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Roberto Sum Am
Roberto Sum Am
Roberto Suman
Rio de Janeiro
2010
Roberto Suman
Aluno do Curso de Tecnologia em Processo Metalúrgico
Matrícula 0623800041
Rio de Janeiro
2010
ESTUDO DA CORROSÃO DO AÇO INOXIDÁVEL 316 EM
MEIO DE ÁGUA DE REFRIGERAÇÃO
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Prof. Carlos Alberto Martins Ferreira, D.Sc.
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Prof. Elizabete Regina Caruso Leão, D.Sc.
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Prof. Leandro Rosa dos Santos, D.Sc.
Palavras - chave: aço inoxidável 316, corrosão por pite, cloreto, água de refrigeração.
SUMÁRIO
Página
I. Introdução .......................................................................................... 9
II. Revisão Bibliográfica ....................................................................... 10
II.1. Os Aços Inoxidáveis.................................................................. 10
II.1.2. O Aço Inoxidável 316..................................................... 12
II.2. Sistema de Resfriamento............................................................ 12
II.2.1. Sistema Aberto............................................................... 13
II.2.2. Sistemas Semi-Abertos.................................................. 13
II.2.3. Sistema Fechado com Recirculação............................... 14
II.2.4. Trocadores de Calor....................................................... 14
II.2.5. Torres de Resfriamento.................................................. 16
II.3. Corrosividade da Água de Resfriamento................................... 17
II.3.1. Gases Dissolvidos.......................................................... 17
II.3.2. Sais Dissolvidos............................................................. 19
II.3.3. Sólidos Suspensos.......................................................... 20
II.3.4. Crescimento Biológico................................................... 20
II.4. Efeito do Ph................................................................................ 21
II.5. Temperatura............................................................................... 21
II.6. Corrosão Por Pite....................................................................... 23
III. Conclusão........................................................................................ 30
IV. Referências Bibliográficas............................................................... 30
I - INTRODUÇÃO
Nos aços inoxidáveis o cromo contribui para a formação de uma fina camada de
filme passivo (alguns nanômetros de espessura), que os protege contra o ataque corrosivo.
Este filme age como uma camada protetora e reduz drasticamente a transferência de íons
metálicos do metal para o meio. Mesmo quando rompido, este filme se regenera em
atmosfera oxidante e mantém a capacidade de proteção à corrosão. Em meios com maior
concentração de íons cloreto e mais ácidos a repassivação da superfície metálica é
dificultada, resultando na dissolução do material. No caso dos aços inoxidáveis, os
halogenetos, particularmente os íons cloretos, são os principais responsáveis pela
desestabilização das camadas passivas formadas sobre a superfície das citadas ligas (DIAS;
CÂNDIDO, 2008).
II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os aços inoxidáveis são ligas ferrosas com teor mínimo de 10,5% de cromo, baixo
teor de carbono, além da adição de outros elementos de liga, conforme as características
que se desejam para aplicações específicas. A elevada resistência à corrosão destes aços
deve-se à formação de uma película passiva, aderente e transparente, de óxido de cromo,
sobre a superfície da liga em extensa variedade de meios. As diferentes ligas de aços
inoxidáveis existentes são produzidas com teores de elementos de liga ajustados de forma a
fornecer elevada resistência à corrosão por pite, corrosão intergranular causada por
sensitização, corrosão sob tensão, fragilização por hidrogênio e corrosão uniforme.
Apresentam também boa resistência à oxidação em elevadas temperaturas. Esta
característica é principalmente uma função do teor de cromo, podendo algumas ligas, ser
utilizadas a temperaturas de até 1000 °C (LIPPOLD e KOTECKI, 2005).
O aço inoxidável 316 é um aço austenítico, pois trata-se de uma liga de Fe-Cr-Ni
com estrutura cristalina cúbica de face centrada (CFC). A austenita é não magnética,
possuindo relativa baixa resistência ao escoamento e elevadas dutilidade e tenacidade.
Essas propriedades mecânicas, aliadas à alta taxa de deformação plástica, fazem do grau
austenítico o mais comum entre aços inoxidáveis. Com relação às propriedades físicas,
essas ligas possuem baixa condutividade térmica e elevada expansão térmica, resultando,
na soldagem, em maior distorção do que nos outros graus ferríticos ou martensíticos. Os
aços austeníticos podem sofrer sensitização quando sujeitos a elevadas temperaturas,
ficando suscetíveis à corrosão intergranular quando expostos a meios agressivos. Este
efeito pode ser reduzido pelo uso de graus com baixo teor de carbono (< 0,03%) ou com os
graus estabilizados, ou seja: que possuem adição de titânio ou nióbio. Todos os aços
austeníticos são susceptíveis à corrosão sob tensão. Alguns, entretanto, possuem elevados
teores de níquel e molibdênio, apresentando desempenho satisfatório. Por conter
molibdênio, o aço 316, torna-se mais resistente à corrosão por pite (LEÃO, 2008).
