprimento de normas trabalhistas de segurança e medicina do
trabalho
 Súmula 736 do STF: “Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham
como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à
segurança, higiene e saúde dos trabalhadores. “

 “AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/14. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ADEQUAÇÃO DO MEIO
AMBIENTE DO TRABALHO. SERVIDORES MUNICIPAIS ESTATUTÁRIOS.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. A parte agravante não apresenta
argumentos capazes de desconstituir a decisão que negou seguimento ao agravo
de instrumento, uma vez que o recurso de revista não demonstrou pressuposto
intrínseco previsto no art. 896 da CLT. Prevalece nesta Corte Superior o
entendimento de que a restrição da competência da Justiça do Trabalho para
julgar as causas de interesse de servidores públicos, resultante do decidido pelo
STF na ADI nº 3.395-6, não alcança as ações civis públicas propostas pelo
Ministério Público do Trabalho, cuja causa de pedir seja o descumprimento de
normas de segurança, saúde e higiene dos trabalhadores. Incidência da Súmula
736 do STF. (...)
(Ag-AIRR-1673-57.2015.5.22.0004, 1ª Turma, Relator Ministro Walmir Oliveira
da Costa, DEJT 05/04/2018).”

 Mesmo que se trate de situações envolvendo servidores estatutários, se a ação


estiver abarcando questões de normas de higiene, saúde e segurança do
trabalho, a competência será da justiça do trabalho
 Note que a súmula não faz menção aos celetistas, por isso é possível a maior
abrangência

 Casos de terceirização por parte da Administração Pública


 Responsabilidade subsidiária da Administração
 Responsabilidade direta da prestadora de serviços
 Competência da justiça do trabalho

 Ação sobre envolvendo complementação de aposentadoria


 Matéria de caráter previdenciário

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 Envolvendo entidade de previdência privada de complementação de
aposentadoria
 Competência é da justiça comum
 “Recurso extraordinário – Direito Previdenciário e Processual Civil – Repercussão
geral reconhecida – Competência para o processamento de ação ajuizada contra
entidade de previdência privada e com o fito de obter complementação de
aposentadoria – Afirmação da autonomia do Direito Previdenciário em relação
ao Direito do Trabalho (...)1. A competência para o processamento de ações
ajuizadas contra entidades privadas de previdência complementar é da Justiça
comum, dada a autonomia do Direito Previdenciário em relação ao Direito do
Trabalho. Inteligência do art. 202, § 2º, da Constituição Federal a excepcionar, na
análise desse tipo de matéria, a norma do art. 114, inciso IX, da Magna Carta.
(...)”

 Tese do Tema 190 da Lista de Repercussão Geral


“Compete à Justiça comum o processamento de demandas ajuizadas contra
entidades privadas de previdência com o propósito de obter complementação de
aposentadoria, mantendo-se na Justiça Federal do Trabalho, até o trânsito em
julgado e correspondente execução, todas as causas dessa espécie em que
houver sido proferida sentença de mérito até 20/2/2013.”

 A competência da Justiça do Trabalho não abrange a matéria criminal


 “COMPETÊNCIA CRIMINAL. Justiça do Trabalho. Ações penais. Processo e
julgamento. Jurisdição penal genérica. Inexistência. Interpretação conforme
dada ao art. 114, incs. I, IV e IX, da CF, acrescidos pela EC nº 45/2004. Ação direta
de inconstitucionalidade. Liminar deferida com efeito ex tunc. O disposto no art.
114, incs. I, IV e IX, da Constituição da República, acrescidos pela Emenda
Constitucional nº 45, não atribui à Justiça do Trabalho competência para
processar e julgar ações penais.
(ADI 3684 MC, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, DJ 03-08-2007)”

 Lide entre CEF e trabalhador – levantamento de FGTS - para o TST


 TST entende que a competência é da justiça do trabalho
 Súmula 176 do TST

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FUNDO DE GARANTIA. LEVANTAMENTO DO DEPÓSITO (cancelada) - Res.
130/2005, DJ 13.05.2005 A Justiça do Trabalho só tem competência para
autorizar o levantamento do depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
na ocorrência de dissídio entre empregado e empregador.

o Art. 114 II- as ações que envolvam exercício do direito de greve;


 Abusividade da greve
 Em regra, é competência da justiça do trabalho
 “Súmula 189 do TST: GREVE – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO - ABUSIVIDADE
A Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ou não,
da greve.”

