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Universidade Federal de Pernambuco

Centro Acadêmico do Agreste - CAA


Núcleo de Tecnologia

CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO
DEFEITOS DE SUPERFÍCIE DE
PAVIMENTOS ASFÁLTICOS

PROFESSOR: Renato Mahon Macêdo


E-MAIL: renatomahon@uol.com.br
O conteúdo das aulas aqui apresentadas tem caráter educacional e foi
elaborado a partir do livro pavimentação asfáltica – formação básica
para engenheiros.

Na melhor de suas possibilidades, os autores registraram o crédito


devido nas diversas informações, incluindo fotos e figuras. Nenhuma
informação deverá ser entendida como conselho ou recomendação de
qualquer ordem.
INTRODUÇÃO

O objetivo principal da pavimentação é garantir a trafegabilidade em qualquer


época do ano e condições climáticas, e proporcionar aos usuários conforto ao
rolamento e segurança.

O pavimento deve:

1. Suportar cargas e distribuí-las para as camadas inferiores;


2. Conforto ao rolamento;
3. Segurança aos usuários.

ESTADO DA SUPERFÍCIE DO PAVIMENTO


X
CONFORTO
X
CUSTO OPERACIONAL
Conceituação

Os Defeitos de Superfície são os


danos ou deteriorações na superfície dos
pavimentos asfálticos que podem ser
identificados a olho nu e classificados
segundo uma terminologia normalizada.
Finalidades

 O levantamento dos Defeitos de Superfície é


realizado para poder avaliar o estado de conservação
dos pavimentos asfálticos.

 Em caso de necessidade de Restauração do


pavimento, a análise dos defeitos embasa o
diagnóstico do problema para subsidiar uma solução
tecnicamente adequada.

 Em caso de Gerência de Pavimentos ou de


Manutenção, o conjunto de defeitos de um dado
trecho pode ser resumido por índices que auxiliem
na hierarquização de necessidades e alternativas.
Defeitos de Pavimentos

 Danos Precoces: aparecem nos primeiros


meses até cerca de um ou dois anos após a
execução do pavimento.

 Danos de Médio e Longo Prazos:


ocorrem após anos de operação da via até o
final da vida útil estipulada em projeto.
Os Defeitos de Pavimentos Asfálticos

Os defeitos de pavimentos asfálticos decorrem de:

1. Erros de projeto.

2. Erros ou inadequações na seleção de materiais ou na


dosagem de materiais.

3. Erros ou inadequações construtivas.

4. Erros ou inadequações nas alternativas de conservação e


manutenção.
Os Defeitos de Pavimentos Asfálticos
1. Erros de projeto

 Exemplo: Dificuldade de prever tráfego real que atuará no período de


projeto por:

 Falta de contagens e dados de tráfego local e de utilização das vias


da região;

 Falta de planejamento estratégico regional, levando ao


desconhecimento das perspectivas de crescimento real;

 Uso não previsto em projeto (uso como via alternativa pelo maior
conforto ao rolamento ou por não ser pedagiada), levando em
geral ao excesso de tráfego.
Os Defeitos de Pavimentos Asfálticos
1. Erros de projeto

 Exemplo: Erros ou problemas no dimensionamento estrutural:


 Incompatibilidade estrutural entre as camadas gerando fadiga precoce dos
revestimentos;

 Especificação de material inexistente ou de difícil disponibilidade local,


obrigando a substituições incorretas durante a obra;

 Concepção estrutural que permita aprisionamento de água na estrutura de


pavimento (ex: base drenante sobre subleito impermeável, acostamentos
com base impermeáveis e falta de drenagem apropriada);

 Sub-dimensionamento estrutural.
Os Defeitos de Pavimentos Asfálticos
2. Erros ou inadequações na seleção de
materiais ou na dosagem de materiais
 Exemplos:
 Seleção incorreta de solo para reforços de subleito;
 Seleção imprópria de agregados e de graduação para
compor bases e sub-bases;
 Seleção imprópria do tipo de solo ou dosagem inadequada
para solo-brita.
 Dosagem errada de materiais estabilizados com cimento ou
cal.
Os Defeitos de Pavimentos Asfálticos
2. Erros ou inadequações na seleção de materiais ou
na dosagem de materiais
 Exemplos:
 Dosagem errada do teor de ligante asfáltico de misturas asfálticas:
 excesso de ligante, causando fluência excessiva, escorregamentos de
massa, exsudação ou deformação permanente;

 falta de ligante, causando excesso de vazios com ar e desagregação


ou trincamento precoces.
 Variações de materiais e teores durante usinagem.
 Uso de ligante inadequado para as condições ambientais ou de
tráfego
 Uso de temperatura inadequada na usinagem das misturas.
 Uso de faixa granulométrica inadequada
Os Defeitos de Pavimentos Asfálticos
3. Erros ou inadequações construtivas

 Exemplos:

 Falta de compactação apropriada das camadas, causando


deformações e afundamentos excessivos ou rupturas
localizadas.