A sua melhor aplicação encontra-se em operações onde a água deve ser mantida a
temperaturas inferior àquelas conseguidas pelos sistemas semi-abertos. A água é aquecida
na passagem por um trocador de calor secundário onde o meio refrigerante não entra em
contato com a água.
Os trocadores de calor do tipo casco e tubo podem ser classificados de acordo com
o fluxo da água de resfriamento. Quando a água passa do lado do casco, o fluido de
processo passa dentro dos tubos. A água, portanto, flui do lado do casco por entre os tubos.
Este tipo é normalmente usado quando a pressão do fluxo do processo é alta. A principal
desvantagem com este tipo de trocador de calor é que a velocidade da água de resfriamento
tende a ser relativamente baixa (< 0,6 m/s). O resultado disso é que a deposição dos sólidos
suspensos na água é geralmente mais intensa do que em outros projetos, facilitando a
existência da corrosão sob depósitos, bem como da corrosão microbiológica.
No entanto, quando o fluxo de água se passa do lado do tubo, a velocidade pode ser
melhor controlada, diminuindo-se, assim, a precipitação de sólidos em suspensão e a
formação de depósitos. Este tipo é, sem dúvida, o mais utilizado nos sistemas de
resfriamento comerciais e industriais. A fim de permitir a máxima transferência de calor
possível, o número de vezes que a água passa, normalmente, varia de 2 a 4 vezes. Muitas
plantas utilizam trocadores de 4 passes para minimizar o tamanho do equipamento,
mantendo a sua capacidade de remoção de calor.
Os trocadores de placas, por sua vez, possuem uma grande superfície de troca
térmica sob a forma de laminas finas (placas), nas quais o tempo de contato entre a água de
resfriamento e o fluido de processo é suficiente para permitir melhor a transferência de
calor. Isto faz com que este tipo de sistema seja significantemente menor e
comparativamente mais eficiente do que o trocador do tipo casco e tubo (SOUZA, 2007).
II.2.5 - Torres de Resfriamento
A água resfriada é coletada em uma bacia sob a torre, da qual é bombeada de volta
para a planta, para remover o calor produzido durante o processo . A água necessária para
repor tanto a perda por evaporação como outras, é adicionada na bacia através de uma
válvula de controle, a qual mantém o nível de operação da água na bacia.
Por sua vez, as torres de tiragem mecânica podem ser classificadas como as de
tiragem forçada ou tiragem induzida. Elas também se classificam quanto à direção de fluxo
de ar e água: fluxo cruzado ou contracorrente.
Por outro lado, o dióxido de carbono (CO2) é mais solúvel do que o oxigênio em
água pura e ira se converter a ácido carbônico (H2CO3), produzindo uma solução com pH
menor do que 6,0, onde o ataque ácido pode predominar como na equação (II. 2) a seguir:
Os íons responsáveis pela dureza (Ca2+ e Mg2+) e os íons HCO3- são inibidores e
vão, por conseguinte, desacelerar o processo de corrosão; os íons cloreto (C1-) e sulfato
(SO42-), ao contrário, são agressivos e geralmente favorecem ao ataque corrosivo.
O mecanismo real que ocorre na interface água / metal é mais complicado da que a
formação de uma simples crosta de deposito. E provável que a formação da CaCO3 seja
devida a mudança eletroquímica na superfície do metal. O pH da superfície e geralmente
maior do que do volume de água por causa do aumento da concentração dos íons OH-,
produto da reação de redução do oxigênio.
A agressividade total da água é relatada em função de sua dureza e alcalinidade.
Águas moles, que estão com baixos teores de cálcio, são mais corrosivas do que águas
duras. Os estudos em laboratório usando três composições de águas diferentes mostraram
que um aumento na concentração de cálcio reduz a corrosão uniforme. O íon bicarbonato é
a espécie alcalina predominante nas águas naturais dentro da faixa de pH 6,5 a 9,0.
Sozinho, é uma espécie inibidora. Sua reação com os íons cálcio é frequente, produzindo
uma massa de precipitação de CaCO3, uma vez que a saturação é obtida. Células de
corrosão localizada normalmente desenvolvem-se sobre os depósitos. Aumentar a
concentração de bicarbonato além do necessário para a saturação de CaCO3, pode ser
prejudicial para o aço-carbono, devido a formação de crostas de carbonato de ferro
(FeCO3) não protetor (SOUZA, 2007).