 Obs.: No caso de abusividade da greve de empregado públicos (servidores


celetistas) da Administração Pública Direta, autarquias e fundações públicas, a
competência é da Justiça Comum.
 “Tese do tema 544 da Lista de Repercussão Geral do STF
“A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a
abusividade de greve de servidores públicos celetistas da Administração
pública direta, autarquias e fundações públicas”

 Veja que não se mencionam as Sociedades de Economia Mista e


Empresas Públicas (nesses casos, a competência é da justiça do trabalho)
 No caso dos servidores estatutários, a competência é da justiça comum
(MI 670 e 712)

 Em casos de danos decorrentes do exercício do direito de greve


 A competência é da justiça do trabalho
 A competência abrange, inclusive, as indenizações do exercício desse direito
 “AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. PRELIMINAR DE
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS CAUSADOS DURANTE O MOVIMENTO GREVISTA. ART. 114, II, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. O art. 114, II, da Constituição Federal, com a redação
dada pela Emenda Constitucional n.º 45/2004, prevê que é de competência da
Justiça do Trabalho processar e julgar -as ações que envolvam exercício do direito
de greve-. Da exegese do referido preceito constitucional é possível verificar que

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a nova competência atribuída a essa Justiça Especializada pela EC 45/2004 não
excepcionou qualquer demanda que tivesse por fundamento o exercício do
direito de greve. Dessarte, eventual pleito de reparação pecuniária por danos
materiais provocados seja pelos trabalhadores seja pela entidade sindical,
quando do movimento paredista, ao patrimônio da Empresa deve ser apreciado
pela Justiça do Trabalho. Agravo de Instrumento conhecido e não provido. “ AIRR
- 65200-70.2006.5.01.0072 , Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, 4ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 02/05/2014)

 Ações possessórias decorrentes do exercício do direito de greve


 É competência da justiça do trabalho
 Ex. em caso de greves de ocupação (ocupando o local de trabalho)
 Ex. ações de reintegração de posse; interdito proibitório; entre outros exemplos
de ações possessórias
 Súmula Vinculante 23 do STF: “A Justiça do Trabalho é competente para
processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do
direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.”

o Art. 114 III- as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
 Entre sindicatos:
 Ex. Invasão por parte de um sindicato na representação de outros (cada sindicato
representa uma categoria – unicidade sindical- o trabalhador somente pode ser
representado por uma única categoria)
 Ex. uma categoria paga contribuição para determinado sindicato, mas esse
sindicato não é o que deveria representar essa categoria

 Entre sindicatos e trabalhadores


 Ex. fraude em eleição de diretoria de sindicato (ação anulatória de eleição
sindical- ação movida pelos trabalhadores em face do sindicato)

 Entre sindicatos e empregadores


 Ex. sindicato ingressa com ação de cobrança de contribuição sindical em face da
empresa

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o Art. 114- IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
 Ex. representação sindical concedida a outro sindicato para mesma categoria – cabe MS-
; correção de dados de entidade sindical –cabe HD-; prisão de depositário infiel em sede
de execução trabalhista –cabe HC-

o Art. 114 V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o
disposto no art. 102, I, o;
 Ex. conflito de competência entre Juiz do trabalho de Brasília e juiz do trabalho de Palmas
 Quem julga é o TRT da 10ª região, que possui competência em ambos estados

 Ex. Conflito de competência entre juiz do trabalho de Brasília e juiz do trabalho de Belo
Horizonte
 Quem julga é o TST, visto envolver TRTs de regiões diferentes
 Súmula 236 do STJ: “Não compete ao Superior Tribunal de Justiça dirimir
conflitos de competência entre juízes trabalhistas vinculados a Tribunais
Regionais do Trabalho diversos.”

 Ex. conflito de competência entre juiz do trabalho de Brasília e TRT da 10ª região
 Não há conflito de competência, visto relação de subordinação (lembre-se que a
justiça do trabalho de Brasília integra o TRT da 10ª região)
 “Súmula 420 do TST: COMPETÊNCIA FUNCIONAL. CONFLITO NEGATIVO. TRT E
VARA DO TRABALHO DE IDÊNTICA REGIÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
Não se configura conflito de competência entre Tribunal Regional do Trabalho e
Vara do Trabalho a ele vinculada.”

