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Movimento Negro Unificado foi criado em 1978 em São Paulo, focado na luta contra o racismo,

principalmente dentro do contexto autoritário que o Brasil vivia na Ditadura Militar.

O Movimento Negro Unificado (MNU) é um grupo de ativismo político, cultural e social de


relevante trajetória no âmbito do movimento negro no Brasil. Fundado no ano de 1978 em São
Paulo, o MNU lutou pela auto-afirmação cultural e o incentivo à cultura de matriz africana,
contribuindo para um novo grau de amadurecimento no movimento negro e um renascimento da
cultura negra.

A fundação do Movimento Negro Unificado foi deliberada em uma reunião de entidades negras
realizada em São Paulo em 18 de junho de 1978, com o fim de "defender a comunidade afro-
brasileira contra a secular exploração racial e desrespeito humano a que a comunidade é
submetida", "para que os direitos dos homens negros sejam respeitados", e para organizar o
ativismo em ampla escala, "levando o negro a participar em todos os setores da sociedade
brasileira". Participaram da reunião a Câmara de Comércio Afro-Brasileira, o Centro de Cultura e
Arte Negra, a Associação Recreativa Brasil Jovem, a Afrolatino América, a Associação Casa de
Arte e Cultura Afro-Brasileira, a Associação Cristã Beneficente do Brasil, o Jornegro, o Jornal
Abertura, o Jornal Capoeira, a Company Soul e a Zimbabwe Soul.[2] Sua primeira atividade foi a
organização de um ato público contra o racismo, realizado em 7 de julho do mesmo ano, reunindo
cerca de 2 mil pessoas, protestando contra a discriminação sofrida por quatro jovens no Clube de
Regatas Tietê e contra a morte de Robson Silveira da Luz, torturado no 44º Distrito de Guainases.
[3]

Em sua origem se denominava Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial,


abreviado para Movimento Negro Unificado em 1979.[4] A criação do MNU geralmente é
reconhecida como um marco no movimento negro brasileiro, assinalando a retomada do ativismo
que fora desmantelado pela ditadura militar, e até hoje é uma das entidades mais importantes em seu
gênero no país, sendo uma referência para muitos outros grupos.[3][5][6]

Seu aparecimento foi influenciado pelas lutas a favor dos direitos dos negros dos Estados Unidos,
por movimentos de libertação dos países africanos como Guiné Bissau, Moçambique e Angola, e
por correntes de pensamento marxista. Neste contexto, o MNU inicialmente assumiu um discurso
politizado radical, compreendendo a luta contra o racismo como parte da luta contra o capitalismo.
Diz Petrônio Domingues que "a política que conjugava raça e classe atraiu aqueles ativistas que
cumpriram um papel decisivo na fundação do Movimento Negro Unificado: Flávio Carrança,
Hamilton Cardoso, Vanderlei José Maria, Milton Barbosa, Rafael Pinto, Jamu Minka e Neuza
Pereira".[3] Para Maria Angelica Motta-Maués, o MNU também lutava contra a ditadura, e
reeditava amplificadamente "a pretensão dos ativistas da primeira grande organização negra pós-
abolição: a Frente Negra Brasileira, criada em 1931".[4]

Mais tarde o MNU abriu núcleos em vários estados e expandiu seu escopo de atuação e suas
filosofias orientadoras, incluindo em sua pauta de projetos e atividades a denúncia do mito da
democracia racial brasileira, a conscientização política da população negra e popularização do
movimento, o engajamento dos sindicatos e partidos políticos, a busca de alianças nacionais e
apoios internacionais, a introdução da História da África e do Negro no Brasil nos currículos
escolares, a promoção do acesso dos negros a todos os níveis educacionais, a criação de bolsas para
permanência dos alunos nas escolas, a releitura crítica da história e da identidade nacionais, o
combate aos discursos hegemônicos, à marginalização, à violência policial, ao desemprego e à
pobreza, a busca de melhores condições de vida em geral, o fortalecimento da identidade do negro
no país e a afirmação de seu importante papel histórico, cultural e social, a valorização das raízes
africanas e a recuperação da memória.[3][5][4][7]

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