Outro fator que influencia a corrosividade da água são os sólidos suspensos. Eles
são matérias em suspensão, tais como argila, lodo e produtos de corrosão e estão sempre
presentes nos sistemas abertos de água de resfriamento. Partículas carreadas pelo ar
também se adicionam a carga de sólidos suspensos.
Estes materiais são geralmente leves e abrasivos. Eles são capazes de se depositar
nas áreas de baixo fluxo, formando uma barreira física, evitando o oxigênio de alcançar a
interface metal / solução. Esta barreira irá contribuir para a formação de células de aeração
diferencial e irá promover, também, um ataque por corrosão localizada (SOUZA, 2007).
II.4 - EFEITO DO pH
Com relação ao efeito do pH, a faixa normal de pH para um sistema aberto de água
de resfriamento é de 6,5 a 9,0. Sistemas fechados operam numa faixa de pH de 7,5 a 9,0;
em caldeiras, o pH da água é próximo de 11,0 (LEÃO, 2008).
Para sistemas fechados, nos quais o oxigênio não pode escapar, a corrosão continua
aumentar linearmente com a temperatura. As outras propriedades físico-químicas afetadas
pela temperatura são a difusão do oxigênio na superfície do metal, a viscosidade da água e
a condutividade da solução. Aumentando a temperatura, aumentara a taxa de difusão do
oxigênio na superfície do metal, aumentando assim a taxa de corrosão porque mais
oxigênio está disponível para a reação de redução catódica. Paralelamente, a viscosidade
ira diminuir com o aumento da temperatura, o qual ajudara a difusão do oxigênio, e a
mobilidade iônica também aumentará com a temperatura, aumentando a condutividade
total da água.
A corrosão por pite ocorre somente em superfícies metálicas que estão no estado
passivo, como é o caso dos aços inoxidáveis. Dá-se pela formação de pontos anódicos
localizados altamente ativos, que podem resultar em perfuração do metal. A resistência
à corrosão desses materiais é obtida pela presença de um filme de óxido, com espessura
entre 1 e 10 nm, que forma uma barreira entre o metal e o meio. Esse filme passivo
impede a taxa de oxidação contínua do metal. É formado anodicamente através de um
mecanismo similar ao processo corrosivo. Quando os átomos de uma superfície
metálica são oxidados, eles permanecem na superfície formando o filme passivo, de
caráter protetor, ou passam para a solução, através da dupla camada elétrica, como íons
metálicos solvatados, caso em que se dá a corrosão (SHREIR et al, 1994). O estado
passivo de um metal é ilustrado pela referência clássica à curva de polarização anódica
da figura II.1. Nesta curva, iniciada a partir do potencial de corrosão do material no
meio, observa-se, com a elevação do potencial, a existência de um processo de
dissolução ativa, seguido de uma drástica redução da densidade de corrente, obtendo-se,
a partir deste ponto, o estado passivo da superfície do metal. A partir deste ponto, com a
contínua elevação do potencial a uma taxa irrelevante de dissolução, atinge-se o potencial
de pite, no qual o metal reage anodicamente a elevadas taxas de dissolução (LEÃO, 2008).
Figura II.2 Efeito dos elementos de liga na polarização anódica (GUNN, 2008).
O estudo da susceptibilidade à corrosão por pites pode ser efetuado através de
ensaios de polarização anódica, assim como pela técnica de espectroscopia de impedância
eletroquímica. Nesta técnica não estacionária, estuda-se a resposta da interface metal-
solução a uma perturbação em potencial, através da variação da corrente com o tempo.
Esta variação se dá em função dos diferentes processos que ocorrem na interface. Os dados
obtidos nesse ensaio são mostrados na forma de diagramas de Nyquist e de Bode (LEÃO,
2008).
Observa-se na figura II.4 um aspecto típico para superfícies em estado passivo, com
elevados valores de impedância e arcos unicamente capacitivos.
Figura II.5: Diagrama de Nyquist para o aço inoxidável tipo 316 após exposição de 48h
em solução de 1000 ppm de Cl- em temperatura ambiente(LEÃO, 2008).
Os potenciais de corrosão do material no meio, obtidos após 48 horas de imersão,
encontram-se na tabela II.5.
Tabela II.5: Potencial de corrosão do aço inoxidável 316 após exposição por 48h
em solução de 1000 ppm de Cl- em temperatura ambiente (LEÃO, 2008)
SEDRIKS, A. J., Corrosion of Stainless Steels, segunda edição, John Wiley and
Sons,1996
BOND, A. P., LIZLOVS, E. A., J. Eletrochem. Soc., vol. 115, pp.1130, 1968,