 Ex. conflito de competência entre JT de Brasília e TRT da 1ª região


 Competência do TST visto TRTs diferentes

 Ex. conflito de competência entre juiz do trabalho de Brasília e juiz de direito de Brasília
 Competência do STJ, visto envolver justiças diferentes
 CF, Art. 105. “Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto
no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre
juízes vinculados a tribunais diversos;”

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 Ex. conflito entre TST e STJ
 Competência do STF
 CF, Art. 102. “Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer
tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;”

 Juiz estadual atuando na justiça do trabalho


 Casos em que não há varas do trabalho na localidade
 Atente-se que o recurso é encaminhado para o TRT (não para o TJ)
 CF Art. 112. “A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas
não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso
para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.“

 Em caso de conflito de competência entre o juiz de direito (atuando como juiz do


trabalho) e juiz do trabalho da mesma região, compete ao TRT resolver (se de
regiões diferentes, compete ao TST)
 Súmula 180 do STJ: “Na lide trabalhista, compete ao tribunal regional do
trabalho dirimir conflito de competência verificado, na respectiva região,
entre juiz estadual e junta de conciliação e julgamento.”

o Art. 114 VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de
trabalho;
 Envolve, inclusive, causas acidentárias
 “Súmula vinculante 22 do STF: A Justiça do Trabalho é competente para
processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais
decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra
empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em
primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional 45/2004.”

 “Súmula 392 do TST - DANO MORAL E MATERIAL. RELAÇÃO DE TRABALHO.


COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO (redação alterada na sessão do
Tribunal Pleno realizada em 27.10.2015) - Res. 200/2015, DEJT divulgado em
29.10.2015 e 03 e 04.11.2015:

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Nos termos do art. 114, inc. VI, da Constituição da República, a Justiça do
Trabalho é competente para processar e julgar ações de indenização por dano
moral e material, decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas de
acidente de trabalho e doenças a ele equiparadas, ainda que propostas pelos
dependentes ou sucessores do trabalhador falecido.”

 Espécies de dano moral que podem decorrer da relação de trabalho:


 Dano moral comum
 Dano moral reflexo (indireto/ por ricochete)
 Ex. filho de trabalhador que falece em acidente de trabalho (perda de
ente querido)

 Dano moral existencial


 Viola o projeto de vida; impede que o ser humano possa se desenvolver
em projetos de natureza pessoal; afeta a qualidade de vida;

 Dano moral coletivo


 Viola valores caros para toda a sociedade
 Ex. condições análogas ao de escravo

 Perda de uma chance

 Espécies de dano patrimonial


 Dano material comum (dano emergente)
 Danos futuros
 Pensionamento
 Lucros cessantes
 Perda de uma chance

 Dano estético

o Art. 114 VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos
órgãos de fiscalização das relações de trabalho
 Ex. execução fiscal de multa imposta ao empregador por ausência de anotação na CTPS
de empregado
 CF Art. 21. “Compete à União: XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do
trabalho;”

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 Ex. ação anulatória de multa imposta ao empregador por descumprimento de normas
trabalhistas

 Obs.: impossibilidade da Justiça do Trabalho impor multa administrativa


 A justiça do trabalho não possui competência para impor multa administrativa
(quem impõe multa é a fiscalização do trabalho)
 O juiz pode oficiar a fiscalização do trabalho para que haja a promoção da multa
 “(...) 15. MULTA ADMINISTRATIVA. ARTIGO 201 DA CLT. APLICAÇÃO PELO
JUDICIÁRIO. INCOMPETÊNCIA. Consoante jurisprudência pacífica desta Corte
Superior, a competência da Justiça do Trabalho limita-se à discussão acerca das
multas administrativas aplicadas pelos órgãos de fiscalização do trabalho, não
sendo admissível a imposição de penalidade de oficio pelo órgão julgador.
Precedentes. Recurso de revista a que se dá provimento. (RR - 131-
47.2010.5.03.0088, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 5ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 02/10/2015)”

o Art. 114 VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, “a”, e II, e
seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
 Sobre as verbas remuneratórias incidem contribuições previdenciárias
 Contribuição cota parte do empregador e do empregado
 Abrange, inclusive, o SAT
 Todas da competência da justiça do trabalho em caso de execução de ofício de
suas sentenças ou acordos
 “CF Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das
seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,
incidentes sobre:
a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a
qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de
previdência social de que trata o art. 201;”