 Técnica de compactação inadequada, com uso de


equipamentos de baixa eficiência.

 Compactação de misturas asfálticas em temperaturas


inadequadas, ou variabilidade de temperatura na massa
asfáltica durante o processo de compactação.

 Erros nas taxas de imprimação impermeabilizante ou ligante.


Os Defeitos de Pavimentos Asfálticos
4. Erros ou inadequações nas alternativas de
conservação e manutenção

 Exemplos:
 Reforço de revestimento asfáltico delgado e rígido sobre
pavimento muito trincado, possibilitando rapidamente a
reflexão de trincas.

 Uso de tratamentos superficiais delgados para redução de


irregularidade.

 Uso de revestimentos asfálticos permeáveis sobre


pavimento trincado sem tratamentos de
impermeabilização
Importância do Diagnóstico Geral

Importância da busca das prováveis causas:


 Verificação “in situ” dos problemas do trecho ou da via, e das
condições geométricas, dos taludes e de drenagem.

 Levantamento de dados climáticos, de tráfego e de mapas


geológicos, pedológicos ou geotécnicos.

 Levantamento de memórias técnicas e de relatórios de projeto e de


controle.

 Estabelecimento de cenário global de defeitos e relação com todos


os dados.
Normas

Métodos de Levantamento Sistemático de Defeitos de


Superfície em Pavimentos Asfálticos

 Norma DNIT 005/2003 – TER (substituindo DNER-TER 01-78) -


Defeitos nos pavimentos flexíveis e semi-rígidos: terminologia.

 Norma DNIT 006/2003 – PRO (substituindo a DNER PRO 08-94)


- Avaliação objetiva da superfície de pavimentos flexíveis e semi-
rígidos: procedimento.
Tipos de Defeitos
A. Fendas (fissuras e trincas) – DNIT 005/2003 TER

 Qualquer descontinuidade na superfície do pavimento que


conduza a aberturas de menor ou maior porte:

 Fissuras: fenda de largura capilar, perceptível a olho nu apenas a


distâncias inferiores a 1,5 metros.

 Trinca: fenda facilmente visível a olho nu.


Tipos de Defeitos
A. Fendas: Tipos

 Fissura (FI).

 Trinca Longitudinal Curta (TLC) ou Longa (TLL).

 Trinca Transversal Curta (TTC) ou Longa (TTL).

 Trincas Interligadas tipo “Couro de Jacaré”, sem erosão


acentuada nas bordas (J) ou com erosão (JE).

 Trinca Isolada de Retração (TRR).

 Trincas Interligadas tipo “Bloco”, sem erosão acentuada


nas bordas (TB) ou com erosão (TBE).
Tipos de Defeitos
A. Fendas: Classe das Fendas

 FC-1: trincas cujas aberturas são menores que 1,0mm.

 FC-2: trincas cujas aberturas são superiores a 1,0mm, sem


erosão nas bordas.

 FC-3: trincas cujas aberturas são superiores a 1,0mm, com


erosão nas bordas.
Fissuras e Trincas

TLC - Trinca isolada Longitudinal Curta


(até 150 cm de extensão)
TRR - Trinca de Retração Térmica
(temperaturas baixas)
Trincas

TLL - Trinca
Longitudinal Longa
(devido ao tráfego)
Trincas

TLL - Trinca Longitudinal Longa


(junta construtiva)

TLL - Trinca Longitudinal Longa


(Movimentação do aterro)
Trincas

TLL - Trinca Longitudinal Longa


(Problemas de drenagem e infiltração de água)
Trincas

TLL - Trincas Longitudinais Longas – FC2


(ruptura por solicitação do tráfego: queda de
resistência da base por aumento de umidade
vinda do acostamento permeável)
Trincas
Trinca não atribuída à fadiga -
Reflexão das trincas da base

TBE - Trinca interligada de Bloco com Erosão TB - Trinca interligada de Bloco


Base de solo-cal sem erosão
Base de solo-cimento
Trincas
Trinca não atribuída à fadiga -
Reflexão de base

