Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RIBEIRÃO PRETO/SP
OUTUBRO/2021
1 INTRODUÇÃO
“É o diploma da mudança. Pode não ser a legislação ideal, face à demora na sua
edição à velocidade das transformações sociais, mas é a de que se dispões, com
excelentes ferramentas para adequá-las às vicissitudes da atualidade, notadamente
pela liberdade que é conferida ao magistrado, de maneira a fazer valer a melhor
solução para o caso no momento em que é julgado.” (RODRIGUES, 2007, p. 194)
Como já dito anteriormente, o Código Civil de 2002 foi feito baseado em três
princípios norteadores: eticidade, operabilidade e socialidade. O objetivo era tornar o novo
Código Civil mais eficaz e práticas, proporcionando maior adequabilidade das normas aos
casos concretos e maior segurança jurídica, no intuito de buscar a justiça entre as partes.
O princípio da Eticidade “é aquele que impõe justiça e boa-fé nas relações civils
(“pacta sunt servanda”). No contrato tem que agir de boa-fé em todas as suas fases. Colorário
desse princípio é o princípio da boa-fé objetiva” (BERTOCCO, 2009, p. 01). Esse princípio
tem por objetivo coibir todos os atos considerados injustos, punindo-as com rigor,
preservando os valores da sociedade como a boa-fé, a honestidade, a lealdade e a confiança.
A partir desse princípio, é notório que determinada pessoa jurídica deve sempre
agir de boa-fé no âmbito civil e privado, de forma que ela possa exercer todos os seus direitos,
mas também permitir ao outro o exercício dos seus, mantendo a funcionalidade e coesão
social. Por exemplo, considera-se previamente na realização de um contrato jurídico, que
ambos os participantes do contrato agem de boa-fé e de acordo com as suas próprias vontades.
Sem essa consideração, seria impossível realizar um contrato jurídico sequer, visto que ambos
os contratantes ficariam receosos de serem enganados pelo benefício do outro.
O princípio de operabilidade é aquele que visa a concretude do Código Civil,
buscando soluções viáveis, garantindo sua aplicação. Para Bertocco (2009) o princípio da
operabilidade busca regras que devem ser aplicadas da maneira mais simples possível, sem
muitas complicações e que devem solucionar o caso concreto de maneira mais efetiva. O
seu objetivo central é tornar as normas realmente eficazes e efetivas para solucionarem
problemas reais.
Consequentemente, o Código Civil não busca se tornar um obstáculo burocrático
no caminho da realização de negócios jurídicos, mas sim auxiliar e tornar mais simples sua
efetivação e compreensão através da reformulação de normas confusas e incompletas. Além
disso, ela garante a aplicabilidade das normas do Código, protegendo assim os direitos
diversos da pessoa natural e jurídica. O princípio da operabilidade, por exemplo, faz com
que o que se postula sobre aluguel de propriedade ou diferenças entre domicílio e residência
se encontrem o mais claro e objetivo possível no Código Civil, facilitando a compreensão
do homem comum para que este tome decisões mais racionais e a par das regras e normas
que regem aquele ato.
Por último, mas não menos importante, o princípio de socialidade postula e
impõe que os objetivos e valores coletivos devem prevalecer sobre os demais, respeitando
os valores e a dignidade da pessoa humana. Ele guarda íntima relação com o princípio da
eticidade visto que as normas são fundamentalmente éticas e as normas éticas têm afinidade
com a socialidade. Portanto, o Código Civil, ao tomar todos os cidadãos como iguais, sem
fazer qualquer distinção entre eles, leva isso as últimas consequências, ou seja, aquilo que
for benéfico para apenas um indivíduo e maléfico para a sociedade como conjunto, não
deverá ser realizado, isso com intuito de respeitar a liberdade e os direitos alheios.
No entendimento de Carvalho (2015) se existir no caso concreto, uma colisão
entre direitos individuais e coletivos, os coletivos terão um peso maior, pois se referem à
coletividade. Este caráter social pode ser verificado em vários dispositivos, por exemplo, no
Artigo 422º, do Código Civil, o qual diz que “a liberdade de contratar será exercida em
razão e nos limites da função social do contrato”. Tanto o princípio da socialidade quanto o
da eticidade se relacionam com a ética kantiana, no sentido em que toma o ser humano
como único fim e atribui a própria ética a imperatividade categórica, preservando a
liberdade de todos os indivíduos em sociedade através de certa limitação dessa liberdade.
Dessa forma, percebe-se que o intuito dos princípios que regem o Código Civil
são aqueles necessários para que o homem, exercendo sua liberdade e respeitando a do
outro, mantenha a sociedade coesa e operável, visto que o tempo todo pessoas naturais e
jurídicas realizam negócios jurídicos interpessoais, os quais devem ser regidos por
determinadas regras. Esses princípios são o fundamento da vida civil de homem em
sociedade para que ela se mantenha harmoniosa. Caso eles não fossem respeitados ou
seguidos, gerar-se-ia potencialmente atos jurídicos simples, como a compra e venda, que
produziriam diversas perturbações sociais.
3 CONCLUSÃO
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 1987.
GAGLIANO, Pablo Stoze. Manual de Direito Civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
RODRIGUES, Silvio. Direito civil, Parte Geral Vol. 1. Ed. Saraiva, São Paulo - SP, 2007.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 11.
ed. São Paulo: Saraiva, 2009.