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 “Súmula nº 454 do TST: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EXECUÇÃO
DE OFÍCIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL REFERENTE AO SEGURO DE ACIDENTE DE
TRABALHO (SAT). ARTS. 114, VIII, E 195, I, “A”, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 414 da SBDI-1) – Res.
194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014
Compete à Justiça do Trabalho a execução, de ofício, da contribuição referente
ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), que tem natureza de contribuição para
a seguridade social (arts. 114, VIII, e 195, I, “a”, da CF), pois se destina ao
financiamento de benefícios relativos à incapacidade do empregado decorrente
de infortúnio no trabalho (arts. 11 e 22 da Lei nº 8.212/1991). “

 “CLT Art. 876 (...) Parágrafo único. A Justiça do Trabalho executará, de ofício, as
contribuições sociais previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do caput do
art. 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais, relativas ao objeto da
condenação constante das sentenças que proferir e dos acordos que
homologar. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)”

 Obs: incompetência da Justiça do Trabalho para a execução de contribuição devida a


terceiros
 Não é competência da justiça do trabalho, já que não integram o art. 195
 CF Art. 240. “Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais contribuições
compulsórias dos empregadores sobre a folha de salários, destinadas às
entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao
sistema sindical.”
 "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO ANTES DA LEI 13.015/2014. COMPETÊNCIA
DA JUSTIÇA DO TRABALHO. COBRANÇA DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DE
TERCEIROS. O art. 240 da Constituição Federal ressalva, expressamente, que as
parcelas de contribuição social destinadas a terceiros não estão enquadradas na
previsão do art. 195 da Constituição Federal, e isso exclui da competência da
Justiça do Trabalho, prevista no inciso VIII do art. 114 da Lei Maior, a execução
das contribuições sociais devidas a terceiros. Recurso de revista conhecido e
provido" (RR-594400-80.2007.5.09.0016, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto
César Leite de Carvalho, DEJT 06/06/2019).

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 Contribuições previdenciárias não recolhidas sobre verbas já pagas
 Nesse caso, o empregado recebeu o salário, mas o empregador não efetuou o
recolhimento das contribuições
 Pressupõe lançamento (processo administrativo e matéria tributária)
 Não é competência da justiça do trabalho
 “Súmula 368 do TST DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. IMPOSTO DE RENDA.
COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. FORMA DE
CÁLCULO. FATO GERADOR - Res. 219/2017, republicada em razão de erro
material – DEJT divulgado em 12, 13 e 14.07.2017
I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das
contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução
das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em
pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem
o salário de contribuição.”

 Tese do Tema 36 da Lista de Repercussão Geral do STF


“A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição
Federal alcança somente a execução das contribuições previdenciárias relativas
ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir, não abrangida a
execução de contribuições previdenciárias atinentes ao vínculo de trabalho
reconhecido na decisão, mas sem condenação ou acordo quanto ao pagamento
das verbas salariais que lhe possam servir como base de cálculo.”

 Obs: incompetência para determinar averbação junto ao INSS


 Tendo em vista que o INSS não faz parte do processo (são partes o empregado e
o empregador)
 “OJ 57 da SDI-II MANDADO DE SEGURANÇA. INSS. TEMPO DE SERVIÇO.
AVERBAÇÃO E/OU RECONHECIMENTO. Inserida em 20.09.00.
Conceder-se-á mandado de segurança para impugnar ato que determina ao INSS
o reconhecimento e/ou averbação de tempo de serviço.”

o Art. 114 IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.


 Comissão de Conciliação prévia; título executivo e incidência das contribuições
previdenciárias
 A execução será realizada na justiça do trabalho

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 “Lei 8.212/91 Art. 43. Nas ações trabalhistas de que resultar o pagamento de
direitos sujeitos à incidência de contribuição previdenciária, o juiz, sob pena de
responsabilidade, determinará o imediato recolhimento das importâncias
devidas à Seguridade Social.
(...)
§ 6º Aplica-se o disposto neste artigo aos valores devidos ou pagos nas
Comissões de Conciliação Prévia de que trata a Lei no 9.958, de 12 de janeiro de
2000.”

