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O autor Norbert Elias buscava em sua sociologia uma maneira de entender e observar os

costumes presentes na época e como aquilo mudaria as estruturas sociais e vice-versa. Com
uma sociologia processual o autor, precisava entender como as pessoas viam a maneira que se
comportava para refletir como isso realmente se impunha na época, claro que não seria uma
estagnação, estaria sempre mudando, nunca em sentido de linha reta, mas sim em sentido de
acumulações de saberes e mudanças. Elias, buscava compreender a sociedade e sua forma a
partir de livros de boas maneiras, como mostra em “O Processo Civilizador”.

Para desenvolver seus estudos seria necessário entender a variâncias do termo de civilização.
Trata, para a compreensão desse termo, sobre a obra de Erasmo, um livro de boas maneiras
que iria além do que mostra superficialmente. Nesta obra, a civilização aparece como forma de
comportamento, gestos, fala, vestuário e entre outras nuançais para que quem tivesse acesso
a esta obra pudesse se comportar de maneira mais “civilizada”. Para Elias, a civilização
mostraria a superioridade que os europeus tinham em questão com as sociedades classificadas
como barbaras. Com a civilização, a classe incivilizada se tornou clara, mudando o
comportamento social, limitando-o.

Erasmo não foi o primeiro a falar sobre bons modos e de civilização, infelizmente grande parte
desses costumes observados eram em contos orais, porém não deixavam de lado sua
significância para entender que ao mudarem os costumes mudavam o núcleo do civilizado,
isso era dado pelo que era aceitável pela sociedade, nesse caso as classes sociais. Os costumes
medievais são claramente diferentes dos atuais, mas mostra como sua influência de
civilização, observada por Elias, vinha do socialmente aceito.

Na mudança de comportamento na renascença, apresentada em o processo civilizador,


exemplifica como os termos de civilização observados não ficariam estagnados e sim seguiria o
fluxo das mudanças sociais. Como mostra o autor,
“A observância mais exata no comportamento das diferenças em
posição torna-se daí em diante a essência da cortesia, o requisito
básico da civilité, pelo menos na França.” (ELIAS, Norbert. O
processo civilizador. Uma história dos costumes. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1990. Pag. 86)

O bom comportamento se tornou algo necessário, após a ruptura na renascença os indivíduos


se moldavam de acordo o comportamento de outras pessoas. Essas mudanças de hábitos
mostram para quem se atenta, que os padrões de hábitos e comportamento que a sociedade é
levada a ter em cada época, com o tempo vai estruturando os bons e maus hábitos, levando ao
sentimento de vergonha de certos assuntos e tabus.

No processo de civilização é normal que uma relação antes considerada normal se transforme
em parte da civilização, como por exemplo a fala sobre sexo. No processo civilizador mais
recente, adultos tem vergonha de explicar sexo para suas crianças, porém nem sempre foi
assim, na idade média esse costume era totalmente diferente, não se tinha vergonha em
relação ao sexo apenas deixavam as crianças conhecerem o que quisessem. Nesse sentido,
havia algumas restrições quando Erasmo citou sobre as relações entre o sexo em seu livro,
principalmente na igreja, e a reação disso foi interessante para que Elias conseguisse distinguir
mais um fator de civilização. Em uma sociedade considerada barbara o sexo é algo normal,
algo do cotidiano, mas a partir do aumento do processo civilizatório, a fala de sexo torna-se
envolvida em um sentimento de vergonha, o cresce cada vez mais, principalmente entre pais e
filhos levando ao desconhecimento, tanto dos adultos quanto das crianças. O sexo então é
entendido como uma conspiração de silencio, falada com cautela entre adultos e nunca
mencionada para crianças.

O casamento também se encaixa neste sentido, a maneira como é tratado religiosamente


além de silenciar o sexo grita a desigualdade entre homem e mulher. Relações fora do
casamento eram silenciadas por serem erradas, isso em processo de civilização mais avançado.
As mulheres se guiavam a partir de estruturas sociais, quanto mais igualdade entre os sexos
mais é esperado o autocontrole em relação as traições, por exemplo. O processo civilizador
tem então, diversas restrições, da mesma forma que limita as relações as libertam também,
sempre visando a perca do instinto e violar essas regras faz com que perca a posição social, por
ir contra comportamentos sociais. A família nuclear é extremamente importante para manter
o processo civilizador, é nela que começa as restrições de comportamento, para expressar
apenas o socialmente aceito.

A mudança da agressividade no processo civilizador também é notória, uma vez que utiliza de
seus instintos na maioria das vezes para proceder em suas ações. O tom da agressividade é
então ditado socialmente, tendo punições para aqueles que desrespeitam esse controle. Na
idade média, a agressividade ainda estava sendo moldada, com tortura, guerras, roubos,
golpes e lutas estavam sempre sendo agressivos e gostando desta agressividade, que
civilizadamente deve ser reprimida. Naquela época, o jovem não tinha outra escolha a não ser
a violência e agressividade e isso começou a ser moldado pela igreja, como forma de pecados,
que seriam o começo das punições. Em um processo civilizado comparar uma tribo a
atualidade é perceber a violência inserida, porém apesar de ser controlada a agressividade
ainda existe nas guerras, esportes, tendo um limite social para não se tornar uma
anormalidade.

Com isso, as consequências que o processo civilizador tem de mudanças de relações sociais,
costumes hábitos e ate mesmo repressão da personalidade, pode ser notada. Fora disso, são
punidos, anormais e bárbaros, fora do padrão não é o ideal em uma sociedade.

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