TB - Trinca interligada
de Bloco sem erosão
Base de
paralelepípedos
Trincas
Reflexão de trincas da base – revestimento asfáltico
sobre antigas placas de concreto de cimento Portland
Trincas
Trincas interligadas -
“jacaré” decorrentes de fadiga

Vista Geral Detalhe

J - trinca interligada “Jacaré” sem erosão


Trincas

erosão

JE - trinca interligada “Jacaré” JE - trinca interligada


com Erosão acentuada “Jacaré” com início de
Erosão nas bordas
Tipos de Defeitos
B. Afundamentos – DNIT 005/2003 TER
 Devido à fluência plástica de uma ou mais camadas, ou ainda do
subleito:
 Local: afundamento localizado, atingindo extensão de até 6
metros;
 Trilha: afundamento localizado na região de trilhas de
roda, com mais de 6 metros de extensão.

 Devido à consolidação diferencial ocorrente em camadas do


pavimento ou do subleito:
 Local: afundamento localizado, atingindo extensão de até 6
metros;
 Trilha: afundamento localizado na região de trilhas de
roda, com mais de 6 metros de extensão.
Afundamentos Plásticos
Longitudinais nas Trilhas de Roda

ATP - Afundamento na Trilha Plástico


Afundamentos Plásticos
Longitudinais nas Trilhas de Roda

ATP - Afundamento na Trilha Plástico


Afundamentos
Plásticos Localizados

ALP - Afundamento
Local Plástico

Foto: Patricia Barboza da Silva


Afundamentos de Consolidação nas Trilhas
de Roda

ATP -
Afundamento em
Trilha por
Consolidação
Afundamentos de Consolidação Localizados

ALC - Afundamento
Local de
Consolidação

Foto: Edson de Moura


Escorregamento de “Massa” devido à
Fluência
E - Escorregamento
Escorregamento do Revestimento por Deficiência na
Pintura de Ligação
E - Escorregamento
Exsudação do Ligante Asfáltico

EX - exsudação

Foto: Edson de Moura


Corrugação e Ondulação

O - corrugação
(pequeno comprimento de onda:
ordem de centímetros)
(principalmente por fluência ou instabilidade)

O - ondulação
(grande comprimento de onda:
ordem de metro)
(principalmente por
adensamento diferencial do
subleito ou drenagem deficiente
do subleito)
Corrugação
O - corrugação
(pequeno comprimento de onda:
ordem de centímetros)
Descolamento devido a Problemas de Adesividade entre
Ligante Asfáltico e Agregado

D - Descolamento
Desagregação ou Desgaste Polimento de
Agregados

D - Desgaste – remoção
de ligante e mástique

Foto: Patrícia Barboza da Silva


Desagregação ou Desgaste Polimento de
Agregados

D - Desgaste – remoção
de ligante e mástique
Desagregação ou Desgaste Polimento de
Agregados

D - Desgaste – remoção de
ligante e mástique
e Polimento do agregado
Panelas

P - Panela ou buraco
Panelas

P - Panela ou buraco
(remoção do revestimento asfáltico
da camada asfáltica subjacente)
Panelas

P - Panela ou buraco
(remoção do tratamento superficial asfáltico da base)
Remendos
RS - Remendo Superficial
RP - Remendo Profundo
P - Panela

Foto: Daniel Rodrigues Aldiguieri


R - Remendo R - Remendo
Remendos

R - Remendo
Remendos
R - Remendo (em grandes áreas)
Outros Defeitos que Não Constam da Norma
DNIT 005/2003 TER
 Segregação - concentração de agregados graúdos decorrente de
separação dos mesmos do mástique asfáltico.

 Bombeamento de finos - surgimento de finos na superfície,


que sobem pela ação da água, que, sob pressão devido ao tráfego,
vem à superfície pela trincas do revestimento asfáltico.

 Falha de bico em tratamentos superficiais - gerado pela


ausência ou redução de taxa de emulsão ou CAP nos tratamentos
superficiais, provocando o desprendimento de agregados.
Segregação
Concentração de agregados graúdos decorrente de separação dos mesmos do
mástique asfáltico – por problemas de graduação, usinagem ou temperatura
heterogênea na aplicação

Segregação
Bombeamento de Finos
Finos

Foto: Patrícia Barboza da Silva Foto: Valmir Bonfim


Falha de Bico – Redução ou Ausência Localizada de
Ligante Asfáltico

Falha
(falta ligante para
fixar os agregados)
Redução ou Ausência Localizada de Ligante Asfáltico – Falta
de Fixação dos Agregados

Pneus de
caminhões
passaram sobre
– a emulsão logo
após aplicação

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