 Cuidado: competência para examinar causas envolvendo contrato nulo por ausência de
concurso público?
 A competência é definida conforme o regime jurídico adotado pelo ente público
para seus servidores
 Se celetista: competência da justiça do trabalho
 Se estatutário: justiça comum
 "EMBARGOS EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO DE REVISTA -
REGÊNCIA PELA LEI Nº 13.015/2014 - INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. ENTE PÚBLICO. CONTRATAÇÃO APÓS A PROMULGAÇÃO DA ATUAL
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. CONTRATO
NULO. A competência para processar e julgar ação movida por servidor público
contratado na vigência da atual Constituição da República, sem prévia
aprovação em concurso, define-se em função do regime jurídico adotado pelo
ente público para seus servidores em geral: se celetista, a competência é da
Justiça do Trabalho; se administrativo/estatutário, da Justiça Comum. No caso
dos autos, em que demandado o Município de Boa Vista do Tupim, a
competência para o exame do feito é da Justiça Comum, já que o regime jurídico
adotado no âmbito municipal, segundo se infere do acórdão embargado, é o
estatutário. Recurso de embargos conhecido e provido
(E-ED-RR-1114-36.2013.5.05.0201, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Relator Ministro Cláudio Mascarenhas Brandão, DEJT 10/05/2018).

 2 - COMPETÊNCIA TERRITORIAL
o CLT, Art. 651 – “A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela
localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda
que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.

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§ 3º - Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do
contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração
do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.”
 Atente-se que não existem mais as juntas de conciliação e julgamento, hoje são as varas
de trabalho

o O trabalhador possui a faculdade de entrar com a ação no local em que foi contratado ou no local
em que presta serviços
 A faculdade é apenas do trabalhador
 Obs. Em concursos públicos, caso haja uma alternativa em que está o local da
prestação do serviço e outra com o local da contratação, orienta-se escolher a do
local da prestação do serviço (visto ser a regra do caput)

 Se a empresa for a autora da ação será, obrigatoriamente. o local da prestação do serviço

o O trabalhador pode ajuizar ação em seu domicílio apenas no caso de agente comercial ou viajante
e se não houver vinculação/subordinação à filial ou agência
 Veja que é critério subsidiário
 É situação excepcional
 “§ 1º - Quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da
Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja
subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado
tenha domicílio ou a localidade mais próxima.”
 “AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS
Nos 13.015/2014, 13.105/2015 E 13.467/2017 - DESCABIMENTO. COMPETÊNCIA
TERRITORIAL. RECLAMAÇÃO AJUIZADA NO DOMICÍLIO DO RECLAMANTE. ELEIÇÃO DE
FORO PELO EMPREGADO. POSSIBILIDADE APENAS NA HIPÓTESE DE O DOMICÍLIO
COINCIDIR COM O LOCAL DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO OU DA PRESTAÇÃO DOS
SERVIÇOS. Em respeito ao princípio constitucional da ampla defesa, a jurisprudência
desta Corte firmou-se no sentido de que a possibilidade de eleição de foro pelo
empregado, para o ajuizamento de reclamação trabalhista, deve-se pautar pelos critérios
objetivos fixados no art. 651, "caput" e parágrafos, da CLT. O preceito consolidado
franqueia a possibilidade de ajuizamento da ação no foro do domicílio do empregado, ou
da localidade mais próxima, quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial.
Nas demais situações, o reclamante somente poderá ajuizar a reclamação trabalhista no
seu domicílio se este coincidir com o local da prestação dos serviços ou da celebração do

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contrato. (...) (AIRR-11207-53.2017.5.18.0008, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 14/03/2019).

o Obs: empresa de grande porte atuação nacional


 Nesse caso, o empregado pode ajuizar ação no local de seu domicílio, mesmo não sendo
o local de prestação do serviço ou da contratação
 Note que é outra exceção que aceita o ajuizamento no domicílio do trabalhador
 A jurisprudência entendeu dessa forma visto que não traz prejuízo para a empresa (diante
de seu porte)
 “CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR. RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA. CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO. ART. 651, "CAPUT" E § 3º, DA CLT. PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS DO ACESSO À JURISDIÇÃO E DE AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO.
EVOLUÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA. 1. Prevalecia no âmbito da Subseção II Especializada em
Dissídios Individuais o entendimento de que, a teor dos critérios objetivos de fixação de
competência territorial do artigo 651, "caput" e § 3º, da CLT, era admitido o ajuizamento
da reclamação trabalhista no domicílio do reclamante apenas se este coincidir com o local
da prestação de serviços ou da contratação. 2. Todavia, em nítida evolução
jurisprudencial, esta Subseção passou a admitir, de forma excepcional e em homenagem
ao princípio do acesso à jurisdição, consolidado no inciso XXXV do artigo 5º da
Constituição Federal, a flexibilização do critério objetivo da Consolidação das Leis do
Trabalho desde que respeitado também o direito de defesa das pessoas físicas e jurídicas
demandadas na Justiça do Trabalho. 3. Nesse sentir, consolidou-se o entendimento de
que, em casos excepcionais, quando verificado que a empresa demandada possui
exploração econômica em âmbito nacional ou explora atividade econômica em diversas
localidades do país, é autorizado o ajuizamento da reclamação trabalhista no domicílio
do autor. (...)CC-1054-27.2016.5.14.0001, Subseção II Especializada em Dissídios
Individuais, Relator Ministro Emmanoel Pereira, DEJT 16/05/2019).”

o Trabalhador que presta serviço em diversas localidades


 Pode ingressar com ação em qualquer dos locais em que presta serviços
 “CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM DIVERSAS LOCALIDADES.
POSSIBILIDADE DE AJUIZAMENTO DA AÇÃO EM QUALQUER UMA DELAS. 1. Nos termos
do § 3º do artigo 651 da CLT, na hipótese da prestação de serviço ocorrer em localidade
distinta da celebração do contrato de trabalho é facultado ao empregado o ajuizamento
da reclamação trabalhista em qualquer um dos foros, não havendo previsão no sentido
de que a competência seja definida pelo local em que por último se deu a prestação de

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serviços. 2. Trata-se de uma regra de competência que visa privilegiar o empregado, parte
hipossuficiente da relação processual, a fim de assegurar-lhe maior facilidade na
produção da prova, podendo escolher o foro que lhe seja mais cômodo e conveniente. (
CC - 3921-25.2012.5.00.0000 , Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos,
Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: 11/05/2012)”

o Obs2: dissídios ocorridos no estrangeiro


 A competência territorial é estabelecida nos termos do art. 651 (local da prestação de
serviço ou da contratação)
 Atento que é desde que não haja convenção internacional dispondo em contrário
 CLT Art. 651 (...) “§ 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento,
estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial
no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção
internacional dispondo em contrário”

 O empregado não precisa ser brasileiro (visto que não se pode descriminar estrangeiro)
 CF Art. 5º” Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (...)”
 ATENTO para questões que cobram a letra de lei

o Obs. 3: Incompatibilidade do foro de eleição com o Processo do Trabalho


 Diante do desiquilíbrio entre o empregado e o empregador, não podendo este negociar
as cláusulas contratuais na maioria das vezes, haveria grandes prejuízos para o
trabalhador se fosse permitido o foro de eleição
 O foro de eleição estipulado é considerado nulo
 Portanto, não é possível o foro de eleição no processo do trabalho
 CPC Art. 63. “As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território,
elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
§ 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir
expressamente a determinado negócio jurídico. (...)”
 IN 39/16 do TST
“Art. 2° Sem prejuízo de outros, não se aplicam ao Processo do Trabalho, em razão de
inexistência de omissão ou por incompatibilidade, os seguintes preceitos do Código de
Processo Civil:

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I - art. 63 (modificação da competência territorial e eleição de foro);”

 3 - COMPETÊNCIA FUNCIONAL
o Qual órgão da justiça do trabalho é competente
o TST, TRT, Vara, etc.
o Deve-se analisar a CF/88, a lei e os regimentos internos dos tribunais
o Ex. de competência originária do TST
 Ações rescisórias de suas próprias decisões
 MS contra ato de Ministro do TST
 Dissídio coletivo (cujo conflito ultrapasse a jurisdição dos TRTs – conflito nacional, por
exemplo-)

o Ex. de competência originária do TRT


 Ações rescisórias de suas próprias decisões ou de sentenças de juízes de primeiro grau
 Mandados de segurança contra ato do juiz de primeiro grau ou de desembargador do TRT
 Dissídios coletivos (que estejam dentro da jurisdição daquele TRT)

o Ex. CLT Art. 652. “Compete às Varas do Trabalho:


a) conciliar e julgar:
I - os dissídios em que se pretenda o reconhecimento da estabilidade de empregado;
II - os dissídios concernentes a remuneração, férias e indenizações por motivo de rescisão do
contrato individual de trabalho;
III - os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro seja operário ou
artífice;
IV - os demais dissídios concernentes ao contrato individual de trabalho;
V - as ações entre trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o Órgão Gestor de
Mão-de-Obra - OGMO decorrentes da relação de trabalho;
b) processar e julgar os inquéritos para apuração de falta grave;
c) julgar os embargos opostos às suas próprias decisões;
d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua competência;
f) decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria de competência da Justiça
do Trabalho”

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